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Sociologia Rogério Bastos Vieira e Renato Mocelin Curitiba – 2021 EXTENSIVO SEMIEXTENSIVO Extensivo e Semiextensivo DIRETOR-PRESIDENTE Daniel Gonçalves Manaia Moreira DIRETOR EDITORIAL Joseph Razouk Junior GERENTE EDITORIAL Júlio Röcker Neto GERENTE DE PRODUÇÃO EDITORIAL Cláudio Espósito Godoy COORDENAÇÃO EDITORIAL Jeferson Freitas COORDENAÇÃO DE ARTE Elvira Fogaça Cilka COORDENAÇÃO DE ICONOGRAFIA Susan R. de Oliveira Mileski AUTORIA Rogério Bastos Vieira e Renato Mocelin REVISÃO Cornélio Bzuneck, Ricardo Venícius Trotta Telles e Selma Aparecida Mottin Cavasso EDIÇÃO DE ARTE Tatiane Esmanhotto Kaminski PROJETO GRÁFICO YAN Comunicação EDITORAÇÃO Fábio Rocha, Flávia Vianna, Gilson Aldir Roehrig Junior, Hilton Thiago Preisni, Kely Copruchinski Bressan, Maria Alice Gomes de Castro e Rosemara Buzetti PESQUISA ICONOGRÁFICA Lenon de Oliveira Araújo, Juliana de Cassia Câmara e Junior Guilherme Madalosso IMAGENS DE ABERTURA ©Shutterstock/Rido/Africa Studio/Valentyna Chukhlyebova/Johan ENGENHARIA DE PRODUTO Solange Szabelski Druszcz Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) (Angela Giordani / CRB 9-1262 / Curitiba, PR, Brasil) V658 Vieira, Rogério Bastos. Sistema Positivo de Ensino : extensivo e terceirão : semiextensivo : sociologia / Rogério Bastos Vieira e Renato Mocelin – Curitiba : PSD Educação, 2021. 124 p. : il. ISBN 978-65-5051-435-8 1. Educação. 2. Ensino médio. 3. Sociologia – Estudo e ensino. I. Mocelin, Renato. II. Título. CDD 370 © 2020 PSD Educação S.A. Todos os direitos reservados à PSD Educação S.A. PRODUÇÃO PSD Educação S.A. Avenida Nossa Senhora Aparecida, 174 - Seminário 80440-000 – Curitiba – PR Tel.: (41) 3312-3500 Site: www.sistemapositivo.com.br CONTATO editora.spe@positivo.com.br IMPRESSÃO E ACABAMENTO GRÁFICA E EDITORA POSIGRAF LTDA. Rua Senador Accioly Filho, 431/500 – CIC 81310-000 – Curitiba – PR Tel.: (41) 3212-5451 E-mail: posigraf@positivo.com.br 2021 Sumário Aula 01 A origem da Sociologia .................................................................................................................................................................................... 1 Aula 02 Fundamentos do pensamento sociológico ................................................................................................................................................. 12 Aula 03 Fundamentos do pensamento sociológico II.............................................................................................................................................. 22 Aula 04 Relações: sociedade e natureza...................................................................................................................................................................... 30 Aula 05 Trabalho e sociedade ........................................................................................................................................................................................ 40 Aula 06 Estrutura e estratificação social ...................................................................................................................................................................... 51 Aula 07 Movimentos sociais ........................................................................................................................................................................................... 61 Aula 08 Movimentos sociais e cidadania no Brasil ................................................................................................................................................... 69 Aula 09 Cultura e sociedade ........................................................................................................................................................................................... 78 Aula 10 A indústria cultural ............................................................................................................................................................................................ 88 Aula 11 Indivíduo, identidade, socialização e orientação sexual .......................................................................................................................... 