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ORIENTAÇÃO AO TCC (TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO) Luci Carlos de Andrade AULA - 3 Unidade 3. TCC: A PESQUISA MONOGRÁFICA Unidade 3 O TRABALHO MONOGRÁFICO 4 MONOGRAFIA: CONCEITOS 5 A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA: BASE DA MONOGRAFIA 8 ESCOLHA DO TEMA 10 Exercícios Propostos 17 Sumário 2 Nesta unidade, estudaremos os conceitos e as espe- cificidades de uma monografia. Os objetivos e fina- lidades dos TCCs, complementando com considera- ções sobre a pesquisa bibliográfica, base teórica de uma monografia. BOM ESTUDO! Caro(a) aluno(a), 3 3.01. O TRABALHO MONOGRÁFICO Iniciando nossa conversa e estudos, nesta unidade, jul- gamos interessante compreender primeiramente a ex- pressão Monografia. Situando-a historicamente. A pala- vra monografia surgiu no final do século XVIII através do autor Frederico Le Play. Etimologicamente mónos quer dizer um só e graphein, escrever (SALOMON, 2004, p. 254). Trata-se de um trabalho científico em que se apre- sentam os resultados da pesquisa desenvolvida. Um documento, cujo estudo minucioso discorre sobre um determinado assunto. Existem vários tipos de mono- grafias. São trabalhos acadêmicos em geral que englo- bam o Trabalho de Graduação Interdisciplinar - TGI e o TCC contendo então a “monografia”. Isto é, a descri- ção de um determinado assunto, que não exige um es- tudo completo e exaustivo, pois se trata de um requisito para complementação de cursos em graduação e pós- -graduação. Diferenciam-se quanto ao nível de inves- tigação do assunto proposto. No caso das dissertações científicas de mestrados e teses de doutorados, que são estudos mais aprofundados. (HABERMANN, 2009) O estudo ou pesquisa monográfica é exigida tanto no nível da graduação, como no da pós-graduação. “Re- 4 fere- se, geralmente, ao trabalho de término de curso ou de unidade de programa de uma disciplina, como atividade de desempenho escolar a ser avaliada”. (SA- LOMON, 2004, p. 261) MONOGRAFIA: CONCEITOS Na conceituação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os trabalhos acadêmicos ou similia- res são: documentos que representam o resultado de es- tudo, e que devem expressar, conhecimento do assunto escolhido: “deve ser obrigatoriamente emanado da dis- ciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador”. (NBR 14724,2005, p.3) A dissertação exigida em mestrados, para se obter o grau de mestre, é um outro exemplo de monografia. No entanto, é um documento que representa o resul- tado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, mais aprofundado, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. O referido estudo deve necessariamente evidenciar o conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistemação do aluno. É feito sob a co- 3.02. 5 ordenação de um orientador (doutor), e visa à obtenção do título de mestre. (NBR 14724,2005) Com base nestas considerações, compreende- se que: as monografias são estudos investigativos que cumprem importante papel didático-pedagógico. Pois, oferecem ao estudante universitário a oportunidade de descobrir, iniciar na produção da ciência e conhecer gradativamente os métodos para desenvolvê-la. Compreendemos, então, que não há diferença específica quanto ao termo monografia e TCC, e sim quanto ao estilo de pesquisa, profundidade, nível de in- vestigação e originalidade do tema abordado, os quais classificam o grupo dos trabalhos científicos desenvol- vidos. (SALOMON, 2004) A monografia é um trabalho, que reúne a síntese de leituras, observações, reflexões e críticas, desenvolvidas de forma metódica e sistemática. Os relatos são feitos por um pesquisador sobre um determinado escrito, re- sultado de suas investigações. O que se investiga em uma monografia, inicia-se com as inquietações acadêmicas. Como todo trabalho de investigação ou trabalho científico, a monografia inicia-se por uma dúvida ou problema. Ao buscar os meios para resolver essa proble- mática, o pesquisador levanta dados em fontes específi- cas do conhecimento. Ou seja, busca fontes teóricas que dizem respeito ao assunto em questão. A revisão crítica de todos os achados serão somados, ou não, a uma pes- quisa empírica (de campo). Da busca, da reflexão crítica 6 resulta a monografla, que deverá colher mais fatos que opiniões. Esta é uma caracterização de monografia: “Localizamos, na origem histórica da monografia, aquilo que até hoje caracteriza essencialmente esse tipo de trabalho científico: a especificação, ou seja, a redução da abordagem a um só assunto, a um só problema. Mantém-se o sentido etimológico: mónos (um só) e graphein (escrever): dissertação a respeito de um assunto único...” “É preciso atentar (...) para o uso escolar da palavra monografia. Embora, tenha de comum com o em- prego científico o caráter de tratamento de um tema bem delimitado, difere na qualidade da tarefa: o ní- vel de investigação que a precede. As “monografias” de término de seminários ou atividades semelhantes não merecem a rigor a classificação que se lhes atri- bui, pois não são, em geral, autênticos trabalhos de investigação científica, mas apenas de iniciação na investigação.” (SALOMON, 2004, p. 219) A estruturação ou a preparação sistematizada de um trabalho científico, no caso a monografia, pressu- põem as seguintes etapas: 1) determinação do tema- -problema do trabalho (dúvida, questão, problema); 2) levantamento da bibliografia referente a esse tema (fontes); 3) leitura e documentação (tratamento com a bibliografia); 4) reflexão crítica; 5) construção lógica do trabalho e 6) redação do texto (monografia). 