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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GENÉTICA FORENSE NO JUDICIÁRIO BRASILEIRO

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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GENÉTICA FORENSE NO JUDICIÁRIO 
BRASILEIRO 
 
 
Ludmila Lopes Ruela Silva: Biomédica. Programa de Pós-Graduação em Biociências 
Forense, pelo Instituto de Estudos Farmacêuticos e Pontifícia Universidade Católica de Goiás. 
E-mail: ludmilaruela@gmail.com 
 
Dr. Pedro Binsfeld: Docente do Programa de Pós-Graduação em Biociências Forense, pela 
Pontifícia Universidade Católica de Goiás e Instituto de Estudos Farmacêuticos, SHCGN 716 
Bl. B Lj 05 Brasília-DF CEP: 70770-732. E-mail: pedro.binsfeld@terra.com.br 
 
 
RESUMO 
 
A genética forense humana, pela análise do DNA individual, é uma importante ferramenta 
desenvolvida pela ciência moderna e colocada à disposição da justiça para elucidar autorias de 
crimes. Com o objetivo de contextualizar a evolução histórica e tecnológica da genética 
forense, bem como, a evolução legal e consolidação como prova no cenário jurídico, o 
presente trabalho, valendo-se de uma revisão bibliográfica, delineia o histórico da utilização 
forense da análise de DNA e as principais técnicas para esta finalidade. Além disso, considera 
a evolução do marco legal no Brasil, a expectativa de uso pelo judiciário e do funcionamento 
do banco de dados de identificação de perfil genético. Destaca também a importância da 
padronização dos laboratórios e dos procedimentos analíticos na área forense. 
 
Palavras-Chave: DNA forense, legislação brasileira, banco de dados genéticos. 
 
 
HISTORICAL EVOLUTION OF FORENSIC GENETICS IN THE 
BRAZILIAN JUSTICE 
 
ABSTRACT 
 
The human forensic genetics, DNA analysis by the individual, is an important tool developed 
by modern science and made available to elucidate authorship of justice crimes. In order to 
contextualize the historical evolution of technology and forensic genetics, as well as the legal 
evolution and consolidation as evidence in legal scenario, the present study, using a literature 
review, outlines the history of the use of forensic DNA analysis and the main techniques for 
this purpose. It also considers the evolution of the legal framework in Brazil, the expected use 
by the judiciary and the functioning of the database to identify genetic profile. It also 
highlights the importance of standardization of laboratory and analytical procedures in the 
forensic field. 
 
Keyword: DNA forensics, Brazilian legislation, genetic database. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 A atual definição de genética como o ramo da biologia que estuda a transmissão dos 
caracteres hereditários nos indivíduos e as propriedades das moléculas que asseguram esta 
transmissão vem sendo explorada no contexto jurídico, valendo-se dos avanços dos estudos 
nesta área para auxiliar juízes e jurados nas áreas criminal e cível. Trazendo à tona o conceito 
de genética forense ou DNA forense (BONACCORSO, 2005). 
 
Em meados da década de 80 o cientista Alec Jeffreys sugeriu que todos os indivíduos 
poderiam ser identificados a partir de um padrão específico de seu DNA (BERNATH, 2008). 
Embora seu achado apresentasse o enorme potencial do DNA, inicialmente houve sérias 
reservas quanto à sua aplicação forense mediante as muitas dúvidas que surgiram quanto à 
reprodutibilidade e à confiabilidade dos métodos (KOCH; ANDRADE, 2008). 
 
Ainda na década de 80, sua técnica foi utilizada oficialmente pela primeira vez na 
Inglaterra (JEFFREYS; BROOKFIELD; SEMEONOFF, 1985). Desde então, o DNA forense 
vem sendo utilizado pela criminalística e pela medicina legal como uma poderosa ferramenta 
na investigação criminal e no estudo de vínculo genético. Nos últimos anos, a evolução das 
técnicas bem como a associação entre elas vem consolidando, a confiabilidade desta 
ferramenta (GARRIDO, 2009). 
 
Realidade nos Estados Unidos, Canadá, Japão, Austrália e em parte da Europa, os 
bancos de dados de DNA tem auxiliado muito a investigação criminal e, em breve, se tornarão 
uma realidade também no Brasil (LACERDA, 2012). A lei 12.654 de 28 de maio de 2012, lei 
cria um banco nacional de DNA para auxiliar na elucidação de crimes violentos e visa 
instituir no Brasil uma unidade central de informações genéticas, gerenciada por uma unidade 
oficial de perícia criminal. A lei representa um grande avanço, pois permitirá identificar com 
mais segurança pessoas que praticaram crimes, bem como evitar que inocentes sejam punidos 
(BRASIL, 2012). 
 