97 Aula 12 O Estado Moderno e a nova ordem mundial ..............................................................................................................................................106 Aula 13 A Sociologia no Brasil........................................................................................................................................................................................115 Sociologia 5 A origem da Sociologia Aula 1 Sociologia Conceito A Sociologia é a ciência que estuda os aspectos do comportamento social, ou seja, como se dão as inter- -relações humanas nos mais diversos agrupamentos sociais. Eva Maria Lakatos conceitua Sociologia como o “estudo científico das relações sociais, das formas de associação, destacando-se os caracteres gerais comuns a todas as classes de fenômenos sociais, fenômenos que se produzem nas relações de grupos entre seres huma- nos.” Ou seja, a Sociologia é a ciência que se ocupa do estudo dos seres humanos em sociedade, seus modos de organização e inter-relações, em toda sua diversidade. Como exemplos de estudos de interesse sociológico, podemos destacar: a formação e desintegração de gru- pos; a divisão das sociedades em camadas; a mobilidade de indivíduos e grupos nas camadas sociais; processos de competição e cooperação; as relações e estrutura familiares; a criminalidade; a sexualidade – enfim, inú- meros podem ser os temas de estudo da Sociologia. Por esse motivo, as teorias e métodos sociológicos podem ser um importante instrumento para se compreender melhor a vida humana em grupos sociais. “A Sociologia é uma disciplina que se preocupa sobretudo, com a modernidade – com o caráter e a dinâmica das sociedades modernas e industrializadas [...]. Entre todas as ciências sociais, a sociologia estabelece uma relação mais direta com as questões que dizem respeito à nossa vida cotidiana – o desenvolvimento do urbanismo moderno, crime e punição, gênero, família, religião e poder social e econômico.” (GIDDENS, Anthony. Em defesa da Sociologia. São Paulo: Unesp, 2001, p. 11). É importante destacar que a Sociologia é uma ciên- cia em permanente transformação, porque a sociedade, que é o seu objeto de estudo, também está em cons- tante mudança. Em síntese, a Sociologia é a crítica do tempo presente. Origem e precursores do pensamento sociológico O pensamento sociológico é tão antigo quanto a Filosofia e, portanto, anterior ao nascimento da Sociologia como área independente do conhecimento. O filósofo chinês Confúcio já se preocupava com as relações sociais, como o papel da família para o desenvolvimento da sociedade. Platão, por sua vez, foi o primeiro filósofo ocidental a tentar estudar sistematicamente a sociedade e assim como Aristóteles, concebeu-a como uma estrutura baseada na divisão do trabalho e na desigualdade social. Para Aristóteles, a família constituía o núcleo social de base e a “natureza” já traria em si os elementos definidores da organização social: para ele, tanto era natural o ser humano se organizar em sociedade como eram “naturais” a escravidão dos seres considerados “inferiores” e a submissão da mulher (cuja natureza seria de subordinação) ao homem (cuja natureza seria de dominação). Aristóteles © W ik im ed ia C om m on s/ Ja st ro w 6 Extensivo Semiextensivo Obviamente, durante toda a história da humanidade diversas outras formas de se organizar a vida em socie- dade surgiram sem que, entretanto, viessem a incitar a constituição de um campo independente de estudo. Persistiu, contudo, no campo filosófico, em grande parte graças à hegemonia conquistada pela Igreja Católica durante a Idade Média,o pensamento que justifica os arranjos sociais como consequências “naturais” da desigual condição humana – a todos seria dado, divina- mente, o lugar “merecido” na estrutura social. Pelo menos até o Renascimento, o pensamento ocidental permaneceu submetido à teologia cristã, for- temente influenciada pela filosofia naturalista de Platão e Aristóteles, para quem a sociedade é uma consequên- cia natural do instinto humano, sempre obedecendo à ordem e a hierarquia de quem detenha o poder de governar a família ou a cidade-estado. Coube aos filósofos Contratualistas – Thomas Hobbes, John Locke e Jean Jacques Rousseau, cada qual desenvolvendo sua própria teoria quanto ao surgimento da vida em sociedade, – a negação do impulso associativo natural. Para esses filósofos, a sociedade não resulta de um instinto natural, mas, ao contrário, é algo absolutamente artificial. O pressuposto comum a todos os Contratualistas é a negação do impulso associativo natural e a noção de que só a vontade humana é capaz de inaugurar a vida social, ou seja, por uma espécie de “contrato social” todos consentem em aceitar certas limitações e legitimar uma estrutura social determinada. Para Rousseau, o problema fundamental para o qual o “contrato social” trouxe a solução era não perecer: “suponho os seres humanos tendo chegado ao ponto em que os obstáculos prejudiciais a sua con- servação no estado de natureza predominam, por sua resistência, sobre as forças que cada indivíduo pode usar para manter-se nesse estado. Então, esse estado primitivo não pode mais persistir, e o gêne- ro humano iria perecer se não mudasse a maneira de ser (...) encontrar uma forma de associação que defenda e proteja de toda a força comum a pessoa e os bens de cada associado, e pela qual cada um, unindo-se a todos, obedeça somente a si mesmo, e permaneça tão livre como antes.” (JJ ROUSSEAU, Do contrato social. (1762). EM: Michel Lallement, p. 60) Antes de Rousseau, o nobre francês Charles de Mon- tesquieu já havia se debruçado sobre várias questões so- ciológicas, sendo considerado por muitos autores