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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER 
CURSO DE LIENCIATURA EM HISTÓRIA
LAÍNI KAUFMANN MERLUGO
 TRAÇOS DO RECRUTAMENTO NA GUERRA DO PARAGUAI 
Porto Xavier (RS)
2017�
LAÍNI KAUFMANN MERLUGO
TRAÇOS DO RECRUTAMENTO NA GUERRA DO PARAGUAI:
Projeto apresentado à graduação do curso de história, turma 03/2015, curso de licenciatura de história do centro universitário internacional uninter, sob a orientação da Prof. Dirlei Onira Theobald
Porto Xavier (RS)
2017
SUMÁRIO
1 Resumo 	 04
2 Introdução 	 05
3 Capítulo I
3.1- Metas após a problematização........................................................................06
3.2- Jornalismo no Império	 08
4 Capítulo II
4.1 Deserções de Recrutas e Revoltas	 11
4.2 Fuga dos Escravos 	 12
5 Conclusão	14
6 Referências 	 15
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Resumo 
 A reconstituição do contexto histórico relacionado à Guerra do Paraguai mostra vestígios deixados pelas pessoas que participaram em diversas medidas do conflito militar. Contrariando a historiografia memorialista, em que os autores enfatizam os voluntários oriundos de famílias tradicionais, meu objeto de pesquisa, o Jornal do Commercio, perscrutado abrangendo todo o período da guerra, entre 1864 e 1870, permite identificar inúmeras dificuldades no recrutamento: deserções, recusa das autoridades subalternas para cumprir a ordem superior, desentendimentos entre os próprios recrutadores, preocupação quanto à força policial indispensável para manter o regime escravista, recrutamento de libertos ou estrangeiros como substitutos da Guarda Nacional, recrutamento forçado, engajamento de escravos, etc. Diversos elementos políticos, culturais, econômicos e sociais, atuaram sobre a sociedade produzindo uma constante violência. Os pobres brasileiros, seja libertos, negros livres, ou qualquer que fosse a cor da pele, desfrutavam de uma cidadania incompleta (não votavam), em que a relação de compadrio com o chefe político local era decisiva. O embate entre proprietários escravocratas e o Estado induz a uma mudança do teor de vida na sociedade brasileira durante a Guerra do Paraguai. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
O tema escolhido foi sobre a Guerra do Paraguai, tendo como objetivo a monografia tratada da concepção e expectativa da alta sociedade política imperial ao qual se refere ao recrutamento, o ponto de vista dos proprietários de escravos e das massas inseridas no conflito. Com esta finalidade a questão racial e o pensamento social válido têm magnitude porque os escravos alforriados e os negros livres pode-se dizer que eram a maior parte do eventual contingente de recrutas. A fonte de pesquisa foi o Jornal do Commercio, um recorrente fundado na data de 1º de outubro de 1827 na cidade do Rio de Janeiro, projetado pelo francês Pierre Plancher. Sendo o Jornal mais antigo em circulação incessante na América Latina. Consegui acesso ao Jornal do Commercio que teria sido publicado entre dezembro de 1864 e março de 1870. 
O jornal trata de uma fonte antiquada, mostrando que realizou campanha espessa para o Governo Imperial alistar contingentes, e também atendeu exigências dos fazendeiros para usar os recrutamentos como recurso de permuta financeira e política. O diretor de redação, Luís Joaquim d’Oliveira e Castro, sendo formado em Direito na Universidade de Coimbra, nascido em Portugal, exerceu cargo de jornalista no período de março de 1868 a maio de 1888, sendo um protetor dos proprietários escravocratas e também do Imperador; 
“...mas em todos eles, desde os que se prendiam ao desfecho da Guerra do Paraguai até as questões abolicionista, religiosa e militar, o Jornal do Commercio interveio de acordo com sua índole moderada e conservadora, mas não raro divergindo dos governos�”. (SANDRONI, 2007, p. 187-188).
 
O objetivo de minha metodologia é trabalhar as informações históricas direto à fonte. 
