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Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. Bens Jurídicos Protegidos pelo Direito Penal Militar / Aplicação do Princípio da Insignificância / Conceito de Direito PENAL Militar / Aplicação da Lei Penal Militar / Retroatividade da Lei Benéfica / Hibridismo Penal / Leis Temporárias ou Excepcionais / Tempo do Crime / Lugar do Crime / Aplicação da Lei no Espaço / Aplicação da Lei Militar em Relação às Pessoas / Conceito de Militar 2º Horário. Defeito de Incorporação / Reserva das Forças Armadas / Competência da Justiça Militar / Militares Estrangeiros / Brasileiros à Luz do CPM / Comandante X Superior / Crime Militar / Classificação Doutrinária / Doutrina Tradicional Orientação de estudo: Será feito um paralelo entre o direito penal comum e o penal militar, destacando-se as diferenças entre estes ramos do direito. A banca CESPE tem trabalhado bastante com a letra da lei e com os aspectos peculiares do direito penal militar, sendo de suma importância a análise das jurisprudências do STM e do STF. Bibliografia: • Ricardo Giuliani – Direito Penal Militar – Editora Verbo (abordagem objetiva e resumida) • Cláudio Amin – Elementos de Direito Processual Penal Militar – Editora Lumen Iuris (abordagem igualmente objetiva e resumida) • Jorge Cesar de Assis – Código Penal Militar Comentado (mais aprofundado, aborda a parte geral, bem como a parte especial) • Marcelo Uzêda – Sinopse de Direito Penal Militar – Editora Ius Podivum (material didaticamente organizado com quadros sinóticos, resumos visuais e questões de concurso, bem como a compilação dos diversos posicionamentos doutrinários, bastante atualizado e voltado para a prova da DPU – aguardando publicação possivelmente no final deste ano) Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 2 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 1º Horário 1. Bens Jurídicos Protegidos pelo Direito Penal Militar O art. 142, caput, CRFB dispõe acerca dos bens jurídicos protegidos na esfera penal militar. Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. Os principais bens jurídicos protegidos no direito castrense são a hierarquia e a disciplina, sendo certo que algumas condutas fora deste ramo não são relevantes para o direito penal comum, como no caso do crime de pederastia, que pune a conduta do militar que pratica ato sexual em local da Administração Pública Militar, que não encontra paralelo no direito penal comum. 1.1. Aplicação do Princípio da Insignificância O STM afirma de forma categórica que o Princípio da Insignificância não é aplicável nesta esfera, pois, sobretudo, os pilares das forças armadas (disciplina e hierarquia), devem ser protegidos, acarretando em uma releitura do referido postulado. Já o STF entende que o Princípio da Insignificância é cabível na esfera militar em alguns casos bastante específicos, como em um caso concreto de crime de peculato de um fogão no valor aproximado de R$ 450,00, em que o valor do bem foi restituído, além de ter havido autorização do comandante para que o sargento o levasse consigo em sua mudança. No caso, entendeu-se que a hierarquia e a disciplina não foram atingidas e os demais requisitos necessários à aplicação do Princípio da Bagatela foram preenchidos. Outro caso igualmente decidido pelo STF é o relativo ao art. 290, CPM (porte de drogas), no qual, por maioria, foi afastada a aplicação do Princípio da Insignificância (Informativo nº 605 – HC 103.684/DF), ante a relação existente entre o militar e a Administração Castrense, sendo o uso de drogas e o dever militar inconciliáveis. CPM, Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, ainda que para uso próprio, guardar, ministrar ou entregar de qualquer forma a consumo substância entorpecente, ou que determine dependência física ou psíquica, em lugar sujeito à Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 3 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br administração militar, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena - reclusão, até cinco anos. HC 103684 / DF - DISTRITO FEDERAL HABEAS CORPUS Relator(a): Min. AYRES BRITTO Julgamento: 21/10/2010 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe-070 DIVULG 12-04-2011 PUBLIC 13-04-2011 EMENT VOL-02502-01 PP-00105 EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIME MILITAR. CONSCRITO OU RECRUTA DO EXÉRCITO BRASILEIRO. POSSE DE ÍNFIMA QUANTIDADE DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE EM RECINTO SOB ADMINISTRAÇÃO CASTRENSE. INAPLICABILIDADE DO POSTULADO DA INSIGNIFICÂNCIA PENAL. INCIDÊNCIA DA LEI CIVIL Nº 11.343/2006. IMPOSSIBILIDADE. RESOLUÇÃO DO CASO PELO CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE DA LEGISLAÇÃO PENAL CASTRENSE. ORDEM DENEGADA. 