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ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 2019 Prof.a Josélia E. Teixeira Prof.a Pollyanna Rodrigues Gondin GABARITO DAS AUTOATIVIDADES 2 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA UNIDADE 1 TÓPICO 1 1 O que é o Processo de Substituição de Importação (PSI)? Sobre qual governo o PSI foi implementado? R.: O PSI foi o processo adotado durante o Governo Vargas, com a finalidade de promover a industrialização do Brasil e torná-lo menos dependente das importações. 2 Quais foram os períodos em que Getúlio Vargas governou o Brasil? R.: Vargas governou o país por dois períodos. Primeiro, de 1930 a 1945. Depois, governou de 1951 a 1954, ano este que finda sua trajetória política e marca seu suicídio. 3 Como era feito o financiamento do governo Vargas para o Processo de Substituição de Importações? R.: O financiamento do governo dava-se mediante a captação de tributos, poupanças compulsórias e ganhos no mercado de câmbio. 4 Qual era o principal objetivo do Plano de Metas, implementado no Governo de JK? R.: Estabelecer as bases de uma economia industrial madura no país, especialmente aprofundando o setor produtor de bens de consumo duráveis. 5 O Plano de Metas era composto por quantas metas? E qual a finalidade dessas? R.: O Plano de Metas tinha 31 metas que abrangiam o setor de energia, de transporte, de alimentação, de educação, as indústrias de base, e uma meta síntese. Além disso, é importante ressaltar que essas metas desejavam atacar os pontos de estrangulamento e impedir o surgimento de novos, e gerar novos investimentos em setores considerados como pontos de germinação. 3 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA TÓPICO 2 1 Explique o cenário da crise de 1960 e indique como o PAEG conseguiu ter sucesso em estabilizar a economia brasileira. R.: A década de 1960 foi marcada por uma crise econômica no Brasil, com alta de preços e estagnação econômica. Os governos que assumiram não conseguiram resolver os problemas, culminando no golpe militar de 1964. O PAEG teve sucesso em estabilizar a economia, por promover medidas como a correção monetária e as reformas tributária, monetária- financeira e da política externa, que prepararam o terreno para o crescimento acelerado na economia vivenciado nos anos seguintes. As reformas conseguiram expandir a base de financiamento e de receitas do governo e das empresas e melhoraram o posicionamento brasileiro no comércio exterior, embora tenham aumentado a desigualdade social e a dependência externa brasileira. 2 Explique o que foi o período denominado Milagre Econômico e aponte os principais fatores que contribuíram para a caracterização desse período. R.: A economia brasileira estimulada pelo PED iniciou em 1968, um período de crescimento com a diminuição dos índices de inflação e com o equilíbrio do balanço de pagamentos que passou a apresentar superávits. A fase, denominada “Milagre Econômico”, pode ser atribuída a dois grupos de fatores: primeiro, as condições econômicas e políticas propícias e, em segundo, a capacidade governamental de aproveitar as boas condições econômicas que se apresentaram naquele cenário. 3 Quais foram as principais causas que desencadearam o crescimento acelerado no período de 1968-73? R.: As principais causas do crescimento acelerado da economia brasileira no período de 1968 a 1973 se encontram nas medidas adotadas no período anterior, pois as políticas salarial e fiscal do PAEG permaneceram com poucas alterações, tais como as destacadas por Souza (2008): ● investimento público; ● o fortalecimento das empresas estatais; ● o processo de substituição de importações; ● as medidas protecionistas; ● os mecanismos oficiais de financiamento de empresas nacionais; ● a legislação de proteção ao trabalho; e ● o desenvolvimento do mercado de trabalho interno etc. 4 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 4 Discorra sobre a frase: “Devemos deixar o bolo crescer para depois repartir” (Antônio Delfim Netto). Você concorda com o ex-ministro, que é preciso elevar as taxas de crescimento sem adotar medidas paralelas de distribuição de renda? R.: O ministro Delfim Netto referia-se ao crescimento do Produto Interno Bruto do país (PIB). Ele entendia que o crescimento econômico traria desenvolvimento e, por consequência, todos seriam beneficiados. Entretanto, medidas mais eficazes para distribuir renda não foram aplicadas, o que enfraqueceu o mercado interno. O que se percebe é que a concentração de renda aumentou e nunca foi distribuída de forma justa a renda nacional. 