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Resumo Direito e Processo Penal Militar- 01

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Direito e Processo Penal Militar 
Data: 08/11/2011 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 
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Assuntos tratados: 
1º Horário. 
 Bens Jurídicos Protegidos pelo Direito Penal Militar / Aplicação do Princípio da 
Insignificância / Conceito de Direito PENAL Militar / Aplicação da Lei Penal 
Militar / Retroatividade da Lei Benéfica / Hibridismo Penal / Leis Temporárias 
ou Excepcionais / Tempo do Crime / Lugar do Crime / Aplicação da Lei no 
Espaço / Aplicação da Lei Militar em Relação às Pessoas / Conceito de Militar 
 
2º Horário. 
 Defeito de Incorporação / Reserva das Forças Armadas / Competência da 
Justiça Militar / Militares Estrangeiros / Brasileiros à Luz do CPM / Comandante 
X Superior / Crime Militar / Classificação Doutrinária / Doutrina Tradicional 
 
Orientação de estudo: Será feito um paralelo entre o direito penal comum e o penal 
militar, destacando-se as diferenças entre estes ramos do direito. 
A banca CESPE tem trabalhado bastante com a letra da lei e com os aspectos 
peculiares do direito penal militar, sendo de suma importância a análise das 
jurisprudências do STM e do STF. 
 
Bibliografia: 
• Ricardo Giuliani – Direito Penal Militar – Editora Verbo (abordagem objetiva e 
resumida) 
• Cláudio Amin – Elementos de Direito Processual Penal Militar – Editora Lumen Iuris 
(abordagem igualmente objetiva e resumida) 
• Jorge Cesar de Assis – Código Penal Militar Comentado (mais aprofundado, aborda a 
parte geral, bem como a parte especial) 
• Marcelo Uzêda – Sinopse de Direito Penal Militar – Editora Ius Podivum (material 
didaticamente organizado com quadros sinóticos, resumos visuais e questões de 
concurso, bem como a compilação dos diversos posicionamentos doutrinários, 
bastante atualizado e voltado para a prova da DPU – aguardando publicação 
possivelmente no final deste ano) 
 
 
 Direito e Processo Penal Militar 
Data: 08/11/2011 
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1º Horário 
 
1. Bens Jurídicos Protegidos pelo Direito Penal Militar 
O art. 142, caput, CRFB dispõe acerca dos bens jurídicos protegidos na esfera 
penal militar. 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela 
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com 
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da 
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes 
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
Os principais bens jurídicos protegidos no direito castrense são a hierarquia e a 
disciplina, sendo certo que algumas condutas fora deste ramo não são relevantes para 
o direito penal comum, como no caso do crime de pederastia, que pune a conduta do 
militar que pratica ato sexual em local da Administração Pública Militar, que não 
encontra paralelo no direito penal comum. 
 
1.1. Aplicação do Princípio da Insignificância 
O STM afirma de forma categórica que o Princípio da Insignificância não é 
aplicável nesta esfera, pois, sobretudo, os pilares das forças armadas (disciplina e 
hierarquia), devem ser protegidos, acarretando em uma releitura do referido 
postulado. 
Já o STF entende que o Princípio da Insignificância é cabível na esfera militar 
em alguns casos bastante específicos, como em um caso concreto de crime de 
peculato de um fogão no valor aproximado de R$ 450,00, em que o valor do bem foi 
restituído, além de ter havido autorização do comandante para que o sargento o 
levasse consigo em sua mudança. No caso, entendeu-se que a hierarquia e a disciplina 
não foram atingidas e os demais requisitos necessários à aplicação do Princípio da 
Bagatela foram preenchidos. 
Outro caso igualmente decidido pelo STF é o relativo ao art. 290, CPM (porte de 
drogas), no qual, por maioria, foi afastada a aplicação do Princípio da Insignificância 
(Informativo nº 605 – HC 103.684/DF), ante a relação existente entre o militar e a 
Administração Castrense, sendo o uso de drogas e o dever militar inconciliáveis. 
CPM, Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer, ainda que 
gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, ainda que para uso 
próprio, guardar, ministrar ou entregar de qualquer forma a consumo substância 
entorpecente, ou que determine dependência física ou psíquica, em lugar sujeito à 
 Direito e Processo Penal Militar 
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administração militar, sem autorização ou em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar: 
Pena - reclusão, até cinco anos. 
 