Segundo Edward P. Thompson (1924-1993) após defender o Poverty of theory, onde “o discurso da demonstração da disciplina histórica consiste num diálogo entre conceito e dado empírico” (FONTANA, 2004, p.335). Para isso, podendo materializar-se a experiência e observação, atentara também com teoria científica, pois Thompson continuou dizendo “insistindo na exigência de rigor na pesquisa porque a teoria e a evidência devem manter um diálogo constante” (FONTANA, 2004, p.337). O objeto de pesquisa feito por mim engloba a História Social e Cultural, ramos principais de Thompson, e faço também um teste através do pensamento experimental fundamentado à análise do contexto. Investigo no ponto de vista da História Social corporações excluídas (libertos, escravos, negros livres, presos) apreciados com o apoio de sistemas utilizados pela Sociologia. 
A datar do século XX com a renovação historiográfica, segundo SCHMIDT “o documento, considerado vestígio deixado pelos homens, passou a ser encarado como produto da sociedade que o fabricou, de acordo com determinadas relações de poder”(SCHMIDT, 2007, p. 94) . A fonte criada por mim , um texto, que por si retrata uma ideia, auxilia tanto um fato, como por exemplo defendê-lo, atacá-lo ou explicar os motivos e circunstâncias. Na análise de assimilação comunicativa será ponderada, a meio de demais aprendizados, a obra de Lilia Moritz Schwartz, que exibe o acontecimento das instituições brasileiras criadas no século XIX, principalmente as predominantes no século, explorarem às teorias darwinistas sociais para esclarecer, por intermédio da raça, organizações sociais consolidadas: “interessa compreender como o argumento racial foi política e historicamente construído nesse momento, assim como o conceito raça, que além de sua definição biológica acabou recebendo uma interpretação sobretudo social ”(SCHWARCZ, 2007, p.17).
 3.CAPITULO I
 3.1 Metas após a Problematização
Devido o alto índice de mortos, a incapacidade do Exército brasileiro, o impacto entre proprietários escravocratas e o Estado, tudo isso leva a uma transformação da proporção de vida na coletividade brasileira através da Guerra do Paraguai. Como José Murilo de Carvalho diz, a obrigação de adentrar a guerra exigiu um auxílio do poder político, poder ao qual foi apoderado dos proprietários escravocratas, estabelecendo assim o Estado desta forma uma nova elite política. A medida de confiança na eficácia dos negros em vencer a guerra está relacionado na confiabilidade dos negros como um todo, ou seja, inexistente, apesar do negro ser a força motora da economia e do conflito. 
José Tomaz Nabuco, Conselheiro do Estado em 1867, intercedeu que a dispensa de escravos após a participação na guerra era benéfica por afastar o perigo de aglomerações de marginalizados nas capitais, assim como esses homens livres sentiriam honrados em lutar pela Pátria. “percebe-se, então, uma clara seleção de modelos, na medida em que, frente a uma variedade de linhas, nota-se uma evidente insistência na tradução de autores darwinistas sociais que, como vimos, destacavam o caráter essencial das raças e, sobretudo, o lado nefasto da miscigenação ”.
Segundo Izecksohn a Guerra do Paraguai foi travada pelo Brasil em que o Estado “estabeleceu drasticamente a devida unidade nacional” (IZECKOHN,2001, p.85). A transferência de corpos da Guarda Nacional para o cenário de Guerra alterou profundamente a função da instituição, principalmente por que fracassaram os métodos empregados para prover o exército em uma campanha de longa duração. Centralizar o poder no Governo Imperial ocasionou “disputas sobre o controle local do recrutamento, aumentando a politização em torno do serviço militar” (IZECKOHN,2001, p. 86-87). 
