Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 EAE 206 – Teoria Macroeconômica I Primeiro Semestre de 2017. Segundo Exame de Avaliação GABARITO Questão 1: (3,0 pontos) A tabela abaixo, obtida da OECD, mostra o percentual da força de trabalho que é sindicalizado para o ano de 2013 para alguns países selecionados: França 7,7 % Canadá 27,1 % Bélgica 55,1 % Islândia 85,5 % Suponha que os países da tabela acima sejam idênticos em tudo, com exceção dos dados da própria tabela. Suponha que o poder de barganha dos sindicatos é tanto maior quanto maior for o percentual da força de trabalho que é sindicalizado. a) Ordene os países de acordo com os valores respectivos para a taxa de desemprego de equilíbrio de médio prazo. Explique. (1,0) b) Suponha que os países se encontram inicialmente no mesmo equilíbrio de curto prazo. Ordene os países de acordo com o efeito de curto prazo e de acordo com o efeito de médio prazo de uma política monetária expansionista (de mesma magnitude entre os países) sobre o produto. Explique. (1,0) c) Suponha que os países se encontram inicialmente no mesmo equilíbrio de curto prazo. Ordene os países de acordo com o efeito de curto prazo e de acordo com o efeito de médio prazo de uma política fiscal expansionista (de mesma magnitude entre os países) sobre a taxa de juros. Explique. (1,0) RESPOSTA Seja a especificação linear para a função 𝑏(𝐸) que aparece na relação WS: 𝑏(𝐸) = 1 + 𝛼𝐸 + �̅� Pode-se interpretar os valores da tabela como mostrando países com diferentes valores para �̅�. Países com maior sindicalização da força de trabalho possuem maior poder de barganha dos sindicatos e, dessa forma, possuem �̅� mais elevado. a) A taxa de desemprego de equilíbrio de médio prazo é: 𝑢𝑛 = 1 + 1+�̅�−𝜆(1−𝜇) 𝛼𝐿 , onde 𝐿 é a força de trabalho. Portanto, quanto maior for �̅�, maior será a taxa de desemprego de equilíbrio. Logo, em ordem crescente temos: França – Canadá – Bélgica – Islândia b) A curva de oferta agregada é: 2 𝑃 = 𝑃𝑒 [ 1 𝜆(1 − 𝜇) ] [1 + 𝛼 𝑌 𝜆 + �̅�] Note que se os países possuem �̅�’s distintos e compartilham o mesmo equilíbrio de curto prazo, isto é, o mesmo nível de produto 𝑌 e o mesmo nível de preços 𝑃 é porque as expectativas de preços 𝑃𝑒 devem ser distintas entre os países no curto prazo. Mais especificamente, países com �̅� mais elevado devem ter, no curto prazo, 𝑃𝑒 mais baixo e, consequentemente, AS menos inclinada. Considere 2 países, F (de França) e I (de Islândia) com curvas AS de curto e médio prazo distintas (ASF e ASI, respectivamente): P AS0F AS0I AS1I AS1F AD0 AD1 Y0 Y1F Y1I YICI YICF Y O equilíbrio inicial ocorre com as curvas AD0 e AS0 para os dois países e, portanto, com o produto Y0 para ambos. Uma política monetária expansionista provoca o deslocamento da AD de AD0 para AD1 para ambos os países. Como, no curto prazo, as expectativas de preços são dadas, não há deslocamento da AS no curto prazo. Assim, ambos os países aumentam o produto no curto prazo, para Y1F no caso da França e para Y1I no caso da