5 Por que o país aumenta seu endividamento externo? Podemos afirmar que o país aumentou sua dependência externa? Justifique sua resposta. R.: O endividamento financiou o déficit em conta corrente, possibilitando o acúmulo de reservas internacionais pelo BACEN. Dessa forma, o governo se autofinanciou no exterior para manter o ritmo de crescimento interno e saldava os encargos com o exterior com os empréstimos internacionais. No entanto, o país aumentou sua dependência externa dos credores internacionais, pois o país precisa aumentar suas exportações para aumentar suas reservas internacionais e manter os pagamentos em dólares e fomentar a renda interna. Além disso, aumentava o consumo de petróleo, que também era importado. TÓPICO 3 1 Quais foram as consequências da dependência externa brasileira no início da década de 70? R.: Com o aumento das importações de bens duráveis e petróleo, a dívida externa aumentou e, além disso, a economia brasileira tornou-se mais suscetível aos movimentos financeiros da economia mundial. Assim, o Brasil deveria apresentar superávits crescentes na sua balança comercial para poder honrar com os serviços da dívida, e o governo deveria controlar os déficits em conta corrente. 5 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 2 Por que o governo do general Geisel continuou o endividamento externo do Brasil? R.: Porque o governo preferiu não adotar medidas restritivas e mergulhar a economia em uma recessão. 3 Quais foram os principais setores que o II PDN priorizava os investimentos públicos? R.: Os principais setores incluíam: petróleo, energia elétrica, produção de insumos industriais, infraestrutura, mecânica pesada e a criação do programa Proálcool. 4 Explique como o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos deflagrou a crise nos países do Terceiro Mundo. R.: Com o excesso de petrodólares, os empréstimos eram contratados às taxas de juros flutuantes, e os financiamentos a médio e longo prazos renegociados diante das taxas dos contratos. Como havia liquidez, não era problemático para os países devedores. Entretanto, após 1979, como vimos, os Estados Unidos aumentaram sua taxa de juros, diminuindo a liquidez no mercado internacional, e provaram a alta de juros no mercado internacional. Os países devedores do Terceiro Mundo começaram a ter problemas de saldar seus compromissos da dívida. O problema foi intensificado em 1982, quando o México declarou incapacidade de pagar suas obrigações, detonando a crise da dívida. 5 Por que a década de 80 foi chamada de “década perdida”? R.: A década de 80 é caracterizada por altas taxas de inflação, arrocho salarial e estagnação. A dívida externa disparou, as taxas de juros altas, desemprego, desestímulo às atividades produtivas. Além do Brasil, outras economias do Terceiro Mundo estavam endividadas e dependendo do FMI. 6 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA UNIDADE 2 TÓPICO 1 1 O que significa inflação inercial? R.: As elevações de preços passadas, transferidas para o futuro, causam a denominada inflação inercial. 2 Quais foram as principais medidas do Plano Cruzado? R.: O Plano Cruzado também propiciou ganhos para os trabalhadores, além da contenção da inflação por meio do congelamento de preços. O plano extinguiua correção monetária. Além disso, foi feita a substituição da moeda Cruzeiro pelo Cruzado. 3 Por que o Plano Cruzado teve um apelo à participação popular? R.: O congelamento de preços também passou a ser umas medidas fundamentais do plano e contava com a participação popular para denunciar aumentos de preços, chamados de “fiscais do Sarney”. 