HC 103684 / DF - DISTRITO FEDERAL 
HABEAS CORPUS 
Relator(a): Min. AYRES BRITTO 
Julgamento: 21/10/2010 Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação DJe-070 DIVULG 12-04-2011 PUBLIC 13-04-2011 EMENT VOL-02502-01 
PP-00105 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME MILITAR. CONSCRITO OU RECRUTA DO 
EXÉRCITO BRASILEIRO. POSSE DE ÍNFIMA QUANTIDADE DE SUBSTÂNCIA 
ENTORPECENTE EM RECINTO SOB ADMINISTRAÇÃO CASTRENSE. 
INAPLICABILIDADE DO POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA PENAL. INCIDÊNCIA DA 
LEI CIVIL Nº 11.343/2006. IMPOSSIBILIDADE. RESOLUÇÃO DO CASO PELO CRITÉRIO 
DA ESPECIALIDADE DA LEGISLAÇÃO PENAL CASTRENSE. ORDEM DENEGADA. 1. A 
questão da posse de entorpecente por militar em recinto castrense não é de 
quantidade, nem mesmo do tipo de droga que se conseguiu apreender. O 
problema é de qualidade da relação jurídica entre o particularizado portador da 
substância entorpecente e a instituição castrense de que ele fazia parte, no 
instante em que flagrado com a posse da droga em pleno recinto sob 
administração militar. 2. A tipologia de relação jurídica em ambiente castrense é 
incompatível com a figura da insignificância penal, pois, independentemente da 
quantidade ou mesmo da espécie de entorpecente sob a posse do agente, o 
certo é que não cabe distinguir entre adequação apenas formal e adequação 
real da conduta ao tipo penal incriminador. É de se pré-excluir, portanto, a 
conduta do paciente das coordenadas mentais que subjazem à própria tese da 
insignificância penal. Pré-exclusão que se impõe pela elementarconsideração de 
que o uso de drogas e o dever militar são como água e óleo: não se misturam. 
Por discreto que seja o concreto efeito psicofísico da droga nessa ou naquela 
relação tipicamente militar, a disposição pessoal em si para manter o vício implica 
inafastável pecha de reprovabilidade cívico-funcional. Senão por afetar 
temerariamente a saúde do próprio usuário, mas pelo seu efeito danoso no moral 
da corporação e no próprio conceito social das Forças Armadas, que são 
instituições voltadas, entre outros explícitos fins, para a garantia da ordem 
democrática. Ordem democrática que é o princípio dos princípios da nossa 
Constituição Federal, na medida em que normada como a própria razão de ser da 
nossa República Federativa, nela embutido o esquema da Tripartição dos Poderes 
e o modelo das Forças Armadas que se estruturam no âmbito da União. Saltando 
à evidência que as Forças Armadas brasileiras jamais poderão garantir a nossa 
ordem constitucional democrática (sempre por iniciativa de qualquer dos Poderes 
da República), se elas próprias não velarem pela sua peculiar ordem hierárquico-
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disciplinar interna. 3. A hierarquia e a disciplina militares não operam como 
simples ou meros predicados institucionais das Forças Armadas brasileiras, mas, 
isto sim, como elementos conceituais e vigas basilares de todas elas. Dados da 
própria compostura jurídica de cada uma e de todas em seu conjunto, de modo a 
legitimar o juízo técnico de que, se a hierarquia implica superposição de 
autoridades (as mais graduadas a comandar, e as menos graduadas a obedecer), 
a disciplina importa a permanente disposição de espírito para a prevalência das 
leis e regulamentos que presidem por modo singular a estruturação e o 
funcionamento das instituições castrenses. Tudo a encadeadamente desaguar na 
concepção e prática de uma vida corporativa de pinacular compromisso com a 
ordem e suas naturais projeções factuais: a regularidade, a normalidade, a 
estabilidade, a fixidez, a colocação das coisas em seus devidos lugares, enfim. 4. 
Esse maior apego a fórmulas disciplinares de conduta não significa perda do senso 
crítico quanto aos reclamos elementarmente humanos de se incorporarem ao dia-
a-dia das Forças Armadas incessantes ganhos de modernidade tecnológica e 
arejamento mental-democrático. Sabido que vida castrense não é lavagem 
cerebral ou mecanicismo comportamental, até porque – diz a Constituição – “às 
Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em 
tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se 
como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política para 
se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar” (§ 1º do art. 143). 5. 
O modelo constitucional das Forças Armadas brasileiras abona a idéia-força de 
que entrar e permanecer nos misteres da caserna pressupõe uma clara 
consciência profissional e cívica: a consciência de que a disciplina mais rígida e os 
precisos escalões hierárquicos hão de ser observados como carta de princípios e 
atestado de vocação para melhor servir ao País pela via das suas Forças Armadas. 
Donde a compatibilidade do maior rigor penal castrense com o modo peculiar pelo 
qual a Constituição Federal dispõe sobre as Forças Armadas brasileiras. Modo 
especialmente constitutivo de um regime jurídico timbrado pelos encarecidos 
princípios da hierarquia e da disciplina, sem os quais não se pode falar das 
instituições militares como a própria fisionomia ou a face mais visível da idéia de 
ordem. O modelo acabado do que se poderia chamar de “relações de intrínseca 
subordinação”. 6. No caso, o art. 290 do Código Penal Militar é o regramento 
específico do tema para os militares. Pelo que o princípio da especialidade 
normativo-penal impede a incidência do art. 28 da Lei de Drogas (artigo que, de 
logo, comina ao delito de uso de entorpecentes penas restritivas de direitos). 
Princípio segundo o qual somente a inexistência de um regramento específico em 
sentido contrário ao normatizado na Lei 11.343/2006 é que possibilitaria a 
aplicação da legislação comum. Donde a impossibilidade de se mesclar esse 
regime penal comum e o regime penal especificamente castrense, mediante a 
seleção das partes mais benéficas de cada um deles, pena de incidência em 
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postura hermenêutica tipificadora de hibridismo ou promiscuidade regratória 
incompatível com o princípio da especialidade das leis. 7. Ordem denegada. 
Cumpre destacar que, na hipótese, prevalece o Princípio da Especialidade do 
Direito Penal Militar, não havendo que se falar em revogação do art. 290, CPM pelo 
art. 28, Lei 11.343/06, motivo pelo qual é cabível a aplicação da pena privativa de 
liberdade prevista naquele dispositivo. 
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer 
consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 
 