como precursor da Sociologia. Para Montesquieu, como para outros autores antes dele, a organização social segue uma lógica ordenada. Porém, essa lógica não é divina, mas mundana: para compreendê-la, não se pode apelar à fé ou à moral, mas proceder à análise sócio-histórica das causas que levam ao estabelecimento de hábitos, costumes, usos, crenças e leis. Importante destacar que as mudanças geradas pelos movimentos revolucionários ocorridos na Europa nos séculos XVIII e XIX (Revolução Francesa e Revolução Industrial) é que provocaram o interesse dos cientistas sociais em compreender estas transformações. A Socio- logia consiste, então, em uma reflexão sobre a sociedade capitalista e industrial e surge como uma ciência para compreender os novos problemas sociais decorrentes desse processo histórico. O nascimento da Sociologia moderna, como ciência independente, ocorreu somente no século XIX, por obra do filósofo positivista Auguste Comte (1798-1857). Em 1838, Comte definiu as bases da Sociologia, como uma nova ciência dedicada ao estudo da sociedade através da unificação da história, psicologia e economia. Con- siderado também o primeiro filósofo da ciência, Comte notou a interdependência, entre teoria e observação para o conhecimento científico. Campos da Sociologia Como ciência que busca compreender o homem em sociedade, ou os grupos sociais, os campos da Sociologia são tão diversificados como a própria atividade humana. Campos tradicionais incluem: • Organização e estratificação social. Exemplos: caracte- rísticas da sociedade de classes no Brasil, sociedades de castas na Índia, mobilidade social. • Religião. Exemplos: a religião como forma de contro- le social, as mudanças sociais trazidas pela Reforma Protestante. • Sexualidade e questões de gênero. • Família. Exemplos: a evolução e função da instituição Família, as formas de relações maritais, a organização familiar no contexto social. Auguste Comte © Fu nd aç ão B ib lio te ca N ac io na l, Ri o de Ja ne iro Aula 1 7Sociologia Esses campos são progressivamente ampliados pelo reconhecimento de que as estruturas sociais afetam todas as áreas de atividade humana, de maneira que o leque de possibilidades do estudo sociológico pode envolver áreas tão diversas como: • Saúde: as instituições de saúde; os aspectos econô- micos e sociais dos sistemas públicos e privados; os fenômenos humanos e sociais que afetam a saúde; as relações de poder entre profissionais e pacientes; a saúde de grupos específicos. • Educação: o estudo da escola como instituição social; as relações escola-sociedade; a escola como agente de controle social e de socialização; • Trabalho: as relações entre indivíduos e grupos orga- nizados para a produção com finalidade econômica; os papéis dos profissionais; as relações de poder entre empregados e empregadores; a motivação para o trabalho, o papel da indústria no sistema de estratificação social. Enfim, esses são apenas alguns dos exemplos dos campos da Sociologia, que estuda o homo socius em todos os seus aspectos. Esses estudos ajudam não ape- nas a compreender as relações que se desenvolvem em diferentes estruturas de organização social, mas podem ser utilizados também para criar políticas públicas e de proteção social. Testes Assimilação 01.01. (UNESP – SP) – A elaboração e a realização do pro- jeto de pesquisa em Ciências Sociais, particularmente na Sociologia, a) é o mais barato e mais prático meio de se conhecer a realidade social. b) é o meio mais eficaz e científico de se conhecer a reali- dade social. c) é o meio mais adequado para se reconhecer o outro. d) é o melhor meio para se conhecer e controlar grupos sociais antagônicos. e) é o melhor e mais caro processo de constituição de me- canismos sociais de segregação social. 01.02. Os primeiros sociólogos procuravam entender o estado de organização da sociedade em formação, sendo o século XVIII muito importante para o surgimento dessa ciência pro- funda e complexa, a qual é estudada e analisada até os dias de hoje. Todas as transformações que ocorreram na época trouxeram consigo problemas para a vida em comunidade, daí surge a Sociologia e seus pesquisadores para esclarece- rem e organizarem as mudanças ocorridas no meio social, juntamente com os processos que interligam os indivíduos em grupos, associações e instituições. O termo Sociologia foi criado por Auguste Comte, em 1838, que pretendia unificar a Psicologia, a Economia e a História, levando em consideração que todos esses assuntos giram em torno do homem e seu comportamento. Mas os fundamentos sociológicos só foram institucionalizados com Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber, pensadores também renomados e que se tornaram a base teórica para o estudo das Ciências Sociais. O surgimento da Sociologia foi propiciado pela necessidade de: a) manter a interpretação mágica da realidade como patri- mônio de um restrito círculo sacerdotal. b) manter uma estrutura de pensamento mítica para a explicação do mundo. c) condicionar o indivíduo, através dos rituais, a agir e pensar conforme os ensinamentos transmitidos pelos deuses. d) considerar os fenômenos sociais como propriedade exclusiva de forças transcendentais. e) observar, medir e comprovar as regras que tornassem possível, através da razão, prever os fenômenos sociais. 