Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 ANTROPOLOGIA MARCONI, Maria de Andrade. Antropologia: uma introdução. 6.ed. – 3. reimpr.- São Paulo: Atlas, 2007. O Termo Antropologia deriva do grego άνθρωπος anthropos, (homem / pessoa) e λόγος (logos - razão / pensamento) é a ciência preocupada em estudar o homem e a humanidade de maneira totalizante, ou seja, abrangendo todas as suas dimensões. É uma ciência social que estuda o homem. Preocupa-se em conhecer cientificamente o ser humano em sua totalidade. Antropologia do Direito Fonte: Rouland, Norbert – L’Anthropologie Juridique. Paris: PUF, 1990 Estudos de como cada grupo compreende e pratica “direito” e “justiça” no conjunto de seus mecanismos de regulação. São analisados discursos (orais e/ou escritos), práticas e representações que podem ser considerados “jurídicos” pelo próprio grupo ou estar incluídos em outros sistemas de controle social, como a moral e a religião. 3 OBJETO DE ESTUDO A Antropologia como ciência do biológico e do cultural tem seu objeto de estudo: o homem e suas obras. O objeto da antropologia engloba o conhecimento de sociedades humanas, letradas ou ágrafas, ex- tintas ou vivas, existen-tes nas várias regiões da Terra. O antropólogo tem a tarefa de explicar os princípios da formação e do desen- volvimento das socieda-des e culturas humanas. Toda investigação antropo- lógica vale-se do método comparativo em busca de respostas para os por quês, na tentativa de compreender as seme- lhanças e as diferenças físicas, psíquicas, cultu- rais e sociais entre os grupos humanos. Exemplo: brancos e negros; língua diversifica-das; a indumentária do ín-dio e do não-índio; o culto do sol e a presença da pirâmide no Egito e nas civilizações pré- colombia-nas... 4 OBJETIVO DA ANTROPOLOGIA A Antropologia fixa como seu objetivo o estudo da humanidade como um todo, visando ao homem como expressão global – biopsicocultural – isto é, o homem como ser bio- lógico pensante, produtor de culturas e participante da sociedade, tentando chegar, assim, à compreen- são da existência humana. # Antropologia e Sociologia • Antropologia – estuda como esses valores/culturas são criados a partir de fatores históricos presentes na relação com a natureza (com o meio) e com outros homens em termos de sobrevivência • Sociologia – estuda as consequên-cias e implicações sociais e políticas destes valores e condutas. Antropologia Jurídica A Antropologia Jurídica estuda as lógicas que comandam os “proces- sos de juridicização” próprios de cada sociedade, através da análise de discursos (orais e/ou escritos), práticas e/ou representações. Antropologia Jurídica “Processos de juridicização” envolvem a importância que cada sociedade atribui ao direito no conjunto da regu-lação social, qualificando (ou desqua-lificando), como jurídicas, regras e comportamentos já incluídos em outros sistemas de controle social, tais como a moral e a religião. (Norbert Rouland) • Ex: Ambiente universitário: quais práti- cas/condutas podem ser ou não juridici- zadas ao longo do tempo? A Antropologia Jurídica mostra que costumes, mais que leis positivas, animam as relações sociais. O ser humano busca sentidos para a sua existência e isso se dá através das dimensões do sensível e do invisível, as quais são contempladas, no campo científico, primordialmente pela Antro-pologia, Filosofia e Psicologia. Um Direito que realmente privilegie a compreensão do ser humano precisa dialogar com essas áreas. Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer A CONTRIBUIÇÃO DE DURKHEIM, WEBER E MARX KARL MARX Não escreveu especifica- mente sobre o direito Sua teoria sobre o conflito estabelece relações entre o direito, Estado, economia e sociedade. Utilizando-se do método do materialismo histórico e dialético, constrói uma teo- ria social onde encontramos uma visão do direito. KARL MARX No modo de produção capitalista, a classe detentora dos meios de produção impõe seus interesses à classe prole- tária. Essa infraestrutura econô- mica condiciona a super- estrutura jurídico-estatal a fim de manter a dominação de classe. O direito e o Estado apare- cem como instrumento de coerção da classe dominan- te, servindo à imposição de sua ideologia. DURKHEIM Utiliza na SJ o método funcio- nalista que emprega na sociologia. Enfatiza a estabilidade e a durabilidade do direito enquanto organização social. Direito: símbolo da coesão social DURKHEIM Dois tipos de direito: repres- sivo numa sociedade concre- tizada em interesses e valores compartilhados pelos mem- bros da sociedade: solidarie- dade mecânica Restitutivo: numa sociedade estruturalmente diferenciada por funções especializadas: solidariedade orgânica A passagem de uma a outra se faz pela divisão do trabalho MAX WEBER Desenvolveu uma Sociologia do Direito de caráter histórico, analisando as diver- gências metodológicas entre a dogmática Jurídica e a sociologia. Entende a sociologia a partir da metodo- logia compreensiva. Demonstra a diferença entre o método sociológico o jurídico-dogmático: o se- gundo visa estabelecer a coerência lógica das proposições jurídicas. A primeira no plano do que é e a segunda no plano do dever-ser. Utiliza-se de tipos ideais, sendo o direito racional/formal, que combina a previ- sibilidade com os critérios de decisão do sistema jurídico considerado e o direito racional/material que apela para sistemas exteriores (religiosos, ético, político) ao jurídico nos processos decisórios Ponto fundamental Ele se manifesta como uma das realidades obser-váveis na sociedade O DIREITO É UM FATO SOCIAL