Entretanto o patriotismo dependia apenas de uma guerra sucinta. Pois a ideologia política e mental brasileira centralizada na oposta civilização, o Brasil de D. Pedro II apontou, um Estado melhor que a República Paraguaia.Segundo o europocentrismo, o personagem é Manuel Pinheiro Chagas, era um “momento em que o positivismo europeu via o Brasil escravista como a personificação do primitivismo...” ( SOUZA, 1996, p.20). De acordo com François Furet, “representar a necessidade de que todo povo precisa de uma narrativa das origens e de um material de grandeza que possa ser ao mesmo tempo garantia do seu futuro” (FURET, 1979, p.83). A historiografia memorialista teve uma índole institucional, exibindo o exército como o dirigente pela vitória deixando latente a idéia que a República teria sido consequência da Guerra. 
O exército coroado a instituição salvadora acabou sendo particularizado na figura de Duque de Caxias, onde o pensamento rankeano permeava a historiografia daquela época, com o antes explicando o depois. Houve também espaços particularizados para elevações regionais, de acordo com David Carneiro recompensando a atuação dos Prados, os Vaz Lobo, os Bueno Stocheler, em sua região. 
Por meio da obra de Paulo de Queiroz Duarte, Os Voluntários da Pátria na Guerra do Paraguai (1981). O autor fala também da indiferença do Exército, o alarido do Imperador lucrado com entusiasmo, segundo Queiroz, por um povo capaz de renunciar. Estudando assim para fazer a minha argumentação, pois, “[...] Os objetos de sua observação, com ajuda de técnicas freqüentemente muito complicadas . E depois, uma vez adquiridos esses objetos, ele os interpreta, ler os seus cortes”.( FEBVRE, 1977, p. 178) 
3.2 – Jornalismo no Império e histórias sobre o Recrutamento 
 O jornalismo acompanhou o acréscimo do país, em privado da capital, durante a época que o latifúndio era o alimento da nação. O público leitor instituiu da elite política, profissionais liberais, fazendeiros, por exemplo , um índice da parcela da população, onde o analfabetismo era um ininterrupto de Norte a Sul. Os jornais anunciavam notícias de comércio, exemplo, preços, movimentos de paquetes, informação sobre importação e exportação, noticiário do país e do exterior e, principalmente, anúncios. Cabia ao jornalismo “fornecer os elementos mais importantes do quadro político, participando, assim, dos episódios principais daquela fase”.(SODRÉ, 1999, p.109). 
 Jean Glénisson professor francês que lecionou no Departamento de História da Universidade de São Paulo, pensando então sobre os procedimentos críticos dos jornais, onde apontou que estes eram acompanhados de obscuridade. “Sempre será difícil sabermos que influências ocultas exerciam-se num momento dado sobre um órgão de informação...”. (LUCA, 2008, p.116).
 O professor Glénisson apoiava a opinião do historiador Pierre Renouvin, ao qual recomendou investigar “informações de uma dada publicação, sua tiragem, área de difusão, relações com instituições políticas”( Ibidem, p.116). Da mesma forma letras pequenas que são imprimidas em várias colunas como manchetes de segundo plano, destaques de temas, ou até mesmo, a clareza do conteúdo, podendo assim identificar textos programáticos. A publicidade é todo tipo de impressão que possui relevância, pois porque “as condições técnicas de produção vigentes e a averiguação, dentre tudo que se dispunha, do que foi escolhido e por quê”. (Ibidem, p.132) 
Segundo o historiador Nelson Sodré o comércio acabou sendo a atividade principal, possuindo uma intensa participação de adventícios, maior parte portugueses, franceses e ingleses. Os portugueses eram os participantes regularmente da imprensa, já os franceses tinham um jornal chamado, o Courier Du Brasil, trocando ideias abertamente sobre os problemas do país e ajudando no desenvolvimento do jornal. E os ingleses mantiveram o The 
Rio Herald, que era também um jornal, chamado, O Jornal do Commercio, sendo criado pelo francês Pierre Plancher, ao qual possuía um alcance no campo político, artístico e também literário. Sendo um jornal que não assumia posição partidária, até mesmo durante a conciliação de liberais e conservadores, portanto, o jornalista Alcindo Guanabara (1865-1919) expôs a sua opinião, “esse alheamento das paixões em convulsão, essa inalterável tranquilidade, num meio tão agitado, valeram ao Jornal do Commercio a força e o prestígio com que, no princípio do Segundo Reinado, ele agia e reagia sobre a sociedade, prestígio que cresceu e acentuou-se de tal arte que a expressão quarto poder lhe era aplicável com absoluta justiça”. ( SODRE, 1999, p.189)
 O recrutamento acabou se tornando um assunto comum no noticiário, pois porque, “o recrutamento tocava de perto a propriedade, diretamente a servil”. (IBIDEM, p.201). O embate que começou entre Governo Imperial e proprietários de escravos possuía uma quantia grande, o que acabou afetando o eixo da economia brasileira tanto que; “talvez essas alforrias tenham representado a maior despesa da guerra – traziam inconvenientes, pois a substituição era difícil, no trabalho das lavouras, quando não eram impossíveis”. (IBIDEM, p.201-202).
