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Sociologia Rogério Bastos Vieira e Renato Mocelin Curitiba – 2021 EXTENSIVO SEMIEXTENSIVO Extensivo e Semiextensivo DIRETOR-PRESIDENTE Daniel Gonçalves Manaia Moreira DIRETOR EDITORIAL Joseph Razouk Junior GERENTE EDITORIAL Júlio Röcker Neto GERENTE DE PRODUÇÃO EDITORIAL Cláudio Espósito Godoy COORDENAÇÃO EDITORIAL Jeferson Freitas COORDENAÇÃO DE ARTE Elvira Fogaça Cilka COORDENAÇÃO DE ICONOGRAFIA Susan R. de Oliveira Mileski AUTORIA Rogério Bastos Vieira e Renato Mocelin REVISÃO Cornélio Bzuneck, Ricardo Venícius Trotta Telles e Selma Aparecida Mottin Cavasso EDIÇÃO DE ARTE Tatiane Esmanhotto Kaminski PROJETO GRÁFICO YAN Comunicação EDITORAÇÃO Fábio Rocha, Flávia Vianna, Gilson Aldir Roehrig Junior, Hilton Thiago Preisni, Kely Copruchinski Bressan, Maria Alice Gomes de Castro e Rosemara Buzetti PESQUISA ICONOGRÁFICA Lenon de Oliveira Araújo, Juliana de Cassia Câmara e Junior Guilherme Madalosso IMAGENS DE ABERTURA ©Shutterstock/Rido/Africa Studio/Valentyna Chukhlyebova/Johan ENGENHARIA DE PRODUTO Solange Szabelski Druszcz Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) (Angela Giordani / CRB 9-1262 / Curitiba, PR, Brasil) V658 Vieira, Rogério Bastos. Sistema Positivo de Ensino : extensivo e terceirão : semiextensivo : sociologia / Rogério Bastos Vieira e Renato Mocelin – Curitiba : PSD Educação, 2021. 124 p. : il. ISBN 978-65-5051-435-8 1. Educação. 2. Ensino médio. 3. Sociologia – Estudo e ensino. I. Mocelin, Renato. II. Título. CDD 370 © 2020 PSD Educação S.A. Todos os direitos reservados à PSD Educação S.A. PRODUÇÃO PSD Educação S.A. Avenida Nossa Senhora Aparecida, 174 - Seminário 80440-000 – Curitiba – PR Tel.: (41) 3312-3500 Site: www.sistemapositivo.com.br CONTATO editora.spe@positivo.com.br IMPRESSÃO E ACABAMENTO GRÁFICA E EDITORA POSIGRAF LTDA. Rua Senador Accioly Filho, 431/500 – CIC 81310-000 – Curitiba – PR Tel.: (41) 3212-5451 E-mail: posigraf@positivo.com.br 2021 Sumário Aula 01 A origem da Sociologia .................................................................................................................................................................................... 1 Aula 02 Fundamentos do pensamento sociológico ................................................................................................................................................. 12 Aula 03 Fundamentos do pensamento sociológico II.............................................................................................................................................. 22 Aula 04 Relações: sociedade e natureza...................................................................................................................................................................... 30 Aula 05 Trabalho e sociedade ........................................................................................................................................................................................ 40 Aula 06 Estrutura e estratificação social ...................................................................................................................................................................... 51 Aula 07 Movimentos sociais ........................................................................................................................................................................................... 61 Aula 08 Movimentos sociais e cidadania no Brasil ................................................................................................................................................... 69 Aula 09 Cultura e sociedade ........................................................................................................................................................................................... 78 Aula 10 A indústria cultural ............................................................................................................................................................................................ 88 Aula 11 Indivíduo, identidade, socialização e orientação sexual .......................................................................................................................... 97 Aula 12 O Estado Moderno e a nova ordem mundial ..............................................................................................................................................106 Aula 13 A Sociologia no Brasil........................................................................................................................................................................................115 Sociologia 5 A origem da Sociologia Aula 1 Sociologia Conceito A Sociologia é a ciência que estuda os aspectos do comportamento social, ou seja, como se dão as inter- -relações humanas nos mais diversos agrupamentos sociais. Eva Maria Lakatos conceitua Sociologia como o “estudo científico das relações sociais, das formas de associação, destacando-se os caracteres gerais comuns a todas as classes de fenômenos sociais, fenômenos que se produzem nas relações de grupos entre seres huma- nos.” Ou seja, a Sociologia é a ciência que se ocupa do estudo dos seres humanos em sociedade, seus modos de organização e inter-relações, em toda sua diversidade. Como exemplos de estudos de interesse sociológico, podemos destacar: a formação e desintegração de gru- pos; a divisão das sociedades em camadas; a mobilidade de indivíduos e grupos nas camadas sociais; processos de competição e cooperação; as relações e estrutura familiares; a criminalidade; a sexualidade – enfim, inú- meros podem ser os temas de estudo da Sociologia. Por esse motivo, as teorias e métodos sociológicos podem ser um importante instrumento para se compreender melhor a vida humana em grupos sociais. “A Sociologia é uma disciplina que se preocupa sobretudo, com a modernidade – com o caráter e a dinâmica das sociedades modernas e industrializadas [...]. Entre todas as ciências sociais, a sociologia estabelece uma relação mais direta com as questões que dizem respeito à nossa vida cotidiana – o desenvolvimento do urbanismo moderno, crime e punição, gênero, família, religião e poder social e econômico.” (GIDDENS, Anthony. Em defesa da Sociologia. São Paulo: Unesp, 2001, p. 11). É importante destacar que a Sociologia é uma ciên- cia em permanente transformação, porque a sociedade, que é o seu objeto de estudo, também está em cons- tante mudança. Em síntese, a Sociologia é a crítica do tempo presente. Origem e precursores do pensamento sociológico O pensamento sociológico é tão antigo quanto a Filosofia e, portanto, anterior ao nascimento da Sociologia como área independente do conhecimento. O filósofo chinês Confúcio já se preocupava com as relações sociais, como o papel da família para o desenvolvimento da sociedade. Platão, por sua vez, foi o primeiro filósofo ocidental a tentar estudar sistematicamente a sociedade e assim como Aristóteles, concebeu-a como uma estrutura baseada na divisão do trabalho e na desigualdade social. Para Aristóteles, a família constituía o núcleo social de base e a “natureza” já traria em si os elementos definidores da organização social: para ele, tanto era natural o ser humano se organizar em sociedade como eram “naturais” a escravidão dos seres considerados “inferiores” e a submissão da mulher (cuja natureza seria de subordinação) ao homem (cuja natureza seria de dominação). Aristóteles © W ik im ed ia C om m on s/ Ja st ro w 6 Extensivo Semiextensivo Obviamente, durante toda a história da humanidade diversas outras formas de se organizar a vida em socie- dade surgiram sem que, entretanto, viessem a incitar a constituição de um campo independente de estudo. Persistiu, contudo, no campo filosófico, em grande parte graças à hegemonia conquistada pela Igreja Católica durante a Idade Média,o pensamento que justifica os arranjos sociais como consequências “naturais” da desigual condição humana – a todos seria dado, divina- mente, o lugar “merecido” na estrutura social. Pelo menos até o Renascimento, o pensamento ocidental permaneceu submetido à teologia cristã, for- temente influenciada pela filosofia naturalista de Platão e Aristóteles, para quem a sociedade é uma consequên- cia natural do instinto humano, sempre obedecendo à ordem e a hierarquia de quem detenha o poder de governar a família ou a cidade-estado. Coube aos filósofos Contratualistas – Thomas Hobbes, John Locke e Jean Jacques Rousseau, cada qual desenvolvendo sua própria teoria quanto ao surgimento da vida em sociedade, – a negação do impulso associativo natural. Para esses filósofos, a sociedade não resulta de um instinto natural, mas, ao contrário, é algo absolutamente artificial. O pressuposto comum a todos os Contratualistas é a negação do impulso associativo natural e a noção de que só a vontade humana é capaz de inaugurar a vida social, ou seja, por uma espécie de “contrato social” todos consentem em aceitar certas limitações e legitimar uma estrutura social determinada. Para Rousseau, o problema fundamental para o qual o “contrato social” trouxe a solução era não perecer: “suponho os seres humanos tendo chegado ao ponto em que os obstáculos prejudiciais a sua con- servação no estado de natureza predominam, por sua resistência, sobre as forças que cada indivíduo pode usar para manter-se nesse estado. Então, esse estado primitivo não pode mais persistir, e o gêne- ro humano iria perecer se não mudasse a maneira de ser (...) encontrar uma forma de associação que defenda e proteja de toda a força comum a pessoa e os bens de cada associado, e pela qual cada um, unindo-se a todos, obedeça somente a si mesmo, e permaneça tão livre como antes.” (JJ ROUSSEAU, Do contrato social. (1762). EM: Michel Lallement, p. 60) Antes de Rousseau, o nobre francês Charles de Mon- tesquieu já havia se debruçado sobre várias questões so- ciológicas, sendo considerado por muitos autores como precursor da Sociologia. Para Montesquieu, como para outros autores antes dele, a organização social segue uma lógica ordenada. Porém, essa lógica não é divina, mas mundana: para compreendê-la, não se pode apelar à fé ou à moral, mas proceder à análise sócio-histórica das causas que levam ao estabelecimento de hábitos, costumes, usos, crenças e leis. Importante destacar que as mudanças geradas pelos movimentos revolucionários ocorridos na Europa nos séculos XVIII e XIX (Revolução Francesa e Revolução Industrial) é que provocaram o interesse dos cientistas sociais em compreender estas transformações. A Socio- logia consiste, então, em uma reflexão sobre a sociedade capitalista e industrial e surge como uma ciência para compreender os novos problemas sociais decorrentes desse processo histórico. O nascimento da Sociologia moderna, como ciência independente, ocorreu somente no século XIX, por obra do filósofo positivista Auguste Comte (1798-1857). Em 1838, Comte definiu as bases da Sociologia, como uma nova ciência dedicada ao estudo da sociedade através da unificação da história, psicologia e economia. Con- siderado também o primeiro filósofo da ciência, Comte notou a interdependência, entre teoria e observação para o conhecimento científico. Campos da Sociologia Como ciência que busca compreender o homem em sociedade, ou os grupos sociais, os campos da Sociologia são tão diversificados como a própria atividade humana. Campos tradicionais incluem: • Organização e estratificação social. Exemplos: caracte- rísticas da sociedade de classes no Brasil, sociedades de castas na Índia, mobilidade social. • Religião. Exemplos: a religião como forma de contro- le social, as mudanças sociais trazidas pela Reforma Protestante. • Sexualidade e questões de gênero. • Família. Exemplos: a evolução e função da instituição Família, as formas de relações maritais, a organização familiar no contexto social. Auguste Comte © Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l, Ri o de Ja ne iro Aula 1 7Sociologia Esses campos são progressivamente ampliados pelo reconhecimento de que as estruturas sociais afetam todas as áreas de atividade humana, de maneira que o leque de possibilidades do estudo sociológico pode envolver áreas tão diversas como: • Saúde: as instituições de saúde; os aspectos econô- micos e sociais dos sistemas públicos e privados; os fenômenos humanos e sociais que afetam a saúde; as relações de poder entre profissionais e pacientes; a saúde de grupos específicos. • Educação: o estudo da escola como instituição social; as relações escola-sociedade; a escola como agente de controle social e de socialização; • Trabalho: as relações entre indivíduos e grupos orga- nizados para a produção com finalidade econômica; os papéis dos profissionais; as relações de poder entre empregados e empregadores; a motivação para o trabalho, o papel da indústria no sistema de estratificação social. Enfim, esses são apenas alguns dos exemplos dos campos da Sociologia, que estuda o homo socius em todos os seus aspectos. Esses estudos ajudam não ape- nas a compreender as relações que se desenvolvem em diferentes estruturas de organização social, mas podem ser utilizados também para criar políticas públicas e de proteção social. Testes Assimilação 01.01. (UNESP – SP) – A elaboração e a realização do pro- jeto de pesquisa em Ciências Sociais, particularmente na Sociologia, a) é o mais barato e mais prático meio de se conhecer a realidade social. b) é o meio mais eficaz e científico de se conhecer a reali- dade social. c) é o meio mais adequado para se reconhecer o outro. d) é o melhor meio para se conhecer e controlar grupos sociais antagônicos. e) é o melhor e mais caro processo de constituição de me- canismos sociais de segregação social. 01.02. Os primeiros sociólogos procuravam entender o estado de organização da sociedade em formação, sendo o século XVIII muito importante para o surgimento dessa ciência pro- funda e complexa, a qual é estudada e analisada até os dias de hoje. Todas as transformações que ocorreram na época trouxeram consigo problemas para a vida em comunidade, daí surge a Sociologia e seus pesquisadores para esclarece- rem e organizarem as mudanças ocorridas no meio social, juntamente com os processos que interligam os indivíduos em grupos, associações e instituições. O termo Sociologia foi criado por Auguste Comte, em 1838, que pretendia unificar a Psicologia, a Economia e a História, levando em consideração que todos esses assuntos giram em torno do homem e seu comportamento. Mas os fundamentos sociológicos só foram institucionalizados com Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber, pensadores também renomados e que se tornaram a base teórica para o estudo das Ciências Sociais. O surgimento da Sociologia foi propiciado pela necessidade de: a) manter a interpretação mágica da realidade como patri- mônio de um restrito círculo sacerdotal. b) manter uma estrutura de pensamento mítica para a explicação do mundo. c) condicionar o indivíduo, através dos rituais, a agir e pensar conforme os ensinamentos transmitidos pelos deuses. d) considerar os fenômenos sociais como propriedade exclusiva de forças transcendentais. e) observar, medir e comprovar as regras que tornassem possível, através da razão, prever os fenômenos sociais. 01.03. (UNICENTRO – PR) – Considerando-se as grandes mudanças que ocorreram na história da humanidade, aquelas que aconteceram no século XVIII – e que se estenderam no século XIX – só foram superadas pelas grandes transformações do final do século XX. As mudanças provocadas pela revolução científico-tecnológica, que denominamos Revolu- ção Industrial, marcaram profundamente a organização social, alterando-a por completo, criando novas formas de organização e causando modificaçõesculturais duradouras, que perduram até os dias atuais. (DIAS, 2004, p. 15). Sobre o surgimento da Sociologia e as mudanças ocorridas na modernidade, é correto afirmar: a) O aparecimento das fábricas e o seu desenvolvimento levou ao crescimento das cidades rurais. b) A intensificação da economia agrária em larga escala nas metrópoles gerou o êxodo para o campo. c) A agricultura familiar desse período foi o objeto de estudo que fez surgir as ciências sociais. d) O aumento do trabalho humano nas fábricas ocasionou a diminuição da divisão do trabalho. e) A antiga forma de ver o mundo não podia mais solucionar os novos problemas sociais. 8 Extensivo Semiextensivo 01.04. Analise o texto. A Sociologia é a Ciência dos problemas sociais que emergem com a chegada do século XVIII. Que tem um marco econômico e outro político e social” TELES, Mª Luiza. Sociologia para Jovens. Petrópolis – RJ,Ed. Vozes: 2002. Sobre os aspectos que determinaram o surgimento da So- ciologia, é correto afirmar: a) É somente com a Revolução Francesa que a sociedade europeia passa a ter a consolidação do poder nobiliár- quico e o surgimento da Sociologia. b) O Renascimento Comercial e Urbano, assim como a ascensão das monarquias absolutistas, determinou o surgimento das Ciências Sociais. c) Com as Revoluções Burguesas e a Revolução Industrial, a Europa passa por grandes transformações sociais, políticas e econômicas que determinam o surgimento da Sociologia. d) É a partir da desagregação feudal e da consequente consolidação do trabalho servil que a Sociologia passa a ter seus fundamentos estabelecidos. e) A partir da consolidação do modo de produção feudal, a Sociologia passa a ter todos os fundamentos necessários para se organizar sistematicamente como ciência. 01.05. Sobre o surgimento da Sociologia, podemos afirmar que I. a consolidação do sistema capitalista na Europa no século XIX forneceu os elementos que serviram de base para o surgimento da Sociologia como ciência particular. II. o homem passou a ser visto, do ponto de vista socioló- gico, a partir de sua inserção na sociedade e nos grupos sociais que a constituem. III. aquilo que a Sociologia estuda constitui-se historicamen- te como o conjunto de relacionamentos que os homens estabelecem entre si na vida em sociedade. IV. interessa para a Sociologia não indivíduos isolados, mas inter-relacionados com os diferentes grupos sociais dos quais fazem parte, como a escola, a família, as classes sociais etc. a) II e III estão corretas. b) Todas as afirmativas estão corretas. c) I e IV estão corretas. d) I, III e IV estão corretas. e) II, III e IV estão corretas. 01.06. O primeiro desafio das ciências em geral, e da Sociolo- gia em particular, é o de superar o senso comum, fugindo das aparências da realidade social. Quando associado ao senso comum, o conhecimento pode ser prisioneiro de algumas armadilhas, como a de naturalizar questões e problemas que nada têm de naturais, ou tomar as impressões particulares como verdades universalmente válidas. Senso comum e conhecimento científico diferenciam-se, porque a) o senso comum é subjetivo e particular, pois se baseia em opiniões, enquanto a ciência procura se constituir como um conhecimento objetivo e universal. b) o senso comum se esforça para validar um conhecimento baseado nos testes experimentais, e o conhecimento sociológico é conceitual e abstrato. c) o senso comum tem sua validade nas demonstrações gerais, e, o conhecimento sociológico, nas teorizações particulares. d) o senso comum é metódico e sistemático, e o conheci- mento sociológico é assistemático. 01.07. (UNIOESTE – PR) – Segundo Zygmunt Bauman, a Sociologia é constituída por um conjunto considerável de conhecimentos acumulados ao longo da história. Pode-se dizer que a sua identidade se forma na distinção com o chamado senso comum. Considerando que a Sociologia estabelece diferenças com o senso comum e estabelece uma fronteira entre o pensamento formal e o senso comum, é correto afirmar que a) a Sociologia se distingue do senso comum por fazer afirmações corroboradas por evidências não verificáveis, baseadas em ideias não previstas e não testadas. b) o pensar sociologicamente caracteriza-se pela descrença na ciência e pouca fidedignidade de seus argumentos. O senso comum, ao contrário, evita explicações imediatas ao conservar o rigor científico dos fenômenos sociais. c) pensar sociologicamente é não ultrapassar o nível de nossas preocupações diárias e expressões cotidianas, enquanto o senso comum preocupa-se com a historicidade dos fenômenos sociais. d) o pensamento sociológico se distingue do senso comum na explicação de alguns eventos e circunstâncias, ou seja, enquanto o senso comum se preocupa em analisar e cruzar diversos conhecimentos, a Sociologia se preocupa apenas com as visões particulares do mundo. e) um dos papéis centrais desempenhados pela Sociologia é a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais, conservando o rigor original exigido no campo científico. 01.08. (UFU – MG) – Sobre o surgimento da Sociologia e suas proposições acerca da explicação do mundo social, pode-se afirmar que: a) a Sociologia é uma manifestação do pensamento mo- derno e uma forma de conhecimento do mundo social, cujas explicações são fundadas nas descobertas das ciências naturais e físicas, por pressupor uma unidade entre sociedade e natureza e rejeitar o uso de leis gerais no conhecimento. b) os pensadores fundadores da Sociologia concentraram seus esforços em interesses políticos e, portanto, práticos, Aula 1 9Sociologia face aos objetivos de contribuir para as transformações sociais e para a consolidação de uma nova ordem social diversa das sociedades feudal e capitalista. c) a desagregação da sociedade feudal e a consolidação da sociedade capitalista, com o consequente processo de industrialização e urbanização em países da Europa, contribuíram para o surgimento da Sociologia como forma de conhecimento das sociedades em extinção. d) a Sociologia surgiu no século XIX, vinculada à sociedade moderna, no contexto das transformações econômicas e sociais e no bojo das mudanças nas formas de pensamen- to, influenciadas pelas revoluções burguesas do século, bem como pelos ideais iluministas. 01.09. Quanto ao contexto de surgimento da Sociologia, é correto afirmar que a) ela surge logo após o fim da Segunda Grande Guerra como empreendimento científico que buscava compre- ender aquele fenômeno e encontrar soluções para os resultados de tal flagelo. b) ela é resultado dos estudos de investigadores norte-ame- ricanos empenhados em compreender os processos de industrialização e urbanização iniciado na década de 1930. c) ela surge concomitantemente à filosofia na Antiguidade que teve como pensadores paradigmáticos Platão e Aristóteles. d) emerge na modernidade, na virada do século XIX para o XX, buscando produzir explicações e compreender o conjunto de transformações sociais ocorridas no ocidente naquele momento. e) é simultânea ao período da Reforma Protestante sendo fruto das reflexões de Lutero e Calvino, podendo ser considerada a ciência fundada por eles para criticar o catolicismo. 01.10. (UFU – MG) – A preocupação com os problemas sociais existe desde quando o homem é homem. A busca de soluções para estes problemas também. Mas, no entan- to, o pensamento sociológico está diretamente ligado às consequências da Revolução Industrial. Neste sentido, o que distingue o pensamento sociológico dos pensamentos sociais anteriores? a) A transição do pensamento medieval para a criação de uma filosofia da problemática social com os iluministas no século XVIII. b) A criação de uma técnica filosófica que prima pela valorização do indivíduo no todo social, ao mesmo tempo que prima apenas pelas relações do homem com a sociedade. c) A possibilidade da sistematização, da elaboração de um método de análise e a definiçãode um objeto de pesquisa. d) A formação de uma elite de pensadores ligados ao pro- cesso de industrialização, que com técnicas matemáticas definiu a sociedade a partir de seus indivíduos. Aprofundamento 01.11. (UNIOESTE – PR) – No que diz respeito às relações entre Sociologia e mudanças sociais, pode-se dizer: a) A Sociologia é uma ciência que visa apreender cada so- ciedade em um dado momento sem poder explicar suas transformações, que são objeto da História. b) A Sociologia só e capaz de explicar as transformações derivadas das lutas entre as classes. c) Os estudos aos quais a Sociologia se dedica fundamen- tam-se no princípio de que mudanças e transformações só podem ocorrer quando os vários segmentos ou estratos de uma sociedade se unem para promover ou viabilizar tais mudanças. d) A questão das mudanças sociais é um tema que se tornou objeto de reflexão sociológica a partir do que se convencionou chamar “era pós-industrial” e globalização. e) A Sociologia busca captar os fenômenos produzidos pelas ações de atores sociais que visam defender seus interesses e os fatos associados às reações e resistências àquelas ações. 01.12. (UEL – PR) – A Sociologia é uma ciência moderna que surge e se desenvolve juntamente com o avanço do capita- lismo. Nesse sentido, reflete suas principais transformações e procura desvendar os dilemas sociais por ele produzidos. Sobre a emergência da Sociologia, considere as afirmativas a seguir. I. A Sociologia tem como principal referência a explica- ção teológica sobre os problemas sociais decorrentes da industrialização, tais como a pobreza, a desigualda- de social e a concentração populacional nos centros urbanos. II. A Sociologia é produto da Revolução Industrial, sen- do chamada de “ciência da crise”, por refletir sobre a transformação de formas tradicionais de existência social e as mudanças decorrentes da urbanização e da industrialização. III. A emergência da Sociologia só pode ser compreendida se for observada sua correspondência com o cienti- ficismo europeu e com a crença no poder da razão e da observação, enquanto recursos de produção do conhecimento. IV. A Sociologia surge como uma tentativa de romper com as técnicas e métodos das ciências naturais, na análise dos problemas sociais decorrentes das reminiscências do modo de produção feudal. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e III. b) II e III. c) II e IV. d) I, II e IV. e) I, III e IV. 10 Extensivo Semiextensivo 01.13. Selecione as afirmativas que Indicam o contexto histórico, social e filosófico que possibilitou a gênese da Sociologia. I. A Sociologia é um produto das revoluções francesa e industrial e foi uma resposta as novas situações colocadas por estas revoluções. II. O pensamento filosófico dos séculos XVII e XVIII con- tribuiu para popularizar os avanços científicos, sendo a teologia a forma norteadora desse pensamento. III. A formação de uma sociedade, que se industrializava e urbanizava em ritmo crescente, propiciou o fortalecimen- to da servidão e da família patriarcal. Assinale a alternativa correta. a) apenas I e II c) apenas II e III b) todas I, II e III d) apenas I 01.14. Percebe-se que as transformações ocorridas nas sociedades ocidentais permitiram a formação de relações sociais complexas. Nesse sentido, a Sociologia surgiu com o objetivo de compreender essas relações, explicando suas origens e consequências. Sobre o surgimento da Sociologia e das mudanças históricas ocorridas nos séculos XVIII e XIX, assinale a alternativa correta. a) A grande mecanização das fábricas nas cidades possibi- litou o desenvolvimento econômico da população rural por meio do aumento de empregos. b) A divisão social do trabalho foi minimizada com as novas tecnologias introduzidas pelas revoluções do século XVIII. c) A Sociologia foi uma resposta intelectual aos problemas sociais, que surgiram com a Revolução Industrial. d) O controle teológico da sociedade foi possível com o emprego sistemático da razão e do livre exame da realidade. e) As atividades rurais do período histórico, tratado no texto, foram o objeto de estudo que deu origem à Sociologia como ciência. 01.15. Acreditava-se nos primórdios da Sociologia, como aliás com relação às Ciências Sociais de uma maneira geral, ser possível atingir a mesma neutralidade e objetividade que se imaginava poder atingir nas ciências naturais. Por isso essa nova ciência da sociedade recebeu inicialmente o nome de Física Social e só posteriormente passou a ser denominada de Sociologia. Entre as alternativas abaixo, a única que não expressa uma perspectiva desse momento inicial da Sociologia é: a) Os métodos das Ciências Naturais poderiam e deveriam ser aplicados aos estudos sobre a sociedade. b) Havia a necessidade de desenvolver técnicas racionais para controlar os conflitos criados pelas sucessivas crises do século XIX. c) A única fonte legítima da Ciência seria a experiência externa. O testemunho da consciência e as experiências subjetivas, como fonte de observação científica, não tinham valor. d) Acreditava-se que seria necessário compreender e contro- lar racionalmente a natureza com o objetivo de encontrar mecanismos capazes de promover a preservação do meio ambiente, pois já se previa que os danos ambientais cau- sados pela aplicação da tecnologia na esfera da produção podem causar sérias consequências às gerações futuras. e) O fundamento inicial da Sociologia era o método positivo, alicerçado em um conjunto hierarquizado de ciências. Na larga base dessas ciências encontrava-se a Matemática e, em seu vértice, a Sociologia. 01.16. Leia o texto a seguir: Enquanto resposta intelectual à “crise social” de seu tempo, os primeiros sociólogos irão revalo- rizar determinadas instituições que, segundo eles, desempenham papéis fundamentais na integração e na coesão da vida social. A jovem ciência assu- mia como tarefa intelectual repensar o problema da ordem social, enfatizando a importância de instituições como a autoridade, a família, a hierar- quia social e destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade. MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 30. Com base nele, o surgimento da Sociologia foi motivado pelas transformações das relações sociais ocorridas na so- ciedade europeia, nos séculos XVIII e XIX, contribuindo para a) o aumento da desorganização social estabelecida pela Revolução Industrial. b) a organização de vários movimentos sociais controlados por pensadores como Saint-Simon e Comte. c) a elaboração de um conceito de Sociologia incluindo os fenômenos mentais como tema de reflexão e inves- tigação. d) a criação da corrente positivista, que propôs uma trans- formação da sociedade com base na reforma intelectual plena do ser humano. e) o surgimento de uma “física social” preocupada com a construção de uma teoria social, separada das ideias de ordem e desenvolvimento como chave para o conheci- mento da realidade. 01.17. (UEM – PR) – Sobre as condições de surgimento do pensamento sociológico, assinale o que for correto. 01) O desenvolvimento de um pensamento científico so- bre a sociedade surge em fins do século XVIII, na Euro- pa, como resposta às questões sociais que surgiram em decorrência dos processos de revolução burguesa. 02) Uma das principais ambições da Sociologia, em seus primórdios, foi criar uma concepção teológica da histó- ria humana, encontrando argumentos lógicos e racio- nais que comprovassem os efeitos da ação divina sobre a vida social. 04) O encontro com as populações ameríndias, os relatos que os viajantes europeus fizeram sobre a América e os conflitos originários desse encontro foram elementos Aula 1 11Sociologia 01.01. b 01.02. e 01.03. e 01.04. c 01.05. b 01.06. a 01.07. e 01.08. d 01.09. d 01.10. c 01.11. e 01.12. b 01.13. d 01.14. c 01.15. d 01.16. d 01.17. 29 (01 + 04 + 08 + 16) 01.18. 20 (04 + 16) 01.19. O período históricodo nascimento da Sociologia corresponde ao período subsequente às revoluções burguesas e de consolidação do capitalismo. Nes- se período, de grande euforia a respeito dos métodos científicos, a Sociologia nasce como o modelo científico mais adequado para analisar a constituição e os problemas da sociedade europeia da época. O aluno poderá citar a Revolução Industrial Inglesa e a Revolução Fran- cesa e o que significou cada uma de- las. Ou seja, a Revolução Industrial que modificou a organização da produção econômica e a Revolução Francesa que mudou as relações entre os indivíduos e o poder do Estado. Gabarito centrais para o desenvolvimento de um pensamento específico sobre o “outro”, o não europeu, que se tornou posteriormente alguns dos fundamentos da antropolo- gia social. 08) O fenômeno da desigualdade social, discutido na Sociologia por meio do conceito de estratificação social, é um tema presente no pensamento clássico e permanece como um dos principais problemas que desafiam as concepções contemporâneas das ciências sociais. 16) Marx jamais reivindicou o reconhecimento como sociólogo. No entanto, seus escritos, produzidos em meados do século XIX, tornaram-se textos centrais dos pensamentos político e social elaborados pela Sociologia nos séculos XX e XXI. 01.18. (UEM – PR) – Para o sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002), os agentes sociais estão inseridos na estrutura da sociedade, ocupando posições hierárquicas que dependem, em grande parte, das características culturais, sociais e comporta- mentais de cada indivíduo. Por isso, cada agente formula estratégias para se inserir na sociedade e para a manutenção de sua posição na hierarquia social que contribuem tanto para a conservação da estrutura social como para a sua transforma- ção. Para Bourdieu, “pode-se genericamente ve- rificar que quanto mais as pessoas ocupam uma posição favorecida na estrutura, mais elas tendem a conservar ao mesmo tempo a estrutura e a sua posição, nos limites, no entanto, de suas disposi- ções (isto é, de sua trajetória social, de sua origem social) que são mais ou menos apropriadas à sua posição.” (BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: UNESP, 2004, p. 29). Considerando o trecho citado e os estudos sociológicos sobre indivíduo e sociedade, assinale o que for correto. 01) O pensamento sociológico ensina que as relações so- ciais são diferentes das relações políticas, pois na socie- dade não há disputas e nem conflitos. 02) A Sociologia se dedica ao estudo das estruturas sociais, e não ao dos indivíduos, porque entende que as pessoas não atuam com racionalidade. 04) De acordo com Bourdieu, no trecho citado, as pessoas agem orientadas por disposições de classe e pela posi- ção que ocupam na estrutura social. 08) Ao estudar as relações sociais, Bourdieu afirma que o esforço e a dedicação individual são a medida do su- cesso pessoal que alguém pode ter em sua vida. 16) As relações entre as trajetórias individuais e as estrutu- ras sociais permitem à Sociologia estudar as mudanças e as permanências na ordem social. Desafio 01.19. (UFPR) – A Sociologia surge no final do século XIX para dar conta, em certa medida, das transformações que ocorreram na sociedade, principalmente na França e na Inglaterra, a partir do século XVIII. Que transformações foram essas e quais as suas principais características? 12 Extensivo Semiextensivo Fundamentos do pensamento sociológico Sociologia Aula 2 Considerado “o pai do Positivis- mo”, Auguste Comte (Montpellier, França, 1798-1857) empreendeu grandes esforços em aplicar às rela- ções sociais as leis das ciências exatas e biológicas (incluindo o evolucionis- mo darwiniano), direcionando méto- dos e conceitos com o fim de tornar o mais objetivo e científico possível o conhecimento da Sociologia. Para Comte, as sociedades tendem a passar por três estágios: o teológico, em que se atribuem ao sobrenatural ou às divindades as explicações aos fenômenos desco- nhecidos; o metafísico, no qual o ser humano explica as coisas através de fenômenos naturais; e o positivo ou científico, que tem exclusivamente na ciência a fonte do conhecimento. O lema “Ordem e Progresso” resume as duas “leis fundamentais” do pensamento sociológico de Comte: pela lei da estática, a sociedade desorganizada tende ao caos; com a organização, há a “dinâmica social”, que é a possibilidade de evolução, de progresso social. Embora todos os países europeus economicamente desen- volvidos tenham conhecido o Posi- tivismo, foi na França em primeiro lugar, e depois na Inglaterra, com Herbert Spencer e seu pensamento organicista-evolucionista, que essa escola predominou. Nesses países – França e Inglaterra – houve um grande desenvolvimento industrial e urbano a partir dos séculos XVII e XVIII, o que impulsionou os avanços nas ciências. Isso fez com que as escolas sociológicas da França e Inglaterra tivessem seus métodos e princípios largamente influencia- dos pelo Positivismo. Já a expansão econômica da Alemanha ocorreu tardiamente, no século XIX, durante o capitalismo concorrencial e sob a influência da sistematização de outras ciências humanas: a História e a Antropologia. É interessante ter sempre em mente o contraste entre a perspectiva positivista mais arraigada na França e Inglaterra, e a idealista Alemã, pois ela o ajudará a compreender melhor os pensamentos dos sociólogos Émile Durkheim e Max Weber: Para o positivismo: a História é vista como um processo universal de evolução da humanidade – essa visão tende a uma anulação dos processos históricos particulares e a uma “universalidade”, decor- rente da crença de que o cientista pode perceber estágios comuns a todas as sociedades, que evolutivamente passariam por estágios similares. Já o pensamento alemão se volta ao estudo da diversidade – da identificação das especificidades, da valorização dos aspectos históricos particulares de cada formação social, ou seja, há uma ênfase na Histó- ria e no estudo das diferenças culturais. Émile Durkheim (1858-1917) Um dos primeiros grandes teó- ricos da Sociologia, Émile Durkheim nasceu em 1858, em Épinal, França. De uma família judaica, estudou Filosofia, tornando-se professor na província. Em 1893, publicou a tese “Da divisão do trabalho social”. Fez estágio na Alemanha, período no qual escreveu dois artigos sobre a filosofia e a ciência positiva da moral alemã. Em 1887, tornou-se o encarregado de cursos de ciência social e pedagogia na Universidade de Bordeaux. Durkheim participou ativamente na questão do ensino civil na França e defendeu a igualdade de todos dian- te da lei, o respeito aos direitos civis e as liberdades políticas. Defendeu a criação de uma moral secular e definiu a sociedade segundo o modelo de um organismo dotado de consciência coletiva. Estudou também as for- mas de solidariedade social, a história da Sociologia, os sistemas educativos e a evolução da família. Émile Durkheim © Fo to ar en a/ Al bu m /A KG Im ag es Durkheim). A consciência coletiva consiste, portanto, na soma de crenças e sentimentos da média dos membros da comunidade, envolvendo a mentalidade e a morali- dade do indivíduo. Nas sociedades pré-capitalistas a consciência coleti- va se sobrepõe à individual; há segundo Durkheim uma solidariedade mecânica. O poder de coerção social, baseada na consciência coletiva é severa e repressiva. Não há tolerância aos diferentes, às particularidades ou a qualquer originalidade. Já a solidariedade orgânica: “é aquela típica das sociedades capitalistas, em que, pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornavam interdependentes. Essa interdependência garante a união social, em lu- gar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas, como ocorre nas sociedades con- temporâneas. Nas sociedades capitalistas, a cons- ciência coletivase afrouxa, ao mesmo tempo em que os indivíduos tornam-se mutuamente depen- dentes, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.” (COSTA, Cristina. Sociologia: uma introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2006, p. 87). Nas sociedades simples a coesão é garantida pela obediência a um conjunto de princípios. Os que violam tais princípios são punidos. Já nas sociedades complexas a solidariedade é necessária devido à desigualdade. Enquanto nas sociedades pré-industriais o rompimento das regras afeta a coletividade, nas sociedades capita- listas o não cumprimento das normas afeta as pessoas separadamente. A punição será dirigida para a devolu- ção àquele que foi prejudicado. Durkheim percebeu que as mudanças econômicas estavam produzindo um profundo desequilíbrio exacer- bando-se o individualismo com as pessoas só pensando nelas. Para o sociólogo francês ocorre uma anomia moral, pois os interesses individuais sobrepujam os interesses coletivos. Como os seres humanos são naturalmente egoístas é a vida em sociedade que os obriga a respeitar os interes- ses das demais pessoas. Para que o bem-estar coletivo seja garantido há necessidade de regras morais. “O mercado, adverte Durkheim, precisa de uma ética que deverá ser mais forte do que a pura lógica econômica. Deixado sem freio, sem regra, sem norma, o mercado não tem limite. Tudo se vende e tudo se compra, se houver quem compre. O papel de regulador da ética do mercado deveria ser desempenhado, nos sugere Durkheim, pelas corporações profissionais. Diferentemente dos Aula 2 13Sociologia 13 Fato social É social todo fato que é geral, que é experimentado pelo indivíduo como uma realidade independente e preexistente. São três as características básicas do fato social: “coerção social”, “educação” e “generalidade”. A “coerção social” consiste na força que os fatos exer- cem sobre os indivíduos levando-os a conformarem-se com as regras da sociedade. As sanções podem ser legais ou espontâneas. Há na sociedade regras formais e informais. A “educação” tanto a formal quanto a informal exerce uma força enorme sobre o indivíduo independentemen- te da sua vontade. Ao nascer, a pessoa já encontra regras sociais, costumes e leis que constituem mecanismos de forte coerção social. A característica da “generalidade” consiste em que todo fato social é geral, ou seja, se repete em todos os indivíduos ou na maioria deles, por isso os acontecimen- tos manifestam sua natureza coletiva. Os fatos sociais devem ser estudados como “coisas” (desvinculadas de concepções filosóficas, biológicas e psicológicas) de forma objetiva sem que suas concep- ções morais, políticas e ideológicas venham a influenciar a sua análise. O pesquisador deve ater-se àqueles acon- tecimentos gerais e repetitivos. Para explicá-los, deve procurar a causa e a função que desempenha. Na obra Suicídio (1897), Durkheim demonstra que tal fato social ocorre em todas as sociedades com certa regularidade. Sendo assim, o suicídio depende de leis sociais e não da vontade do suicida. Já as taxas variam de acordo com os contextos históricos. “Cada sociedade está predisposta a fornecer um contingente determinado de mortes voluntá- rias. Essa predisposição pode, portanto, constituir o objeto de um estudo especial que compete à Sociologia.” Émile Durkheim. Le Suicide. 1897. Mutações do mundo social Para Durkheim, a sociedade é um organismo vivo, no qual cada instituição e cada indivíduo cumprem papéis determinados e existem em função do todo. Na sua obra “A divisão do trabalho social” enunciou dois princípios: consciência coletiva e solidariedade mecânica e orgânica. Há duas consciências, a coletiva e a individual, “uma, que temos em comum com todo o nosso grupo, que, por conseguinte, não é nós mesmos, mas a socie- dade que vive em nós; a outra , que só representa a nós mesmos naquilo que temos de pessoal e distinto, naquilo que faz de cada um nós um indivíduo.”(Émile 14 Extensivo Semiextensivo sindicatos, nos quais se reúnem patrões de um lado e empregados do outro, as corporações uni- ficariam as diferentes categorias interessadas no processo de produção. Nelas, conviveriam tanto os “dirigentes” quanto os “executores”, ou seja, tanto o dono da fábrica quanto Carlitos [refere-se aos trabalhadores] e seus companheiros.” Helena Bomeny e outras. Tempos modernos, tempos de Sociologia. São Paulo: Editora do Brasil, 2016, p. 82. Max Weber (1864-1920) Natural de Erfurt, Ale- manha, filho de burgueses liberais, Max Weber foi um dos principais expoentes da sociologia Alemã e seu maior sistematizador. Estudou Direito, Filosofia, História e Sociologia. Iniciou sua carreira como professor em Berlim e em 1895 tornou-se cate- drático em Heidelberg. Participou da comissão redatora da Constituição da República de Weimar. Suas principais obras foram: A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905) e Economia e sociedade (1922, publicação póstuma). Weber coloca o indivíduo no centro do estudo da Sociologia: para ele, os indivíduos – os sujeitos da rela- ção social – agem em sociedade com um objetivo, uma justificativa subjetivamente elaborada. A esse “agir” social, Weber denominou “ação social”, ou seja, uma “ação com sentido”. Para Weber, cada sujeito age levado por um motivo, que pode ter por base a tradição (como sempre agiu e deve agir o membro do grupo social), a ação racional (valoração racional-objetiva, que o sujeito empreende em relação a sua conduta), ou ação movida pela emoti- vidade. Nesse sentido podemos identificar nos estudos de Weber quatro tipos de ação social: ação tradicional, ação afetiva, ação racional com relação a fins e ação racional com relação a valores. Verifica-se aqui o valor da especificidade no seu pensamento: a conduta humana dotada de sentido – ou a “ação social” – é o objeto de estudo da Sociologia. Logo, o sociólogo, para compreender a sociedade, deve penetrar na subjetividade da conduta humana em suas relações sociais: a tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos da ação humana. O que dá o sentido de “social” à ação humana é a interdependência entre os indivíduos: cada indivíduo Max Weber age de acordo com seus motivos, gerando efeitos sobre a realidade. Entre múltiplos indivíduos, várias conexões se estabelecem – pela frequência e modo como as ações sociais se estabelecem o cientista pode compreender e conceder tendências gerais de comportamento de certa sociedade. Para Max Weber, o cientista é também um “ator social”, e como tal age guiado por seus próprios motivos, orientado por suas pré-noções em relação à realidade que deverá estudar. Logo, muito embora acredite que o cientista deva primar pelo máximo de objetividade possível na análise dos acontecimentos, Weber rejeita a possibilidade de imparcialidade ou neutralidade total do cientista, como propunha Durkheim. Rejeita, também, o evolucionismo, em favor de uma análise histórica das sociedades. Afasta-o ainda do cientificismo positivista o fato de acreditar que, por mais quantificáveis que possam ser os fenômenos sociais, sua análise envolve sempre um esforço de interpretação, de subjetividade e com- preensão. O tipo ideal Para analisar os fatos sociais, Weber desenvolveu um instrumento científico de análise sociológica que des- creve modelos puros, a que chamou de “tipo ideal (no sentido de revelar uma ideia, uma imagem mental)”, que serve de base para a comparação de tipos existentes. A melhor forma de compreender o tipo ideal é a partir dos estudos sobre as cidades, empreendido por Weber: atra- vés da classificação e comparação entre diversos tipos de cidades, Weber elencou características e elementos essenciais a esta estrutura, criando o “tipo ideal” de cidade, que não corresponde à realidade, mas retém aspectos dela. Ele fez o mesmo para estabelecer tipos ideais de democracia, de capitalismoe de organização burocrática. Com base nessas crenças e método, Weber analisou os livros sagrados para compreender a relação entre religião e economia. A ética protestante e o espírito do capitalismo Em sua obra mais conhecida “A ética protestante e o espírito do capitalismo” Weber relacionou o papel do protestantismo à formação do capitalismo. Partin- do de dados estatísticos, demonstrou que os adeptos da Reforma Protestante se tornaram melhores sucedidos economicamente. Nessa obra, o sociólogo alemão procurou expor as relações entre religião e sociedade procurando desvendar as particularidades do capitalismo. © Fo to ar en a/ Al bu m /A KG Im ag es /F ot ot ec a Gi la rd i 15Sociologia Capa do livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” Quais as razões que tornaram os protestantes homens de negócios, trabalhadores qualificados e em- presários bem-sucedidos? Para Weber, a disciplina, a poupança, a austeridade, a valorização do trabalho e o compromisso com o cumpri- mento do dever seriam os fatores que contribuíram para o sucesso econômico dos indivíduos que optaram pelas religiões reformadas. Formou-se uma nova mentalidade que veio ao encontro do modo de produção que estava se desenvolvendo no início da Idade Moderna. Para o protestante o trabalho não é castigo. Ser bem-sucedido naquilo que faz é uma forma de glorificar a Deus. Não dilapidar aquilo que ganha renunciando aos prazeres mundanos propicia o acúmulo de capitais, os quais serão investidos em atividades produtivas. Enquanto o católico tinha uma mentalidade “feudal”, o protestante tem um conjunto de costumes e hábitos que se encaixam no modo de produção que surgia concomitante com a Reforma levada a cabo por Lutero e Calvino. “Uma leitura apressada de “A ética” consisti- ria em atribuir a Weber uma tese idealista, con- traponto implícito à concepção materialista da história: a tese de um capitalismo, filho da moral protestante. É verdade que, contra as leituras mar- xistas, Weber se esforça claramente para mostrar que as ideias podem desempenhar um papel motor na história e vir a ser forças sociais eficazes. Mas na realidade a sua posição é mais matizada. Seu intui- to não consiste em negar a força de elementos ma- teriais, econômicos, técnicos..., que contribuíram para a expansão do capitalismo. Weber contenta- -se em isolar um fator cultural e sublinhar a sua eficácia própria. O ascetismo não foi, portanto, em seu ponto de vista, mais que um fator permissivo entre todos aqueles que atuaram em favor do de- senvolvimento do capitalismo. Uma implantado, este sistema socioeconômico foi ganhando terreno independentemente da ética puritana...” (LALLEMENT, Michel. História das ideias sociológicas: das origens a Max Weber. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 304) Método compreensivo Em seus trabalhos, Weber procurou estudar as par- ticularidades históricas das sociedades desenvolvendo suas análises destacando a especificidade das ciências humanas demonstrando sua independência em relação às ciências exatas e naturais. Em Weber encontramos a ideia do indeterminismo histórico. “Ao contrário de seus predecessores, ele não admitia nenhuma lei preexistente que regulasse o desenvolvimento da sociedade ou a sucessão de tipos de organização social. Isso permitiu que ele se aprofundasse no estudo das particularidades, procurando entender as formações sociais em suas singularidades, especialmente a jovem nação alemã que ele via despontar como potência.” (COSTA, Cristina. Obra citada, p. 102). Política e Estado Para Weber o conceito de política é muito amplo abrangendo todas as espécies de atividades diretivas autônomas. Pode-se falar da política de divisas de um banco, política de um sindicato, política educacional e tantas outras. Já o Estado define-se sociologicamente pelo meio específico que lhe é próprio: a possibilidade de usar a violência física. Grupos ou indivíduos não tem o direito de recorrer à violência, a não ser quando o Estado tolere, pois apenas este tem o monopólio de usá-la. “Por conse- guinte, entenderemos por política o conjunto dos esfor- ços feitos em vista de participar no poder ou influenciar a divisão do poder, que entre os Estados, que entre diversos grupos dentro de um mesmo Estado.”(Max Weber). Aula 2 © Co m pa nh ia d as L et ra s 16 Extensivo Semiextensivo Testes Assimilação 02.01. (UNICESUMAR – PR) – Nosso principal objetivo, com efeito, é esten- der à conduta humana o racionalismo científi- co, mostrando que, considerada no passado, ela é redutível a relações de causa e efeito que uma operação não menos racional pode transformar a seguir em regras de ação para o futuro. (DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. XIII) A partir do excerto acima, é possível afirmar que a corrente teórica à qual se vincula o sociólogo francês Émile Durkheim é a) o Marxismo. b) o Positivismo. c) o Existencialismo. d) a Fenomenologia. e) o Historicismo. 02.02. (UNESP – SP) – Pode-se afirmar que a Sociologia contemporânea herdou as contribuições de autores con- siderados clássicos do pensamento sociológico a partir dos quais desenvolveram-se correntes teóricas distintas. Foram eles: a) Émile Durkheim, Theodor Adorno e Max Weber. b) Karl Marx, Max Weber e Karl Manheim. c) Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim. d) Émile Durkheim, Max Weber e Herbert Spencer. e) Karl Marx, Émile Durkheim e Talcott Parsons. 02.03. (UNICESUMAR – PR) – Trata-se, na sociedade capitalista, da “elaboração de um discurso homogêneo, pretensamente uni- versal, que, buscando identificar a realidade social com o que as classes dominantes pensam sobre ela, oculta as contradições existentes e silencia outros discursos e representações contrárias”. (TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio – volume único. 2a ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 179.) O trecho acima corresponde à definição de: a) Dominação. b) Cultura. c) Ideologia. d) Linguagem. e) Poder. 02.04. (UNICESUMAR – PR) - Os conceitos que expressam a sociologia compreensiva de Max Weber são: a) leis gerais, causalidade, normal e patológico, fatos sociais, consciência coletiva. b) determinação, totalidade concreta, lutas de classes, dialética, história. c) sentido, interpretação da ação social, tipo ideal, raciona- lização, história. d) fragmentação, formas e conteúdos sociais, interação, socialização. e) definição da situação, papéis sociais, dramaturgia social, linguagem. Aperfeiçoamento 02.05. (UNESP – SP) – “À medida que se foi estendendo a influência da concepção de vida puritana – e isto, natural- mente, é muito mais importante do que o simples fomento da acumulação de capital – ela favore- ceu o desenvolvimento de uma vida econômica racional e burguesa. Era a sua mais importante, e, antes de mais nada, a sua única orientação consis- tente, nisto tendo sido o berço do moderno “ho- mem econômico”. (Marx Weber, A Ética protestante e o espírito do capitalismo. 1967:125) De acordo com o texto, Max Weber está apontando para o “desenvolvimento de uma vida econômica racional e burguesa” e o desenvolvimento do capitalismo a partir da influência da: a) economia e sociedade. b) ética protestante. c) liderança carismática. d) ética liberal. e) teoria da ação social. 02.06. (UFFS – SC) – Podemos conceituar a Sociologia como a ciência que estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. No entanto, só passou a ser considerada ciência quando um determinado autor passou a formular os primeiros conceitos e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias. Qual foi esse autor? a) Augusto Comte. b) Karl Marx. c) Émile Durkheim. d) Max Weber. e) Jean Jacques Rousseau. Aula 2 17Sociologia 02.07. A Sociologia corresponde a uma ciência da modernidade. Assinale as alternativas que estejam relacionadas ao surgimentodessa ciência social. ( ) O homem moderno sente a necessidade de compreender o mundo em que vive, dadas às transformações decorrentes da Revolução Industrial. ( ) A modernidade diz respeito, sobretudo, à forma como o homem se relaciona com a natureza. A evolução biológica faz com que o homem cada vez mais evolua seu pensamento. É por isso que as sociedades indígenas são mais atrasadas que as europeias. ( ) A Sociologia, em sua origem, esteve relacionada com o positivismo, que pro- curou trazer os métodos científicos das ciências naturais para as ciências do homem. ( ) A Sociologia nasce de mãos dadas com a Psicologia. Émile Durkheim é o grande exemplo de sociólogo que pensa a sociedade a partir das relações individuais. Em sua obra principal, O Suicídio, ele argumenta que o egoísmo é o principal problema moderno. a) V – V – F – F b) V – F – F – F c) F – F – V – V d) V – F – V – F e) F – V – V – V 02.08. (UPE – PE) – A Sociologia nasce no século XIX com o objetivo de combater a visão de mundo predominante nesse período, defendendo o estudo da ação coletiva e social. Assim, o objeto de estudo da Sociologia é definido como um conjunto de relacionamentos, que os homens estabelecem entre si, na vida em sociedade, num determinado contexto histórico. Na tirinha a seguir, percebe-se um objeto de estudo da Sociologia, que representa o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. Assinale a alternativa que contém a principal característica desse objeto de estudo. a) Igualdade b) Individualismo c) Liberdade d) Coerção e) Solidariedade 02.09. A Sociologia, para Durkheim, deveria ocupar-se do estudo das sociedades no intuito de: a) conhecer a fundo o ser humano e suas diversas facetas perante a sua interação com o outro, priorizando sua individualidade. b) Entender a fundo os processos sociais que formam a realidade social do Homem, atentando principalmente aos aspectos gerais, e não aos individuais. c) Descobrir e tratar todos os males humanos que afligem a sociedade, tendo como objetivo a formação de uma raça humana perfeita. d) A criação de uma seita científica, com o objetivo de construir o verdadeiro conhecimento em busca da perfeição humana. 02.10. Como Max Weber conceituou a ideia de “ação social”? a) Uma ação social é toda ação to- mada de forma coordenada e com outros sujeitos. b) Uma ação social é toda ação voltada para a remediação de problemas sociais. c) Uma ação social é toda ação que se configura em meio coletivo e sempre com um sentido político. d) Uma ação social é qualquer ação realizada por um sujeito em um meio social que possua um sentido determinado por seu autor. Aprofundamento 02.11. (UFU – MG) – Ao contrário de outros pen- sadores sociológicos anteriores, Weber acreditava que a Socio- logia deveria se concentrar na ação social e não nas estruturas GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 33. De acordo com esta assertiva, Weber considera que a) as ideias, os valores e as crenças têm o poder de ocasionar trans- formações. b) o conflito de classes é o fator mais relevante para a mudança social. c) as estruturas existem externamen- te ou independentemente dos indivíduos. d) os fatores econômicos são os mais importantes para as transformações sociais. 02.12. (UNICENTRO – PR) – Max Weber, um dos fundadores da Socio- logia, tinha amplo conhecimento em muitas áreas afins a essa ciência, tais como economia, direito e filosofia. Assim, ao analisar o desenvolvimento do capitalismo moderno, buscou entender a natureza e as causas da mudança social. Em sua obra, existem dois conceitos fundamentais, ou seja, a) cultura e tipo Ideal. b) classe e proletariado. c) anomia e solidariedade. d) fato social e burocracia. e) ação social e racionalidade. 18 Extensivo Semiextensivo 02.13. (UFU – MG) – A concepção da Sociologia de Durkheim se ba- seia em uma teoria do fato social. Seu objetivo é demonstrar que pode e deve existir uma Sociologia objetiva e científica, con- forme o modelo das outras ciências, tendo por objeto o fato social. ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 336. Em vista do exposto, assinale a alternativa correta. a) Durkheim demonstrou que o fato social está desconecta- do dos padrões de comportamento culturais do indivíduo em sociedade, e portanto deve ser usado para explicar apenas alguns tipos de sociedade. b) Segundo Durkheim, a primeira regra, e a mais funda- mental, é considerar os fatos sociais como coisas para serem analisadas. c) O estado normal da sociedade para Durkheim é o estado de anomia, quando todos os indivíduos exercem bem os fatos sociais. d) A solidariedade orgânica, para Durkheim, possui pequena divisão do trabalho social, como pode ser demonstrada pela análise dos fatos sociais da sociedade. 02.14. (UEL – PR) – O positivismo foi uma das grandes correntes de pensamento social, destacando-se, entre seus principais teóricos, Augusto Comte e Émile Durkheim. Sobre a concepção de conhecimento científico, presente no posi- tivismo do século XIX, é correto afirmar: a) A busca de leis universais só pode ser empreendida no interior das ciências naturais, razão pela qual o conheci- mento sobre o mundo dos homens não é científico. b) Os fatos sociais fogem à possibilidade de constituírem objeto do conhecimento científico, haja vista sua incom- patibilidade com os princípios gerais de objetividade do conhecimento e a neutralidade científica. c) Apreender a sociedade como um grande organismo, a exemplo do que fazia o materialismo histórico, é rejeitado como fonte de influência e orientação para as investiga- ções empreendidas no âmbito das ciências sociais. d) A ciência social tem como função organizar e racionalizar a vida coletiva, o que demanda a necessidade de entender suas regras de funcionamento e suas instituições forjadas historicamente. e) O papel do cientista social é intervir na construção do objeto, aportando à compreensão da sociedade os valores por ele assimilados durante o processo de socialização obtido no seio familiar. 02.15. Para Durkheim, os pesquisadores que buscaram explicar as causas e o suicídio como casos isolados, não chegaram à causa geradora. Para ele, essa causa geradora é exterior aos próprios indivíduos. Os três tipos de suicídio que Durkheim se propõe a estudar são: o suicídio egoísta, o suicídio altruísta e o suicídio anômico. O suicídio egoísta apresenta-se em indivíduos que: a) se identificam excessivamente com a sociedade na qual estão inseridos e, por isso, afastam-se dela com o suicídio. b) desenvolvem um estado de desregramento social, de- corrente do fato de suas atividades estarem desregradas. c) por se relacionarem com uma instituição religiosa, ape- gam-se a sua consciência religiosa e acreditam que esse ato os aproximará da religião. d) se desvinculam de seus grupos sociais, não veem mais razão de ser na vida. 02.16. (UNIOESTE – PR) – “Solidariedade orgânica” e “solidarie- dade mecânica” são conceitos propostos pelo sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) para explicar a ‘coesão social’ em diferentes tipos de sociedade. De acordo com as teses desse estudioso, nas sociedades ocidentais modernas, prevalece a ‘solidariedade orgânica’, onde os indivíduos se percebem diferen- tes embora dependentes uns dos outros. A lógica do mercado capitalista, entretanto, baseada na competição individualista em busca do lucro, pode corromper os vínculos de solidariedade que asseguram a coesão social e conduzir a uma situação de ‘anomia’. De acordo com os postulados de Durkheim, é CORRETO dizer que o conceito de “anomia” indica : a) uma situação na qual aqueles indivíduos portadores de um senso moral superior devem se colocar como líderes dos grupos dos quais fazem parte. b) a condição na qual os indivíduos não se identificam como membros de um grupo que compartilha as mesmas regras e normas e têm dificuldadespara distinguir, por exemplo, o certo do errado e o justo do injusto. c) a necessidade de todos demonstrarem solidariedade com os mais necessitados. d) a solidariedade que as pessoas demonstram quando entoam cantos nacionalistas e patrióticos em manifestações públicas como os jogos das seleções nacionais de futebol. 02.17. (UEGO) – O objeto de estudo da Sociologia, para Durkheim, é o fato social, que deve ser tratado como “coisa” e o sociólogo deve afastar suas prenoções e preconceitos. A construção durkheimiana do objeto de estudo da Sociologia pode ser considerada: a) kantiana, pois trata da “coisa em si” e realiza a coisificação da realidade. b) dialética, pois reconhece a existência de uma realidade exterior ao pesquisador. c) positivista, pois se fundamenta na busca de objetividade e neutralidade. d) nietzschiana, pois coloca a “vontade de poder” como fundamento para a pesquisa. e) weberiana, pois aborda a ação social racional atribuída por um sujeito. Aula 2 19Sociologia 02.18. (UEM – PR) – Sobre a Sociologia compreensiva de Max Weber, assinale o que for correto. 01) Segundo essa perspectiva sociológica, a ordem social impõe-se aos indivíduos como força exterior e coer- citiva, submetendo, assim, as vontades desses indiví- duos aos padrões sociais estabelecidos. 02) A ação social é entendida como um comportamento dotado de sentido subjetivamente visado e orientado para o comportamento de outros atores. 04) O sociólogo tem como tarefa fundamental a identifi- cação e a compreensão causal dos sentidos e das mo- tivações que orientam os indivíduos em suas ações sociais. 08) O que garante a cientificidade da análise sociológica é o recurso à objetividade pura dos fatos. 16) As instituições sociais são definidas como resultados de relações sociais estáveis e duráveis, passíveis de se- rem alteradas a partir de transformações nos sentidos atribuídos pelos indivíduos às suas ações. 02.19. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir. Sentir-se muito angustiado com a ideia de per- der seu celular ou de ser incapaz de ficar sem ele por mais de um dia é a origem da chamada “no- mofobia”, contração de no mobile phobia, doen- ça que afeta principalmente os viciados em redes sociais que não suportam ficar desconectados. Uma parte da população acha que, se não estiver conectada, perde alguma coisa. E se perdemos al- guma coisa, ou se não podemos responder ime- diatamente, desenvolvemos formas de ansiedade ou nervosismo. (Adaptado de: O medo de não ter o celular à disposição cria nova fobia.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre socialização e instituições sociais, na perspectiva funcionalista de Durkheim, assinale a alternativa correta. a) A nomofobia reduz a possibilidade de anomia social na medida em que aproxima o contato em tempo real dos indivíduos, fortalecendo a integração com a vida social. b) As interações sociais via tecnologias digitais são uma forma de solidariedade mecânica, pois os indivíduos uniformizam seus comportamentos. c) O que faz de uma rede social virtual uma instituição é o fato de exercer um poder coercitivo e ao mesmo tempo desejável sobre os indivíduos. d) O uso de interações sociais por recursos tecnológicos constitui um elemento moral a ser compreendido como fato social. e) Para a nomofobia ser considerada um fato social, faz-se necessário que esteja presente em uma diversidade de grupos sociais. 02.20. De acordo com seus estudos sobre os teóricos das Ciências Sociais, responda às questões a seguir. a) O que é “fato social”, segundo o sociólogo Émile Dur- kheim? b) Quais são as três características de um “fato social”? c) Segundo a definição de Émile Durkheim, cite um exemplo de um fato social. d) Cite a principal diferença entre “fato social” de Émile Dur- kheim e “ação social” de Max Weber. 20 Extensivo Semiextensivo 02.21. (UFU – MG) – Em seu estudo sobre o suicídio, Émile Durkheim procurou chamar a atenção para a dimensão socio- lógica deste fato. Assim, “considerando que o suicídio é um ato da pessoa e que só a ela atinge, tudo indica que deva depender exclusivamente de fatores individuais e que sua explicação, por conseguinte, caiba tão somente à psicologia. De fato, não é pelo temperamento do suicida, por seu caráter, por seus antecedentes, pelos fatores de sua história privada que em geral se explica a sua decisão.[...]”. E complementa: “o suicídio varia na razão inversa do grau de integração dos grupos sociais de que faz parte o indivíduo.” (O Suicídio. Estudo de sociologia. São Paulo:Martins Fontes, 2000.). a) Explique os tipos de suicídio definidos por Durkheim. b) Discorra a respeito da relação estabelecida por Durkheim entre os tipos de suicídio e os tipos de solidariedade por ele definidos. Aula 2 21Sociologia 02.01. b 02.02. c 02.03. c 02.04. c 02.05. b 02.06. c 02.07. d 02.08. d 02.09. b 02.10. d 02.11. a 02.12. e 02.13. b 02.14. d 02.15. d 02.16. b 02.17. c 02.18. 22 (02 + 04 + 16) 02.19. d 02.20. a) Segundo Durkheim, os fatos sociais são maneiras coletivas de agir e de pensar. b) As características dos fatos sociais são: educação, coercitividade e gene- ralidade. c) Um fato social pode ser o modo de vestir, o modo de cortar o cabelo, a língua, a moeda, a religião entre outros. d) Para Émile Durkheim, o fato social era exterior ao indivíduo e a ação social para Max Weber era interior ao indiví- duo. 02.21. a) Como citado no fragmento retirado do livro do próprio Durkheim – O Sui- cídio – sua preocupação sociológica ao estudar este ato que, a princípio possa ter uma conotação individual de estrito estudo da área da Psico- logia, fora de identificar/observar o nexo social do suicida com a própria sociedade, confirmando, assim, sua teoria de que o suicídio seria um fato social por excelência por carregar as características de generalidade, exterioridade e coercitividade. Assim o autor estabelece três tipos de sui- cídio: • Suicídio altruísta – neste tipo de suicídio o indivíduo tira sua própria vida por se identificar sobremaneira com os interesses da coletividade. • Suicídio egoísta – neste tipo de suicídio o indivíduo tira sua própria vida, pois os laços e normas sociais perdem sentido para ele, uma vez que, estamos inserido sem um contexto de uma alta nas cons- ciências individuais. • Suicídio anômico – neste tipo de suicídio o indivíduo tira sua própria vida, pois a sociedade está enfren- tando uma conjuntura de crise ou ruptura do equilíbrio social. Dur- kheim ainda cita um quarto tipo de suicídio, o fatalista, porém ele não chegou a desenvolver uma teoria explicativa para tal que o pudesse comprovar por meio de seus métodos científicos. b) Em relação aos tipos de suicídios e os tipos de solidariedade definidos por Durkheim, pode-se considerar que o Suicídio altruísta – é mais co- mum em sociedades que possuem a chamada solidariedade mecânica, devido à forte consciência coletiva. Por conta disso, até no momento de se matar, o indivíduo o faz pensando no meio social. Desse modo, esse tipo de suicídio revela a forte inte- gração entre o indivíduo e o grupo social. Quanto ao suicídio egoísta, ele é característico de sociedades em que a consciência individual já ocupa algum espaço, em função da diminuição da consciência coletiva, por isso, em casos de solidariedade orgânica. Nesse sentido, pode-se afirmar que o ato suicida se explica não por uma demasiada integração social, mas exatamente pela inter- mitência das relações sociais, ou seja, pelo enfraquecimento da integração social. No caso do suicídio anômico, pode-se perceber uma similaridade entre esse tipo e o egoísta, segundo Durkheim, ou seja, ambos são mais comuns em sociedades de solida- riedade orgânica. Porém, para dife- renciá-los sempre teremos que usar o critério: aquele que é realizado em períodos equilibrados do ponto de vista social/moral deverá ser denomi- nado egoísta,e aquele que decorrer da perturbação da ordem coletiva caracterizada por circunstâncias nas quais as regras perdem sua validade e gera o enfraquecimento dos laços sociais, será chamado anômico. Por- tanto, enquanto o suicídio altruísta se explica pela integração excessiva do indivíduo e a sociedade, os tipos egoísta e anômico possuem explica- ção exatamente no contrário, ou seja, na falta de integração social. Gabarito 22 Extensivo Semiextensivo Sociologia Aula 3 Fundamentos do pensamento sociológico II Pensamento de Karl Marx Karl Marx (1818-1883) nasceu em Trier, na Prússia. Seus pais eram judeus convertidos ao luteranismo (religião na qual Marx foi batizado aos 6 anos de idade, embora mais tarde tenha se tornado ateu). Cursou Direito e Filosofia nas Universidades de Boon e Berlim, onde estudou Hegel, cuja obra foi o “ponto de partida” do pen- samento marxista: primeiramente um “jovem hegeliano”, ele viria posteriormente a rejeitar e criticar a filosofia que considerou ser uma idealização da elite política. Devido a perseguições do governo da Prússia, em 1843 Marx se mudou para Paris, onde veio a conhecer Friedrich Engels, um filósofo e industrial alemão que se tornou seu amigo e financiou boa parte de suas obras. Marx continuou sendo perseguido na França e, depois de uma temporada na Bélgica, fixou residência em Lon- dres. Com Engels, Marx escreveu em 1847 “O Manifesto Comunista”, publicado em 1848. “O Manifesto Comunista” é um tratado político que faz uma análise: dos modos como se manifestou, historicamente, a opressão social; das mudanças tra- zidas pelas revoluções burguesas, que instauraram no poder a burguesia, a nova classe opressora; e das consequências da industrialização, que transformou o trabalhador em “coisa”. O Manifesto é, além de uma crítica ao modo capitalista de produção, que reorga- nizou as sociedades, um chamado à luta pela defesa dos direitos da classe trabalhadora – o proletariado. Marx transitou da Filosofia à Economia e o alcance e influência de suas teorias são até hoje objeto de estudos e controvérsias, muitas resultantes da incompreensão ou simplificação reducionista de seus textos. Como ponto de partida, é importante ter em mente que Marx rejeitou o idealismo burguês, que para ele contrastava com as realidades da vida e constituía uma forma de “declinação”. Marx escreveu para vários jornais durante a vida, inclusive o New York Daily Tribune. Sua obra magna foi “O Capital”, dividida em 3 volumes que até hoje serve de base para a compreensão da relação entre trabalho e capital. Karl Marx © W ik im ed ia C om m on s/ Jo hn Ja be z E dw in M ay al Socialismo Científico Ou marxismo, é o nome dado ao conjunto de ideias, elaboradas por Karl Marx e Friedrich Engels, que fornece- ram a base teórica para se alcançar o que eles consideraram ser uma forma mais elevada de organização da sociedade: o socialismo. O estudo do marxismo é normalmente dividido em três áreas, ou componentes do marxismo, que dizem respeito aos campos do conhecimento da filosofia (materialismo dialético), história social (materialismo histórico) e economia (economia marxista). Essa aula fornece uma brevíssima introdução ao marxismo – que é uma ciência com sua própria terminologia, fundamentada na filosofia do materialismo dialético. Materialismo dialético É a filosofia do marxismo e o método sobre o qual se fundamenta. Quer saibamos ou não, consciente ou inconscientemente, todos têm uma filosofia – uma maneira de olhar o mundo. Aula 3 23Sociologia Para Marx, a classe dominante impõe a filosofia do- minante, ou seja, o “modo de pensar o mundo” que pre- domina e é visto como o “correto” ou “natural” é aquele que é transmitido a todos os membros da sociedade por aqueles que detém o poder – através da imprensa, das escolas e universidades, enfim de todas as estruturas sociais. Para ele, a manutenção do sistema capitalista só é possível porque a classe dominante impõe sua filosofia – com sua moralidade, conservadorismo, defesa de interesses de poucos como se representassem os da sociedade. Filosoficamente, o Idealismo burguês susten- ta o sistema capitalista, pois apregoa a permanência de um Ideal absoluto que precede e rege o mundo material e considera as coisas como fixas e imóveis; como um complexo de coisas prontas, cuja existência é anterior (a priori) e superior ao homem. Por outro lado, o materialismo dialético afirma que nada é permanente, todas as coisas perecem no tempo e a matéria precede a consciência que se tem dela, não o inverso: a mente exige um corpo material – os materialistas não concebem uma consciência separada do cérebro vivo. Para Marx “não é a consciência que determina a existência, é a existência que determina a consciência”. Atenção! Os termos “materialismo” e “idealismo” não devem ser compreendidos aqui como em seu uso cotidiano: não se deve compreender materialismo no sentido de apego ou cobiça material; nem idealismo no sen- tido de ideais elevados ou virtudes. Logo, o materialismo filosófico é uma perspectiva segundo a qual as ideias são simplesmente um reflexo do mundo material. Segundo Engels “todas as ideias são tiradas da experiência, são reflexos – verdadeiros ou distorcidos – da realidade”. É importante ressaltar que os materialistas não negam a existência da mente ou dos pro- cessos mentais, como consciência, pensamento, vontade, apenas negam que a mente e seus processos existam como entes distintos. Além de materialista, a visão marxista do mundo é dialética. Segundo Engels, a dialética “é a ciência das leis gerais do movimento e do desenvolvimento da natureza, da sociedade e do pensamento humanos”. Resumidamente, o materialismo dialético busca explicar as leis da evolução e da mudança, vendo o mundo não como um Ideal estático, mas como um complexo de processos contínuos, que passam por transformações inin- terruptas de vir à existência e desaparecer. Por isso, Marx destaca que há a necessidade de considerarmos a realida- de socioeconômica de determinada época como um todo articulado, na qual aparecem contradições diversas. Materialismo histórico É o método marxista de análise da história, segundo o qual, em última instância, toda mudança social pode ser explicada em função das mudanças no modo de produção. É “materialista” porque considera as condi- ções materiais de desenvolvimento dos seres humanos através da história. Marx afirmava que a estrutura econômica da so- ciedade, constituída de suas relações de produção, é a verdadeira base da sociedade, o alicerce sobre o qual se ergue a superestrutura jurídica e política e ao qual correspondem formas definidas de consciência social. Já as relações de produção da sociedade correspondem a uma determinada fase do desenvolvimento das suas forças produtivas materiais; dessa maneira, “o modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e espiritual em geral”. Para Marx, nenhuma atividade humana tem existência independente: toda experiência consciente é condicionada pelas condições histórico-sociais nas quais todo ser humano se desenvolve, dentro de uma realidade concreta: “Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade, em cir- cunstâncias escolhidas por eles próprios, mas nas circunstâncias imediatamente encontradas, dadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas pesa sobre o cérebro dos vivos como um pesadelo. E mesmo quando estes pare- cem ocupados a revolucionar-se, a si e às coisas, mesmo a criar algo de ainda não existente, é pre- cisamente nessas épocas de crise revolucionária que esconjuram temerosamente em seu auxílio o espírito do passado.” Karl Marx. O 18 Brumário de Luís Napoleão. Resumidamente: • O fator determinante da história é como os homens organizam a sua produção, as relações de produção. • O nível de desenvolvimento das forças produtivasdetermina a história e as formas sociais precisas. • As tradições, a política e a ideologia desempenham papel considerável, mas não decisivos, na evolução histórica. • Os agentes da história são os homens reais, os trabalhadores, não somente os grandes homens, as individualidades históricas. 24 Extensivo Semiextensivo Em síntese: • As classes estão ligadas a determinadas fases históri- cas do desenvolvimento da produção. • O capitalismo é gerador de crises – o próprio sistema não permite que o fruto do trabalho seja distribuído em prol da maioria, o que leva à concentração de riqueza e instabilidade social; • O capitalismo – como tudo no mundo material – terá um fim quando as crises se tornarem insuperáveis e a classe operária, tendo se conscientizado e orga- nizado, será conduzida ao poder – dando início à ditadura do proletariado; • A ditadura do proletariado é apenas um período de transição para a abolição de todas as classes e a for- mação de uma sociedade sem classe – a sociedade emancipada seria livre da exploração do trabalho alheio e estaria inaugurada uma nova era da história da humanidade. Crítica à religião Como filósofo materialista, Marx criticou a religião na obra “Crítica da filosofia do direito de Hegel ”. “A miséria religiosa constitui ao mesmo tem- po a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma. A religião é o ópio do povo.” “No caso da Alemanha, a crítica da religião chegou, no essencial, ao seu fim; e a crítica da religião é o pressuposto de toda a crítica. Para Marx, as religiões cumprem um papel dúplice na manutenção do status quo pela classe dominante: primeiro, porque oferecem às classes trabalhadoras um consolo, uma “falsa esperança” para as injustiças sociais; segundo, porque o trabalhador vê na sua “liberdade” religiosa uma forma de protesto, de luta contra as con- diçoes de vida a que é exposto. Finalmente, a religião não tem substância própria – foi criada pelo homem, para o homem, sendo também fruto ou resultado das condições materiais da existência humana: Estado e sociedade produzem e mantêm as religiões, que são também uma forma de controle dos sujeitos. O estudo do marxismo é importante para a compre- ensão e ajustes no sistema capitalista – por analisar as contradições que resultam periodicamente em crises e recessões. Marx foi, acima de tudo, um dedicado es- tudioso do sistema capitalista. Seu propósito foi deixar para a classe operária – o proletariado – o legado de uma ferramenta teórica que transformasse essa classe social de classe em si em uma classe por si: consciente de sua situação e capaz de transformar sua realidade rumo à emancipação – rumo à revolução proletária. Classes sociais “A história de todas as sociedades que já exis- tiram é a história da luta de classe. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, chefe de corporação e assalariado; resumindo, opresso- res e oprimidos estiveram em constante oposição um ao outro, mantiveram sem interrupção uma luta por vezes aberta – uma luta que todas as ve- zes terminou com uma transformação revolucio- nária ou com a ruína das classes em disputa.” MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, p. 9 A ideia de luta de classes como força motriz da histó- ria aparece claramente no “Manifesto Comunista” e mais tarde na obra “Ideologia Alemã”. Para Marx e Engels, o conceito de “classe” era uma característica singularmente distintiva das sociedades capitalistas, sendo um produto da burguesia. Não se debruçaram, pois, sobre qualquer análise sistemática das principais classes e relações de classes em outras formas de sociedade. As classes dominantes criam e difundem a crença que o modo de vida existente é o melhor para todos, inclusive para as classes dominadas. “As ideias da classe dominante são, em todas as épocas, as ideais dominantes, ou seja, a classe que é o poder material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, o seu poder espiritual dominante ...Os indivíduos que constituem a classe domi- nante também têm, entre outras coisas, consciên- cia, e daí que pensem; na medida em que domi- nam como classe determinam todo o conteúdo de uma época histórica, é evidente que o fazem em toda a sua extensão, e portanto, entre outras coi- sas, dominam também como pensadores, como produtores de ideias , regulam a produção e a dis- tribuição de ideias de seu tempo, que, portanto, as suas ideias são as ideias dominantes da época.” “A Ideologia Alemã”. fornecedores dos serviços anteriormente citados. Isto é, com outras facções da burguesia. Há, ainda, os impostos pagos ao governo. Finalmente, resta uma parcela que é o lucro da empresa. Parte dele será reinvestido ou em outros negócios e parte será a renda individual do empresário, que o comsumirá.” ANAV, Roberto Vital. O retorno de Karl Marx: a redescoberta de Marx no século XI. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2017, p. 84. Alienação Com a Revolução Industrial ocorreu a separação entre capital e trabalho. O proprietário dos meios de produção é o burguês, já o operário vende a sua força de trabalho, recebendo em troca um salário. O trabalhador deixou de ter consciência do processo produtivo, atuando apenas numa etapa do mesmo. Uma imagem clássica é do filme Tempos Modernos de Charles Chaplin em que o sujeito ficava o dia todo apertando parafusos, o que não permitia que percebesse à totalidade do processo produtivo. “O trabalho aliena porque o seu resultado se autonomiza. A alienação é, então, condição para que a revolução não aconteça, a dominação pros- siga, para que a exploração seja possível. Se você conservasse, de alguma forma, soberania sobre o produto do seu trabalho, isso se converteria em força política, força econômica e força social. Mas, como você perde controle sobre o seu trabalho e sobre o produto de o seu trabalho, você fabrica uma coisa forte e se enfraquece ao produzir aqui- lo que é forte fora de você.” BARROS FILHO, Clóvis de; DAINEZI, Gustavo Fernandes. Devaneios sobre a atualidade do capital. Porto Alegre: CDG Editora, 2014, p. 64. Aula 3 25Sociologia Mais-valia Para Marx a força de trabalho tem valor que é capaz de produzir valor superior a si próprio – que é a mais-valia. Em resumo é aquilo que o trabalho produz que não fica com ele, mas sim com o capitalista. O trabalhador produz mercadoria e o seu trabalho também é uma mercadoria. Contudo, quanto mais mercadoria ele produz menos ele acaba valendo no mercado das mercadorias. “Esta é a concretização do trabalho excedente, em termos de valor, ou seja, recebida em dinhei- ro pelo proprietário dos meios de produção. O nome vem da sua origem: a mais-valia é o valor adicional criado pela força de trabalho, valor apropriado pelo capitalista. O valor final do produto se compõe do valor das matérias-primas, peças etc., e da parcela do valor das máquinas consumidas na produção (Lembremo-nos de que esses outros itens são frutos do trabalho realiza- do em uma etapa anterior); do valor da força de trabalho; e da mais-valia, que corresponde ao tra- balho excedente. Assim, depois de pagar o valor da força de trabalho, das matérias-primas e do desgaste das máquinas, o empresário disporá da mais-valia em suas mãos. Essa mais-valia terá uma parcela distribuída para outros empresários, por meio do pagamento dos juros de financiamen- tos bancários e do aluguel da terra ou do edifício onde a empresa funciona (caso não seja próprio). Há ainda os serviços comerciais, de transporte, publicidade etc. Todos esses pagamentos pro- vêm da mais-valia gerada na produção. Ou seja, o empresário industrial dividirá uma porção da mais-valia, criada pelos trabalhadores que ele emprega, com o banqueiro, com o proprietário da terra (ou do imóvel) e com os empresários Testes Assimilação 03.01.(UEMA) – As sociedades modernas são complexas e multifacetadas. Mas é com o capitalismo que as divisões sociais se tornam mais desiguais e excludentes. Marx já observara que só o conflito entre as classes pode mover a história. Assim sendo, para o referido autor, em qual das opções se evidencia uma característica de classe social? a) O status social e cultural dos indivíduos. b) A função social exercida pelos indivíduos na sociedade. c) A ação política dos indivíduos nas sociedades hierarquizadas. d) A identidade social, cultural e coletiva. e) A posição que os indivíduos ocupam nas relações de produção. 26 Extensivo Semiextensivo 03.02. (ACAFE – SC) – Karl Marx, mediante análise dos mecanismos econômicos e sociais do capitalismo, criou uma série de conceitos econô- micos, políticos e sociais que foram a base da ideologia socialista. Acerca do Marxismo, todas as alterna- tivas estão corretas, exceto a: a) Para Marx, a exploração do opera- riado ficava evidente no conceito de mais-valia. b) O Marxismo defende que os meios de produção sejam controlados pela iniciativa privada, deixando ao Estado a administração das empresas públicas. c) O Socialismo Científico de Marx de- fendia uma proposta revolucionária para o proletariado. d) Para a Revolução Socialista, o comunismo representaria o fim das desigualdades econômicas e sociais. 03.03. (UFU – MG) – Marx e Engels em seu Manifesto do Partido Comu- nista, consideram que “a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classes. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado.” Em vista disso, assinale a alternativa que define corretamente a burguesia e o proletariado. a) Os burgueses utilizam o trabalho escravo para a produção, e o pro- letariado é desprovido de liberdade para vender sua força de trabalho. b) Os burgueses são proprietários que utilizam da manufatura do proleta- riado para a produção de mercado- rias, e o proletariado impulsiona o desenvolvimento da manufatura. c) Os burgueses são os grandes pro- prietários de terras, e o proletariado detém o poder social e econômico. d) Os burgueses são os detentores dos meios de produção, e o prole- tariado vende sua força de trabalho. 03.04. (UNIMONTES – MG) – A questão das classes sociais ocupa um papel fun- damental na teoria de Karl Marx. Para ele, existem condicionantes e determinantes na complexa relação entre indivíduo e sociedade e entre consciência e existência social. Considerando as reflexões de Karl Marx sobre esse tema, marque a alter- nativa incorreta. a) A luta de classes desenvolve-se no modo de organizar o processo de trabalho e no modo de se apropriar do resultado do trabalho humano. b) A luta de classes está presente em todas as ações dos trabalhadores quando lutam para diminuir a exploração e a dominação. c) Em meio aos antagonismos e lutas sociais, o indivíduo pode repensar a reali- dade, reagir e até mesmo transformá-la, unindo-se a outros em movimentos sociais e políticos. d) As classes sociais sustentam-se em equilíbrios dinâmicos e solidários, sendo a produção da solidariedade social o resultado necessário à vida em sociedade. Aperfeiçoamento 03.05. (UFU – MG) – E se, em toda ideologia, os homens e suas relações aparecem inver- tidos como numa câmara escura, tal fenômeno decorre de seu proces- so histórico de vida, do mesmo modo porque a inversão dos objetos na retina decorre de seu processo de vida diretamente físico. MARX, Karl, A ideologia alemã. São Paulo: Hucitec, 1987. p. 37. Com essa famosa metáfora, Marx realiza a definição de ideologia como inversão da realidade, da qual decorre para ele a) a alienação da classe trabalhadora. b) a consciência de classe dos trabalhadores. c) a existência de condições para a práxis revolucionária. d) a definição de classes sociais. 03.06. (UFU – MG) – Conforme Marx e Engels: “O modo pelo qual os homens produzem seus meios de vida depende, antes de tudo, da própria constituição dos meios de vida já encontrados e que eles têm de reproduzir. Esse modo de produção não deve ser considerado meramente sob o aspecto de ser a reprodução da existência física dos indivíduos. Ele é, muito mais, uma forma determinada de sua atividade, uma forma determinada de exteriorizar sua vida, um determinado modo de vida desses indivíduos”. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Huitec, 1999, p. 27. Da leitura do trecho, conclui-se que: a) As ideologias políticas possuem autonomia em relação ao desenvolvimento das forças produtivas. b) A base da estrutura social reside no seu modo de produção material. c) O modo de produção é determinado pela ideologia dominante. d) Toda atividade produtiva é uma forma desumanização. Aula 3 27Sociologia 03.07. (UFGD – MS) – Karl Marx e Friedrich Engels são importantes e destacados autores das teses do socialismo científico, cuja proposição se baseou a) na perspectiva de que seria urgente a redução do papel do Estado na economia. b) no desenvolvimento e execução de sucessivas reformas em diferentes modelos econômicos, visando ao aperfei- çoamento do Liberalismo. c) em apontar e discutir as contradições do capitalismo, a partir da ideia de que seria necessária a ação revolucio- nária dos trabalhadores. d) no desenvolvimento e execução de sucessivas reformas em diferentes modelos econômicos, visando ao aperfei- çoamento do Liberalismo. e) em redefinir o movimento sindical, por considerar que ele estaria ultrapassado após a Revolução Russa. 03.08. Leia o texto a seguir. Assim como Darwin descobriu a lei do desen- volvimento da natureza orgânica, Marx descobriu a lei do desenvolvimento da história humana. A produção dos meios imediatos de vida, materiais e, por conseguinte, a correspondente fase de de- senvolvimento econômico de um povo ou de uma época é a base a partir da qual tem se desenvolvi- do as instituições políticas, as concepções jurídi- cas, as ideias artísticas. A descoberta da mais-valia clareou estes problemas. Adaptado de: ENGELS, F. Discurso diante do túmulo de Marx. 1883. Dispo- nível em: <http://www.marxists.org/espanol/m-e/1880s/83-tumba.htm>. Acesso em: 11 set. 2017. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção materialista da história, assinale a alternativa correta. a) Existem leis gerais e invariáveis na história, que fazem a vida social retornar continuamente ao ponto de partida, isto é, a uma forma idêntica de exploração do homem sobre o homem. b) A mais-valia, ou seja, uma maneira mais eficaz de os pro- prietários lucrarem por meio da venda dos produtos acima de seus preços, é uma manifestação típica da sociedade capitalista e do mundo moderno. c) O darwinismo social é a base da concepção materialista da história na medida em que esta teoria demonstra cien- tificamente que somente os mais aptos podem sobreviver e dominar, sendo os capitalistas um exemplo. d) A partir de intercâmbios na infraestrutura da vida social, desenvolve-se um conjunto de relações que passam a integrar o campo da superestrutura, com uma interde- pendência necessária entre elas. e) A sociedade burguesa, por intensificar a exploração dos homens através do trabalho assalariado, constitui-se em forma de organização social menos desenvolvida que as anteriores. 03.09. Leia o texto a seguir. Temos um trabalhador numa determinada in- dústria. Suponhamos que ele conheça o dono da pequena indústria em que trabalha e que tenha até uma boa amizade com ele. Em determinado momento, porém, acontece uma greve. Apesar da amizade entre o trabalhador e seu patrão, prova- velmente durante a greve ambos estarão coloca- dos em lados opostos. TOMAZI, Nelson. Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 1993. p. 13-14. Este exemplo, tomado para introduzir uma reflexão sobre conceitos elaborados por Marx, em sua crítica àsociedade capitalista, remete, claramente, à noção de “classes sociais”, entendida no marxismo como a) grupos de indivíduos que compartilham os mesmos motivos para realizarem ações sociais. b) grupos de indivíduos que agem de forma semelhante em face de um mesmo fato social. c) grupos de indivíduos que possuem a mesma crença com relação aos valores que precedem suas ações. d) grupos de indivíduos que ocupam uma mesma posição nas relações sociais de produção. 03.10. (UEG – GO) – A respeito do materialismo histórico de Karl Marx, verifica-se que é uma a) concepção que considera que a matéria é a origem do universo e da sociedade, e que ela muda historicamente transformando o homem e a natureza, sendo por isso que Marx intitulou essa concepção com a junção das palavras materialismo e história. b) concepção da história que defende que o processo his- tórico é determinado exclusivamente pelos interesses econômicos e materiais, sendo devido a isso que Marx atribuiu o nome “materialismo” à sua concepção em oposição ao “idealismo”, que defende que as pessoas perseguem seus ideais. c) concepção historicista que compreende que a única ideo- logia válida é o materialismo originado com o iluminismo e aperfeiçoado por Augusto Comte, sendo a divergência de Marx com esses antecessores apenas política, já que ele propunha uma concepção revolucionária diferente- mente deles. d) teoria da história que analisa o processo real e concreto, enfatizando o modo de produção e reprodução dos bens materiais necessários para a sobrevivência humana e que passa a ser determinada pela luta de classes em determinadas sociedades. 28 Extensivo Semiextensivo 03.11. (UFT – TO) – Em 1848, foi editada uma obra de Karl Marx e Friedrich Engels em que os autores difundiram as bases políti- cas e ideológicas da chamada “Luta de Classes.” Trata-se do livro: a) A Origem da Família, da Propriedade e do Estado, que definiu o conceito de comunismo. b) A Origem da Família, da Propriedade e do Estado, que definiu o conceito de comunas e soviets. c) 18 Brumário, obra que retrata o retorno do sistema impe- rial na França após o Governo do Diretório. d) Manifesto do Partido Comunista, no qual os autores con- clamam os trabalhadores a se unirem à burguesia para implantar o socialismo na Rússia. e) Manifesto do Partido Comunista, no qual os autores conclamam os trabalhadores a se unirem para derrubar a burguesia e o capitalismo, por meio de uma revolução. Aprofundamento 03.12. O materialismo histórico dialético é o método de aná- lise da sociedade criado por Karl Marx, um dos clássicos da Sociologia. A respeito desse método, é possível afirmar que a) o materialismo explica que as condições materiais de existência não são fatores determinantes para o modo de ser e pensar de cada um. b) a sociedade e a política surgem da ação da natureza e não da ação concreta dos seres humanos no tempo. c) o materialismo explica que são as relações sociais de pro- dução que determinam o modo de ser e pensar de cada indivíduo. É um modo histórico, já que a sociedade e a política surgem da ação concreta dos seres humanos no tempo. d) a História é um processo contínuo e linear, logo a realidade é estática e o movimento da história possui uma base material e econômica, mas não obedece a um movimento dialético. e) a base material ou econômica constitui a “superestrutura” da sociedade, que exerce influência direta na “infraes- trutura” da sociedade, ou seja, nas instituições jurídicas, políticas e ideológicas. 