Sua criação evolução e aplicação FATORES SOCIAIS INTERESSES SOCIAIS FORÇAS SOCIAIS ÚNICA FONTE DO DIREITO a vontade do gru-po social “FATOS DO DIREITO” a manifestação não depende da lei es- crita, mas sim da sociedade que pro- duz estes fatos e cria relações jurídi-cas (Ehrlich) QUESTÕES A sociologia do direito ou jurídica constitui um ramo do direito ou da sociologia ? Existem duas maneiras diferentes de trabalhar, na sociologia do direito, a pers- pectiva do sociólogo e a do jurista ? Sociologia Jurídica: estudo das dimensões sociológicas das normas jurídicas feito preferencialmente pelos juristas. Sociologia do Direito : ramo da sociologia que tem como objeto de estudo o direito. Leitura sociológica do direito feita preferen- cialmente pelos sociólogos SOCIOLOGIA DO DIREITO – OU SOCIOLOGIA JURÍDICA ? Tentativas de unificar as duas perspectivas : o sociólogo do direito realiza uma análise externa daquilo que é considerado como direito pelo ponto de vista da dogmática jurídica A sociologia jurídica tem os dois aspectos : o interno e o externo. Não se pode ignorar nenhum deles. OUTRAS CONCEPÇÕES DA SOCIOLOGIA JURÍDICA Positivismo Evolucionismo Outros autores utilizam os dois termos como sinônimos Jurista : pode pecar pelo pouco conheci- mento sociológico e por uma tendência a justificar o sistema jurídico. Sociólogo: desconhece completamente o direito (Carbonnier – Souto e Souto) OUTRA DISTINÇÃO: Sociologia do direito pura: explica o sistema jurídico através da teoria sociológica. Sociologia do direito aplicada: estudo do sistema jurídico com a finalidade de ajudar o legislador e os profissionais do direito a tomarem melhoresdecisões. ( Rehbinder) DUAS ABORDAGENS ABORDAGEM POSITIVISTA ABORDAGEM EVOLUCIONISTA SOCIOLOGIA DO DIREITO SOCIOLOGIA NO DIREITO ABORDAGEM POSITIVISTA (Sociologia do Direito) é um estudo sociológico, colo- cando-se numa perspectiva exter- na ao sistema jurídico. a sociologia do direito faz parte das ciências sociais. O direito tem seu método tradicional e sua autonomia. considera que a sociologia jurídi- ca não pode ter participação ativa dentro do direito. o direito é “a lei e as relações entre as leis” (Kelsen). Tudo o mais fica fora da ciência jurídica. ABORDAGEM POSITIVISTA (Sociologia do Direito) a sociologia jurídica pode estudar e criticar o direito, mas não pode ser parte integrante desta ciência. também são excluídas do direito, a filosofia do direito, a história do direito, a criminologia e a psicologia jurídica. a aplicação imparcial do direito é possível e constitui uma garantia para todos. As indagações sociológicas sobre o direito são muito interessantes mas não podem intervir na aplicação do mesmo ABORDAGEM EVOLUCIONISTA (Sociologia no Direito) adota uma perspectiva interna com relação ao sistema jurí-dico, pois a sociologia jurídica deve interferir ativamente na elaboração, no estudo dogmá- tico e inclusive na aplicação do direito. não há ciência jurídica autô- noma porque o direito deve em- pregar métodos próprios das ciências sociais. é uma ruptura com o conceito kelseniano de que o direito é “a norma e as relações entre as normas”. coloca em dúvida a suposta neutralidade do jurista ABORDAGEM EVOLUCIONISTA (Sociologia no Direito) o jurista-sociólogo pode in- fluenciar o processo de elabo- ração das normas (que é incumbência do legislativo) e da doutrina ( os estudiosos do direito). pode influenciar também a apli- cação da lei, pois quando o conflito surge, o juiz e os outros profissionais do direito devem fazer interpretações levando em conta o ponto de vista social. o magistrado sempre faz juízos de valores e nunca aplica a lei de modo “puro” pois, nas suas decisões, projeta seus valores individuais, exprimindo sua visão de mundo. não existe neutralidade e o direito é uma forma de política. OUTRAS CONCEPÇÕES DA SOCIO- LOGIA JURÍDICA Questão fundamental : As duas abordagens colocam o problema da autonomia das ciências jurídicas e neutrali- dade do legislador e do interprete do direito. Positivismo Evolucionismo DEFINIÇÃO DE SOCIOLOGIA JURÍDICA A Sociologia Jurídica examina a influência dos fatores sociais sobre o direito e as incidências deste ultimo na sociedade, ou seja, os elementos de interdependência entre o social e o jurídico, realizando uma leitura externa do sistema jurídico. Em outras palavras : a Sociologia Jurídica examina as causas (sociais) e os efeitos (sociais) das normas jurídicas. O jurista so- ciólogo exa- mina as rela- ções entre o direito e a so- ciedade em três momen- tos Por que se cria uma norma jurídica ou um sistema jurídico? PRODUÇÃO Quais são as conse- quências do direito na vida social ? APLICAÇÃO DECADÊNCIA DA NORMA Quais são as causas sociais da “decadência” do direito que se manifesta por meio do desuso e da abolição de certas normas ou mesmo mediante a extinção de de- terminado sistema jurídico ? O jurista sociólogo analisa a interação entre o direito e a sociedade. Seu trabalho não é descrever como funciona internamente o sistema jurídico, mas sim o modo de atuação do direito na sociedade ou seja, o exame das relações recíprocas entre o sistema social global e o subsistema jurídico. OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA : MARX, DURKHEIM E WEBER OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: MARX, DURKHEIM E WEBER No século XIX, três pensadores desenvolveram teorias buscando explicar a sociedade capitalista: Karl Marx , Emile Durkheim que continuou o positivismo de Augusto Comte e Max Weber. Estes três pensadores são denominados os clássicos da Sociologia. Os Clássicos