7 O trabalho monográfico é muito comum nas uni- versidades, fazendo parte da rotina das referidas insti- tuições. É uma forma de associar concretamente o en- sino e a pesquisa. Muitos cursos exigem monografias como trabalhos de conclusão de curso. Martins (2002) complementa: “A monografia é um documento que descreve um estudo minucioso sobre um tema relativa- mente restrito. Frequentemente é solicitada como “Tra- balho de Formatura” ou “Trabalho de Final de Curso” (p. 19)”. As dissertações de mestrado e teses de douto- ramento também são trabalhos monográficos. 3.03. A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA: BASE DA MONOGRAFIA Ao caracterizar um trabalho monográfico fica evidente a estruturação sistematizada desse documento, tendo como base a pesquisa bibliográfica, como parte fundamental da monografia. Pois, o levantamento ou revisão bibliográfi- ca é parte fundamental e inicial em uma monografia. A pesquisa bibliográfica é sempre realizada para fundamentar teoricamente o objeto de estudo de uma monografia. Apresenta elementos que subsidiam a aná- lise dos dados e imprime o aspecto teórico, com base na comprensão crítica do pesquisador. (MINAYO, 2001) 8 Através do pensamento de Lakatos (2010), com- preendemos a pesquisa bibliográfica como aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. É uma pesquisa que busca os dados ou as categorias teóricas, já trabalhadas por ou- tros pesquisadores e devidamente registradas. Assim, as contribuições dos autores tornam-se fontes para novos temas a serem pesquisados. Ao considerar que a pesquisa bibliográfica é utili- zada basicamente em todos os trabalhos científicos, é importante evidenciar que essa pesquisa tem como fi- nalidade colocar o pesquisador em contato diretocom tudo que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista uma sustentação para a análise de sua investigação ou na manipulação das suas informações. Contribui com informações e pesquisas baseadas em acervos de diversos autores, que já estuda- ram sobre o tema em questão. Existem pesquisas produzidas somente a partir de fontes bibliográficas. Pois, é uma pesquisa que cobre uma imensa gama de fenômenos, oferecendo grande vantagem ao pesquisador. Isso é fundamental no caso de uma grande demanda de dados ou da complexidade do tema, para solucionar o seu problema de pesquisa. Para Severino (2007) e Lakatos (2010) existem na pesquisa bibliográfica oito fases distintas: 9 a) escolha do tema; b) elaboração do plano de trabalho; c) identificação; d) localização; e) compilação; f) fichamento; g) análise e interpretação; h) redação. ESCOLHA DO TEMA O tema é o assunto que se deseja provar ou desenvol- ver. É uma dificuldade ou problema que se deseja solu- cionar. Escolher um tema significa levar em considera- ção fatores internos e externos. Os internos consistem em: a) selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as aptidões e as tendências de quem se propõe a elabo- rar um trabalho científico; b) optar por um assunto compatível com as qualifica- ções pessoais; c) encontrar um objeto que mereça ser investigado cien- tificamente e tenha condições de ser formulado e deli- mitado em função da pesquisa. 3.04. 10 Os externos requerem: a) a disponibilidade do tempo para realizar uma pesqui- sa completa e aprofundada; b) a existência de obras pertinentes ao assunto em nú- mero suficiente para o estudo global do tema; c) a possibilidade de consultar especialistas da área, para uma orientação, tanto na escolha, quanto na análise e interpretação da documentação específica. (LAKA- TOS, 2010, p. 26-27) Pode-se ter como fontes para a escolha do assunto, a própria experiência pessoal ou profissional, de estudos e leituras, da observação. O passo seguinte a escolha do assunto é sua delimitação. Nesse sentido, é interessante pensar que o sujeito é a realidade, a respeito da qual se deseja saber alguma coisa. É o universo de referência. Que pode ser constituída de objetos, fatos, fenômenos ou pessoas. O objeto de um assunto é o tema propria- mente dito, está relacionado àquilo que se deseja saber ou realizar a respeito do sujeito. 