O objetivo do presente trabalho foi contextualizar a evolução histórica e tecnológica 
da genética forense que permitiram a sua aplicação na perícia criminal, bem como os recentes 
avanços desta ferramenta no judiciário brasileiro. 
 
2 METODOLOGIA 
 
O presente trabalho é uma pesquisa qualitativa, de modalidade teórica e com análise 
da bibliografia formal, discursiva e concludente. O método de abordagem indutivo foi 
escolhido como procedimento monográfico, realizando o levantamento das publicações em 
base de dados nacionais. 
 
Foi efetuada uma revisão do acervo de documentos bibliográficos, baseados em 
artigos históricos, científicos e regulamentos disponíveis nas bases de dados disponíveis em 
bibliotecas virtuais e sítios da rede mundial de computadores. A busca foi realizada no idioma 
português através de palavras chaves relacionadas com o trabalho em questão no período da 
década de 1980 até o ano de 2012, tendo como base importantes descobertas e pesquisas 
realizadas neste período sobre a individualização de pessoas por DNA e sua utilização 
forense. 
 
3 DISCUSSÃO 
 
3.1 A análise do DNA e sua utilização forense 
 
Entre as descobertas mais notáveis da biologia no século XX estão a natureza química 
e a estrutura tridimensional do material genético, ácido desoxirribonucleico – DNA. Tal 
molécula constitui parte dos cromossomos que são encontrados no interior do núcleo da 
célula. Fora do núcleo, moléculas de DNA podem ser encontradas em organelas como 
cloroplastos e mitocôndrias (NELSON; COX, 2011). 
 
A sequência das subunidades monoméricas do DNA, os nucleotídeos, codifica as 
instruções para formar todos os outros componentes celulares e provê o molde para a 
produção de moléculas de DNA idênticas a serem distribuídas aos descendentes através da 
divisão celular. Sua estrutura, portanto é responsável pela transmissão das características 
genéticas entre os seres vivos (NELSON; COX, 2011). 
 
Para finalidades forenses, a análise do DNA utiliza os mesmos princípios 
fundamentais e usa as mesmas técnicas que são rotineiramente empregadas em situações 
médicas e genéticas (KOCH; ANDRADE, 2008). Podendo seu uso ser aplicado na 
identificação de suspeitos de crimes sexuais; identificação de cadáveres carbonizados, em 
decomposição e/ou mutilados; estabelecimento de relação entre instrumento lesivo e vítima 
ou criminoso e vítima; vínculo genético, dentre outros (DALTON et al, 2002). 
 
Fundamenta-se na individualização biológica de cada ser humano, na exclusividade do 
seu perfil genético bem como na igualdade e invariabilidade deste perfil em todas as células 
do organismo. As regiões escolhidas para a análise do DNA são aquelas que apresentam 
maior variação individual e facilidade de estudo. Essas regiões são denominadas 
polimorfismos de DNA e/ou marcadores genéticos ou moleculares (NÓBREGA; SILVA, 
2011). 
 
Estas regiões polimórficas foram descritas na década de 80, na Inglaterra, pelo 
Cientista Alec Jeffreys que ao estudar um determinado gene, se surpreendeu observando que 
em sua extensão apareciam regiões que se diferenciavam entre as pessoas. Estas diferenças 
foram visualizadas por métodos indiretos em forma de bandas de diferentes tamanhos, metade 
destas bandas era proveniente do pai e a outra metade da mãe. Ele tambémobservou também 
que estas regiões variáveis podiam ser encontradas em todo o genoma humano e que a partir 
delas podia-se definir o que ele mesmo chamou de “impressões digitais de DNA” ou “DNA 
fingerprinting”. (BERNATH, 2008; JEFFREYS; BROOKFIELD; SEMEONOFF, 1985). 
 
Segundo Gaertner e Binsfeld (2011), os principais marcadores moleculares podem ser 
agrupados em polimorfismos de sequência, que se constituem de diferentes nucleotídeos em 
uma determinada localização no genoma e suas variações podem ser manifestas como regiões 
de alelos alternativos, substituições, adições ou deleções de bases; e polimorfismos de 
comprimento, que incluem regiões que se repetem no DNA genômico e são chamados de 
microssatélites ou STRs (short tandem repeats) e minissatélites ou VNTRs (variable number 
of tandem repeats), fundamentando-se na diversidade e na variação do número de repetições 
entre os indivíduos. 
 