4 Quais foram os motivos que o Plano Cruzado fracassou? R.: Embora o Plano Cruzado tenha se apresentado exitoso em 1986 no combate à inflação e agradando a população, notou-se que o mesmo não teve como sustentar-se no ano seguinte, sendo necessário buscar outro plano para a economia brasileira. As reservas começaram a cair, o congelamento dos preços também começou a se demonstrar ineficaz e para piorar o cenário o presidente declarou a moratória da dívida pública externa. 5 Por que o Plano Cruzado II foi implementado e quais foram as principais medidas? R.: Diante das falhas apresentadas pelo Plano Cruzado, a equipe econômica precisava se encarregar de novas medidas para conter a inflação e saldar o problema do déficit público que se agravava diante da dívida externa. O Plano Cruzado II tinha como alvo controlar o déficit público, aumentando as tarifas públicas e os impostos indiretos. O Plano 7 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Cruzado II marcou o encerramento de um plano de combate à inflação com participação popular, crescimento econômico e distribuição de renda. A partir de novembro, o antiCruzado adotou o pedido do Banco Central de aumentar a taxa de juros. 6 Elenque as principais medidas propostas pelo Plano Bresser. R.: Esse conjunto de medidas foi chamado de política feijão com arroz, sendo as principais: a) Congelamento de preços por três meses, com aumento prévio de vários preços públicos. b) Desvalorização cambial de 9,5% e sem congelamento do câmbio. c) Fim do gatilho e congelamento de salários por três meses (no nível de 12 de junho), com o resíduo inflacionário sendo pago em seis parcelas a partir de setembro. d) Criação da URP (Unidade de Referências de Preços), constituída pela média geométrica da taxa de inflação dos três meses anteriores. Era preciso corrigir os salários a partir de setembro. e) Aluguéis congelados no nível de junho, sem compensação. f) Contratação fixada e mantida para os fixados (desvalorização de 15% ao mês). g) Políticas, monetária e fiscal, contracionistas, com taxas reais de juros positivas. 7 Apresente um resumo dos principais indicadores econômicos da década de 80 e justifique se você concorda que a década foi uma década perdida. R.: Esta é uma pergunta com várias opções de abordagem, mas conforme foi visto, foi chamada de década perdida devido à instabilidade macroeconômica que se instaurou durante toda a década. De acordo com os indicadores apresentados, o crescimento do PIB atingiu taxas negativas, sendo que em 1988 chegou à recessão de -4,3%. Embora a taxa de desemprego apresentasse queda e níveis muito baixos, o número de postos de trabalho criados não eram suficientes para atender a toda a poupulação ativa, e muitos partiram para a informalidade. A inflação chegou, em 1989, a 1782%. A maioria da população não tinha como proteger-se do poder corrosivo do poder aquisitivo da hiperinflação, aumentando as desigualdes sociais no Brasil. A concentração de renda aumentou na mão dos mais ricos. O pedido de moratória da dívida externa fez que o país perdesse a credibilidade e as reservas internacionais diminuíram e a entrada de capitais também. Além disso, houve aumento das remessas das multinacionais que não investiam seus lucros na capacidade produtiva das suas empresas instaladas no Brasil. 8 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA TÓPICO 2 1 Quais foram os principais fatores que contribuíram para a adoção da abertura comercial do Brasil no início dos anos 90? R.: O Brasil estava endividado e, para não desagradar os credores internacionais, como o FMI e o Banco Mundial, adotou as medidas liberalizantes, sugeridas no Consenso de Washington, como abertura comercial, redução de imposição de quotas e tarifas e adoção de medidas de desregulamentação de mercado. 2 Quais foram as principais medidas adotadas no Plano Collor I? R.: O plano prezava o confisco dos depósitos à vista e aplicações com fixação da correção dos preços e salários, câmbio flutuante, tributação ampliada sobre aplicações financeiras e a chamada “reforma administrativa”. O plano fundamentava-se em elementos ortodoxos e heterodoxos, especialmente em ajustes fiscal e monetário. A abertura econômica seria fundamental para o sucesso do plano de estabilização. A liberalização das importações pressionaria os produtores a reduzirem e a não reajustarem os preços de suas mercadorias diante da concorrência internacional. 