01.03. (UNICENTRO – PR) – Considerando-se as grandes mudanças que ocorreram na história da humanidade, aquelas que aconteceram no século XVIII – e que se estenderam no século XIX – só foram superadas pelas grandes transformações do final do século XX. As mudanças provocadas pela revolução científico-tecnológica, que denominamos Revolu- ção Industrial, marcaram profundamente a organização social, alterando-a por completo, criando novas formas de organização e causando modificaçõesculturais duradouras, que perduram até os dias atuais. (DIAS, 2004, p. 15). Sobre o surgimento da Sociologia e as mudanças ocorridas na modernidade, é correto afirmar: a) O aparecimento das fábricas e o seu desenvolvimento levou ao crescimento das cidades rurais. b) A intensificação da economia agrária em larga escala nas metrópoles gerou o êxodo para o campo. c) A agricultura familiar desse período foi o objeto de estudo que fez surgir as ciências sociais. d) O aumento do trabalho humano nas fábricas ocasionou a diminuição da divisão do trabalho. e) A antiga forma de ver o mundo não podia mais solucionar os novos problemas sociais. 8 Extensivo Semiextensivo 01.04. Analise o texto. A Sociologia é a Ciência dos problemas sociais que emergem com a chegada do século XVIII. Que tem um marco econômico e outro político e social” TELES, Mª Luiza. Sociologia para Jovens. Petrópolis – RJ,Ed. Vozes: 2002. Sobre os aspectos que determinaram o surgimento da So- ciologia, é correto afirmar: a) É somente com a Revolução Francesa que a sociedade europeia passa a ter a consolidação do poder nobiliár- quico e o surgimento da Sociologia. b) O Renascimento Comercial e Urbano, assim como a ascensão das monarquias absolutistas, determinou o surgimento das Ciências Sociais. c) Com as Revoluções Burguesas e a Revolução Industrial, a Europa passa por grandes transformações sociais, políticas e econômicas que determinam o surgimento da Sociologia. d) É a partir da desagregação feudal e da consequente consolidação do trabalho servil que a Sociologia passa a ter seus fundamentos estabelecidos. e) A partir da consolidação do modo de produção feudal, a Sociologia passa a ter todos os fundamentos necessários para se organizar sistematicamente como ciência. 01.05. Sobre o surgimento da Sociologia, podemos afirmar que I. a consolidação do sistema capitalista na Europa no século XIX forneceu os elementos que serviram de base para o surgimento da Sociologia como ciência particular. II. o homem passou a ser visto, do ponto de vista socioló- gico, a partir de sua inserção na sociedade e nos grupos sociais que a constituem. III. aquilo que a Sociologia estuda constitui-se historicamen- te como o conjunto de relacionamentos que os homens estabelecem entre si na vida em sociedade. IV. interessa para a Sociologia não indivíduos isolados, mas inter-relacionados com os diferentes grupos sociais dos quais fazem parte, como a escola, a família, as classes sociais etc. a) II e III estão corretas. b) Todas as afirmativas estão corretas. c) I e IV estão corretas. d) I, III e IV estão corretas. e) II, III e IV estão corretas. 01.06. O primeiro desafio das ciências em geral, e da Sociolo- gia em particular, é o de superar o senso comum, fugindo das aparências da realidade social. Quando associado ao senso comum, o conhecimento pode ser prisioneiro de algumas armadilhas, como a de naturalizar questões e problemas que nada têm de naturais, ou tomar as impressões particulares como verdades universalmente válidas. Senso comum e conhecimento científico diferenciam-se, porque a) o senso comum é subjetivo e particular, pois se baseia em opiniões, enquanto a ciência procura se constituir como um conhecimento objetivo e universal. b) o senso comum se esforça para validar um conhecimento baseado nos testes experimentais, e o conhecimento sociológico é conceitual e abstrato. c) o senso comum tem sua validade nas demonstrações gerais, e, o conhecimento sociológico, nas teorizações particulares. d) o senso comum é metódico e sistemático, e o conheci- mento sociológico é assistemático. 