03.13. O materialismo histórico foi a corrente mais revo- lucionária do pensamento social, tanto no campo teórico como no da ação política. E o Materialismo histórico pode ser conceituado como: a) Período de transição do socialismo para o comunismo, durante o qual as condições materiais são criadas para a construção do socialismo. b) Filosofia formulada por Marx e Engels que desenvolve em estreita conexão com os resultados da ciência e com a prática do movimento operário revolucionário. c) Doutrina marxista do desenvolvimento da sociedade humana, que vê no desenvolvimento dos bens materiais necessários à existência a força primeira que determina toda a vida social, que condiciona a transição de um regime social para outro. d) Corrente hostil ao marxismo que defende a natureza como fonte de sobrevivência. e) Etapa que se segue ao socialismo, quando as classes deixam de existir e o Estado se extingue. 03.14. Com relação à Sociologia clássica de Marx, podemos afirmar: I. Afirma que as relações entre os homens são relações de oposição, antagonismo e exploração. II. Mostra que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção. III. Defende a ideia de que as ações sociais são responsáveis pelas desigualdades sociais. IV. Defende a ideia de que no capitalismo o trabalhador perde a posse do trabalho, naquilo que ele chama de alienação. São corretas: a) I e II. b) III e IV. c) I, II e IV. d) I, II e III. e) Todas são corretas. 03.15. (UEM – PR) – Considerando as contribuições de Karl Marx e da teoria marxista para a compreensão da economia política capitalista, assinale o que for correto: 01) A teoria marxista contribui para o entendimento de que os modernos processos de exploração e alienação das forças de trabalho são o resultado de um sistema social de produção que pode ser transformado. 02) Segundo Marx, as empresas passaram a respeitar e a valorizar seus empregados a partir do momento em que se conscientizaram do papel central que eles ocu- pam no processo produtivo. 04) A teoria marxista explica que o sistema capitalista de produção se tornou a forma mais justa e democrática de combater as desigualdades nas sociedades modernas. 08) A obra de Marx contribuiu para o reconhecimento das leis de mercado enquanto fatos sociais independentes da ação humana, e que devem ser obedecidas para se manter a coesão social. 03.16. (UEM – PR) – Karl Marx e Max Weber figuram entre os autores considerados fundadores da Sociologia. Cada um a seu modo investigou o funcionamento das sociedades. Ambos se preocuparam, sobretudo, com o funcionamento das sociedades capitalistas modernas. Assinale o que for cor- reto a respeito de estudos realizados por esses dois autores. 01) Para Max Weber, as ações sociais dependem das deci- sões, das escolhas e das orientações individuais, por- tanto tais ações interferem diretamente na realidade. 02) Karl Marx indica, em seus escritos, que a forma como as sociedades produzem e reproduzem a sua vida mate- rial não interfere nos demais campos da vida. 04) Max Weber considera que o protestantismo foi central para o desenvolvimento da sociedade capitalista mo- derna, uma vez que essa doutrina religiosa inseriu uma ética de valorização do trabalho e de seus frutos, inclu- sa a riqueza. 08) Ao contrário de Karl Marx, Max Weber considera os fenômenos culturais desencadeadores de transforma- ções históricas e sociais. 16) Os estudos de Karl Marx indicam que a produção e a reprodução da vida material, aquilo denominado de economia, conformam a infraestrutura das sociedades. Aula 3 29Sociologia O capitalismo é gerador de crises – o próprio sistema não permite que o fruto do trabalho seja distribuído em prol da maioria, o que leva à concentração de riqueza e instabilidade social; O capitalismo – como tudo no mundo material – terá um fim quando as crises se tornem insuperáveis e a classe operária, tendo se conscientizado e organizado, será conduzida ao poder – dando início à ditadura do proletariado; A ditadura do proletariado é apenas um período de transição para a abolição de todas as classes e a for- mação de uma sociedade sem classe – a sociedade emancipada seria livre da exploração do trabalho alheio e estaria inaugurada uma nova era da história da humanidade. 03.17. Com suas compreensões a respeito dos temas expostos acima, identifique o tipode ideia proposta por Marx para a superação das desigualdades sociais e explique a participação do proletariado nesse processo. Desafio 03.18. (UFPR) – Tendo como referência a leitura do livro Os clássicos da política (WEFFORT, 1991), explique por que Marx propunha a revolução como mecanismo para a superação do sistema capitalista. 03.01. e 03.02. b 03.03. d 03.04. d 03.05. a 03.06. b 03.07. c 03.08. d 03.09. d 03.10. d 03.11. e 03.12. c 03.13. c 03.14. c 03.15. 01 03.16. 29 (01 + 04 + 08 + 16) 03.17. O aluno pode citar o socialismo cientí- fico, ou também o comunismo como proposta de análise e de transformação social. Quanto à participação do prole- tariado, esse é fundamental para a mo- bilização na luta de classes, instituindo a ditadura do proletariado e eliminando as desigualdades existentes. 03.18. Na visão dialética de Marx, o mecanismo que impulsiona a mudança social é a contradição. Ou seja, o modo de produ- ção capitalista produziria as forças que provocariam sua negação, contestação e a consequente superação por inter- médio de uma revolução. A revolução proletária que conduziria à ditadura do proletariado, meio pelo qual o sistema capitalista seria superado. Gabarito 30 Extensivo Semiextensivo Relações: sociedade e natureza Aula 4 Sociologia Ao longo dos séculos, a relação do homem com a natureza foi se modificando drasticamente. Os povos antigos das mais diversas regiões do globo terrestre viam a natureza não como algo a ser domado, explorado, mas como um ente superior, ao qual deviam reverenciar. Daí a maior parte dos deuses das religiões da Antiguidade estarem associados a elementos da natureza. Conforme a sedentarização e a agricultura evolu- íram, e principalmente depois do advento do uso de máquinas para o aumento da produção, essa relação se alterou: o homem pós-revolução industrial domou a terra, os recursos naturais, e passou a ver a natureza como um insumo – como provedora da matéria-prima necessária à produção de bens de consumo. Embora o tema “natureza” pareça alheio à economia, a “cultura” da exploração de todos os recursos naturais permeia o modelo de desenvolvimento econômico do mundo capitalista, que tem por base a geração constante de riqueza para manter o consumo e produzir excedente para a manutenção do Estado e da própria sociedade. Por esse motivo, diversos pensadores se preocupa- ram em estudar a relação sociedade x natureza: • Para Adam Smith (1723-1790), o comportamento humano é guiado pela razão e pela satisfação de ne- cessidades e interesses pessoais: isso faz com que uti- lizemos todos os nossos recursos ou insumos – terra, capital e trabalho – na produção de bens de consumo; • David Ricardo (1772-1823) também vê a terra e os recursos naturais como insumos, porém, previu um futuro estágio estacionário na produção, em que não haveria suficiente terra produtiva de qualidade para produzir em quantidade suficiente para suprir a de- manda gerada pelo crescimento populacional – nem mesmo com todo o progresso técnico que o trabalho, como propunha Smith, pudesse gerar. Nesse sentido, a natureza é não apenas uma limitadora do cresci- mento, mas também está em conflito com o homem. • Embora não se possa afirmar que Karl Marx (1818-1883) tenha sido um pensador “ambientalista” no sentido atual, ele via o homem como inserido na natureza. Em suas críticas à sociedade capitalista, estudou também a alienação humana em relação ao seu mundo natural. As mudanças no relacionamento entre o homem e a natureza podem ser relacionadas às mudanças no processo produtivo – que é um fenômeno social por sua vez também determinado e moldado pela relação entre o homem e suas condições naturais e materiais. Progresso técnico e meio ambiente A Revolução Industrial é um marco histórico na rela- ção do homem com o meio ambiente, por representar o momento em que o progresso técnico modificou significativamente essa relação. Meio ambiente: conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema natural e inclui a vegetação, os animais, os micro-organismos, o solo, as rochas, a atmosfera e todos os fenômenos natu- rais, além dos recursos e fenômenos físicos como ar, a água, as florestas. Na ótica do Direito – segundo a lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente; Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem fí- sica, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. O progresso técnico – caracterizado principalmente pelo crescente uso e sofisticação de máquinas e pelas inovações tecnológicas nos processos produtivos – possibilitou a produção em massa, a fim de suprir as necessidades de consumo de uma população mundial que cresceu exponencialmente no último século. TABELA população mundial – de 1700 a 2100 (projeção) 1700 1750 1800 1850 1900 year 1950 2000 2050 2100 2,000 4,000 6,000 8,000 10,000 12,000 14,000 0 high scenario Tabela população mundial - de 1700 a2100 (projeção) medium scenario low scenario po pu la tio n (in m ill io n) Aula 4 31Sociologia O progresso técnico possibilitou também a expansão das economias e sua internacionalização. Trouxe, contudo, diversas consequências indesejá- veis para o meio ambiente. Alguns exemplos: • a indústria do petróleo – a exploração, produção e transporte são atividades com alto risco de contaminação, pois podem causar danos irreparáveis ao meio ambiente, como vazamentos em plataformas de extração, nos navios petroleiros ou nos oleodutos de distribuição que, quando ocorrem, causam danos incalculáveis ao meio ambiente. A produção do petróleo também produz resíduos altamente tóxicos para o solo e os lençóis freáticos. • a indústria têxtil – a produção mundial de fibra sintética, uma das mais usadas na indústria têxtil, utiliza mais de 70 milhões de barris de petróleo por ano, e o produto final demora mais de 200 anos para se decompor; a viscose, que utiliza celulose para produção, exige a derru- bada de 70 milhões de árvores todos os anos; o algodão, por sua vez, demanda altos níveis de substâncias tóxicas em seu cultivo. O processo de produção têxtil é também altamente poluente, principalmente para as águas, que são contaminadas por produtos usados no tingimento e tratamento têxteis. Ou seja, não apenas a produção em massa de bens necessita de grande consumo de recursos naturais, mas sua conversão em produtos comercia- lizáveis gera poluição – resíduos sólidos, líquidos e gasosos despejados na natureza, além dos resíduos pós-consumo. Durante o último século, e mais aceleradamente durante as últimas déca- das, houve um crescimento populacional e uma evolução tecnológica muito rápida que resultaram em uma exploração sem precedentes dos recursos naturais disponíveis. Ao mesmo tempo, não houve uma preocupação ou uma programação no sentido de conter as consequências do desequilíbrio ambiental resultante. Sustentabilidade É inegável que a exploração desordenada dos recursos naturais, pro- movida dentro do modelo de desenvolvimento econômico adotado pela sociedade contemporânea, foi determinante para a atual crise ambiental, que já era evidente desde a década de 1960. O desequilíbrio entre a atividade humana e a proteção ambiental passou a constituir uma maior preocupação dos Estados a partir de 1972, quando se realizou em Estocolmo, Suécia, a Conferên- cia das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano. A Conferência de Estocolmo tornou-se um marco decisivo para o desenvolvimento de políticas ambientais e determinante na criação de regras de proteção que, através da pressão internacional, passaram a integrar o sistema jurídico de vários Estados, na forma do Direito Ambiental. A questão principal moti- vadora da proteção ambiental foi também fruto da cultura de exploração: – quanto tempo nosso planeta pode resistir ao modelo econômico vigente? – ou, dito de outro modo, quandochegará o dia em que não haverá matéria prima para manter a produção e o consumo que mais de 7 bilhões de pessoas demandam? Chegou-se à conclusão lógica de que somente com a interferência do Estado por meio de legislações – normas jurídicas visando à redução dos impactos ambientais – seria possível alcançar a sustentabilida- de, ou seja, permitir que o planeta continue sustentando a vida huma- na. O americano Lester Brown, um dos mais famosos ambientalistas do mundo, foi também um dos primeiros a oferecer um conceito de “sustentabilidade”: “uma sociedade sustentável é aquela capaz de satisfa- zer suas necessidades sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras” Lester Brown, World Watch Institute © Ca lv in & H ob be s, Bi ll W at te rs on ,1 99 0 W at te rs on / D ist . b y An dr ew s M cM ee l S yn di ca tio n 32 Extensivo Semiextensivo No livro Plano B 4.0: Mobilização para Salvar a Civilização, Lester Brown afirma que é possível evitar o colapso ambiental, desde que se empreendam esforços no sentido de se reestruturar e buscar alternativas para o plano de desenvolvimento atual: “As corporações precisam reconhecer que seu fu- turo é inseparável do futuro da civilização e que elas também são responsáveis pela manutenção da vida na Terra. Devem, portanto, contribuir com a construção de uma economia global sus- tentável. Sem isso, vamos enfrentar um colapso. Nenhuma companhia terá lucro avançando na escalada rumo à destruição. Precisamos rever ra- pidamente a economia global e particularmente a matriz energética por meio de políticas econômi- cas que reestruturem taxas e pressionem o merca- do a contar a verdade ambiental”. Promover a sustentabilidade é um desafio socioeco- nômico que envolve um conjunto de ações de todos os setores da sociedade e que requer mudanças como: • mudança de postura em relação à natureza e ao meio ambiente; • mudança cultural em relação aos padrões de explo- ração, desenvolvimento e consumo atuais; • restruturação do sistema econômico atual para que este seja efetivamente capaz de garantir as necessi- dades atuais da sociedade sem destruir as chances de sobrevivência das futuras gerações. Iniciativas que se enquadram na perspectiva de desenvolvimento sustentável: • Consumo ético: é um tipo de ativismo do consumi- dor, praticado através de “compras éticas” baseadas na informação sobre as empresas e os produtos. Praticar o consumo ético é boicotar empresas e pro- dutos que violem os direitos humanos, os “direitos” animais e os direitos ambientais. • Consumo consciente: ter em conta os impactos am- bientais na hora de escolha do produto, na definição da sua necessidade, do seu modo de uso e descarte. Também signifca adotar situaçãoes para o problema do lixo, utilizando o Princípio dos 3R’s - Reduzir, Reu- tilizar e Reciclar. • Conscientização e preservação ambiental: politi- cias de educação ambiental, de preservação da flora e fauna, de redução do desmatamento, de aumento de reflorestamento; • Busca de formas “sustentáveis” de organização das condições de vida (formação de ecovilas, ecocidades e cidades sustentáveis); • Aplicação das ciências para o desenvolvimento de tecnologias verdes e de energias renováveis: eólica, solar e geotérmica; • Ativismo político – políticas governamentais desem- penham papel essencial no incentivo de investimen- tos em energias renováveis. Segundo estimativa da UNEP (United Nations Environmental Program) de 2011, a alocação de cerca de 1,25% do PIB mundial em eficiência energética e energias renováveis poderia reduzir a demanda global por energia primária em 9% em 2020 e em 40% até 2050; • Pagamento por serviços ambientais (PSA) – consiste em recompensar ações que possam auxiliar os serviços ecossistêmicos, ou seja, remunerar aqueles que, direta ou indiretamente, ajudam a preservar o meio ambiente. Ex.: incentivos fiscais para iniciativas de reflorestamento, reciclagem; • Cobrança diferenciada de impostos: cobrança maior de impostos sobre atividades ambientalmente des- trutivas, como as que geram, por exemplo, emissões de carbono e mercúrio, produzem lixo tóxico , ou consomem quantia excessiva de matérias-primas – atividades “limpas” poderiam ser encorajadas pela menor tributação. Esse seria o “mercado honesto” proposto por Lester Brown. Serviços ecossistêmicos são todos os “serviços” ou benefícios que os ecossistemas prestam à sociedade em termos de provimento, manutenção, recuperação ou melhoramento das condições ambientais. Podem ser serviços de provisão (tudo com que a natureza abastece a sociedade: água, alimentos, madeira), serviços de suporte e regulação (que mantem a estabilidade das condicoes ambientais: absorção de CO² pela fotossíntese das florestas; polinização de plantas, decomposição do lixo) e serviços culturais: são os benefícios intangíveis que a natureza proporciona, como os recreacionais, estéticos e espirituais. É preciso lembrar que, a despeito da boa vontade de alguns e da crescente popularidade do termo, a sustentabilidade ambiental só poderá ser alcançada com o envolvimento de todos. Hoje, é bastante questionável se, na prática, as acões necessárias serão implementadas para se evitar uma maior degradação ambiental e o consequente colapso da civilização atual. Envolver-se e praticar ações que permitam o desenvolvimento sustentável é tornar-se um “cidadão ambiental”: Aula 4 33Sociologia “Noção de cidadania ambiental pressupõe o estabelecimento de um relação mais harmoniosa com a natu- reza. Essa postura deve estar presente em toda a extensão da vida cotidiana, com cada cidadão exercitando sua responsabilidade ambiental em toda ocasião que estiver manipulando bens e materiais, buscando a fina- lidade mais ecológica possível em cada atitude adotada no seu dia a dia e com consciência do impacto que os mais simples procedimentos podem provocar no meio natural. Como salienta o filósofo José Ávila Aguiar Coimbra, “ a escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e da diversidade da vida.” WALDMAN, Maurício. IN: História da cidadania. Organização: Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky. São Paulo: Contexto, 2003, p. 539. O nosso envolvimento na construção de uma cidadania ambiental é urgente. A natureza e as gerações futuras agradecem! Testes Assimilação 04.01. (UFMT) – Relatório ambiental de 2010 da ONU cal- cula que 50 milhões de toneladas de produtos descartáveis e altamente tóxicos são produzidas anualmente. Oriundos principalmente dos Estados Unidos e da Europa, esses produ- tos descartados são levados, sobretudo, para a Ásia e a África, onde rendem dinheiro, mas geram inúmeros problemas de saúde. A obsolescência programada virou regra nesses produtos: nos anos 90 a sua vida média era de quatro anos, hoje, é de apenas um ano e meio. O texto refere-se a um dos problemas ambientais de mais rápido crescimento no mundo, o do lixo que contém a) garrafas pet. b) derivados do petróleo. c) plásticos. d) eletrônicos. e) latas de alumínio. 04.02. (ENEM) – A Justiça de São Paulo decidiu multar os super- mercados que não fornecerem embalagens de papel ou material biodegradável. De acordo com a deci- são, os estabelecimentos que descumprirem a nor- ma terão de pagar multa diária de R$ 20 mil, por ponto de venda. As embalagens deverão ser dispo- nibilizadas de graça e em quantidade suficiente. Disponível em: www.estadao.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012 (adaptado). A legislação e os atos normativos descritos estão ancorados na seguinte concepção: a) Implantação da ética comercial. b) Manutenção da livre concorrência. c) Garantia da liberdade de expressão. d) Promoção da sustentabilidade ambiental. e) Enfraquecimento dos direitos do consumidor. © Jo aq uí n Sa lv ad or L av ad o (Q UI N O ) T O DA M AF AL DA /F ot oa re na 34 Extensivo Semiextensivo04.03. (UECE) – “A questão ambiental deve ser compreendida como um produto da intervenção da sociedade sobre a natureza. Diz respeito não apenas a pro- blemas relacionados à natureza, mas às problemá- ticas decorrentes da ação social.” RODRIGUES, Arlete Moysés. Produção do e no espaço - problemáti- ca ambiental urbana. Ed. Hucitec, 1998, p.8. A partir do excerto acima, pode-se concluir corretamente que os problemas ambientais globais residem a) na forma como o homem em sociedade apropria-se da natureza. b) nas relações de consumo e não nas relações de produção. c) principalmente na forma de exploração dos recursos naturais não renováveis. d) apenas nas relações de produção, porque estas não têm vinculação com o consumo. 04.04. A expressão “desenvolvimento sustentável” é amplamente empregada para designar a preservação da natureza, com vistas à promoção de uma maior cons- cientização ambiental na sociedade. Esse termo designa, especificadamente: a) A ampliação da área de cultivo agrícola em larga escala. b) A manutenção do desenvolvimento econômico de modo a garantir a preservação da natureza e dos recursos natu- rais para as gerações futuras. c) A adoção de medidas de expansão das áreas naturais so- bre as zonas de ocupação humana, de forma a reconstruir o império dos domínios da natureza. d) A ampliação das medidas socioeducativas para o uso consciente da natureza, de modo a garantir, sobretudo, o desenvolvimento econômico e urbano. e) A interrupção das práticas econômicas para garantir, primeiramente, a conservação dos elementos naturais. Aperfeiçoamento 04.05. (ENEM) – A poluição e outras ofensas ambientais ainda não tinham esse nome, mas já eram largamente notadas no século XIX, nas grandes cidades ingle- sas e continentais. E a própria chegada ao campo das estradas de ferro suscitou protestos. A reação antimaquinista, protagonizada pelos diversos lu- ddismos, antecipa a batalha atual dos ambienta- listas. Esse era, então, o combate social contra os miasmas urbanos. SANTOS M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2002 (adaptado). O crescente desenvolvimento técnico-produtivo impõe mo- dificações na paisagem e nos objetos culturais vivenciados pelas sociedades. De acordo com o texto, pode-se dizer que tais movimentos sociais emergiram e se expressaram por meio a) das ideologias conservacionistas, com milhares de adep- tos no meio urbano. b) das políticas governamentais de preservação dos objetos naturais e culturais. c) dos boicotes aos produtos das empresas exploradoras e poluentes. d) da contestação à degradação do trabalho, das tradições e da natureza. e) das teorias sobre a necessidade de harmonização entre técnica e natureza. 04.06. Analise as seguintes afirmativas sobre as questões ambientais: I. A chamada “crise ambiental” atinge exclusivamente os países ricos, pois é uma consequência direta da produção industrial, praticamente inexistente nos países pobres; II. As últimas décadas do século passado conheceram uma série de propostas dos países ricos de superação dos problemas ambientais a partir de uma modificação da matriz energética, propostas estas que contaram com o apoio unânime do G-7; III. O aquecimento global, resultante do chamado “efeito es- tufa”, é um dos mais preocupantes problemas ambientais da atualidade, afinal ele deverá atingir todo o planeta. Assinale: a) se apenas a afirmativa I for correta b) se apenas a afirmativa II for correta c) se apenas a afirmativa III for correta d) se as afirmativas I e II forem corretas e) se as afirmativas I e III forem corretas 04.07. (UNIRIO – RJ) – A ideia de desenvolvimento susten- tável tem sido cada vez mais discutida junto às questões que se referem ao crescimento econômico. De acordo com este conceito considera-se que: a) o meio ambiente é fundamental para a vida humana e, portanto, deve ser intocável. b) os países subdesenvolvidos são os únicos que praticam esta ideia, pois, por sua baixa industrialização, preservam melhor o seu meio ambiente do que os países ricos. c) ocorre uma oposição entre desenvolvimento e proteção ao meio ambiente e, portanto, é inevitável que os riscos ambientais sustentem o crescimento econômico dos povos. d) deve-se buscar uma forma de progresso socioeconômico que não comprometa o meio ambiente sem que, com isso, deixemos de utilizar os recursos nele disponíveis. e) são as riquezas acumuladas nos países ricos, em prejuízo das antigas colônias durante a expansão colonial, que de- vem, hoje, sustentar o crescimento econômico dos povos. Aula 4 35Sociologia 04.08. Analise o texto: Mostrengo enviado para punir o povo de Tebas por ter afrontado os deuses, a Esfinge tinha cabeça e seios de mulher, corpo e patas de leoa, e asas de águia. Instalada às portas da cidade, ela exigia que seus melhores jovens a enfrentassem. Todos eram impiedosamente trucidados porque não conse- guiam responder ao enigma que ela lhes propu- nha. Desgraça que só terminou quando apareceu um esperto rapaz, vindo de Corinto e chamado Édipo. Ele matou a charada, provocando o suicídio da fera. O resto da lenda é bem conhecido. Pois bem, o “desenvolvimento sustentável” também é um enigma à espera do seu Édipo [....] . VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do século XXI. 3a edição. Rio de Janeiro: Garamond, 2008, p.3. O desenvolvimento sustentável se define de forma enigmáti- ca por constituir-se enquanto o desafio do Século XXI. Nesta perspectiva, pode-se afirmar: a) A privatização da água proposta pelo Banco Mundial é uma medida de uso e apropriação racional da natureza com vistas à sustentabilidade socioeconômica e ambiental. b) Os conflitos socioambientais evidenciam as contradições da relação estabelecida entre a sociedade e a natureza no modelo de desenvolvimento capitalista. c) A regulação da biodiversidade pela Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto patrimônio da humani- dade, vem garantindo o cumprimento legal da política ambiental brasileira. d) A conservação natural dos ecossistemas terrestres para a reprodução social da vida torna evidente o desenvolvi- mento sustentável no capitalismo. 04.09. (FGV – SP) – Nos jornais em todo o mundo, cotidiana- mente a palavra crise está presente e associada à economia. Várias reuniões de lideranças mundiais são realizadas para discutir a crise econômica e, nelas, a questão ambiental é geralmente tratada com menor profundidade com que se discutem os problemas econômicos. Um dos grandes desafios para diminuir o peso da crise ambiental é a) difundir, em escala global, os hábitos de consumo que es- tão presentes nos países tradicionalmente desenvolvidos. b) controlar a natalidade nos países mais pobres e emer- gentes de modo a retardar a chegada dos 8 bilhões de habitantes. c) desenvolver pesquisas de novas tecnologias para incen- tivar o uso de recursos naturais menos susceptíveis ao esgotamento. d) expandir modelos econômicos neoliberais que concre- tizem ações voltadas à educação ambiental nos países pobres. e) promover a desconcentração espacial das populações que vivem nos vales fluviais onde há forte pressão sobre os recursos naturais. 04.10. (UEPB) – Sobre a globalização dos problemas am- bientais é correto afirmar: I. Após a Revolução Industrial, a Natureza passou a ser vista como uma fonte de recursos econômicos a ser explorada por meio de instrumentos cada vez mais sofisticados, criados pela ciência e pela tecnologia. Nesse processo, o meio ambiente foi submetido a uma contínua devasta- ção, pondo em risco o equilíbrio do planeta e afetando a vida de toda a humanidade. II. Nas últimas décadas do seculo XX, com o agravamento dos problemas ambientais, a sociedade se mobilizou para deter os efeitos nocivos das atividades econômicas, predatórias e poluentes. III. Os grupos ecológicos se multiplicaram e a pressão social resultou na aprovação pelos poderes públicos de leis de proteçãoao meio ambiente. IV. No âmbito internacional, a preservação do meio ambiente passou a constituir elemento importante de um país para negociar a comercialização de seus produtos e recebimento de empréstimos. Está(ão) correta(s) a) Apenas a proposição I b) Todas as proposições c) Apenas as proposições II e IV d) Apenas as proposições I e II e) Apenas as proposições I e III Aprofundamento 04.11. (UFAL) – “Os padrões dominantes de produção e con- sumo estão causando devastação ambiental, re- dução dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os be- nefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento. O crescimen- to sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.” Extraído do Preâmbulo da Carta da Terra A partir dessa leitura e considerando-se outros conhecimen- tos sobre o tema, é incorreto afirmar que: a) os problemas do meio ambiente são bastante antigos, mas apenas nas últimas décadas teve início uma consci- ência mundial da gravidade desses problemas. b) os processos de transformações agrícolas modificaram consideravelmente os inúmeros ecossistemas do planeta Terra, os quais tiveram que ser adaptados ao cultivo e à criação de animais. c) mais da metade da população da Terra habita em áreas urbanas; a cidade passou a ser, então, a expressão mais forte da alteração do espaço natural. d) a Revolução Industrial não promoveu a produção em massa, como era esperado, mas acarretou a substituição de fontes de energia renováveis e limpas pelo carvão mineral e depois pelo petróleo. e) o atual padrão de crescimento econômico exige dos sis- temas naturais algo muito além de suas capacidades de sustentação e de renovação. 04.12. (UENP) – Leia atentamente o fragmento de texto a seguir. Trata-se de uma entrevista com o sociólogo Zigmunt Bauman. Poderia falar mais amplamente sobre os riscos da modernidade? Uma das características do que chamo de “modernidade sólida” era que as maiores ameaças para a existência humana eram muito mais óbvias. Os perigos eram reais, palpáveis, e não havia muito mistério sobre o que fazer para neutralizá-los ou, ao menos, aliviá-los. Era óbvio, por exemplo, que alimento, e só alimento, era o remédio para a fome. Os riscos de hoje são de outra ordem, não se pode sentir ou tocar muitos deles, apesar de estarmos todos expostos, em algum grau, a suas consequências. Não podemos, por exemplo, cheirar, ouvir, ver ou tocar as condições climáticas que gradativamente, mas sem trégua, estão se deteriorando. O mesmo acontece com os níveis de radiação e de poluição, a diminuição das matérias-primas e das fontes de energia não renováveis, e os processos de globalização sem controle político ou ético, que solapam as bases de nossa existência e sobrecarregam a vida dos indivíduos com um grau de incerteza e ansiedade sem precedentes. Diferentemente dos perigos antigos, os riscos que envolvem a condição humana no mundo das dependências globais podem não só deixar de ser notados, mas também deixar de ser minimizados mesmo quando notados. As ações necessárias para exterminar ou limitar os riscos podem ser desviadas das verdadeiras fontes do perigo e canalizadas para alvos errados. Quando a complexidade da situação é descartada, fica fácil apontar para aquilo que está mais à mão como causa das incertezas e das ansiedades modernas. Veja, por exemplo, o caso das manifestações contra imigrantes que ocorrem na Europa. Vistos como “o inimigo” próximo, eles são apontados como os culpados pelas frustrações da sociedade, como aqueles que põem obstáculos aos projetos de vida 36 Extensivo Semiextensivo dos demais cidadãos. A noção de “solicitante de asilo” adquire, assim, uma conotação negativa, ao mesmo tempo em que as leis que regem a imigra- ção e a naturalização se tornam mais restritivas, e a promessa de construção de “centros de deten- ção” para estrangeiros confere vantagens eleitorais a plataformas políticas. Para confrontar sua condição existencial e en- frentar seus desafios, a humanidade precisa se colocar acima dos dados da experiência a que tem acesso como indivíduo. Ou seja, a percep- ção individual, para ser ampliada, necessita da as- sistência de intérpretes munidos com dados não amplamente disponíveis à experiência individual. E a Sociologia, como parte integrante desse pro- cesso interpretativo — um processo que, cumpre lembrar, está em andamento e é permanentemen- te inconclusivo —, constitui um empenho cons- tante para ampliar os horizontes cognitivos dos indivíduos e uma voz potencialmente poderosa nesse diálogo sem fim com a condição humana. PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia. Entrevista com Zigmunt Bauman. Sobre as questões ambientais na contemporaneidade, assi- nale a alternativa INCORRETA. a) Uma das consequências humanas da globalização pode ser associada ao agravamento da questão ambiental. b) O desenvolvimento do capitalismo demonstra que os índices de industrialização são diretamente proporcionais aos índices de poluição, em termos absolutos. c) O estímulo ao consumo de produtos recicláveis pode ser considerado uma estratégia do capitalismo contemporâ- neo para manter os índices de consumo elevados. d) Embora as questões climáticas tenham se agravado por conta da globalização e do desenvolvimento do capitalismo, elas não podem ser consideradas uma categoria relevante para a compreensão da sociedade contemporânea. e) As questões ambientais e climáticas são uma espécie de “inimigo invisível” que caracteriza a modernidade contemporânea (“modernidade líquida”). 04.13. O lixo é um dos problemas ambientais mais preo- cupantes no âmbito das cidades, não só brasileiras, mas de todo o mundo. Por outro lado, gera emprego e renda. Sobre essa questão, assinale a opção correta. a) A produção de lixo cresce na razão inversa do poder aqui- sitivo das populações. Isso ocorre porque os segmentos de alto poder aquisitivo adotam posturas mais conscientes em relação ao destino de lixo. b) A participação do lixo orgânico em relação ao total de lixo produzido é menor nos bairros de baixo poder aquisitivo e maior nos bairros de classe média alta. Isso decorre das diferenças na qualidade de nutrição entre os estratos populacionais. Aula 4 37Sociologia c) O Brasil figura entre os países do mundo que mais reci- clam latas de alumínio e papelão, Esse resultado decorre da conscientização da população e da implantação de programas de coleta de lixo seletiva nas principais cidades brasileiras. d) O lixo representa uma fonte de trabalho e renda para uma população cada vez mais numerosa, sobretudo nos grandes centros urbanos do Brasil. Assim, muitas pessoas retiram do lixo coletado nas ruas e nos lixões a principal fonte de sua sobrevivência. e) O lixo produzido nas cidades brasileiras tem um destino apropriado. Verifica-se que, na grande maioria dos casos, ele é depositado em aterros sanitários tecnicamente adequados ou é incinerado. 04.14. (UEG – GO) – Invadindo espaços: As cidades que antes serviam para abrigar os cidadãos, hoje são o ambiente típico dos automóveis. Nos países em desenvolvimento, a ação do poder público em favor do automóvel foi e tem sido tão eficaz que fica cada vez mais difícil para os moradores das cidades viver com um mínimo de conforto sem um automóvel particular. Só os que, em razão do seu padrão de renda, não podem almejar ter um carro sujeitam-se ao ineficiente sistema de transporte público. Neles perdem várias horas do dia, muitos dias por ano, alguns anos de vida. Se as condições fossem outras, se o transporte público fosse mais eficiente, menor seria a parcela de rendaque boa parte da população precisa reservar para compra e manutenção de um carro particular, menores seriam as demandas por investimentos públicos no sistema viário, maiores seriam as disponibilidades da renda pessoal para outras atividades, incluindo lazer, e maiores seriam os recursos que o poder público poderia destinar para melhorar a qualidade de vida de uma população. OKUBARO, Jorge J. O automóvel, um condenado? São Paulo: Senac, 2001. p. 52-53. (Adaptado). De acordo com a análise do texto acima, é CORRETO afirmar: a) o elevado custo, os problemas de congestionamento das grandes cidades (ônibus, automóveis, caminhões) são os maiores responsáveis pela poluição atmosférica nos centros urbanos, ocasionando a redução na qualidade de vida da população. b) a baixa tarifa do transporte urbano é um incentivo ao trabalhador, independentemente do tempo gasto para o deslocamento entre a casa e o trabalho, o que resulta em ganho no orçamento no final do mês. c) a qualidade do transporte coletivo urbano, fruto de estra- tégias de planejamento, acaba por estimular a utilização do transporte coletivo, diminuindo o número de veículos nos grandes centros urbanos. d) a crescente preocupação com o planejamento urbano pelos órgãos oficiais do governo tem trazido melhorias na condução do tráfego e a diminuição dos custos na infraestrutura viária. 04.15. (UNICAMP) – Na discussão atual sobre a sustentabi- lidade do planeta, o termo “3R” tem sido usado para se referir a práticas – Reutilizar, Reciclar e Reduzir – que podem ser adotadas para diminuir o consumo de materiais e energia na produção de objetos. a) Tendo em vista a sustentabilidade do planeta, ordene os verbos “reutilizar”, “reciclar” e “reduzir”, colocando em primeiro lugar a ação que levaria a uma diminuição mais significativa do consumo energético e material e, em último, a ação que levaria a uma diminuição menos significativa. b) Em um condomínio residencial há quatro grandes re- cipientes para receber, separadamente, metais, vidros, papéis e plásticos. Seria importante que houvesse outro recipiente, que até poderia ser menor, para receber outro tipo de material. Que material seria esse, sabendo-se que, do ponto de vista ambiental, ele é mais prejudicial que os outros mencionados? Explique por que esse material é muito prejudicial ao ambiente, quando aí descartado. 38 Extensivo Semiextensivo 04.16. Vivemos numa sociedade extremamente consumista, havendo grande utilização dos recursos naturais e degradação ambiental. Com os atuais modos de produção e consumo é possível alcançar o desenvolvimento sustentável? Desafio 04.17. (UFES) – Em junho de 2012, foi realizada, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, denominada Rio+20. A ilustração abaixo chama a atenção para os principais problemas abordados no evento. (Fonte: INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O futuro que queremos. Cartilha ilustrada sobre economia verde) Elabore um texto em que você explique as diferenças apresentadas na ilustração, comparando a América do Norte e a América Latina. Aula 4 39Sociologia 04.01. d 04.02. d 04.03. a 04.04. b 04.05. d 04.06. c 04.07. d 04.08. b 04.09. c 04.10. b 04.11. d 04.12. d 04.13. d 04.14. a 04.15. a) Ordenando os verbos temos: REUTI- LIZAR (reaproveitamento dos objetos sem grandes gastos de energia); RE- CICLAR (reaproveitamento dos mate- riais com gastos de energia); REDUZIR (retirar novos materiais do planeta com gastos de energia). b) O outro recipiente, que poderia até ser menor, é para receber LIXO ELE- TRÔNICO (pilhas, baterias, dispositivos elétricos e eletrônicos). Esses materiais contém metais pesados e outros con- taminantes (ácidos e bases) que são mais prejudiciais ao meio ambiente do que os outros mencionados. 04.16. Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Essa forma de desen- volvimento socioeconômico pressupõe a utilização de formas mais racionais de exploração da natureza. Portanto, para que seja realizado o desenvolvimento econômico aliado à preservação ambien- tal, faz-se necessário a utilização racional dos recursos naturais, redução do uso de matérias primas, aumento da reutilização e reciclagem, utilização de fontes energé- ticas renováveis, entre outros fatores. 04.17. Na ilustração, são apresentados os pa- drões médios de consumo por região do mundo em comparação aos recursos existentes no planeta. Assim, se todo o mundo consumisse nos mesmos pa- drões norte-americanos, mais de cinco planetas Terra seriam necessários, o que mostra que a adoção do modelo de con- sumo norte-americano é insustentável. Os recursos necessários à sustentação de um padrão de consumo elevado como esse são explorados em todo o planeta. Os países desenvolvidos e industrializa- dos produzem artigos com tecnologias mais avançadas e aplicam estratégias comerciais para renovação rápida des- ses artigos. A economia se mantém aquecida, mas as consequências am- bientais são negativas, seja pela supe- rexploração dos recursos naturais, pela matriz energética adotada (baseada no petróleo), seja pela produção de lixo e pela poluição atmosférica. Os países latino-americanos são, em geral, industrializados e em desenvol- vimento, sendo, ao mesmo tempo, fornecedores de bens primários (com- modities) e consumidores dos produtos e das tecnologias dos países industriali- zados desenvolvidos. Entre todas as re- giões apontadas na figura, os níveis de consumo dos países da América Latina seriam relativamente próximos ao que o planeta Terra poderia suportar; contu- do, os níveis de consumo nesses países são muito desiguais, havendo áreas de consumo equivalente ao dos países de- senvolvidos e áreas de extrema pobreza. Gabarito 40 Extensivo Semiextensivo Trabalho e sociedade Sociologia Aula 5 Trabalho é toda atividade humana intencional que produz objetos ou presta serviços com valor de uso e/ou troca. É a atividade desenvolvida pelo homem para pro- duzir riquezas. O vocábulo vem da palavra latina tripalium, que era um instrumento usado para castigar escravos. Segundo Karl Marx, trabalho “é a atividade conscien- te e planejada na qual o ser humano, ao mesmo tempo em que extrai da natureza bens capazes de satisfazer suas necessidades materiais; cria as bases de sua reali- dade sociocultural”. Em outras palavras, na visão de Marx, o trabalho não representa apenas uma atividade que objetiva atender as necessidades do ser humano, que com ele cria bens de valor para a troca e dele retira sua subsistência, mas com o trabalho o homem também constrói a si mesmo e constrói a sociedade em que vive. Portanto, pode-se afirmar que o modo como foi exercido o trabalho tem relação direta com o modo como se organizaram as diversas formas de sociedade através dos tempos. A história do trabalho acompanhou a história da hu- manidade: nas formações primitivas o trabalho coletivo era necessário para a sobrevivência dos grupos, e tam- bém fortalecia os laços de solidariedade e comunhão. A domesticação de plantas alterou substancialmente as relações de trabalho; como decorrência, surgiu a agri- cultura e com ela a sedentarização. Nas comunidades tribais a terra é propriedade comum e a agricultura a principal atividade econômica, juntamente com a cria- ção de animais, a caça, a pesca e a coleta. Com o domínio e sofisticação de ferramentas criadas pelo homem, e posteriormente a utilização de máquinas, os modos de produção e o trabalho foram gradualmente se modificando, até chegarmos à noção © Ge tt y im ag es /H ul to n Ar ch iv e de trabalho que conhecemos hoje, que é culturalmente específica: o trabalho vendido, assalariado. Entre o modelo das sociedades comunais e o modo de produção capitalista, passamos por sociedades escravagistas, pelo modo de produção tributário e pelo modo de produçãofeudal. Em cada uma delas, há dife- rentes concepções no modo como o trabalho é visto e organizado. Compreender a forma como o trabalho é or- ganizado ajuda a entender o caráter de uma civilização. É importante lembrar que embora a noção de traba- lho que tenhamos hoje nos remeta ao trabalho urbano, em todos os tempos e independentemente do modo de produção, da região ou época estudada, o trabalho no campo (quer seja na agricultura ou na pecuária, quer seja para suprir necessidades de consumo imediato ou com fins comerciais) foi e continua sendo essencial para a sobrevivência do ser humano. Trabalho nas sociedades comunais O primeiro modo de produção da história é o que teve início com os primeiros grupos humanos organizados que deixaram de ser nômades para se dedicarem ao plantio de terras coletivas, à caça e à coleta de alimentos produzidos pela natureza. São características das sociedades comu- nais: a propriedade coletiva (ausência de propriedade pri- vada) dos meios de produção e o cooperativismo e, ainda, o proveito coletivo do produto do trabalho comum. Esse era o modo de produção característico das sociedades do período Paleolítico até a Idade dos Metais, e dos habitan- tes primitivos dos países das Américas, incluindo o Brasil, antes da chegada dos europeus. Trabalho nas primeiras civilizações – o modo de produção tributário (asiático) Surgido em um dos berços da civilização ocidental, a Mesopotâmia, o chamado modo de produção asiático representa a transição das sociedades primitivas, comu- Aula 5 41Sociologia nais, para as formas de organização social baseadas em classes sociais e econômicas. Predominou em diversas regiões que existiram na Europa Meridional no final da Antiguidade, na China e Índia antigas, no Egito, e na América entre as civilizações dos maias, astecas e incas. Tinha por base a servidão coletiva de grupos de trabalhadores agrícolas (camponeses) que eram subme- tidos a um regime compulsório de trabalho nas terras de propriedade de um Rei, Imperador ou Faraó, a quem cabia a produção (que era então distribuída entre a nobreza). Além de trabalharem na lavoura, de pagarem tributos para trabalhar nas terras e de contribuírem com enormes “excedentes” da produção para o sustento das demais classes, os camponeses eram, em períodos de entressafra, utilizados na construção de obras públicas, como foi o caso das Pirâmides do Egito. Na China Antiga, como nas demais civilizações antigas, o camponês sustentava a economia: além de dar ao Estado grande parte da colheita, pagava taxas e impostos ao Estado e aos proprietários rurais e ainda lutava nas guerras. Trabalho escravo A escravidão esteve presente em praticamente todas as sociedades: das civilizações Grego e Romana às Amé- ricas, principalmente durante o período colonial, em que os indígenas e africanos capturados foram tratados e comercializados como uma mercadoria. Foi a mão de obra escrava que permitiu a construção dos monumen- tos romanos, dos engenhos de açúcar no Brasil e que sustentou as economias da América colonial. Características da escravidão tradicional: • Negação da cidadania: as pessoas submetidas à escravidão não possuíam direitos individuais ou de propriedade, por serem elas próprias consideradas propriedade; • Como qualquer propriedade, os escravos podiam ser usados e comercializados; • A jornada de trabalho do escravo e as tarefas que lhe caberiam executar eram definidas pelo seu proprie- tário. Embora a escravidão tradicional tenha sido abolida e seja proibida por lei em quase todos os países do mundo, a “escravidão moderna” está presente em todos os cantos da Terra, inclusive no Brasil. O trabalho em condições “análogas às de escravo” está presente na prostituição forçada, nos trabalhos forçados de homens, mulheres e crianças, na construção civil, em fábricas e na agricultura, nos casamentos de crianças forçadas a se casar com homens mais velhos. Embora formalmente livres e amparados pela lei, os “novos escravos” são, de fato, impossibilitados de exercerem sua liberdade e têm suas vidas controladas por seus exploradores. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (disponíveis em: http://www.ilo.org/global/ topics/forced-labour/lang-en/index.htm), em 2016: • 40,3 milhões de pessoas viviam em escravidão mo- derna, incluindo 24,9 em trabalhos forçados e 15,4 milhões no casamento forçado; isso significa que há 5.4 vítimas da escravidão moderna para cada 1.000 pessoas no mundo. • 10 milhões, ou 1 em cada 4 vítimas da escravidão moderna, são crianças; • Dos 24,9 milhões de pessoas presas no trabalho for- çado, 16 milhões de pessoas são exploradas no setor privado, como trabalho doméstico, construção ou agricultura; 4,8 milhões de pessoas em exploração sexual forçada e 4 milhões de pessoas em trabalho forçado imposto pelas autoridades estatais; • Mulheres e meninas são desproporcionalmente afetadas pelo trabalho forçado, representando 99% das vítimas na indústria do sexo e 58% em outros setores. Já o site da Global Slavery Index (Índice Global da Escravidão, disponível em: https://www. globalslaveryindex.org/index/) informa que em 2016 o Brasil tinha um número estimado de 161.100 pessoas vivendo em situação análoga à de escravo. Essas pessoas são principalmente jovens com idades entre 15 e 39 anos, de baixa escolaridade. A incidência desse crime é maior nas áreas rurais no país, mas ocorre também nas cidades, na construção civil, na indústria têxtil e no contexto doméstico. © Sh ut te rs to ck /Iv an K ul ik ov 42 Extensivo Semiextensivo Famílias ricas de São Paulo mantém estrangei- ros como empregados domésticos em condições de trabalho escravo. Os estrangeiros eram enga- nados por agências que prometiam um salário bom para trabalhar como empregadas domésticas em casas da grande São Paulo. Mas na verdade, elas acabaram vítimas de tráfico de pessoas e tra- balho escravo. Leia notícia na íntegra em: https://noticias.r7.com/sao-paulo/familias-ricas-mantem-estrangeiros- em-condicoes-de-trabalho-escravo-01082017 A Justiça decidiu que a Zara Brasil é a responsável pelo caso de trabalho análogo à escravidão registrado na cadeia produtiva da marca em 2011. A determinação da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo foi divulgada nesta terça-feira. A decisão pode levar a empresa à “lista suja” do Ministério do Trabalho. Desde a época da autuação, a Zara, parte da multinacional Inditex, alega que a responsabilidade pelos trabalhadores flagrados em situação irregular é do fornecedor, a confecção AHA. Em nota enviada nesta terça, a companhia reforçou esse posicionamento e informou que recorrerá da decisão junto ao Tribunal Superior do Trabalho. Leia mais: https://oglobo.globo.com/economia/justica-decide- que-zara-responsavel-por-trabalho-escravo-flagrado-em-2011- 22070129#ixzz5I3EeqiDQ stest Leia a notícia na integra em: https://oglobo.globo.com/economia/justica-decide-que-zara- responsavel-por-trabalho-escravo-flagrado-em-2011-22070129. Trabalho dos servos nos feudos da Idade Média O trabalho dos servos (camponeses) nas grandes propriedades rurais, os feudos, predominou na Idade Média. No modo de produção feudal, a posse de terra definia não somente a classe social, mas também as formas de trabalho e de relacionamento. O servo não era tratado como mercadoria e podia inclusive ser um homem livre, se assim permitisse o senhor feudal, mas teria que pagar tributos sempre que morasse no feudo. Além de terem que trabalhar nas porções de terra exclusivas dos senhores (cultivar a terra do senhor feudal alguns dias da semana, obrigação a que se dava o nome de corveia), também deviam pagar pelo uso da terra que cultivavam e sobre o produto do cultivo do lote alocado à sua família. Trabalhador livre e assalariado Embora os escravos constituíssem boa parte da força de trabalho nas sociedades da Idade Antiga e os servosa base do sistema de produção feudal, também durante esses períodos houve a utilização, em diferentes esca- las, de trabalhadores livres. Na Fenícia, homens livres dedicavam-se a fabricar embarcações, a produzir joias artesanais e tecidos e ao comércio. Na Europa medieval, os artesãos – pessoas que se dedicavam à produção de inúmeros artefatos de acordo com sua especialidade e necessidade dos feudos – assim como os comerciantes, eram homens livres. Com o avanço do sistema capitalista e a abolição da escravidão, os donos dos meios de produção passam a empregar trabalhadores livres para a produção em mas- sa. A troca da força do trabalhador por salário caracteriza o trabalho assalariado. As condições do trabalhador assalariado imediata- mente trazidas com a Revolução Industrial eram terríveis: devido à grande oferta de mão de obra, os empregadores estabelececiam salários baixissimos e longas horas de trabalho sem pausas para descanso em condições insa- lubres. Como a lógica do sistema visava apenas o lucro, muitos empregavam mulheres e crianças pra trabalharem em iguais condições por salários ainda menores. Estas condições levaram à formação de sindicatos, através dos quais os trabalhadores começaram a exigir melhores salários, tratamento mais justo e condições mais humanas de trabalho. Os sindicatos começaram a organizar greves e manifestações . A primeira “lei trabalhista, o Moral and Health Act, promulgado na Inglaterra em 1802, fixou a jornada de trabalho infantil em 12 horas e proibiu o trabalho noturno, o que eram avanços para a época. Em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicam o Manifesto Comunista, que foi o primeiro documento histórico a discutir os direitos do trabalhador. O temor à adesão dos trabalhadores aos ideais socialistas foi um dos motivos pelos quais, progressiva e lentamente, se criassem legislações voltadas para a proteção do trabalhador e para a criação da responsabilidade social dos Estados, que passou a ser implementada ao longo do século XX. A jornada de trabalho no capitalismo “Que é uma jornada de trabalho? ” De quanto é o tempo durante o qual o capital pode consumir a força de trabalho, cujo valor diário ele paga? Por Aula 5 43Sociologia quanto tempo pode ser prolongada a jornada de trabalho além do tempo de trabalho necessário à reprodução dessa mesma força de trabalho? A essas perguntas, viu-se que o capital responde: a jornada de trabalho compreende diariamente as 24 horas completas, depois de descontar as poucas horas de descanso, sem as quais a força de trabalho fica totalmente impossibilitada de realizar novamen- te sua tarefa. Entende-se por si, desde logo, que o trabalhador, durante toda a sua existência, nada mais é que força de trabalho e que, por isso, todo o seu tempo disponível é por natureza e por di- reito tempo de trabalho, portanto, pertencente à autovalorização do capital. Tempo para a educação humana, para o desenvolvimento intelectual, para o preenchimento de funções sociais, para o conví- vio social, para o jogo livre das forças vitais físicas e espirituais, mesmo o tempo livre de domingo – e mesmo no país do sábado santificado – pura futili- dade! [...] Em vez da conservação normal da força de trabalho determinar aqui o limite da jornada de trabalho é, ao contrário, o maior dispêndio possí- vel diário da força de trabalho que determina, por mais penoso e doentiamente violento, o limite do tempo de descanso do trabalhador. O capital não se importa com a duração de vida da força de tra- balho. O que interessa a ele, pura e simplesmente, é um maximum de força de trabalho que em uma jornada de trabalho poderá ser feito fluir. [...] A produção capitalista, que é essencialmente produ- ção de mais-valia, absorção de mais-trabalho, pro- duz, portanto, com o prolongamento da jornada de trabalho não apenas a atrofia da força de trabalho, a qual é roubada de suas condições normais, mo- rais e físicas, de desenvolvimento e atividade. Ela produz a exaustão prematura e o aniquilamento da própria força de trabalho. Ela prolonga o tempo de produção do trabalhador num prazo determinado mediante o encurtamento de seu tempo de vida. MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983. v. 1. p. 211-2. A Constituição do México de 1917 foi a primeira da História a limitar a jornada de trabalho para oito horas, regulamentar o trabalho da mulher e do menor e a garantir férias remuneradas e proteção do direito da maternidade. Logo depois, a partir da Constituição de Weimar (República de Weimar, Alemanha, 1919-1933), as Constituições europeias passaram também a garantir os mesmos direitos. No Brasil, o trabalho livre e assalariado tomou o lugar do trabalho escravo após a abolição da escravidão, em 1888. A vinda de imigrantes europeus aumentou o número de homens livres para o trabalho, gerando um enorme contingente de mão de obra barata. Também por aqui as más condições e salários impulsionaram os primeiros sindicatos brasileiros e a primeiras normas trabalhistas surgiram a partir do final do século XIX, com o Decreto nº 1.313/1891, que regulamentou o trabalho dos menores de 12 a 18 anos. Após a Revolução de 30, durante o governo de Ge- túlio Vargas, é criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. A Constituição de 1934 viria a ser a primeira a tratar de Direito Trabalhistas no Brasil, garantindo direitos mínimos como salário mínimo, jornada de oito horas, repouso semanal, férias anuais remuneradas, proteção do trabalho feminino e infantil. A “Justiça do Trabalho”, também surgida com a Consti- tuição de 1934, foi instalada de fato em 1941. As normas trabalhistas foram reunidas em um único código em 1943, dando origem à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 con- sagrou os Direitos Sociais em diversos artigos, inclusive o artigo 7º, que elenca os Direitos dos Trabalhadores, e é considerada uma Constituição avançada sob vários aspectos, inclusive por conter proteções antidiscrimina- tórias nas relações de emprego, como por exemplo: • as que protegem a mulher: o artigo 5º, I enfatiza que homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- ções e o 7º, XX, dá proteção, mediante incentivos, ao mercado de trabalho da mulher; • as que protegem o trabalhador de discriminação por idade - o art. 7º, XXX proíbe diferenças decorrentes da idade e o art. 227, § 3º, II e III preveem garantias previdenciárias e trabalhistas e acesso à escola ao trabalhador adolescente; • a que protegem os imigrantes – o art. 5º, caput, dá aos residentes no País a garantia de inviolabilidade de direitos fundamentais, entre os quais o trabalho, que é direito sócio fundamental (art. 6º); • que protegem os deficientes – o artigo 7º, XXXI, traz expressamente a proibição de discriminações com vistas a salário e admissão. Além disso, o artigo 7º, XXXII determina expressa- mente que não é permitida a distinção entre trabalhos manual, técnico e intelectual, além dos respectivos pro- fissionais. A CF/88 também trouxe a redução da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais; a instituição do abono de férias para os trabalhadores (um terço do salário); a ampliação da licença maternidade para 120 dias; a licença paternidade de cinco dias; o seguro- -desemprego e o 13º salário para aposentados. Divisão social e sexual do trabalho A divisão do trabalho manifesta-se como divisão do trabalho físico e intelectual. Há dois tipos de divisão: a divisão técnica e a social. 44 Extensivo Semiextensivo A divisão técnica é aquela que o produto final passa por diversas etapas no processo de produção e destina ao aumento da produtividade do trabalho. Já na divisão social os trabalhadores desempenham diferentes fun- ções na sociedade (econômicas, ideológicas e políticas). A divisão do trabalho entre indivíduos e grupos faz parte da história da humanidade: as divisões por sexo e poridade são as mais antigas e universais. Ambas têm por base principalmente a força física. Nas comunidades tribais, o trabalho realizado no interior da comunidade é determinado por idade, por sexo e por parentesco. Já as relações de parentesco determinam as atividades produtivas individuais, como por exemplo a exploração do solo. “[...] A cooperação por idade funciona de acor- do com os princípios da capacidade produtiva dos membros da comunidade; as tarefas são distribuí- das entre jovens, adultos e velhos de acordo com a capacidade física e das necessidades, o que implica diferentes funções no sistema cooperativo. A coo- peração por sexo baseia-se nas diferentes mas ar- ticuladas tarefas atribuídas ao homem e à mulher, tanto no plano da organização familiar individua- lizada como no plano da organização comunitária, o que Durkheim denomina solidariedade social.” OLIVEIRA, Carlos Roberto. História do trabalho. São Paulo: Ática, 1998, p.13 A divisão do trabalho social Bem diverso [da solidariedade mecânica] é o caso da solidariedade produzida pela divisão do trabalho [solidariedade orgânica]. Enquanto a precedente implica que os indivíduos se asseme- lham, esta supõe que eles diferem uns dos outros. A primeira só é possível na medida em que a personalidade individual é absorvida na persona- lidade coletiva; a segunda só é possível se cada um tiver uma esfera de ação própria, por conse- guinte, uma personalidade. É necessário, pois, que a consciência coletiva deixe descoberta uma parte da consciência individual, para que nela se estabeleçam essas funções especiais que ela não pode regulamentar; e quanto mais essa região é extensa, mais forte é a coesão que resulta des- sa solidariedade. De fato, de um lado, cada um depende tanto mais estreitamente da sociedade quanto mais dividido for o trabalho nela e, de outro, a atividade de cada um é tanto mais pessoal quanto mais for especializada. Sem dúvida, por mais circunscrita que seja, ela nunca é comple- tamente original; mesmo no exercício de nossa profissão, conformamo-nos a usos, a práticas que são comuns a nós e a toda a nossa corporação. Mas, mesmo nesse caso, o jugo que sofremos é muito menos pesado do que quando a sociedade inteira pesa sobre nós, e ele proporciona muito mais espaço para o livre jogo de nossa iniciativa. Aqui, pois, a individualidade do todo aumenta ao mesmo tempo que a das partes; a sociedade torna-se mais capaz de se mover em conjunto, ao mesmo tempo em que cada um de seus elemen- tos tem mais movimentos próprios. Essa solida- riedade se assemelha à que observamos entre os animais superiores. De fato, cada órgão aí tem sua fisionomia especial, sua autonomia, e contudo a unidade do organismo é tanto maior quanto mais acentuada essa individuação das partes. Devido a essa analogia, propomos chamar de orgânica a solidariedade devida à divisão do trabalho. DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 108. Testes Assimilação 05.01. (ENEM) – Uma mesma empresa pode ter sua sede administrativa onde os impostos são menores, as unidades de produção onde os salários são os mais baixos, os capitais onde os juros são os mais altos e seus executivos vivendo onde a qualidade de vida é mais elevada. SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 (adaptado). No texto estão apresentadas estratégias empresariais no contexto da globalização. Uma consequência social derivada dessas estratégias tem sido a) o crescimento da carga tributária. c) a redução da competitividade entre as empresas. e) a ampliação do poder de planejamento dos Estados nacionais. b) o aumento da mobilidade ocupacional. d) o direcionamento das vendas para os mercados regionais. Aula 5 45Sociologia 05.02. Texto: Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvol- vimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social. MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In. MARX, K. ENGELS F. Textos 3. São Paulo. Edições Sociais, 1977 (adaptado). Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia. b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material. c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano. d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico. e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe. 05.03. (ENEM) – Dominar a luz implica tanto um avanço tecnológico quanto uma certa liberação dos ritmos cíclicos da natureza, com a passagem das estações e as alternâncias de dia e noite. Com a iluminação noturna, a escuri- dão vai cedendo lugar à claridade, e a percepção temporal começa a se pautar pela marcação do relógio. Se a luz invade a noite, perde sentido a separação tradicional entre trabalho e descanso – todas as partes do dia podem ser aproveitadas produtivamente. SILVA FILHO. A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará: Secult-CE. 2001 (adaptado). Em relação ao mundo do trabalho, a transformação apontada no texto teve como consequência a a) melhoria da qualidade da produção industrial. b) redução da oferta de emprego nas zonas rurais. c) permissão ao trabalhador para controlar seus próprios horários. d) diminuição das exigências de esforço no trabalho com máquinas. e) ampliação do período disponível para a jornada de trabalho. 05.04. (FCC – SP) – Observe atentamente a tirinha abaixo. (Quino. Toda Mafalda. Martins Fontes, 2000) Está correto com relação às atuais tendências na divisão social e sexual do trabalho: a) As desigualdades de gênero no mercado de trabalho e nas atividades domésticas eram comuns até a década de 1970, mas atualmente deixaram de existir. b) Atualmente as mulheres ocupam, de forma simétrica aos homens, cargos políticos e posições ocupacionais mais privile- giadas, embora na atividade doméstica as disparidades de gênero persistam. c) Ainda que no mercado de trabalho já não existam diferenças entre mulheres e homens que ocupam os mesmos postos de trabalho, a divisão doméstica do trabalho segue desigual. d) Ainda que atualmente a divisão sexual do trabalho doméstico tenha se tornado igualitária, a sobrecarga horária nos postos ocupados no mercado de trabalho pelo sexo masculino segue sendo maior. e) Apesar das mudanças significativas verificadas nas últimas décadas, a divisão social do trabalho e a divisão doméstica do trabalho seguem sendo marcadas por disparidades relacionadas ao sexo. 46 Extensivo Semiextensivo Aperfeiçoamento 05.05. (UEL – PR) – Sobre a exploração do trabalho no capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é correto afirmar: a) A lei da hora-extra explica como os proprietários dos meios de produção se apropriam das horas não pagas ao trabalhador, obtendo maior excedente no processo de produção das mercadorias. b) A lei da mais valia consiste nas horas extras trabalhadas após o horário contratado, que não são pagas ao traba- lhador pelos proprietários dos meios de produção. c) A lei da mais-valia explica como o proprietário dos meios de produção extrai e se apropria do excedente produzido pelo trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das horas trabalhadas. d) A lei da mais valia é a garantia de que o trabalhador receberá o valor real do que produziu durante a jornada de trabalho. e) As horas extras trabalhadas após o expediente consti- tuem-se na essência do processo de produção de exce- dentes e da apropriaçãodas mercadorias pelo proprietário dos meios de produção. 05.06. (ENEM) – Estamos testemunhando o reverso da tendência histórica da assalariação do trabalho e socialização da produção, que foi característica predominante na era industrial. A nova organização social e econômica baseada nas tecnologias da informação visa à administração descentralizadora, ao trabalho individualizante e aos mercados personalizados. As novas tecnologias da informação possibilitam, ao mesmo tempo, a descentralização das tarefas e sua coordenação em uma rede interativa de comunicação em tempo real, seja entre continentes, seja entre os andares de um mesmo edifício. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006 (adaptado). No contexto descrito, as sociedades vivenciam mu- danças constantes nas ferramentas de comunicação que afetam os processos produtivos nas empresas. Na esfera do trabalho, tais mudanças têm provocado: a) o aprofundamento dos vínculos dos operários com as linhas de montagem sob influência dos modelos orientais de gestão. b) o aumento das formas de teletrabalho como solução de larga escala para o problema do desemprego crônico. c) o avanço do trabalho flexível e da terceirização como respostas às demandas por inovação e com vistas à mo- bilidade dos investimentos. d) a autonomização crescente das máquinas e computado- res em substituição ao trabalho dos especialistas técnicos e gestores. e) o fortalecimento do diálogo entre operários, gerentes, executivos e clientes com a garantia de harmonização das relações de trabalho. 05.07. (ENEM) – No final do século XX e em razão dos avanços da ciência, produziu-se um sistema presidido pelas técnicas da informação, que passaram a exercer um papel de elo entre as demais, unindo- as e assegurando ao novo sistema uma presença planetária. Um mercado que utiliza esse sistema de técnicas avançadas resulta nessa globalização perversa. SANTOS, M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2008 (adaptado). Uma consequência para o setor produtivo e outra para o mundo do trabalho advindas das transformações citadas no texto estão presentes, respectivamente, em: a) Eliminação das vantagens locacionais e ampliação da legislação laboral. b) Limitação dos fluxos logísticos e fortalecimento de asso- ciações sindicais. c) Diminuição dos investimentos industriais e desvalorização dos postos qualificados. d) Concentração das áreas manufatureiras e redução da jornada semanal. e) Automatização dos processos fabris e aumento dos níveis de desemprego. 05.08. (ENEM) – Uma dimensão da flexibilização do tempo de trabalho é a sutileza cada vez maior das fronteiras que separam o espaço de trabalho e o do lar, o tempo de trabalho e o de não trabalho. Os mecanismos modernos de comunicação permitem que, no horário de descanso, os trabalhadores permaneçam ligados à empresa. Mesmo não exercendo diretamente suas atividades profissionais, o trabalhador fica à disposição da empresa ou leva problemas para refletir em casa. É muito comum o trabalhador estar de plantão, para o caso de a empresa ligar para o seu celular ou pager. A remuneração para esse estado de alerta é irrisória ou inexistente. KREIN, J. D. Mudanças e tendências recentes na regulação do trabalho. n: DEDECCA, C. S.; PRONI, M. W. (Org.). Políticas públicas e trabalho: textos para estudo dirigido. Campinas: IE/Unicamp; Brasília: MTE, 2006 (adaptado). A relação entre mudanças tecnológicas e tempo de trabalho apresentada pelo texto implica a) O prolongamento da jornada de trabalho com a intensi- ficação da exploração. b) O aumento da fragmentação da produção com a racio- nalização do trabalho. Aula 5 47Sociologia c) O privilégio de funcionários familiarizados com equipa- mentos eletrõnicos. d) O crescimento da contratação de mão de obra pouco qualificada. e) declínio dos salários pagos aos empregados mais idosos. 05.09. (ENEM) – Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro automatizado, o problema não é como as pessoas vão consumir essas unidades adicionais de tempo de lazer, mas que capacidade para a experiência terão as pessoas com esse tempo livre. Mas se a notação útil do emprego do tempo se torna menos compulsiva, as pessoas talvez tenham de reaprender algumas das artes de viver que foram perdidas na Revolução Industrial: como preencher os interstícios de seu dia com relações sociais e pessoais; como derrubar mais uma vez as barreiras entre o trabalho e a vida. THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado). A partir da reflexão do historiador, um argumento contrário à transformação promovida pela Revolução Industrial na relação dos homens com o uso do tempo livre é o(a): a) intensificação da busca do lucro econômico. b) flexibilização dos períodos de férias trabalhistas. c) esquecimento das formas de sociabilidade tradicionais. d) aumento das oportunidades de confraternização familiar. e) multiplicação das possibilidades de entretenimento virtual. 05.10. (ENEM) – Procuramos demonstrar que o desenvolvimen- to pode der visto como um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam. O enfoque nas liberdades humanas contrasta com visões mais restritas de desenvolvimento, com as que identificam desenvolvimento com cresci- mento do Produto Nacional Bruto, ou industria- lização. O crescimento do PNB pode ser muito importante como um meio de expandir as liber- dades. Mas as liberdades dependem também de outros determinantes, como os serviços de edu- cação e saúde e os direitos civis. SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. A concepção de desenvolvimento proposto no texto fundamenta-se no vínculo entre a) incremento da indústria e atuação no mercado financeiro. b) criação de programas assistencialistas e controle de preços. c) elevação da renda média e arrecadação de impostos. d) garantia da cidadania e ascensão econômica. e) ajuste de políticas econômicas e incentivos fiscais. 05.11. (ENEM) – TEXTO I Cidadão Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição Eram quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar Hoje depois dele pronto Olho pra cima e fico tonto Mas me vem um cidadão E me diz desconfiado “Tu tá aí admirado Ou tá querendo roubar?” Meu domingo tá perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer. BARBOSA, L. In: ZÉ RAMALHO. 20 Super Sucessos. Rio de Janeiro: Sony Music, 1999 (fragmento). TEXTO II O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua produção cresce em força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria ainda mais barata à medida que cria mais bens. Esse fato simplesmente subentende que o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, agora se lhe opõe como um ser estranho, como uma força independente do produtor. MARX, K. (Primeiro manuscrito). São Paulo: Boitempo Editorial, 2004 (adaptado). Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo de produção capitalista é a) baseada na desvalorização do trabalho especializado e no aumento da demanda social por novos postos de emprego. b) fundada no crescimento proporcional entre o número de trabalhadores e o aumento da produção de bens e serviços. c) estruturada na distribuição equânime de renda e no declínio do capitalismo industrial e tecnocrata. d) instaurada a partir do fortalecimento da luta de classes e da criação da economia solidária. e) derivada do aumento da riqueza e da ampliação da exploração do trabalhador. 48 Extensivo Semiextensivo “A Constituição brasileira de 1988 proíbe qual- quer tipo de trabalho para menores de 14 anos. (...) Apesar da proibição constitucional, não exis- te até hoje uma punição criminal para quem de- sobedece à legislação. O empregador que contrata menores de 14 anos está sujeito apenas a multas.‘As multas são, na maioria das vezes, irrisórias, permanecendo na casa dos R$ 500’, afirmou o Procurador do Trabalho Lélio Bentes Corrêa. Aprofundamento 05.12. (UEL – PR) – “Pela exploração do mercado mundial a burgue- sia imprime um caráter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os países. Para desespero dos reacionários, ela retirou à indústria sua base nacional. As velhas indústrias nacionais foram des- truídas e continuam a sê-lo diariamente. (...) Em lugar das antigas necessidades satisfeitas pelos pro- dutos nacionais, nascem novas necessidades, que reclamam para sua satisfação os produtos das re- giões mais longínquas e dos climas mais diversos. Em lugar do antigo isolamento de regiões e nações que se bastavam a si próprias, desenvolve-se um intercâmbio universal, uma universal interdepen- dência das nações. E isso se refere tanto à produção material como à produção intelectual. (...) Devido ao rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de produção e ao constante progresso dos meios de comunicação, a burguesia arrasta para a torrente da civilização mesmo as nações mais bárbaras.” MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Global, 1981. p. 24-25. Com base no texto de Karl Marx e Friedrich Engels, publicado pela primeira vez em 1848, assinale a alternativa correta. a) Desde o início, a expansão do modo burguês de produção fica restrita às fronteiras de cada país, pois o capitalista é conservador quanto às inovações tecnológicas. b) O processo de universalização é uma tendência do capi- talismo desde sua origem, já que a burguesia precisa de novos mercados, de novas mercadorias e de condições mais vantajosas de produção. c) A expansão do modo capitalista de produção em escala mundial encontrou empecilhos na mentalidade burguesa apegada aos métodos tradicionais de organização do trabalho. d) Na maioria dos países não europeus, a universalização do capital encontrou barreiras alfandegárias que impediram sua expansão. e) A dificuldade de comunicação entre os países, devido ao baixo índice de progresso tecnológico, adiou para o século XX a universalização do modo capitalista de produção. 05.13. (UEL – PR) – Segundo Émile Durkheim “[...] constitui uma lei da história que a soli- dariedade mecânica, a qual a princípio é quase única, perca terreno progressivamente e que a solidariedade orgânica, pouco a pouco, se torne preponderante”. Fonte: DURKHEIM, É. A Divisão Social do Trabalho, In Os Pensadores. Tradução de Carlos A. B. de Moura. São Paulo: Abril Cultural, 1977, p. 67. Por esta lei, segundo o autor, nas sociedades simples, organizadas em hordas e clãs, prevalece a solidariedade por semelhança, também chamada de solidariedade mecânica. Nas organizações sociais mais complexas, prevalece a solidariedade orgânica, que é aquela que resulta do aprofundamento da especialização profissional. De acordo com a teoria de Durkheim, é correto afirmar que: a) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade orgânica para a solidariedade mecânica, em função da multiplica- ção dos clãs. b) Na situação em que prevalece a solidariedade mecânica, as sociedades não evoluem para a solidariedade orgânica. c) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade mecâ- nica para a solidariedade orgânica, em função da inten- sificação da divisão do trabalho. d) Na situação em que prevalece a divisão social do trabalho, as sociedades não desenvolvem formas de solidariedade. e) Na situação em que prevalecem clãs e hordas, as socie- dades não desenvolvem formas de solidariedade e, por isso, tendem a desaparecer progressivamente. 05.14. (UEL – PR) – Leia os textos que seguem. O primeiro é de autoria do pensador alemão Karl Marx (1818-1883) e foi publicado pela primeira vez em 1867. O segundo integra um caderno especial sobre trabalho infantil, do jornal Folha de S. Paulo, publicado em 1997. “(...) Tornando supérflua a força muscular, a maquinaria permite o emprego de trabalhadores sem força muscular ou com desenvolvimento físico incompleto, mas com membros mais flexíveis. Por isso, a primeira preocupação do capitalista, ao empregar a maquinaria, foi a de utilizar o trabalho das mulheres e das crianças. (...) [Entretanto,] a queda surpreendente e vertical no número de meninos [empregados nas fábricas] com menos de 13 anos [de idade], que frequentemente aparece nas estatísticas inglesas dos últimos 20 anos, foi, em grande parte, segundo o depoimento dos inspetores de fábrica, resultante de atestados médicos que aumentavam a idade das crianças para satisfazer a ânsia de exploração do capitalista e a necessidade de traficância dos pais.” MARX, K. O Capital: crítica da economia política. 19. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. Livro I, v. 1, p. 451 e 454) Aula 5 49Sociologia Além de não sofrer sanção penal, os empregado- res muitas vezes se livram das multas trabalhistas devido a uma brecha da própria Constituição. O artigo 7º, inciso XXXIII, proíbe ‘qualquer traba- lho’ a menores de 14 anos, mas abre uma exceção – ‘salvo na condição de aprendiz’.” Folha de S. Paulo, 1 maio 1997. Caderno Especial Infância Roubada – Trabalho Infantil. Com base nos textos, é correto afirmar: a) Graças às críticas e aos embates questionando o trabalho infantil durante o século XIX, na Inglaterra, o Brasil pôde, no final do século XX, comemorar a erradicação do tra- balho infantil. b) Em decorrência do desenvolvimento da maquinaria, foi possível diminuir a quantidade de trabalho humano, dificultando o emprego do trabalho infantil nas indústrias desde o século XIX, na Inglaterra, e nos dias atuais, no Brasil. c) A legislação proibindo o trabalho infantil na Inglaterra do século XIX e a legislação atual brasileira são instrumentos suficientes para proteger as crianças contra a ambição de lucro do capitalista. d) O trabalho infantil foi erradicado na Inglaterra, no século XIX, através das ações de fiscalização dos inspetores nas fábricas, exemplo que foi seguido no Brasil do século XX. e) O desenvolvimento da maquinaria na produção capitalista potencializou, no século XIX, o emprego do trabalho infantil. Naquele contexto, a legislação de proteção à criança pôde ser burlada, o que ainda se verifica, de certa maneira, no Brasil do final do século XX. 05.15. (UEM – PR) – Sobre o conceito de trabalho, assinale o que for correto. 01) Em todos os tempos históricos, o trabalho serviu para atender às necessidades sociais, econômicas, políticas e culturais dos agrupamentos humanos. 02) A escravidão esteve ausente das sociedades ocidentais em eras históricas antigas e somente foi incorporada na produção econômica de tais sociedades com o desen- volvimento da agricultura na Idade Média. 04) Para Durkheim, o trabalho é a única forma social na qual as relações de coerção estão ausentes. 08) Para Marx, a divisão da sociedade em classes no capita- lismo é definida pela posição ocupada pelos indivíduos no processo produtivo. 16) Weber argumenta que a mudança nos valores surgidos com o protestantismo criou a predisposição ao traba- lho como possibilidade de salvação espiritual. 05.16. (UEM – PR) – É correto afirmar que acompanham ou são consequências da atual fase de internacionalização da economia os seguintes fenômenos: 01) a reestruturação produtiva, que se refere ao conjunto das transformações que ocorreu nas tecnologias e nas relações de produção, causando, entre outros, o desa- parecimento de algumas profissões e o desemprego estrutural. 02) o acirramento da competição tecnológica, que tem reordenado o padrão de acumulação capitalista e ge- rado grandes corporações globais, por meio de fusões de empresas que operam em um determinado setor econômico. 04) a alta rotatividade da mão de obra e formas mais flexí- veis e precárias de contrato entre empregadores e em- pregados. 08) o fortalecimento das organizações sindicais, que têm assumido papel decisivo no conteúdo das mudançasem curso no mundo do trabalho. 16) o afrouxamento das leis contra imigração, já que os pa- íses mais ricos necessitam da mão de obra originária dos países que estão em uma posição econômica su- bordinada. 05.17. (UEM – PR) – Considerando estudos sociológicos sobre o mundo do trabalho, assinale o que for correto. 01) As relações de trabalho não se reduzem a processos de produção de bens ou de serviços, mas também influenciam os padrões de identidade, de sociabilidade, os valores, os interesses e os estilos de vida. 02) Segundo Durkheim, a função social do trabalho nas sociedades modernas é manter os indivíduos controla- dos, impedindo qualquer forma de sociabilidade. 04) Do ponto de vista marxista, as sociedades capitalistas se caracterizam pela redução dos conflitos sociais e pela diminuição da exploração do trabalho assalariado. 08) O conceito de alienação, de Marx, pode ser utilizado para designar processos sociais nos quais o trabalho deixa de ser uma forma de realização pessoal para se converter em instrumento de dominação e de desu- manização dos trabalhadores. 16) A despeito das diferenças de gênero, de classe e de etnia, a sociologia do trabalho informa que a compe- tência individual historicamente tem determinado o sucesso profissional das pessoas. 50 Extensivo Semiextensivo 05.18. (UFPR) – Dos 10 maiores resgates de trabalhadores em condições análogas à de escravos no Brasil em cada um dos últimos quatro anos (2010 a 2013), em 90% dos flagrantes os trabalhadores vitimados eram terceirizados, conforme dados obtidos a partir do total de ações do Departamento de Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) do Ministério do Trabalho e Emprego. Repórter Brasil, 24 de junho de 2014. Certamente você ouviu denúncias sobre essas modalidades de trabalho no Brasil. O texto parece sugerir uma forte relação com o fenômeno da terceirização. Por que a terceirização tende a favorecer formas de trabalho precarizadas? Desafio 05.19. (UFPR) – O trabalho escravo no Brasil foi a forma predominante de trabalho até o final da década de 80 do século XIX, sendo abolido pela Lei Áurea, de 1888. O escravismo no Brasil foi fundamental para a produção de café no Sudeste, de açúcar no Nordeste e de gado no Sul. Comente as mudanças na sociedade brasileira decorrentes da extinção do trabalho escravo. 05.01. b 05.02. b 05.03. e 05.04. e 05.05. c 05.06. c 05.07. e 05.08. a 05.09. c 05.10. d 05.11. e 05.12. b 05.13. c 05.14. e 05.15. 25 (01 + 08 + 16) 05.16. 07 (01 + 02 + 04) 05.17. 09 (01 + 08) 05.18. Sabemos que quando uma grande empresa contrata o trabalho por intermédio de uma terceirizada ela se isenta de responsabilidades legais sobre os trabalhadores que foram recrutados por essa empresa de terceirização. Em um cenário atual de mercado globalizado e competitivo muitas empresas buscam formas mais baratas de produção encontrando no processo de terceirização um modo de diminuir o custo da mão de obra contratada. 05.19. A abolição do trabalho escravo no Brasil foi um processo lento e gradual. Neste pro- cesso, duas mudanças sociais podem ser destacadas: o árduo caminho que o negro percorreu da situação de escravo para a condição de cidadão, tornando-se assala- riado e assimilando a cultura do trabalha- dor urbano, e a intensificação da imigração europeia, que contribuiu para diversificar a composição étnica do Brasil. Além disso, o aluno poderá comentar a respeito da evo- lução da lavoura cafeeira com o aumento da produtividade decorrente da substitui- ção do trabalho escravo pelo assalariado. Gabarito 51Sociologia Sociologia Estrutura e estratificação social Aula 6 Conceito Não existem sociedades igualitárias puras. Indivíduos e grupos diferenciam-se entre si em função de vários fatores formando uma hierarquia de posições. Segundo Eva Maria Lakatos, a diferenciação de indivíduos e grupos em camadas hierarquicamente sobrepostas é que denominamos estratificação. Para Karl Marx, a estratificação social está correlacio- nada com o conceito de classe social. Para esse autor, as classes sociais devem ser definidas com base nas relações de produção. Para Max Weber, a estratificação social deve ser definida com base numa combinação de critérios. Para Weber, a estrutura social está organizada tanto em nível econômico como em nível de poder. Poder que não é determinado apenas pela riqueza, mas também por meio da honra e do prestígio social. “A forma pela qual as honras sociais são dis- tribuídas numa comunidade, entre grupos típicos que participam nessa distribuição pode ser cha- mada de “ordem social”. Ela e a ordem econômica estão, decerto, relacionadas da mesma forma com a “ordem jurídica”. Não são, porém, idênticas. A ordem social é, para nós, simplesmente a forma pela qual os bens e serviços econômicos são dis- tribuídos e usados. A ordem social é, decerto con- dicionada em alto grau pela ordem econômica, e por sua vez influi nela.” Max Weber Para Pitirim Sorokin, a estratificação é a desigual distribuição dos direitos e privilégios, deveres e res- ponsabilidades, gratificações e privações poder social e influência entre os membros de uma sociedade. Já o sociólogo Melvin M. Tumin considera os ter- mos desigualdade social e estratificação social como sinônimos. Para esse autor a estratificação compreende a disposição de qualquer grupo ou sociedade numa hierarquia de posições desiguais com relação a poder, propriedade, valorização social e satisfação psicológica. O estudo da estratificação não pode ser separado das implicações ideológicas ligadas à desigualdade social. Isto foi realçado a respeito sobretudo da teoria funcionalista de estratificação formulada, pela primeira vez , num ensaio de Kinsley Davis e Wilbert Moore. “Estes autores defendem que a estratificação não só é universal como também inevitável e necessária, porquanto não seria possível moti- var os indivíduos a ocuparem posições elevadas de grande responsabilidade se a elas não fosse atribuída uma cota excessivamente elevada de recompensa em tempos de riqueza, poder e prestígio. Contra esta tese, observou Trumin e outros que a necessidade de recompensas dife- rentemente depende de valores culturalmente dominantes na nossa civilização e não de carac- terísticas atribuíveis à natureza humana, e que, por conseguinte, é admissível, em princípio, uma sociedade onde os estímulos, ao preenchi- mento dos vários papéis sociais não deem lugar à desigualdade de posições.” Norberto Bobbio, Nicolas Matteucci e Giafranco Pasquino. Dicionário de política. UnB\Imprensa Oficial, 2004, p. 445. Castas Foi na Índia que o sistema de castas alcançou o seu maior desenvolvimento. Em 1949 foi promulgada uma Constituição que estabeleceu a igualdade de todos os cidadãos, contudo a discriminação persiste. Kingsley Davis destaca as seguintes características do sistema de castas indianas: • Hereditariedade na casta; • Participação atribuída por toda a vida; • Casamento endogâmico; • Contato com outras castas é limitado; • Identificação do indivíduo com as castas ; • Profissão ou ocupação caracterizam a casta.; • Cada casta possui um grau de prestígio próprio. • Desigualdade social. 52 Extensivo Semiextensivo [...] a palavra casta parece despertar, de início, a ideia de especialização hereditária. Ninguém, a não ser o filho, pode continuar a profissão do pai; e o filho não pode escolher outra profissão a não ser a do pai. [...] [É] um dever de nascimento. [...] A palavra casta não faz pensar apenas nos trabalhos hereditariamente divididos, e sim também nos di- reitos desigualmente repartidos. Quem diz casta não diz apenas monopólio, diz também privilégio. [...] O “estatuto” pessoal de uns e de outros é deter- minado, por toda a vida, pela categoria do grupo ao qual pertencem. [...] Quando declaramos que o espírito de casta reina em dada sociedade, que- remos dizer que os vários grupos dos quais essa sociedade é composta se repelem,em vez de atrair- -se, que cada um desses grupos se dobra sobre si mesmo, se isola, faz quanto pode para impedir seus membros de contrair aliança ou, até, de entrar em relação com os membros dos grupos vizinhos. [...] Repulsão, hierarquia, especialização hereditá- ria, o espírito de casta reúne essas três tendências. Cumpre retê-las a todas se se quiser chegar a uma definição completa do regime de castas. Bouglé, C. O sistema de castas, In: Ianni, Octávio (org.). Teorias da estratificação social. São Paulo: Nacional, 1973. p. 90 e 91. Estamentos As sociedades estamentais são mais fechadas do que as sociedades de classes e mais abertas do que as sociedades de castas. A mobilidade social pode ocorrer, porém é muito difícil disso acontecer. Como exemplo de sociedade estamental podemos citar a sociedade medieval. A divisão em ordens: orato- res, belatores e laboratores. Os que oram (clero); os que guerreiam (nobreza) e os que trabalham (servos). Pitirim Sorokin conceituou estamento como um grupo que, em relação aos estamentos que lhe são superiores, é mais ou menos organizados, e, no que diz respeito aos estamentos inferiores, constitui uma sociedade semiorganizada ou inorganizada. Seus membros estão ligados por laços de direitos e deveres; por privilégios e isenções de impostos e por ocupem funções econômicas semelhantes. Classes sociais Na concepção marxista chamam-se “classes” vastos grupos de homens que se distinguem pelo lugar que ocu- pam num sistema historicamente definido de produção social, pela sua relação com os meios de produção, pelo seu papel na organização social do trabalho e, portanto, pelos meios de que dispõem para obter riquezas sociais e ainda pelas grandezas destas. As classes são grupos de homens em que uns podem apropriar-se do trabalho de outros devido à diferença de sua posição em determina- do regime da economia social. Para Marx os que controlam os meios de produção formam a classe dominante enquanto os que vendem a força de trabalho formam a classe dominada. A dominação econômica está ligada à dominação política. A classe domi- nante forja uma ideologia para justificar a sua dominação política e econômica, criando mecanismos para que as classes dominadas vejam tais diferenças como naturais. Max Weber diverge de Marx na concepção de classe. Weber faz uma distinção entre “situação de classe” e “classe”. “A situação de classe consiste na possibilidade típica de exercer um monopólio (positivo ou negativo em relação à distribuição dos bens, posições e destino geral dos componentes. Em relação à situação de classe, poder-se-á falar de classe quando: a) for comum a certo número de pessoas “um compo- nente causal específico” de oportunidades de vida; b) à medida que tal componente for exclusivamente representado por interesses econômicos (posse de bens e oportunidades de rendimento); c) a representação se der em condições determina- das pelo mercado (mercado de produtos ou de trabalho). Portanto, a classse seria todo grupo de pessoas que se encontram na mesma situação de classe.”(LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 1999, p. 271). Classes e situação de classe Podemos falar de uma “classe” quando: 1) certo número de pessoas tem em comum um componente causal específico em suas oportunidades de vida, e na medida em que 2) esse componente é representado exclusiva- mente pelos interesses econômicos da pos- se de bens e oportunidades de renda, e 3) é representado sob as condições de mercado de produtos ou mercado de trabalho. [Es- ses pontos referem-se à “situação de classe”, que podemos expressar mais sucintamente como a oportunidade típica de uma oferta de bens, de condições de vida exteriores e experiências pessoais de vida, e na medida em que essa oportunidade é determinada pelo volume e tipo de poder, ou falta deles, de dispor de bens ou habilidades em bene- fício de renda de uma determinada ordem econômica. A palavra “classe” refere-se a qualquer grupo de pessoas que se encon- trem na mesma situação de classe.] WEBER, Max. Classe, estamento, partido. In: Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. In: TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo, Atual, 2007. Aula 6 53Sociologia Desigualdades sociais O crescimento da riqueza mundial, proporcionado pela modernização e pelo aumento do volume de produção dos mais variados gêneros de consumo, foi, ao longo do século XX, proporcional à expansão da pobreza nas regiões mais carentes do globo. As implica- ções desse processo se encontram nas novas relações de exploração de matérias-primas e mão de obra. Embora essas relações envolvam diversas regiões mais carentes do globo na produção dos mais variados gêneros, elas não o fazem quando se trata da distribuição do lucro adquirido. Pesquisas apontam que entre as décadas de 1940 e 1990, ao mesmo tempo em que a riqueza mundial cresceu cerca de sete vezes, o número de pessoas em situação de pobreza ao redor do mundo triplicou. A pobreza também pode ser consequência da discriminação étnica, sexual e etária, na medida em que atinge sobremaneira os grupos minoritários, como mulheres, crianças, idosos e populações das áreas mais pobres do globo. Organizações não governamentais e outras procu- ram minimizar a gravidade da situação apelando para a solidariedade, o que não é garantia de solução, já que essas medidas são apenas paliativas. “Logo, é difícil erradicar a pobreza sem alterar as estruturas econômicas e sociais. Na busca pela solução efetiva, é preciso fomentar a distribuição de renda e o investimento em educação, considerando, é claro, os fatores culturais de cada sociedade. No entanto, ainda há muitas questões a discutir e ações a implementar para que sejam atendidas as necessidades humanas básicas – alimentação, vestimenta, moradia, educação, saúde, trabalho, segurança e serviços públicos, como água, saneamento – e que todos tenham garantido o pleno exercício de seus direitos. Em todo o mundo, e já há bastante tempo, são inúmeras as discussões sobre a miséria e as tentativas de implementar leis e diretrizes para erradicá-la. Entretanto, concretizá-las tem se tornado um grande desafio para os governos ao redor do globo.” MOCELLIN, Renato; CAMARGO, Rosiane. História em debate. São Paulo: Editora do Brasil, 2016, vol. 2, p. 243. Segundo o pesquisador Thomas Piketty, a desigualdade tem aumentado significativamente nos últimos 40 anos, inclusive em países ricos. Dados de 2016 revelam que nos Estados Unidos parte da riqueza nacional de 10% dos contribuintes passou de 34% a 47%, na Rússia e de 21% a 46%, na China de 27% a 41% e na Europa de 33% a 37%. Já os países e regiões menos igualitário eram formados pelo Brasil (55% da renda nacional nas mãos dos 10% mais ricos), Índia (55%) e Oriente Médio (61%). Na Amércia Latina, desigualdade de renda é preo- cupante. O Brasil depois de ter diminuído o número de mais pobres, a partir de 2015 a situação voltou a piorar. As desigualdades social e de gênero se acentuaram no Brasil. No último ranking de desenvolvimento humano publicado pela ONU o Brasil estacionou em 79o. lugar em um total de 188 países. O 1% mais rico do Brasil concen- tra entre 22% e 23% do total da renda do país, nível bem acima da média internacional. “Já o Coeficiente de Gini, que mede a concentra- ção renda, aponta o país como o 10º. mais desigual do mundo e o quarto da América Latina, à frente apenas de Haiti, Colômbia e Paraguai. Segundo o levantamento da ONU, o percentual de desigual- dade de renda no Brasil (37%) é superior à média da América Latina, incluindo os países do Caribe (34,9%). A desigualdade brasileira também cresce nas comparações de gênero. Embora as mulheres te- nham maior expectativa de vida e mais escolarida- de, elas ainda recebem bem menos que os homens no Brasil. A renda per capita da mulher é 66,2% inferior à de pessoas dosexo masculino. No índice de desigualdade de gênero, o país aparece na 92ª. posição entre 159 países analisados, atrás de na- ções de maioria religiosa conservadora, a exemplo de Líbia (38ª.), Malásia (59ª.) e Líbano (83ª.). Também é baixa a representatividade da mu- lher no Congresso Nacional. O comparativo entre número de cadeiras em parlamentos indica que as mulheres brasileiras ocupam somente 10,8% dos assentos. O número é inferior à média mundial (22,5%) e até mesmo ao de países com IDH baixo, como a República Centro Africana, última coloca- da do ranking, que tem 12,5% de seu parlamento ocupado por representantes do sexo feminino.” https://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/21/ politica/1490112229_963711.html 54 Extensivo Semiextensivo Testes Assimilação 06.01. (UNIOESTE – PR) – “Burgueses e proletários. A história de todas as sociedades até hoje existente é a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, mestre de cor- poração e companheiro, em resumo, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfar- çada; uma guerra que terminou sempre ou por uma transformação revolucionária da sociedade inteira, ou pela destruição das classes em conflito” MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010, p. 40. Assinale a alternativa CORRETA: para Karl Marx (1818-1883) como se originam as classes sociais? a) As classes sociais se originam da divisão entre governantes e governados. b) As classes sociais se originam da divisão entre os sexos. c) As classes sociais se originam da divisão entre as gerações. d) As classes sociais se originam da divisão do trabalho. e) As classes sociais se originam da divisão das riquezas. 