1. A questão da posse de entorpecente por militar em recinto castrense não é de quantidade, nem mesmo do tipo de droga que se conseguiu apreender. O problema é de qualidade da relação jurídica entre o particularizado portador da substância entorpecente e a instituição castrense de que ele fazia parte, no instante em que flagrado com a posse da droga em pleno recinto sob administração militar. 2. A tipologia de relação jurídica em ambiente castrense é incompatível com a figura da insignificância penal, pois, independentemente da quantidade ou mesmo da espécie de entorpecente sob a posse do agente, o certo é que não cabe distinguir entre adequação apenas formal e adequação real da conduta ao tipo penal incriminador. É de se pré-excluir, portanto, a conduta do paciente das coordenadas mentais que subjazem à própria tese da insignificância penal. Pré-exclusão que se impõe pela elementarconsideração de que o uso de drogas e o dever militar são como água e óleo: não se misturam. Por discreto que seja o concreto efeito psicofísico da droga nessa ou naquela relação tipicamente militar, a disposição pessoal em si para manter o vício implica inafastável pecha de reprovabilidade cívico-funcional. Senão por afetar temerariamente a saúde do próprio usuário, mas pelo seu efeito danoso no moral da corporação e no próprio conceito social das Forças Armadas, que são instituições voltadas, entre outros explícitos fins, para a garantia da ordem democrática. Ordem democrática que é o princípio dos princípios da nossa Constituição Federal, na medida em que normada como a própria razão de ser da nossa República Federativa, nela embutido o esquema da Tripartição dos Poderes e o modelo das Forças Armadas que se estruturam no âmbito da União. Saltando à evidência que as Forças Armadas brasileiras jamais poderão garantir a nossa ordem constitucional democrática (sempre por iniciativa de qualquer dos Poderes da República), se elas próprias não velarem pela sua peculiar ordem hierárquico- Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 4 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br disciplinar interna. 3. A hierarquia e a disciplina militares não operam como simples ou meros predicados institucionais das Forças Armadas brasileiras, mas, isto sim, como elementos conceituais e vigas basilares de todas elas. Dados da própria compostura jurídica de cada uma e de todas em seu conjunto, de modo a legitimar o juízo técnico de que, se a hierarquia implica superposição de autoridades (as mais graduadas a comandar, e as menos graduadas a obedecer), a disciplina importa a permanente disposição de espírito para a prevalência das leis e regulamentos que presidem por modo singular a estruturação e o funcionamento das instituições castrenses. Tudo a encadeadamente desaguar na concepção e prática de uma vida corporativa de pinacular compromisso com a ordem e suas naturais projeções factuais: a regularidade, a normalidade, a estabilidade, a fixidez, a colocação das coisas em seus devidos lugares, enfim. 4. Esse maior apego a fórmulas disciplinares de conduta não significa perda do senso crítico quanto aos reclamos elementarmente humanos de se incorporarem ao dia- a-dia das Forças Armadas incessantes ganhos de modernidade tecnológica e arejamento mental-democrático. Sabido que vida castrense não é lavagem cerebral ou mecanicismo comportamental, até porque – diz a Constituição – “às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar” (§ 1º do art. 143). 5. O modelo constitucional das Forças Armadas brasileiras abona a idéia-força de que entrar e permanecer nos misteres da caserna pressupõe uma clara consciência profissional e cívica: a consciência de que a disciplina mais rígida e os precisos escalões hierárquicos hão de ser observados como carta de princípios e atestado de vocação para melhor servir ao País pela via das suas Forças Armadas. Donde a compatibilidade do maior rigor penal castrense com o modo peculiar pelo qual a Constituição Federal dispõe sobre as Forças Armadas brasileiras. Modo especialmente constitutivo de um regime jurídico timbrado pelos encarecidos princípios da hierarquia e da disciplina, sem os quais não se pode falar das instituições militares como a própria fisionomia ou a face mais visível da idéia de ordem. O modelo acabado do que se poderia chamar de “relações de intrínseca subordinação”. 