3 O que levou o Plano Collor I a não ter conseguido conter o crescimento da taxa inflação? R.: O Plano Collor I conseguiu alguns resultados, como diminuir a dívida interna, por meio dos gastos públicos, e elevação da arrecadação do fisco. No período foi atingido um superávit operacional de 1,2% do PIB em 1990, por meio do superávit primário que foi de 4,5% do PIB. A inflação nos primeiros meses apresentou redução de 80% ao mês e nos meses seguintes entre 10%. Entretanto a inflação voltou a elevar-se e, ao final de 1990, estava acumulando 1476,6% pelo IGP. Notou-se que a cultura inflacionária não havia sido debelada, além disso os cartéis pressionavam o aumento dos preços alegando o repasse de seus custos de produção. Os preços públicos foram congelados, mas depois foram corrigidos. Outro fator foi a adequação dos preços relativos em desníveis de acordo com a estrutura interna. Os conflitos distributivos internos entre os diferentes interesses econômicos também ficaram evidentes e agudos no período. Externamente, o confronto do Golfo Pérsico também influenciou a alta de determinados preços. 9 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 4 Quais as principais medidas adotadas pelo Plano Collor II? R.: Lançou-se um congelamento de preços e salários, além do deflacionamento de dívidas e o ajuste fiscal. 5 Quais foram as medidas de política exterior praticadas no governo Collor? R.: As reformas no governo Collor também atingiram a política exterior. Paralelamente à implementação do câmbio livre, ocorreu o estímulo da liberalização das importações, as listas de produtos com emissão de guias de importação foram extirpadas e também os regimes especiais de importação, com exceção da Zona Franca de Manaus, drawback e bens de informática. Além disso, foi anunciada uma reforma tarifária para reduzir as alíquotas de importação. Vários produtos teriam reduções de tarifas graduais nos próximos quatro anos. O objetivo era preparar os produtores para uma economia mais aberta e com concorrência internacional. 6 Por que a privatização não obteve os resultados esperados para contribuir efetivamente com o pagamento da dívida externa? R.: Os resultados das privatizações não atenderam às expectativas iniciais proclamadas por Collor. Havia também a dificuldade de fazer a avaliação adequada devido à própria inflação, e algumas dessas empresas também enfrentavam dificuldades financeiras pelo forma da sua gestão. 7 O que diferiu o Plano Real dos outros planos econômicos? R.: À medida que os gastos governamentais fossem condizentes com a arrecadação, não seria emitida moeda ou títulos, pois a confiança na moeda pela população voltaria. A proposta precisava não somente ser apoiada pelos políticos que deveriam mudar a Constituição, mas precisava de apoio e adesão popular para a restauração da confiança na moeda. Não ocorreram congelamentos de preços e salários e substituiçãoimediata da moeda. A adesão da nova moeda foi gradual à medida que a sociedade e os agentes econômicos foram restituindo a confiança na capacidade da moeda, apesar de que a ancoragem cambial não era algo novo no mundo. 10 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA TÓPICO 3 1 O Plano Real, assim como o Plano Cruzado, partiu do diagnóstico de que a inflação brasileira possuía forte componente inercial. Comente o que seria inflação inercial. R.: Inflação inercial refere-se à memória inflacionária. A inflação presente, é a inflação passada mais a expectativa de inflação futura. Assim, significa dizer que a inflação passada altera a inflação presente, pois há uma memória. 