01.07. (UNIOESTE – PR) – Segundo Zygmunt Bauman, a Sociologia é constituída por um conjunto considerável de conhecimentos acumulados ao longo da história. Pode-se dizer que a sua identidade se forma na distinção com o chamado senso comum. Considerando que a Sociologia estabelece diferenças com o senso comum e estabelece uma fronteira entre o pensamento formal e o senso comum, é correto afirmar que a) a Sociologia se distingue do senso comum por fazer afirmações corroboradas por evidências não verificáveis, baseadas em ideias não previstas e não testadas. b) o pensar sociologicamente caracteriza-se pela descrença na ciência e pouca fidedignidade de seus argumentos. O senso comum, ao contrário, evita explicações imediatas ao conservar o rigor científico dos fenômenos sociais. c) pensar sociologicamente é não ultrapassar o nível de nossas preocupações diárias e expressões cotidianas, enquanto o senso comum preocupa-se com a historicidade dos fenômenos sociais. d) o pensamento sociológico se distingue do senso comum na explicação de alguns eventos e circunstâncias, ou seja, enquanto o senso comum se preocupa em analisar e cruzar diversos conhecimentos, a Sociologia se preocupa apenas com as visões particulares do mundo. e) um dos papéis centrais desempenhados pela Sociologia é a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais, conservando o rigor original exigido no campo científico. 01.08. (UFU – MG) – Sobre o surgimento da Sociologia e suas proposições acerca da explicação do mundo social, pode-se afirmar que: a) a Sociologia é uma manifestação do pensamento mo- derno e uma forma de conhecimento do mundo social, cujas explicações são fundadas nas descobertas das ciências naturais e físicas, por pressupor uma unidade entre sociedade e natureza e rejeitar o uso de leis gerais no conhecimento. b) os pensadores fundadores da Sociologia concentraram seus esforços em interesses políticos e, portanto, práticos, Aula 1 9Sociologia face aos objetivos de contribuir para as transformações sociais e para a consolidação de uma nova ordem social diversa das sociedades feudal e capitalista. c) a desagregação da sociedade feudal e a consolidação da sociedade capitalista, com o consequente processo de industrialização e urbanização em países da Europa, contribuíram para o surgimento da Sociologia como forma de conhecimento das sociedades em extinção. d) a Sociologia surgiu no século XIX, vinculada à sociedade moderna, no contexto das transformações econômicas e sociais e no bojo das mudanças nas formas de pensamen- to, influenciadas pelas revoluções burguesas do século, bem como pelos ideais iluministas. 01.09. Quanto ao contexto de surgimento da Sociologia, é correto afirmar que a) ela surge logo após o fim da Segunda Grande Guerra como empreendimento científico que buscava compre- ender aquele fenômeno e encontrar soluções para os resultados de tal flagelo. b) ela é resultado dos estudos de investigadores norte-ame- ricanos empenhados em compreender os processos de industrialização e urbanização iniciado na década de 1930. c) ela surge concomitantemente à filosofia na Antiguidade que teve como pensadores paradigmáticos Platão e Aristóteles. d) emerge na modernidade, na virada do século XIX para o XX, buscando produzir explicações e compreender o conjunto de transformações sociais ocorridas no ocidente naquele momento. e) é simultânea ao período da Reforma Protestante sendo fruto das reflexões de Lutero e Calvino, podendo ser considerada a ciência fundada por eles para criticar o catolicismo. 01.10. (UFU – MG) – A preocupação com os problemas sociais existe desde quando o homem é homem. A busca de soluções para estes problemas também. Mas, no entan- to, o pensamento sociológico está diretamente ligado às consequências da Revolução Industrial. Neste sentido, o que distingue o pensamento sociológico dos pensamentos sociais anteriores? a) A transição do pensamento medieval para a criação de uma filosofia da problemática social com os iluministas no século XVIII. b) A criação de uma técnica filosófica que prima pela valorização do indivíduo no todo social, ao mesmo tempo que prima apenas pelas relações do homem com a sociedade. c) A possibilidade da sistematização, da elaboração de um método de análise e a definiçãode um objeto de pesquisa. d) A formação de uma elite de pensadores ligados ao pro- cesso de industrialização, que com técnicas matemáticas definiu a sociedade a partir de seus indivíduos. Aprofundamento 01.11. (UNIOESTE – PR) – No que diz respeito às relações entre Sociologia e mudanças sociais, pode-se dizer: a) A Sociologia é uma ciência que visa apreender cada so- ciedade em um dado momento sem poder explicar suas transformações, que são objeto da História. b) A Sociologia só e capaz de explicar as transformações derivadas das lutas entre as classes. c) Os estudos aos quais a Sociologia se dedica fundamen- tam-se no princípio de que mudanças e transformações só podem ocorrer quando os vários segmentos ou estratos de uma sociedade se unem para promover ou viabilizar tais mudanças. d) A questão das mudanças sociais é um tema que se tornou objeto de reflexão sociológica a partir do que se convencionou chamar “era pós-industrial” e globalização. e) A Sociologia busca captar os fenômenos produzidos pelas ações de atores sociais que visam defender seus interesses e os fatos associados às reações e resistências àquelas ações. 