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TRANSFERÊNCIA DE CALOR AULA 3 Prof. Marcos Baroncini Proença 2 CONVERSA INICIAL Com relação à convecção, podemos afirmar que é uma das formas de transferência de calor mais usadas em engenharia, sendo utilizada para pré- aquecimento, secagem, resfriamento, conforto térmico, geração de energia e diversas outras finalidades. Por exemplo, o controle da transferência de calor por convecção em processos de fabricação de vergalhões de aço é fundamental para que não apresentem problemas futuros que os levem à fratura. Figura 1 – Resfriamento de vergalhões por convecção Fonte: Shutterstock Hoje, o aproveitamento do calor de vapores ou de gases de carbonização da madeira para a produção do carvão vegetal vem sendo usado para pré- secagem da madeira, melhorando a produtividade das usinas. O próprio controle do calor transferido por convecção interfere no processo de carbonização da madeira e na qualidade do carvão gerado. Na indústria do cimento, o processo de produção do clínquer, etapa principal da produção do cimento, ocorre usando a transferência de calor por convecção tanto na torre de pré-calcinação, quanto no próprio forno de clinquerização. O controle dessa transferência de calor é fundamental tanto com relação ao consumo de combustível de queima quanto para a qualidade e dureza do clínquer, que implicará maior ou menor consumo de energia para sua transformação em cimento. 3 Figura 2 – Indústria do carvão vegetal Fonte: Shutterstock Portanto, nesta Aula 3, iremos nos aprofundar na compreensão da Lei de Newton da Convecção, trabalhando o conceito de camada limite, bem como seu equacionamento. Trabalharemos também a convecção natural, a convecção forçada e a convecção na ebulição e na condensação. Assim, após esta aula, você terá as ferramentas conceituais necessárias para compreender e aplicar a transferência de calor por convecção em situações cotidianas de engenharia. Figura 3 – Indústria de cimento Fonte: Shutterstock TEMA 1 – CAMADA LIMITE A transferência de calor por convecção está associada à troca de energia entre uma superfície e um fluido adjacente, no qual está concentrada uma pequena camada de efeitos viscosos importantes, chamada camada limite. A quantidade de calor transferida depende bastante do movimento do fluido no 4 interior dessa camada limite, sendo determinada principalmente pela sua espessura. Figura 3 – Camada limite Fonte: Incropera, F. P. et al., 2008. Vídeo Assista ao vídeo neste link <https://www.youtube.com/watch?v=_lvQ-uyttuo> sobre simulação da camada limite de convecção. A camada limite térmica se desenvolve quando a temperatura do fluido na corrente livre e a da superfície de um sólido diferem. As partículas do fluido que estão diretamente em contato com a superfície alcançam equilíbrio térmico com esta, ou seja, terão a mesma temperatura da superfície (Tf = Ts). Essas partículas do fluido em contato com a superfície trocam calor com as partículas adjacentes a elas e um gradiente de temperatura é desenvolvido. Esse gradiente existe dentro de uma espessura de camada ao redor da superfície definida no eixo y, como y = t (camada limite térmica) que é o valor de y para Ts – Tf = 0,99 (Ts - T). Em que: Ts = temperatura da superfície do sólido (K) Tf = temperatura do fluido em contato com a superfície (K) T∞ = temperatura do fluido da região adjacente a