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Parasitologia Alunos: Franciele e Eliseu Universidade Católica Dom Bosco Taxonomia • Babesia (Babès, 1888) ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ ▫ Reino: Protista Sub-Reino: Protozoa Filo Apicomplexa Classe: Sporozoea Sub-Classe: Piroplasmia Ordem: Piroplasmida Família: Babesiidae • Anaplasma marginale (Theiler, 1910) ▫ Ordem: Rickettsiales ▫ Família: Anaplasmataceae Ordem Piroplasmida • Protozoários que não tem formam pseudópodes. flagelos, cílios ou • Locomoção por flexão ou deslizamento • Reprodução assexuada ocorre por fissão binária ou esquizogonia em eritrócitos ou outras células sanguíneas de mamíferos • Duas famílias: Babesiidae e Theileriidae Família Babesiidae • Gênero Babesia – descoberto patologista romeno em 1888 por Victor Babès, • São piriformes (piroplasma), redondos ou ovais • Parasitam eritrócitos, linfócitos, histiócitos, eritroblastos ou outras células sanguíneas dos mamíferos • Parasitam vários tecidos dos carrapatos Histórico • EUA 1890 – toda a região sudeste acometida por uma doença bovina • Febre do gado do Texas, água vermelha, hemoglobinúria • Destruição maciça de hemácias • Morte dentro de algumas semanas • Introdução de gado do sudeste em áreas ao norte levava à um rápido acometimento do gado dessas regiões • Smith & Kilbourne – identificação do papel do carrapato Boophilus annulatus como vetor Introdução • Várias espécies do gênero Babesia acometem animais domésticos - cão, eqüinos, suínos, ruminantes • Parasitam os eritrócitos dos vertebrados e são transmitidos por várias espécies de carrapatos • Após resolução do quadro clínico os animais podem ficar cronicamente infectados • Localização do parasita ▫ Periférica (alta parasitemia) ▫ Viscerotrópica - podem causar doença sem alta parasitemia, os animais podem sofrer infecções letais com formação de trombo cerebral sem apresentar anemia O Anaplasma marginale é um parasita dos eritrócitos, com ampla distribuição geográfica e responsável pela forma maligna da anaplasmose A anaplasmose caracteriza-se por anemia hemolítica progressiva Morfologia • Presença de um complexo apical: ▫ Anéis polares – elementos de suporte, função de locomoção Micronemas e roptrias – organelas secretoras que medeiam a penetração do parasita na célula do hospedeiro Conóides – estruturas fibrilares ▫ ▫ • Mitocôndria • Não possuem cílios ou flagelos • Parasitas de grande interesse médico e veterinário Identificação • Babesias ▫ São organismos de formato geralmente piriformes, podendo se apresentar arredondados ou em forma de charuto Aparecem isolados, em ângulos com as extremidades estreitas opostas ou mesmo em formato de cruz (“cruz de Malta”) Grandes babesias: Trofozoítos com 2,5 - 5,0 μm, mais sensíveis aos quimioterápicos Pequenas babesias: Trofozoítos com 1,0 - 2,5 μm ▫ ▫ ▫ • Anaplasma ▫ ▫ São pequenos corpos esféricos, com cerca de 0,2 – 0,5 μm de diâmetro Não possuem citoplasma, mas pode-se evidenciar um halo tênue que o circunda Pode ocorrer múltipla invasão celular Podem ocorrer dois tipos morfológicos, o redondo e outro, de formato filamentado ▫ ▫ B. bigemina B. bovis A. marginale Etiologia B. microplus B. microplus B. microplus B. microplus Amblyomma spp Amblyomma spp Babesia Tamanho Hospedeiro Vetor B.bigemina grande bovino Ninfa e adulto de B.bovis pequena bovino Larva de B.equi pequena equino Amblyomma spp e B.caballi grande equino Amblyomma spp e B.canis grande cão R. sanguineus e B.gibsoni pequena cão R. sanguineus e Ciclo biológico • Esporozoítos na saliva de carrapatos (1) são injetados durante o repasto Esporozoítos penetram as hemácias e se diferenciam em trofozoítos em forma de anel ou amebóide Reprodução assexuada intra- eritrocítica no hospedeiro vertebrado por fissão binária, formando merozoítos (2-5). Merozoítos podem invadir novas células Merozoítos ingeridos pelo carrapato (5.1) são digeridos no trato intestinal do vetor (5.2) Alguns merozoítos se diferenciam em gamontes ovóides (6) • • • • Ciclo biológico • Após ingestão pelo vetor (7), os gamontes formam protusões (corpos raiados) (8) Fusão de dois gametas mononucleados (9) leva à formação de um zigoto (10) Formação de um