2. Conceito de Direito Penal Militar 
Direito Penal Militar é um ramo do direito penal especializado, que leva em 
consideração os bens jurídicos hierarquia e disciplina, bem como a prontidão e a 
missão constitucional das Forças Armadas. 
 
3. Aplicação da Lei Penal Militar 
O art. 1º, CPM não aponta nenhuma diferença fundamental entre o direito 
penal comum, repetindo o Princípio da Legalidade (art. 5º, XXXIX, CRFB). 
CPM, Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal. 
 
CRFB, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal; 
O art. 3º, CPM, no entanto, traz uma questão peculiar. Como a regra é não 
haver crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal – 
incluem-se no conceito de pena as medidas de segurança –, o referido dispositivo só 
tem aplicação se a lei nova for benéfica ao tempo da sentença ou da execução, pois o 
art. 5º, XL, CRFB dispõe que a lei penal só retroagirápara beneficiar o réu. 
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CPM, Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da 
sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da 
execução. 
 
CRFB, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
No entanto, de acordo com o entendimento doutrinário, o art. 3º, CPM não foi 
recepcionado pela CRFB/88, por afrontar o referido dispositivo constitucional que veda 
a retroatividade gravosa1. 
 
3.1. Retroatividade da Lei Benéfica 
Está prevista no art. 2º, parágrafo 1º, CPM. O caput prevê a abolitio criminis, 
sendo ambos os casos semelhantes ao previsto no Código Penal comum. 
Art. 2º, §1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-
se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória 
irrecorrível. 
O art. 2º, parágrafo 2º, CPM traz uma regra expressa de vedação à combinação 
de leis, sendo bastante importante, pois esta questão é bem oscilante na 
jurisprudência com relação ao direito penal comum por o CP comum não fazer 
qualquer ressalva, sendo, a tendência, a inadmissibilidade, ante a violação da 
Separação dos Poderes. 
Art. 2º, §2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior 
devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas 
aplicáveis ao fato. 
 
3.2. Hibridismo Penal 
O estupro é crime hediondo, no entanto, o estupro militar não se enquadra 
nesta categoria, por não estar previsto no rol da Lei 8.072/90, não sendo aplicados os 
rigores desta legislação a este. O mesmo entendimento se aplica no caso de homicídio 
militar. 
 
1
 Em provas, abordado o tema à luz da doutrina, deve-se sustentar que o artigo não foi recepcionado. 
 
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Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no 
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou 
tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) 
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 
121, § 2o, I, II, III, IV e V); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) 
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) 
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei nº 
8.930, de 1994) 
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 
2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) 
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 
2009) 
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação dada 
pela Lei nº 12.015, de 2009) 
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº 
8.930, de 1994) 
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) 
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a 
fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a 
redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 
9.695, de 1998) 
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto 
nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou 
consumado. (Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) 
O STF, neste ponto, vem se posicionando no sentido de que, se os crimes 
hediondos têm rol taxativo, como o sistema sancionatório militar é diverso do comum, 
aplica-se somente a regra da esfera castrense em qualquer conduta que assim se 
encaixe. Não admite, pois o hibridismo penal. 
 