2 Quais foram as três fases do Plano Real para atacar o processo inflacionário? Comente. R.: A primeira fase diz respeito ao ajuste fiscal, realizado para diminuir o desequilíbrio orçamentário e impedir que desses desequilíbrios decorressem pressões inflacionárias. Isso seria feito a partir do corte das despesas, do aumento dos impostos e da diminuição nas transferências do governo federal. A segunda refere-se à indexação da economia já em 1994, substituindo o Cruzeiro pela Unidade Real de Valor (URV), e corrigindo o valor diariamente pela taxa de inflação dos principais índices. A URV mantinha uma paridade com o dólar de um para um. A terceira, e última fase, diz respeito à reforma monetária, substituindo a URV pela nova moeda: o Real. Inicialmente, houve uma aceleração inflacionária, mas, posteriormente, com a implementação do Plano Real, a inflação apresentou expressiva queda. 3 Como uma valorização cambial e uma demanda fortemente aquecida impactaram a economia brasileira no primeiro mandato de FHC? R.: A valorização cambial somada a uma demanda aquecida leva ao aparecimento de déficits na balança comercial. Isso ocorre pois há um aumento das importações e, ao mesmo tempo, um fraco desempenho das exportações. 4 Comente sobre o PIB e desemprego no primeiro mandato de FHC. R.: A taxa média de crescimento do PIB foi de 2,6% a.a. Já o desemprego, que era baixo no início de seu mandato, começou a subir após a crise mexicana, e assumiu valor recorde após a crise asiática. 11 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 5 O primeiro mandato de FHC foi exitoso no combate à inflação, mas vários desequilíbrios foram se formando na economia brasileira. Como o governo agiu para combater esses desequilíbrios no segundo mandato de FHC? R.: O governo realizou uma tríplice mudança nos regimes: cambial, monetário e fiscal. O regime cambial de bandas cambiais foi substituído pelo regime de flutuação suja. Em termos de política monetária, adotou-se uma política restritiva, com metas para a taxa de juros para contenção da saída de recursos e diminuição da atividade especulativa em torno da taxa de câmbio. No que se refere à área fiscal, houve a introdução do Programa de Estabilidade Fiscal, que foi anunciado ainda em 1998, mas apresentou resultados a partir do segundo mandato de FHC. Esse Programa passou a determinar um patamar de superávit primário do setor público. UNIDADE 3 TÓPICO 1 1 Por que o mercado financeiro olhava com desconfiança para o presidente Lula em 2003 ao assumir o mandato? R.: A possibilidade de um governo comandado pela esquerda gerou grande expectativa no mercado financeiro, que tinha dúvidas em relação ao posicionamento de um governo de esquerda, à taxa de câmbio, juros e ao cumprimento das obrigações da dívida. Temia-se que fosse feito um pedido de auditoria da dívida, além de que não fossem realizados os pagamentos das obrigações da dívida ao Fundo. 2 Quais foram as estratégias da campanha de Lula para que pudessem amenizar sua imagem? R.: Além do desgaste do Plano Real, das taxas de desemprego altas, da inflação que aumentou e das taxas de juros altas, a imagem de FHC já estava muito desgastada. Para acalmar os ânimos do mercado, o candidato Lula deu um sinal claro de moderação no posicionamento quanto às futuras práticas na condução da política macroeconômica e apresentou a carta de intenção assinada comprometendo-se com as obrigações assumidas pelo governo FHC junto ao FMI. 12 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 3 Que fatores contribuíram para expandir as exportações brasileiras? R.: A recuperação do preço das commodities também favoreceu a recuperação da economia brasileira, mesmo com a política econômica restritiva. Podemos também apontar outros fatores que contribuíram para a expansão das exportações relativas ao agronegócio, especialmente a expansão das fronteiras agrícolas e os melhoramentos genéticos devido às pesquisas realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Por outro lado, há a expansão de mercados consumidores de países emergentes com a Índia e China, que abrem espaço para a participação direta no comércio exterior de produtos que incorporam maior tecnologia. Há associação ou compra de empresas locais, aumentando a concorrência e obrigando as organizações brasileiras a buscarem medidas para o aumento da competitividade. 