Os polimorfismos de comprimento (microssatélites e minissatélites) são os mais 
utilizados para análise do perfil genético (GAERTNER; BINSFELD, 2011). Entretanto, 
atualmente também vêm sendo utilizados os polimorfismos de substituição de nucleotídeos 
únicos (SNP), os polimorfismos de inserção-deleção de um ou mais nucleotídeos (indel) 
(PENA, 2005) e os padrões de metilação do DNA, responsáveis pelo controle da expressão 
gênica, além de ser um dos processos que melhor caracteriza a alteração do fenótipo do 
indivíduo (SANTOS; QUEIROZ, 2011). 
 
 Além do mais, o que durante muito tempo se apresentou como uma limitação para a 
análise de DNA, a necessidade de que as evidências biológicas contivessem células 
nucleadas, vem sendo superada com o sequenciamento do DNA mitocondrial (mtDNA). Ele 
se difere do DNA nuclear no tocante a quantidade de moléculas por célula, tipo de herança 
(exclusivamente materna) e sequência (PARADELA; FIGUEIREDO, 2006). 
 
Por existir em múltiplas cópias, o mtDNA é especialmente útil em análises em que o 
DNA nuclear se encontra em quantidades diminutas, como as que são usualmente encontradas 
em cenas de crime. Os alvos do sequenciamento do mtDNA são duas regiões especificas do 
cromossomo, denominadas de regiões hipervariáveis I e II (HV1/HV2). A taxa de mutação 
nestas regiões é de cinco a dez vezes maior se comparado ao DNA nuclear (DOLINSKY; 
PEREIRA, 2007). 
 
Assim como a análise do mtDNA é utilizada no estabelecimento da linhagem materna, 
a análise de STRs do cromossomo Y (DYS19, DYS389 I, DYS389 II, DYS390, DYS391, 
DYS392, DYS393) vem sendo utilizada para estabelecer relações paternas. Estes STRs não 
sofrem recombinação durante a meiose, pela ausência de cromossomos homólogos, sendo 
assim torna-se possível a análise de alelos de origem masculina. Tal informação também se 
faz muito útil em investigações de estupro, onde geralmente são encontradas misturas de 
secreção vaginal e sêmen, pois a análise destes marcadores permite que somente o agressor 
seja identificado (DOLABELLA; BINSFELD, 2011). 
 
3.2 Evolução técnica e algumas limitações 
 
As técnicas para análise forense do DNA vêm se fortalecendo nos últimos 30 anos. 
Segundo Gaertner e Binsfeld (2011), esta evolução se deu pelo desenvolvimento e 
compreensão da biologia molecular com o passar dos anos, além da descoberta de novas 
técnicas e métodos eficazes para a detecção do DNA humano para tal finalidade. 
 
Em 1985, por meio de seu estudo já mencionado, Jeffreys deu início a esta evolução 
utilizando sondas especiais (sondas monoclonais) que podiam reconhecer simultaneamente 
diversas regiões de minissatélites produzindo padrões de bandas específicos para cada 
indivíduo-“DNA fingerprinting” (PENA, 2005). 
 
O Polimorfismo no Fragmento de Restrição – RFLP (Restriction Fragment Lenght 
Polymorphism) foi a primeira tecnologia usada em testes de DNA forense, sendo baseada em 
mutações que alteram sequências no DNA de um indivíduo, de modo que enzimas de 
restrição podem perder a capacidade de clivar aquele DNA em posições ainda susceptíveis à 
clivagem nos DNAs de outros indivíduos. Porém, a limitação desta técnica é que necessita de 
uma grande quantidade de DNA não degradado (KOCH; ANDRADE, 2008). 
 
A técnica da Reação em cadeia da Polimerase (PCR) veio sanar esta limitação, trata-se 
de um procedimento realizado in vitro que gera DNA suficiente para análises posteriores. 
Apresenta alta especificidade e aplicabilidade. Uma reação de PCR típica contém 30 ciclos de 
amplificação. Cada ciclo envolve etapas de desnaturação, pareamento e síntese a partir de um 
fragmento de DNA (NÓBREGA; SILVA, 2011). Entretanto a técnica está limitada ao estudo 
de regiões genéticas pequenas e, devido à sua alta sensibilidade, é suscetível a contaminações, 
o que exige cuidados durante a coleta e no laboratório (PENA, 2005). 
 
 A eletroforese é uma técnica que possibilita separar moléculas em função da massa, 
carga, forma e compactação, sendo uma técnica rápida, sensível e precisa. Na separação de 
DNA, baseia-se na carga negativa da molécula. Sendo assim, íons livres, moléculas inteiras 
ou fragmentos de DNA em uma solução são separados por migração em suportes com géis de 
agarose ou poliacrilamida, pela ação de uma corrente elétrica com diferentes velocidades 
(MUNIZ; SILVA, 2010). Embora seja uma técnica muito versátil e apresentar baixa 
dificuldade de realização, a identificação dos fragmentos é feita somente quanto ao tamanho e 
não quanto à sequência (KOCH; ANDRADE, 2008). 
 