Islândia. Ou seja, no curto prazo, o efeito sobre o produto segue a seguinte ordenação crescente: França - Canadá - Bélgica - Islândia No médio prazo, com o ajuste das expectativas de preços, cada país vai para a sua curva AS compatível com o produto de equilíbrio de médio prazo. Nesse caso, o país com menor �̅� (França, no caso) tem produto de produto de equilíbrio de médio prazo (YICF) maior. Assim, em ordem crescente temos a seguinte ordenação de acordo com o efeito sobre o produto de equilíbrio de médio prazo: Islândia – Bélgica – Canadá - França 3 c) Como os países são idênticos eles possuem IS’s idênticas, que se deslocam da mesma forma. A posição da LM no curto prazo também é a mesma entre os países, gerando equilíbrios iniciais idênticos. Considere os países I e F abaixo: i i1F LM1F LM1I LM0 i1I i0 i0 LM2I i2I LM2F i2F IS1 IS0 Y0 Y1F Y1I YICI YICF Y O equilíbrio inicial é descrito pelas relações IS0 e LM0, resultando no produto de equilíbrio Y0 e na taxa de juros i0. A política fiscal expansionista desloca a curva IS de IS0 para IS1. O aumento resultante no produto de equilíbrio provoca aumento de preços provocando contração da LM para LM1F e LM1I, para França e Islândia, respectivamente. Note que a contração da LM é maior na França pois, nesse pais, o preço aumenta mais no curto prazo. Assim, no curto prazo, o produto e a taxa de juros aumentam para Y1F e i1F, respectivamente, na França e para Y1I e i1I, respectivamente, na Islândia. Ou seja, no curto prazo, o efeito sobre a taxa de obedece a seguinte ordenação crescente para os países. Islândia – Bélgica – Canadá - França No médio prazo, como visto no item anterior, o país com menor �̅� (França, no caso) tem maior deslocamento da AS, resultando em maior produto de equilíbrio de médio prazo (YICF) e menor nível de preço. A queda maior no nível de preço provoca maior deslocamento da LM para este país (LM2F). Como resultado, a taxa de juros cai mais nesse país (i2F). O diagrama mostra que o país F sofre uma queda maior da taxa de juros que o país I. Assim, em ordem crescente temos: Islândia – Bélgica – Canadá - França Questão 2: (3,0 pontos) Os consumidores da cidade de Temerlândia recebem, chocados, a notícia de que seu governante pode estar envolvido em atos não republicanos. Segue-se uma onda de pessimismo no país, o que provoca uma queda na confiança dos consumidores. Suponha que a economia se encontrava em seu equilíbrio de médio prazo antes da queda na confiança dos consumidores. 4 Utilizando gráficos que representam as relações IS, LM, AD, AS, PS e WS, explique o que ocorre no curto prazo (1,5) e no novo equilíbrio de médio prazo (1,5) com as seguintes variáveis: nível de produto (Y), nível de preços (P), nível esperado de preços (Pe), nível de emprego (E), salário real (W/P), salário nominal (W), taxa de juros (i), quantidade real de moeda (M/P), consumo (C) e investimento (I). RESPOSTA Situação inicial: curvas AD0, AS0, IS0, LM0, WS0, PS. Equilíbrio inicial: Y = YIC, i = i0, P = P0, E = EIC. PAS0 AS1 P0 P1 P2 AD1 AD0 Y1 YIC Y i LM0 LM1 LM2 i0 i1 i2 IS1 IS0 Y1 YIC Y 5 W/P WS1 WS0 W0/P0 PS E1 EIC E No curto-prazo, IS e AD se deslocam para a esquerda (para IS1 e AD1, respectivamente) com a queda na confiança do consumidor. Isso leva a uma queda no nível de preços (para P1), o que faz com que a LM se desloque um pouco para a direita (para LM1). A queda nos preços também faz com que a relação WS no mercado de trabalho gire para cima (para WS1), pois a razão (Pe/P) aumenta. No equilíbrio de curto prazo o produto cai, os juros também. Os preços caem, o consumo cai, o investimento aumenta, o nível de emprego cai, o salário real permanece inalterado e os salários nominais caem na mesma proporção que os preços. O nível esperado de preços permanece constante e a quantidade real de moeda aumenta. No médio-prazo, os preços esperados acima dos preços correntes fazem com que os agentes revisem para baixo suas expectativas de preços, o que faz com que a AS se desloque para a direita até o ponto em que o preço iguale o preço esperado e a economia volte ao seu nível de equilíbrio de médio prazo. Esse deslocamento da AS faz com que, ao mesmo tempo, a LM de desloque para baixo (pois o nível de preços diminui progressivamente, aumentando a oferta real de moeda). No mercado de trabalho, a queda nos preços esperados gira a relação WS para baixo, de volta ao seu nível original. No equilíbrio de médio prazo, o diagrama IS-LM apresenta um produto inalterado, mas também uma taxa de juros mais baixa, indicando que houve uma substituição de consumo por investimento na composição do produto. Assim, no médio prazo, o consumo diminui e o investimento aumenta. O emprego fica inalterado bem como o salário real. A quantidade real de moeda aumenta. A tabela abaixo resume os resultados: 6 Variável Curto Prazo Médio Prazo Y Diminui Inalterado P Diminui Diminui Pe Inalterado Diminui E Diminui Inalterado W/P Inalterado Inalterado W Diminui na mesma proporção que P Diminui na mesma proporção que P i Diminui Diminui M/P Aumenta Aumenta C Diminui Diminui I Aumenta Aumenta Questão 3: (4,0 pontos) Suponha que a Curva de Phillips de uma economia seja: 𝜋𝑡 = 𝜋𝑡 𝑒 + 𝛼(𝑌𝑡 − 𝑌𝐼𝐶) = 𝜋𝑡 𝑒 + 𝛼ℎ𝑡 Onde 𝜋 é a taxa de inflação, 𝜋𝑒 é a taxa esperada de inflação, Y é o produto, YIC é o produto de equilíbrio de médio prazo, ℎ𝑡 ≡ 𝑌𝑡 − 𝑌𝐼𝐶 é o hiato do produto e α é um coeficiente positivo. Suponha que as expectativas de inflação seguem a lei adaptativa: 𝜋𝑡 𝑒 = (1 − 𝜆)𝜋𝑡−1 + 𝜆𝜋𝑡−1 𝑒 Onde 0 ≤ 𝜆 ≤ 1. a) Obtenha a Curva de Phillips da economia em função apenas da inflação efetiva e do hiato de produto (isto é, sem termos de expectativas de inflação). (1,0) Para os demais itens, suponha que a Curva de Phillips seja: 𝜋𝑡 = 𝜋𝑡−1 + 𝛼ℎ𝑡 − 𝛼𝜆ℎ𝑡−1 Onde os parâmetros α e 𝜆 são os mesmos definidos acima. b) Compare esta Curva de Phillips com a Curva de Phillips aceleracionista com relação ao que ocorre quando 𝜋𝑡 > 𝜋𝑡−1, 𝜋𝑡 = 𝜋𝑡−1 e 𝜋𝑡 < 𝜋𝑡−1. (1,0) c) Suponha que, no período inicial 0, a inflação é 𝜋0 e o