 Segundo estudos a inclusão de escravos e libertos nas tropas do Exército acabaram tornaram-se um objeto de pesquisa dos próprios historiadores. Onde o recrutamento de escravos para Guerra do Paraguai se tornou o tema de estudo no início de 1980 pelo inscritor José Julio Chiavenatto, ao qual escreveu o livro Voluntários da Pátria e outros mitos (1983), pois defendeu cedo “que a maioria dos soldados brasileiros na guerra eram escravos (CHIAVENATTO,1983, p.27). De acordo com Conrad a totalidade foi, “20 mil o número de escravos que foram libertados por meio do conflito, incluindo as mulheres dos escravos que tiveram a liberdade com a revinda da batalha”. (CONRAD,1978, p.48) Idalberto Chiavenatto acabou cometendo um mal-entendido quando avaliou os negros no contingente brasileiro como escravo recém liberto, escravo fugitivo ou escravo da nação, pois podia tratar também de negros livres e libertos. O historiador Ricardo Salles, ao qual pesquisou a guerra do Paraguai, declarou que o número aproximado de escravos era de 7% do fundado da guarnição, então seriam “8.489 escravos em meio a um contingente de 123.150 soldados”. (SALLES, 1999, p.65) 
Segundo Hendrik Kraay estudante militar incorporou escravos fugidos ao batalhão, onde não se afetou com a origem deles, pois, a instituição precisava de homens. Essa atitude ficou conhecida por ele mesmo como “abrigo da farda”, ou seja, os escravos se aproveitavam desse nome como forma de mudança social; “os escravos desenvolveram diversas estratégias para melhorar suas vidas, desde fazer corpo mole no trabalho, passando pela afirmação de culturas autônomas, até a revolta manifesta, num processo constante de conflitos”. (DORATIOTO, 1868, p.166).
Após Hendrik ter entrado para o Exército acabou motivando os escravos a se aperfeiçoarem de várias técnicas para impulsionar os senhores com intuito de ir à guerra, para ter assim a desejada liberdade. O objetivo dos cativos era de serem vendidos ao Império para servirem no Exército. Muitas vezes tal trabalho intenso por liberdade custava a própria vida nas fileiras militares.
O historiador Marco Antonio Cunha via o Paraguai como um país que possuía um expressivo poder central, o qual fazia com que o governo possuísse todos os recursos materiais e humanos do país. Onde essa centralização administrativa, econômica e política permitia a formação de um Estado fortemente militarizado. A catequese por exemplo foi imposta pelos jesuítas no século XVII onde estava posta que todos os adultos do sexo masculino estavam juntos nas fileiras militares. Assim os paraguaios possuíam um total de 300 a 400 mil habitantes e os superiores militares variam de 28mil a 57 mil homens, contando os reservistas entre 20 e 28 mil
O contingente estimado era “de 17 a 20 mil, embora pudesse dispor, também, da Polícia Militar e de uma ampla reserva de até 200 mil homens, na forma de Guarda Nacional”. (Ibidem, p.31). Assim o Governo Imperial resolveu impor alguns cargos para o serviço militar, dando o nome de “Voluntários da Pátria”. Onde foi assinado no dia 7 de janeirodo ano de 1865, o texto do Decreto nº 3.371, ao qual convocava os Voluntários da Pátria e os Guardas Nacionais, sendo publicado no Jornal do Commercio: 
“Atendendo às graves e extraordinárias circunstâncias em que se acha o País e á urgente e indeclinável necessidade de tomar, na ausência do Corpo Legislativo, todas as providencias para a sustentação no exterior da Honra e da Integridade do Império; e tendo ouvido o meu Conselho de Ministros, hei por bem decretar: Art. 1º - São criados extraordinariamente, Corpos para o serviço de guerra, compostos de todos os cidadãos maiores de 18 e menores de 50 anos, que voluntariamente se quiserem alistar, sob as condições e vantagens abaixo declaradas. 