 O DNA com uma sequência de bases específica pode ser identificado por um 
procedimento conhecido como Sourthern Blotting. Baseia-se na hibridação entre moléculas de 
DNA, fixas em um suporte, com sondas, moléculas de DNA ou RNA marcadas, visando à 
localização de sequências específicas de DNA, utilizando a capacidade de a nitrocelulose 
ligar-se fortemente ao DNA fita simples. O primeiro passo, portanto é a realização de uma 
eletroforese com o DNA genômico total, geralmente após a clivagem com uma ou mais 
enzimas de restrição. (NÓBREGA; SILVA, 2011). 
 A técnica de Southern Blotting pode ser utilizada na identificação de polimorfismos 
que determinam a alteração do padrão de clivagem, devido a mutações pontuais em sítios de 
restrição, obtidos a partir de uma determinada região do DNA. Esses diferentes padrões são 
detectados utilizando-se a própria região potencialmente polimórfica como sonda. Padrões de 
RFLP obtidos com uma determinada sonda, usualmente de uma região de DNA repetitivo, 
podem ser utilizados no estabelecimento de uma “impressão digital” de DNA, que permite a 
diferenciação entre dois indivíduos quaisquer (DOLINSKY; PEREIRA, 2007). 
 
3.3 Histórico da genética forense no cenário jurídico 
 
Oficialmente, o DNA forense foi utilizado pela primeira vez em 1985 para solucionar 
um problema relacionado à imigração. Um jovem residido na Inglaterra, ao regressar de uma 
viagem ao seu país de origem, Gana, teve sua entrada proibida no Reino Unido sob a suspeita 
de documentação falsa. Alec Jeffreys, solicitado pelo governo, empregou sua então recente 
descoberta para solucionar o caso. Através da análise do DNA comprovou-se que a família 
biológica do rapaz realmente residia na Inglaterra, permitindo assim o regresso do mesmo ao 
lar (BERNATH, 2008; JEFFREYS; BROOKFIELD; SEMEONOFF, 1985). 
 
Barros e Piscino (2008), afirmam que a admissibilidade do DNA como prova em 
cortes penais se deu em 1986, a partir do caso que ficou conhecido nas cortes internacionais 
como “Caso Leicester” ocorrido em 1985 na Inglaterra. O geneticista Alec Jeffreys coletou e 
analisou o sêmen encontrado em duas vítimas de estupro e assassinato e concluiu que o 
material encontrado nas duas vítimas pertencia a um únicoagressor. Uma campanha de 
doação de sangue simulada pelas autoridades possibilitou a identificação e prisão do agressor 
(DOLINSKY; PEREIRA, 2007). 
 
Ainda em 1986, houve a primeira aceitação de identificação por DNA em cortes 
americanas, o caso FLÓRIDA X ANDREWS. A análise foi utilizada para identificação do 
agente de 20 invasões de residências seguidas de estupro (ALVES, 2009). E a partir de 1987, 
o FBI e laboratórios de criminalística de vários países passaram a aceitar amostras de 
materiais biológicos encontrados em locais de crime como evidências e até mesmo como 
instrumentos de prova (BORÉM; FERRAZ; SANTOS, 2001). 
 
Outros casos de repercussão internacional também puderam ser desvendados com o 
auxílio da genética forense. Em 1989 dois casos foram elucidados, no caso “Estado de Kansas 
X Mosley”, o acusado de dois crimes de estupro foi inocentado. Já no caso “Estado do Texas 
X Trimboli”, o crime de triplo homicídio teve sua autoria confirmada. Em 1993 o acusado do 
caso “Estado de Maryland X Bloodsworth”, que estava preso desde 1984, teve sua 
participação excluída do crime de estupro seguido de morte de uma menina de 9 anos. 
(BARROS; PISCINO, 2008). 
 
3.4 Histórico da genética forense no Brasil e sua atual situação 
 
No Brasil, a introdução da genética forense começou em 1992 com o esforço da 
Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio de sua Polícia Técnica, em utilizar a 
pesquisa com DNA bem como implantar um laboratório próprio com a finalidade de auxiliar 
as perícias criminais. Entretanto, o caso pioneiro de utilização da genética forense só chegou 
aos nossos tribunais em 1994, quando dois peritos criminais da PCDF foram encaminhados 
aos Estados Unidos com a finalidade de realizarem a análise de DNA em um material 
biológico relacionado a dois crimes praticados em Brasília (ALVES, 2009). 
 
