direito e literatura

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DIREITO E LITERATURA II
AULA 3
Direito e Literatura: Prólogo
Houve um tempo em que a justiça era poética, quando os debates acadêmicos e sociais se desenvolviam em um ambiente de paixão, hoje abandonado pela crescente burocratização do papel desempenhado pelos pesquisadores em nossas universidades e pelos operadores do Direito na praxis jurídica.
É necessário que resgatemos esta vibrante época inicial, deixando de lado os rigores da interpretação tecnicista e engessada, lançando um olhar externo sobre o Direito e o Estado, capaz de desvelar as expectativas que a sociedade possui acerca da Carta Fundamental.
Direito e Literatura: Prólogo
Ora, o belo e o lírico da Literatura não se dão sobre mundos e fatos novos, mas sim sobre novas observações acerca destes mesmos mundos e fatos (c. Verne). 
A proposta não é a criação de um novo sistema jurídico-constitucional, e sim de uma nova observação, que seja capaz de recriá-lo por força de seus próprios elementos, recriando-se, também, o próprio sistema social. 
Todo legislador e decisor judicial seriam poetas do mundo.
... E o Direito encontra a Literatura!
“Não me interessa mais do Direito a ciência”. (Goethe, in Fausto).
 A literatura vem permeando uma série de juristas, notadamente aqueles desapegados e, talvez, despontados, com as fórmulas clássicas de análise da ciência jurídica, quaisquer que sejam elas.
 Um dos grandes fatores desse fastio se deve, em grande parte, ao abandono da humanidade no Direito, ou a profanação do sagrado feita pelos operadores jurídicos hodiernos (V. a Justiça na Revolução Francesa)
... E o Direito encontra a Literatura!
Há uma enorme sensação de distanciamento entre o texto e a praxis, muito mais sentida pelos seu tutelados (o cidadão comum).
O sentimento de descompasso entre a expectativa sobre a norma positivada e a expectativa de seu (des)cumprimento gera um mecanismo reflexivo de alta complexidade: a expectativa de expectativas!
 Os problemas e incertezas resultam, muitas vezes, em um movimento paradoxal, como, por exemplo a pena de morte para o crime de homicídio, nada mais que um sentimento ancestral e primitivo de vingança (Lei de Talião) 
... E o Direito encontra a Literatura!
Temos, assim, um quadro de iaptidão e desapontamento tanto da ciênncia jurídica, como das pessoas em relação ao simbolismo que o Direito representa na sociedade.
Neste contexto o Direito passa a funcionar em um tempo distanciado do tempo social, repetindo e entronizando o passado, esquecendo de seu maior papel: a construção do futuro.
 Neste contexto....
Direito e Literatura
A relação entre Direito e Literatura surge como uma forma diversa de abordagem da ciência do Direito, suplantando o modelo positivista, procurando novas formas de observação transdisciplinar (observação externa, de segundo grau), visando a constatação e a superação do distanciamento temporal para com a sociedade na qual se insere.
Direito e Literatura
Ligações entre Direito e Literatura:
1 – A primeira, vista em muitas obras, retrata os conflitos advindos das relações processuais e das violações de direitos, com suas consequentes cargas de justiça/injustiça. Exs.: O Processo, de Kafka; A Condenação de Sócrates, descrita por Platão; como também a percepção da sociedade sobre a atuação e postura dos profissionais do Direito, como nas obras de John Grishan.
Direito e Literatura
2 – A segunda ligação em muitas outras obras que questionam a validade de uma norma jurídica e o porquê de sua (des)obediência, como em Crime e Castido, de Dostoievski, e até mesmo em uma concepção da Bíblia como texto literário, o episódio do pecado original do Velho Testamento.
Direito e Literatura
Percebemos que, embora a literatura sempre utilize temas jurídicos para criar obras literárias, o sistema jurídico, em regra, não faz o reverso, socorrendo-se na Literatura para tomar decisões
É raro a jurisdição, especialmente a brasileira, tomar emprestada as observações proporcionadas pela literatura para suas análises e sentenças,