4. Leis Temporárias ou Excepcionais 
A regra a ser seguida é a mesma do Código Penal Comum, devendo-se observar 
o art. 4º, CPM. 
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua 
duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato 
praticado durante sua vigência. 
A lei excepcional tem prazo predeterminado em seu texto e veda a 
retroatividade da lei penal mais benigna, aplicando-se a ultra-atividade gravosa 
igualmente no caso do direito penal militar. 
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5. Tempo do Crime 
No direito penal comum, a Teoria da Atividade rege o tempo do crime, sendo a 
mesma regra insculpida pelo art. 5º, CPM. 
 Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda 
que outro seja o do resultado. 
A súmula 711, STF é aplicável no direito penal militar conforme entendimento 
dominante e do STM. 
 STF, Súmula nº 711. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao 
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência. 
Um exemplo de aplicação da súmula em comento é no caso do crime de 
deserção, que é permanente para a orientação dominante, ou seja, enquanto durar a 
ausência, a conduta está sendo praticada, conforme entendem Jorge Cesar de Assis, 
Célio Lobão, Jorge Alberto Romeiro e o próprio STM. No entanto, o professor Cláudio 
Amim entende que o crime é instantâneo de efeitos permanentes, posição que deve 
ser adotada em provas da DPU, apesar de minoritária. 
 
6. Lugar do Crime 
Diferentemente do CP comum (Teoria da Ubiquidade), o CPM adota um 
sistema misto, que concilia duas teorias, conforme disposto no art. 6º, CPM. 
Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade 
criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação,bem como 
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato 
considera-se praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida. 
Para crimes comissivos (1ª parte), adota-se a Teoria da Ubiquidade, enquanto 
para crimes omissivos (2ª parte), a teoria adotada é a da Atividade. 
 
7. Aplicação da Lei no Espaço 
O art. 7º, CPM traz as regras da Territorialidade e da Extraterritorialidade da lei 
penal militar. 
Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras 
de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território 
nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou 
tenha sido julgado pela justiça estrangeira. 
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A territorialidade é moderada, ou seja, a lei penal militar é aplicável ao fato 
ocorrido no território nacional, respeitadas as convenções internacionais, 
reproduzindo o aplicável no direito penal comum. 
Já a extraterritorialidade é irrestrita no caso do CPM, sendo sempre 
incondicionada na esfera penal militar. Isto porque, a própria natureza da atividade 
militar e os bens jurídicos tutelados determinam, em nome do Princípio da Soberania, 
a aplicação da lei penal militar fora do território nacional, independentemente de o 
fato ter sido processado e julgado no estrangeiro. 
Exemplo: às tropas brasileiras em operações em outros territórios é aplicável a 
lei penal militar, tendo em vista que estes tipos de situações são bastante comuns na 
esfera castrense. 
O art. 7º, parágrafo 1º, CPM trata da extensão do território nacional de forma 
distinta da tratada pelo CP comum, pois inclui as embarcações de propriedade privada 
na categoria quando requisitadas sob comando militar, onde quer que se encontrem. 
Art. 7º, §1° Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do 
território nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se 
encontrem, sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por 
ordem legal de autoridade competente, ainda que de propriedade privada. 
O parágrafo 2º, do art. 7º, CPM dispõe, ainda, que no caso de aeronaves ou 
navios estrangeiros em local sujeito à Administração Militar aplica-se a lei penal militar 
brasileira, desde que o crime atente contra as Instituições Militares. Observa-se, pois, 
que ambos os requisitos devem ser preenchidos para que a lei penal militar seja 
aplicada ao território por extensão dos estrangeiros. 
Art. 7º, §2º É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de 
aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração 
militar, e o crime atente contra as instituições militares. 
O art. 7º, parágrafo 3º, CPM traz o conceito de navio, sendo uma norma 
explicativa. Para o direito penal comum, a importância do conceito de navio é a 
definição da competência da Justiça Federal e, de acordo com o STF, considera-se 
navio embarcação de porte capaz de alcançar águas internacionais. 
Art. 7º, §3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda 
embarcação sob comando militar. 
Já para a Justiça Militar, navio é toda embarcação sob comando militar, 
incluídas as de porte incapaz de alcançar águas internacionais, em um conceito bem 
mais amplo que o adotado pelo direito comum. 
 