06.02. Analise o texto: “A primeira condição para que um indivíduo seja pertencente à classe trabalhadora é o fato de ter como seu apenas sua força de trabalho para vendê-la no mercado de trabalho em troca de um salário, em outras palavras, ele irá vender o seu trabalho, seja ele físico ou intelectual. A força de trabalho é o elemento humano (homem) que se torna mercadoria sob o capitalismo.” De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se explica: a) Pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de cada um no desempenho de seu trabalho. b) Pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e não proprietários dos meios de produção. c) Pelas diferenças de inteligência e habilidade inatas dos indivíduos, determinadas biologicamente. d) Pela apropriação das condições de trabalho pelos homens mais capazes em contextos históricos, marcados pela igualdade de oportunidades. e) Pelo processo de aquisição é assimilação dos valores, das normas, regras, leis, costumes e as tradições do grupo humano do qual fazemos parte. 06.03. (ENEM) – Existe uma cultura política que domina o sis- tema e é fundamental para entender o conserva- dorismo brasileiro. Há um argumento, partilhado pela direita e pela esquerda, de que a sociedade brasileira é conservadora. Isso legitimou o conservadorismo do siste- ma político: existiriam limites para transformar o país, porque a sociedade é conservadora, não aceita mudanças bruscas. Isso justifica o caráter vagaroso da redemocra- tização e da redistribuição da renda. Mas não é assim. A sociedade é muito mais avançada que o sistema político. Ele se mantém porque consegue convencer a sociedade de que é a expressão dela, de seu conservadorismo. NOBRE, M. Dois ismos que não rimam. Disponível em: www.uni- camp.br. Acesso em: 28 mar. 2014 (adaptado). A característica do sistema político brasileiro, ressaltada no texto, obtém sua legitimidade da a) dispersão regional do poder econômico, b) polarização acentuada da disputa partidária. c) orientação radical dos movimentos populares. d) condução eficiente das ações administrativas. e) sustentação ideológica das desigualdades existentes. 06.04. (UFGD – MS) – A sociedade moderna burguesa, surgida das ru- ínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonis- mos de classe, apenas estabeleceu novas classes, novas formas de opressão, novas formas de luta, em lugar das velhas. No entanto, a nossa época, a da burguesia, possui uma característica: sim- plificou os antagonismos de classes. A sociedade global divide-se cada vez mais em dois campos hostis, em duas grandes classes que se defrontam: a burguesia e o proletariado. MARX, K.; ENGELS, F. O Manifesto do Partido Comunista – Jorge Zahar, 2006. A passagem clássica do pensamento sociológico aponta o surgimento das classes sociais: burguesia e operariado. A partir da análise desse trecho, é possível considerar que a) houve um avanço histórico em relação às épocas pas- sadas, pois a simplificação dos antagonismos de classe reduziu os conflitos entre diferentes classes sociais na época moderna. b) os antagonismos de classe seguem sendo os mesmos das épocas antigas, porém na época moderna há uma afinidade maior de interesses entre as classes sociais. d) A intimidação social perante os subalternos expressa a materialização das castas nas sociedades modernas ocidentais. e) Nas sociedades modernas ocidentais, a diversidade das origens, das funções sociais e das condições econômicas são critérios anacrônicos de estratificação. 06.07. (UEL – PR) – Em 1840, o francês Aléxis de Tocqueville (1805-1859), autor de A democracia na América, impressio- nado com o que viu em viagem aos Estados Unidos, escreveu que nos EUA, “a qualquer momento, um serviçal pode se tor- nar um senhor”. Por sua vez, o escritor brasilei- ro Luiz Fernando Veríssimo, autor de O analista de Bagé, disse, em 1999, ao se referir à situação social no Brasil: “tem gente se agarrando a poste para não cair na escala social e sequestrando ele- vador para subir na vida”. As citações anteriores se referem diretamente a qual fenô- meno social? a) Ao da estratificação, que diz respeito a uma forma de orga- nização que se estrutura por meio da divisão da sociedade em estratos ou camadas sociais distintas, conforme algum tipo de critério estabelecido. b) Ao de status social, que diz respeito a um conjunto de direitos e deveres que marcam e diferenciam a posição de uma pessoa em suas relações com as outras. c) Ao dos papéis sociais, que se refere ao conjunto de comportamentos que os grupos e a sociedade em geral esperam que os indivíduos cumpram de acordo com o status que possuem. d) Ao da mobilidade social, que se refere ao movimento, à mudança de lugar de indivíduos ou grupos num deter- minado sistema de estratificação. e) Ao da massificação, que remete à homogeneização das condutas, das reações, desejos e necessidades dos indi- víduos, sujeitando-os às ideias e objetos veiculados pelos sistemas midiáticos. 06.08. (UEL – PR) – Leia a letra da canção. “Tinha eu 14 anos de idade quando meu pai me chamou Perguntou-me se eu queria estudar filosofia Medicina ou engenharia Tinha eu que ser doutor Mas a minha aspiração era ter um violão Para me tornar sambista Ele então me aconselhou: ‘Sambista não tem valor nesta terra de doutor’ E seu doutor, o meu pai tinha razão Aula 6 55Sociologia c) o trecho enfatiza a importância da luta de classes na análise das dinâmicas sociais da sociedade moderna. d) a passagem mostra que a luta de classes se tornaria um aspecto residual nas análises das dinâmicas sociais. e) a existência do antagonismo de classes indica que se deve adotar uma perspectiva funcionalista e compreensiva para se interpretar os posicionamentos das diferentes classes sociais. Aperfeiçoamento 06.05. A expressão estratificação deriva de estrato, que quer dizer camada. Por estratificação social entendemos, exceto: a) A distribuição de indivíduos em grupos e grupos em camadas hierarquicamente superpostas dentro de uma sociedade. b) O processo de aquisição é assimilação dos valores, das normas, regras, leis,costumes e as tradições do grupo humano do qual fazemos parte. c) Que essa distribuição dos indivíduos se dá pela posição social, a partir das atividades que eles exercem e dos papéis que desempenham na estrutura social. d) Que em determinadas sociedades podemos dizer que as pessoas estão distribuídas pelas camadas alta (classe A), média (classe B) ou inferior (classe C), que correspondem a graus diferentes de poder, riqueza e prestígio. e) Por exemplo, que na sociedade capitalista contemporâ- nea, as posições sociais são determinadas basicamente pela situação dos indivíduos no desempenho de suas atividades produtivas 06.06. (UEL – PR) – Contardo Calligaris publicou um artigo em que aborda a prática social brasileira de denominar como doutores os indivíduos pertencentes a algumas profissões, dentre eles médicos, engenheiros e advogados, mesmo na ausência da titulação acadêmica. Segundo o autor, estes mesmos profissionais não se apresentam como doutores no encontro com seus pares, mas apenas diante de indivíduos de segmentos sociais considerados subalternos, o que indica uma tentativa de intimidação social, servindo para estabele- cer uma distância social, lembrando a sociedade de castas. A questão levantada por Contardo Calligaris aborda aspectos relacionados à estratificação social, estudada, entre outros, pelo sociólogo alemão Max Weber. De acordo com as ideias weberianas sobre o tema, é correto afirmar: a) As sociedades ocidentais modernas produzem uma estratificação social multidimensional, articulando critérios de renda, status e poder. b) Médicos, engenheiros e advogados são designados de doutores porque suas profissões beneficiam mais a so- ciedade que as demais. c) A titulação acadêmica objetiva a intimidação social e a demarcação de hierarquias que culminem em uma sociedade de castas. 56 Extensivo Semiextensivo Vejo um samba ser vendido, o sambista esque- cido O seu verdadeiro autor Eu estou necessitado, mas meu samba encabu- lado Eu não vendo não senhor!” (Canção “14 anos” de Paulinho da Viola, do álbum Na Madrugada, 1966). De acordo com a letra da canção, assinale a alternativa correta. a) O sambista vê na comercialização do samba, ou seja, na sua mutação em mercadoria, um processo que valoriza mais o criador que a coisa produzida. b) Os termos ‘sambista’ e ‘doutor’ servem para qualificar e/ou desqualificar os indivíduos na rigorosa hierarquia social vigente no Brasil. c) A filosofia, enquanto conhecimento humanístico voltado à crítica social é desqualificada em relação aos conheci- mentos direcionados às profissões liberais. d) Para o sambista, o valor objetivo da música como mer- cadoria, medido pelo reconhecimento econômico, é mais relevante do que sua condição de criação artística subjetiva. e) A expressão ‘terra de doutor’ está relacionada à disse- minação generalizada dos cursos superiores no Brasil, responsáveis por uma elevação do nível cultural dos setores populares. 06.09. (UEL – PR) – De acordo com Octavio Ianni: “Para melhor compreender o processo de estratificação social, enquanto processo estru- tural, convém partirmos do princípio. Isto é, precisamos compreender que a maneira pela qual se estratifica uma sociedade depende da maneira pela qual os homens se reproduzem socialmente”. Fonte: IANNI, O. Estrutura e História. In IANNI, Octavio (org). Teorias da Estratificação Social: leitura de sociologia. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1978, p. 11. Com base no texto e nos conhecimentos sobre estratificação social, considere as afirmativas a seguir: I. Os estamentos são formas de estratificação baseadas em categorias socioculturais como tradição, linhagem, vassalagem, honra e cavalheirismo. II. As classes sociais são formas de estratificação baseadas em renda, religião, raça e hereditariedade. III. As mudanças sociais estruturais ocorrem quando há mudanças significativas na organização da produção e na divisão social do trabalho. IV. As castas são formas de estratificação social baseadas na propriedade dos meios de produção e da força de trabalho. A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é: a) I e II b) I e III c) II e III d) I, II e IV e) II, III e IV Aprofundamento 06.10. (UEL – PR) – Leia o texto seguinte. [...] Ramón vivia do seu trabalho e tinha que pagar um apartamento e a comida, e inclusive as folhas de papel para poder escrever nos fins de se- mana. Já sabia que introduzir no computador um argumento e os nomes dos personagens para que realizasse um primeiro esboço não era a mesma coisa que escrever uma novela desde o princípio, mas as coisas agora estavam desse jeito. O mundo editorial tinha mudado, os livros já não eram con- cebidos como obras de artesanato criadas na mente de um só homem sem nenhuma ajuda exterior. SAORÍN, J. L. A curiosa história do editor partido ao meio na era dos robôs escritores. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2005. p. 109. O texto remete a formulações presentes na análise de Marx sobre o desenvolvimento do capitalismo. Quanto à posição de Marx em relação ao tema abordado no texto, é correto afirmar. I. Com o advento da sociedade comunista, o trabalho desaparece e instaura-se um ordenamento social em que a preocupação do indivíduo será basicamente com o exercício do lazer. II. O avanço das forças produtivas torna-se desnecessário em uma sociedade socialista, uma vez que as máquinas, responsáveis pelo sofrimento humano, serão substituídas por um retorno à produção artesanal. III. A tendência do movimento do capital é no sentido de uma contínua desqualificação da força de trabalho. Deste modo, intensifica-se a unilateralidade do ser que trabalha e sua degradação física e psíquica. IV. A revolução contínua das forças produtivas é uma neces- sidade inerente ao processo de acumulação capitalista e está na base da expansão deste modo de produção e da constituição do mercado mundial. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. Aula 6 57Sociologia 06.11. (UEL – PR) – Analise a figura e leia o texto a seguir. (Disponível em: <https://i.pinimg.com/ originals/6f/8a/ce/6f8ace021e7a85edf7f 3cd280db6d185.jpg>. Acesso em: 1 set. 2017.) Estou sentada nos ombros de um homem Ele está afundando sob o fardo (peso) Eu faria qualquer coisa para ajudá-lo Exceto descer de suas costas (Disponível em: <http://www.aidoh.dk/new-struct/About-Jens- Galschiot/CV-GB-PT.pdf>. Acesso em: 1 set. 2017.) Com a obra intitulada A sobrevivência dos mais gordos, Jens Galschiot (2002) aborda o tema da injustiça, uma questão constitutiva da vida social de difícil solução, como indica o texto que acompanha a obra. O entendimento que uma sociedade produz sobre o que se considera justo e injusto está fundado em padrões de valoração a respeito da conduta dos indivíduos e dos objetivos comuns da coletividade, bem como em sua estrutura social. Pode-se considerar que uma das expressões da justiça ou injustiça é a estratificação social, objeto de estudo de Max Weber. Segundo o autor, na sociedade moderna ocidental, a estra- tificação social é a) estruturada fundamentalmente na base econômica da sociedade, que subordina as esferas política, jurídica e ideológica de modo a perpetuar a exploração da classe dominante sobre a dominada. b) formada pelas dimensões econômica, política e ideoló- gica, as quais estabelecem entre si relações necessárias que devem ser desvendadas com a descoberta de suas leis gerais invariáveis. c) constituída em três dimensões, a econômica, a política e a social, sendo que suas possíveis afinidades eletivas devem ser analisadas à luz de cada especificidade histórica em questão. d) composta por múltiplas dimensões, sendo a cultura a de- terminante para a compreensão totalizantedos processos históricos de desenvolvimento econômico no Ocidente. e) estabelecida pela moral social, a qual situa o posiciona- mento dos indivíduos de acordo com os papéis sociais por eles cumpridos, tendo em vista o melhor desempenho das funções necessárias à sociedade. 06.12. (UEM – PR) – Em termos sociológicos, assinale o que for correto sobre o conceito de classes sociais. 01) Sua utilização visa explicar as formas pelas quais as de- sigualdades se estruturam e se reproduzem nas socie- dades. 02) De acordo com Karl Marx, as relações entre as classes sociais transformam-se ao longo da história conforme a dinâmica dos modos de produção. 04) As classes sociais, para Marx, definem-se, sobretudo, pelas relações de cooperação que se desenvolvem entre os diversos grupos envolvidos no sistema produtivo. 08) A formação de uma classe social, como os proletários, só se realiza na sua relação com a classe opositora, no caso do exemplo, a burguesia. 16) A afirmação “a história da humanidade é a história das lutas de classes” expressa a ideia de que as transforma- ções sociais estão profundamente associadas às con- tradições existentes entre as classes. 06.13. (UEM – PR) – Leia o texto a seguir: “Cada vez mais evidente, a pobreza é estigma- tizada, quer pelo caráter de denúncia da falência da sociedade e do Estado em relação às suas fun- ções junto à população, quer pelo contraste com a abundância de produtos, quer pelo perigo imi- nente de convulsão social que para ela aponta. A violência e a agressividade aumentam, criando um clima de guerra civil nas grandes cidades, onde os índices de criminalidade são alarmantes. Ao medo e à insegurança, gerados na população, associa-se o preconceito e uma atitude de discri- minação contra as camadas pobres da população, as favelas e os centros das cidades.” (COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2005, p.256-257.) Considerando o texto acima e os processos de exclusão social no Brasil, é correto afirmar que: 01) a estigmatização estabelece distinções sociais entre grupos considerados dignos e outros associados com noções de vergonha, desvio e criminalidade. 02) a população pobre é a principal responsável pelo cres- cimento da criminalidade nos centros urbanos, alian- do-se a organizações ilegais e exaltando a “cultura da pobreza” em produções culturais como o rap ou o hip hop. 58 Extensivo Semiextensivo 04) o apelo ao consumo, feito pelas campanhas publicitá- rias veiculadas nos meios de comunicação de massa, evidencia o contraste entre uma sociedade construída nas propagandas e a situação de carência e de exclusão de grande parte da população. 08) a principal causa da pobreza, sobretudo nos centros urbanos, é a carência psicológica, ou seja, o sentimento de autodesvalorização das populações pobres em rela- ção às ricas. 16) é possível identificar, no perfil biológico da população de uma determinada cidade, as justificativas para as condições precárias de sobrevivência de certos grupos sociais. 06.14. (UEM – PR) – Sobre o tema das desigualdades sociais, assinale o que for correto. 01) O problema das desigualdades sociais é recente e está relacionado com as atuais políticas de distribuição de renda que impedem as pessoas de trabalharem. 02) O conceito de desigualdade social indica a existência de diferenças e desvantagens entre as pessoas. 04) Marx utilizou o conceito de luta de classes para se referir às desigualdades existentes entre burgueses e proletários. 08) As desigualdades raciais foram superadas no Brasil por causa da profunda miscigenação ocorrida nas últimas décadas. 16) Concentração de renda, falta de qualidade nos serviços públicos, discriminação, violência são fenômenos forte- mente relacionados às desigualdades sociais. 06.15. (UEM – PR) – Sobre as teorias clássicas da estratifi- cação social, assinale o que for correto. 01) Segundo a sociologia marxista, a diferenciação entre os indivíduos na sociedade capitalista se dá pela posição que eles ocupam na estrutura produtiva. 02) Apesar de reconhecer a existência da pequena bur- guesia, Marx defendia que, com o desenvolvimento do capitalismo, haveria a redução da sociedade a apenas duas classes fundamentais: burguesia e proletariado. 04) A sociologia weberiana desenvolve uma teoria da es- tratificação social que inclui, além das posses materiais, o nível de educação e o conjunto das habilidades téc- nicas individuais na definição das classes. 08) Para Max Weber, os grupos de status são unidades de estratificação tão importantes quanto a classe social. 16) Os grupos de status distinguem e agrupam os indiví- duos em termos do prestígio, honra social ou estilo de vida que possuem. 06.16. (UEL – PR ) – (BENSAÏD, D. Marx, manual de instruções, SP, Boitempo Editorial, 2014, p. 62.) A charge remete a discussões que têm marcado o pensa- mento sociológico e a sociologia contemporânea. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o teor desses debates. a) O reconhecimento de que as classes sociais deixaram de existir com a implantação dos modos de produção comunistas na Europa e, desde então, perderam sua importância histórica. b) As classes existiram apenas como um fenômeno loca- lizado historicamente no tempo, de tal modo que hoje mesmo os partidos de esquerda renunciaram a identificar sua permanência na sociedade contemporânea. c) As classes sociais, assim como a estrutura social, são construções conceituais ideológicas, de modo que não existem empiricamente na vida social. d) As lutas de classes existiram enquanto se mantiveram os partidos de esquerda tradicionais e, com a morte desses, as lutas de classe foram substituídas por embates identitários. e) As classes deixaram de ser o referencial analítico privile- giado, mas conservam sua importância, pois as relações entre capital e trabalho no mundo moderno se mantêm. Aula 6 59Sociologia 06.17. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir. Rigorosamente falando, não existe exclusão: existe contradição, existem vítimas de processos sociais, políticos e econômicos excludentes; existe o conflito pelo qual a vítima dos processos excludentes proclama seu inconformismo, seu mal-estar, sua revolta, sua esperança, sua força reivindicativa e sua reivindicação corrosiva. Temos de admitir que a ideia de exclusão é pobre e insuficiente. Ela nos lança na cilada de discutir o que não está acontecendo exatamente como sugerimos, impedindo-nos, portanto, de discutir o que de fato acontece: discutimos a exclusão e por isso, deixamos de discutir as formas pobres, insuficientes e, às vezes, até indecentes de inclusão. Adaptado de: MARTINS, J. S. Exclusão social e a nova desigualdade. 3.ed. São Paulo: Paulus, 1997. p.14. Embora o termo exclusão social seja bastante difundido nas ciências e na imprensa, o sociólogo brasileiro José de Souza Martins o critica. A partir do texto, responda aos itens a seguir. a) Explique por que, para Martins, não existe propriamente exclusão social. b) Cite quatro exemplos de situações que, segundo Martins, constituem “formas pobres, insuficientes e, às vezes, até inde- centes de inclusão”. Desafio 06.18. (UFPR) – Quando se consideram sociologicamente as posições ocupadas pelos indivíduos na sociedade capitalista, pode-se pensá-las a partir de diferentes conceitos. Para algumas correntes sociológicas, essas posições se definem pelo status que cada um ocupa e pelos papéis que cada um desempenha. Para outras correntes, as posições se definem a partir do que consideram ser uma classe social. Defina o que é uma classe social e apresente pelo menos dois critérios utilizados nessa definição 60 Extensivo Semiextensivo 06.01. d 06.02. b 06.03. e 06.04. c 06.05. b 06.06. a 06.07. d 06.08. b 06.09. b 06.10. c 06.11. c 06.12. 27 (01 + 02 + 08 + 16) 06.13. 05 (01 + 04) 06.14. 22 (02 + 04 + 16) 06.15. 31 (01 + 02 + 04 + 08 + 16) 06.16. e 06.17. a) Segundo Martins,não é correto falar em exclusão social não porque ine- xistam pessoas e/ou grupos sociais que padecem de diversas formas de opressão, mas sim porque, em qualquer dessas formas, existe, na verdade, um modo problemático (ou parcial-limitado) de participação social. Assim, tais pessoas não seriam excluídas, mas vivenciariam mo- dos degradados, empobrecidos, de “inclusão social”. b) O aluno pode citar quatro dos exem- plos a seguir. • Trabalhadores escravizados em pro- priedades rurais e indústrias do Bra- sil e do mundo. • Trabalhadores em condições labo- rais precárias. • Trabalhadores sem terra. • Pessoas expulsas por construção de barragens, hidroelétricas etc. • Indígenas expulsos ou destribaliza- dos vivendo em situações degra- dantes em centros urbanos. • Imigrantes e refugiados persegui- dos por motivos políticos e,ou reli- giosos. 06.18. Pode-se definir como um conjunto de indivíduos que tem a mesma função, os mesmos interesses ou a mesma con- dição em uma sociedade. Para Marx, existem duas classes sociais no sistema capitalista: burguesia e proletariado, de acordo com a propriedade ou não dos meios de produção. Para Weber, a divi- são social deve ser estendida levando em consideração outros fatores como status e poder, ou seja, a condição pro- fissional e política do indivíduo, além da condição de renda. Gabarito 61Sociologia Sociologia Aula 7 Movimentos sociais Movimento Social deve ser compreendido como uma ação coletiva de um grupo organizado que tem como objetivo alcançar mudanças sociais por meio da luta por direitos e / ou da reivindicação política, den- tro de uma determinada sociedade e de um contexto específico. Fazem parte dos movimentos sociais, os sin- dicatos de trabalhadores, os movimentos populares, organizações não governamentais, associações de bairro, movimento estudantil, etc. Esses grupos organizados visam, em geral, uma mudança, transição ou mesmo a revolução de uma re- alidade considerada inaceitável ou hostil a determinado grupo ou classe social. Seja a luta por um algum ideal, seja pelo questionamento de uma determinada realida- de o movimento social constrói uma identidade para a luta e defesa de seus interesses. Os movimentos sociais têm como característica principal a mobilização e uma série de ações coletivas visando modificar a sociedade ou conquistar algum direito ou reivindicação. Historicamente as ações coletivas e os movimentos sociais mais atuantes e conhecidos na sociedade brasileira são o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MSTS) e os movimentos em defesa das minorias como índios e negros, ou a luta pelos direitos das mulheres, por exemplo. © Sh ut te rs to ck /R ob Z s A democracia é fruto da luta por direitos A democracia que conhecemos instituiu-se por vias selvagens, sob o efeito de reivindica- ções que se mostraram indomesticáveis. E todo aquele que tenha os olhos voltados para a luta de classes, [...], deveria convir que ela foi uma luta pela conquista de direitos — exatamente aqueles que se mostram hoje constitutivos da democracia [...]. Poderoso agente da revolução democrática, o movimento operário talvez tenha, por seu tur- no, se atolado na lama das burocracias, nascidas da necessidade de sua organização. Acontece, no entanto, para além dos choques de interesses par- ticulares nos quais a democracia corre o risco de se deteriorar, que os conflitos que atravessam a sociedade em todos os níveis sempre deixam vi- sível uma oposição geral, que é sua mola-mestra, entre dominação e servidão. LEFORT, Claude. A invenção democrática: os limites do totalitaris- mo. São Paulo: Brasiliense, 1983. p. 26. In: TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Atual, 2007. Podemos afirmar que os movimentos sociais exercem um importante papel na sociedade e na manutenção do regime democrático. Portanto, são considerados como manifestações de uma sociedade plural, que se desenvolve em torno do embate político por interesses coletivos e demandas sociais. Ou seja, a organização dos indivíduos em prol de uma causa específica e a adesão a um determinado movimento social é a expressão de uma sociedade politicamente ativa. Os grupos que produzem ação em busca da re- presentação política de seus anseios atuam de modo a produzir pressão direta ou indireta no corpo político de um Estado. Para isso, várias formas de ações coletivas são usadas, como a denúncia, os panfletos e cartazes, as passeatas, as greves, etc. De acordo com o sociólogo francês Alain Touraine os movimentos sociais possuem três princípios que os identificam e os caracterizam. Os princípios de identida- de, totalidade e oposição. 62 Extensivo Semiextensivo • Identidade: o movimento social representa um grupo específico; defende determinados interesses de quem o mobiliza, seus líderes, seus adeptos. • Totalidade: mesmo considerando que um movi- mento social represente um grupo em particular, ele procura se apresentar e se legitimar em nome de valores considerados coletivos como, por exemplo, o interesse nacional, a saúde de todos os cidadãos, os direitos humanos, a igualdade de gênero, etc. • Oposição: em geral, os movimentos sociais se mo- bilizam em oposição a uma determinada realidade social ou política. O MST, por exemplo, atua contra o latifúndio improdutivo, o movimento feminista contra o machismo e a discriminação da mulher, etc. Podemos identificar também os movimentos sociais de resistência, ou seja, uma mobilização que não neces- sariamente esteja voltada para uma reivindicação, mas sim para se posicionar contrária a uma reforma social ou proposta de mudanças na legislação, por exemplo. Nesse sentido, caracterizamo-lo como um movimento conservador e não reformista ou revolucionário. Os movimentos sociais tornam-se, portanto, entida- des de mediação, isto é, uma ferramenta que os grupos considerados minoritários e que se sentem desfavore- cidos dispõem para buscar a garantia de seus direitos. Sua existência deve ser garantida dentro de um Estado democrático, que depende da legitimação dos cidadãos que o integram para que possa exercer sua função de governar em nome do bem-estar comum. Diferentes tipos de movimentos sociais Movimentos políticos: têm como principal caracterís- tica alertar a população para a importância da partici- pação na vida política; procura manifestar, em geral, a insatisfação do cidadão ou de um grupo social com decisões tomadas pelo Estado. Movimentos reivindicatórios: têm como principal objetivo buscar soluções para situações pontuais no âmbito da política, da economia ou da sociedade (saúde, educação, meio ambiente, etc.) e que exercem pressão contra o Estado para conseguir as mudanças ou conquistas pretendidas. Movimentos sociais de classe: visam alguma mudança na ordem social vigente, principalmente em relação à diminuição de desigualdades sociais. Movimentos sociais rurais: as principais causas de mobilização estão relacionadas à reforma agrária e a melhoria das condições de trabalho no campo. Atualmente, com o considerável avanço da tecnolo- gia e dos meios de comunicação, podemos identificar uma nova forma de articulação no interior dos movi- mentos sociais, fortemente marcada pela utilização de instrumentos de comunicação inovadores, como as redes sociais, jornais digitais e vídeos para difundir suas causas e reivindicações e alcançar maior alcance e influência na defesa por mudanças sociais. Ou seja, os movimentos sociais se utilizam de novos meios de comunicação para informar e atingir um maior número de pessoas na divulgação de suas ações e reivindicações em uma ação chamada de ciberativismo. O ciberativismo (ou ativismo digital), transformou o modo como os movimentos sociais se organizam e difundem suas mensagens à sociedade. A realização de ações políticas e coletivas como protestos, boicotes, passeatas, pressupõea mobilização de várias pessoas. Portanto, a principal razão do ciberativismo ter ganhado força: a capacidade de aglutinar e mobilizar um grande contingente em um curto espaço de tempo. Cidadania e classe social A cidadania é um status concedido àqueles que são membros integrais de uma comunidade. To- dos aqueles que possuem o status são iguais com respeito aos direitos e obrigações pertinentes ao status. [...] A classe social, por outro lado, é um sistema de desigualdade. E esta também, como a cidadania, pode estar baseada num conjunto de ideais, crenças e valores. É, portanto, compreensí- vel que se espere que o impacto da cidadania sobre a classe social tomasse a forma de um conflito entre princípios opostos. Se estou certo ao afirmar que a cidadania tem sido uma instituição em desenvolvi- mento na Inglaterra, pelo menos desde a segunda metade do século XVII, então é claro que seu cres- cimento coincide com o desenvolvimento do capi- talismo, que é o sistema não de igualdade, mas de desigualdade. Eis algo que necessita de explicação. Como é possível que estes dois princípios opostos possam crescer e florescer, lado a lado, no mesmo solo? O que fez com que eles se reconciliassem e se tornassem, ao menos por algum tempo, aliados ao invés de antagonistas? A questão é pertinente, pois não há dúvida de que, no século XX, a cidadania e o sistema de classe capitalista estão em guerra. MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967. p. 76. Aula 7 63Sociologia Testes Assimilação 07.01. (UFU – MG) – Em uma pesquisa acerca do déficit habitacional no Brasil, encontra-se a seguinte afirmação: No contexto da rápida urbanização nos países em desenvolvimento, o deficit habitacional se constitui no grande desafio para a gestão das cidades. [...] No Brasil, em 2008, o deficit habitacional foi estimado em mais de 5,5 milhões de unidades, do qual 83% é registrado em zonas urbanas, afetando, principalmente, as famílias com renda de até 3 salários mínimos, atingidas por 89,6% desse deficit. PASTERNAK, Suzanna; BÓGUS, Lucia Maria Machado. Habitação de aluguel no Brasil e em São Paulo. Caderno CRH, V.29, n.77, 2016. Políticas públicas que visam a atacar o problema do deficit habitacional poderiam ser descritas como políticas de ga- rantia de um direito a) social. b) político. c) civil. d) econômico. 07.02. (ENEM) – “Na década de 1990, os movimentos sociais camponeses e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros sujeitos coletivos. Na sociedade brasileira, a ação dos movimentos sociais vem construindo lentamente um conjunto de práticas democráticas no interior das escolas, das comuni- dades, dos grupos organizados e na interface da sociedade civil com o Estado. O diálogo, o con- fronto e o conflito têm sido os motores no proces- so de construção democrática”. SOUZA, M. A. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo: participação e possibilidades das práticas democráticas. Disponível em: http://www.ces. uc.pt. Acesso em: 30 abr. 2010 (adaptado). Segundo o texto, os movimentos sociais contribuem para o processo de construção democrática, porque a) determinam o papel do Estado nas transformações socioeconômicas. b) aumentam o clima de tensão social na sociedade civil. c) pressionam o Estado para o atendimento das demandas da sociedade. d) privilegiam determinadas parcelas da sociedade em detrimento das demais. e) propiciam a adoção de valores éticos pelos órgãos do Estado. 07.03. (UFU – MG) – Até a noite de 28 de junho, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) eram, sistematicamente, acuados e sofriam todo tipo de preconceitos, agressões e represálias por parte do departamento de polícia de Nova Ior- que. Mas nesta noite, a população LGBT, pre- sente no bar Stonewall Inn, se revoltou contra as provocações e investidas da polícia e, mu- nida de coragem, deu um basta àquela triste realidade de opressão. Por três dias e por três noites, pessoas LGBT, e aliadas, resistiram ao cerco policial e a data ficou conhecida como a Revolta de Stonewall. Surgiu o Gay Pride e a re- sistência conseguiu a atenção de muitos países, em especial a do governo estadunidense, para os seus problemas. Disponível em: <http://www.cepac.org.br/agentesdacidadania/? page_id=185>. Considerando o texto, é correto afirmar que os novos mo- vimentos sociais: a) São definidos por sua associação às organizações de classe e defesa da população marginalizada. b) Ampliam e redefinem as formas de participação política em regimes democráticos. c) Lutam exclusivamente em defesa de seus interesses econômicos a partir de estruturas partidárias. d) Reivindicam a extensão de direitos sociais, civis e políticos, necessariamente universalizáveis. 07.04. (ENEM) – As mulheres quebradeiras de coco-babaçu dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocan- tins, na sua grande maioria, vivem numa si- tuação de exclusão e subalternidade. O termo quebradeira de coco assume o caráter de iden- tidade coletiva na medida em que as mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhecem sua posição e condição desvalorizada pela lógi- ca da dominação, se organizam em movimentos de resistência e de luta pela conquista da terra, pela libertação dos babaçuais, pela autonomia do processo produtivo. Passam a atribuir signi- ficados ao seu trabalho e as suas experiências, tendo como principal referência sua condição preexistente de acesso e uso dos recursos na- turais. ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela libertação do coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Americano de Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado). 64 Extensivo Semiextensivo A organização do movimento das quebradeiras de coco de babaçu é resultante da a) constante violência nos babaçuais na confluência de ter- ras maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, região com elevado índice de homicídios. b) falta de identidade coletiva das trabalhadoras, migran- tes das cidades e com pouco vínculo histórico com as áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Maranhão e Piauí. c) escassez de água nas regiões de veredas, ambientes na- turais dos babaçus, causada pela construção de açudes particulares, impedindo o amplo acesso público aos recursos hídricos. d) progressiva devastação das matas dos cocais, em função do avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-Norte brasileiro. e) dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no acesso aos babaçuais localizados no interior de suas propriedades. Aperfeiçoamento 07.05. (ENEM) – Não nos resta a menor dúvida de que a prin- cipal contribuição dos diferentes tipos de movi- mentos sociais brasileiros nos últimos vinte anos foi no plano da reconstrução do processo de de- mocratização do país. E não se trata apenas da reconstrução do regime político, da retomada da democracia e do fim do Regime Militar. Trata-se da reconstrução ou construção de novos rumos para a cultura do país, do preenchimento de va- zios na condução da luta pela redemocratização, constituindo-se como agentes interlocutores que dialogam diretamente com a população e com o Estado. GOHN, M. G. M. Os sem-terras, ONGs e cidadania. São Paulo: Cortez, 2003 (adaptado). No processo da redemocratização brasileira, os novos movi- mentos sociais contribuíram para a) diminuir a legitimidade dos novos partidos políticos então criados. b) tornar a democracia um valor social que ultrapassa os momentos eleitorais. c) difundir a democracia representativa como objetivo fundamental da luta política. d) ampliar as disputas pela hegemonia das entidades de trabalhadores com os sindicatos. e) fragmentar as lutas políticas dos diversos atores sociais frente ao Estado. 07.06. Analise o texto a seguir Levante Popular da Juventude promove “escu- lacho” no STF O Levante Popular da Juventude manteve a ou- sadia que o notabilizou nos últimos dias e promo-veu, nesta quinta (12), um “esculacho” em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), com a simulação de cenas de tortura em pau de arara, prática comum durante a ditadura militar brasileira. Para o movimento, a corte má- xima do país é uma das principais responsáveis pela impunidade que cerca os crimes contra os direitos humanos cometidos no período, já que, em 2010, reafirmou a validade da Lei da Anistia, de 1979, que concede perdão incondicional aos militares. CARTA MAIOR. Levante Popular da Juventude promove “esculacho” no STF. Disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar. cfm?materia_id=19950. Acessado em 13/04/2012. (Adaptado) O fragmento acima possibilita o reconhecimento de que a luta pela democratização da sociedade brasileira não termi- nou e transcende os processos eleitorais regulares típicos do modelo representativo, pois a) amplia a participação popular ao permitir que estudantes tenham acesso aos seus representantes eleitos no Supre- mo Tribunal Federal. b) ratifica o apoio que os movimentos contrários à ditadura deram à interpretação corrente de que a Lei de Anistia perdoou militares e militantes de esquerda. c) permite-nos perceber a existência de movimentos sociais dispostos a promover a releitura da história recente para garantir o direito à verdade. d) reforça a compreensão de que a democracia exige, para sua efetividade, a manutenção de níveis de criminalidade reduzidos. 07.07. (UEL – PR) – Com o desenvolvimento da globaliza- ção das economias, novos atores sociais entraram em cena, configurando-se em uma forma diferenciada de interna- cionalismo que busca construir alternativas às decisões de instituições multilaterais como a Organização Mundial do Comércio, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. São exemplos destas iniciativas os movimentos “alter-mundialistas”. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que contempla o caráter desses “novos movimentos sociais”. a) São movimentos sem ideologia própria os quais reconhecem que a proximidade com as ideias socialistas e anarquistas é nefasta ao processo de mobilização de massa. Aula 7 65Sociologia b) A base originária dos movimentos alter-mundialistas é formada pelos ex-países do bloco soviético, daí os esforços em definir o marxismo-leninismo como seu referencial básico de ação. c) São movimentos que adotam a estratégia de tecer uma rede mundial abrangente e capaz de ganhar espaços de influência ante a opinião pública, utilizando a internet como recurso de destaque para a mobilização. d) A força desses movimentos repousa na presença de cen- tros organizadores de luta com estrutura hierarquizada cujas diretrizes são dadas pelos partidos políticos. e) A pressão destes movimentos sobre o capital financeiro e empresas multinacionais tem entravado o desenvol- vimento do capitalismo, contribuindo, assim, para suas crises periódicas. 07.08. Analise o texto: Com vestidos de noivas e ternos, três casais gays [...] se apresentaram nesta quarta-feira no cartório de registro civil de Montevidéu para uma simulação de casamento, no lançamento de uma campanha em favor do casamento homossexual. (Folha de São Paulo, 19 maio 2010, Caderno Mundo. Disponível em: <http:// www1.folha.uol.com.br/fsp>. Acesso em: 19 maio 2010.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre os novos movimentos sociais, considere as afirmativas a seguir I. Desde a segunda metade do século XX, o Ocidente vi- vencia a explosão de variados movimentos sociais cujo eixo são as políticas identitárias. II. Movimentos sociais são expressão de demandas do co- tidiano que se transformam em reivindicações coletivas para a ampliação dos direitos de cidadania. III. O que diferencia o movimento gay em relação ao antigo movimento operário é a negação da instância política enquanto elemento mediador da ação reivindicativa. IV. Dentre as condições para a existência de movimentos sociais está o respeito aos valores morais tradicionais, como a aceitação da união heterossexual e a negação da homossexual. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 07.09. O surgimento de novos sujeitos ou atores sociais no contexto da sociedade brasileira moderna imprimiram novas faces aos movimentos sociais e a identidade de gru- pos, tais como a identidade étnica entre grupos indígenas, a identidade racial entre afrodescendentes, a identidade de gênero dos movimentos feministas, a identidade de orien- tação sexual, entre outros. Embora diferentes entre si, esses novos movimentos sociais como um todo se diferenciam dos tradicionais movimentos trabalhistas e sindicais. Com base nessas informações, os movimentos tradicionais e os novos movimentos sociais diferenciam-se,porque a) os novos movimentos sociais querem, para além dos tradi- cionais, a ampliação da cidadania com base na supressão das desiguladades econômicas. b) ao contrário dos movimentos trabalhistas e sindicais, os novos movimentos sociais são pluriclassicistas e supra- partidários. c) os novos movimentos sociais, ao contrário dos tradicio- nais, estão associados à luta pela melhoria da qualidade de vida e pela democratização da sociedade. d) ao contrário dos novos movimentos sociais, os movimen- tos trabalhistas e sindicais lutam pelo fim da opressão simbólica. 07.10. (UFGD – MS) – “A história social ensina que não existe política social sem um movimento social capaz de impô- -la, e que não é o mercado, como se tenta conven- cer hoje em dia, mas sim o movimento social que ‘civilizou’ a economia de mercado, contribuindo ao mesmo tempo para sua eficiência”. BOURDIEU, Pierre. Contrafogos 2: por um movimento social europeu. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. p. 19. Em diferentes momentos históricos, seja no Brasil ou em outros países do mundo, existiram diversos e distintos movimentos sociais no campo e na cidade. Considerando a dinâmica dos movimentos sociais e a citação de texto, do autor Pierre Bourdieu, extraída do seu livro “Contrafogos 2: por um movimento social europeu”, considera-se que: a) Os movimentos sociais, homogêneos por essência, são fundamentais para as transformações políticas. b) Os movimentos sociais se caracterizam como grupos sociopolíticos relevantes para inovações e transformações sociais. c) Os movimentos sociais são institucionalizados e tem buscado se aproximar do Estado para transformações profundas na sociedade. d) A história da humanidade tem evidenciado que os mo- vimentos sociais têm desenvolvido pouca participação na vida política e cultural dos países. A participação dos movimentos sociais tem sido, sobremaneira, nas formas de organização social. e) Os movimentos do campo são mais significativos do que os movimentos sociais da cidade, haja vista que existe uma tradição milenar dos camponeses rebeldes, a citar o “Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra”. 66 Extensivo Semiextensivo Aprofundamento 07.11. (UPE – PE) – Observe a imagem a seguir: Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2015-01-05/2015-tera- acirramento-...>. Acesso em: Junho 2015. O fenômeno nela apresentado é definido como uma a) ação de partidos políticos que possuem o objetivo de mudar uma determinada situação em um país ou região. b) determinação social de grupos minoritários que reivin- dicam melhores situações para determinados indivíduos desprotegidos culturalmente. c) solução definitiva e tranquila de conflitos e desigualdades sociais impostas pelos grupos menos favorecidos aos grupos sociais considerados elitizados. d) ação coletiva com base em uma determinada visão de mundo, objetivando a mudança ou a manutenção das relações sociais numa dada sociedade.e) norma de comportamento determinada pela sociedade para controlar manifestações individuais ou grupais que contrariem os interesses do poder político do país. 07.12. (UDESC) – Visualize com atenção a imagem do char- gista Latuff, e analise as proposições. Disponível em: <http://acertodecontas.blog.br/artigos/as-milicias-privadas-e-os- seletivos-olhos-da-democracia/>. Acesso em: 16 mar. 2015. I. A igualdade de forças entre os dois personagens da imagem está bem demarcada pela enxada na mão da mulher e a arma de fogo apontada pelo jagunço. II. A presença da balança na mão do atirador representa de que lado a justiça pende diante dos confrontos entre latifundiários e movimentos sociais de luta pela terra. III. A presença feminina, na charge, faz jus à histórica participação das mulheres nos movimentos sociais de ocupação pela terra. IV. A justiça está representada com uma venda no olho, indicando sua imparcialidade diante dos problemas de disputas de terra no Brasil; ela atua sempre do lado da legalidade, nesse caso, a favor da concentração de riqueza e de propriedade nas mãos de uns poucos. V. O chapéu representando o latifúndio simboliza os mo- vimentos sociais que incluíram a questão da terra como pauta de luta. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. b) Todas as afirmativas são verdadeiras. c) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras. d) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras. e) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras. 07.13. (UEL – PR) – A expressão “ o fim da linha” é uma metáfora utilizada para interpretações como aquelas que defendem que a sociedade atual encontra-se no “fim da história”, tese popularizada por Francis Fukuyama, ou diante do “fim das utopias”, formulada por autores como Anthony Giddens e Zigmunt Baumann. Este debate teórico e social coloca no centro da reflexão temas como modernidade, mudanças e movimentos sociais. Sobre o contexto sociopolítico e os fundamentos presentes nesse debate, assinale a alternativa correta. a) Os protestos coletivos urbanos, a partir dos anos 1990, quando ocorrem, demonstram ser uma ferramenta polí- tica empregada primordialmente pelos indivíduos mais pobres e menos escolarizadas. b) Os novos movimentos sociais têm apresentado como grandes traços a heterogeneidade dos atores envolvidos, a valorização das adesões individuais e as alianças pontuais independentes do pertencimento de classe. c) O liberalismo econômico é o referencial teórico dos movi- mentos contra a globalização, revelando a descrença geral com os grandes projetos inspirados nos ideais socialistas e o fim das grandes narrativas. d) Para teóricos do “fim da linha” ou do “fim da história”, a pós-modernidade está marcada pela ausência de pers- pectivas para superar a cristalização de valores, práticas e projetos sociais defendidos na época da modernidade. e) O “fim da linha” é o reconhecimento de que os valores criados pela modernidade foram cumpridos, res- tando às novas gerações, garanti-los sem alterações significativas. 07.14. (UEM – PR) – Sobre o tema Movimentos Sociais e Participação Política, assinale o que for correto. 01) Os movimentos sociais exercem papel importante na tarefa de exigir do Estado o reconhecimento de direitos de grupos minoritários e a redistribuição de recursos econômicos que minimizem as injustiças sociais. Aula 7 67Sociologia 02) Movimentos sociais e partidos políticos têm a mesma tarefa na ordem democrática. Ambos disputam o po- der e o controle do Estado. 04) Os movimentos sociais, por mais distintas que sejam as suas reivindicações, utilizam todos um mesmo repertó- rio, ou seja, as mesmas práticas de ação. 08) Mobilizações com ajuda da internet são formas de ati- vismo que escapam das formas legítimas de participa- ção reconhecidas nas sociedades democráticas. 16) O voto constitui o único instrumento legítimo de parti- cipação política nas democracias representativas. 07.15. (UEM – PR) – “Na atualidade, os principais movimentos sociais atuam por meio de redes sociais, locais, regionais, nacionais e internacionais ou transna- cionais, e utilizam-se muito dos novos meios de comunicação e informação, como a internet.” GOHN, M. G. Movimentos sociais na contemporaneidade, In Revista Brasileira de Educação. v.16, n.47, 2011, p. 335-6. Considerando o trecho citado e o tema dos movimentos sociais, assinale o que for correto. 01) Movimentos sociais são ações coletivas de caráter so- ciopolítico que não precisam se sustentar em organiza- ções formalmente instituídas, como partidos políticos ou sindicatos. 02) Com o facebook, as antigas práticas adotadas pelos movimentos sociais durante o século XX foram aban- donadas e novas formas de organização coletiva toma- ram o seu lugar. 04) Ciberativismo é uma prática utilizada por diversos mo- vimentos sociais da atualidade para gerar novos pro- cessos de mobilização social e de identificação coletiva. 08) A principal função dos movimentos sociais é agregar diferentes pessoas que estão insatisfeitas com o gover- no e pretendem criticá-lo por meio das redes sociais. 16) Movimentos sociais têm o potencial de catalisar inte- resses distintos de grupos ou de classes, por vezes an- tagônicas, em favor de uma agenda política comum 07.16. (UEM – PR) – Sobre as mudanças sofridas pelo Estado brasileiro, os padrões que marcaram sua relação com a sociedade civil e as interpretações produzidas sobre essa temática, assinale o que for correto. 01) A passagem do Império para a República implicou for- tes transformações na organização do poder político. Conforme exigências da nova ordem, a denominada Primeira República dissolveu o fenômeno da apropria- ção privada do Estado pelas oligarquias. 02) O conceito de “modernização conservadora” é aplicado para designar o grande controle que o Estado exerceu so- bre os processos de mudança ocorridos no Brasil, como, por exemplo, aqueles relacionados à industrialização. 04) A ascensão de Getúlio Vargas ao poder promoveu, pela primeira vez no Brasil, a inclusão, de forma autônoma, da classe trabalhadora nos centros decisórios de políticas. Por isso, esse estadista foi denominado “o pai dos pobres”. 08) O patrimonialismo atribuído ao Estado brasileiro por vários teóricos corresponde, entre outros fatores, às rela- ções de lealdade que se estabeleceram entre os deten- tores do poder e determinados grupos de elite. Como re- sultado, dificultou-se a consolidação de uma burocracia moderna para gerir a máquina pública do país. 16) No Brasil, o poder executivo concentrou, historica- mente, as maiores parcelas de poder político. Ao lado de outros elementos, esse fato explica a fragilidade do sistema partidário brasileiro em cumprir sua função de permitir a expressão e de garantir os direitos dos dife- rentes grupos existentes em nossa sociedade. 07.17. (UEM – PR) – Considerando a dinâmica dos movi- mentos sociais, assinale o que for correto. 01) Os movimentos sociais visam ao confronto político e estabelecem ora uma relação de oposição, ora uma re- lação de parceria com o Estado. 02) Os movimentos sociais que combatem a homofobia procuram disseminar visões de mundo que aumentam os preconceitos e as discriminações contra os homos- sexuais. 04) Os movimentos sociais não precisam de um princípio norteador para se estruturar ou para garantir que eles atuem como uma forma de organização coletiva. 08) As greves trabalhistas, os movimentos por melhores condições de vida na cidade e no campo, os movi- mentos étnicos, feministas, ambientais e estudantis são exemplos de movimentos sociais. 16) As ações dos movimentos sociais têm o poder de re- verter ou de determinar políticas públicas de desenvol- vimento econômico, social, educacional e trabalhista. 07.18. (UEM – PR) – Sobre os novos movimentos sociais que eclodiram na segunda metade do século XX, assinale o que for correto. 01) As alteraçõesna estrutura social que conduziram à crescente presença das mulheres na vida econômica, política e cultural, contribuíram para o surgimento do movimento feminista que defende, dentre outras cau- sas, o direito à isonomia. 02) O ambientalismo se caracteriza como um novo movi- mento social ao questionar o modelo de desenvolvi- mento autodestrutivo do capitalismo em sua fase mo- nopolista avançada. 04) Uma das novidades apresentadas pelos novos movi- mentos sociais foi a denúncia das contradições da so- ciedade capitalista em diferentes padrões de relações e não apenas na dimensão produtiva. 08) Apesar de serem organizados por grupos bastante di- versos, os novos movimentos sociais se orientam pelo mesmo dogmatismo revolucionário característico do movimento operário tradicional. 16) Os movimentos ecológico e pacifista estendiam suas críticas também ao bloco de países do chamado socia- lismo real. 68 Extensivo Semiextensivo68 Desafio 07.19. (UFPR) – Para muitos autores, a década de 1980 foi muito importante para a pluralização e fortalecimento dos mo- vimentos sociais em nosso país. Agora surgem novas formas de participação e mobilização social. Comente o papel dos movimentos sociais no Brasil dos anos 80 e compare-os às novas formas de participação política do século XXI. 07.20. (UFJF – MG) – Os movimentos sociais têm uma longa história, marcada por continuidades e transformações em rela- ção à forma e ao conteúdo das suas demandas. Recentemente, novas modalidades de mobilização surgiram com as novas tecnologias de comunicação e informação, responsáveis por alterar o modo como indivíduos e grupos sociais se expressam no mundo. Considerando a ilustração a seguir, disserte sobre as continuidades e descontinuidades dos movimentos sociais ao longo das últimas décadas, tratando de seu conceito, de sua história e de suas transformações. 07.01. a 07.02. c 07.03. b 07.04. e 07.05. b 07.06. c 07.07. c 07.08. a 07.09. b 07.10. b 07.11. d 07.12. a 07.13. b 07.14. 01 07.15. 21 (01 + 04 + 16) 07.16. 26 (02 + 08 + 16) 07.17. 25 (01 + 08 + 16) 07.18. 23 (01 + 02 + 04 + 16) 07.19. Os movimentos sociais da década de 1980, no Brasil, estavam relacionados ao fim da ditadura e à luta pela democracia e carregavam consigo uma forte cono- tação de classe. Já as novas formas de participação política do século XXI carre- gam uma crítica ao modelo capitalista e desenvolvimentista internacional, estão relacionados a demandas por direitos sociais e se apropriam da internet e das redes sociais como uma das suas princi- pais formas de ampliação e divulgação. Podemos citar como movimentos con- temporâneos a Primavera Árabe, a mo- bilização do movimento estudantil no Brasil, os protestos contra a corrupção, etc. 07.20. O aluno poderá discorrer sobre os prin- cipais elementos que caracterizam os movimentos sociais no Brasil ao longo da história e apontar para a influência da internet na organização dos novos movimentos sociais. Gabarito 69Sociologia Movimentos sociais e cidadania no Brasil Aula 8 Sociologia O que é Cidadania? O conceito de cidadania con- forme entendemos nos dias de hoje começou a ser construído na Inglaterra em fins do século XVII, continuou ao longo do século XVIII (Revolução Americana e Revolução Francesa) avançou lentamente no século XIX, ganhou ímpeto ao lon- go do século XX – apesar de alguns retrocessos – e continua o seu pro- cesso de construção na atualidade. Tradicionalmente desdobrou- -se a cidadania em direitos civis, políticos e sociais. O direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igual- dade perante a lei são direitos civis essenciais. Já os direitos políticos consistem em poder votar e ser votado, a livre organização político- -partidária e uma participação efetiva nas decisões de governo. Fi- nalmente temos os direitos sociais que consistem na participação da riqueza coletiva, incluindo o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à aposentadoria. Nos últimos anos tem-se aventado no- vas possibilidades para o exercício da cidadania, como, por exemplo, a cidadania ambiental. Nas últimas décadas, o Estado- -Nação tem se enfraquecido, o que tem gerado a diminuição do poder do Estado em implementar políti- cas públicas que assegurem a todos os brasileiros o exercício de seus direitos. Diante desse contexto his- tórico a atuação do “terceiro setor” (entidade com origens e finalidades diversas) tem ganhado força. Terceiro setor: Conjunto de atividade espontâneas, não governamentais e não lucrativas, de interesse público, realizadas em benefício geral da so- ciedade e que se desenvolvem independentemente dos demais setores (Estado e mercado), embora deles possa, ou deva, receber colaboração. “O terceiro setor incorpora atividade que envolvem diferentes atores: os governantes, que contam com o apoio da “sociedade civil organi- zada” para a implementação de projetos de alcance local (parcerias); as ONGs, que competem com instituições públicas ou privadas por contratos governamentais para a realização de pesquisa e coordena- ção e implementação de projetos; as agências internacionais (como a Organização de Saúde Panamericana e a Organização Mundial de Saú- de) que apoiam políticas públicas sob a condição de que determinadas ONGs tomem parte em sua implementação; as campanhas, capazes de mobilizar diversos segmentos da sociedade em relação a temas va- riados (são exemplos a “Viva Rio”, no Rio de janeiro, contra a violência urbana, e “Ação da Cidadania Contra a Miséria e pela Vida”; as grandes corporações nacionais e multinacionais, que podem adotar políticas de investimentos sociais , visando melhorar a imagem pública das empre- sas; as grandes agências financiadoras norte-americanas , como a Ford, a Kellog e Synergos, incentivadoras da filantropia na América Latina.” Rubens Naves in História da Cidadania. Movimentos sociais Realidade agrária brasileira A questão agrária – conjunto de problemas do desenvolvimento do capitalismo no campo – está diretamente relacionada às transformações nas relações de produção, ou seja, como produzir. Também envolve a maneira pela qual se organizam o trabalho e a produção, o nível de renda e emprego dos trabalhadores rurais e a produtividade das pessoas que vivem nas áreas rurais. A questão agrária no Brasil apresenta várias dimensões: a concentração de terras; a expulsão de mão de obra; problemas sociais; conflitos sociais e agrários.; camponeses sem terra. Os problemas do campo ainda estão presentes na vida de quem habita as áreas rurais, como pequenos proprietários, trabalhadores assalariados e boias-frias, relacionando-se, de forma geral, com todos os que não têm acesso à propriedade da terra. Entre esses problemas estão a pobreza e o desemprego causados por diversos fatores e que, muitas vezes, levam a constantes migrações para a cidade, num fenômeno conhecido como êxodo rural. A distribuição de terras no Brasil está concentrada e altos níveis de desigualdade ainda perduram. A situação não tem melhorado segundo pesquisa da organização britânica Oxfam. “Quase metade da área rural brasileira pertence a 1% das propriedades do país, de acordo com o estudo inédito Terrenos da desigualdade: terra, agricultura e desigualdades no Brasil rural divul- gado pela organização não governamental (ONG) britânica Oxfam. Os estabelecimentos rurais a partir de mil hectares (0,91%) concentram 45% de toda a área de produção agrícola, de gado e plantação florestal. Por outro lado, estabelecimentos com menos de 10 hectares representam cerca de 47% do total das propriedades do país, mas ocupam menos de 2,3% da área rural total. Esses pequenos produtores pro- duzem mais de 70% dos alimentos que chegam à mesa do brasileiro, já que as grandes monoculturas exportam a maior parte da produção. O estudo mostra a cidade de Correntina, na Bahia, como exemplo emblemático dessa realida- de, onde os latifúndios ocupam 75,35%da área total dos estabelecimentos agropecuários. Nessa cidade, a pobreza atinge 45% da população ru- ral e 31,8% da população geral. Os municípios com maior concentração de terra apresentam os menores índices de Desenvolvimento Humano e aqueles com a menor concentração tinham os melhores indicadores sociais. A diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, explicou que a con- centração de terra gera desigualdade em todos os setores vinculados à produção da terra. “Quanto maior a concentração de terra, maior a concentração de investimento, de maquinário, que vai se expandindo para diferentes setores. A modernização da agricultura não demonstrou melhora na condição de vida da população”, co- mentou Katia. “Números preliminares mostram que os municípios com maior concentração têm nível maior de pobreza”. As grandes propriedades rurais com mais de mil hectares concentram 43% do crédito rural, en- quanto para 80% dos menores estabelecimentos esse percentual varia entre 13% e 23%. A reforma agrária é fundamental para reverter o quadro, mas não basta, argumentou a diretora da ONG. “O governo pode assumir medidas e políticas no mundo rural para incentivar maior distribuição, especialmente na área de investimentos, apoio téc- nico e programas, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar e o Progra- ma Nacional de Alimentação Escolar”, acrescentou. Extensivo Semiextensivo A concentração de terra também contribui para a incidência de trabalho escravo, alerta o estudo. De 2003 a 2013, 82% das autuações do Ministério do Trabalho e Emprego por trabalho análogo ao de escravo ocorreram no oeste da Bahia, com grande concentração de terra. Somente em Correntina, 249 trabalhadores foram encontrados nessas condições. O estudo agrupou os municípios de acordo com a relevância agropecuária: 1% com maior concentração de terras, os 19% seguintes e os 80% restantes, com base no último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2006, e o IBGE Cidades, de 2010. Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) indicam que 729 pessoas físicas e jurídicas se declaram proprietárias de imóveis rurais com dívidas à União de mais de R$ 50 milhões cada, aproximadamente R$ 200 bilhões. Esse grupo, segundo a pesquisa, tem propriedades de área suficiente para assentar quase 215 mil famílias, quase duas vezes o número de famílias que estão acampadas hoje no Brasil esperando por reforma agrária. (EBC- Agência Brasil)” Movimento dos trabalhadores rurais sem terra O MST tem origem nas reivindicações por terra na Região Sul do Brasil na passagem da década de 1970 a 1980. Formalmente, o MST foi criado no Primeiro Encon- tro Nacional de Trabalhadores sem Terra, realizado de 21 a 24 de janeiro de 1984, em Cascavel (PR), que tinha como objetivo básico a luta pela terra, pela reforma agrária e por uma sociedade mais igualitária e justa. Algumas características distinguem essa organiza- ção dos demais movimentos sociais rurais: • a forma mais radical de luta que envolve ocupações de áreas consideradas improdutivas e passíveis de desapropriação; • as dimensões de atuação que incluem outros aspectos, como educação, saúde, cultura, enfim, direitos humanos de todas as ordens. Em muitos casos, os integrantes participam de ações de outros movimentos como apoiadores; • organização como uma empresa social focada não só no problema imediato de acesso à terra, mas no suporte das famílias militantes durante os processos de ocupação e na continuidade do auxílio após o assentamento; • a universalização da luta por meio do tema “Reforma agrária: uma luta de todos”, que busca agregar toda a sociedade. 70 Aula 8 71Sociologia “O MST é considerado polêmico, principalmen- te no que se refere a uma das formas de luta: a ocupação de fazendas avaliadas como improdu- tivas para forçar a desapropriação. Ocupação ou invasão Militantes, participantes e simpatizantes denominam de ocupação, ao passo que proprie- tários rurais e oponentes ao movimento chamam de invasão, incluindo aí a criminalização do ato. São dois pontos de vista de uma mesma questão.” (MOCELLIN, Renato; CAMARGO, Rosiane. História em debate. São Paulo: Editora do Brasil, 2016, vol. 1, p. 120). Movimento estudantil no Brasil Principalmente durante os primeiros anos da ditadura militar (1964-1985), o movimento estudantil foi um foco de resistência ao regime. Os universitários atuavam por meio de organizações estudantis, sendo as principais a União Na- cional dos Estudantes (UNE), as UEEs (Uniões Estaduais de Estudantes) e os DCEs (Diretórios Centrais de Estudantes). O principal objetivo do movimento era o fim da ditatura militar e a maior parte dos grupos organizados tinha ligações partidárias, compartilhava de ideais marxistas e via a revolução armada como único meio de retomada do poder. O movimento mobilizou um grande contingente de jovens universitários que, através de reivindicações e protestos por maior liberdade política e pelo fim da ditadura, ameaçavam o regime. O AI-5 (Ato Institucional Número Cinco, emitido pelo Presidente Costa e Silva em 1968) foi o quinto do total de 17 grandes decretos impostos pelos militares e o mais repressivo, possibili- tando ao governo federal a dissolução do congresso e das assembleias legislativas, a intervenção em estados e municípios e a suspensão de todas as garantias constitucionais. Para garantir a repressão do movimento estudantil, houve a institucionalização da tortura – líde- res estudantis foram presos e torturados. Muitos foram assassinados e/ou vítimas de “desaparecimento forçado”. Por meio da repressão pelas prisões, torturas e desa- parecimentos, o movimento estudantil foi desarticulado e manteve-se praticamente inativo durante o auge da ditadura militar, de 1969-1973. Com o lento processo de redemocratização que se iniciou quando Ernesto Geisel assumiu o poder, em 1974, o movimento retomou força e foi determinante na organização dos grandes protestos e manifestações que se iniciaram em 1977 e culminaram com o Movimento pelas Diretas Já. Após o fim da ditadura militar, o movimento estudantil perdeu força. Movimento pelas Diretas Já Já na década de 70 o regime militar apresentava si- nais de desgaste. Em 1979, o Presidente João Figueiredo assinou a Lei da Anistia, que anistiou presos políticos e possibilitou o retorno de exilados, ao mesmo tempo em que também “anistiou” os envolvidos nas torturas e assassinatos ocorridos durante o regime militar, impe- dindo a sua persecução criminal. O AI-5 foi revogado pelo Congresso Nacional também em 1979, e novas mobilizações começaram a surgir; os sindicatos e o mo- vimento estudantil se reorganizaram. Em 1980, foram restabelecidas as eleições diretas para governador. Nesse contexto, surgiu a campanha pelas “Diretas Já”, que foi um movimento popular, de cunho político, inicia- do em maio de 1983 e findo em 1984, que objetivava a volta de eleições diretas para o cargo de presidente do Brasil. A ideia partiu do senador Teotônio Vilela, ex-defensor do regime militar e senador pela Arena, que havia migra- do para o partido de oposição, o MDB (depois PMDB), passando a assumir a luta pelos direitos dos perseguidos políticos. Em janeiro de 1983, o deputado mato-grossen- se Dante de Oliveira, do PMDB, apresentou ao Congresso Nacional a emenda propondo o restabelecimento de eleições diretas para a Presidência da República. © Ac er vo Ic on og ra ph ia © Fo lh ap re ss /R en at o do s A nj os 72 Extensivo Semiextensivo Nas ruas, o movimento mobilizou milhões de pessoas em comícios e passeatas, tornando-se uma das maiores manifestações populares já ocorridas no Brasil. Participaram partidos políticos, artistas, intelectuais e representantes de diversos setores da sociedade. Apesar de todo o apelo popular, a proposta não foi aprovada pela Câmara dos Deputados. As tãodesejadas eleições diretas para a presidência da República ocorreram somente em 1989, com a vitória da chamada Aliança Democrática que lançou a candi- datura de Tancredo Neves. Um novo movimento teve o apoio estudantil em 1992, o Movimento dos Caras-Pintadas, com características marcadamente distintas do movimento anterior, prin- cipalmente pela heterogeneidade de posicionamentos políticos que convergiam apenas na vontade de depor Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito pelo povo desde o início dos governos militares. Manifestações de 2013 Essas manifestações devem ser entendidas sob um prisma diverso das anteriores. Instrumentalizadas pelas novas mídias (redes sociais, como o Facebook), caracte- rizaram-se por serem apartidárias, ou, antes, por não ser possível identificar uma homogeneidade partidária ou de interesses e objetivos. Os primeiros protestos tiveram início no primeiro semestre de 2013, a partir de manifestações que reivin- dicavam a redução no preço de tarifas do transporte pú- blico em São Paulo, pelo Movimento Passe Livre (MPL). Novas reivindicações foram surgindo e se espalhando pelo país, organizadas por setores distintos da sociedade e, embora pontualmente alguns problemas específicos e algumas lideranças possam haver sido identificadas, no todo o movimento careceu de liderança unificada ou coesão de objetivos. Em suma, protestou-se contra tudo – da saúde, segurança, transporte, educação, corrupção estatal – mas o descontentamento e a onda de violência gerada não foram conducentes a uma reavaliação políti- ca e social que pudesse de fato gerar mudanças. Testes Assimilação 08.01. Por qual nome ficou conhecida a proposta legislativa de alteração constitucional cujo objetivo era realizar eleições diretas para a presidência da República? a) Emenda Tancredo Neves b) Lei Ulisses Guimarães c) Emenda Dante de Oliveira d) Emenda Paulo Maluf e) Lei Antônio Carlos Magalhães 08.02. A sociedade em rede ou sociedade da informação introduziu nas Ciências Sociais a noção de Ciberespaço como um locus virtual criado pela conjunção de diferentes tecnologias de telecomunicação e telemática, ou seja, como um espaço criado pelas comunicações mediadas por compu- tador, cujo principal veículo contemporâneo é, sem dúvida, a internet. Sua consequência mais imediata foi a criação de novas redes de sociabilidade e, por isso, o ciberespaço tem, como característica essencial ser: a) um continuo homogêneo e democrático, cuja participa- ção, além de aberta a todos, implica uma linguagem e uma prática de sociabilidade comum. b) um espaço que cria uma cultura global comum por su- primir as distâncias geográficas e as diferenças culturais. c) um espaço heterogêneo e fragmentado em diferentes espaços simbólicos. d) um espaço simétrico de relações sociais, culturais e polí- ticas entre sujeitos virtuais. 08.03. Se há alguns anos bastava ao indivíduo fornecer o endereço e telefone no currículo para se candidatar a uma vaga de trabalho, hoje a realidade é outra. Um profissional hoje deve disponibilizar outras formas de contato como celular, e-mail, página pessoal, redes sociais (Facebook, Orkut, Myspace, Twitter, etc.) e saber utilizar outras ferramentas de comunicação, como blogs. Essa nova realidade gerou novas formas de sociabilidade na sociedade. A sociabilidade: a) entre grupos no ciber-espaço é caracterizada pelo sentimento de associação e prazer entre aqueles que deles participam. Este sentimento é efetivado no mundo real. b) virtual promovida dentro das redes sociais, tem a propen- são de gerar grupos homogêneos e efêmeros, por meio da seleção de perfis e sua categorização. © Fu tu ra P re ss /M on ic a Al ve s Aula 8 73Sociologia c) dos usuários das redes sociais começam a utilizar o siste- ma interessados em um assunto específico, mas com o tempo de utilização, a sociabilidade gera um conjunto de estratégias que articulam diversos assuntos para sustentar a interação. Nesse momento, percebe-se o que importa é estar interconectado com discussões relevantes. d) virtual gera interesses na aproximação com outras pessoas e, assim, o prazer de estar cara a cara ocorre durante os encontros reais desses grupos virtuais. 08.04. (ENEM) – Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 17 abr. 2010 (adaptado). O movimento representado na imagem, do início dos anos de 1990, arrebatou milhares de jovens no Brasil. Nesse con- texto, a juventude, movida por um forte sentimento cívico, a) aliou-se aos partidos de oposição e organizou a campanha Diretas Já. b) manifestou-se contra a corrupção e pressionou pela aprovação da Lei da Ficha Limpa. c) engajou-se nos protestos relâmpago e utilizou a internet para agendar suas manifestações. d) espelhou-se no movimento estudantil de 1968 e prota- gonizou ações revolucionárias armadas. e) tornou-se porta-voz da sociedade e influenciou no pro- cesso de impeachment do então presidente Collor. Aperfeiçoamento 08.05. (UNESP – SP) – A campanha pelo restabelecimento das eleições diretas para presidente da República do Brasil, em 1984, intitulada “Diretas Já!”, a) tentava garantir que o primeiro presidente pós-regime militar fosse escolhido, em 1985, pelo Colégio Eleitoral. b) defendia a continuidade dos militares no poder, desde que fossem escolhidos pelo voto direto dos brasileiros. c) foi a primeira mobilização pública de membros da socie- dade civil brasileira desde o golpe militar de 1964. d) reuniu diferentes partidos políticos em torno da aprova- ção de emenda constitucional que reintroduzia o voto direto para presidente. e) teve sucesso, pois contou com apoio oficial da Igreja Católica, dos sindicatos, das forças armadas e do partido situacionista. 08.06. (UPE – PE) – No mês de junho de 2013, várias pessoas saíram às ruas para protestar contra a política brasileira. Nos refrães cantados nas passeatas e nos cartazes, que desfilavam nas mãos dos manifestantes, encontravam-se diferentes assuntos que fazem parte do cotidiano da população brasileira. Essas manifestações mostram o tratamento desigual que os políticos dão às diversas classes sociais do país. Sobre isso, que tema NÃO corresponde às reivindicações desses movimentos? a) Combate ao aumento da inflação. b) Tragédias naturais e escândalos nos estados governados apenas por políticos do partido da presidência. c) Gastos excessivos na construção dos estádios de futebol para a Copa do Mundo de 2014. d) Punição dos políticos que desviam dinheiro público em benefício próprio. e) Aumento das tarifas dos transportes públicos. 08.07. (ENEM) – Para além de objetivos específicos, muitos movimentos sociais interferem no contexto sociopolítico e ultrapassam dimensões imediatas, como foi o caso das mobilizações operárias, ocorridas em 1979 na cidade de São Paulo. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que lutavam por seus direitos, essas mobilizações contribuíram com o(a) a) elaboração de novas políticas que garantiram a estabili- dade econômica do país. b) instalação de empresas multinacionais no Brasil. c) legalização dos sindicatos no Brasil. d) surgimento das políticas governamentais assistencialistas. e) processo de redemocratização do Brasil. 74 Extensivo Semiextensivo 08.08. (ENEM) – TEXTO l Olhamos o homem alheio às atividades públicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um inútil; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por nós mesmos na crença de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação. TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado). TEXTO II Um cidadão integral pode ser definido por nada mais nada menos que pelo direito de administrar justiça e exercer funções públicas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que não podem de formaalguma ser exercidas duas vezes pela mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois de certos intervalos de tempo prefixados. ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985. Comparando os textos l e II, tanto para Tucídides (no século V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.), a cidadania era definida pelo(a) a) prestígio social. b) acúmulo de riqueza. c) participação política. d) local de nascimento. e) grupo de parentesco. 08.09. (UFRGS) – Em 25 de abril de 1984, a Emenda Constitucional das “Diretas Já!”, relativa à eleição direta para presidente e vice-presidente da República, foi: a) aprovada pela Câmara dos Deputados, obrigando o governo Figueiredo a controlar os grupos militares de extrema direita. b) rejeitada pela Câmara dos Deputados, levando à posterior formação da Aliança Democrática e à candidatura de Tancredo Neves. c) aprovada pela Câmara dos Deputados, permitindo ao governo o estabelecimento de medidas de emergência nos estados. d) rejeitada pela Câmara dos Deputados, propiciando forte reação da classe trabalhadora, que se decidiu pela forma- ção do Partido dos Trabalhadores. e) aprovada pela Câmara dos Deputados, articulando-se a anistia geral e a extinção do bipartidarismo. 08.10. (UNICAMP – SP) – O movimento pelas Diretas Já provocou uma das maiores mobilizações populares na história recente do Brasil, tendo contado com a cobertura nos principais jornais do país. Assinale a alternativa correta. a) O movimento pelas Diretas Já, baseado na emenda constitucional proposta pelo deputado Dante de Oliveira, exigia a antecipação das eleições gerais para deputados, senadores, governadores e prefeitos. b) O fato de que os protestos populares pelas Diretas Já pudessem ser veiculados nas páginas dos jornais indica que o governo vigente, ao evitar censurar a imprensa, mostrava-se favorável às eleições diretas para presidente. c) O movimento pelas Diretas Já exigia que as eleições presidenciais de 1985 ocorressem não de forma indireta, via Colégio Eleitoral, mas de forma direta por meio do voto popular. d) As manifestações populares pelas Diretas Já consistiram nas primeiras marchas e protestos civis no espaço público desde a instituição do AI-5, em dezembro de 1968. Aprofundamento 08.11. (ENEM) – TEXTO I A ação democrática consiste em todos toma- rem parte do processo decisório sobre aquilo que terá consequência na vida de toda coleti- vidade. GALLO, S. et al. Ética e Cidadania. Caminhos da Filosofia. Campinas: Papirus, 1997 (adaptado). TEXTO II É necessário que haja liberdade de expressão, fiscalização sobre órgãos governamentais e acesso por parte da população às informações trazidas a público pela imprensa. Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 24 abr. 2010. Partindo da perspectiva de democracia apresentada no Texto I, os meios de comunicação, de acordo com o Texto II, assumem um papel relevante na sociedade por a) orientarem os cidadãos na compra dos bens necessários à sua sobrevivência e bem-estar. b) fornecerem informações que fomentam o debate político na esfera pública. c) apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos. d) propiciarem o entretenimento, aspecto relevante para conscientização política. e) promoverem a unidade cultural, por meio das transmis- sões esportivas. Aula 8 75Sociologia 08.12. (ENEM) – TEXTO I O que vemos no país é uma espécie de espraia- mento e a manifestação da agressividade através da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos os redu- tos – seja nas áreas abandonadas pelo poder públi- co, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a fragilida- de do exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes. Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099; 3 fev. 2010. TEXTO II Nenhuma sociedade pode sobreviver sem cana- lizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o argumento do Texto I acer- ca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa a a) incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de controle policial. b) manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos admi- nistrativos. c) inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades brasileiras. d) dificuldade histórica da sociedade brasileira em insti- tucionalizar formas de controle social compatíveis com valores democráticos. e) incapacidade das instituições político-legislativas em formular mecanismos de controle social específicos à realidade social brasileira. 08.13. (UFF – RJ) – Aristóteles considerava que era melhor para a sociedade a soberania política ser entregue ao povo, como ocorre na democracia, do que a alguns homens no- táveis, como na oligarquia ou aristocracia. Ele argumentava que, mesmo que um indivíduo isoladamente não fosse muito competente no ato de julgar, quando unido a outros cidadãos julga melhor, porque a união reúne as qualidades de cada um. A vantagem da democracia, segundo o ponto de vista de Aristóteles, seria a de a) Combinar as qualidades de muitos e neutralizar seus defeitos. b) Garantir que os defeitos do povo sejam corrigidos pela elite. c) Proporcionar à maioria as vantagens da corrupção. d) Permitir que os grandes homens falem em nome de todos. e) Promover o anonimato das opiniões e decisões. 08.14. (PUC – SP) – No Brasil, é bastante conhecida a expres- são popular que reivindica “Direitos Humanos para Humanos Direitos”. O país foi signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela resolução n. 217 da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, que, em seu artigo segundo, aponta que “toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição”. Nesse sentido, entre o dito popular e o estabelecido pela resolução da ONU, existe a) discrepância, já que a Assembleia Geral da ONU não possui prerrogativas para legislar em território brasileiro. b) consonância, já que cidadãos que tenham sido condena- dos por cometer crimes não são assistidos pela Declaração Universal de Direitos Humanos. c) contradição, tendo em vista que, no Brasil, ao contrário do que sugere o dito popular, aqueles que cometem cri- mes hediondos deixam de ser assistidos pela Declaração Universal de Direitos Humanos. d) sintonia, já que ambas as proposições indicam garantias de inviolabilidade de Direitos Humanos aos cidadãos brasileiros em qualquer circunstância. e) discordância, já que ao contrário do dito popular, o cida- dão não deixa de ser assistido pela Declaração Universal de Direitos Humanos em nenhuma hipótese. 08.15. (UFGD – MS) – “Numa palavra, ao invés de conceber políticas públicas de que todos seriam beneficiários inde- pendente da sua raça, cor ou sexo, o Estado passa a levar em conta esses fatores na implementação das suas decisões, não para prejudicar quem quer que seja, mas para evitar que a discriminação, que inegavelmente tem fundo histórico e cultural, e não raro se subtrai ao enquadramento nas cate- goriaisjurídicas clássicas, finde por perpetuar as iniquidades sociais”. GOMES, Joaquim B. Barbosa. Ação Afirmativa & Princípio Constitucional da Igualdade: o direito como instrumento de transformação social. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 39 76 Extensivo Semiextensivo O fragmento de texto citado, do pesquisador e jurista Joaquim B. Barbosa Gomes, reflete sobre a nova postura do Estado no entendimento e construção de políticas públicas afirmativas. Sobre as ações afirmativas, argumenta-se que: a) São políticas públicas que visam implementar efetivamen- te o acesso aos bens de produção a todos os cidadãos, de modo que as pessoas visem construir relações unilaterais no contexto político e social. b) Caracterizam-se em um conjunto de políticas públicas e privadas compulsórias, que objetivam minimizar as desigualdades sociais e promover o acesso aos bens de produção. Nesse sentido, as ações afirmativas rompem com a tradição paternalista do Estado e universaliza de modo permanente a promoção da igualdade. c) Essas políticas tiveram origem no direito brasileiro, sobre- tudo, a partir de meados da década de 1980, quando o país passava pelo processo de redemocratização. d) São políticas públicas e privadas de caráter compulsório, facultativo ou voluntário, implementadas com vistas ao combate à discriminação racial, de gênero, e de origem nacional, bem como objetivam promover igualdade de acesso a bens fundamentais como educação e emprego. e) Caracterizam-se em um conjunto de políticas que acirram ainda mais a tensão social, haja vista que, indiretamente, beneficia uma minoria de pessoas que se apoiam no Estado para conquistar seus interesses. 08.16. (UFGD – MS) – A charge, produzida pelo cartunista Nani, traz um diálogo entre pai e filho sobre a problemática social. No diálogo, ironicamente, o pai salienta ao seu filho que quando serem “muito ricos” vão poder gozar efetiva- mente os Direitos Humanos. Nessa direção, considerando a charge e a temática “Diretos Humanos”, argumenta-se que: Autor: Nani. Fonte: Charge disponível em - http://brainly.com.br/tare- fa/1724729. Acesso em: 08/out/2016. a) O conjunto normativo dos Direitos Humanos foi uma conquista significativa para humanidade, desde sua pro- mulgação em 1970. Mas, existem muitas limitações no que diz respeito a sua aplicabilidade nas relações sociais e trabalhistas. b) A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi promul- gada em 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas e representa uma conquista relevante para a humanidade. Contudo, ainda existem muitas violações face aos tratados internacionais de direitos humanos. c) Os Direitos Humanos fortaleceram significativamente os valores fundamentais da humanidade. Entretanto, alguns grupos, sobretudo, ligados ao crime fazem mau uso dos normativos dos tratados internacionais de direitos humanos. d) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, promul- gada em fevereiro de 1945, durante Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas não teve impacto positivo nos países asiáticos, haja vista que, os Estados asiáticos constantemente desrespeitam os tratados internacionais de direitos humanos. e) O conjunto de normativos dos Direitos Humanos é a conquista mais importante da humanidade. Ao ser promulgada, na década de 1930, a Declaração Universal dos Direitos Humanos evitou muito conflitos bélicos entre países. Contudo, existem muitas limitações em sua aplicabilidade. 08.17. (UFFS – SC) – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nasceu da premissa de que a luta pela terra tem de ser de massa. É um dos mais inovadores fenôme nos políticos da América Latina, à medida que busca enfrentar os problemas do campo, atacando as causas estruturais. Comparando com outros movimentos sociais, o MST apre- senta como característica própria: a) A luta permanente pela reforma agrária acima de qualquer luta política, visto que, para o Movimento, a conquista da terra pela ocupação representa uma vitória na luta pela vida digna. b) A luta pela revolução socialista, pois, para o MST, a ocu- pação é a forma de enfrentamento ao capital para criar as condições necessárias de se promover a revolução. c) A ocupação de terras preferencialmente produtivas, pois o sustento do Movimento ocorre pela ajuda daqueles que já foram beneficiados pela conquista de seu pedaço de terra. d) A produção de alimentos saudáveis – livres de agrotóxicos – pois, para o MST, a luta pela vida digna passa por uma alimentação saudável de todos assentados. e) Constrói, por trás das suas lutas características, um movimento propriamente político que alcança as raí- zes do sistema de poder, ao agrupar populações cujo conflito incide nos alicerces de um sistema – o direito da propriedade. Aula 8 77Sociologia 08.18. (UEPG – PR) – Sobre os movimentos sociais no Brasil, assinale o que for correto. 01) Os movimentos, na atualidade, atuam em negação ao Estado ou paralelamente a este, tendo as ONGs (Organizações Não Governamentais) como exemplo principal. 02) Revoltas como a de Canudos e a do Contestado são expressões de conflitos rurais que precedem os movimentos atuais de luta pela terra. 04) Os movimentos LGBT se articularam internacionalmente, com mais facilidade, a partir do surgimento da Internet, pois usam também as redes sociais para maior visibilidade. 08) É possível considerar a luta pela independência do Brasil e pela abolição da escravidão como exemplos dos movimentos sociais no período colonial. 08.19. (UFPR) – Para muitos autores, a década de 1980 foi muito importante para a pluralização e fortalecimento dos movimentos sociais em nosso país. Agora surgem novas formas de participação e mobilização social. Comente o papel dos movimentos sociais no Brasil dos anos 80 e compare-os às novas formas de participação política do século XXI. 08.20. (UFPR) – Os movimentos sociais são formas específicas de ação política que se manifestam através de mobilizações reivindicativas de melhoria das condições de vida e respeito aos direitos civis e de expressão de diferenças culturais. Descreva um movimento social brasileiro em atividade nos últimos dois anos, analisando as razões de seu surgimento. 08.01. c 08.02. c 08.03. b 08.04. e 08.05. d 08.06. b 08.07. e 08.08. c 08.09. b 08.10. c 08.11. b 08.12. d 08.13. a 08.14. e 08.15. d 08.16. b 08.17. e 08.18. 14 (02 + 04 + 08) 08.19. Os movimentos sociais da década de 1980, no Brasil, estavam relacio- nados ao fim da ditadura e à luta pela democracia e carregavam consi- go uma forte conotação de classe. Já as novas formas de participação política do século XXI carregam uma crítica ao modelo capitalista e de- senvolvimentista internacional, estão relacionados a demandas por di- reitos sociais e se apropriam da internet e das redes sociais como uma das suas principais formas de ampliação e divulgação. Podemos citar como movimentos contemporâneos a Primavera Árabe, o movimento estudantil na Espanha e a ocupação de Wall Street. 08.20. O aluno pode escolher um entre vários movimentos sociais mais famosos: o movimento ambientalista, o movimento negro, o movi- mento LGBT, o movimento feminista, entre outros. Podemos dizer que esses nascem da sociedade democrática e da consciência de grupos na defesa dos interesses das minorias e pelo direito à diver- sidade. No caso do movimento ambientalista, ele nasce a partir das pesquisas sobre os efeitos e limites do modelo extrativista de pro- dução e de uma consciência ecológica que ganhou força a partir da década de 1960. Gabarito 78 Extensivo Semiextensivo Sociologia Aula 9 Cultura e sociedade O termo cultura é originário do latim, e significa cuidar. A palavra foi utilizada, inicialmente, para indicar o cultivo das plantas, o cuidado com os animais e com a terra (daí a origem do termo agricultura). O termo cultura também indica o cuidado com as crianças e sua educação, cuidado com os deuses (por isso, culto).Para a antropologia, o termo cultura passou a ter outro sentido, definido por Edward Taylor que diz: “a cultura é todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade, o hábito adquirido pelo homem como membro de uma sociedade”. Ou seja, Cultura é um conceito que foi inicialmente desenvolvido pelo antropólogo Edward Taylor, e se refere aos comportamentos, valores, crenças e regras morais que caracterizam uma sociedade. Em resumo, Cultura é a identidade de um grupo. As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao longo das suas histórias, na construção de suas formas de subsistência, na organização da vida social e política, nas suas relações com o meio e com outros grupos, na produção de conhecimentos, etc. A diferença entre culturas é fruto da singularidade desses processos em cada grupo social. Dentro de todas as sociedades existe um padrão cultural, que é uma norma estabelecida pela sociedade, os indivíduos normalmente agem de acordo com os padrões estabelecidos pela sociedade em que vivem. Para evitarmos emitir juízo de valor, devemos ter em mente a concepção de relativismo cultural, aceitando a diversidade e não vendo o mundo e as sociedades sob uma perspectiva etnocêntrica. O relativismo cultural considera as culturas de modo geral, são diferentes umas das outras, embora tenham características comuns. Todos os povos formulam juízos em relação aos modos de vida diferentes dos seus. Por isso, o relativismo cultural não concorda com a ideia de normas e valores absolutos e defende o pressuposto de que as avaliações devem ser sempre relativas à própria cultura onde surgiram. Os padrões ou valores do que é considerado como certo ou errado, dos usos e costumes das sociedades em geral, es- tão relacionados com a cultura da qual fazem parte. Dessa maneira, um costume pode ser válido em relação a um ambiente cultural e não a outro. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como conse- quência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de inúmeros conflitos sociais. Estas ten- dências contém o germe do racismo, da intolerância, e frequentemente, são utilizados para justificar a violência contra o outro. Cada povo tem uma cultura própria, cada sociedade elabora sua própria cultura e recebe influência de outras culturas; dessa forma, todas as sociedades, desde as mais simples até as mais complexas, possuem cultura. Não há sociedade sem cultura, assim como não existe ser humano destituído de cultura. A cultura brasileira, por exemplo, é uma mescla de culturas, que sintetizam as muitas etnias que formam o povo brasileiro. Portanto, não se pode dizer que exista uma cultura brasileira homogênea; o que existe é um mosaico de diferentes culturas que juntas formam a cul- tura do Brasil. Mas, sem dúvida, a cultura brasileira tem uma raiz portuguesa. No Brasil, fala-se a língua portu- guesa e a grande maioria da população continua sendo católica. Mas apesar de o Brasil ter sido descoberto e colonizado por Portugal, outras nações contribuíram imensamente para a formação da cultura brasileira. Além dos portugueses, os povos indígenas, os africanos, os italianos e os alemães ajudaram a moldar a cultura do Brasil. As influências de diferentes povos, principal- mente das populações indígenas e dos descendentes de escravos que foram trazidos do continente africano, são aparentes nos âmbitos da música, da culinária, do fol- clore, do artesanato e das festas e celebrações nacionais. A própria língua portuguesa falada no Brasil foi muito influenciada por outras línguas. Durante a colonização no Brasil, ocorreram intensos contatos entre cultura do colonizador português e as culturas dos povos indígenas e dos africanos trazidos como escravos. Como consequências desse contato, ocorreram modificações que deram origem à cultura brasileira; esse contato e as mudanças culturais decor- rentes desse processo são conhecidos como aculturação. É sabido que, apresentando heterogeneidade notável em sua composição populacional, o Brasil desconhece a si mesmo. Na relação do país consigo mesmo, é comum prevalecerem vários estereótipos, tanto regionais como em relação a grupos étnicos, sociais e culturais. Aula 9 79Sociologia A cultura brasileira reflete os vários povos que constituem a demografia do nosso país: indíge- nas, europeus, africanos, asiáticos, árabes, etc. como resultado da intensa miscigenação e convivência dos povos que participaram da formação do Brasil surgiu uma realidade cultural peculiar, que inclui aspectos das várias culturas. O substrato básico da cultura brasi- leira formou-se durante os séculos de colonização, quando ocorreu a fusão primordial entre as culturas fundamentais da formação cultural brasileira como a dos indígenas, dos europeus, especialmente por- tugueses, e dos escravos trazidos da África. A partir do século XIX, a imigração de europeus não por- tugueses (italianos, alemães, etc.) e povos de outras culturas, como árabes e asiáticos, adicionou novos traços ao panorama cultural brasi- leiro. Também foi grande a influência dos grandes centros culturais do planeta, como a França, a Inglaterra e, mais recentemente, dos Estados Unidos, países que influenciam culturalmente o resto do globo. Nas sociedades contemporâ- neas, encontramos pessoas que contestam certos valores vigentes, opondo-se radicalmente a eles. Como exemplos, podemos citar o trabalho, o patriotismo, a acumula- ção de riqueza e a ascensão social; são valores culturais importantes na nossa sociedade; infringir esses valores culturais indica o fenômeno denominado de contracultura. Exemplo: o movimento hippie da década de 60, que se posicionou contra esses valores. O contato entre diferentes cul- turas e padrões de comportamento pode provocar além do processo de aculturação, uma série de conflitos mentais entre os indivíduos perten- centes a essas culturas envolvidas. Esses conflitos têm origem na insegurança que as pessoas sentem diante de uma cultura diferente da sua: aqueles que não conseguem se integrar, completamente em nenhuma das culturas que os rodeiam acabam ficando à margem da sociedade. Processo que é definido como marginalida- de cultural. Para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. A sociedade brasileira é formada não só por diferentes etnias, como também por imigrantes de diferentes países. Além disso, as migrações colocam em contato grupos diferenciados. Sabe- -se que as regiões brasileiras têm características culturais bastante diversas e que a convivência entre grupos diferenciados nos planos social e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela discriminação. O grande desafio da escola é reconhecer a diversidade como parte inseparável da identidade nacional e dar a conhecer a riqueza representada por essa diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de qualquer tipo de discriminação e valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola deve ser local de aprendizagem de que as regras do espaço público permitem a coexistência, em igualdade, dos diferentes. O trabalho com Pluralidade Cultural se dá a cada instante, exige que a escola alimente uma “Cultura da Paz”, baseada na tolerância, no respeito aos direitos humanos e na noção de cidadania compartilhada por todos os brasileiros. O aprendizado não ocorrerá por discursos, e sim num cotidiano em que uns não sejam “mais diferentes” do que os outros. http://portal.mec.gov.br/pluralidade. Diversidade cultural brasileira A diversidade da cultura brasileira deve-se à miscigenação dos variados grupos étnicos que vieram a formar o país que os portuguesesconvenciona- ram chamar de Brasil. Ao “descobrirem” o Brasil os invasores portugueses se depararam com nativos de diversas etnias, pois o território brasileiro já era habitado há mi- lhares de anos: primeiro por povos pré-históricos, depois por diversas tribos nativas com seus diversos aspectos culturais particulares. A colonização foi obra da monarquia lusitana, que com o apoio da Igreja Católica levou a cabo a ocupação do vasto território, forçando a unificação dos diversos povos nativos sob uma mesma religião. Além dos povos indígenas (que foram escravizados em larga escala) e dos colonizadores portugueses, a alta lucratividade da exploração da lavoura *principalmente açucareira – atividade econômica que marcou a economia brasileira, caracterizada pela monocultura, pelo latifúndio e pelo predomínio da mão de obra escrava) só foi possível graças ao emprego de um enorme contingente de mão de obra escrava: cerca de 45% de todos os cativos trazi- dos para o continente americano ficaram no Brasil. Naturalmente, os colonizadores influenciaram e foram influenciados pelos povos que dominaram. A cultura brasileira tem como base, portanto, elementos do colonizador português e dos povos escravizados: o nativo bra- sileiro e o negro africano. Há que se destacar a presença espanhola durante a União Ibérica (1580/1640) e a holandesa, no Nordeste, durante a primeira metade do século XVII, que também deixaram suas marcas culturais. Durante o período colonial, que teve como referencial político o absolu- tismo e no qual a obediência ao rei e a Igreja eram pressupostos indiscutíveis, 80 Extensivo Semiextensivo a cultura poderia ser classificada como letrada ou popu- lar. A inexistência de universidades e de uma imprensa local, bem como a vigência de uma tripla censura (ecle- siástica, inquisitorial e régia) tornavam a cultura letrada escassa, limitada à elite econômica e caracterizada pela reprodução da cultura europeia. Por outro lado, a cultura popular que se desenvol- veu foi bastante rica em decorrência do processo de miscigenação, da vastidão do território (que propiciou o desenvolvimento de culturas regionais diversas) e da dificuldade de se “inculcar” absolutamente os padrões europeus nas mentes de uma população tão diversa e geograficamente dispersa. Um dos resultados foi o sincretismo religioso: apesar de o Catolicismo ser a religião oficial e ter sido sempre a maior religião em número de adeptos e a que exerce ainda maior influência em termos sociais, políticos e culturais, não raro o brasileiro “católico” também aceita um sem número de crenças alheias ao catolicismo (re- encarnação, superstições e sortilégios). As heranças culturais dos povos indígenas e dos africanos se faz sentir no cotidiano. Aos indígenas devemos o enriquecimento da nossa língua: o vocabulário do português brasileiro contém diversos termos de origem indígena, como açaí, aipim, capim, guri, jacaré, pitanga, pindaíba, urubu, além dos nomes de lugares, (topônimos), que são em sua maioria de origem tupi, como Paraná, Curitiba, Guaraqueçaba, Iguaçu, Ipanema, Paraíba, Pernambuco, para citar ape- nas alguns. Do ponto de vista étnico, os indígenas e os brancos formaram o sujeito tipicamente brasileiro: o caboclo. Deixaram também suas marcas culturais em diversos ingredientes e receitas culinárias (como tucupi, tapioca, pamonha e o beiju), em utensílios para caça e pesca e em itens de uso doméstico (como a rede, a cabaça e a gamela). Enriquecem nossa cultura também suas diver- sas lendas regionais, como as do boitatá, do saci-pererê, do boto rosa e da índia Iara. Conta a lenda que Iara Mãe-D’àgua era uma bela índia, além de grande guerreira. Um dia, seus irmãos invejosos resolveram matá-la. Iara, porém, consegue vencer a luta e ela é quem termina matando os irmãos, fugindo em seguida para evitar a punição de seu pai, o chefe da tribo. Após encontrar Iara, o Pajé a lança ao rio para morrer afogada. Contudo, os peixes a salvam e ela se transforma em uma bela sereia, que passa a habitar os rios da Amazônia e atrair os homens para afogá-los. Quem consegue escapar enlouquece e só pode ser curado por um pajé. Aos povos a que genericamente chamamos “africa- nos” (que advinham também de regiões e grupos étnicos distintos e, portanto, culturalmente diversos), devemos muito de nossa linguagem, música e culinária. A culiná- ria típica brasileira tem diversos pratos e ingredientes de origem africana: feijoada, farofa, acarajé, cuscuz, dendê e a malagueta; além de diversos doces como o famoso quindim, e que foi adaptado da culinária lusitana para o paladar brasileiro pelas escravas negras. Nosso vocabu- lário também contém centenas de palavras de origem africana: xingar, zangar, sunga, tamanco, quiabo, cochi- char e cochilar são apenas alguns exemplos. Na música, herdamos o frevo, samba e o maracatu. O maior legado deixado pelos diversos grupos indí- genas e africanos que habitaram o Brasil e cujos descen- dentes não raro continuam excluídos socialmente, como foram seus antepassados, é muitas vezes esquecido: o trabalho. Antes das correntes migratórias europeias, o que construiu e levantou o Brasil em que vivemos foram o suor e o sangue do indígena e do escravo africano. Apesar disso, tanto a população negra quanto a indígena que ain- da resta continuam a sofrer os efeitos do preconceito e da desigualdade social: são mais vulneráveis em termos de segurança, de alimentação, de moradia e de escolaridade. Para muitos, ainda perduram os efeitos da escravidão. O legado europeu Sem qualquer sombra de dúvida, Portugal foi o país europeu que maior influência exerceu sobre a cultura brasileira. Além da religião e da língua portuguesa, os lusitanos introduziram no Brasil suas construções típicas, suas festas, suas instituições educacionais e administrativas e suas técnicas de agricultura. Ao rico folclore brasileiro foram incorporadas festas e danças © Sh ut te rs to ck /F ili pe F ra za o, © Sh ut te rs to ck /A lf Ri be iro , © Sh ut te rs to ck /K le be r C or de iro , © Sh ut te rs to ck /R an ta Im ag es Aula 9 81Sociologia portuguesas, como o fandango, as festas juninas, a cavalhada e a farra do boi, assim como as lendas (bicho papão, cuca) e das cantigas (o cravo e a rosa, roda pião). Na culinária os portugueses também deixaram suas marcas: bacalhau, caldo verde, queijada, pastel de Belém e rabanada, além dos incontáveis doces “tipicamente brasileiros” que surgiram de adaptações de receitas lusitanas. A partir de meados do século XIX, a necessidade de mão de obra surgida em decorrência do declínio de mão de obra escrava e de uma política que visava o branquea- mento da população, povos de diversas nações europeias foram estimulados a emigrar para o Brasil. Aqui aportaram, além de mais portugueses e açorianos, famílias de origem suíça, prussiana, espa- nhola, polonesas, italianas, alemãs, ucranianas, japonesas. Italianos, alemães e poloneses emigraram em grandes quantida- des, formando colônias no sul e sudeste brasileiro. Deixaram tam- bém suas marcas na diversidade de elementos culturais, como a língua, culinária e a arquitetura e em festas típicas, como a Oktoberfest. Em suma, a “cultura brasileira” é fruto de uma mistura de culturas diversas, e continua em constante transformação. Como afirma o brasilianista Jeffrey Lesser sobre a formação da identidade nacional: “a formação de tal identidade levava em conta uma dupla assimilação, pois a medida em que os colonos se tornavam brasileiros, o Brasil se tornava europeu”. Convivem em todo o território nacional cerca de 210 etnias indígenas, cada uma com identidade própria e representando riquíssima diversidade sociocultural, junto a uma imensa população formada pelos descendentes dos povos africanos e um grupo numeroso de imigrantes e descendentes de povos de vários continentes, com diferentes tradições culturaise religiosas. A dificuldade para categorizar os grupos que vieram para o Brasil e formaram sua população é indicativo da diversidade, seja o recorte continental, ou regional, nacional, religioso, cultural, linguístico, racial/étnico. Portugueses, espanhóis, ingleses, franceses, italianos, alemães, poloneses, húngaros, lituanos, egípcios, sírios, libaneses, armênios, indianos, japoneses, chineses, coreanos, ciganos, latino-americanos, católicos, evangélicos, batistas, budistas, judeus, muçulmanos, tradições africanas, situam- -se entre outras inumeráveis categorias de identificação. Além disso, um mesmo indivíduo pode vincular-se a diferentes grupos ao mesmo tempo, reportando-se a cada um deles com igual sentido de pertinência. A diversidade marca a vida social brasileira. Diferentes características regionais e manifestações de cosmologias ordenam de maneiras diferenciadas a apreensão do mundo, a organização social nos grupos e regiões, os modos de relação com a natureza, a vivência do sagrado e sua relação com o profano. O campo e a cidade propiciam às suas populações vivências e respostas culturais diversas, que implicam ritmos de vida, ensinamentos de valores e formas de solidariedade distintas. Os processos migratórios colocam em contato grupos sociais com diferenças de fala, de costumes, de valores, de projetos de vida. http://portal.mec.gov.br/pluralidade. © Sh ut te rs to ck /F ili pe F ra za o 82 Extensivo Semiextensivo Testes Assimilação 09.01. (UFU – MG) – A humanidade cessa nas fronteiras da tribo, do grupo linguístico, às vezes mesmo da aldeia; a tal ponto, que um grande número de populações di- tas primitivas se autodesigna com um nome que significa ‘os homens’ (ou às vezes – digamo-lo com mais discrição? – os ‘bons’, os ‘excelentes’, ‘os completos’), implicando assim que as outras tribos, grupos ou aldeias não participam das vir- tudes ou mesmo da natureza humana, mas são, quando muito, compostos de ‘maus’, ‘malvados’, ‘macacos da terra’ ou de ‘ovos de piolho’. LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. Antropologia Estrutural Dois. São Paulo: Tempo Brasileiro, 1989: 334. Nesse trecho, o antropólogo Claude Lévi-Strauss descreve a reação de estranhamento que é comum às das sociedades humanas quando defrontadas com a diversidade cultural. Tal reação pode ser definida como uma tendência: a) Etnocêntrica b) Iluminista c) Relativista d) Ideológica 09.02. (UFU – MG) – O encontro de culturas distintas e o convívio com a alteridade são temas recorrentes da história da humanidade. As reações a uma cultura diversa à sua e as formas como as diferenças culturais são concebidas têm variado ao longo do tempo. Atualmente, a Antropologia entende que a diversidade cultural tem origem a) na capacidade das diferentes culturas humanas em se adaptar ao seu meio ambiente circundante. b) na capacidade psíquica distinta dos diferentes grupos humanos. c) no grau de conhecimento da natureza. d) nas formas distintas de expressar a condição humana por meio de atos e símbolos. 09.03. (UNICESUMAR – PR) – A perspectiva antropológica que busca considerar as diferentes culturas segundo seus próprios termos e critérios, cujos costumes e práticas devem ser compreendidos em relação ao seu contexto específico, sem a imposição de valores e normas externos, é a) o Etnocentrismo. b) a Interpretação cultural. c) o Evolucionismo. d) o Relativismo cultural. e) o Estruturalismo. 09.04. (ENEM) – A África também já serviu como ponto de par- tida para comédias bem vulgares, mas de muito sucesso, como Um príncipe em Nova York e Ace Ventura: um maluco na África; em ambas, a Áfri- ca parece um lugar cheio de tribos doidas e ritu- ais de desenho animado. A animação O rei Leão, da Disney, o mais bem-sucedido filme americano ambientado na África, não chegava a contar com elenco de seres humanos. LEIBOWITZ, E. “Filrnes de Hollywood sobre África ficarn no clichê”. Disponível ern: http://noticias.uol.corn.br. Acesso ern: 17 abr. 2010. A produção cinematográfica referida no texto contribui para a constituição de uma memória sobre a África e seus habitan- tes. Essa memória enfatiza e negligencia, respectivamente, os seguintes aspectos do continente africano: a) A história e a natureza. b) O exotismo e as culturas. c) A sociedade e a economia. d) O comércio e o ambiente. e) A diversidade e a política. Aperfeiçoamento 09.05. (ENEM) – A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexi- dade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasi- leiro. O que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente. MINAS GERAIS: Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988. Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira ou o candomblé, deve considerar que elas a) permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos. b) perderam a relação com o seu passado histórico. c) derivam da interação entre valores africanos e a experiên- cia histórica brasileira. d) contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual. e) demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus. Aula 9 83Sociologia 09.06. (ENEM) – Própria dos festejos juninos, a quadrilha nas- ceu como dança aristocrática, oriunda dos salões franceses, depois difundida por toda a Europa. No Brasil, foi introduzida como dança de salão e, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto po- pular. Para sua ocorrência, é importante a presen- ça de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores desenvolvem. Observa-se a constân- cia das seguintes marcações: “Tour”, “Enavant”, “Chez des dames”, “Chez des chevaliê”, “Cestinha de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”, “Garranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, “Coroa de espinhos” etc. No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: sur- gem novas figurações, o francês aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sus- tenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo. CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Melhoramen- tos, 1976. As diversas formas de dança são demonstrações da di- versidade cultural do nosso país. Entre elas, a quadrilha é considerada uma dança folclórica por a) possuir como característica principal os atributos divinos e religiosos e, por isso, identificar uma nação ou região. b) abordar as tradições e costumes de determinados povos ou regiões distintas de uma mesma nação. c) apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, sendo, também, considerada dança-espetáculo. d) necessitar de vestuário específico para a sua prática, o qual define seu país de origem. e) acontecer em salões e festas e ser influenciada por diver- sos gêneros musicais. 09.07. (UNIOESTE – PR) – Etnocentrismo é uma atitude em que os indivíduos reduzem todos os fenômenos sociais àqueles que conhecem. Considerando a afirmação acima, é INCORRETO afirmar que a) os indivíduos fazem uma avaliação preconceituosa das outras culturas. b) os indivíduos tendem a considerar o seu grupo social como superior aos demais grupos sociais. c) os indivíduos possuem uma facilidade em ver e tolerar as diferenças sociais. d) os indivíduos tendem a considerar um determinado modo de vida como o mais correto. e) os indivíduos acreditam que a sua cultura é melhor que as outras e preferível a qualquer outra. 09.08. À primeira vista, as diferenças empiricamente ob- servadas entre os povos e as sociedades humanas podem ser atribuídas a determinismos biológicos e(ou) geográficos. Contra esses determinismos,a diversidade para a Sociologia é entendida como resultado de processos históricos e pro- duções culturais singulares, particulares a cada povo, época e sociedade. Com base no conceito de cultura, a diversidade pode ser caracterizada como a) resultado da organização social e tecnológica dos povos, dado que muitas sociedades, dispersas e segregadas no tempo e no espaço, tiveram avanços tecnológicos e sociais diferenciados. b) produto das maneiras e das formas pelas quais o homem retira da natureza os meios necessários à sua existência. c) resultado de fatos sociais que orientam as ações dos indivíduos na vida em sociedade, daí a ideia de que fatos sociais diferentes orientam práticas e ações diferentes. d) resultado de representações e significações diferentes que os povos e as sociedades dão a aspectos e eventos aparentemente semelhantes. 09.09. Leia o texto a seguir que faz parte do artigo “O menino selvagem e as invariantes do humano”, publicado na revista virtual “P@rtes”, de autoria de José Carlos Rocha e Gilberto da Silva: Em meados do século dezenove, em Paris, o jo- vem médico Jean-Jacques Gaspar ltard dá com um aglomerado de pessoas observando na rua um me- nino enjaulado a quem chamavam de menino-ma- caco. Com autorização judicial, o médico o conduz à residência, onde tratará de educá-lo, tornando-o objeto de investigações científicas. Aparentando seis a oito anos de idade, surdo e mudo, com posturas próximas do animalesco, o menino que fora capturado no mato, onde te- ria sido abandonado ainda recém-nascido, quase nada aprenderá. ltard observará meticulosamente o menino durante três anos, período que o teve de sobrevida em ambiente social. Entre as letras do alfabeto fonético, o menino aprendeu apenas a pronunciar o “ô”, derivando daí o nome Victor e o sobrenome d’Aveyron, região onde fora capturado. Durante este período o máximo de imagens que Victor conseguiu reconhecer foi o desenho de uma garrafa de leite no quadro negro. Fonte: Disponível em: http://www.partes.com.br/colunistas/gilberto silva/ meninoselvagem.asp. Com base na análise do texto, é correto afirmar que a) a dificuldade do menino em aprender estava diretamente ligada ao processo primário de desenvolvimento das instituições responsáveis pela socialização. b) a tentativa de se educar o menino foi mal sucedida pela ausência de técnicas desenvolvidas de aculturação dos indivíduos. 84 Extensivo Semiextensivo c) as tentativas de se educar o menino para uma vida so- cial completa foram falhas por se tratarem de métodos científicos, sendo desconsiderados os métodos sociais. d) o menino descrito no texto estava fora dos processos culturais e de socialização comuns a todos os indivíduos quando foi encontrado e capturado. e) o menino recusou ser educado pelo médico por acreditar ser desnecessário para sua vida a educação nos padrões vigentes na França naquele período. 09.10. Leia o fragmento do texto a seguir. NATUREZA E CULTURA-DIFERENÇAS ENTRE O HOMEM E O ANIMAL de Marco Maluf O fato de o homem ser dotado da criação sim- bólica o diferencia dos outros animais fazendo com que o ser humano se torne um ser histórico, um ser que constrói a sua própria história, ao contrá- rio dos outros animais que não possuem história. O homem vive num contínuo processo de cria- ção de valores, ou seja, forma ideias sobre o que é o certo ou o que é o errado, noções ou conceitos como o de justiça, por exemplo. Portanto, o ho- mem é consciente dos seus próprios atos e, por isso, é responsável por eles. Os animais vivem em meio à natureza e se mis- turam com ela, vivem o instante presente. O ser humano, através do trabalho, transforma a natu- reza e cria a cultura. A cultura se encontra acumu- lada nas ciências, nas artes, nas religiões, etc., que são a grande produção da humanidade. A filosofia é também um produto do conhecimento humano e fornece as bases da civilização ocidental. Fonte: Disponível em: http://filomundo.blogspot.com/2010/02/ natureza-e-cultura-diferencas-entre -o.html. De acordo com o texto percebe-se o que diferencia o ser humano dos outros animais. Com base no texto, podemos entender que a diversidade cultural a) altera os valores das sociedades provocando diversos conflitos entre os indivíduos, afastando-os, assim, da natureza humana. b) atenta contra uma cultura globalizada, impedindo o de- senvolvimento da sociedade ao torná-la múltipla. c) busca distinguir cada indivíduo, aproximando-os do esta- do de natureza onde inexistia uma sociedade organizada. d) constrói uma barreira entre as diferentes sociedades com sua multiplicidade de signos e valores, dificultando a relação entre os indivíduos. e) contribui para a criação de diferentes signos, símbolos e valores que representam os indivíduos mais intimamente. 09.11. (UFU – MG) – “Todo sistema cultural tem sua própria lógi- ca e não passa de um ato primário de etnocen- trismo tentar transferir a lógica de um sistema para outro”. LARAIA, Roque. Cultura: Um conceito antropológico. 8 ed., Rio de Janeiro. Jorge Zahar, 1993) Considerando o texto acima, marque a alternativa correta: a) As sociedades tribais são tão eficientes para produzir cul- tura quanto qualquer outra, mesmo quando não possuem certos recursos culturais presentes em outras culturas. b) As sociedades selvagens são capazes de produzir cultura, mas estão mal adaptadas ao ambiente e, por isso, algumas nem sequer possuem o Estado. c) As chamadas sociedades indígenas são dotadas de recursos materiais e simbólicos eficientes para produzir cultura como qualquer outra, faltando-lhes apenas uma linguagem própria. d) As chamadas sociedades primitivas conseguiram produzir cultura plenamente, ao longo do processo evolutivo, quando instituíram o Estado e as instituições escolares. e) Nenhum sistema cultural tem sua própria lógica. 09.12. (ENEM) – No Brasil, a origem do funk e do hip-hop remonta aos anos 1970, quando da proliferação dos chamados “bailes black” nas periferias dos grandes centros urbanos. Embalados pela black music americana, milhares de jovens encontravam nos bailes de final de semana uma alternativa de lazer antes inexistente. Em cidades como o Rio de Janeiro ou São Paulo, formavam-se equipes de som que promoviam bailes onde foi se disseminando um estilo que buscava a valorização da cultura negra, tanto na música como nas roupas e nos penteados. No Rio de Janeiro ficou conhecido como “Black Rio”. A indústria fonográfica descobriu o filão e, lançando discos de “equipe” com as músicas de sucesso nos bailes, difundia a moda pelo restante do país. DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juven- tude. Belo Horizonte: UFMG, 2005. A presença da cultura hip-hop no Brasil caracteriza-se como uma forma de a) lazer gerada pela diversidade de práticas artísticas nas periferias urbanas. b) entretenimento inventada pela indústria fonográfica nacional. c) subversão de sua proposta original já nos primeiros bailes. d) afirmação de identidade dos jovens que a praticam. e) reprodução da cultura musical norte-americana. Aula 9 85Sociologia 09.13. (UNIOESTE – PR) – O relativismo cultural é um princí- pio segundo o qual não é possível compreender, interpretar ou avaliar de maneira significativa os fenômenos sociais a não ser que sejam considerados em relação ao papel que desempenham no sistema cultural. Tendo por base o anúncio transcrito acima, é correto afirmar que: a) relativizar é construir descrições exteriores sobre diferen- tes modos de vida. b) relativizar é uma tentativa de construir descrições e inter- pretações dos fatos culturais a partir do que nos dizem e do que fazem os atores destes fatos culturais. c) relativizar é uma defesa da homogeneidade cultural. d) é o reconhecimento da unidade biológica da espécie hu- mana. Através dessa unidade biológica podemos explicar as realidades culturais e o comportamento das pessoas. e) o relativismo defendeque todas as culturas tendem a se assemelhar com o passar do tempo, e que ao difundir nossos hábitos estamos colaborando com esse processo. 09.14. “Franz Boas desenvolveu a teoria do Particularismo Histórico, chamada Escola Cultural Americana. O autor de- fende que a humanidade não tem uma evolução histórica unilinear, mas multilinear. Isso equivale a propor que não podemos falar em evolucionismo social, pois a história é algo particular a cada povo (“muitas linhas”), e não um único destino (“única linha”) dentro do qual podemos classificar os “mais avançados” e os “mais atrasados”.” Assim, entre seus pressupostos, é correto assinalar: a) Sua teoria busca apoio nas ciências naturais para com- provar a origem biológica dos fenômenos culturais; a evolução cultural multilinear depende da herança gené- tica de um povo. b) Cada cultura segue os seus próprios caminhos em função dos diferentes eventos históricos que essa sociedade enfrentou, e não um padrão a ser atingido considerando outras sociedades. c) Devemos compreender a cultura como um fenômeno puramente intelectivo de base filosófica, assim podemos explicar a importância dos símbolos para a Humanidade; as culturas mais particulares avançam mais e as outras menos. d) Cada hábito cultural deve estar relacionado com a neces- sidade de sobrevivência de um grupo; assim a particu- laridade de cada cultura se dá em função da criação de tecnologias diferentes. e) Não é possível compreender a diversidade cultural sem considerar a história universal humana que nos coloca em diferentes graus de evolução; assim, os povos mais atrasados não devem ser um padrão de referência para a evolução humana. 09.15. (UNIOESTE – PR) – A cultura de um povo não é estática, desligada do tempo, ela é dinâmica, transforma-se por necessidades internas ou por influências externas, é influenciada por fatores como: aculturação, difusão, assimi- lação, socialização, entre outros. Assim, a cultura conhecida por gerações anteriores apresenta características diferentes da cultura conhecida pela geração atual, características estas que serão diferentes das que serão conhecidas pelas gerações futuras. Considerando a afirmação acima, é INCORRETO afirmar que: a) a capacidade de aprendizado faz com que a cultura tenha a característica de ser acumulativa; a cada geração selecionamos, descartamos ou aperfeiçoamos a herança cultural recebida. b) existe um processo de condicionamento consciente ou inconsciente pelo qual um indivíduo assimila, ao longo da sua vida, as tradições do seu grupo e age somente em função delas. c) o contato com outras culturas agiliza as mudanças; muitas vezes esse contato pode influenciar algumas característi- cas, transformando-as. d) as transformações podem ser o resultado do impacto de alguns fatos históricos como guerras e revoluções, por isso culturas semelhantes em um momento histórico podem ser diferentes um pouco depois. e) transformações culturais é o resultado da capacidade que cada cultura tem para se adaptar a uma nova situação histórica. 09.16. (UEL – PR) – O etnocentrismo pode ser definido como uma “atitude emocionalmente condicionada que leva a considerar e julgar sociedades culturalmente diversas com critérios fornecidos pela própria cultura. Assim, compreende-se a tendência para menosprezar ou odiar culturas cujos padrões se afastam ou divergem dos da cultura do observador que exterioriza a atitude etnocêntrica. (...) Preconceito racial, nacionalismo, preconceito de classe ou de profissão, intolerância religiosa são algumas formas de etnocentrismo”. (WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto Alegre: Editora Globo, 1970. p. 125.) Com base no texto e nos conhecimentos de Sociologia, assinale a alternativa cujo discurso revela uma atitude etnocêntrica: a) A existência de culturas subdesenvolvidas relaciona-se à presença, em sua formação, de etnias de tipo incivilizado. b) Os povos indígenas possuem um acúmulo de saberes que podem influenciar as formas de conhecimentos ocidentais. c) Os critérios de julgamento das culturas diferentes devem primar pela tolerância e pela compreensão dos valores, da lógica e da dinâmica própria a cada uma delas. d) As culturas podem conviver de forma democrática, dada a inexistência de relações de superioridade e inferioridade entre as mesmas. e) O encontro entre diferentes culturas propicia a humani- zação das relações sociais, a partir do aprendizado sobre as diferentes visões de mundo. 86 Extensivo Semiextensivo 09.17. Em relação aos estudos sobre a Cultura, observe as afirmativas abaixo: I. A cultura recebida é expressa e vivida por cada nova geração e por cada indivíduo de forma peculiar, por isso ela está sempre em transformação. II. Não devem ser reconhecidos nem tolerados costumes diferentes daqueles que são adotados no mundo ociden- tal, já que este é o mundo científico, tecnologicamente desenvolvido e culturalmente civilizado. III. Hoje em dia nenhuma cultura, é autônoma e fechada: os meios de comunicação social, as trocas comerciais, o turismo, a emigração, tornam-se causas de processos de aculturação. IV. No mundo atual, civilizado, desapareceram todas as práti- cas discriminatórias étnicas, racistas e religiosas. Os povos deixaram de ser perseguidos e exterminados apenas por serem de raça, cultura ou religião diferentes. V. O relativismo cultural avalia os comportamentos social- mente aprovados e os sistemas de valores dos povos sem referência a padrões absolutos. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I, II, III, IV e V. d) II, IV e V. b) I, II, III e IV. e) I e II c) I, III e V. 09.18. (UEM – PR) – “A primeira vez que vimos um índio Kaapor rir foi um motivo de susto. A emissão sonora, profundamente alta, assemelhava-se a imaginários gritos de guerra e a expressão facial em nada se assemelhava com aquilo que estávamos acostumados a ver. Tal fato se explica porque cada cultura tem um determinado padrão para esse fim. Os alunos de uma nossa sala de aula, por exemplo, estão convencidos de que cada um deles tem um modo particular de rir, mas um observador estranho a nossa cultura comentará que todos eles riem de uma mesma forma. Na verdade, as diferenças percebidas pelos estudantes, e não pelo observador de fora, são variações de um mesmo padrão cultural. Por isto é que acreditamos que todos os japoneses riem de uma mesma maneira. Temos a certeza de que os japoneses também estão convencidos de que o riso varia de indivíduo para indivíduo dentro do Japão e que todos os ocidentais riem de modo igual.” LARAIA, R.B. Cultura. um conceito antropológico, Rio de Janeiro: Zahar, 2003, p. 69. A partir do texto acima, dos conhecimentos sociológicos e de informações sobre as noções antropológicas de cultura, assinale o que for correto. 01) O texto demonstra claramente como é possível observar que expressões como o riso assinalam que há culturas superiores e culturas inferiores, dadas as formas grosseiras ou sofisticadas adotadas pelas expressões faciais. 02) A socialização permite a reprodução intergeracional de aspectos sutis da cultura como as formas de expressão das emoções e o sentimento de pertencimento a um grupo. 04) O etnocentrismo é um fenômeno que leva as pessoas a julgarem os valores culturais distintos dos seus a partir das referências de sua própria cultura. Por isso, a Socio- logia não pode ser relativa. 08) Quando comparamos culturas diferentes podemos ob- servar que cada uma delas se apresenta por meio de padrões reconhecíveis como homogêneos. Contudo, cada indivíduo pertencente a uma dada cultura possui formas próprias de expressá-la. 16) As emoções são formas individuais de expressão. Por isso, não são submetidas a variações culturais. 09.19. (UEM – PR) – “Entre mosquitos e árvores mornas de umidade, entre as folhas ricas do verde mais preguiçoso, Marcel Petre defrontou-se com uma mulher de quarenta e cinco centímetros, madura,negra, calada. ‘Escura como um macaco’, informaria ele à imprensa, e que vivia no topo de uma árvore com seu concubino. Nos tépidos humores silvestres, que arredondam cedo as frutas e lhes dão uma quase intolerável doçura ao paladar, ela estava grávida. Ali em pé, estava, portanto, a menor mulher do mundo. Por um instante, no zumbido do calor, foi como se o francês tivesse inesperadamente chegado à conclusão última. Na certa, apenas por não ser louco, é que sua alma não desvairou nem perdeu os limites. Sentindo necessidade imediata de ordem, e dar nome ao que existe, apelidou-a de Pequena Flor. E, para conseguir classificá-la entre as realidades reconhecíveis, logo passou a recolher dados a seu respeito” LISPECTOR, C. “A menor mulher do mundo”, Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. XXXX. A partir da leitura do texto de Clarice Lispector à luz da teoria antropológica sobre as culturas humanas, é correto afirmar que 01) membros de culturas diferentes podem atribuir signifi- cados distintos aos mesmos eventos. 02) os membros de um determinado grupo humano po- dem negar a existência de cultura em outro grupo hu- mano, baseando-se em ideias e em valores etnocêntri- cos. 04) as culturas humanas são distintas e plurais em relação aos significados que atribuem a si mesmas, à natureza e a outras culturas. 08) toda e qualquer cultura humana estabelece relações padronizadas com a natureza, dado que é dela que irão obter o que é necessário para a sobrevivência de seus membros. 16) os conflitos entre culturas distintas decorrem de dispu- tas por bens e por recursos. Aula 9 87Sociologia 09.01. a 09.02. d 09.03. d 09.04. b 09.05. c 09.06. b 09.07. c 09.08. c 09.09. d 09.10. e 09.11. a 09.12. d 09.13. b 09.14. b 09.15. b 09.16. a 09.17. c 09.18. 10 (02 + 08) 09.19. 07 (01 + 02 + 04) 09.20. 21 (01 + 04 + 16) Gabarito 09.20. (UEM – PR) – “Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.” ROCHA, E. G. O que é etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense, 1988, p. 05 Sobre o conceito de etnocentrismo, assinale o que for correto. 01) Práticas xenofóbicas (de aversão aos estrangeiros) são exemplos do preconceito produzido pela radicalização de pers- pectivas etnocêntricas sobre o mundo social, pois indicam que determinado grupo se considera superior aos outros. 02) O etnocentrismo foi um fenômeno característico das sociedades tradicionais, cuja organização social não permitia a assimilação do diferente – com o advento da globalização, a discriminação deu lugar à compreensão das diferenças. 04) O estigma é uma condição, um traço ou um atributo indesejável nas relações sociais que desqualifica os indivíduos, ao identificá-los como “desviantes” ou “estranhos” aos valores tidos como “normais” em cada época. 08) A produção de estereótipos sobre pessoas ou culturas diferentes da nossa é a melhor forma de combater o etnocentris- mo, pois produz representações simples sobre os outros, facilitando o entendimento mútuo e promovendo a igualdade. 16) O racismo é um modo arbitrário de classificar as coletividades humanas a partir de determinadas características físicas, hierarquizando-as por meio de noções culturalmente produzidas sobre a suposta “superioridade racial” de certos grupos. 88 Extensivo Semiextensivo Sociologia Aula 10 A indústria cultural O termo “indústria cultural” foi utilizado pela primeira vez em 1947, pelos autores Theodor Adorno e Max Horkheimer, importantes expoentes da chamada Escola de Frankfurt. A utilização da expressão Indústria Cultural teve como principal objetivo, na sua origem, contrapor o conceito de cultura de massa, pois trata- -se de um conceito distinto quanto à sua natureza. Os autores propõem, então, a definição de ‘indústria cultural’, para distingui-la de uma arte que surgisse espontaneamente no meio popular, a chamada cultura de massa ou mesmo arte popular. Ou seja, enquanto a cultura popular teria um caráter mais natural e nasceria espontaneamente em uma determinada comunidade, a indústria cultural pode ser considerada uma manifestação produzida exteriormen- te, sob a influência do capital, fruto da imposição da lógica do sistema capitalista sobre a cultura. De acordo com essa concepção a produção cultural se transforma em mercadoria, sendo assim a música, o cinema, a litera- tura, artes, etc., tudo está a serviço do mercado, fato que renega a própria condição e ideia de arte em si. Obviamente os elementos que constituem a indús- tria cultural, a diversão, o entretenimento, o prazer, já existiam antes desse conceito ser utilizado pelos autores e de se tornar um de seus objetos de análise. Contudo, o que o século XX viu surgir foi uma imensa máquina produtiva voltada à comercialização da cultura, princi- palmente com o desenvolvimento dos meios de comu- nicação de massa como o rádio e mais tarde a televisão, bem como a evolução da indústria cinematográfica. Essencialmente a cultura produzida pela indústria cultural é padronizada e se fundamenta num suposto gosto médio de um público que não tem tempo, nem hábito ou interesse em questionar o bom gosto ou a estética do que consome. Os meios de comunicação de massa procuram, de maneira artificial, padronizar as regras do jogo social, veiculando códigos serializados para o grande público, onde quer que ele esteja, inde- pendentemente dos seus gostos e preferências. Em boa parte da produção, da indústria cultural, a qualidade do produto avalia-se, não necessariamente por um dado qualitativo, mas pelo valor das cifras de quanto já vendeu e de quanto irá ainda render no mercado. Nesse âmbito industrial da cultura, canções, novelas e filmes padronizados pela indústria do entretenimento nascem e renascem a cada dia. Às vezes, muda o formato, mas a essência permanece a mesma de forma que a indústria cultural consiste, portanto, na repetição do idêntico. “[...] a indústria cultural está corrompida, mas não como uma Babilônia do pecado, e sim como catedral do divertimento de alto nível”. O diverti- mento – protocolarmente – da indústria cultural, em si, não possibilita capacidade de resistência. Tem grande probabilidade de ser mera diversão, distração. Não oferece, em si, possibilidade de emancipação, nem crítica ao status quo. “[...] di- vertir-se significa estar de acordo [...] É na verda- de uma fuga, mas não [...] uma fuga da realidade ruim, mas da última ideia de resistência que essa realidade ainda deixa subsistir”. (ADORNO, Theodor W. HORKHEIMER, Max. Dialética do esclareci- mento: fragmentos filosóficos.Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p. 119) Meios de comunicação e indústria cultural A sociologia crítica analisou o objeto de estudo indús- tria cultural enquanto um meio de reprodução das rela- ções capitalistas de produção. Por isso, a indústria cultural consiste, para os autores da Escola de Frankfurt, em uma força produtora de uma falsa consciência dos homens. © W ik im ed ia C om m on s/ Je re m y J. Sh ap iro Aula 10 89Sociologia O que os autores frankfurtianos procuram evidenciar é o sentido alienador que caracteriza a reprodução da dinâmica cultural das sociedades modernas e o modo fetichista com o qual a indústria cultural reelabora, através de seus produtos, as relações sociais dos homens na era capitalista contemporânea. A indústria cultural transforma em mercadoria os bens culturais e tem o poder de influência sobre a sociedade, criando novos hábitos, ditando modas, criando estereótipos e valores sociais por intermédio dos meios de comunicação de massa. Podemos afirmar então que a Indústria Cultural é a forma “pela qual aprodução artística e cultural é organizada no contexto das relações capi- talistas de produção, lançada no mercado e por este consumida” (FREITAG, Bárbara. A teoria crítica: ontem e hoje. Brasiliense, São Paulo,1993. p.72). A produção artística deixa, portanto, de possuir um caráter único, singular, dei- xa de ser a expressão da genialidade, do talento e da expressão de seu autor para se constituir em um bem de consumo coletivo. Um produto destinado à comercialização e sendo avaliado segundo a sua lucratividade ou aceitação de mercado e não pelo seu valor estético, filosófico, ou artístico em si. A indústria cultural utiliza diversos meios de comunicação para atingir seus “consumidores”, espectadores, ouvintes, leitores, etc. Durante muito tempo, sobretudo na primeira metade do século XX o rádio foi o grande veí- culo de comunicação de massa no Brasil e no mundo. Na segunda metade do mesmo século a televisão surgiu como grande novidade e passou a exercer maior poder de influência sobre a sociedade, sendo até hoje um dos veículos de comunicação mais presentes na vida cotidiana. Vivenciamos atualmente uma grande revolução tecnológica nas comu- nicações sem precedentes na história. Utilizamos hoje, várias linguagens em um sistema de comunicação cada vez mais ágil, eficiente e que nos conecta rapidamente com diversas pessoas e empresas utilizando diferentes modalidades de interação e comunicação (oral, escrita e visual) em aparelhos cada vez mais sofisticados e avançados tecnologicamente. Tendo em vista que o uso dos computadores e dos telefones móveis não se prestam única e exclusivamente para a nossa comunicação, mas também os utilizamos em nossos momentos de lazer e entretenimento, pode a indústria cultural utilizar desses recursos para atingir o seu público e o mercado. Vivemos então uma verdadeira revolução das tecnologias da informação, mesmo considerando que uma significativa parcela da população mundial ainda não faça uso desses novos meios de informação e comunicação. Mídia, cultura e política Um dos objetos de estudo da Sociologia no campo das comunicações é o poder social da mídia e a manifestação da sua influência cultural e política. A informação, o entretenimento e a linguagem publicitária estão presentes simul- taneamente na linguagem da grande mídia, principalmente nas transmissões televisivas. Essas linguagens podem afetar o comportamento e o imagi- nário social, influenciando valores e identidades culturais. Mesmo considerando que parte do público não seja mero receptácu- lo passivo da informação veiculada e que possui capacidade crítica de processá-la, é inegável o poder de influência da mídia na formação da opinião pública. Boa parte da popu- lação tem como referência para a formação de seu pensamento po- lítico, por exemplo, as informações veiculadas nos telejornais diários e os demais programas televisivos. É importante lembrar que o Brasil tem um patamar médio baixo de escolarização e, em consequência, o público é fortemente ligado à televisão e não à leitura. Diante dessa realidade, devemos ter sempre uma visão e leituras críti- cas das informações veiculadas pelos meios de comunicação de massa, incluindo aqui não somente a tradi- cional televisão que, como refletimos, tem um poder de influência conside- rável sobre a sociedade, mas também novas formas de comunicação e difusão da notícia e do conhecimento como as redes sociais. A imprensa, considerada por muitos como o “quarto poder” tem também em uma sociedade democrática como a que vivemos hoje, um importante papel de fiscali- zação e pode exercer influências não somente “negativas” sobre leitores, telespectadores e cidadãos, mas também criar um ambiente favorável a politização e mobilização popular em momentos de crise política. Fa- tos recentes da história política do Brasil podem servir de referência para essa análise e reconhecimento do importante papel da mídia na sociedade. Um exemplo significativo foi a crise política que culminou com o processo de impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, em setembro de 1992. © Ca lv in & H ob be s, Bi ll W at te rs on , 1 99 2 W at te rs on / D ist . b y An dr ew s M cM ee l S yn di ca tio n 90 Extensivo Semiextensivo A divulgação pela imprensa de denúncias de práticas de negócios ilícitos envolvendo o então presidente da República começaram a ser publicadas na revista Veja em maio de 1992. Dali em diante, os jornais impressos se empenharam numa disputa para descobrir fatos que comprometessem o presidente e, dessa forma, criaram um forte ambiente antiCollor (a Folha de S. Paulo chegou a promover uma campanha cívica a favor do impeachment). https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,impeachment- de-collor-um-julgamento-historico,9990,0.htm Capa da revista Veja, edição 1254 – ano 25 – no. 40, 30 de setembro de 1992. A gota-d’água veio com as revelações da revista semanal Isto É, que mostravam claramente que o presidente havia mentido. Podemos dizer, então, que o ex-presidente Fernando Collor foi afastado do cargo com o apoio do sistema da grande imprensa. A televisão demorou para entrar na onda das denúncias e só o fez depois que as notícias sobre corrupção no governo estavam bem disseminadas. No terreno eleitoral, devemos admitir – sem exagero – que a mídia tem certa influência na de- terminação do comportamento do cidadão. Sen- do a mais importante fonte de informação políti- ca para a maioria dos cidadãos, o que aparece na mídia não pode ser deixado de lado quando se faz previsões do comportamento eleitoral. Mas isto não quer dizer que a mídia cria a preferência do eleitor. Por fim, devemos reconhecer que o papel de fiscalização realizado pela imprensa – o chamado “quarto poder” – resultou, a par de uma saudável restrição dos administradores no abuso dos bens públicos, em hostilidade cres- cente em relação às instituições representativas. (...) A descrição geral de como a mídia influencia a democracia se aplica, como seria de se espe- rar, ao Brasil. O país tem uma das cinco maio- res redes de televisão do mundo, a quarta maior revista semanal e jornais diários independentes que circulam por todo o país com um padrão gráfico e informação técnica equiparáveis aos do Primeiro Mundo. Contudo, é preciso lembrar que somente em meados da década de 80 deste século o Brasil se juntou ao clube das democracias de massa – pois nossa experiência democrática anterior, entre 1945 e 1964, possuía fortes configurações eli- tistas, determinadas pela característica rural de boa parte da população. Consequentemente, de certo modo a democracia de massa no Brasil está sendo modelada – e não apenas mudada – pela mídia. Isso significa que a democracia brasileira provavelmente está sendo mais influenciada pela mídia do que as velhas democracias da Europa e dos Estados Unidos, que tinham tradições con- solidadas antes da explosão dos meios de comu- nicação. SINGER, André. Mídia e democracia. Revista USP, nº48. São Paulo, 2001, pág. 60. © ES TA DÃ O C O N TE ÚD O © Ab ril C om un ic aç õe s S .A /O rla nd o Br ito Aula 10 91Sociologia Testes Assimilação 10.01. (UNICESUMAR – PR) – A chamada “Escola de Frank- furt” reuniu diversos autores, como Theodor W. Adorno, Max Horkheimer e Walter Benjamin, com o propósito de reformular a compreensão e as críticas ao sistema capitalista. Destacam-se, em suas reflexões, os impactos do desen- volvimento tecnológico, o papel dos modernos meios de comunicação de massa e a destruição e barbárie observadas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O conceito que sintetiza suas formulações no âmbito da cultura é a) o padrão cultural. b) a cultura erudita. c) a cultura operária. d) a indústria cultural. e) a cultura líquida. 