da Sociologia 1818-1883 1858-1917 1864-1920 A Sociologia ingressou na época do globalismo. [...] As três teorias sociológicas que mais influenciam as interpretações da globalização são o funcionalismo, o marxismo e a teoria weberiana. [...] Essas são três poderosas matrizes do pensamento científico na Sociologia, exercendo influências diretas e indiretas. Mesmo porque essas teorias nunca deixaram de contemplar o indivíduo, a ação social, o cotidiano e outras manifestações das diversidades da vida social. Estas teorias “fertilizam a maior parte de tudo o que se produz e se discute sobre as configurações e movimentos da sociedade global” Octavio Ianni Para que estudar os Clássicos? Qual a real importância de Marx, Dur- kheim e Weber? Têm somente um valor histórico para compreender o processo de forma-ção da sociologia? São fundamentais para compreender a sociedade atual? Têm apenas um valor didático ou realmente são importantes para a compreensão da vida social moderna? O estudo da realidade brasileira no contexto do capitalismo global não dispensa o estudo da teoria social clássica senão corre-se o risco de precisarmos reinventar continuamente a roda. Mas, por outro lado, não devemos transformar os textos clássicos numa espécie de bíblia sagrada pretendendo aplicar as análises da realidade social europeia do século XIX para compreender a realidade social brasileira e mundial do século XXI. Proposta para o ensino das Ciências Sociais – Nilson Nobuaki Yamzauti, REA,27/03/2010 “Considero clássico um escritor ao qual possamos atribuir as seguintes caracteristicas: Que seja considerado interprete autêntico e único de seu tempo, cuja obra seja utilizada como instrumento indispensável para compreendê-lo. Que seja sempre atual, de modo que cada época, ou mesmo cada geração, sinta a necessidade de relê-lo e, relendo-o, de reinter-pretá- lo. Que tenha construído teorias- modelo das quais nos servimos continuamente para compreender a realidade, até mesmo uma realidade diferente daquela a partir da qual as tenha derivado e à qual as tenha aplicado, e que se tornaram, ao longo dos anos, verdadeira e próprias categorias mentais.” Norberto Bobbio, Teoria Geral de Política Do ponto de vista teórico: as obras dos clássicos possuem um valor muito maior do que os clássicos das rígidas ciências naturais. 1. POR QUE OS CLASSICOS? O principio da integração social O principio da coesão social O princípio da contradição coesão e equilíbrio Interesses e dominação Conflito e transformação Paradigma positivista- funcionalis-ta Paradigma compreen- sivo- hermenêuti- co Paradigma dialético- marxista PARADIGMA POSITIVISTA/FUNCIONALISTA ETAPAS AUTOR TEORIA Origem Augusto Comte Emile Durkheim Positivismo Funcionalismo Desenvolvimento Robert Merton Talcott Parsons Niklas Luhmann Jeffrey Alexander Richard Munch Análise funcional Estrutural-Funcionalismo Teoria sistêmica Neo-funcionalismo Origem Positivismo Funcionalismo Robert Merton Análise funcional Talcott Parsons Estrutural-Funcionalismo Niklas Luhmann Teoria sistêmica Jeffrey Alexander Neo-funcionalismo PARADIGMA POSITIVISTA/FUNCIONALISTAPARADIGMA COMPREENSIVO/HERMENEUTICO ETAPAS AUTOR TEORIA Origem Desenvolvimento Max Scheler Teoria Fenomenológica Max Weber Teoria Compreensiva Alfred Schutz Peter Berger/Thomas Luckman PARADIGMA COMPREENSIVO/HERMENEUTICO Origem Teoria Compreensiva Max Scheler Alfred Schutz Peter Berger/Thomas Luckman Teoria Fenomenológica Teoria Fenomenológica Teoria Fenomenológica PARADIGMA DIALÉTICO/MARXISTA ETAPAS AUTOR TEORIA Origem Desenvolvimento Lenin/Trotski/Stalin Karl Marx Materialismo Histórico Eduard Berstein/Karl Kaustsky Lucaks/Horkheimer/A dorno/Marcuse/ Benjamin/Fromm Marxismo Revisionista Marxismo Leninismo Marxismo Ocidental Origem Materialismo Histórico Eduard Berstein/Karl Kaustsky Marxismo Revisionista Lenin/Trotski/S talin Marxismo- Leninismo Lucaks/Horkheimer/Adorno/ Marcuse/Benjamin/Fromm PARADIGMA DIALÉTICO/MARXISTA Os Clássicos da Sociologia Emile Durkheim (1857 – 1917) Max Weber (1864 – 1920) Karl Marx (1818 – 1883) Objeto da Sociologia Método Classes Sociais Fato Social Ação Social Dialética Explicação Compreensão Social OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA EMILE DURKHEIM 1857-1917 BIBLIOGRAFIA BÁSICA GARCIA, Dirce Maria Falconi. O pensamento sociológico de Emile Durkheim. In Lemos Filho, Arnaldo. Sociologia Geral e do Direito. 5 ed. Campinas: Ed. Alinea, 2012 SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica: Marx, Durkheim e Weber. Petrópolis, Vozes, 2009 LEMOS FILHO, Arnaldo. Slides BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 1. COSTA, Cristina. Sociologia,uma introdução à Sociedade.3 ed.São Paulo: Editora Moderna, 2005 2. ARON, Raymond. As etapas do Pensamento Sociológico. Brasília, UNB,1980 3. QUINTANERO, Tânia. Um toque de clássicos. 2 ed. Belo-Horizonte: Ed. UFMG, 2004 4. CASTRO, Ana Maria, DIAS, Edmundo. Introdução ao pensamento sociológico. 9 ed. Rio de Janeiro, Eldorado,1987 CONCEITOS BÁSICOS FATO SOCIAL COERÇAO SOCIAL CONSCIÊNCIA COLETIVA DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO SOLIDARIEDADE MECÂNICA SOLIDARIEDADE ORGÂNICA DIREITO REPRESSIVO NORMAL E PATOLÓGICO DIREITO RESTITUTIVO SUICÍDIO ANOMIA 1. Contexto Histórico - Obras 2. Contribuições para a Sociologia 2.1. A preocupação em estabelecer um objeto e um método para a Sociologia 2.2. A preocupação em estabelecer normas que justifiquem a manutenção da sociedade capitalista 3. Conclusão ROTEIRO CONTEXTO HISTÓRICO Vivendo no período que vai da segunda meta- de do século XIX até o final da Primeira Guerra Mundial foi contemporâneo dos acontecimen- tos significativos do período Inicio da IIIª Republica na França O capitalismo consolidado e suas contradições Progresso tecnológico Produtividade nas fábricas Comuna de Paris(1871) Sindicatos - Greves No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a rei- vindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de tra- balho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. 