Art. 2º - Os voluntários que não forem Guardas Nacionais terão, além do soldo que recebem os voluntários do Exército, mais 300 réis diários e a gratificação de 300$000, quando derem baixa, e prazo de terras de 22.500 braças quadradas nas colônias militares ou agrícolas.” (IBIDEM, p.32) 
 
 Havia uma legislação ao qual era disponível pela Guarda Nacional, a lei nº 602, de setembro de 1850, onde previa o fornecimento de corpos destacados que serviria então para defesas das praias, costas do império e fronteiras, sendo uma força auxiliar do Exército. O Conselho de Guerra acabou deliberando o caráter da mobilização e do recrutamento, ao qual José Antonio Pereira do Lago, declarou: “Se a força cívica e a Guarda Nacional não correspondem às necessidades da Guerra, é de absoluta necessidade proceder ao recrutamento forçado, não só na população, como na própria Guarda Nacional.”. (Ibidem, p.39). 
Na Marinha os serviços navais eram considerados insalubres, devido as chibatadas, a golinha no pescoço, os rigorosos da lei,o que tornava o recrutamento forçado, sendo o “único sistema seguido até hoje de que se há colhido maiores resultados”(IBIDEM, p.73). Tudo isso acaba explicando as expressões nos relatórios ministeriais sobre os marujos solicitados, “população nociva, ralé, libertos, gente viciosa, gentalha” (IBIDEM, p. 73). A oposição que a população tinha em relação ao serviço militar, da a entender que o Estado estaria lidando com um “quadro de fuga generalizada do serviço militar na Armada”.(ARIASNETO, 2001, p.103) 
CAPITULO II
Deserções de Recrutas e Revoltas
A análise dos crimes que teria sido feita, julgada pelo Conselho Militar de Justiça, contata-se que “a estatística demostra a alta incidência de casos de deserção, principalmente nos dois primeiros anos de conflito”(SOUZA, p.59-60). O Barão considerado do Partido Conservador acabou fazendo um discurso em julho de 1868, localizado na tribuna do Senado, onde declarou também que a disposição popular com a guerra teria esfriado, pois assim obtiveram várias exigências do Governo, como por exemplo o emprego de meios eficientes para adquirir os contingentes que antes eram obtidos por “meios muito mais brandos e suaves” (DORATIOTO, p.276).
Cotegipe considerada uma microrregião, ou seja, um município do estado brasileiro da Bahia, ao qual o recrutamento acabou apontando Cotegipe como uma região que despovoava os campos, principalmente os que estavam nas províncias do Norte, e assim os que não eram levados ao exército achavam-se protegidos pelos políticos governistas daquele local, ou seja, “embrenhados pelos matos fugindo á perseguição, a uma espécie de caçada que é, hoje o recurso do governo [...]” (DORATIOTO, p.276).
O Decreto 3.383 transferiu 14.796 soldados da Guarda Nacional para a fronteira, onde estava em jogo a força dos chefes locais, pois a reputação dependia também da proteção que proporcionava, tal costumes eram formulados em autoridades, “[...] “De vez em quando, esse consenso popular era endossado por alguma autorização concedida pelas autoridades. O mais comum era o consenso ser tão forte a ponto de passar por cima das causas do medo.” ( THOMPSON, 1998, p.152).