10.02. (ENEM) – Um volume imenso de pesquisas tem sido produzido para tentar avaliar os efeitos dos pro- gramas de televisão. A maioria desses estudosdiz respeito às crianças — o que é bastante compre- ensível pela quantidade de tempo que elas pas- sam em frente ao aparelho e pelas possíveis impli- cações desse comportamento para a socialização. Dois dos tópicos mais pesquisados são o impacto da televisão no âmbito do crime e da violência e a natureza das notícias exibidas na televisão. GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005. O texto indica que existe uma significativa produção científica sobre os impactos socioculturais da televisão na vida do ser humano. E as crianças, em particular, são as mais vulneráveis a essas influências, porque a) codificam informações transmitidas nos programas infantis por meio da observação. b) adquirem conhecimentos variados que incentivam o processo de interação social. c) interiorizam padrões de comportamento e papéis sociais com menor visão crítica. d) observam formas de convivência social baseadas na tolerância e no respeito. e) apreendem modelos de sociedade pautados na obser- vância das leis. 10.03. (FATEC – SP) – No século XX, os meios de comunica- ção de massa foram amplamente utilizados por diferentes governos como veículos de propaganda ideológica, um tipo de comunicação que visa formar a maior parte das ideias e das convicções dos indivíduos e, com isso, orientar todo o seu comportamento social. Um exemplo histórico do uso dos meios de comunicação como veículo de propaganda ideológica ocorreu em a) 1903 – instalação de uma estação de telégrafo na Torre Eiffel, o que permitiu que o London Times e o New York Times recebessem informações sobre a guerra entre a Rússia e o Japão. b) 1924 – regulamentação pelo governo federal da qualida- de e da segurança das salas de cinema no Brasil, resultado do crescimento do circuito exibidor e do surgimento de salas destinadas à elite. c) 1939 – proibição, na Alemanha de Hitler, da audiência de rádios estrangeiras; no ano seguinte, todas as rádios alemãs passaram a transmitir a mesma programação de caráter ultranacionalista. d) 1993 – criação, por pesquisadores americanos, do Mosaic, primeiro navegador a combinar gráficos e texto em uma única página, abrindo a web para o mundo com um software fácil de usar. e) 1948 – utilização, pela primeira vez, de uma TV a cabo, na cidade de Oregon, onde os sinais normais de televisão não conseguiam chegar às residências por causa do terreno montanhoso. 10.04. (UFG – GO) – WARHOL, Andy. Marylin Monroe, 1963. Andy Warhol foi um dos representantes da art pop, surgida na Inglaterra e nos Estados Unidos na década de 1950. A imagem apresentada traduz a concepção desse movimento artístico, quando a) escolhe uma personalidade feminina para tema, associan- do a arte à luta do movimento feminista. b) apresenta um único rosto em sequência, demonstrando a singularidade dos indivíduos celebrados. c) transforma imagens veiculadas na indústria cultural, am- pliando as possibilidades de relação com a arte. d) critica o padrão de beleza feminina, expondo o elitismo das produções cinematográficas. e) fortalece o mito do american way of life, utilizando-se de personagens icônicas. 92 Extensivo Semiextensivo Aperfeiçoamento 10.05. (UEL – PR) – Leia os Textos V e VI Texto V Eis aqui, portanto, o princípio de quando se decidiu fazer o homem, e quando se buscou o que devia entrar na carne do homem. Havia alimentos de todos os tipos. Os animais ensinaram o caminho. E moendo então as espigas amarelas e as espigas brancas, Ixmucaná fez nove bebidas, e destas provieram a força do homem. Isto fizeram os progenitores, Tepeu e Gucumatz, assim chamados. A seguir decidiram sobre a criação e formação de nossa primeira mãe e pai. De milho amarelo e de milho branco foi feita sua carne; de massa de milho foram feitos seus braços e as pernas do homem. Unicamente massa de milho entrou na carne de nossos pais. Adaptado: SUESS, P. Popol Vuh: Mito dos Quiché da Guatemala sobre sua origem do milho e a criação do mundo. In: A conquista espiritual da América Espanhola: 200 documentos – Século XVI. Petrópolis:Vozes, 1992, p. 32-33. Texto VI “Se você é o que você come, e consome co- mida industrializada, você é milho”, escreveu Mi- chael Pollan no livro O Dilema do Onívoro, lan- çado este ano no Brasil. Ele estima que 25% da comida industrializada nos EUA contenha milho de alguma forma: do refrigerante, passando pelo Ketchup, até as batatas fritas de uma importante cadeia de fast food – isso se não contarmos vacas e galinhas que são alimentadas quase exclusiva- mente com o grão. O milho foi escolhido como bola da vez devido ao seu baixo preço de mercado e também porque os EUA produzem mais da metade do milho dis- tribuído no mundo. Adaptado: BURGOS, P. Show do milhão: milho na comida agora vira combus- tível. Super Interessante. Edição 247, 15 dez. 2007, p. 33. De acordo com a crítica à “indústria cultural”, na sociedade capitalista avançada, a produção e a reprodução da cultura se realizam sob a égide da padronização e da racionalidade técnica. No contexto dessa crítica, considerando o fast food como produto cultural, é correto afirmar: a) O consumo dos produtos da indústria do fast food e a satisfação dos novos hábitos alimentares contribuem com a emancipação humana. b) A padronização dos hábitos e valores alimentares obedece aos ditames da lógica material da sociedade industrializada. c) A racionalidade técnica e a padronização dos valores alimentares permitem ampliar as condições de liberdade e de autonomia dos cidadãos. d) A homogeneização dos hábitos alimentares reflete a inserção crítica dos indivíduos na cultura de massa. e) A massificação dos produtos alimentares sob os ditames do mercado corresponde à efetiva democratização da sociedade. 10.06. (ENEM) – Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empre- sários, que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da reli- gião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômi- ca, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa. ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosó- ficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a) a) legado social. b) patrimônio político. c) produto da moralidade. d) conquista da humanidade. e) ilusão da contemporaneidade. 10.07. Pensando acerca do tema dos meios de comuni- cação, identifique dentre as definições a seguir aquela que está mais adequada ao conceito de “gestão de visibilidade”. a) Administração pública voltada para a publicidade dos seus atos. b) Controle direto ou indireto da forma e conteúdo daquilo que é noticiado na imprensa, visando, em geral, à expo- sição contínua de um ator político. c) Atores políticos orientados para a publicização de suas metas e programas. d) Ausência de controle do conteúdo daquilo que é noti- ciado, medida esta que visa a uma maior transparência e imparcialidade por parte da imprensa. e) Candidatos políticos que, independentemente do moti- vo, estão a todo momento em exposição nos meios de comunicação. Aula 10 93Sociologia 10.08. Dentre as frases a seguir, IDENTIFIQUE aquela que expressa a principal função das propagandas em uma so- ciedade de consumo. a) Informar os consumidores acerca das virtudes dos pro- dutos. b) Divulgar o produto para atingir uma demanda já existente. c) Esconder os problemas dos produtos. d) Criar a necessidade de consumo do produto, alavancando assim a demanda. e) Aumentar o consumo do produto através da divulgação da sua marca. 10.09. Avalie as afirmativas a seguir acerca dos meios de comunicação. I. A televisão é o segundo meio de comunicação de massamais difundido no Brasil, perdendo apenas para a mídia escrita. II. A pobreza é um dos limitadores do acesso aos meios de comunicação. III. Segundo estudiosos dos meios de comunicação, as pro- pagandas e demais programas culturais transmitidos são desconsiderados como objetos de consumo, mas apenas meios para se fomentar o consumo de bens de mercado. ASSINALE se a) todas as afirmativas estiverem incorretas. b) apenas II estiver correta. c) apenas II e III estiverem corretas. d) apenas I e III estiverem corretas. e) apenas I e II estiverem corretas. 10.10. (UNESP – SP) – Não somente os tipos das canções de sucesso, os astros, as novelas ressurgem ciclicamente como invariantes fixos, mas o conteúdo específico do espetáculo só varia na aparência. O fracasso tem- porário do herói, que ele sabe suportar como bom esportista que é; a boa palmada que a namorada recebe da mão forte do astro, são, como todos os detalhes, clichês prontos para serem empregados arbitrariamente aqui e ali e completamente defi- nidos pela finalidade que lhes cabe no esquema. Desde o começo do filme já se sabe como ele termina, quem é recompensado, e, ao escutar a música ligeira, o ouvido treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos, de adivi- nhar o desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto. O número médio de palavras é algo em que não se pode me- xer. Sua produção é administrada por especialis- tas, e sua pequena diversidade permite reparti-las facilmente no escritório. Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. “A indústria cultural como mistificação das massas”. In: Dialética do esclarecimento, 1947. Adaptado. O tema abordado pelo texto refere-se a) ao conteúdo intelectualmente complexo das produções culturais de massa. b) à hegemonia da cultura americana nos meios de comu- nicação de massa. c) ao monopólio da informação e da cultura por ministérios estatais. d) ao aspecto positivo da democratização da cultura na sociedade de consumo. e) aos procedimentos de transformação da cultura em meio de entretenimento. Aprofundamento 10.11. (UNESP – SP) – Os reality shows são hoje para a classe mais abastada e intelectualizada da sociedade o que as novelas eram assim que se popularizaram como produto de cultura massificada: sinônimo de mau gosto. Com uma maior aceitação das novelas na esfera dos críticos da mídia, o reality show segue agora como gênero televisivo mundial, transmi- tido em horário nobre, e principal símbolo da perda de qualidade do conteúdo televisivo na sociedade pós-moderna. Os reality shows per- sonificam as novas formas de identificação dos sujeitos nas sociedades pós-modernas. Programas como o BBB são movidos pelas engrenagens de uma sociedade exibicionista e consumista, que se mantém vendendo ao mesmo tempo a proposta de que cada um pode sair do anonimato e con- quistar facilmente fama e dinheiro. Sávia Lorena B. C. de Sousa. O reality show como objeto de reflexão cultural. observatoriodaimprensa.com.br Sobre a relação entre os meios de comunicação de massa e o público consumidor, é correto afirmar que: a) a qualidade da programação da tv não é condicionada pelas demandas e desejos dos consumidores culturais. b) o reality show é uma mercadoria cultural relacionada com processos emocionais de seu público. c) os critérios estéticos independem do nível de autonomia intelectual dos consumidores. d) no caso dos reality shows, a televisão estimula a capaci- dade de fruição estética do público consumidor. e) os programadores priorizam aspectos formativos relegan- do o entretenimento a uma condição secundária. 10.12. (ENEM) – O ensaio “Indústria Cultural: o esclareci- mento como mistificação das massas”, de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer, publicado originalmente em 1947, é considerado um dos textos essenciais do século XX que explicam o fenômeno da cultura de massa e da indústria do entretenimento. É uma das várias contribuições para o 94 Extensivo Semiextensivo pensamento contemporâneo do Instituto de Pesquisa Social fundado na década de 1920, em Frankfurt, na Alemanha. Um ponto decisivo para a compreensão do conceito de “Indústria Cultural” é a questão da autonomia do artista em relação ao mercado. Assim, sobre o conceito de “Indústria Cultural” é CORRETO afirmar. a) A arte não se confunde com mercadoria, e não necessita da mídia e nem de campanhas publicitárias para ser divulgada para o público. b) Não há uniformização artística, pois, toda cultura de massa se caracteriza por criações complexas e diversidade cultural. c) A cultura é independente em relação aos mecanismos de reprodução material da sociedade. d) A obra de arte se identifica com a lógica de reprodução cultural e econômica da sociedade. e) Um pressuposto básico é que a arte nunca se transforma em artigo de consumo. 10.13. (ENEM) – Na sociedade contemporânea, onde as relações sociais tendem a reger-se por imagens midiáticas, a imagem de um indivíduo, principalmente na indústria do espetáculo, pode agregar valor eco- nômico na medida de seu incremento técnico: amplitude do espelhamento e da atenção públi- ca. Aparecer é então mais do que ser; o sujeito é famoso porque é falado. Nesse âmbito, a lógica circulatória do mercado, ao mesmo tempo que acena democraticamente para as massas com os supostos “ganhos distributivos” (a informação ili- mitada, a quebra das supostas hierarquias cultu- rais), afeta a velha cultura disseminada na esfera pública. A participação nas redes sociais, a obses- são dos selfies, tanto falar e ser falado quanto ser visto são índices do desejo de “espelhamento”. SODRÉ, M. Disponível em: http://alias.estadao.com.br. Acesso em: 9 fev. 2015 (adaptado). A crítica contida no texto sobre a sociedade contemporânea enfatiza a) a prática identitária autorreferente. b) a dinâmica política democratizante. c) a produção instantânea de notícias. d) os processos difusores de informações. e) os mecanismos de convergência tecnológica. 10.14. A respeito do desenvolvimento da indústria cultural no Brasil, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). I. Entre os anos de 1930 e 1950, o rádio atingiu elevados índices de audiência, principalmente com os programas de auditório e com as radionovelas. II. Diferentemente do que ocorreu com o cinema e com a televisão, a música popular brasileira não se integrou à produção da indústria cultural. III. A partir de 1964, com a instauração do regime militar brasileiro, foram realizados investimentos em infraes- trutura que viabilizaram a ampliação da abrangência da televisão. IV. Por meio de regulamentações, políticas culturais nor- mativas e uma forte censura, o regime militar brasileiro detinha grande poder de controle sobre a programação da televisão. Assinale a alternativa correta: a) II, III e IV estão corretas. b) I, II e III estão corretas. c) I, III e IV estão corretas. d) I, II e IV estão corretas. e) II e III estão corretas. 10.15. (UEL – PR) – “O homem político poderia ser ele mesmo. Au- tenticamente. Ele prefere parecer. Ainda que lhe seja preciso simular ou dissimular. Compondo um personagem que atraia atenção e impressione a imaginação. Interpretando um papel que é por vezes um papel composto. De modo que, recor- rendo a um vocabulário colhido no teatro, fala-se em ‘vedetes’, outrora em ‘tenores’, sempre em ‘re- presentação política’”. Fonte: SCHWARTZENBERG, R. O Estado Espetáculo. Tradução de Heloysa de Lima Dantas, Rio de Janeiro-São Paulo: Difel, 1978, p. 7. Com base no texto e nos conhecimentos sobre os temas Indústria Cultural e Política, é correto afirmar: a) Na atualidade, a arte de dissimular dos políticos está cada vez menos evidente e, com base nela, os eleitores escolhem seus candidatos. b) Através da imagem construída pelo candidato se pode distinguir claramente sua ideologia. c) Na era das comunicações, o indivíduo torna-se cada vez mais informado, portanto mais imune à propaganda,inclusive à propaganda política. d) No Brasil, a indústria cultural torna manifestações como o teatro, a literatura, a música popular e as artes plásticas, livres de qualquer traço de mediocridade por ter cono- tação ideológica. e) A indústria cultural repousa sobre a produção de desejos, imagens, valores e expectativas, por isso somos cada vez mais suscetíveis à propaganda política. Aula 10 95Sociologia 10.16. (UEL – PR) – “A indústria cultural vende Cultura. Para vendê- -la, deve seduzir e agradar o consumidor. Para se- duzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar, fazê-lo ter informações novas que perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova apa- rência, o que ele sabe, já viu, já fez. A ‘média’ é o senso-comum cristalizado que a indústria cultural devolve com cara de coisa nova […]. Dessa maneira, um conjunto de programas e publicações que poderiam ter verdadeiro signi- ficado cultural tornam-se o contrário da Cultura e de sua democratização, pois se dirigem a um público transformado em massa inculta, infantil, desinformada e passiva.” CHAUÍ, Marilena. Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000. p. 330-333. Com base no texto e nos conhecimentos sobre meios de comunicação e indústria cultural, considere as afirmativas a seguir. I. Por terem massificado seu público por meio da indústria cultural, os meios de comunicação vendem produtos homogeneizados. II. Os meios de comunicação vendem produtos culturais destituídos de matizes ideológicos e políticos. III. No contexto da indústria cultural, por meio de processos de alienação de seu público, os meios de comunicação recriam o senso comum enquanto novidade. IV. Os produtos culturais com efetiva capacidade de demo- cratização da cultura perdem sua força em função do poder da indústria cultural na sociedade atual. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e II. d) I, III e IV. b) I e III. e) II, III e IV. c) II e IV. 10.17. (UEM – PR) – “As ideias de ordem que ela [indústria cultu- ral] inculca são sempre as do status quo. Elas são aceitas sem objeção, sem análise, renunciando à dialética, mesmo quando não pertencem substan- cialmente a nenhum daqueles que estão sob sua influência. O imperativo categórico da indústria cultural, diversamente do de Kant, nada tem em comum com a liberdade.” ADORNO, T. W. A indústria cultural. In: COSTA, C. Sociologia – Introdução à ciência da sociedade. 4ª. ed. São Paulo: Moderna, 2010, p. 349 Sobre a indústria cultural e o excerto citado, assinale o que for correto. 01) Ao reagir contra o domínio dos meios de comunica- ção de massa, Adorno põe em questão o mecanis- mo de produção e divulgação da informação, que é responsável, em larga medida, pela manipulação do campo simbólico. 02) O resultado da indústria cultural é emancipador, pois coloca em evidência, por meio da razão esclarecida, as estruturas de dominação e alienação da sociedade. 04) A indústria cultural reflete a manipulação da imagem proveniente da técnica. Ao identificar ser e aparência, o recurso à imagem revolucionou a cultura no fim do século XX. 08) São decorrentes da indústria cultural a padronização do gosto popular, a estratificação de culturas domi- nantes sobre culturas não dominantes e a produção de uma sociedade de consumo. 16) O alvo das críticas de Adorno à indústria cultural é a sociedade unidimensional, em que a imaginação, os desejos e os projetos subjetivos não são críticos, mas unívocos. 10.18. (UEPG – PR) – O conceito de comunicação de massa se tornou conhecido no século XX e está ligado à expansão e popularização dos grandes veículos de comu- nicação como os jornais, as emissoras de rádio e de TV e o cinema. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 01) Líderes políticos vinculados a regimes autoritários, como Hitler e Mussolini, controlaram e utilizaram far- tamente os meios de comunicação para estabelecer contato direto com as massas. 02) A informação, a educação e o entretenimento são funções que podem ser exercidas pelos meios de co- municação de massa. 04) Os meios de comunicação de massa se preocupam sempre com um segmento social: aquele que verda- deiramente detém maior poder aquisitivo. As cama- das populares não são atingidas por esses veículos de comunicação. 08) Uma das principais características dos meios de co- municação de massa, desde a sua origem, foi o esta- belecimento de um diálogo entre emissores e recep- tores, o que chama-se atualmente de interatividade. 16) Comunicação de massa e indústria cultural são ele- mentos que se complementam. Essa indústria se utili- za dos meios de comunicação de massa para difundir valores e estimular comportamentos coletivos. 96 Extensivo Semiextensivo Desafio 10.19. Leia atentamente a letra da canção a seguir. Televisão A televisão me deixou burro muito burro demais Agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais O sorvete me deixou gripado pelo resto da vida E agora toda noite quando eu deito é “boa noite, querida”. Ô Cride, fala pra mãe! Que eu nunca li num livro que o espirro fosse um vírus sem cura E vê se me entende pelo menos uma vez, criatura! Ô Cride, fala pra mãe a mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu não faço nada A luz do sol me incomoda então deixa a cortina fechada É que a televisão me deixou burro, muito burro demais E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais. Ô Cride, fala pra mãe que tudo que a antena captar meu coração captura E vê se me entende pelo menos uma vez, criatura! Ô Cride, fala pra mãe. Titãs. Álbum: Televisão (1985) a) Qual a crítica apresentada pelos Titãs, na letra dessa música? b) Argumente sobre a importância de se assistir televisão criticamente. 10.20. (UFPR) – A posição suprema dos países industrializados, sobretudo dos Estados Unidos, na produção e na difusão da mídia tem levado muitos observadores a falar no imperialismo da mídia. De acordo com essa visão, vive- mos em um império cultural. Países menos desenvolvidos são considerados especialmente vulneráveis, por não possuírem os recursos necessários à manutenção de sua própria independência cultural. Esse texto fala da dominação ou imperialismo da mídia. Relacione esse fenômeno social com a possibilidade de homoge- neização das diferenças culturais. 10.01. d 10.02. c 10.03. c 10.04. c 10.05. b 10.06. e 10.07. b 10.08. d 10.09. b 10.10. e 10.11. b 10.12. d 10.13. a 10.14. c 10.15. e 10.16. d 10.17. 29 (01 + 04 + 08 + 16) 10.18. 19 (01 + 02 + 16) 10.19. a) A crítica apresentada pelos Titãs na letra dessa música é sobre a alienação cau- sada pela televisão no telespectador. b) Assistir televisão com criticidade é a melhor maneira de evitar o processo de alienação. 10.20. O aluno deve apontar o fato dos conglo- merados de mídia obedecerem à mesma lógica de qualquer empresa multinacional, com interesses econômicos que ultrapas- sam os limites das nações. Citar ainda a mí- dia e a indústria cultural como integrantes do imperialismo contemporâneo e causa da homogeneização cultural. Gabarito 97Sociologia Sociologia Indivíduo, identidade, socialização e orientação sexual Aula 11 Individualismo Surgido no início do século XIX, na França, esse con- ceito nasceu para designar a dissolução dos laços sociais anteriores à Revolução Francesa. Com o desenvolvi- mento do capitalismo os interesses individuais foram se sobrepondo aos interesses coletivos. O conceito surgiu com a sociedade moderna e paralelamente com o pro- cesso de urbanização. A liberdade individual, a proprie- dade privada e a valorização do mérito correspondem os principais pressupostos do individualismo. “A noção de individualismo designa em Sociologia não a doutrina moral que traz o mesmo nome, mas uma propriedade que alguns sociólogos reconhecem como caracte- rística de certas sociedades e particularmente das sociedades industriais modernas: nessas sociedades, o indivíduo é considerado uma unidade de referência fundamental, tanto para simesmo como para a sociedade. É o indivíduo que decide sobre sua profissão, que escolhe seu cônjuge. Assume “em intei- ra liberdade” suas crenças, suas opiniões. Sua autonomia é maior do que nas sociedades “tradicionais”. Evidentemente, trata-se de um estado de direito cuja correspondência com estado de fato pode ser apenas ideal: mesmo se tenho o direito de opinar e de agir como entendo (contanto que minhas opiniões e ações não firam as proibições oficiais), estarei submetido às proibições oficiosas que me im- põe o meio a que pertenço” BOUDON, R; BOURRICAUD, F. (Dicionário crítico de Socio- logia. São Paulo: Ática, p. 285). Socialização e identidade Toda e qualquer identidade é um processo de construção. A memória coletiva, as fantasias pessoais, as instituições, as crenças religiosas, a história, a geografia e a biologia fornecem a matéria-prima que é processada pelos indivíduos, grupos sociais e sociedades. © Sh ut te rs to ck /C or ba c4 0 As instituições dominantes podem formar identi- dade na medida que os atores sociais as interiorizam. Mas pode haver também uma identidade de resistência, criada por atores sociais desfavorecidos ou desvaloriza- dos que criam projetos de resistência buscando redefinir suas posições na sociedade. Um exemplo pode ser o movimento feminista. A formação de identidade tanto individual quanto profissional, mesmo em instituições fechadas e isoladas tendem a ser heterogêneas. Não há como garantir que o comportamento dos indivíduos sejam sempre os mes- mos. Sendo o homem um ser social seu comportamento varia conforme as circunstâncias e interesses. “Podemos concluir que é impossível a transmis- são perfeita de uma instituição social entre gerações diferentes. O que uma geração sentiu e viveu não conseguirá transmitir integralmente para as seguin- tes. O significado de um valor para uma geração não será o mesmo para outras. Os valores são conceitos fundamentais para o reconhecimento entre grupos ou indivíduos, geram identidades sempre provisó- rias, dinâmicas e vivas, consequentemente não po- demos esperar inflexibilidade ou determinismo no comportamento entre os que os compartilham.” (https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/21902/21902). 98 Extensivo Semiextensivo O sociólogo francês Michel Maffesoli propôs a substitui- ção da noção de identidade pela de identificação. Enquan- to a noção de identidade está historicamente ligada ao pertencimento a dado território, a noção de identificação possibilita entender justamente como tantas tribos (grupo de pessoas que coincidem em matéria de interesses, inclinações, gostos e preferências a favor de algo. Isto é, essas tribos urbanas são grupos de pessoas que se unem por apresentar certa afinidade) se identificam, apesar de viverem em lugares diferentes. Um exemplo pode ser o movimento hip-hop que surgiu nos Estados Unidos nos anos 1960 e que foi trazido para o Brasil onde nas periferias das grandes cidades passou a desenvolver uma postura combativa diante da segregação social e racial. Não foi um processo de cópia, pois aqui sofreu influência de outros gêneros como o samba, o pagode e o axé. “A relação das tribos com a sociedade de consumo é bastante complexa. Não apenas os punks mas várias outras comunidades ou movimentos veiculam uma mensagem anticonsumista, mas isso não os impede de utilizar adere- ços e bens de consumo para comunicar suas identidades e posições. Assim, por exemplo, temos cabelos de moicanos e correntes para os punks, couro preto e símbolos satânicos para os metaleiros, pranchas e bermudas para os surfistas... Também é importante observar que as tribos urbanas recorrentemente se apropriam de elementos distintivos de outras tribos e as ressignificam. Um exem- plo é a relação de proximidade e afastamento entre os punks e os straight edges. Apesar de compartilharem com estes últimos o gosto pelas músicas “pesadas” pelo visual “agressivo” e pelo princípio do “faça você mesmo”, os straight edges são avessos ao consumo de dro- gas ilícitas, de álcool e tabaco, tão comum entre os punks. Enquanto os punks pregam a permissivi- dade sexual, os straight edges falam em sexo cons- ciente e com amor. Sua opçõo pelo vegetarianismo os aproxima de outra tribo: dos hare krishnas... BOMENY, Helena e outras. Tempos modernos, tempos de Sociologia. São Editora do Brasil, 2017, p. 267. Gênero e sexualidade Gênero é entendido como o estudo das relações sociais entre homens e mulheres e como essas relações são organizadas em diferentes sociedades, épocas e culturas. Entre homens e mulheres há uma distinção biológica que é o sexo, contudo não há uma essência feminina ou masculina que sejam imutáveis, o que há são construções sociais e culturais que fazem com que homens e mulheres sejam educados para ocuparem determinadas posições na sociedade. Sendo assim, o conceito de gênero está relacionado pela forma como ocorrem as relações de poder entre homens e mulheres. “O termo gênero não deve ser entendido como sinônimo de mulher\mulheres ou de sexo, uma vez que essa categoria de análise não com- bina com determinações biológicas. Mas isso não quer dizer que, na prática, as pessoas não se acreditem em determinações biológicas. Para essas pessoas, a própria diferenciação física en- tre homens e mulheres já justifica a dominação masculina ou as diferenças sociais entre homens e mulheres. Uma coisa é o conceito, que visa à superação de visões estreitas e estereotipadas em relação às condutas das pessoas, e outra é a for- ma como, no cotidiano, essas pessoas percebem o corpo. No cotidiano, o comum é as pessoas na- turalizarem as práticas de dominação que sequer são percebidas, exatamente porque aparecem como “evidentes” demais. No entanto, a História não deve ficar restrita aos papéis de gênero pode estar associada a outros tipos de opressão social. Por último, é preciso lembrar que os papéis so- ciais de gênero são mutáveis e homens e mulhe- res podem, ao longo do tempo e dependendo da sociedade em que estão inseridos, apresentar práticas e comportamentos diferenciados.” (SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henriue. Dicionário de con- ceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2006, p. 168). Homofobia A palavra homofobia quer dizer “aversão a homossexual”, consiste, portanto no preconceito e muitas vezes no ódio que certas pessoas nutrem em relação aos homossexuais. Em geral, porque ainda não definiram completamente a sua identidade sexual, o que gera dúvidas e até revolta. Temendo desenvolver um sentimento diferente por um ser do mesmo sexo, o homofóbico muitas vezes torna-se agressivo. Até recentemente a prática da homofobia não era considerada crime, pois inexistia até junho de 2019 uma resolução para punir juridicamente esta prática como crime. Embora existam campanhas para que a homo- fobia seja crime, até que o Congresso Nacional edite lei específica, o STF determinou em 2019 que: as con- dutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, se enquadram nos crimes previstos na Lei 7.716/2018 e, no caso de homicídio doloso, constitui circunstância que o qualifica, por configurar motivo torpe. O STF determina também que a repressão penal à prática da homotrans- fobia não alcança nem restringe o exercício da liberdade religiosa, desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio. Finalmente, a tese estabelece que o conceito de racismo ultrapassa aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos e alcança a negação da digni- dade e da humanidade de grupos vulneráveis. http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe. asp?idConteudo=414010 Aula 11 99Sociologia Atualmente muitos defendem a tipificação penal dessa conduta, argumentando que o Brasil é um dos países que mais matam homossexuais do mundo. Talvez mais do que leis o Brasil precise de ações voltadas para o combate do preconceito nas áreas de saúde e educação. Segundo a pesquisadora Sinara Gumieri “não existe uma política públicasistemática para a população LGBT, exposta a uma série de vulnerabilidades. É alta a evasão escolar dessa comunidade, o acesso à saúde é precário e essas pessoas ainda são alvo de violência.” “A orientação sexual indica qual o gênero (mas- culino e feminino) que uma pessoa se sente preferen- cialmente atraída fisicamente e/ou emocionalmente. A orientação sexual pode ser assexual (nenhu- ma atração sexual), bissexual (atração por ambos os gêneros), heterossexual (atração pelo gênero oposto), homossexual (atração pelo mesmo gêne- ro), ou pansexual (atração por diversos gêneros, quando se aceita a existência de mais de dois gêne- ros). O termo pansexual (ou também omnissexual) pode ser utilizado, ainda, para indicar alguém que tem uma orientação mais abrangente (incluindo por exemplo, atração específica por transgêneros). O termo orientação sexual é considerado, atualmente, mais apropriado do que opção sexu- al ou preferência sexual. Isso porque opção indica que uma pessoa teria escolhido a sua forma de de- sejo, coisa que muitas pessoas consideram como sem sentido. Assim como o heterossexual não es- colheu essa forma de desejo, o homossexual (tan- to feminino como masculino) também não, pois, segundo pesquisas recentes esta orientação poderá estar determinada por fatores biogenéticos, sejam questões hormonais in útero ou genes que possam determinar esta predisposição.” https://semhomofobia.wordpress.com/2010/12/20/opcao-ou- orientacao-sexual/ Foi somente na década de 1990 que a homosse- xualidade foi retirada da lista de doenças mentais da Organização Mundial da Saúde. O dia 17 de maio passou a ser o dia Mundial da Luta contra a Homofobia. Transfobia Entende-se como transfobia ações e sentimentos de aversão em relação aos travestis, transexuais e transgêneros. Essa aversão pode ser intencional ou não contudo causa sérias consequências para a pessoa que é discriminada. O transexual possui uma identidade de gênero diferente do seu sexo biológico. Uma travesti nasce com o sexo masculino, porém tem uma identida- de de gênero feminina assumindo papéis diferentes da- queles determinados pela sociedade. A diferença entre a travesti e uma pessoa transexual é que a travesti não sente a necessidade de através de uma cirurgia realizar uma redesignação do sexo. É importante destacar que o papel de gênero é o comportamento social e cultural esperado para homens e mulheres em um determinado momento histórico. Bullying O termo bullying vem do inglês e quer dizer “bri- gão”, “valentão” e tem sido utilizado para caracterizar situações em que ocorrem repetidas agressões físicas e verbais feitas por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. Com o advento da internet e de telefones celulares as agressões aumentaram significativamente. “O uso da tecnologia pode tornar a agressão ainda pior do que a violência presencial. Isso porque no espaço virtual a humilhação atinge as vítimas permanentemente, e não apenas no espa- ço da escola. Além disso, a tecnologia dificulta a identificação do agressor, deixando a vítima sem saber exatamente de que se defender.” BOMENY, Helena e outras. Obra citada, p. 270. Segundo relatório do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), dedicado ao bem-estar dos estudantes, os dados foram os seguintes: 17,5% disseram sofrer alguma das formas de bullying «algumas vezes por mês»; 7,8% disseram ser excluídos pelos colegas; 9,3%, ser alvo de piadas; 4,1%, serem ameaçados; 3,2%, empurrados e agredidos fisicamente. Outros 5,3% disseram que os colegas frequentemente pegam e destroem as coisas deles e 7,9% são alvo de rumores maldosos. Com base nos relatos dos estudantes, 9% foram classificados no estudo como vítimas frequentes de bullying, ou seja, estão no topo do indicador de agressões e mais expostos a essa situação. Em comparação com os demais países avaliados, o Brasil aparece com um dos menores “índices de exposição ao bullying”. Em um ranking de 53 países com os dados disponíveis, o Brasil está em 43º. Em média, nos países da Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 18,7% dos estudantes relataram ser vítimas de algum tipo de bullying mais de uma vez por mês e 8,9% foram classificados como vítimas frequentes. Fonte: Agência Brasil, 19-4-2017 100 Extensivo Semiextensivo Testes Assimilação 11.01. Entende-se por socialização o processo por meio do qual a) o indivíduo aprende a ser um membro da sociedade. b) a sociedade divide a riqueza produzida socialmente. c) o indivíduo constrói laços de afetividade familiar. d) a comunidade é transformada em sociedade. e) os grupos sociais se constituem. 11.02. Nas relações sociais, algumas imagens negativas são atribuídas a pessoas ou grupos de identidades, visando à ex- clusão nas interações sociais. Construída de forma simplista, enfatiza o que há de similar entre as pessoas e pode envolver qualquer aspecto distintivo, idade, raça, sexo, profissão, local de residência ou grupo ao qual é associada. Tais imagens pejorativas são denominadas de a) socialização transversal. b) estereótipo social. c) paradoxo social. d) racismo. e) sexismo. 11.03. (UNICENTRO – PR) – – Diga lá, menina, o que é que você quer ser quando crescer?/ Eu quero ser dona de casa atu- ante ou mulher de milionário. / Dona de casa atu- ante ou mulher de milionário (Jorge Ben Jor). Na estrofe da letra de Jorge Ben Jor, pode-se observar um modelo de socialização da mulher, em que a imitação torna- -se um ótimo momento de interação infantil de gênero. Sobre as relações de gênero, é correto afirmar: a) O conceito de gênero se refere às condições de origem psicológicas e biológicas. b) A discussão sobre a violência doméstica não deve entrar em pauta nas discussões sobre gênero. c) A desigualdade entre homens e mulheres é historicamen- te construída, ou seja, não é uma desigualdade natural. d) A discussão sobre a identidade corporal e a sexualidade femi- nina não fazem parte das análises sobre questões de gênero. e) A visão feminina é constantemente romântica, e, por isso, deve-se ater ao direito à maternidade, mas não à igualdade de condições no trabalho. 11.04. Uma das demandas de movimentos contemporâneos por igualdade de direitos é a superação de preconceitos inscritos em expressões de fala do nosso cotidiano. Assinale, dentre as frases a seguir, aquela que NÃO expressa a naturalização de preconceitos ou subordinação de pessoas de acordo com sua cor/raça, gênero ou classe. a) “Mulher no volante, perigo constante”. b) “O homem veio do macaco”. c) “Bom dia para todos e para todas”. d) “A mulher foi feita a partir da costela do homem”. e) “Aquele lugar só é frequentado por gente ‘feia’”. Aperfeiçoamento 11.05. Texto: As brincadeiras de menino, em geral, envolvem atividades ao ar livre, como bicicleta, pipa ou skate. As meninas brincam de casinha. Isso é comum porque, antigamente, era papel do homem sair de casa para trabalhar, enquanto às mulheres cabiam os cuidados com o lar”, constata a pedagoga Maria Angela Barbato Carneiro, coordenadora do Nú- cleo de Cultura, Estudos e Pesquisas do Brincar da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. (ECHEVERRIA, 2009). Sobre o processo de socialização e as relações de gênero, é correto afirmar: a) O termo “sexo” distingue as diferenças anatômicas, e o termo “gênero”, as diferenças fisiológicas entre homens e mulheres. b) As relações de gênero são universais e não dependem da construção que cada cultura tem em relação às diferenças sexuais. c) O processo de socialização disciplina os corpos quanto aos modos de agir, porém esse aprendizado não interfere nos modos de ser dos sujeitos sociais. d) O gênero é uma construção social que, através de orga- nismos sociais, como a família e a mídia, atribui papéis e identidades sociais a homens e mulheres. e) As brincadeiras de crianças, assim como o modo como se comportam, demonstram que os papéis sociais são defini- dosantes mesmo do encontro com as instituições sociais. 11.06. (ENEM) – Texto I 101Sociologia Texto II Metade da nova equipe da NASA é composta por mulheres Até hoje, cerca de 350 astronautas america- nos já estiveram no espaço, enquanto as mulhe- res não chegam a ser um terço desse número. Após o anúncio da turma composta por mulhe- res, alguns internautas escreveram comentários machistas e desrespeitosos sobre a escolha nas redes sociais. Disponível em: https://catracalivre.com.br. Acesso em: 10 mar. 2016. A comparação entre o anúncio publicitário de 1968 e a repercussão da notícia de 2016 mostra a a) elitização da carreira científica. b) qualificação da atividade doméstica. c) ambição de indústrias patrocinadoras. d) manutenção de estereótipos de gênero. e) equiparação de papéis nas relações familiares. 11.07. (UNESP – SP) – A decisão de uma prefeitura nos arredores de Paris de distribuir mochilas escolares azuis para os meninos e rosa para meninas provocou polêmica na França. Nas bolsas distribuídas pela prefeitura de Puteaux, há também um kit para construir ro- bôs, para os meninos, e miçangas para fazer biju- terias, para as meninas. A distinção causou polê- mica no momento em que o governo implementa na rede educacional um programa para promover a igualdade entre homens e mulheres e lutar con- tra os estereótipos. (“Distribuição de mochilas escolares azuis e rosas causa polêmica na França”. http://www.bbc.co.uk. Adaptado.) A polêmica citada pela reportagem envolve pressupostos sobre a sexualidade que podem ser definidos pela oposição entre fatores a) comunitários e individuais. b) metafísicos e empiristas. c) teológicos e materiais. d) antropocêntricos e teocêntricos. e) biológicos e sociais. 11.08. (ENEM) – A participação da mulher no processo de de- cisão política ainda é extremamente limitada em praticamente todos os países, independentemente do regime econômico e social e da estrutura insti- tucional vigente em cada um deles. É fato público e notório, além de empiricamente comprovado, que as mulheres estão em geral sub-representadas nos órgãos do poder, pois a proporção não corresponde jamais ao peso relativo dessa parte da população. TABAK, F. Mulheres públicas: participação política e poder. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2002. No âmbito do Poder Legislativo brasileiro, a tentativa de reverter esse quadro de sub-representação tem envolvido a implementação, pelo Estado, de a) leis de combate à violência doméstica. b) cotas de gênero nas candidaturas partidárias. c) programas de mobilização política nas escolas. d) propagandas de incentivo ao voto consciente. e) apoio financeiro às lideranças femininas. 11.09. Leia o trecho a seguir. Em 1949, a francesa Simone de Beauvoir faria pu- blicar o seu livro O segundo sexo. Em passagem céle- bre, a autora aponta que não são características natu- rais que conformam as nossas identidades de gênero na sociedade. “Ninguém nasce mulher, torna-se mu- lher”. Vale a pena refletirmos acerca dos elementos que nos diferenciam enquanto homens e mulheres. Segundo esta autora, os diferenciais de gênero tem muito mais amparo na cultura do que na natureza. É a nossa formação social, tanto em casa quanto na escola e na rua, que nos ensina a nos diferenciarmos enquanto mulheres ou homens. Aprendemos quais roupas devemos vestir, quais cores gostar, quais ati- vidades nos são mais próprias. Enfim, é a sociedade e não a natureza que estabelece as diferenças de gê- nero. O senso comum, no entanto, fornece-nos uma explicação distinta para as diferenças entre homens e mulheres. É muito habitual que as pessoas utilizem de raciocínios de ordem biológica ou natural para formular os diferenciais de gênero. Assinale a alternativa onde se pode RECONHECER um racio- cínio de ordem cultural, tal qual vimos expresso na frase de Simone de Beauvoir. a) As mulheres são o sexo-frágil e por isso precisam ser protegidas pelos homens. Homens são mais fortes física e emocionalmente. b) Cuidar dos filhos é tarefa primordial das mulheres. Elas ficam grávidas, os homens não. Apenas eles devem trabalhar fora de casa. c) Os homens, mais fortes e decididos que são, devem ser os chefes da casa. As mulheres devem ser suas apoiadoras. d) Ao incentivarmos meninos pequenos a brincarem de carrinho e de luta, e meninas a brincarem de boneca e de cozinha, estamos formando suas personalidades para a vida adulta. e) As mulheres são mais aptas ao contato humano, ao cuidado inter-pessoal. Por isso vemos tantas enfermeiras mulheres, e não homens. Aula 11 102 Extensivo Semiextensivo 11.10. (UEL – PR) – “Três grandes dimensões fundamentam o vín- culo social. Primeiro, a complementaridade e a troca: a divisão do trabalho social cria diferenças com base na complementaridade, o que permite aumentar as trocas. Em segundo lugar, o senti- mento de pertença à humanidade que nos leva a reforçar nossos vínculos com os outros seres humanos: força da linhagem, do vínculo sexu- al e familiar; afirmação de um destino comum da humanidade por grandes sistemas religiosos e metafísicos. Por fim, o fato de viver junto, de partilhar uma mesma cotidianidade; a proximi- dade surge então como produtora do vínculo so- cial e o camponês sedentário como o ser social por excelência.” (BOURDIN, Alain. A questão local. Rio de Janeiro: DP&A, 2001 p. 28.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar: a) A divisão do trabalho social na sociedade contemporânea desagrega os vínculos sociais. b) Os sistemas religiosos e metafísicos são fatores de isola- mento social, por resultarem de criações subjetivas dos indivíduos. c) O cotidiano das pequenas cidades e do mundo campe- sino favorece a criação de vínculos sociais. d) Pela ausência da cotidianidade, as grandes metrópoles deixaram de ser lugares de complementaridade e de trocas. e) O forte sentimento de pertencer à humanidade des- mantela a noção de comunidade e minimiza o papel da afetividade nas relações sociais. Aprofundamento 11.11. (UEL – PR) – “Na raiz de nossos julgamentos existe um certo número de noções essenciais que domi- nam toda a vida intelectual; são aquelas que os filósofos chamam de categorias do entendi- mento: noções de tempo, de espaço, de gênero, de número, de causa, de substância, de perso- nalidade etc. [...] Mas, se, como pensamos, as categorias são representações essencialmente coletivas, traduzem antes de tudo estados da coletividade: elas dependem da maneira pela qual esta é constituída e organizada, de sua morfologia, de suas instituições religiosas, mo- rais, econômicas etc.” (DURKHEIM, Émile. Sociologia. São Paulo: Ática, 1981. p. 154-157.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que a noção de categorias do entendimento compreende: a) Os estados emocionais fugazes dos indivíduos de distintas sociedades. b) Aquelas representações cuja formação é exterior às ins- tituições religiosas, morais e econômicas. c) O modo como a sociedade vê a si mesma nos modos de agir e pensar coletivos. d) A tradução de estados mentais dos indivíduos portadores de distintas visões de mundo. e) As noções incomuns à vida intelectual de uma sociedade que deturpa os julgamentos dos sujeitos. 11.12. (UEL – PR) – O texto a seguir refere-se à situação dos apátridas na Segunda Guerra Mundial: “O que era sem precedentes não era a perda do lar, mas a impossibilidade de encontrar um novo lar. De súbito revelou-se não existir lugar algum na terra aonde os emigrantes pudessem se dirigir sem as mais severas restrições, nenhum país ao qual pudessem ser assimilados, nenhum território em que pudessem fundar uma nova comunidade própria [...] A calamidade dos que não têm direitos não decorre do fato de terem sido privados da vida, da liberdade ou da procura da felicidade, nem da igualdade perante a lei ou da liberdade de opinião – fórmulas que se destinavam a resolver problemas dentro de certas