8 de março de 1857 A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas). 8 de março de 1857 1871 Comuna de Paris foi o primeiro go- verno operário da história, fundado em 1871 na capital francesa por oca-sião da resistência popular ante à invasão alemã. A Comuna de Paris - considerada a primeira República Proletária da his- tória - adotou uma política de caráter socialista, baseada nos princípios da Primeira Internacional. O poder comunal manteve-se durante cerca de 40 dias. Seu esmagamento revestiu-se de extrema crueldade.. Em 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade rei- vindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA. No dia 3 de Maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de alguns manifestantes. No dia seguinte, 4 de Maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos policiais que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket Primeiro de maio de 1886 Três anos mais tarde, a 20 de Junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convo- car anualmente uma manifestação com o objetivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de Maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago Primeiro de maio de 1886 1891 Rerum Novarum : sobre a condição dos operários (em português Rerum Novarum significa "Das Coisas Novas") é uma encíclica escrita pelo Papa Leão XIII a 15 de Maio de 1891. Era uma carta aberta a todos os bispos, debatendo as condições das classes trabalhadoras.. A encíclica trata de questões levantadas du- rante a revolução industrial e as sociedades democráticas no final do século XIX. Leão XIII apoiava o direito dos trabalhadores formarem a sindicatos, mas rejeitava o socialismo e defendia os direitos à propriedade privada. Discutia as relações entre o governo, os negócios, o trabalho e a Igreja. Preocupa-se com o estabelecimento de uma nova ordem social Toda reforma social deve estar baseada no conhecimento prévio e científico da sociedade e não numa ação política Com amplo conhecimento das Ciências Naturais, passa a ver a sociedade como um imenso corpo biológico. CONTEXTO HISTÓRICO Procurou conhecer a sociedade cientificamente, com racionalidade, para que a ciência pudesse resolver as questões sociais Luta para provar que a Sociologia é uma ciência e que, por isso, deve ser neutra. Faz uma leitura conservadora da crise social do seu tempo, acreditando ser provocada pelo desregramento, que seria resolvida com a formação de instituições publicas capazes de se impor aos membros da sociedade e eliminar os conflitos CONTEXTO HISTÓRICO Nunca se utiliza da teorias das classes sociais, demonstrando uma tendencia a subestimar a importância dos fatoreseconômicos na compreensão da sociedade OBRAS PRINCIPAIS 1893- DA DIVISÃO DO TRABALHO SOCIAL 1895 AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO 1897 – o SUICÍDIO 1912- AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA 1ªcontribuição As Regras do Método Sociológico A preocupa- ção em esta- belecer para a Sociologia Objeto Método Fato Social Explicação Fato Social “ Fato social é toda maneira de fazer, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de cada sociedade tendo ao mesmo tempo existência própria, independente de suas manifestações individuais.” Fato social consiste em “maneiras coletivas de pensar, sentir e agir, exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõem” CARACTERÍSTICAS DO FATO SOCIAL GENERALIDADE EXTERIORIDADE COERCITIVIDADE por ser coletivo e estar presente em toda a sociedade por se apresentar fora do individuo por exercer uma força sobre o individuo, obri- gando-o a se con- formar com as maneiras de pen- sar, sentir e agir, Independente de qualquer filosofia, visando apenas o principio da causalidade Garantia da objetividade Um fato social só pode ser explicado por outro fato social Características do método MÉTODO MÉTODO Os fatos sociais devem ser tratados como coisas Regra fundamental A explicação científica exige que o pesquisador mantenha certa distância e neutralidade em relação ao fato a ser estudado. O sociólogo deve deixar de lado suas pré-noções, isto é, seus valores e sentimento pessoais. Não pode haver envolvimento afetivo ou interferência do sujeito em relação ao objeto. Enfatiza a posição de neutralidade e objetividade que o pes- quisador deve ter em relação à sociedade: deve descrever a realidade social sem deixar que suas ideias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais MÉTODO “O conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade forma um sistema que tem sua vida própria; podemos chamá- lo consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem por substrato um órgão único; é, por definição, difusa em toda extensão da sociedade” ( A Divisão do Trabalho Social) CONSCIÊNCIA COLETIVA CONSCIÊNCIA COLETIVA Trata-se da idéia do que seja o psíquico social. A consciência coletiva é objetiva (não vem de uma só pessoa), é exterior (é o que a sociedade pensa), age de uma forma coercitiva. A consciência coletiva manifesta-se nos sistemas jurídicos, nos códigos legais, na arte, na religião, nas crenças, nos modos de