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8. Aplicação da Lei Militar em Relação às Pessoas 
 
8.1. Conceito de Militar 
O art. 22, CPM tenta definir quem é militar para efeito de aplicação do direito 
penal castrense. 
Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer 
pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, 
para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar. 
No entanto, este conceito não é completo e é restrito, por não alcançar a 
totalidade da figura do militar. Isto porque apenas os incorporados, que são os que 
prestam serviço obrigatório, são enquadrados como militares, devendo-se fazer uma 
leitura combinada com o art. 3º, Lei 6.880/80, para que se incluam os militares 
previstos em seu rol (Estatuto dos Militares). 
Art. 3° Os membros das Forças Armadas, em razão de sua destinação 
constitucional, formam uma categoria especial de servidores da Pátria e são 
denominados militares. 
§ 1° Os militares encontram-se em uma das seguintes situações: 
a) na ativa: 
I - os de carreira; 
II - os incorporados às Forças Armadas para prestação de serviço militar inicial, 
durante os prazos previstos na legislação que trata do serviço militar, ou durante 
as prorrogações daqueles prazos; 
III - os componentes da reserva das Forças Armadas quando convocados, 
reincluídos, designados ou mobilizados; 
IV - os alunos de órgão de formação de militares da ativa e da reserva; e 
V - em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro mobilizado para o serviço ativo 
nas Forças Armadas. 
b) na inatividade: 
I - os da reserva remunerada, quando pertençam à reserva das Forças Armadas e 
percebam remuneração da União, porém sujeitos, ainda, à prestação de serviço 
na ativa, mediante convocação ou mobilização; e 
II - os reformados, quando, tendo passado por uma das situações anteriores 
estejam dispensados, definitivamente, da prestação de serviço na ativa, mas 
continuem a perceber remuneração da União. 
lll - os da reserva remunerada, e, excepcionalmente, os reformados, executado 
tarefa por tempo certo, segundo regulamentação para cada Força 
Armada.(Redação dada pela Lei nº 9.442, de 14.3.1997) (Vide Decreto nº 4.307, 
de 2002) 
 Direito e Processo Penal Militar 
Data: 08/11/2011 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
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§ 2º Os militares de carreira são os da ativa que, no desempenho voluntário e 
permanente do serviço militar, tenham vitaliciedade assegurada ou presumida. 
De acordo com o Estatuto dos Militares, os militares são os membros das forçasarmadas, encontrados nas seguintes situações: 
 
a) militares na ativa: 
a.1) militares de carreira: voluntários concursados e de serviço permanente 
(art. 3º, parágrafo 2º, Lei 6.880/80). 
Art. 3º, § 2º Os militares de carreira são os da ativa que, no desempenho 
voluntário e permanente do serviço militar, tenham vitaliciedade assegurada ou 
presumida. 
a.2) militares incorporados nas Forças Armadas: prestadores de serviço militar 
obrigatório, com vínculo temporário. Incluem-se, pois, nesta categoria, os médicos e 
dentistas. 
a.3) alunos de escola de formação: são os matriculados nos órgãos de 
formação, tratando-se de vínculo precário. 
a.4) componentes da reserva quando convocados: nesta hipótese, tornam-se 
militares na ativa. 
a.5) todo cidadão mobilizado para o serviço das Forças Armadas em tempo de 
guerra: qualquer pessoa mobilizada para o serviço ativo em tempos de guerra. 
 
2º Horário 
 
Observação1: o art. 6º, Lei 6.880/80 deve ser combinado com o conceito de 
militares da ativa (art. 3º, parágrafo 2º, Lei 6.880/80), pois traz expressões sinônimas, 
o que é importante para a definição do crime militar. 
Art. 6º São equivalentes as expressões "na ativa", "da ativa", "em serviço ativo", 
"em serviço na ativa", "em serviço", "em atividade" ou "em atividade militar", 
conferidas aos militares no desempenho de cargo, comissão, encargo, 
incumbência ou missão, serviço ou atividade militar ou considerada de natureza 
militar nas organizações militares das Forças Armadas, bem como na Presidência 
da República, na Vice-Presidência da República, no Ministério da Defesa e nos 
demais órgãos quando previsto em lei, ou quando incorporados às Forças 
Armadas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.215-10, de 31.8.2001) 
 
 Direito e Processo Penal Militar 
Data: 08/11/2011 
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Observação2: Militar agregado enquadra-se como militar na ativa, apesar de 
não estar em serviço na esfera militar. Exemplo: militar em licença sem vencimentos 
para tratar de assuntos particulares. O STJ, no Conflito de Competência 85.607/SP, e o 
STM, no Recurso em Sentido Estrito 2009.01.00.7617-0/RJ, corroboram o 
entendimento exposto. 
Recurso em Sentido Estrito (FO) Nº 0000057-90.2008.7.01.0301 (2009.01.007617-
0) - RJ 
Situação: Restituído ao Juízo de origem 
 