superfície (K) Vídeo Assista a vídeo sobre convecção natural <https://www.youtube.com/watch?v=C29ju6BoVrA>. A qualquer distância x da superfície do sólido, para a distância y = 0, o fluxo de calor local é regido pela condução térmica e obtido pela equação de Fourier já explorada na Aula 2, em y = 0: 0 y y T k A q (1) 5 No entanto, para regiões adjacentes à da superfície, o fluxo de calor é regido pela convecção, sendo obtido pela equação de Newton: )( TTh A q s (2) Em que: 𝑞 é a quantidade de calor transferida por convecção (W) ℎ corresponde ao coeficiente de transferência de calor por convecção (W/m2.K) 𝐴 é a área da superfície de troca térmica (m2) 𝑇𝑆 é a temperatura da superfície de troca térmica (K) 𝑇∞ é a temperatura do fluido adjacente a área superficial de troca térmica (K) Podemos estabelecer, como primeira condição, que os fluxos de calor nessas duas regiões são iguais. Assim, teremos: −𝑘 𝜕𝑇 𝜕𝑦 |𝑦=0 = ℎ(𝑇𝑠 − 𝑇∞) (3) TT y T k h s y 0 (4) Sabemos, pela aula anterior, que a condutibilidade térmica é tabelada. Porém, o coeficiente de transferência de calor por convecção não pode ser tabelado, mas é possível obtê-lo em função da condutibilidade térmica. Aprofunde os conhecimentos da camada limite no Anexo 1. TEMA 2 – CONVECÇÃO NATURAL Convecção natural ou convecção livre é o processo no qual o movimento do fluido resulta da troca térmica. Quando um fluido for aquecido ou resfriado, a variação de massa específica e o empuxo produzem uma circulação natural de acordo com a qual o fluido se move ao longo da superfície sólida. O empuxo ocorre devido à presença combinada de um gradiente de densidade no fluido e de uma força de corpo proporcional à densidade. Na prática, a força de corpo é geralmente gravitacional. A densidade de gases e de líquidos depende 6 da temperatura, geralmente diminuindo (devido à expansão do fluido) com o aumento da temperatura (∂r / ∂T < 0). Considere um fluido confinado por duas grandes placas horizontais a diferentes temperaturas (T1 ≠ T2). A temperatura da placa inferior é maior do que a temperatura da placa superior. Nesse caso, a densidade diminui no sentido da placa inferior. Se a diferença de temperaturas é superior a um valor crítico, as forças de empuxo são capazes de superar a influência retardadora das forças viscosas. A força gravitacional no fluido mais denso nas camadas superiores excede àquela que atua no fluido mais leve nas camadas inferiores e um determinado padrão de circulação existirá. O fluido mais pesado irá descer, sendo aquecido durante o processo, enquanto o fluido mais leve subirá, resfriando-se à medida que se desloca. Figura 4 – Convecção natural Fonte: Incropera, F. P. et al., 2008. Vídeo Assista a este vídeo sobre convecção de Rayleigh-Benard <https://www.youtube.com/watch?v=OM0l2YPVMf8>. O principal foco na resolução de problemas envolvendo a convecção natural é a determinação do coeficiente de transferência de calor por convecção. Para calcular esse coeficiente de convecção, recomenda-se utilizar o seguinte esquema de resolução: Identificar a geometria de escoamento. Especificar a temperatura de referência apropriada para o fluido e estabelecer as propriedades dele de acordo com a temperatura de referência. 