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Casos práticos
O inciso XLI do artigo 5º da Constituição Federal dispõe: 
“A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.”
A Declaração Universal dos Direitos Humanos dispõe:
Art.1º. “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir um para com os outros em espírito de fraternidade.”
Art.2º. “Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política, ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.
Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.”
Art.3º. “Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança nacional.”
Art.4º. “Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.”
Art. 5º. “Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis,desumanos ou degradantes.”
Com fundamento nos artigos supra citados, passemos a discorrer sobre o tráfico de pessoas.
O tráfico de pessoas é uma das atividades ilegais que mais cresceu no século XXI. Em busca de melhores condições de vida, muitas pessoas são iludidas por criminosos que prometem empregos bem remunerados.
De acordo com a ONU, no Protocolo Palermo (2003),  o tráfico de pessoas é definido como:
 “O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo-se à ameaça ou ao uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração”. 
Ocorre tráfico de pessoas quando a vítima é retirada de seu ambiente, de sua cidade e muitas vezes de seu país, ficando com a sua mobilidade reduzida, sem liberdade de sair da situação de exploração sexual ou laboral ou de confinamento para remoção de órgãos e tecidos.
Essa mobilidade reduzida é devido à ameaças à pessoa, sua família ou retenção de seus documentos, entre outras formas de violência que mantém a vítima junto ao criminoso. 
Os criminosos são mulheres ou homens, que muitas vezes fazem parte do círculo de amizade da vítima ou de membros familiares. São pessoas com que a vítima tenha uma proximidade, formando laços afetivos. Normalmente, são sedutores, possuem um nível de escolaridade bom e têm um grande poder de convencimento. Muitas vezes os criminosos são empresários que trabalham ou dizem que trabalham em casas de show, bares, agências de encontros ou de futebol, matrimônios e modelos. As propostas oferecidas à vítima geram uma perspectiva de futuro, de qualidade de vida e, até mesmo, de realização de um sonho.
O tráfico de pessoas se divide nessas categorias:
- tráfico sexual: a vítima é utilizada para satisfazer prazeres sexuais, exploração sexual. É um dos maiores tráficos que se ocorrem, sendo mulheres ou crianças os grupos mais privilegiados e vulneráveis, representam 80% do tráfico de pessoas no mundo. onde a vítima é utilizada para satisfazer prazeres sexuais, exploração sexual;
- trabalho escravo: determina-se uma situação de trabalho forçado nos casos que há ausência de consentimento para a realização deste trabalho;
- tráfico de órgãos: retirada de órgãos de pessoas enganadas, mortas ou porque se venderam;
- tráfico para adoção de crianças: compra e venda de crianças com a finalidade de adoção ilegal;
- tráfico de esposas: difere do tráfico sexual, pois neste caso não há intenção sexual e sim de um casamento forçado.
A vítima do tráfico sofre diversas e graves consequências, entre elas:
- traumas físicos, sexuais e psicológicos;
- risco de saúde, como infecções sexualmente transmissíveis, doenças como inflamatórias pélvicas, hepatite, turbeculose, entre outras;
- gravidez indesejadas, sendo muitas vezes realizados abortos (forçados ou não), considerando o risco a complicações;
- problemas mentais e emocionais que podem gerar pesadelos, insônias, tendências suicidas, depressão;
- dificuldades de reintegração;
- entre outros.
De acordo com um relatório publicado em 2005, realizado pela Organização Internacional do Trabalho, cerca de 2,5 milhões de pessoas são traficadas em todo o mundo, sendo 43% para exploração sexual, 32% para exploração econômica e 25% para os dois ao mesmo tempo. E segundo a ONU, o tráfico de pessoas movimenta 32 bilhões de dólares em todo o mundo.
Tráfico de pessoas no Brasil:
De acordo com o relatório realizado pela Secretaria Nacional de Justiça, do Ministério da Justiça em parceira com as Nações Unidas sobre Drogas e Crime, a Polícia Federal registrou 157 inquéritos por tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual entre os anos de 2005 e 2011, e o Poder Judiciário, de acordo co o Conselho Nacional de Justiça, teve 91 processos distribuídos.
Foram instaurados 514 inquéritos pela a Polícia Federal, entres esses mesmos anos, sendo 13 de tráfico interno e 344 de trabalho escravo.
A Polícia Federal, no período entre 2005 e 2011, indiciou 381 suspeitos por tráfico internacional de pessoas para exploração sexual. Dentre esses suspeitos, 158 foram presos. Ou seja, menos da metade foi punido. 
No tráfico interno de pessoas para exploração sexual foram 31 indiciados pela Polícia Federal, e foram efetuadas 117 prisões, entre 2005 e 2010.
Entre os anos de 2006 e 2011, conforme o relatório do Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça da Polícia Militar, houve 1.735 vítimas de tráfico interno de pessoas para fins de exploração sexual.
Ou seja, todos estes dados mostram que a maior causa de tráfico de pessoas é para fins sexuais, tendo a maior incidência de tráfico internacional de brasileiros e brasileiras. Entre os anos de 2005 e 2011 o Ministério das Relações Exteriores identificou 475 vítimas em seus consulados e embaixadas, sendo 337 de exploração sexual e 135 de trabalho escravo.
Os países onde foram encontrados o maior número de brasileiros ou brasileiras vítimas de tráfico de pessoas foram: Suriname (133 vítimas), Suíça (127 vítimas), Espanha (104 vítimas) e Holanda (71 vítimas).
	Dados do Ministério da Saúde mostram que a maioria das vítimas são mulheres na faixa etária entre 10 e 29 anos, sendo 25% de maior incidência na faixa etária entre 10 e 19 anos, com baixa escolaridade e solteiras.
Apenas para exemplificar, pode-se citar o caso da brasileira Ana Lúcia Furtado: 
Ana Lúcia Furtado tinha 24 anos, era empregada doméstica e sustentava três filhos com a ajuda de sua mãe. Quando, em uma de suas saídas com sua prima Kelly, conheceu Rosana, que ofereceu a proposta para trabalhar como garçonete em Israel. 
Rosana apresentou a ilusão de trabalhar em Israel como garçonete, dizendo que chegou a ganhar US$ 1,5 mil por mês. Aproveitando-se da ingenuidade de Ana Lúcia e de sua prima,Kelly, Rosana conseguiu enganar as duas com o seu “trabalho” em Tel Aviv e entrou em contato com uma mulher em Israel, Célia, para arrumar as passagens.
Rosana começou a freqüentar a casa das vítimas, sendo assim mais fácil para iludir-las. Dizia que havia comprado uma casa, um carro e que tinha uma vida muito melhor, tudo que as vítimas precisavam. 
Quando as vítimas chegaram em Israel, Tel Aviv, foram levadas a uma boate, Playboy. Na sala havia outras meninas brasileiras que estavam apenas com as roupas íntimas. Diante disso, Ana Lúcia e Kelly entenderam a situação. Com medo Ana Lúcia seguiu as instruções de Célia e foi para o quarto se trocar, pois começaria a trabalhar naquele dia. 
As vítimas sofriam ameaçase se viam forçadas a continuar a trabalhar como prostitutas. 
Ana Lúcia e Kelly tentaram fugir, porém os criminosos as encontraram e mataram Kelly. Ana Lúcia conseguiu um celular e, depois de um tempo, ligou para a família de Kelly e contou o acontecido. A família de Kelly recebeu a indicação de uma advogada, Cristina Leonardo, que conseguiu salvar as vítimas da exploração sexual.

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