01.12. (UEL – PR) – A Sociologia é uma ciência moderna que surge e se desenvolve juntamente com o avanço do capita- lismo. Nesse sentido, reflete suas principais transformações e procura desvendar os dilemas sociais por ele produzidos. Sobre a emergência da Sociologia, considere as afirmativas a seguir. I. A Sociologia tem como principal referência a explica- ção teológica sobre os problemas sociais decorrentes da industrialização, tais como a pobreza, a desigualda- de social e a concentração populacional nos centros urbanos. II. A Sociologia é produto da Revolução Industrial, sen- do chamada de “ciência da crise”, por refletir sobre a transformação de formas tradicionais de existência social e as mudanças decorrentes da urbanização e da industrialização. III. A emergência da Sociologia só pode ser compreendida se for observada sua correspondência com o cienti- ficismo europeu e com a crença no poder da razão e da observação, enquanto recursos de produção do conhecimento. IV. A Sociologia surge como uma tentativa de romper com as técnicas e métodos das ciências naturais, na análise dos problemas sociais decorrentes das reminiscências do modo de produção feudal. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e III. b) II e III. c) II e IV. d) I, II e IV. e) I, III e IV. 10 Extensivo Semiextensivo 01.13. Selecione as afirmativas que Indicam o contexto histórico, social e filosófico que possibilitou a gênese da Sociologia. I. A Sociologia é um produto das revoluções francesa e industrial e foi uma resposta as novas situações colocadas por estas revoluções. II. O pensamento filosófico dos séculos XVII e XVIII con- tribuiu para popularizar os avanços científicos, sendo a teologia a forma norteadora desse pensamento. III. A formação de uma sociedade, que se industrializava e urbanizava em ritmo crescente, propiciou o fortalecimen- to da servidão e da família patriarcal. Assinale a alternativa correta. a) apenas I e II c) apenas II e III b) todas I, II e III d) apenas I 01.14. Percebe-se que as transformações ocorridas nas sociedades ocidentais permitiram a formação de relações sociais complexas. Nesse sentido, a Sociologia surgiu com o objetivo de compreender essas relações, explicando suas origens e consequências. Sobre o surgimento da Sociologia e das mudanças históricas ocorridas nos séculos XVIII e XIX, assinale a alternativa correta. a) A grande mecanização das fábricas nas cidades possibi- litou o desenvolvimento econômico da população rural por meio do aumento de empregos. b) A divisão social do trabalho foi minimizada com as novas tecnologias introduzidas pelas revoluções do século XVIII. c) A Sociologia foi uma resposta intelectual aos problemas sociais, que surgiram com a Revolução Industrial. d) O controle teológico da sociedade foi possível com o emprego sistemático da razão e do livre exame da realidade. e) As atividades rurais do período histórico, tratado no texto, foram o objeto de estudo que deu origem à Sociologia como ciência. 01.15. Acreditava-se nos primórdios da Sociologia, como aliás com relação às Ciências Sociais de uma maneira geral, ser possível atingir a mesma neutralidade e objetividade que se imaginava poder atingir nas ciências naturais. Por isso essa nova ciência da sociedade recebeu inicialmente o nome de Física Social e só posteriormente passou a ser denominada de Sociologia. Entre as alternativas abaixo, a única que não expressa uma perspectiva desse momento inicial da Sociologia é: a) Os métodos das Ciências Naturais poderiam e deveriam ser aplicados aos estudos sobre a sociedade. b) Havia a necessidade de desenvolver técnicas racionais para controlar os conflitos criados pelas sucessivas crises do século XIX. c) A única fonte legítima da Ciência seria a experiência externa. O testemunho da consciência e as experiências subjetivas, como fonte de observação científica, não tinham valor. d) Acreditava-se que seria necessário compreender e contro- lar racionalmente a natureza com o objetivo de encontrar mecanismos capazes de promover a preservação do meio ambiente, pois já se previa que os danos ambientais cau- sados pela aplicação da tecnologia na esfera da produção podem causar sérias consequências às gerações futuras. e) O fundamento inicial da Sociologia era o método positivo, alicerçado em um conjunto hierarquizado de ciências. Na larga base dessas ciências encontrava-se a Matemática e, em seu vértice, a Sociologia. 01.16. Leia o texto a seguir: Enquanto resposta intelectual à “crise social” de seu tempo, os primeiros sociólogos irão revalo- rizar determinadas instituições que, segundo eles, desempenham papéis fundamentais na integração e na coesão da vida social. A jovem ciência assu- mia como tarefa intelectual repensar o problema da ordem social, enfatizando a importância de instituições como a autoridade, a família, a hierar- quia social e destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade. MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 30. Com base nele, o surgimento da Sociologia foi motivado pelas transformações das relações sociais ocorridas na so- ciedade europeia, nos séculos XVIII e XIX, contribuindo para a) o aumento da desorganização social estabelecida pela Revolução Industrial. b) a organização de vários movimentos sociais controlados por pensadores como Saint-Simon e Comte. c) a elaboração de um conceito de Sociologia incluindo os fenômenos mentais como tema de reflexão e inves- tigação. d) a criação da corrente positivista, que propôs uma trans- formação da sociedade com base na reforma intelectual plena do ser humano. e) o surgimento de uma “física social” preocupada com a construção de uma teoria social, separada das ideias de ordem e desenvolvimento como chave para o conheci- mento da realidade. 