6. No caso, o art. 290 do Código Penal Militar é o regramento específico do tema para os militares. Pelo que o princípio da especialidade normativo-penal impede a incidência do art. 28 da Lei de Drogas (artigo que, de logo, comina ao delito de uso de entorpecentes penas restritivas de direitos). Princípio segundo o qual somente a inexistência de um regramento específico em sentido contrário ao normatizado na Lei 11.343/2006 é que possibilitaria a aplicação da legislação comum. Donde a impossibilidade de se mesclar esse regime penal comum e o regime penal especificamente castrense, mediante a seleção das partes mais benéficas de cada um deles, pena de incidência em Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 5 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br postura hermenêutica tipificadora de hibridismo ou promiscuidade regratória incompatível com o princípio da especialidade das leis. 7. Ordem denegada. Cumpre destacar que, na hipótese, prevalece o Princípio da Especialidade do Direito Penal Militar, não havendo que se falar em revogação do art. 290, CPM pelo art. 28, Lei 11.343/06, motivo pelo qual é cabível a aplicação da pena privativa de liberdade prevista naquele dispositivo. Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. 2. Conceito de Direito Penal Militar Direito Penal Militar é um ramo do direito penal especializado, que leva em consideração os bens jurídicos hierarquia e disciplina, bem como a prontidão e a missão constitucional das Forças Armadas. 3. Aplicação da Lei Penal Militar O art. 1º, CPM não aponta nenhuma diferença fundamental entre o direito penal comum, repetindo o Princípio da Legalidade (art. 5º, XXXIX, CRFB). CPM, Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. CRFB, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; O art. 3º, CPM, no entanto, traz uma questão peculiar. Como a regra é não haver crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal – incluem-se no conceito de pena as medidas de segurança –, o referido dispositivo só tem aplicação se a lei nova for benéfica ao tempo da sentença ou da execução, pois o art. 5º, XL, CRFB dispõe que a lei penal só retroagirápara beneficiar o réu. Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 6 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br CPM, Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução. CRFB, Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: No entanto, de acordo com o entendimento doutrinário, o art. 3º, CPM não foi recepcionado pela CRFB/88, por afrontar o referido dispositivo constitucional que veda a retroatividade gravosa1. 3.1. Retroatividade da Lei Benéfica Está prevista no art. 2º, parágrafo 1º, CPM. O caput prevê a abolitio criminis, sendo ambos os casos semelhantes ao previsto no Código Penal comum. Art. 2º, §1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica- se retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível. O art. 2º, parágrafo 2º, CPM traz uma regra expressa de vedação à combinação de leis, sendo bastante importante, pois esta questão é bem oscilante na jurisprudência com relação ao direito penal comum por o CP comum não fazer qualquer ressalva, sendo, a tendência, a inadmissibilidade, ante a violação da Separação dos Poderes. Art. 2º, §2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato. 3.2. Hibridismo Penal O estupro é crime hediondo, no entanto, o estupro militar não se enquadra nesta categoria, por não estar previsto no rol da Lei 8.072/90, não sendo aplicados os rigores desta legislação a este. O mesmo entendimento se aplica no caso de homicídio militar. 1 Em provas, abordado o tema à luz da doutrina, deve-se sustentar que o artigo não foi recepcionado. Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 7 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 1998) Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou consumado. (Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) O STF, neste ponto, vem se posicionando no sentido de que, se os crimes hediondos têm rol taxativo, como o sistema sancionatório militar é diverso do comum, aplica-se somente a regra da esfera castrense em qualquer conduta que assim se encaixe. Não admite, pois o hibridismo penal. 4. Leis Temporárias ou Excepcionais A regra a ser seguida é a mesma do Código Penal Comum, devendo-se observar o art. 4º, CPM. Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. A lei excepcional tem prazo predeterminado em seu texto e veda a retroatividade da lei penal mais benigna, aplicando-se a ultra-atividade gravosa igualmente no caso do direito penal militar. Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 8 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 5. Tempo do Crime No direito penal comum, a Teoria da Atividade rege o tempo do crime, sendo a mesma regra insculpida pelo art. 5º, CPM. Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado. A súmula 711, STF é aplicável no direito penal militar conforme entendimento dominante e do STM. STF, Súmula nº 711. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Um exemplo de aplicação da súmula em comento é no caso do crime de deserção, que é permanente para a orientação dominante, ou seja, enquanto durar a ausência, a conduta está sendo praticada, conforme entendem Jorge Cesar de Assis, Célio Lobão, Jorge Alberto Romeiro e o próprio STM. No entanto, o professor Cláudio Amim entende que o crime é instantâneo de efeitos permanentes, posição que deve ser adotada em provas da DPU, apesar de minoritária. 6. Lugar do Crime Diferentemente do CP comum (Teoria da Ubiquidade), o CPM adota um sistema misto, que concilia duas teorias, conforme disposto no art. 6º, CPM. Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação,bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida. Para crimes comissivos (1ª parte), adota-se a Teoria da Ubiquidade, enquanto para crimes omissivos (2ª parte), a teoria adotada é a da Atividade. 7. Aplicação da Lei no Espaço O art. 7º, CPM traz as regras da Territorialidade e da Extraterritorialidade da lei penal militar. Art. 7º Aplica-se a lei penal militar, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido, no todo ou em parte no território nacional, ou fora dele, ainda que, neste caso, o agente esteja sendo processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira. Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 9 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A territorialidade é moderada, ou seja, a lei penal militar é aplicável ao fato ocorrido no território nacional, respeitadas as convenções internacionais, reproduzindo o aplicável no direito penal comum. Já a extraterritorialidade é irrestrita no caso do CPM, sendo sempre incondicionada na esfera penal militar. Isto porque, a própria natureza da atividade militar e os bens jurídicos tutelados determinam, em nome do Princípio da Soberania, a aplicação da lei penal militar fora do território nacional, independentemente de o fato ter sido processado e julgado no estrangeiro. Exemplo: às tropas brasileiras em operações em outros territórios é aplicável a lei penal militar, tendo em vista que estes tipos de situações são bastante comuns na esfera castrense. O art. 7º, parágrafo 1º, CPM trata da extensão do território nacional de forma distinta da tratada pelo CP comum, pois inclui as embarcações de propriedade privada na categoria quando requisitadas sob comando militar, onde quer que se encontrem. Art. 7º, §1° Para os efeitos da lei penal militar consideram-se como extensão do território nacional as aeronaves e os navios brasileiros, onde quer que se encontrem, sob comando militar ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem legal de autoridade competente, ainda que de propriedade privada. O parágrafo 2º, do art. 7º, CPM dispõe, ainda, que no caso de aeronaves ou navios estrangeiros em local sujeito à Administração Militar aplica-se a lei penal militar brasileira, desde que o crime atente contra as Instituições Militares. Observa-se, pois, que ambos os requisitos devem ser preenchidos para que a lei penal militar seja aplicada ao território por extensão dos estrangeiros. Art. 7º, §2º É também aplicável a lei penal militar ao crime praticado a bordo de aeronaves ou navios estrangeiros, desde que em lugar sujeito à administração militar, e o crime atente contra as instituições militares. O art. 7º, parágrafo 3º, CPM traz o conceito de navio, sendo uma norma explicativa. Para o direito penal comum, a importância do conceito de navio é a definição da competência da Justiça Federal e, de acordo com o STF, considera-se navio embarcação de porte capaz de alcançar águas internacionais. Art. 7º, §3º Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio toda embarcação sob comando militar. Já para a Justiça Militar, navio é toda embarcação sob comando militar, incluídas as de porte incapaz de alcançar águas internacionais, em um conceito bem mais amplo que o adotado pelo direito comum. Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 10 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 8. Aplicação da Lei Militar em Relação às Pessoas 8.1. Conceito de Militar O art. 22, CPM tenta definir quem é militar para efeito de aplicação do direito penal castrense. Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar. No entanto, este conceito não é completo e é restrito, por não alcançar a totalidade da figura do militar. Isto porque apenas os incorporados, que são os que prestam serviço obrigatório, são enquadrados como militares, devendo-se fazer uma leitura combinada com o art. 3º, Lei 6.880/80, para que se incluam os militares previstos em seu rol (Estatuto dos Militares). Art. 3° Os membros das Forças Armadas, em razão de sua destinação constitucional, formam uma categoria especial de servidores da Pátria e são denominados militares. § 1° Os militares encontram-se em uma das seguintes situações: a) na ativa: I - os de carreira; II - os incorporados às Forças Armadas para prestação de serviço militar inicial, durante os prazos previstos na legislação que trata do serviço militar, ou durante as prorrogações daqueles prazos; III - os componentes da reserva das Forças Armadas quando convocados, reincluídos, designados ou mobilizados; IV - os alunos de órgão de formação de militares da ativa e da reserva; e V - em tempo de guerra, todo cidadão brasileiro mobilizado para o serviço ativo nas Forças Armadas. b) na inatividade: I - os da reserva remunerada, quando pertençam à reserva das Forças Armadas e percebam remuneração da União, porém sujeitos, ainda, à prestação de serviço na ativa, mediante convocação ou mobilização; e II - os reformados, quando, tendo passado por uma das situações anteriores estejam dispensados, definitivamente, da prestação de serviço na ativa, mas continuem a perceber remuneração da União. lll - os da reserva remunerada, e, excepcionalmente, os reformados, executado tarefa por tempo certo, segundo regulamentação para cada Força Armada.(Redação dada pela Lei nº 9.442, de 14.3.1997) (Vide Decreto nº 4.307, de 2002) Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 11 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br § 2º Os militares de carreira são os da ativa que, no desempenho voluntário e permanente do serviço militar, tenham vitaliciedade assegurada ou presumida. De acordo com o Estatuto dos Militares, os militares são os membros das forçasarmadas, encontrados nas seguintes situações: a) militares na ativa: a.1) militares de carreira: voluntários concursados e de serviço permanente (art. 3º, parágrafo 2º, Lei 6.880/80). Art. 3º, § 2º Os militares de carreira são os da ativa que, no desempenho voluntário e permanente do serviço militar, tenham vitaliciedade assegurada ou presumida. a.2) militares incorporados nas Forças Armadas: prestadores de serviço militar obrigatório, com vínculo temporário. Incluem-se, pois, nesta categoria, os médicos e dentistas. a.3) alunos de escola de formação: são os matriculados nos órgãos de formação, tratando-se de vínculo precário. a.4) componentes da reserva quando convocados: nesta hipótese, tornam-se militares na ativa. a.5) todo cidadão mobilizado para o serviço das Forças Armadas em tempo de guerra: qualquer pessoa mobilizada para o serviço ativo em tempos de guerra. 2º Horário Observação1: o art. 6º, Lei 6.880/80 deve ser combinado com o conceito de militares da ativa (art. 3º, parágrafo 2º, Lei 6.880/80), pois traz expressões sinônimas, o que é importante para a definição do crime militar. Art. 6º São equivalentes as expressões "na ativa", "da ativa", "em serviço ativo", "em serviço na ativa", "em serviço", "em atividade" ou "em atividade militar", conferidas aos militares no desempenho de cargo, comissão, encargo, incumbência ou missão, serviço ou atividade militar ou considerada de natureza militar nas organizações militares das Forças Armadas, bem como na Presidência da República, na Vice-Presidência da República, no Ministério da Defesa e nos demais órgãos quando previsto em lei, ou quando incorporados às Forças Armadas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.215-10, de 31.8.2001) Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 12 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Observação2: Militar agregado enquadra-se como militar na ativa, apesar de não estar em serviço na esfera militar. Exemplo: militar em licença sem vencimentos para tratar de assuntos particulares. O STJ, no Conflito de Competência 85.607/SP, e o STM, no Recurso em