Ministro(a) Relator(a): JOSÉ COÊLHO FERREIRA 
Recorrente(s): FLÁVIO SOUZA DOS SANTOS VAZ SARDINHA, 1º Ten Mar. 
Recorrido(a): A Decisão do Conselho Especial de Justiça da 3ª Auditoria da 1ª CJM, 
de 01/12/2008, proferida nos autos do Processo nº 65/08-7, que rejeitou a 
arguição de incompetência da Justiça Militar da União para processar e julgar o 
Recorrente. 
RECURSO CRIMINAL CONTRA DECISÃO QUE REJEITOU A ARGUIÇÃO DE 
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. CRIME DE HOMICÍDIO PRATICADO POR 
MILITAR DA ATIVA CONTRA MILITAR NA MESMA SITUAÇÃO. CONFLITO.DE 
COMPETÊNCIA PELO JUÍZO DA 3ª AUDITORIA DA 1ª CJM JUNTO AO COLENDO 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 
I – Deve ser considerado militar da ativa, para o fim de aplicação do art. 9º do 
CPM, aquele agregado nos termos dos arts, 80 a 85, ambos da Lei 6.880/1980. (...) 
Recurso Criminal conhecido e improvido, com encaminhamento de Decisão ao 
Relator do Conflito de Competência nº 101316/RJ, em trâmite no colendo STJ. 
Decisão Majoritária. 
 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 85.607 - SP (2007/0109118-2) 
RELATOR : MINISTRO OG FERNANDES 
EMENTA CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL PENAL. CRIME 
PRATICADO POR MILITAR EM ATIVIDADE CONTRA MILITAR EM IDÊNTICA 
SITUAÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. 
1. Compete à Justiça Militar processar e julgar crime praticado por milita em 
situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou 
assemelhado (art. 9º, inciso II, alínea "a", do Código Penal Militar). 
2. Militar em situação de atividade quer dizer "da ativa" e não "em serviço", 
em oposição a militar da reserva ou aposentado. 
3. Precedentes do STJ e do STF. 
4. Conflito conhecido para declarar competente a Justiça Militar, juízo suscitante. 
 
b) militares inativos: para efeitos penais são considerados “civis”, ou seja, não 
militares da ativa, não sendo aplicado a eles o direito penal militar. Podem ser: 
 Direito e Processo Penal Militar 
Data: 08/11/2011 
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b.1) reserva remunerada: é aquele que ainda tem condições de saúde e idade 
para retornar ao serviço militar, por ter vínculo de remuneração. 
b.2) reformado: é o militar que não tem mais idade ou saúde para retornar ao 
serviço militar, apesar de ter vínculo remuneratório. 
b.3) executando tarefa por tempo certo: são os militares da reserva 
remunerada ou reformados que retornam para a execução de tarefa civil por tempo 
certo. Acumulam o salário da reserva remunerada ou reforma com o de execução da 
referida tarefa. 
 
8.2. Defeito de Incorporação 
Está previsto no art. 14, CPM e pode ter duas fontes, quais sejam, o erro da 
Administração Militar e o comportamento doloso do próprio sujeito que será 
incorporado. 
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal 
militar, salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime. 
Exemplo: caso do arrimo, que não se declara como tal e é incorporado por 
comportamento doloso ou quando assim se declara, a Administração desatentamente 
o incorpora. 
Este defeito impede que o sujeito seja considerado militar se o erro foi 
provocado pela Administração Militar, excluindo a aplicação da lei penal militar, o 
que caracteriza a atipicidade de crimes militares, como de deserção e de insubmissão. 
No entanto, no caso de erro causado por dolo do próprio sujeito, o defeito de 
incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar. 
Nesse sentido, é o entendimento do STM (vide apelação 2007.01.05.0760-
6/RJ). 
Apelação (FE) Nº 2007.01.050760-6 - RJ 
Situação: Arquivado 
Ministro(a) Relator(a): SERGIO ERNESTO ALVES CONFORTO 
Ministro(a) Revisor(a): MARIA ELIZABETH GUIMARÃES TEIXEIRA ROCHA 
Apelante(s): THIAGO VASCONCELLOS PATRIOTA, Sd Ex, condenado à pena de 06 
meses de detenção, como incurso no art. 187 do CPM, com o direito de apelar em 
liberdade. 
Apelado(a): A Sentença do Conselho Permanente de Justiça da 4ª Auditoria da 1ª 
CJM, de 03/09/2007. ADVOGADOS: Drs. Lamartine Rodrigues de Barros e Ricardo 
José Silva de Andrade. 
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Data: 08/11/2011 
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Decisão: Em 13/05/2008, O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao 
Apelo defensivo, mantendo, integralmente, a Sentença hostilizada. 
I – A situação do apelante está bem definida no art. 14, do CPM que assim 
estabelece: (...) 
II – Com efeito, não permite a Lei que o alistado guarde seus vícios e os admita 
quando da incorporação para usá-los em detrimento da obrigação de servir à 
Pátria, quando bem lhe interessa. 
(...) 
Recurso não provido por decisão uniforme. 
 