cineto no interior de um vacúolo (11- 14) • • Ciclo biológico • Cineto deixa o trato intestinal e penetra vários tecidos do vetor incluindo os ovos (transmissão transovariana) Formação de vários cinetos (esporocinetos) (15-18). O processo pode se repetir Alguns cinetos penetram as células das glândulas salivares (19-21) e formam um grande esporonte multinucleado (YS, ES) Formam-se milhares de esporozoítos (SP) que são liberados na saliva • • • Ciclo biológico • O ciclo biológico do Anaplasma marginale é muito simples e bastante semelhante ao das bactérias: ▫ Reprodução por divisão simples ▫ Abandonando um eritrócito e invadindo outro ▫ Os eritrócitos infectados aumentam em progressão logarítmica ▫ A doença clínica pode ser consistentemente observada quando 40 – 50 % dos eritrócitos dos bovinos foram removidos Transmissão • A principal via de transmissão das babesias é a biológica transovariana, através de seu vetor, o carrapato • Larvas de B. microplus ▫ ▫ B. bovis – migração para glândulas salivares B. bigemina – músculos • A glândula salivar sofre histólise na muda da larva, provocando a morte de todas as B. bovis • Ninfas de B. microplus ▫ B. bigemina – migração para glândula salivar e músculos • As larvas de B. microplus transmitem B. bovis, enquanto que ninfas e adultos transmitem B. bigemina • O carrapato B. microplus é considerado o principal transmissor do A. marginale, sem que nunca se tenha conseguido comprovar a transmissão transovariana • A transmissão por insetos hematófagos, a transplacentária em vacas infectadas na gestação e intra-uterina, de vacas portadoras crônicas para os terneiros, também já foram cientificamente comprovadas • A via mecânica, através de sangue contaminado é outro importante meio de transmissão das babesias Epidemiologia • O estudo da condição epidemiológica das babesias baseia-se no conhecimento de 3 fatores mensuráveis: ▫ ▫ ▫ Nº de carrapatos/animal/dia Taxa de infecção nos carrapatos Taxa de hospedeiros parasitados • A taxa de inoculação consiste na probabilidade diária de infecção um hospedeiro pelas babesias, sendo o principal determinante da condição de estabilidade ou instabilidade enzoótica de uma região • Uma área de instabilidade enzoótica é aquela em que cada animal recebe de 2 – 20 larvas de carrapato por dia e menos de 75% dos animais se infectam antes dos 9 meses de idade • Na maioria das regiões do Brasil, a situação da TPB é de estabilidade enzoótica, exceção feita ao extremo sul do Brasil, onde significativo número de animais não está imunizado contra os agentes da TPB, ocorrendo surtos freqüentes Relação entre a infestação por carrapatos, porcentagem de animais infectados até os nove meses, surtos, riscos e condição epidemiológica das babesias (Bos taurus, Austrália) Condição carrapato infectados até Surtos Riscos prováveis enzoótica enzoótica enzoótica Adaptado de FRIEDHOFF e SMITH (1981) Picadas % animais animal/dia os 9 meses epidemiológica < 1 - 1 2,7 – 12,6 Pouco Altos Estabilidade 2 - 20 23,7 – 74,1 Prováveis Máximos Instabilidade 20 - 100 93,3 - 100 Improváveis Mínimos Estabilidade Patogenia e Imunologia • Forma periférica - anemia hemolítica direta proporcional à alta parasitemia • Forma viscerotrópica - eritrócitos infectados também podem ficar seqüestrados no endotélio capilar ou pós-capilar ▫ A Babesia induz a formação de protusões na membrana do eritrócito responsáveis pela adesão ao endotélio vascular Formação de processos inflamatórios não-específicos, causados pela ativação de numerosos compostos vasoativos, resultando em vasodilatação e estase circulatória generalizada, o que pode levar à anoxia tecidual Esta forma é freqüentemente associada à forma cerebral da babesiose ▫ ▫ • Animal pode apresentar hipotensão, alteração da coagulação e há formação de trombos • Mecanismos de escape do sistema imune ▫ ▫ Variação antigênica do parasita Adesão celular e seqüestro (evita que eritrócitos infectados sejam destruídos no baço) – babesiose viscerotrópica Ligação de proteínas do hospedeiro aos eritrócitos infectados - eritrócitos infectados tornam-se “invisíveis” para o sistema imunológico Imunossupressão transiente - ainda não é totalmente conhecida ▫ ▫ • Os