Em 1994, a Câmara Legislativa do Distrito Federal criava a Divisão de Pesquisa de 
DNA Forense (DP/DNA), no âmbito da Polícia Civil do Distrito Federal, com as atribuições 
de dirigir, coordenar e controlar a execução das competências genéricas e específicas das 
Seções de Polimorfismo de Regiões de Fragmentos de Restrição – SPRFR, de Ampliação e 
Análise de DNA – SAAD e de Estatísticas e Suporte Técnico-Administrativo – SESTA 
(DISTRITO FEDERAL, 1994). 
 
Atualmente todos os estados brasileiros realizam análise de DNA tanto na esfera cível 
quanto na criminal (ALVES, 2009). Entretanto, o órgão mais avançado, experiente e de maior 
evidência na realização de exames de DNA, para fins de investigação criminal, é o Instituto 
Nacional de Criminalística-INC, sediado em Brasília e subordinado ao Departamento de 
Polícia Federal e ao Ministério da Justiça (BARROS; PISCINO, 2008). 
 
Em sua maioria, a utilização forense da análise de DNA no Brasil está relacionada ao 
esclarecimento de vínculo genético (BONACCORSO, 2005). Em 2001, a lei nº 10.317 
acrescentou as despesas com a realização do exame de código genético – DNA que for 
requisitado pela autoridade judiciária nas ações de investigação de paternidade ou 
maternidade à assistência judiciária aos necessitados (BRASIL, 2001). Em 2009, a lei nº 
12.004 estabeleceu a presunção de paternidade no caso de recusa do suposto pai em submeter-
se ao exame de DNA em processo investigatório aberto para investigação de paternidade 
(BRASIL, 2009). 
 
3.4.1 O DNA como prova no processo penal 
 
Barros e Piscino (2008) definem prova como “tudo aquilo que demostra ou estabelece 
a verdade de um fato” e, diante da determinação do Código de Processo Penal (CPP) 
brasileiro em seu artigo 158 que “quando a infração deixar vestígios, será indispensável o 
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado” 
caracterizam a análise de DNA como uma forma de corpo de delito, dando-lhe destaque 
dentro da perícia criminal. 
 
A prova pericial é considerada peça fundamental nas investigações policiais e por isso 
deve cumprir uma série de requisitos e ser realizada de maneira idônea para garantir sua 
qualidade e legitimidade. No Brasil ainda não há padrões definidos ou órgão responsável pela 
certificação, fiscalização e regulação dos laboratórios forenses bem como dos procedimentos 
para análise de amostras de DNA. Há estados onde a instituição responsável é a Polícia Civil, 
em outros, uma polícia técnica (ou científica) parcialmente desvinculada da autoridade 
policial jurisprudente daquele local. Além disso, os recursos são disponibilizados em 
quantidades diferentes para cada estado (SILVA; GONTIJO, 2010). 
 
 Segundo Giovanelli e Garrido (2011): 
 
A perícia criminal brasileira apresenta deficiências extremas no que concerne à sua 
organização, padronização de procedimentos e suficiência tecnológica. Por outro 
lado, os órgãos periciais estão imersos, por razões históricas e administrativas, na 
cultura policial, de tal maneira que os métodos de investigação científica acabam 
por serem minimizados em relação aos métodos adotados pelas polícias judiciárias 
estaduais, qual seja, a investigação de natureza inquisitorial, em que a eleição de 
um culpado é precedido dos indícios materiais. Tal prática compromete o estatuto 
de “cientificidade” da comunidade pericial, colocando em dúvida a credibilidade 
da prova material produzida e inviabilizando a consolidação de um sistema 
judiciário equânime e democrático. A solução para esta questão passa 
necessariamente pela aplicação de políticas centralizadas de fomento à práticas 
científicas, bem como a normatização das práticas periciais. 
 
3.4.2 Tentativas de normatização e padronização 
 
 A primeira iniciativa de normatização das técnicas de análise de DNA para fins 
forenses se deu a partir de um grupo técnico consultivo ligado ao Ministério da Saúde 
chamado GTDNA do qual participaram representantes de alguns laboratórios brasileiros 
atuantes no campo da tipagem humana para investigação de paternidade. Entretanto, tal 
iniciativa não gerou a repercussão desejada (PARADELA; FIGUEIREDO, 2006). 
 