01.17. (UEM – PR) – Sobre as condições de surgimento do pensamento sociológico, assinale o que for correto. 01) O desenvolvimento de um pensamento científico so- bre a sociedade surge em fins do século XVIII, na Euro- pa, como resposta às questões sociais que surgiram em decorrência dos processos de revolução burguesa. 02) Uma das principais ambições da Sociologia, em seus primórdios, foi criar uma concepção teológica da histó- ria humana, encontrando argumentos lógicos e racio- nais que comprovassem os efeitos da ação divina sobre a vida social. 04) O encontro com as populações ameríndias, os relatos que os viajantes europeus fizeram sobre a América e os conflitos originários desse encontro foram elementos Aula 1 11Sociologia 01.01. b 01.02. e 01.03. e 01.04. c 01.05. b 01.06. a 01.07. e 01.08. d 01.09. d 01.10. c 01.11. e 01.12. b 01.13. d 01.14. c 01.15. d 01.16. d 01.17. 29 (01 + 04 + 08 + 16) 01.18. 20 (04 + 16) 01.19. O período históricodo nascimento da Sociologia corresponde ao período subsequente às revoluções burguesas e de consolidação do capitalismo. Nes- se período, de grande euforia a respeito dos métodos científicos, a Sociologia nasce como o modelo científico mais adequado para analisar a constituição e os problemas da sociedade europeia da época. O aluno poderá citar a Revolução Industrial Inglesa e a Revolução Fran- cesa e o que significou cada uma de- las. Ou seja, a Revolução Industrial que modificou a organização da produção econômica e a Revolução Francesa que mudou as relações entre os indivíduos e o poder do Estado. Gabarito centrais para o desenvolvimento de um pensamento específico sobre o “outro”, o não europeu, que se tornou posteriormente alguns dos fundamentos da antropolo- gia social. 08) O fenômeno da desigualdade social, discutido na Sociologia por meio do conceito de estratificação social, é um tema presente no pensamento clássico e permanece como um dos principais problemas que desafiam as concepções contemporâneas das ciências sociais. 16) Marx jamais reivindicou o reconhecimento como sociólogo. No entanto, seus escritos, produzidos em meados do século XIX, tornaram-se textos centrais dos pensamentos político e social elaborados pela Sociologia nos séculos XX e XXI. 01.18. (UEM – PR) – Para o sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002), os agentes sociais estão inseridos na estrutura da sociedade, ocupando posições hierárquicas que dependem, em grande parte, das características culturais, sociais e comporta- mentais de cada indivíduo. Por isso, cada agente formula estratégias para se inserir na sociedade e para a manutenção de sua posição na hierarquia social que contribuem tanto para a conservação da estrutura social como para a sua transforma- ção. Para Bourdieu, “pode-se genericamente ve- rificar que quanto mais as pessoas ocupam uma posição favorecida na estrutura, mais elas tendem a conservar ao mesmo tempo a estrutura e a sua posição, nos limites, no entanto, de suas disposi- ções (isto é, de sua trajetória social, de sua origem social) que são mais ou menos apropriadas à sua posição.” (BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: UNESP, 2004, p. 29). Considerando o trecho citado e os estudos sociológicos sobre indivíduo e sociedade, assinale o que for correto. 01) O pensamento sociológico ensina que as relações so- ciais são diferentes das relações políticas, pois na socie- dade não há disputas e nem conflitos. 02) A Sociologia se dedica ao estudo das estruturas sociais, e não ao dos indivíduos, porque entende que as pessoas não atuam com racionalidade. 04) De acordo com Bourdieu, no trecho citado, as pessoas agem orientadas por disposições de classe e pela posi- ção que ocupam na estrutura social. 08) Ao estudar as relações sociais, Bourdieu afirma que o esforço e a dedicação individual são a medida do su- cesso pessoal que alguém pode ter em sua vida. 16) As relações entre as trajetórias individuais e as estrutu- ras sociais permitem à Sociologia estudar as mudanças e as permanências na ordem social. Desafio 01.19. (UFPR) – A Sociologia surge no final do século XIX para dar conta, em certa medida, das transformações que ocorreram na sociedade, principalmente na França e na Inglaterra, a partir do século XVIII. Que transformações foram essas e quais as suas principais características? 