Ainda conforme o pesquisador Doratioto, “repetiram-se, então, resistências ao recrutamento por todas as províncias, e a impopularidade da guerra obrigou o governo, nas palavras de Cotegipe, a “uma espécie de caçada [...]” (DOATIOTO, p.265).
Pelo Ministro da Guerra João José de Oliveira Junqueira Junior, revelou o terceiro argumento em 1870, tal fato admitiu o titular da pasta da guerra, fez com que muitos membros dos voluntários da Pátria tivessem sido, na verdade, obrigados a se alistar”. 
4.2 Fuga dos Escravos
O meu objetivo de pesquisa foi relatado no ano do primeiro conflito vários acontecimentos de escravos que fugiram planejando irem ao confronto, pois assim as autoridades ofereceram benefícios para os recrutas, depois de tempo, passado a guerra alguns (poucos) receberam 22.500 mil braças quadradas de terra nas terras agrícolas ou até mesmo militares. O arquivo histórico do estado da Bahia possuía vários documentos que declarava diversas alforrias durante a guerra, ainda assim a ânsia de abandonarem o cativeiro, muitos preferiram trocar a enxada pelo fuzil, deixando assim o serviço de capataz para servir então o senhor oficial. 
A atitude para fugir do submundo da escravidão, existem três extratos de anúncios no Jornal do commercio em 1865, assim pode se perceber como a fuga era rotineira como mostra as publicações disseminadas em meados de 1865:
 	
 Fugio, no dia 30 de janeiro próximo passado, da fazenda Campo Alegrete, distrieto do Banauai, provínsia de São Paulo, o escravo pardo Benedieto, com os sienaes seguintes: estatura acima da regular, reforçado, pouca barba, cabello corrido e crespo nas pontas, sem dentes, idade 25 annos, fallador e gostando de usar lenço na cabeça e chapéo ao lado. Levou roupa fina, um ponche forrado de baeta azul e chapéo de panno preto. Suppõe-se ter ido para Mambucaba a aprensetar-se como voluntario para assentar praça. Quem o apprehender e levar a sua senhora D. Anna Pereira de Mello, na fazenda acima indicada, ou a Furquim & Irmão, no Rio de Janeiro, rua dos Benedietinos n.28, será bem gratificado.(Jornal do Commercio,1865)
Recommenda-se aos Srs. pedestres a captura de um escravo, que sahindo a passear no dia 9 de Janeiro próximo passado não voltou á casa de seu senhor o conego José Mendes de Paiva. Chama-se Manoel, pardo (claro), e estatura regular, ainda que bastante magro, rosto comprido, sem barba e queixo delgado, com 20 annos de idade. Foi encontrado na cidade trajando calça branca, paletó de alpaca preta, chapéo baixo de aba estreita cor de castenha, e relógio de prata dourada com corrente de prata; suppóe-se, porém, que elle tenha assentado praça, ou embarcado para o Rio-Grande em algum dos vapores que partirão no dia 10 do mesmo mez. Gratificasse- ha generosamente a quem o apprehender, levar rua do Rosário n.76, armazém de molhados”. (Jornal do commercio,1865).
Fugio o escravo Honorato, pardo, de 25 annos, presumiveis, estatura regular, cheio de corpo, bem fallante e andar ligeiro; levou vestido calça e paletó branco, e foi visto calçado no arsenal de Marinha no dia 10 do corrente, é official de marceneiro e lustrador; presume-se assentar praça em algum batalhão de voluntários e pode-se, portanto aos Ilm. Srs. comandantes dos mesmos não o aceitarem como tal. Quem o apprehender levar á rua do Rosário n.21 A, ou mesmo der noticias, será bem gratificado..(Jornal do commercio,1865).