Em 1999 a Sociedade Brasileira de Medicina Legal (SBML) editou algumas 
recomendações para realização de exames de paternidade através de DNA em laboratórios 
particulares numa tentativa de normatização de adesão voluntária. Na mesma época o Instituto 
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) formou um 
Comitê Técnico Especializado de Biologia Molecular (CTLE 04) para o estudo de parâmetros 
de sistematização voltados para análise de DNA. Contudo tais iniciativas também não tiveram 
muito sucesso no meio forense (BONACCORSO, 2010). 
 
 Ainda neste contexto a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) tem 
trabalhado na padronização de procedimentos, reaparelhamentos de laboratórios e capacitação 
continuada, para tanto disponibiliza em seus arquivos eletrônicos projetos, normas, portarias e 
outros produtos a fim de que os mesmos sejam difundidos. Dentre eles destacamos a 
“Padronização de exames de DNA em perícias criminais” e a Resolução SSP n.º 194/99 que 
estabelece normas para coleta e exame de materiais biológicos para identificação humana. 
 
Na edição do dia 19 de abril de 2009 do Estado de São Paulo, Filipe Werneck relatou a 
possível associação da SENASP com o INMETRO para ajudar a melhorar a qualidade, a 
confiabilidade e a credibilidade das polícias técnicas nos Estados. O projeto previa a criação 
de uma rede nacional de tecnologia para desvendar crimes. O papel do INMETRO seria 
estabelecer um padrão e coordenar sua aplicação. 
 
Segundo Bonaccorso (2010) esta parceria só foi possível em 2006 após o INMETRO 
tornar-se o organismo de acreditação brasileiro. Entretanto,apesar da relevância da 
participação dos laboratórios num sistema de metrologia forense, a adesão a este sistema seria 
voluntária, tendo em vista a autonomia dos estados brasileiros para estruturar seus institutos 
periciais. 
 
 O órgão público competente para avaliar os procedimentos técnicos em laboratórios 
analíticos é a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). De acordo com as suas 
normatizações, todas as etapas da cadeia de custódia das amostras biológicas devem ser 
documentadas de modo apropriado, a fim de evitar contaminações e a adequação das 
condições de trabalho à ISO/IEC 17.025 (PARADELA, FIGUEIREDO; SMARRA, 2006). 
 
3.4.3 Projetos de lei sobre a regulamentação e padronização da utilização do DNA em 
perícias forenses 
 
 O deputado Zenaldo Coutinho propôs em 2000 o Projeto de lei (PL) nº 2.642, 
dispondo sobre as condições para a realização e análise de exames genéticos em seres 
humanos. O projeto previa investimentos em capacitação e aparelhagem para laboratórios e 
análises de DNA bem como a obrigatoriedade da participação dos mesmos num sistema de 
acreditação. O mesmo foi arquivado (BRASIL, 2000). Em 2004, ele apresentou o PL nº 4.097 
idêntico ao anteriormente arquivado, este segue aguardando liberação segundo o site do 
próprio deputado (BRASIL, 2004). 
 
 Em 2007 mais dois Projetos de lei foram apresentados, o PL nº1. 497, de autoria da 
deputada Jô Morais e o PL nº 1.505 de autoria do deputado Reginaldo Lopes, ambos que 
dispõe sobre a regulamentação do exame pericial com base no perfil genético do DNA, para 
determinação do vínculo genético, em seres humanos, para fins civis e foram apensados ao PL 
4.097 de 2004 e seguem aguardando liberação, já receberam voto favorável da Comissão de 
Constituição e Justiça e de Cidadania-CCJC (BRASIL, 2007). 
 
3.4.4 O DNA na identificação criminal 
 
A Carta Magna da legislação brasileira, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 
5º, inciso II determina que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa 
senão em virtude de lei”; no inciso LXIII que “o preso será informado de seus direitos, entre 
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de 
advogado” e no inciso LVIII que “o civilmente identificado não será submetido a 
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei”. 
 
Estas garantias constitucionais associadas ao princípio nemo tenetur se detegere que se 
traduz como “ninguém está obrigado a fazer prova contra si mesmo”, tem gerado muita 
discussão quanto à utilização da análise de DNA como prova, pois podem resultar na recusa 
do acusado de fornecer material para realização do exame. Além do mais, a coleta forçada 
deste material pode caracterizar uma forma de obtenção ilícita da prova, o que fere o Código 
Processual Penal brasileiro e as demais garantias constitucionais já mencionadas 
(BONACCORSO, 2005). 
 
A lei nº 10.054 de 2000 dispunha em seus termos sobre a identificação criminal. Em 
2003 o Projeto de Lei nº 417, de autoria do então deputado federal Wasny de Roure sugeria a 
alteração do artigo 1º desta lei incluindo o DNA para identificação criminal. Em 2009, a lei n° 
12.037, que revogou a lei nº 10.054 de 2000 e regulamentou o inciso LVIII do artigo 5º da 
Constituição Federal, não incluiu o DNA para tal identificação. 
 