sentir, nas ações humanas. Existe difundida na sociedade e é interiorizada pelos indivíduos. É, de certo modo a moral vigente da sociedade. Para Durkheim, a sociedade è mais do que a soma dos indivíduos e o todo (a sociedade) prevalece sobre as partes (os indivíduos). Sendo um conceito muito abrangente, a partir de 1897, Durkheim passa a utilizar o conceito de “representações sociais” “A vida social é feita essencialmente de repre- sentações que são os estados de consciência coletiva, diferentes me natureza dos estados de consciência individual. Elas exprimem o modo pelo qual o grupo se concebe a si mesmo em suas relações com os objetos que os afetam. Ora o grupo está constituído de maneira diferente do indivíduo, e as coisas que o afetam são de outra natureza. Para compreender a maneira como a sociedade se vê a si mesma e ao mundo que a rodeia, é preciso considerar a natureza da sociedade e não a dos indivíduos” (“ As Regras do Método Sociológico) Representações Sociais 2ª contribuição A preocupação em estabe- lecer normas que justifiquem a manutenção da sociedade capitalista A Divisão do Trabalho Social Em sua obra A Divisão do Trabalho Social procura compreender as repercussões da divisão do trabalho e do aumento do individualismo na integração social. Durkheim tenta entender o funcionamento da sociedade da mesma forma que a Biologia entende o funcionamento de um corpo. Cada indivíduo tem uma função a cumprir que é importante para o funcionamento de todo o corpo social. A Divisão do Trabalho Social Daí o efeito mais importante da divisão do trabalho não é o seu aspecto econômico (aumento de produ- tividade) mas a integração e a união entre os mem- bros, que Durkheim denomina SOLIDARIEDADE. Quanto mais for especializada sua atividade, mais o membro de uma sociedade passa a depender dos outros membros. Divisão Social do trabalho vem a ser a especialização de funções entre os indivíduos de uma sociedade. A Divisão do Trabalho Social SOLIDARIEDADE SOCIAL SOCIEDADE PRE-CAPITALISTA SOCIEDADE CAPITALISTA Tradicional Não diversificada Pré-industrial Semelhanças de funções: união Simples Causa da coesão social: união Pouca divisão do trabalho Solidariedade mecânica Moderna Diversificada Industrial Especialização de funções: dependência Complexa Causa da coesão social: dependência Muita divisão do trabalho Solidariedade orgânica Solidariedade Mecânica •divisão do trabalho pouco desen- volvida •Não havia um grande número de es- pecializações •As pessoas se uniam não porque dependiam do trabalho das outras •mas porque tinham a mesma re- ligião, as mesmas tradições, os mes- mos sentimentos, os mesmos valores •consciência coletiva era forte e pe- sava sobre o comportamento de todos. •Predominava o Direito Repressivo (Penal) pois, o crime feria os sem- timentos coletivos. Solidariedade Orgânica •Há divisão de trabalho porque há mais especialização de funções.. •O que une as pessoas é a interdepen- dência das funções sociais. •A consciência coletiva é fraca pois é difusa, difundindo-se pelas diversas instituições •Predomina o Direito Restitutivo (Civil), pois, a função do Direito mais do que punir o criminoso, é restabelecer a ordem que foi violada. As causa sociais do aumento da divisão do trabalho nas sociedade complexas decorre de uma com- binação de fatores que envolvem : o volume popu- lacional e a densidade natural e moral da população Causas do aumento da divisão do trabalho um aumento do volume da população uma maior aproximação dos membros da sociedade no espaço físico uma maior comunicação e interdependên- cia dos indivíduos no espaço social Durkheim admite que a Solidariedade Orgânica é superior à Mecânica, pois ao se especializarem as funções, a individualidade de certo modo é ressaltada, permitindo maior liberdade de ação Segundo Durkheim, o aumento da diferen- ciação social e das especializações é fruto de um processo de evolução das sociedades mais simples e tradicionais para as sociedades modernas FATO PATOLÓGICO E ANOMIA •O crescente desenvolvimento da indústria e da tecnologia faz com que Durkheim tivesse uma visão otimista sobre o futuro do capitalismo. •O capitalismo é uma sociedade perfeita, pois, a maior divisão de trabalho aumenta a especialização de funções que aumenta a dependência, tendo maior solidariedade. •Como explicar os problemas sociais, tais como favela, criminalidade, suicídio, fome, miséria, poluição, desemprego? •A crise da sociedade é moral. Ou as normas estão falhando (fato patológico) ou há ausênciade nor-mas (anomia) A sociedade, como todo organismo, apresenta estados normais e patológicos, saudáveis e doentios. Fato Social Normal quando se encontra generalizado na sociedade ou desempenha alguma função social importante. Fato Social Patológico aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente Para Durkheim, um fenômeno quando agride os preceitos morais, pode ser considerado normal desde que encontrado na sociedade de forma generalizada desde que não coloque em risco a integração social.. Considerou o crime um fato social normal porque é encon- trado em todas as sociedades e serve de parâmetro para a sociedade. Se o crime põe em risco a integração social é considerado patológico ANOMIA Carência de regulamentação social, au- sência de regras sociais. As crises econô- micas e conflitos capital-trabalho se devem a uma situação de anomia.. Atribui essa crise moral às mudanças rápi- das ocorridas na sociedade no final do sé- culo XIX e ao descompasso entre o avan- ço material e as normas morais e jurídi- cas. Ao estudar o suicídio, refere-se