7 Calcular o número de Reynolds (Re) para determinar o tipo de fluxo existente (laminar ou turbulento). Determinar o coeficiente de convecção usando equacionamento adequado. Veja como calcular Re e a relação entre seus valores e os escoamentos no Anexo 2. A equação mais usada para a determinação do coeficiente de convecção é a que o relaciona com o número de Nusselt: 𝑁𝑢 = ℎ.𝑥 𝑘 (5) Em que: Nu = número de Nusselt (adimensional) h = coeficiente de transferência de calor por convecção (W/m2K) x = espessura crítica da camada de fluido (m) k = condutibilidade térmica (W/mK) Para a obtenção do número de Nusselt, existem várias metodologias. Abordaremos aqui a obtenção pela correlação empírica com duas outras grandezas adimensionais, o número de Grashof e o número de Prandtl. O número de Grashof é a relação entre a força de empuxo e as forças viscosas no fluido. É obtido pela expressão da razão entre as forças de flutuação e viscosas: 𝐺𝑟 = 𝑔.𝛽.(𝑇𝑠−𝑇∞).𝑥 3 𝜗2 (6) Em que: Gr = número de Grashof (adimensional) g = força de aceleração da gravidade (9,81 m/s2) 𝛽=coeficiente de dilatação térmica do fluido (1/K) Ts = temperatura na superfície de contato com o sólido (K) T∞ = temperatura na distância crítica (K) x = distância crítica da camada de fluido (m) ʋ= viscosidade cinemática do fluido (m2/s). 8 O número de Prandtl é a relação entre a difusão de quantidade de movimento e a difusão de quantidade de calor dentro do próprio fluido, sendo uma medida da eficiência dessas transferências nas camadas limites hidrodinâmica e térmica. É obtido pela expressão da razão entre as difusividades de momento e térmica: 𝑃𝑟 = 𝜗 𝛼 = 𝑐𝑝.𝜇 𝑘 (7) Em que: Pr = número de Prandtl (adimensional) 𝜗 = viscosidade cinemática do fluido (m/s2) 𝛼 = difusividade térmica (m/s2) cp = calor específico do fluido (J/kg K) 𝜇 = viscosidade absoluta ou dinâmica (kg/m s) k = condutibilidade térmica (W/mK) A expressão da correlação empírica entre o Nu, Pr e Gr é: Nu=C(Grx.Pr)a (8) Em que: C e a são coeficientes de correlação tabelados para o tipo de escoamento do fluido e para a geometria da superfície de contato com o sólido, obtidos em função do valor do produto Grx.Pr para uma distância crítica x. O produto Gr.Pr também é conhecido como número de Rayleigh(Ra), o qual representa a razão de forças de flutuabilidade e viscosidade multiplicadas pela razão das difusividades térmica e dinâmica. Os valores de Ra definem o tipo de transferência de calor, sendo que: Ra ≤ 103 representa uma zona de transição de transferência de calor por condução e convecção; 103< Ra ≤104, a transferência de calor se dá por convecção em regime laminar; 104 < Ra, a transferência de calor se dá por convecção em regime turbulento. Veja as tabelas e gráficos para obtenção de C e a no Anexo 3. 9 Vídeo Assista a este vídeo melhor compreensão de Ra <https://www.youtube.com/watch?v=buskqZlPdvI> TEMA 3 – CONVECÇÃO FORÇADA Na convecção forçada, o movimento relativo entre o fluido e a superfície é mantido por meios externos, como um ventilador/soprador ou uma bomba, e não pelas forças de empuxo devidas aos gradientes de temperatura no fluido, como foi o caso da convecção natural. O calor (q) trocado entre uma superfície aquecida à temperatura Ts e um fluido mais frio (temperatura média na distância crítica T∞) é determinado a partir da Lei de Newton: q = h. A. (Ts - T∞). Já vimos que o coeficiente de transferência de calor por convecção é obtido a partir do número de Nusselt: 𝑁𝑢 = ℎ.