Entretanto, a Lei nº 12.654, de 28 de maio de 2012, veio alterar as Leis nºs 12.037, de 
1º de outubro de 2009, e 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de Execução Penal, para prever a 
coleta de perfil genético como forma de identificação criminal, além de outras providências: 
 
Art. 1º O art. 5º da Lei no 12.037, de 1º de outubro de 2009, passa a vigorar 
acrescido do seguinte parágrafo único: 
"Art. 5º.................................................................................... 
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3º, a identificação criminal poderá 
incluir a coleta de material biológico para a obtenção do perfil genético.” (NR) 
(BRASIL, 2012) 
 
Vale ressaltar aqui, mais uma vez, os artigos 155º a 157º do CPP que definem em seus 
termos que cabe ao juiz a livre apreciação das provas bem como a inutilização das mesmas se 
consideradas ilícitas. 
 
 
3.5 Rede Integrada de Banco de Perfis genéticos 
 
 Banco de dados de perfis genéticos é o armazenamento de perfis de DNA e amostras 
biológicas (perfis genéticos de referência) que permitem o confronto com amostras coletadas 
em locais de crime. Estes perfis ou amostras de referência podem depender da legislação 
vigente. Pode ser, por exemplo, que determinado país estabeleça que os condenados por 
crimes hediondos ou condenados por qualquer crime, ou mesmo pessoas detidas por 
praticarem qualquer tipo de infração penal, sejam obrigatoriamente tipados (LIMA, 2007). 
 
Este sistema de identificação de criminosos pelo DNA é uma realidade nos Estados 
Unidos, no Canadá, no Chile, em quase todos os países da Europa, na Austrália, na Nova 
Zelândia, na China e no Japão (LACERDA, 2012). O primeiro banco de dados de perfis 
genéticos de criminosos foi criado na Inglaterra, mas o banco mais importante, desenvolvido 
pelo Federal Bureau of Ivestigation-FBI, é o Combined DNA Index System-CODIS. (PENA, 
2005). O CODIS permite que perfis sejam compartilhados e comparados em todo país, 
formando um banco central de todos os laboratórios, denominado Rede Integrada de Banco de 
Perfis genéticos (RIBPG). Embora seja de nível nacional, é estruturado em laboratórios 
estaduais com uma coordenação central, onde cada estado possui seu próprio laboratório 
forense, o software é oferecido sem custo pelo FBI (BONACCORSO, 2010). 
 
No Brasil, a implantação da RIBPG é um projeto em parceria da SENASP, da Polícia 
Federal e das Secretarias Estaduais de Segurança Pública (BONACCORSO, 2010). Em maio 
de 2009, o FBI e a Polícia Federal assinaram um Termo de Compromisso onde o primeiro 
concede uma licença ilimitada para a utilização do CODIS, além de suas modificações e 
melhorias, em território brasileiro (BRASIL, 2009). 
 
Em 2010, a implantação do CODIS no Brasil foi oficializada durante solenidade no 
auditório do Instituto Nacional de Criminalística. A cerimônia marcou também o início do 
treinamento dos peritos que atuarão diretamente na RIBPG no país. O Instituto Nacional de 
Criminalística-INC, em Brasília, abrigará o banco de dados para demanda federal, além do 
Banco Nacional de Perfis Genéticos, que vai reunir informações em nível estadual e federal, 
permitindo a identificação de criminosos que atuam em mais de um estado (FIGUEIREDO, 
2010). 
 
Ao todo 15 estados da federação, além do Distrito Federal, possuirão bancos de dados 
de DNA em laboratórios especializados: Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, 
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio 
Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Caberá à SENASP investimentos, criação de 
novos laboratórios, aquisição de equipamentos e reagentes. À Polícia Federal e Secretarias de 
Seguranças Públicas estaduais caberão recurso pessoal, capacitação e atualização dos 
profissionais, a manutenção dos equipamentos e controle de qualidade dos laboratórios 
(BONACCORSO, 2010). 
 
As informações armazenadas nos bancos estaduais serão sincronizadas às do Banco 
Nacional de Perfis Genéticos, pelo menos, uma vez por semana. Já a troca de informações 
entre os bancos nacionais e internacionais se dará por intermédio da Organização 
Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL). Nenhum dos 40 países possuidores do 
Sistema CODIS pode interferir no banco de dados genéticos dos países que receberam a nova 
tecnologia(FIGUEIREDO, 2010). 
 