ao suicí- dio anômico que acontece devido ao em- fraquecimento das regras morais. Tal estado de anomia se deve à própria sociedade que apresenta uma situação de desregramento levando os indivíduos a perderem a noção dos fins individuais e dos limites ANOMIA EM DURKHEIM Aparece na análise que Durkheim faz do suicídio: as causas do suicídio seriam sociais, dependendo do maior ou menor grau de coesão social. Três tipos de suicídio: EGOÍSTA Falta de integração ALTRUÍSTA Excesso de integração ANÔMICO Falta de limites e regras Direito e anomia a coesão é garantida por um conjunto de princípios, ou seja, uma moral e um conjunto de regras e normas, ou seja, o direito, porque todos se conhecem A função do direito é punir aquele que, com suas transgressão, ofende todo o conjunto. É o que conhecemos por direito penal. Sociedade simples Sociedade complexa Precisamos ser solidários não porque somos iguais mas porque somos dife- rentes. A falta, o rompi- mento da regra não afeta o coletivo e sim as pes-soas separadamente. A punição será dirigida para a devolução, `aquele que foi prejudicado, da-quilo que lhe foi tirado. É o direito restitutivo. CONCLUSÃO A Sociologia tem por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. Trata-se apenas de conhecer os seus problemas e de buscar uma solução científica para eles: curar as suas doenças. Os problemas sociais não se resolveriam dentro de uma luta política e sim através da ciência, ou seja, da Sociologia. Foi com Durkheim que a Sociologia passou a ser com- siderada propriamente uma ciência, dotada de um obje- to especifico, os fatos sociais, e de uma metodologia. A tarefa da Sociologia é compreender o funcio- namento da sociedade capitalista de modo objetivo, para observar, compreender e classificar as leis so- ciais, descobrir as que são falhas e corrigi-las por outras mais eficientes. Durlkheim, ao lado de Marx e Weber, representa uma contribuição importante para a Sociologia e para as Ciências Sociais de modo geral. Sua construção metodológica permanece obrigatória aos pesqui- sadores do campo social, CONCLUSÃO KARL MARX (1818- 1883) CONCEITO INICIAL – DIALÉTICA (não de maneira idealista, mas de maneira prática). O MUNDO É RESULTADO DA AÇÃO HUMANA. A PRIMEIRA CONDIÇÃO DE TODA A HISTÓRIA HUMANA, É JUSTAMENTE A EXISTÊNCIA HUMANA. FORÇAS PRODUTIVAS AÇÃO DO HOMEM SOBRE A NATUREZA; “Os homens não são livres árbitros de suas forças produtivas – base de toda a história, pois toda força produtiva é produto de uma atividade anterior.” (Marx) Homem natureza RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO Diz respeito ao modo como os homens se organizam entre si para produzir: as formas de apropriação das ferramentas e outros meios usados na produção, os mecanismos de tomada de decisão e de distribuição de riqueza gerada. Distribuição de riquezas A distribuição de riquezas é antes de mais nada a distribuição dos instrumen- tos de produção e a distribuição dos membros da sociedade pelos diferentes gêneros da produção. Superestrutura O conjunto das forças produtivas e das relações sociais de produção de uma sociedade, são sua base. E sobre esta base é que a sociedade vai construir suas instituições políticas e sociais. Superestrutura Infraestrutura KARL MARX (1818 – 1883) PARA MARX - AS CONDIÇÕES MATERIAIS DE TODA A SOCIEDADE CONDICIONAM AS DEMAIS RELAÇÕES . ? O estudo de qualquer sociedade deve partir das RELAÇÕES SOCIAIS que os homens estabelecem entre si para utilizar os meios de produção e transformar a natureza. As relações sociais de produção são a base que condiciona todo o resto da sociedade. IMAGINE A SEGUINTE SITUAÇÃO: Em uma empresa, o dono da fábrica é amigo de um dos funcionários. Em assembléia, os funcionários da fábrica decidem realizar uma greve para reivindicar melhores condições de trabalho e aumento de salário. Qual será a posição do funcionário que é amigo do dono da fábrica? Justifique Qual será a posição do dono da fábrica com relação ao funcionário que é seu amigo, caso ele decida participar da greve? Justifique. MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO O materialismo designa um conjunto de doutrinas filosóficas que, ao rejeitar a existência de um princípio espiritual liga toda a realidade à matéria e a suas modificações. Materialismo Histórico é uma tese do marxismo, segundo a qual o modo de produção da vida material condiciona o conjunto da vida social, política e espiritual. É um método de compreensão e análise da história, das lutas e das evoluções econômicas e políticas. método dialético são a tese, a antítese e a síntese. Tese = afirmação inical Antítese= oposição à tese Síntese = resultado do conflito entre tese e antítese OBJETIVO DE MARX: estudar a sociedade de seu tempo (sociedade capitalista) Sociedade capitalista = capitalista X proletários relação de produção é baseada na exploração SOCIEDADE CAPITALISTA É MARCADA PELA LUTA ENTRE DUAS CLASSES SOCIAIS: CAPITALISTAS x PROLETÁRIOS Como o capitalista enriquece? VENDE PRODUZ MAIS - VALIA Horas de trabalho excedente que são apropriadas pelo capitalista 8 horas de trabalho 6 horas de trabalho 2 horas de trabalho Pagamento de salário SEGUNDO MARX - acumulação de capital resulta do acumulo de mais-valia (parte que o trabalhador produz e que não lhe é paga) Tipos de Mais-Valia Absoluta – aumenta o lucro a partir do aumento das horas de trabalho do operário Relativa – utilização da tecnologia para aumentar a produção e o lucro, com o mesmo número de trabalhadores e mesmo salário Método – O PESQUISADOR NÃO DEVE SE LIMITAR À DESCREVER