principais danos causados pelo A. marginale são decorrentes do processo anêmico, sendo que este agente não causa destruição direta do eritrócito, mas provoca neste alterações estruturais que levam à sua remoção por fagocitose Saída dos parasitas + SER + Fragilidade da Membrana + Mecanismos Imunológicos Liberação de Substâncias Farmacologicamente Ativas Cininas Vasoativas Anemia hemolítica Vasodilatação e estase circulatória generalizada Baixa circulação capilar para cérebro, rins e músculos Hemoglobinúria Choque Patogenia • Pode variar de acordo com: ▫ Idade do hospedeiro – terneiros de áreas muito infestadas raramente sofrem de babesiose, pois desenvolvem parasitemias sub-clínicas desde os poucos meses após o nascimento, o que lhes confere altas taxas de anticorpos A resistência à anaplasmose é maior em animais jovens e menor em bovinos adultos ▫ ▫ Estado nutricional ▫ Raça – zebuínos e cruzamentos com zebu são mais resistentes à babesiose ▫ Estado imunológico Imunodeprimidos mais susceptíveis Após a primo-infecção, as recidivas conferem estabelecimento gradual de imunidade Sem reinfecção por ~ 8 meses: menor resposta imunológica ▫ Grau de infestação ▫ Virulência do agente B. bigemina B. bovis Sinais Clínicos • Período de incubação ▫ ▫ Babesias: de 8 – 16 dias A. marginale: de 20 – 50 dias • B. bovis ▫ ▫ ▫ Anemia, apatia, anorexia e pelo arrepiado Febre entre 41 – 41,5 º C Podem ocorrer sintomas nervosos • B. bigemina ▫ ▫ ▫ ▫ Anemia hemolítica Hemoglobinúria Icterícia Febre entre 40 – 41,5 • A. marginale ▫ ▫ ▫ ▫ Doença de caráter mais crônico Aumento da Tº C corporal entre 39,5 – 40º Pode haver icterícia Não há hemoglobinúria Introdução • Também denominada de piroplasmose equina ou nutaliose, com ampla distribuição geográfica • A doença é o principal impedimento para o trânsito internacional de cavalos. Países que possuem uma indústria equina importante estão livres da doença (Japão, Canadá, Estados Unidos e Austrália). Cavalos positivos para Babesia estão impedidos de entrar nestes Países, quer seja para competição ou exportação • Babesia caballi: parasitemias baixas < 1%, portadores por 1 a 3 anos, tende a ser menos patogênica: sintomas clínicos menos severos. Período de incubação entre 10-30 dias • Babesia equi: Infecções persistentes por toda a vida: o animal perpetua o agente, divisão em 4 merozoitos (cruz de malta), desenvolvimento primário em linfócitos. Período de incubação entre 12-19 dias B. caballi B. equi Sinais Clínicos • Agudos - febre, inapetência, dispnéia, edema, icterícia, prostração (raro em áreas endêmicas) • Sub-agudos - mesmos sinais com manifestação menos intensas e intermitentes • Crônicos - mais comuns, sintomas inespecíficos • Portador assintomático - pode reverter para quadros agudos ou sub-agudos em situações de estresse ou doenças intercorrentes • Quadros sub-clínicos - diminuição da performance em animais de competição, pode comprometer o potencial atlético do animal Introdução • Conhecida como babesiose canina, piroplasmose dos cães e nambiuvu (orelhas que sangram) • Importante no Brasil - descrita no Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná • Freqüente em cães jovens e com mais de 2 anos de idade • Manifestações clínicas relacionadas com a intensidade da parasitemia • Doença hemolítica, anemia progressiva, pode ocorrer choque endotóxico e alterações da coagulação • Sintomas – anemia, febre, anorexia, desidratação, perda de peso, dor abdominal e sensibilidade renal à palpação, além do característico sangramento das orelhas. Pode ser observada a forma cerebral • Cepas de B. canis apresentam variabilidade genética, de virulência e de especificidade de hospedeiro invertebrado B. canis B. gibsoni Diagnóstico • Clínico - sinais clínicos • Laboratorial ▫ Métodos diretos Esfregaço sanguíneo (fase aguda), corado pelo Giemsa Animal – esfregaço capilar ou jugular (menos preciso) ou “clap” (impressão) de órgãos em necropsia Carrapato - hemolinfa PCR Necrópsia - lesões e histopatológico ▫ Métodos indiretos Testes sorológicos (úteis para animais na fase crônica ou assintomáticos ou com baixa parasitemia) ELISA Imunofluorescência Indireta
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