Sentido Estrito 2009.01.00.7617-0/RJ, corroboram o entendimento exposto. Recurso em Sentido Estrito (FO) Nº 0000057-90.2008.7.01.0301 (2009.01.007617- 0) - RJ Situação: Restituído ao Juízo de origem Ministro(a) Relator(a): JOSÉ COÊLHO FERREIRA Recorrente(s): FLÁVIO SOUZA DOS SANTOS VAZ SARDINHA, 1º Ten Mar. Recorrido(a): A Decisão do Conselho Especial de Justiça da 3ª Auditoria da 1ª CJM, de 01/12/2008, proferida nos autos do Processo nº 65/08-7, que rejeitou a arguição de incompetência da Justiça Militar da União para processar e julgar o Recorrente. RECURSO CRIMINAL CONTRA DECISÃO QUE REJEITOU A ARGUIÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. CRIME DE HOMICÍDIO PRATICADO POR MILITAR DA ATIVA CONTRA MILITAR NA MESMA SITUAÇÃO. CONFLITO.DE COMPETÊNCIA PELO JUÍZO DA 3ª AUDITORIA DA 1ª CJM JUNTO AO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. I – Deve ser considerado militar da ativa, para o fim de aplicação do art. 9º do CPM, aquele agregado nos termos dos arts, 80 a 85, ambos da Lei 6.880/1980. (...) Recurso Criminal conhecido e improvido, com encaminhamento de Decisão ao Relator do Conflito de Competência nº 101316/RJ, em trâmite no colendo STJ. Decisão Majoritária. CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 85.607 - SP (2007/0109118-2) RELATOR : MINISTRO OG FERNANDES EMENTA CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PROCESSUAL PENAL. CRIME PRATICADO POR MILITAR EM ATIVIDADE CONTRA MILITAR EM IDÊNTICA SITUAÇÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR. 1. Compete à Justiça Militar processar e julgar crime praticado por milita em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado (art. 9º, inciso II, alínea "a", do Código Penal Militar). 2. Militar em situação de atividade quer dizer "da ativa" e não "em serviço", em oposição a militar da reserva ou aposentado. 3. Precedentes do STJ e do STF. 4. Conflito conhecido para declarar competente a Justiça Militar, juízo suscitante. b) militares inativos: para efeitos penais são considerados “civis”, ou seja, não militares da ativa, não sendo aplicado a eles o direito penal militar. Podem ser: Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 13 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br b.1) reserva remunerada: é aquele que ainda tem condições de saúde e idade para retornar ao serviço militar, por ter vínculo de remuneração. b.2) reformado: é o militar que não tem mais idade ou saúde para retornar ao serviço militar, apesar de ter vínculo remuneratório. b.3) executando tarefa por tempo certo: são os militares da reserva remunerada ou reformados que retornam para a execução de tarefa civil por tempo certo. Acumulam o salário da reserva remunerada ou reforma com o de execução da referida tarefa. 8.2. Defeito de Incorporação Está previsto no art. 14, CPM e pode ter duas fontes, quais sejam, o erro da Administração Militar e o comportamento doloso do próprio sujeito que será incorporado. Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar, salvo se alegado ou conhecido antes da prática do crime. Exemplo: caso do arrimo, que não se declara como tal e é incorporado por comportamento doloso ou quando assim se declara, a Administração desatentamente o incorpora. Este defeito impede que o sujeito seja considerado militar se o erro foi provocado pela Administração Militar, excluindo a aplicação da lei penal militar, o que caracteriza a atipicidade de crimes militares, como de deserção e de insubmissão. No entanto, no caso de erro causado por dolo do próprio sujeito, o defeito de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar. Nesse sentido, é o entendimento do STM (vide apelação 2007.01.05.0760- 6/RJ). Apelação (FE) Nº 2007.01.050760-6 - RJ Situação: Arquivado Ministro(a) Relator(a): SERGIO ERNESTO ALVES CONFORTO Ministro(a) Revisor(a): MARIA ELIZABETH GUIMARÃES TEIXEIRA ROCHA Apelante(s): THIAGO VASCONCELLOS PATRIOTA, Sd Ex, condenado à pena de 06 meses de detenção, como incurso no art. 187 do CPM, com o direito de apelar em liberdade. Apelado(a): A Sentença do Conselho Permanente de Justiça da 4ª Auditoria da 1ª CJM, de 03/09/2007. ADVOGADOS: Drs. Lamartine Rodrigues de Barros e Ricardo José Silva de Andrade. Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumoelaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 14 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Decisão: Em 13/05/2008, O Tribunal, por unanimidade, negou provimento ao Apelo defensivo, mantendo, integralmente, a Sentença hostilizada. I – A situação do apelante está bem definida no art. 14, do CPM que assim estabelece: (...) II – Com efeito, não permite a Lei que o alistado guarde seus vícios e os admita quando da incorporação para usá-los em detrimento da obrigação de servir à Pátria, quando bem lhe interessa. (...) Recurso não provido por decisão uniforme. 