𝑥 𝑘 O movimento do fluido em convecção forçada gerado por uma fonte de energia externa (bomba, ventilador etc.) permite definir uma escala de velocidade típica: ʋ∞ = velocidade na distância crítica (m/s). Essa velocidade leva ao número de Reynolds, importante em convecção forçada, definido como a razão entre as forças de inércia (convectivas) promotoras do movimento e as forças de viscosidade que se opõem ao movimento, como já vimos anteriormente. Além disso, o número de Prandtl, que é a relação entre a difusão de quantidade de movimento e a difusão de quantidade de calor dentro do próprio fluido, é uma medida da eficiência dessas transferências nas camadas limites hidrodinâmica e térmica, com também já foi visto. Na convecção forçada, o Nu também será obtido empiricamente, porém agora em função de Re e de Pr. O tratamento a ser dado para a obtenção do Nu será feito em virtude de duas situações: escoamento externo e escoamento interno. Ambas as situações serão analisadas para diversos perfis de superfície de contato com os sólidos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Quantidade_de_movimento https://pt.wikipedia.org/wiki/Efici%C3%AAncia https://pt.wikipedia.org/wiki/Camada_limite https://pt.wikipedia.org/wiki/Camada_limite 10 Figura 5 – Escoamento externo placa plana Fonte: Incropera, F. P. et al., 2008. Escoamento externo 1. Placa plana de comprimento L (geral): Nu = C RemPrn Em que: C, m e n são coeficientes de correlação empíricos, cujos valores foram determinados em laboratório em função do regime de escoamento. a) Convecção forçada sobre placa isotérmica ( Ts ) Nusselt médio: Nu = 0.664Re1/2Pr1/3 para regime laminar com: Re < 5×105 e Pr ≥ 0,6 Nu = 0.037Re4/5Pr1/3 para regime turbulento com: 5×105 < Re < 107 e 0,6 ≤ Pr ≤ 60 Nu = (0.037Re4/5 −871) Pr1/3 para regime de transição com: Re = 5 x 105 e 0,6 ≤ Pr Nusselt local: Nu = 0,332 Re1/2Pr1/3 para regime laminar com: Re < 5×105 e Pr ≥ 0,6 Nu = 0,0296 Re4/5Pr1/3 para regime turbulento com: 5×105 < Re <107 e 0,6 ≤ Pr ≤ 60 b) Convecção forçada sobre placa com fluxo de calor (q/A) imposto: Nu = 0,453 Re1/2 Pr1/3 para regime laminar com: Re < 5×105 Nu = 0,0308 Re4/5 Pr1/3 para regime turbulento com: Re > 5×105 11 2. Convecção forçada sobre cilindro de diâmetro D e de comprimento L: (𝑅𝑒 = 𝜌.𝜗.𝐷 𝜇 , D = diâmetro; Recrítico=2x105 ) 𝑁𝑢 = 0,3 + { 0,63.𝑅𝑒 1 2⁄ .𝑃𝑟 1 3⁄ [1+(0,4/𝑃𝑟) 2 3⁄ ] 1 4⁄ . [1 + ( 𝑅𝑒 28200 ) 5 8⁄ ] 4 5⁄ } para: Re.Pr>0,2 3. Convecção forçada sobre esfera de diâmetro D: 𝑵𝒖 = 𝟐 + [(𝟎, 𝟒. 𝑹𝒆 𝟏 𝟐⁄ + 𝟎, 𝟎𝟎𝟔. 𝑹𝒆 𝟐 𝟑⁄ ) . 𝑷𝒓 𝟐 𝟓⁄ . ( 𝝁∞ 𝝁𝒔 ) 𝟏 𝟒⁄ ] para: 3.5 < Re < 80 000 e 0.7 < Pr < 380 Escoamento interno: 1. Convecção forçada dentro de tubos lisos: a) Escoamento laminar, em desenvolvimento térmico: 𝑁𝑢 = 1,86. ( 𝐷 𝐿 . 𝑅𝑒. 𝑃𝑟) 1 3⁄ . ( 𝜇∞ 𝜇𝑠 ) 1 7⁄ para: Pr>0,5 e Re<2300 b) Escoamento turbulento, desenvolvido: Nu = 0,023.Re0,8.Prn para: Re >10 000 e 0,7 ≤ Pr ≤160 com: n = 0.4 aquecimento; n = 0.3 arrefecimento. Figura 6 – Escoamento interno em tubos Fonte: Incropera, F. P. et al., 2008. TEMA 4 – CONVECÇÃO EM EBULIÇÃO E CONDENSAÇÃO Muitas aplicações na engenharia caracterizadas por altos fluxos térmicos envolvem ebulição e condensação. A principal aplicação está em termoelétricas, onde, em uma caldeira, o líquido pressurizado é convertido em vapor. Após a expansão em uma turbina, o vapor retorna ao estado líquido em 12 um condensador, de onde é bombeado para a caldeira a fim de repetir o ciclo. Evaporadores, nos quais ocorre o processo de ebulição, e condensadores