4 Qual a importância do Programa Fome Zero? R.: Visando redistribuir renda, e contemplar especialmente essa população de se encontrava em estado de miséria, foi criado o Programa Fome Zero. Além de transferir renda, procurava criar mecanismos para essas famílias superarem a extrema pobreza. Ao contemplar 11,1 milhões de famílias em 2006, o governo alcançou a meta estimada das pessoas que se encontravam abaixo da linha da pobreza (SOUZA, 2008). 5 O que contribuiu para o aumento de reservas internacionais pelo governo brasileiro? R.: O acúmulo de reservas internacionais quase que dobrou no período de 2003 a 2006, explicado pela entrada de capitais, mas, fundamentalmente, pelas exportações e melhoria dos termos de troca. 6 Qual foi a principal mudança proposta pelo governo brasileiro em se tratando da diplomacia brasileira? R.: A diplomacia brasileira manifestou-se como uma política externa, independente do alinhamento com os Estados Unidos, tradicionalmente mantido com os governos anteriores. A diversificação de países com os quais o Brasil passou a negociar foi o principal ponto dessas mudanças. 7 Qual foi o principal instrumento utilizado para conter a inflação no período de 2003 a 2006? 13 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA R.: A inflação era de 9,3% quando Lula iniciou seu mandato e, em 2006, a taxa de inflação era de 3,1%. A taxa de juros real também se manteve muito elevada, somente em 2004 que se destacou uma redução para 7,5%. Contudo, nos anos seguintes, a política macroeconômica ortodoxa da equipe econômica prevaleceu mantendo as taxas de juros altas para conter a inflação e tentar atrair os rentistas para a compra dos títulos públicos brasileiros. TÓPICO 2 1 Explique o que foi o PAC. R.: O Programa de Aceleração do Crescimento (2007 a 2010) – PAC. O PAC fora sustentado em um diagnóstico que entendia que existiam gargalos que estavam travando o crescimento da economia, como áreas de infraestrutura como transporte e energia, e na área social, como habitação e saneamento básico. Assim, para destravar a economia, seriam necessários investimentos nas áreas. Os três principais objetivos do PAC se centravam: (a) na aceleração do crescimento econômico; (b) elevação de oportunidades de emprego; e (c) melhorias nas condições socioeconômicas da população. De 2007 a 2010 foram investidos pelo PAC R$ 503,9 bilhões em infraestrutura, sendo a previsão total de R$ 619 bilhões. R$ 219,20 bilhões foram investimentos realizados pelas estatais, como a PETROBRÁS (empresa de economia mista), que investiu R$ 148,7 bilhões. Outros R$ 67,80 bilhões de investimentos provinham de recursos do orçamento fiscal da União e da seguridade. Ainda, a iniciativaprivada (empresas, fundos de pensão e fundos do mercado financeiro) investiu R$ 216,9 bilhões. 2 Quais fatores explicam a redução dos produtos manufaturados da pauta de exportação brasileira? R.: A elevação dos preços das commodities provocou melhorias nos termos de troca do Brasil, e foi alavancada pelo aumento do consumo da China. As taxas de juros altas e a perda de competitividade da indústria brasileira vêm impactando na diminuição dos produtos industrializados na pauta de exportação. 14 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 3 Quais são os motivos que endossam a decisão dos técnicos do COPOM de seguirem com a política dos juros altos? R.: O motivo alegado fora um suposto risco do aumento da taxa de inflação. Assim, a política de juros elevados conteria a demanda futura, para não incitar uma possível inflação. 4 Qual a importância dos programas sociais para a economia? R.: Os programas assistencialistas como o Fome Zero têm por objetivo atender a populações em estado de urgência, pois estão sobrevivendo abaixo da linha da pobreza. Além desses programas de renda mínima terem por finalidade diminuir as desigualdades sociais, funcionavam também como aceleradores da economia por meio do estímulo da demanda. Milhares de pessoas passam a consumir e a dinamizar a economia regional. 