8.4. Reserva das Forças Armadas 
O art. 4º, Lei 6.880/80 arrola as pessoas consideradas reserva das Forças 
Armadas. 
Art. 4º São considerados reserva das Forças Armadas: 
I - individualmente: 
a) os militares da reserva remunerada; e 
b) os demais cidadãos em condições de convocação ou de mobilização para a 
ativa. 
II - no seu conjunto: 
a) as Polícias Militares; e 
b) os Corpos de Bombeiros Militares. 
§ 1° A Marinha Mercante, a Aviação Civil e as empresas declaradas diretamente 
devotada às finalidades precípuas das Forças Armadas, denominada atividade 
efeitos de mobilização e de emprego, reserva das Forças Armadas. 
§ 2º O pessoal componente da Marinha Mercante, da Aviação Civil e das empresas 
declaradas diretamente relacionadas com a segurança nacional, bem como os 
demais cidadãos em condições de convocação ou mobilização para a ativa, só 
serão considerados militares quando convocados ou mobilizados para o serviço 
nas Forças Armadas. 
Não se deve confundir, pois, o militar de reserva remunerada, que é o militar 
inativo, com os reserva das Forças Armadas, conforme se observa. 
 
8.5. Competência da Justiça Militar 
Na esfera federal, os militares propriamente ditos são os militares das Forças 
Armadas e da ativa. Os demais são considerados não militares, “civis”. 
A Justiça Militar da União julga os crimes militares definidos em lei, por 
militares da ativa e não militares, de acordo com o art. 124, CRFB. Já o art. 125, 
 Direito e Processo Penal Militar 
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parágrafo 4º, CRFB dispõe que a Justiça Militar Estadual só julga os crimes militares 
praticados por militares estaduais. 
CRFB, Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares 
definidos em lei. 
 
CRFB, Art. 125, § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os 
militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais 
contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a 
vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e 
da patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
Neste contexto surge uma controvérsia. Para o STF o militar estadual não é 
militar propriamente dito no contexto da Justiça Militar da União – é “civil” – (vide CC 
7051/SP2), pois o art. 42, CRFB não autoriza concluir pela equiparação aos militares das 
Forças Armadas. 
CRFB, Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, 
instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 18, de 1998) 
 
CC 7051 / SP - SÃO PAULO 
CONFLITO DE COMPETÊNCIA 
Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA 
Julgamento: 17/04/1997 Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação DJ 09-03-2001 PP-00103 EMENT VOL-02022-01 PP-00098 
EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL COMUM E JUSTIÇA 
MILITAR. CRIME DE LESÕES CORPORAIS LEVES - AGENTES: CONSCRITOS DO 
EXÉRCITO BRASILEIRO - VÍTIMA: PRAÇA DA POLÍCIA MILITAR. 1. Praça da Polícia 
Militar, em serviço, procedendo à revista de dois conscritos do exército, de folga, 
fora da área de administração militar, veio a ser agredido física e moralmente por 
estes, resultando lesões corporais leves. 2. A leitura do artigo 42 da Constituição 
Federal não autoriza o intérprete a concluir pela equiparação dos integrantes 
das Polícias Militares Estaduais aos Componentes das Forças Armadas, para fins 
de Justiça. 3. Impossibilidade de enquadramento no artigo 9º e incisos, do Código 
Penal Militar, que enumera, taxativamente os crimes de natureza militar. 
Precedentes da Corte. Conflito conhecido, assegurada a competência da Justiça 
Comum. 
 
2
 Este julgado é de 1997, proferido antes da reforma de 1998, mas foi publicado em 2001, mantendo-se 
esta orientação até os dias atuais, visto que não houve qualquer decisão em contrário após. 
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No entanto, para o STM, o militar estadual é militar propriamente dito, tendo 
em vista que o art. 142, CRFB não recepcionou o art. 22, CPM. O STJ, em decisão 
recente, parece estar acompanhando a orientação do STM, contrária ao STF. 
Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer 
pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, 
para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar. 
Observação: a tendência do STM é tentar considerar ao máximo o alcance da 
Lei Penal Militar, enquanto a do STF é de mitigar o máximo possível a competência da 
Justiça Castrense. 
 