3.04.1. ELABORAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO É interessante elaborar o Plano de Trabalho antes do fichamento. Na elaboração do plano, deve-se observar a estrutura de todo o trabalho científico: introdução, de- 11 senvolvimento e conclusão. a) Introdução. Formulação clara e simples do tema, sua delimitação, importância, caráter, justificativa, metodo- logia empregada e apresentação sintética da questão. b) Desenvolvimento. Fundamentação lógica do trabalho, cuja finalidade é expor e demonstrar suas principais ideias. c) Conclusão. Consiste no resumo completo, mas sinteti- zado, da argumentação desenvolvida na parte anterior. Devem constar da conclusão a relação existente en- tre as diferentes partes da argumentação e a união das ideias e, ainda, a síntese de toda a reflexão. (LAKATOS, 2010, p. 28) 3.04.2. IDENTIFICAÇÃO É a identificação das obras ou a fase de reconhecimento do assunto pertinente ao tema em estudo. Deve-se par- tir, inicialmente, pela procura de catálogos onde se en- contram as relações das obras. Essas obras podem ser publicados pelas editoras, com a indicação dos livros e revistas editados, ou pertencer a bibliotecas públicas, com a listagem por título dos trabalhos. Existem, ainda, os catálogos específicos de alguns periódicos, com o rol dos artigos publicados anteriormente. 12 Em seguida, seria o levantamento, pelo Sumário ou Índice, dos assuntos nele abordados. Outra fonte de informações refere-se aos resumos das obras que ofere- cem elementos para identificar o trabalho. 3.04.3. LOCALIZAÇÃO Após o levantamento bibliográfico, com a identificação das obras que interessam, é preciso partir para a locali- zação das fichas bibliográficas nos arquivos das bibliote- cas públicas, nos de faculdades oficiais ou particulares e outras instituições. É um trabalho que demanda tempo, mas que posteriormente facilita a busca do pesquisador. 3.04.4. COMPILAÇÃO É o apanhado geral de todo o material selecionado, ou a reunião sistemática do material contido em livros, revis- tas, publicações avulsas ou trabalhos mimeografados. Esse material pode ser obtido por meio de fotocópias, xerox ou vídeos, microfilmes etc. 13 3.04.5. FICHAMENTO São as anotações e registros em forma de resumos das leituras realizadas com base no material selecionado. O pesquisador após minuciosa leitura transcrever resumi- damente o pensamento dos autores lidos. De posse das fontes de referência, o pesquisador deve transcrever os dados em fichas ou não, com o máximo de exatidão e cuidado. Pode-se utilizar fichas que levam o indivíduo a pôr em ordem no seu material. Possibilita, ainda, uma seleção constante da documentação e de seu ordenamento. 3.04.6. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO Essa fase é importante, pois o pesquisador terá condi- ções de verificar criticamente o material coletado para utilizá-lo ou não na elaboração do seu trabalho. A pri- meira fase da análise e da interpretação é a crítica do material bibliográfico, sendo considerado um juízo de valor sobre determinado material científico. De acordo com Salomon (2004, p. 115), é preciso analisar: 14 a) crítica do texto: averiguar se o texto sofreu ou não alte- rações, interpolações e falsificações ao longo do tempo. Investigar, principalmente, se o texto é autógrafo (escri- to pela mão do autor) ou não; em caso negativo, se foi ou não revisto pelo autor; se foi publicado pelo autor ou outra pessoa o fez; que modificações ocorreram de edição para edição; b) crítica da autenticidade: determina o autor, o tempo, o lugar e as circunstâncias da composição; c) crítica da proveniência: investiga a proveniência do tex- to. Varia conforme a ciência que a utiliza. Em História, tem particular importância o estudo de onde provie- ram os documentos; em Filosofia, interessa muito mais discernir até que ponto uma obra foi mais ou menos decalcada sobre outra. 3.04.7. REDAÇÃO A redação da pesquisa bibliográfica varia de acordo com o tipo de trabalho científico que se deseja apresen- tar. Pode ser uma monografia, uma dissertação ou uma tese. No caso da monografia, é interessante que o autor tenha certo conhecimento sobre o que irá escrever e uma leitura apurada do material a ser pesquisado. A redação, na monografia exige cuidados necessários a todo trabalho científico: 15 a) Clareza - não deixa margem a interpretações diversas; não utiliza linguagem rebuscada, ter- mos desnecessários ou ambíguos; evita falta de ordem na apresentação das ideias; b) Precisão - cada palavra traduz exatamente o que o autor transmite; c) Comunicabilidade - abordagem direta e simples dos assuntos; lógica e continuidade no desenvol- vimento das ideias; uso criterioso da pontuação; d) Consistência - de expressão gramatical; de ca- tegoria, equilíbrio existente nas seções de um capítulo ou subseções de uma seção; de sequên- cia, ordem na apresentação de capítulos, seções e subseções do trabalho. (SALOMON, 2004 E MARTINS, 2002) No texto devem constar citações e suas respec- tivas referências bibliográficas, indicando as leituras existentes e devidamente fundamentadas em um texto apresentável. A coerência e articulação entre as partes são fundamentais, a introdução, o desenvolvimento e a conclusãodevem estar correlacionadas para melhor compreensão do trabalho como um todo. 16 Exercícios Propostos 1. Na sua compreensão, o que é um estudo monográfico? 2. Para Severino (2007) e Lakatos (2010) existem na pesquisa bibliográfica, oito fases distintas. Aponte-as e comente cada uma delas. 3. Esclareça a função da pesquisa bibliográfica em um trabalho científico. 4. De acordo com Salomon (2004), é preciso ter cuida- do ao elaborar a redação em um trabalho monográfico. Aponte-os. 5. Esclareça aspectos importantes a serem considerados na escolha do tema de uma monografia. 17 18
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