8.4. Reserva das Forças Armadas O art. 4º, Lei 6.880/80 arrola as pessoas consideradas reserva das Forças Armadas. Art. 4º São considerados reserva das Forças Armadas: I - individualmente: a) os militares da reserva remunerada; e b) os demais cidadãos em condições de convocação ou de mobilização para a ativa. II - no seu conjunto: a) as Polícias Militares; e b) os Corpos de Bombeiros Militares. § 1° A Marinha Mercante, a Aviação Civil e as empresas declaradas diretamente devotada às finalidades precípuas das Forças Armadas, denominada atividade efeitos de mobilização e de emprego, reserva das Forças Armadas. § 2º O pessoal componente da Marinha Mercante, da Aviação Civil e das empresas declaradas diretamente relacionadas com a segurança nacional, bem como os demais cidadãos em condições de convocação ou mobilização para a ativa, só serão considerados militares quando convocados ou mobilizados para o serviço nas Forças Armadas. Não se deve confundir, pois, o militar de reserva remunerada, que é o militar inativo, com os reserva das Forças Armadas, conforme se observa. 8.5. Competência da Justiça Militar Na esfera federal, os militares propriamente ditos são os militares das Forças Armadas e da ativa. Os demais são considerados não militares, “civis”. A Justiça Militar da União julga os crimes militares definidos em lei, por militares da ativa e não militares, de acordo com o art. 124, CRFB. Já o art. 125, Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 15 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br parágrafo 4º, CRFB dispõe que a Justiça Militar Estadual só julga os crimes militares praticados por militares estaduais. CRFB, Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. CRFB, Art. 125, § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Neste contexto surge uma controvérsia. Para o STF o militar estadual não é militar propriamente dito no contexto da Justiça Militar da União – é “civil” – (vide CC 7051/SP2), pois o art. 42, CRFB não autoriza concluir pela equiparação aos militares das Forças Armadas. CRFB, Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) CC 7051 / SP - SÃO PAULO CONFLITO DE COMPETÊNCIA Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA Julgamento: 17/04/1997 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJ 09-03-2001 PP-00103 EMENT VOL-02022-01 PP-00098 EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA ESTADUAL COMUM E JUSTIÇA MILITAR. CRIME DE LESÕES CORPORAIS LEVES - AGENTES: CONSCRITOS DO EXÉRCITO BRASILEIRO - VÍTIMA: PRAÇA DA POLÍCIA MILITAR. 1. Praça da Polícia Militar, em serviço, procedendo à revista de dois conscritos do exército, de folga, fora da área de administração militar, veio a ser agredido física e moralmente por estes, resultando lesões corporais leves. 2. A leitura do artigo 42 da Constituição Federal não autoriza o intérprete a concluir pela equiparação dos integrantes das Polícias Militares Estaduais aos Componentes das Forças Armadas, para fins de Justiça. 3. Impossibilidade de enquadramento no artigo 9º e incisos, do Código Penal Militar, que enumera, taxativamente os crimes de natureza militar. Precedentes da Corte. Conflito conhecido, assegurada a competência da Justiça Comum. 2 Este julgado é de 1997, proferido antes da reforma de 1998, mas foi publicado em 2001, mantendo-se esta orientação até os dias atuais, visto que não houve qualquer decisão em contrário após. Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 16 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br No entanto, para o STM, o militar estadual é militar propriamente dito, tendo em vista que o art. 142, CRFB não recepcionou o art. 22, CPM. O STJ, em decisão recente, parece estar acompanhando a orientação do STM, contrária ao STF. Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer pessoa que, em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, para nelas servir em posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar. Observação: a tendência do STM é tentar considerar ao máximo o alcance da Lei Penal Militar, enquanto a do STF é de mitigar o máximo possível a competência da Justiça Castrense. 