também são componentes essenciais em ciclos de refrigeração por compressão de vapor. Neste capítulo, vamos fornecer uma base para efetuar os cálculos de transferência de calor por convecção correlatos a essas mudanças de fases por meio de métodos empíricos. Figura 7 – Usina termoelétrica Fonte: Shutterstock Vídeo Assista ao vídeo <https://www.youtube.com/watch?v=AyAd-gLO9CE> sobre operação de uma turbina a vapor. Ebulição Quando a evaporação ocorre em uma interface sólido-líquido, ela é chamada ebulição. O processo ocorre quando a temperatura da superfície Ts (K) é superior à temperatura de saturação Tsat (K) correspondente à pressão no líquido. Nesse caso, a Lei de Newton será: q/A = h. (Ts – Tsat) = h.∆Te (9) Como temos uma expressão para duas incógnitas, há necessidade de uma segunda expressão, que sai da análise empírica da evaporação, em função de Prandtl e do diâmetro médio da bolha de vapor: 𝑞 𝐴 = 𝜇𝑙 . ℎ. [ 1 𝐷𝑏 2] 1 2⁄ . ( 𝑐𝑝𝑙.∆𝑇𝑒 𝐶𝑠𝑓.ℎ.𝑃𝑟𝑙 𝑛) (10) 13 Em que: 𝜇𝑙=viscosidade dinâmica do líquido (kg/ms) Db = diâmetro médio de bolha (m) cpl = calor específico do líquido (J/kgK) Csf e n são constantes de correlação em função da combinação de troca de calor entre a superfície do sólido e o líquido na ebulição. O diâmetro médio de bolha é fornecido pela expressão: 𝐷𝑏 ∝ √ 𝜎 𝑔(𝜌𝑙−𝜌𝑣) (11) Em que: σ = tensão superficial do líquido (J/m2) g = aceleração da gravidade (m/s2) 𝜌𝑙 = massa específica da fase líquida (kg/m 3) 𝜌𝑣 = massa específica da fase vapor (kg/m 3). Veja a tabela para obtenção de Csf e n no Anexo 4. Condensação A condensação ocorre quando a temperatura de um vapor é reduzida a valores inferiores ao de sua temperatura de saturação. Em equipamentos industriais, o processo resulta usualmente do contato entre o vapor e uma superfície fria. A energia latente do vapor é liberada, o calor é transferido para a superfície e o condensado é formado. Temos dois casos a analisar para a condensação: regime laminar e regime turbulento. Condensação em regime laminar Em regime laminar, a expressão de Newton da convecção fica: q = hl.A.(Tsat - Ts) = hl.A.ΔTc (12) Neste caso temos hl sendo obtido por: 𝑁𝑢 = ℎ𝑙.𝑥 𝑘𝑙 (13) Em que: x é a distância crítica (m) hl = coeficiente de transmissão de calor por convecção 14 kl = condutividade térmica do fluido Como na condensação o parâmetro adimensional Nu nem sempre é facilmente determinado, há necessidade de mais uma equação para determinar hl. Essa equação sai em função da vazão mássica do condensado (�̇�): �̇�. ℎ𝑐 = ℎ𝑙 . 𝐴. ∆𝑇𝑐̇ (14) Em que: �̇� = vazão mássica do condensado (kg/h) hc = calor latente de condensação do vapor (kJ/kg), no qual o valor para a água é 2256 kJ/kg. Condensação em regime turbulento Do mesmo modo que para todos os fenômenos convectivos discutidos anteriormente, condições de escoamento turbulento podem estar presentes na condensação. As equações agora devem incluir o número de Reynolds para obtenção de Nu. A expressão da condensação continua a mesma para o regime laminar. No entanto, agora o hl é obtido de Nu em função da viscosidade cinemática pela expressão: 𝑁𝑢 = ℎ𝑙.( 𝜗2 𝑔⁄ ) 1 3⁄ 𝑘𝑙 (15) Sendo que Nu é obtido em função de Reynolds e de Prandtl da seguinte forma: Nu = Re-1/3 para Re< 30 𝑁𝑢 = 𝑅𝑒 1,08.𝑅𝑒1,22−5,2 para 30≤Re≤1800 𝑁𝑢 = 𝑅𝑒 8750+58𝑃𝑟−0,5.