Entretanto, o funcionamento pleno do sistema ainda ficava dependente de 
regulamentação legal (FIGUEIREDO, 2010). Deixando a utilização do DNA como prova 
restrita aos casos criminais fechados (onde se comparam as amostras extraídas da cena do 
crime ou da vítima com as amostras dos suspeitos) e a perícia impedida de comparar o DNA 
coletado nos locais de crime nos casos sem suspeitos (LACERDA, 2012). 
 
Em 2011 as Comissões Permanentes do Senado Federal deram o que o Senador Renan 
Calheiros chamou de “sinal verde” para a criação do Banco Nacional de perfis de DNA dos 
criminosos. O Projeto de Lei do Senado (PLS) nº 93/2011, que regulamenta essa importante 
ferramenta de investigação criminal, foi aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e 
Cidadania (CCJ) do Senado Federal e seguiu para apreciação da Câmara dos Deputados. 
 
 O projeto de autoria do senador Ciro Nogueira (PP-PI), inicialmente estabelecia a 
identificação genética dos condenados por crime considerado hediondo ou praticado com 
violência contra a pessoa. Mas por meio do substitutivo do relator, senador Demóstenes 
Torres (DEM-GO), incluiu-se também a identificação genética durante a investigação 
criminal, conforme sugerido pelo Ministério da Justiça (LACERDA, 2012). Em maio de 2012 
a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei n° 2.458-B (PLS 93/2011). O mesmo foi 
sancionado pela presidente Dilma Roussef no dia 28 do mesmo mês como lei nº12. 654; 
 
Publicada no DOU no dia 29, a lei nº12.654 de 28 de maio de 2012, entrará em vigor 
180 dias após a data da publicação (em 28 de novembro de 2012). Conforme previsto no PL, 
ela altera as Leis nºs 12.037 de 2009, e 7.210 de 1984, prevendo a coleta de perfil genético 
como forma de identificação criminal, determinando a submissão obrigatória dos condenados 
por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por 
qualquer dos crimes previstos no art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990 à 
identificação do perfil genético, mediante extração de por técnica adequada e indolor. 
 
A nova lei estabelece que a identificação genética seja feita a partir de fluidos e 
tecidos biológicos humanos dos criminosos, que serão arquivados num banco nacional de 
perfis genéticos seguindo normas constitucionais e internacionais de direitos humanos. As 
informações obtidas a partir da coincidência de perfis genéticos deverão ser consignadas em 
laudo feito por perito oficial devidamente habilitado. Os dados serão sigilosos e ficarão à 
disposição da Justiça de todo o país e tornarão mais rápidas as investigações policiais. 
Entretanto, a regulamentação destes bancos de dados ainda será expedida pelo Poder 
Executivo (BRASIL, 2012). 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Nos últimos anos houve um grande avanço na investigação forense brasileira e na 
tecnologia utilizada para esta finalidade. Sendo as técnicas de identificação baseadas no DNA 
consideradas a maior revolução nesta área. 
 
 É indiscutível a importância da genética na perícia criminal e a necessidade de 
regulamentação legal da mesma pra tal finalidade no Brasil. Casos de grande repercussão na 
mídia nacional como os casos Pedrinho e Isabella Nardoni dentre outros trouxeram à tona a 
competência das equipes periciais e a tecnologia avançada a serviço das mesmas, o que teve 
grande relevância para a elucidação dos crimes perpetrados em tais casos, deixando claro o 
quanto uma equipe bem preparada e laboratórios bem equipados podem auxiliar a justiça 
brasileira. 
Entretanto esta não é uma realidade em todo país, infelizmente em alguns estados 
ainda existem profissionais desqualificados, laboratórios desaparelhados, tecnologias 
ultrapassadas e imprecisas, o que coloca em cheque a credibilidade e confiabilidade destas 
análises, cabendo aos peritos comprovarem sua competência e a eficiência de suas técnicas e 
ao juiz a apreciação das mesmas bem como a aceitação ou não como prova. 
 
 Por fim, a sanção de lei nº nº12.654, de 28 de maio de 2012 bem como a implantação 
da RIBPG foram passos cruciais para a nossa justiça. Parabenizamos o empenho do poder 
legislativo no aprimoramento da legislação, assim como do poder executivo na 
regulamentação e consolidação da estrutura e implementação destas ferramentas a serviço do 
judiciário brasileiro, porém, ressaltamos a necessidade de que todos os estados sejam 
alcançados por estes benefícios e de uma padronização tanto estrutural, tecnológica e 
financeira dos laboratórios quanto operacional nas práticas forenses, visando à qualidade, 
credibilidade e confiabilidade destas análises em todo território nacional bem como um 
aumento na taxa de elucidação de crimes e punição dos autores. 
 
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