CONCLUSÃO
Concluído o presente TCC, tendo por finalidade mostrar os vestígios de uma história que ficou para sempre marcado em nosso país, ao qual cuja a história memorialista fez questão de ignorar, os dados empíricos apontam que a realidade muda um pouco em relação com o que ocorreu, assim aqueles que podiam escrever a história do conflito eram militares e órgão do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
A nação Brasileira era a representante da idéia da Civilização do Novo Mundo, dando ênfase a esta mesma historiografia que definia que aqueles que ficarão excluídos do projeto seriam os negros e os índios por não portarem documentos.Assim o historiador Jorge Prata de Souza teve várias dificuldades em relação ao recrutamento, como por exemplo, deserções, autoridades se recusando a receber ordens, desentendimentos dos próprios recrutas e preocupação da força policial. Uma das formas de resistência ao recrutamento era a sabotagem que conforme Izecksohn partia de pessoas importantes na sociedade. 
Durante a pesquisa foi procurado tratar das fontes que nortearam o país, mostrando ações e acontecimentos da Guerra. Colocando empenho e dedicação para adquirir o devido conhecimento sobre o tema, para poder assim apresentar um TCC recheado de informações, usando não somente conhecimento e imaginação, mas sim, construir e reconstruir um sistema de pensamento para que fosse claro o que estava sendo passado.
Assim possa se dizer que a mobilização da sociedade acabou envolvendo brasileiros de todas as origens, motivados pelo sentimento de honra e pátria. Portanto no contexto do recrutamento, mobilizações como a de Zuavos possuíam resistências individuais e grupos marginalizados por posições partidárias. Obtendo diversos elementos políticos, econômicos, sociais e culturais que acabaram atuando sobre a sociedade.
A cidadania na época tinha como um grupo seleto, na qual os escravos não faziam parte pois não tinham poder nenhum sobre eles mesmos, por pertenceram ao Senhor. Os pobres, libertos ou negros livres não tinham o direito de votar por que desfrutavam de uma cidadania incompleta na qual a relação com o chefe político era decisivo.
A resistência contra o recrutamento ainda continuava nas revoltas, que acabou servindo para mostrar o quanto estavam insatisfeitos por terem suas vidas violadas. Este TCC teve por finalidade trazer os vestígios de um contexto que cuja sua historiografia faz questão de ignorar. Pode se dizer que a produção historiográfica brasileira faz questão de ignorar. Pode se dizer que a produção historiográfica brasileira seguia então os ditames de uma chamada homogeneização da visão do Brasil, que por sua vez encarregar-se-ão de um esclarecimento do restante da sociedade.
 
REFERENCIAS
SANDRONI, Cícero. 180 Anos do Jornal do Commercio – 1827-2007: de D. Pedro I a Luiz Inácio Lula da Silva. Rio de Janeiro: Editora Quorum, 2007, p.187-188.
FEBVRE, Lucien. “A História Historicizante”. In: Combates pela História. Vol. I. Lisboa: Editorial Presença, 1977, p.178. 
SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Mauad, 1999, p.109. 
LUCA, Tânia Regina de. “História dos, nos e por meio dos periódicos”. In: PINSKY, Carla Bassanezi. 
(Org.) Fontes Históricas. São Paulo: Editora Contexto, 2008, p.116. 
Ibidem, p.132. 
SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Mauad, 1999, p.189. 18 Ibidem, p.190. 
Ibidem, p.201. 
Ibidem, p.201-202.
CHIAVENATTO, Julio José. Voluntários da Pátria e outros mitos. São Paulo: Editora Global, 1983, p.27. 
CONRAD, Robert. Os últimos anos de escravatura no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasiliera, 1978, p.48. 
SALLES, Ricardo. Guerra, escravidão e cidadania na formação do Exército. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1999, p. 65. 
JORNAL DO COMMERCIO. Rio de Janeiro. Anno 43, n.218. Biblioteca Pública do Paraná. Divisão de Documentação Paranaense. Gaveta 39, Microfilme nº 38. 
Ibidem, p.31. 
Ibidem, p.32. 
Ibidem, p.39. 
Ibidem, p.73.

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