A REALIDADE SOCIAL, MAS DEVE PROCURAR IDENTIFICAR COMO ESSA REALIDADE SE PRODUZ E SE REPRODUZ AO LONGO DA HISTÓRIA MARX CIÊNCIA TEM UM PAPEL POLÍTICO Deve ser INSTRUMENTO DE TRANSFORMAÇÃO DA REALIDADE “Que as classes dominantes tremam à idéia de uma revolução comunista! Os proletários nada têm a perder a não ser suas algemas. Têm um mundo a ganhar. PROLETÁRIOS DE TODO OMUNDO, UNI-VOS!” (MARX, Karl e ENGELS, Friedrich, Manifesto do Partido Comunista - 1848) Karl Marx e a História da Exploração ●Marx (1818-1883) Materialismo Histórico Materialismo Histórico foi a corrente mais revolucionária do pensamento social, tanto no campo teórico como da ação política. Materialismo Histórico Marx parte do princípio de que a estrutura de uma sociedade qualquer reflete a forma como os homens organizam a produção social de bens. A produção social, segundo Marx, engloba dos fatores básicos: as forças produtivas e as relações de produção. A idéia de Alienação econômica Marx desenvolve o conceito de alienação mostrando que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção- ferrramentas, matéria-prima, terra e máquina-, que se tornam propriedade privada do capitalista. Separava, ou alienava, o trabalhador do fruto do seu trabalho, que também é apropriado pelo capitalista. Alienação Política Politicamente, também o homem se tornou alienado, pois o princípio da representatividade, base do Liberalismo, criou a idéia de Estado como um órgão político imparcial, capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado pelos indivíduos. Marx mostrou, entretanto, que na sociedade de classe esse Estado representa apenas a Classe dominante e age conforme o interesse desta. As Classes Sociais Marx identificou relações de exploração da classe dos proprietários- a burguesia - sobre a dos trabalhadores- o proletariado. Isso porque a posse dos meios de produção, sob forma legal de propriedade privada, faz com que os trabalhadores, a fim de assegurar a sobrevivência, tenham de vender sua força de trabalho ao empresário capitalista, que se apropria do produto do trabalho de seus operários. Relações sociais de produção Essas mesmas relações são também de oposição e antagonismo, na medida em os interesses de classe são inconciliáveis. O capitalista deseja preservar seu direito à máxima exploração do trabalho do operário, seja reduzindo os salários, seja ampliando a jornada de trabalho. O trabalhador, por sua vez, procura diminuir a exploração ao lutar por menor jornada de trabalho, melhores salários e participação nos lucros. A História A história do homem é, segundo Marx, a história da luta de classe, da luta constante entre interesse opostos, embora esse conflito nem sempre se manifeste socialmente sob a forma de guerra declarada. As divergências, oposições e antagonismo de classes estão subjacentes a toda relação social, nos mais diversos níveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento A Origem Histórica Do Capitalismo Segundo Marx, a Revolução industrial acelerou o processo de alienação do trabalhador dos meios e dos produtos de seu trabalho. O Salário No capitalismo a força de trabalho se torna uma mercadoria, algo útil, que se pode comprar e vender. O salário deve corresponder à quantia que permita ao operário alimentar-se, vestir- se,cuidar dos filhos, recuperar as energias e, assim, estar de volta ao serviço no dia seguinte.(reprodução das condições de subsistência do trabalhador e sua família). A mais - valia Uma coisa é o valor da força de trabalho, isto é, o salário, e outra é quanto esse trabalho rende ao capitalista. Esse valor excedente produzido pelo operário é o que Marx chama de mais-valia. A mais - valia Custo de um par de sapatos na jornada de trabalho de 3 horas Meios de produção + salário → 120 + 30 = 150 (100 moedas de matéria prima, mais 20 moedas com o desgaste dos instrumentos, mais 30 de salário diário pago a cada trabalhador). A mais - valia Custo de um par de sapatos na jornada de trabalho de 3 horas (numa jornada de 9h) Meios de produção + salário → 120 x 3 = 360 ; 360 + 30 = 390 ; 390 / 3 = 130 cálculo do valor dos três pares, a quantia investida em meios de produção também foi multiplicada por três, mas a quantia relativa ao salário – correspondente a um dia de trabalho – permaneceu constante. Desse modo o custo de cada par de sapatos se reduziu a 130 moedas. A mais - valia Acabamos de confirmar matematicamente que uma coisa é o valor da força de trabalho, isto é, o salário, e outra é o quanto esse trabalho rende à/ao capitalista. Esse valor excedente produzido pelo operário é o que Marx chama de mais-valia. As Relações Políticas As classes sociais não apresentam apenas uma diferente quantidade de riqueza, mas também posição, interesse e consciência diversa.Os indivíduos de uma mesma classe social partilham de uma situação de classe comum, que inclui valores, comportamentos, regras de convivência e interesses. As Relações Políticas Cada forma assumida pelo Estado na sociedade burguesa , seja sob forma de regime liberal, monárquico constitucional ou ditatorial, representam maneiras diferentes pelas quais ele se transforma no “comitê” para gerir os negócios comuns da burguesia. (K. Marx e F Engels Manifesto do Partido Comunista) OS CLASSICOS DA SOCIOLOGIA MAX WEBER 1864-1920 BIBLIOGRAFIA ANDRADE, Thales. O pensamento sociológica de Max Weber. In Lemos Filho, Arnaldo. Sociologia Geral e do Direito. 3ªedição.Campinas: Ed Alinea, 2008 LEMOS FILHO, Arnaldo. Slides 1.COSTA, Cristina. Sociologia,uma introdução à Sociedade.3ªedição.São Paulo: Editora Moderna, 2005 2. ARON, Raymond. As etapas do Pensamento Sociológico. Brasilia, UNB,1980 3. QUINTANERO, Tania. Um toque de classicos. 