5 Explique como foi o impacto da crise internacional no Brasil. R.: O PIB de 2007 para 2008 teve crescimento de 5%. Embora a crise imobiliária nos Estados Unidos já pudesse estar sendo sentida em várias partes do mundo, o PAC contribuiu para o Brasil não ser afetado economicamente em 2008. Em 2009 o PIB per capita apresentou queda de 1,3%. Voltando a elevar-se nos anos seguintes, o PIB brasileiro apresentou crescimento -0,3. As medidas do PAC continuavam sendo implantadas. No entanto, a taxa de produção industrial apresentou um recuo de 7,4%. 6 O governo de Lula pode ser caracterizado como uma continuidade do Governo FHC? R.: Apesar do compromisso com o Consenso de Washington, que impunha uma agenda neoliberal aos países devedores, no segundo mandato de Lula observamos que, especialmente no campo da política econômica, há espaço para a substituição da política ortodoxa por uma política heterodoxa. TÓPICO 3 1 O Governo Dilma deu continuidade às obras do PAC, lançando o PAC 2. Quais foram os pontos estratégicos do PAC 2? 15 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA R.: O PAC 2 possuía seis pontos estratégicos: transporte, energia, Cidade Melhor, Comunidade Cidadão, Minha Casa Minha Vida, Água e Luz para Todos. É importante salientar também que, além desses pontos estratégicos, existiram investimentos em obras para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas. 2 A respeito do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, qual era a nova matriz econômica desenhada para atender às demandas dos segmentos empresariais? R.: A política econômica do primeiro governo Dilma Rousseff, desenhada na “nova matriz econômica”, foi composta por: redução de taxas de juros e tarifas de energia elétrica; desonerações tributárias e crédito subsidiado; desvalorização cambial e protecionismo industrial seletivo e concessões de serviços públicos para a iniciativa privada. Algumas dessas iniciativas foram, inclusive, solicitadas em documento entregue ao governo e assinado em conjunto com outras organizações empresariais e centrais sindicais em 2011. 3 O ano de 2014 foi marcado pela disputa presidencial entre Dilma Rousseff e Aécio Neves. Descreva a situação econômica do país no período. R.: Em 2014 o país encontrava-se economicamente estagnado, após passar por um período de crescimento econômico com desaceleração em 2013. No final de 2014, diante dos choques econômicos, a atividade econômica se desacelerou fortemente, piorando o resultado fiscal. Assim, diante desse cenário, em 2015, foram abandonadas as políticas expansionistas, e foram adotadas medidas restritivas, principalmente na área fiscal. 4 Quais foram os principais problemas enfrentados pela presidente Dilma em seu segundo mandato? R.: A crise e escândalos da Lava-Jato, problemas no setor financeiro e com empresários, o aumento da inflação, a dificuldade de articulação com o Congresso, a falta de diálogo com os movimentos sociais e a organização das Olimpíadas de 2016. Além disso, o ano de 2015 foi marcado por uma piora significativa da economia. A recessão de 3,8%, alta da inflação e juros, corte dos investimentos públicos e privados e uma crise de confiança alimentada pela instabilidade econômica tomaram conta do cenário econômico. 16 ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 5 Comente sobre as prioridades do governo de Michel Temer. R.: Em dois anos, a equipe de governo de Temer se concentrou na recuperação da economia, na redução da taxa de juros, na queda da inflação e no equilíbrio das contas públicas. Apesar de se concentrar nessas questões, a taxa de desemprego que, anteriormente ao governo Temer, era de 11,2% ou 11,4 milhões de trabalhadores desempregados, subiu para 13,1% ou 13,7 milhões de desempregados, demonstrando que a taxa que era alta sofreu uma significativa piora em dois anos. No que se refere à taxa cambial, é importante mencionar que o dólar aumentou de R$3,47 para R$3,62 em dois anos do governo Temer. No que se refere ao equilíbrio das contas públicas, importante mencionar a PEC 241 e a reforma trabalhista, que foram alvo de grande polêmica.
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