hiato do produto é zero (ℎ0 = 0). A partir do período 1, o governo deseja manter o hiato do produto permanentemente em um valor ℎ > 0. O que acontece com a trajetória de inflação dessa economia? Compare com o caso da Curva de Phillips aceleracionista. (1,0) d) Suponha que, no período inicial 0, a inflação é 𝜋0 e o hiato do produto é zero (ℎ0 = 0). A partir do período 1 e durante K períodos, o governo decide realizar uma política para reduzir 7 a inflação. No período K+1, o hiato do produto volta a ser zero (ℎ𝐾+1 = 0) e a inflação é igual à meta (𝜋𝐾+1 = 𝜋 𝑇 < 𝜋0). Podemos medir o custo da desinflação em termos da perda acumulada de produto entre os períodos 1 a K, isto é, em termos de 𝐻𝐾 = ∑ ℎ𝑡 𝐾 𝑡=1 . Calcule o valor de 𝐻𝐾 em função da desinflação realizada pelo governo, 𝜋 𝑇 − 𝜋0. (1,0) RESPOSTA: a) Defasando a Curva de Phillips em um período e rearranjando os termos temos: 𝜋𝑡−1 𝑒 = 𝜋𝑡−1 − 𝛼ℎ𝑡−1 (a) Substituindo a lei adaptativa na Curva de Phillips e utilizando (a) no lugar de 𝜋𝑡−1 𝑒 , obtemos: 𝜋𝑡 = (1 − 𝜆)𝜋𝑡−1 + 𝜆𝜋𝑡−1 𝑒 + 𝛼ℎ𝑡 = (1 − 𝜆)𝜋𝑡−1 + 𝜆(𝜋𝑡−1 − 𝛼ℎ𝑡−1) + 𝛼ℎ𝑡 = 𝜋𝑡−1 + 𝛼ℎ𝑡 − 𝛼𝜆ℎ𝑡−1 b) A curva de Phillips aceleracionista é da forma: 𝜋𝑡 = 𝜋𝑡−1 + 𝛼ℎ𝑡 Assim, na curva de Phillips aceleracionista, quando 𝜋𝑡 > 𝜋𝑡−1, 𝜋𝑡 = 𝜋𝑡−1 e 𝜋𝑡 < 𝜋𝑡−1 temos, respectivamente hiato do produto (ℎ𝑡) positivo, nulo e negativo. Na curva de Phillips do item (a), quando 𝜋𝑡 > 𝜋𝑡−1 , 𝜋𝑡 = 𝜋𝑡−1 e 𝜋𝑡 < 𝜋𝑡−1 temos, respectivamente que o hiato do produto (ℎ𝑡) é maior, igual ou menor que 𝜆ℎ𝑡−1. Então, por exemplo, quando a inflação é constante, 𝜋𝑡 = 𝜋𝑡−1, ao invés do hiato do produto ser igual a zero (como no caso da curva de Phillips aceleracionista), ela passa a ser uma fração 𝜆 do hiato do produto observado no período anterior. Se a inflação é mantida constante por um bom período de tempo, apenas assintoticamente o hiato do produto vai reduzindo em direção a zero. c) No período 1, a inflação será 𝜋1 = 𝜋0 + 𝛼ℎ. No período 2, a inflação será 𝜋2 = 𝜋1 + 𝛼(1 − 𝜆)ℎ. No período 3, a inflação será 𝜋3 = 𝜋2 + 𝛼(1 − 𝜆)ℎ. E assim por diante. Ou seja, a partir do período 2, a inflação aumenta em 𝛼(1 − 𝜆)ℎ pontos percentuais. Comparado com a curva de Phillips aceleracionista, há a mesma implicação de que só é possível manter permanentemente um hiato de produto positivo se a trajetória de inflação for crescente. A diferença com relação à curva de Phillips aceleracionista é que o aumento na inflação de um período a outro será menor, 𝛼(1 − 𝜆)ℎ, enquanto na curva de Phillips aceleracionista o aumento da inflação é de 𝛼ℎ. d) A partir da Curva de Phillips, o hiato de produto é dado por: ℎ𝑡 = 𝜆ℎ𝑡−1 + ( 1 𝛼 ) (𝜋𝑡 − 𝜋𝑡−1) Avaliando nos vários períodos temos: Período 1: ℎ1 = 𝜆ℎ0 + ( 1 𝛼 ) (𝜋1 − 𝜋0) = ( 1 𝛼 ) (𝜋1 − 𝜋0) Período 2: ℎ2 = 𝜆ℎ1 + ( 1 𝛼 ) (𝜋2 − 𝜋1) 8 ⋯ Período K-1: ℎ𝐾−1 = 𝜆ℎ𝐾−2 + ( 1 𝛼 ) (𝜋𝐾−1 − 𝜋𝐾−2) Período K: ℎ𝐾 = 𝜆ℎ𝐾−1 + ( 1 𝛼 ) (𝜋𝐾 − 𝜋𝐾−1) Período K+1: 0 = 𝜆ℎ𝐾 + ( 1 𝛼 ) (𝜋𝑇 − 𝜋𝐾) Somando todos os períodos temos: 𝐻𝐾 = 𝜆𝐻𝐾 + ( 1 𝛼 ) (𝜋𝑇 − 𝜋0) Ou:𝐻𝐾 = ( 1 𝛼(1 − 𝜆) ) (𝜋𝑇 − 𝜋0)
Compartilhar