2ª edição. Belo-Horizonte: Ed. UFMG, 2004 4. CASTRO, Ana Maria-DIAS, Edmundo.Introdução ao pensamento sociológico. Rio de Janeiro, Ed. Eldorado,1987, 9ªedição. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR MAX WEBER (1864-1920) *A AÇÃO SOCIAL: é toda conduta humana que interfere com outros e consigo mesmo. ●Exemplos: moda, consumo, mercado, política, religião, crime, trabalho, etc. *A SOCIOLOGIA DEVE LEVAR EM CONTA: - Compreender a ação social dos seres humanos individualmente. - As motivações do indivíduo no agir social. - Não fazer julgamento de valor sobre as ações humanas. 126 WEBER E A RELIGIÃO ●Vê-se em muitas seitas protes- tantes e na vida religiosa em geral uma tendência para a raciona- lização das condutas dos fiéis. Isso, segundo Weber, foi funda-mental para a transformação das práticas econômicas e estruturas das sociedades modernas. 127 Antigamente: ética dos virtuosos (só minoria “iluminada”). Oriente mais do que Ocidente. Depois da origem das religiões (êxtase, milagres, etc.), as religiões tendem para a burocracia sacerdotal – viram “igrejas”, com hierarquia (tipo Igreja Católica). Esta hierarquia com o tempo se afasta dos princípios espirituais que derem origem ao nascimento das religiões. 128 ●Com o tempo, as religiões têm que explicar as injustiças sociais terrenas e a razão dos bons sofrerem tanto – daí algumas práticas religiosas que defendem a salvação pelo sofrimento/fé, como o cristianismo medieval, evitando tais “explicações”. 129 O Protestantismo mudou tudo isso. Criou uma ética (valores /princípios que orientam a vida em geral) do trabalho como vontade de Deus e caminho para a salvação É o contrário do “misticismo”tradicional, que levava a pessoa à “sair do mundo” concreto. 130 É uma ética nova que penetra todas as relações sociais: vizinho, amigos, pobres, débeis, vida amorosa, política, economia, artes e lazer (ou falta de tal coisa). Este novo modo de vida vai mudar toda a concepção de mundo e tornar a religião uma mola para o sucesso pessoal. 131 PROTESTANTISMO X CAPITALISMO O Capitalismo surgiu como empreendimento ra-cional – técnicas, direito, comércio, ideologias e ética racional na economia (ética dos resultados e lucro). Ética calvinista (protestante) era uma constante na Europa mais capitalista. Por quê? Porque era uma ética que abominava a preguiça, a perda de tempo, a ociosidade, o lazer, o luxo e o excesso de sono. 132 Essa “teoria” de Weber foi expressa na sua mais famosa obra: “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. (1904) Esse livro foi considerado por vários intelectuais consultados pela “Folha de São Paulo”, em 2000, como o mais importante do Século XX, numa lista que tinha livros de Freud, Marx, Einstein, Keynes, Durkheim e tantos outros gênios do pensamento humano moderno. 133 As ações sociais são de quatro tipos ideais: 1.Ação racional com relação a fins: - É um cálculo que busca resultados. Exemplos: . Estudar para passar de ano; . Ser comportado para ganhar prêmio; . Parecer ser honesto para se eleger; . Aplicar na bolsa para ganhar dinheiro. 134 2. Ação racional orientada por valores: - As ações são orientadas por valores ou convicções determinadas. Exemplos: . Ser contra o aborto; . O Capitão que afunda com o seu navio; . Não comer carne na Semana Santa; . Não mentir; . Não aceitar suborno; . Cumprir sua palavra. 135 3. Ação Afetiva: -É um ação orientada, basicamente, por emoções. Ação bem irracional. Exemplos: . Ter ciúmes do amigo da namorada; . Vingar-se de uma ofensa recebida; . Ser fã incondicional de um político; . Idolatrar pessoas ou artistas famosos; . Respeitar as pessoas mais velhas. 136 4. Ação Tradicional: -É a ação menos consciente, tem base no costume e nos hábitos. Totalmente irracional. Exemplos: . Adoração dos ingleses pela monarquia; . Votar sempre nos mesmos políticos; . Não comer carne na semana santa(?); . Fazer o sinal da cruz diante de igrejas. 137 Weber – Teoria da Dominação Por que e como as relações sociais se mantêm? Resposta de Weber: por conta da dominação ou produção de legitimidade – submissão de um grupo a um “mandato”, aceitação de uma “autoridade” (alguém que “representa” o coletivo). Aí, então, entra a questão do “poder”. 138 Poder é a probabilidade de impor sua vontade. Os meios para alcançá-lo são muito variados: emprego da violência, palavra/oratória, sufrágio, sugestão, engano grosseiro, tática no parlamento, tradições, etc. A dominação pode ser por interesses (tráfico ou jogo de interesses) ou por autoridade (mandar, obedecer, influência). Mas sempre o dominador influi na conduta dos dominados. 139 Os tipos ideais ou puros de dominação são três: ●1. TRADICIONAL ●2. CARISMÁTICA ●3. RACIONAL-LEGAL 140 ●1. TRADICIONAL: Autoridade do “ontem eterno”, passado, tradição, costume, etc. (...) dá orientação habitual para o conformismo” (Weber). Exemplos: patriarcas antigos, príncipes patrimonialistas (como em Portugal no tempo das navegações, etc.). Certos políticos brasileiros. Ex: o político José Sarney 141 ●2. CARISMÁTICA: Autoridade com base no dom pessoal de uma pessoa ou líder. Exemplos: profetas, heróis de guerra, chefes de partidos, demagogos, etc. – gente como Napoleão, Hitler, Stálin, Getúlio, Médici, Lula e outros. 142 ●3. RACIONAL-LEGAL: Autoridade vem das regras jurídicas ou leis racionalmente criadas. Exemplo: autoridade dos modernos servidores do Estado (presidentes, professores, juízes, prefeitos, etc.). 143
Compartilhar