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Aula 9 texto II O Segundo Governo de FHC e a Transição Política de 2002

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1 
O Segundo Governo de FHC e a Transição Política de 2002 
 
A conjuntura externa estava ruim no período de 1999-2002 onde o país 
enfrentou: 
 
“(...) a maior crise econômica da Argentina em quase 100 
anos; a contração da maioria dos mercados consumidores da 
América Latina; os efeitos dos atentados contra as Torres 
Gêmeas de Nova York; a desvalorização do euro; uma séria 
contração de crédito nos mercados internacionais; e uma 
queda acumulada de 17% do preço médio das exportações 
brasileiras entre 1998 e 2002. Tudo isso levou a uma 
necessidade maior de desvalorização cambial, com efeitos 
negativos sobre a dinâmica dos preços e dos juros, que 
foram pressionados pela necessidade de evitar uma maior 
inflação, causada pela taxa de câmbio.” 
Giambiagi, Fábio; in: Hermann e Lavínia 
 
 
Com a pressão sobre o câmbio, dado por essas órbitas, em termos de 
resultado para o saldo da balança comercial, isso seria positivo, pois conforme a 
tabela I, verifica-se que de um saldo negativo de US$ 697 milhões em 2000, este 
resultado fica positivo em 2001 de US$ 2.642 milhões e em 2002 passa para US$ 
13.093 milhões, gerando, assim, um ajustamento das contas externas. 
 
Tabela 1 – Balança Comercial Brasileira 
 
- ANO DE 2002 - 
SALDO 171 261 596 480 416 679 1.194 1.575 2.480 2.204 1.264 1.773 13.093 
EXP. 3.972 3.658 4.261 4.641 4.441 4.079 6.223 5.751 6.492 6.474 5.127 5.022 60.141 
IMP. 3.801 3.397 3.665 4.161 4.025 3.400 5.029 4.176 4.012 4.270 3.863 3.249 47.048 
- ANO DE 2001 - 
SALDO - 478 78 - 281 120 207 276 108 623 595 250 287 857 2.642 
EXP. 4.538 4.083 5.167 4.730 5.367 5.042 4.965 5.727 4.755 5.003 4.500 4.346 58.223 
IMP. 5.016 4.005 5.448 4.610 5.160 4.766 4.857 5.104 4.160 4.753 4.213 3.489 55.581 
- ANO DE 2000 - 
SALDO - 116 76 21 186 363 256 116 96 - 322 - 527 - 633 - 213 - 697 
EXP. 3.453 4.123 4.472 4.181 5.063 4.861 5.003 5.519 4.724 4.638 4.390 4.659 55.086 
IMP. 3.569 4.047 4.451 3.995 4.700 4.605 4.887 5.423 5.046 5.165 5.023 4.872 55.783 
 
Fonte: Base de dados do Portal Brasil®, Banco Central do Brasil, Ministério do Desenvolvimento, 
Siscomex e Fundação Getúlio Vargas. Apud: 
http://www.portalbrasil.net/economia_balançacomercial.htm. 
 
 
Por outro lado, para a economia brasileira os efeitos do câmbio geravam 
efeitos internos problemáticos, porque, como é demonstrado na tabela II, fizeram 
com que houvesse uma queda do consumo das famílias (devido à própria queda de 
 
 
2 
rendimento dos salários, por causa da política de controle da inflação) e do governo 
(devido à própria política de ajuste fiscal, mencionada anteriormente), uma 
diminuição do investimento agregado (retratado na forma de formação bruta de 
capital fixo – FBCF) e uma desaceleração da taxa de crescimento do PIB, apesar do 
aumento das exportações e da queda significativa das importações, quando 
comparamos os dois períodos dos dois governos de FHC. 
 
Tabela II: Crescimento do PIB – 1995-2002 
(médias anuais por período - %) 
Variável 1995-98 1999-2002 
Consumo famílias 1,8 1,5 
Consumo governo 3,6 0,9 
FBCF 4,3 -1,6 
Exportações 3,3 9,7 
Importações 12,8 -4,4 
PIB 2,6 2,1 
Fonte: IBGE. Apud: Hemann e Lavínia 
 
Com o ambiente de crises que a economia passava, e ainda com uma crise 
de energia em 2001 no país, com uma pressão no câmbio e um crescente aumento 
da dívida pública total, o risco-país( )1 aumentou, refletindo uma menor 
disponibilidade de entrada de capitais externos, afetando os juros domésticos. 
 
O governo brasileiro negociou um acordo com o Fundo Monetário 
Internacional (FMI) que lhe permitiu enfrentar esse quadro externo e interno. 
Concomitantemente a isso, foram feitas reformas e adaptações econômicas no 
governo FHC para manter a estabilidade econômica: 
 privatizações; 
 fim de monopólios estatais; 
 mudança de tratamento do capital estrangeiro; 
 criação do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao 
Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER) para 
revitalizar o sistema financeiro; 
 renegociação das dívidas estaduais; 
 criação de uma série de agências reguladoras de serviços de utilidade 
pública. 
 
 
 
1 Explicação sobre o que é risco país: http://www.portalbrasil.net/economia_riscopais.htm 
 
 
 
3 
O que interessava era obter a estabilidade da economia com o controle das 
taxas de inflação. Isso realmente foi conseguido, pois a taxa de inflação, medida 
pelo IPCA de dezembro a dezembro, foi em médias anuais no período de 1995-
1998 de 9,4%a.a. e no período de 1999-2002 de 8,8%a.a., garantindo, assim, a 
estabilização da economia no período FHC. 
 
No ano de 2002, o país viveria uma nova fase, a de transição política. Neste 
ano, diante da ameaça da ruptura com um padrão monetário ainda novo, o câmbio 
flutuante entrou em ação, fazendo o dólar chegar à casa dos R$ 4,00. Os 
investidores achavam que poderia haver calote, pois com a dívida interna 
representando 80% da dívida pública total, e os 20% de dívida externa tendo como 
credores organismos internacionais e títulos de longo prazo detidos por investidores 
privados, a moratória para esses investidores parecia inevitável. Mediante esse 
cenário de temor, o candidato Luis Inácio Lula da Silva resolveu se pronunciar por 
meio da Carta aos Brasileiros. Nesta, Lula faz um pacto com os agentes econômicos 
de que nenhum contrato seria quebrado e o pagamento da dívida externa e interna 
seria mantido conforme planejado pelo governo de FHC. Lula, então, tentava gerar 
uma alteração do temor que os investidores tinham se ele ganhasse as eleições 
presidenciais. Ao chegar ao poder, Lula iria cumprir o que prometera na Carta aos 
Brasileiros e o seu governo assumiria a bandeira da estabilidade econômica.

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