(𝑅𝑒0,75−253) para Re > 1800 NA PRÁTICA 1. Determine o fluxo de calor por convecção natural que ocorre sobre uma placa plana, sabendo que água a 27ºC está contida entre duas placas, sendo que a inferior está a 67ºC e a superior está a 27ºC. Observe que há uma velocidade 15 crítica de circulação de 1m/s a uma distância crítica de 500 mm da superfície da placa aquecida. 𝑞 𝐴 = ℎ. (𝑇𝑠 − 𝑇∞) 𝑁𝑢 = ℎ. 𝑥 𝑘 Nu=C(Grx.Pr)a onde: 𝐺𝑟 = 𝑔.𝛽.(𝑇𝑠−𝑇∞).𝑥 3 𝜗2 e 𝑃𝑟 = 𝜗 𝛼 = 𝑐𝑝.𝜇 𝑘 Em seguida, devemos calcular Gr e Pr para obtermos Nu e depois h. Para isso, vamos pegar os dados necessários das tabelas no Anexo 4 da Aula 2. Da Tabela 6 (propriedades da água saturada) obteremos os dados; então, primeiro converto 27ºC para Kelvin. Basta somar com 273. Assim, temos T = 27 + 273 = 300K. Com essa temperatura, entramos na tabela e vemos que a viscosidade dinâmica é obtida como mostrado a seguir: Repare que já obteremos direto que Pr = 5,83 para água no estado fluido (Prf). Para calcular Gr, temos: β x 106 = 276,1, ou seja β = 276,1 x 10-6 K-1 . Para calcular ϑ, temos de usar a relação: 𝜗 = 𝜇 𝜌 , sendo que μf = 855 x 10- 6 N.s/m2 = 855 x 10-6 kg/m.s e Ѵ = 1,003 x 10-3 m3/kg. Como Ѵ =1/ρ, teremos que ρ = 1/ Ѵ e, portanto, ρ =997 kg/m3. Sabendo que Ts= 67 + 273 = 340K , que 𝑇∞= 300K , que x = 500 mm = 0,5 m e que g = 9,81 m/s 2: 𝐺𝑟 = 9,81.276,1.10−6.(340−300).0,53 ( 855.10−6 997 ) 2 = 0,0135 7,35.10−13 = 1,84.1010 Precisamos agora determinar Nu, usando os dados do Anexo 3 desta aula. 16 Para isso, é preciso definir a geometria e o regime de escoamento. Pelo enunciado, podemos observar que a geometria é de placas horizontais. Precisamos agora definir o regime de escoamento por Re, para uma velocidade de circulação de 1m/s e distância crítica de 500 mm = 0,5 m. xv x Re 610.855 5,0.1.997 Re x = 583.10³, caracterizando regime laminar. Sabendo que a superfície aquecida está embaixo e a resfriada em cima, a superfície aquecida estará para cima e a resfriada para baixo. Assim: C = 0,54 e a = 1/4 Nu = 0,54. (1,84.1010 . 5,83)1/4 = 309 𝑁𝑢 = ℎ.𝑥 𝑘 309 = ℎ.0,5 613 h = 3,79 . 105 W/m2K 𝑞 𝐴 = ℎ. (𝑇𝑠 − 𝑇∞) 𝑞 𝐴 = 3,79. 105. (340 − 300) = 1,52.108 W/m2 2. Determine o fluxo de calor para as mesmas condições do exercício anterior, porém com água escoando entre as placas com uma velocidade de 15 m/s em vez de essa estar contida entre as placas. Nesse caso, não teremos mais convecção natural. Será convecção forçada e, como as placas estão a temperaturas diferentes, forçam um fluxo de calor. 17 Assim: 𝑞 𝐴 = ℎ. (𝑇𝑠 − 𝑇∞) 𝑁𝑢 = ℎ. 𝑥 𝑘 xv x Re 610.885 5,0.15.997 Re x = 8,45.10 6 caracterizando regime turbulento Assim: Nu = 0,0308 Re4/5 Pr1/3 Nu=0,0308.(8,45.106)4/5.5,831/3= 19287 h = (19287.613)/0,5 = 2,36.107 W/m2K 𝑞 𝐴 = 2,36.107. (340 − 300) = 9,44 . 108 W/m2 SÍNTESE Com esta aula você adquiriu conhecimentos gerais sobre a transferência de calor por convecção. Expanda seus conhecimentos lendo os anexos das rotas de aprendizagem, assim como pesquisando sobre o assunto em outras literaturas. REFERÊNCIAS BIRD, R. B.; STEWART, W. E.; LIGHTFOOT, E. N. Fenômenos de transporte. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004. INCROPERA, F. P. et al. Fundamentos da transferência de calor e massa. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N. Princípios da termodinâmica para engenharia. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. SISSON, L. E.; PITTS, D. R. Fenômenos de transporte. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1996.
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