8.6. Militares Estrangeiros O art. 11, CPM prevê que o militar estrangeiro em comissão ou em estágio nas Forças Armadas submete-se à lei penal militar brasileira, salvo disposição em contrário em tratados e convenções internacionais, pois a Teoria adotada é a Temperada. Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças armadas, ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados ou convenções internacionais. 8.7. Brasileiros à Luz do CPM O art. 26, CPM traz uma norma explicativa, indicando que brasileiro e nacional são tidos como brasileiros, pois o art. 12, CRFB utiliza o termo “brasileiro” para incorporar os natos e os naturalizados. CPM, Art. 26. Quandoa lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional", compreende as pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil. Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) II - naturalizados: Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 17 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) O assemelhado (art. 21, CPM) era o servidor público civil que tinha algumas prerrogativas militares por atuar nas Forças Armadas e sujeitava-se ao CPM, pois era tratado como equiparado a militar. Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou regulamento. Todavia, este enquadramento não mais existe, motivo pelo qual os servidores civis que trabalham nas forças armadas não são mais equiparados aos militares para efeitos de aplicação da lei penal militar. 8.8. Comandante X Superior Comandante, segundo o CPM, é qualquer autoridade com função de direção (art.23, CPM), mas somente pode assim ser considerado aquele que seja militar. Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar, toda autoridade com função de direção. O art. 34, Lei 6.880/80 traz o conceito de comando, que não é o cargo, mas o dever, autoridade e responsabilidades recebidas pelo militar (conceito amplo) que dirige outros militares sob seu comando, o que se aplica ao comandante. Art. 34. Comando é a soma de autoridade, deveres e responsabilidades de que o militar é investido legalmente quando conduz homens ou dirige uma organização militar. O comando é vinculado ao grau hierárquico e constitui uma prerrogativa impessoal, em cujo exercício o militar se define e se caracteriza como chefe. Desta forma, não é o cargo que atribui a aplicação da lei penal, mas a função de comando. Superior, conforme prevê o art. 24, CPM, é o militar que exerce autoridade sobre outro em razão da função que desempenha. Não é comandante necessariamente, podendo os militares ser de igual função, em uma relação de hierarquia por antiguidade. Direito e Processo Penal Militar Data: 08/11/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 18 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar. 9. Crime Militar Na esfera do direito penal militar, o sistema não é bipartite, como ocorre no direito penal comum (divisão entre crimes e contravenções). Isto porque o direito penal militar apenas incide sobre os crimes militares (art. 19, CPM), ficando as transgressões disciplinares a cargo dos regulamentos disciplinares. Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares. 9.1. Classificação Doutrinária 9.1.1. Doutrina Tradicional3 A doutrina tradicional classificava os crimes militares em três grupos, quais sejam, crimes essencialmente militares (próprios), crimes militares por compreensão natural da função militar (impróprios) e crimes acidentalmente militares. a) crimes essencialmente militares: são aqueles em que a condição de militar4 é essencial ao tipo penal, o bem jurídico tutelado é inerente à vida militar e estranho à sociedade civil. Exemplos: deserção e insubordinação. b) crimes militares por compreensão natural da função militar: o bem jurídico em si não é exclusivo das Forças Armadas, sendo comuns às esferas militar e civil, mas são considerados crimes militares por serem praticados por militar da ativa. Exemplos: crime contra o patrimônio e contra a integridade corporal. c) crimes acidentalmente militares: somente podem ser praticados por civis, quando o fato for praticado em detrimento das instituições militares ou contra a ordem administrativa militar. Exemplo: pensionista de militar morre e parente continua recebendo a pensão até a Administração Castrense descobrir, praticando estelionato contra a ordem administrativa militar. 3 Esta classificação é o ponto de partida das demais desenvolvidas. 4 Toda vez em que o termo “militar” for utilizado, estar-se-á fazendo referência aos militares da ativa, como visto anteriormente.
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