8.6. Militares Estrangeiros 
O art. 11, CPM prevê que o militar estrangeiro em comissão ou em estágio nas 
Forças Armadas submete-se à lei penal militar brasileira, salvo disposição em contrário 
em tratados e convenções internacionais, pois a Teoria adotada é a Temperada. 
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças 
armadas, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em 
tratados ou convenções internacionais. 
 
8.7. Brasileiros à Luz do CPM 
O art. 26, CPM traz uma norma explicativa, indicando que brasileiro e nacional 
são tidos como brasileiros, pois o art. 12, CRFB utiliza o termo “brasileiro” para 
incorporar os natos e os naturalizados. 
CPM, Art. 26. Quandoa lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional", 
compreende as pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil. 
 
Art. 12. São brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, 
desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que 
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que 
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a 
maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 54, de 2007) 
II - naturalizados: 
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a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos 
originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano 
ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa 
do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que 
requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
de Revisão nº 3, de 1994) 
O assemelhado (art. 21, CPM) era o servidor público civil que tinha algumas 
prerrogativas militares por atuar nas Forças Armadas e sujeitava-se ao CPM, pois era 
tratado como equiparado a militar. 
Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da 
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina 
militar, em virtude de lei ou regulamento. 
Todavia, este enquadramento não mais existe, motivo pelo qual os servidores 
civis que trabalham nas forças armadas não são mais equiparados aos militares para 
efeitos de aplicação da lei penal militar. 
 
8.8. Comandante X Superior 
Comandante, segundo o CPM, é qualquer autoridade com função de direção 
(art.23, CPM), mas somente pode assim ser considerado aquele que seja militar. 
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal 
militar, toda autoridade com função de direção. 
O art. 34, Lei 6.880/80 traz o conceito de comando, que não é o cargo, mas o 
dever, autoridade e responsabilidades recebidas pelo militar (conceito amplo) que 
dirige outros militares sob seu comando, o que se aplica ao comandante. 
Art. 34. Comando é a soma de autoridade, deveres e responsabilidades de que o 
militar é investido legalmente quando conduz homens ou dirige uma organização 
militar. O comando é vinculado ao grau hierárquico e constitui uma prerrogativa 
impessoal, em cujo exercício o militar se define e se caracteriza como chefe. 
Desta forma, não é o cargo que atribui a aplicação da lei penal, mas a função de 
comando. 
Superior, conforme prevê o art. 24, CPM, é o militar que exerce autoridade 
sobre outro em razão da função que desempenha. Não é comandante 
necessariamente, podendo os militares ser de igual função, em uma relação de 
hierarquia por antiguidade. 
 Direito e Processo Penal Militar 
Data: 08/11/2011 
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Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de 
igual posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei 
penal militar. 
 
9. Crime Militar 
Na esfera do direito penal militar, o sistema não é bipartite, como ocorre no 
direito penal comum (divisão entre crimes e contravenções). Isto porque o direito 
penal militar apenas incide sobre os crimes militares (art. 19, CPM), ficando as 
transgressões disciplinares a cargo dos regulamentos disciplinares. 
Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares. 
 
9.1. Classificação Doutrinária 
 
9.1.1. Doutrina Tradicional3 
A doutrina tradicional classificava os crimes militares em três grupos, quais 
sejam, crimes essencialmente militares (próprios), crimes militares por compreensão 
natural da função militar (impróprios) e crimes acidentalmente militares. 
 a) crimes essencialmente militares: são aqueles em que a condição de militar4 
é essencial ao tipo penal, o bem jurídico tutelado é inerente à vida militar e estranho à 
sociedade civil. 
Exemplos: deserção e insubordinação. 
b) crimes militares por compreensão natural da função militar: o bem jurídico 
em si não é exclusivo das Forças Armadas, sendo comuns às esferas militar e civil, mas 
são considerados crimes militares por serem praticados por militar da ativa. 
Exemplos: crime contra o patrimônio e contra a integridade corporal. 
c) crimes acidentalmente militares: somente podem ser praticados por civis, 
quando o fato for praticado em detrimento das instituições militares ou contra a 
ordem administrativa militar. 
Exemplo: pensionista de militar morre e parente continua recebendo a pensão 
até a Administração Castrense descobrir, praticando estelionato contra a ordem 
administrativa militar. 
 
3
 Esta classificação é o ponto de partida das demais desenvolvidas. 
4
 Toda vez em que o termo “militar” for utilizado, estar-se-á fazendo referência aos militares da ativa, 
como visto anteriormente.

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