12 Extensivo Semiextensivo Fundamentos do pensamento sociológico Sociologia Aula 2 Considerado “o pai do Positivis- mo”, Auguste Comte (Montpellier, França, 1798-1857) empreendeu grandes esforços em aplicar às rela- ções sociais as leis das ciências exatas e biológicas (incluindo o evolucionis- mo darwiniano), direcionando méto- dos e conceitos com o fim de tornar o mais objetivo e científico possível o conhecimento da Sociologia. Para Comte, as sociedades tendem a passar por três estágios: o teológico, em que se atribuem ao sobrenatural ou às divindades as explicações aos fenômenos desco- nhecidos; o metafísico, no qual o ser humano explica as coisas através de fenômenos naturais; e o positivo ou científico, que tem exclusivamente na ciência a fonte do conhecimento. O lema “Ordem e Progresso” resume as duas “leis fundamentais” do pensamento sociológico de Comte: pela lei da estática, a sociedade desorganizada tende ao caos; com a organização, há a “dinâmica social”, que é a possibilidade de evolução, de progresso social. Embora todos os países europeus economicamente desen- volvidos tenham conhecido o Posi- tivismo, foi na França em primeiro lugar, e depois na Inglaterra, com Herbert Spencer e seu pensamento organicista-evolucionista, que essa escola predominou. Nesses países – França e Inglaterra – houve um grande desenvolvimento industrial e urbano a partir dos séculos XVII e XVIII, o que impulsionou os avanços nas ciências. Isso fez com que as escolas sociológicas da França e Inglaterra tivessem seus métodos e princípios largamente influencia- dos pelo Positivismo. Já a expansão econômica da Alemanha ocorreu tardiamente, no século XIX, durante o capitalismo concorrencial e sob a influência da sistematização de outras ciências humanas: a História e a Antropologia. É interessante ter sempre em mente o contraste entre a perspectiva positivista mais arraigada na França e Inglaterra, e a idealista Alemã, pois ela o ajudará a compreender melhor os pensamentos dos sociólogos Émile Durkheim e Max Weber: Para o positivismo: a História é vista como um processo universal de evolução da humanidade – essa visão tende a uma anulação dos processos históricos particulares e a uma “universalidade”, decor- rente da crença de que o cientista pode perceber estágios comuns a todas as sociedades, que evolutivamente passariam por estágios similares. Já o pensamento alemão se volta ao estudo da diversidade – da identificação das especificidades, da valorização dos aspectos históricos particulares de cada formação social, ou seja, há uma ênfase na Histó- ria e no estudo das diferenças culturais. Émile Durkheim (1858-1917) Um dos primeiros grandes teó- ricos da Sociologia, Émile Durkheim nasceu em 1858, em Épinal, França. De uma família judaica, estudou Filosofia, tornando-se professor na província. Em 1893, publicou a tese “Da divisão do trabalho social”. Fez estágio na Alemanha, período no qual escreveu dois artigos sobre a filosofia e a ciência positiva da moral alemã. Em 1887, tornou-se o encarregado de cursos de ciência social e pedagogia na Universidade de Bordeaux. Durkheim participou ativamente na questão do ensino civil na França e defendeu a igualdade de todos dian- te da lei, o respeito aos direitos civis e as liberdades políticas. Defendeu a criação de uma moral secular e definiu a sociedade segundo o modelo de um organismo dotado de consciência coletiva. Estudou também as for- mas de solidariedade social, a história da Sociologia, os sistemas educativos e a evolução da família. Émile Durkheim © Fo to ar en a/ Al bu m /A KG Im ag es Durkheim). A consciência coletiva consiste, portanto, na soma de crenças e sentimentos da média dos membros da comunidade, envolvendo a mentalidade e a morali- dade do indivíduo. Nas sociedades pré-capitalistas a consciência coleti- va se sobrepõe à individual; há segundo Durkheim uma solidariedade mecânica. O poder de coerção social, baseada na consciência coletiva é severa e repressiva. Não há tolerância aos diferentes, às particularidades ou a qualquer originalidade. Já a solidariedade orgânica: “é aquela típica das sociedades capitalistas, em que, pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornavam interdependentes. Essa interdependência garante a união social, em lu- gar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas, como ocorre nas sociedades con- temporâneas. Nas sociedades capitalistas, a cons- ciência coletivase afrouxa, ao mesmo tempo em que os indivíduos tornam-se mutuamente depen- dentes, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.” (COSTA, Cristina. Sociologia: uma introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2006, p. 87). Nas sociedades simples a coesão é garantida pela obediência a um conjunto de princípios. Os que violam tais princípios são punidos. Já nas sociedades complexas a solidariedade é necessária devido à desigualdade. Enquanto nas sociedades pré-industriais o rompimento das regras afeta a coletividade, nas sociedades capita- listas o não cumprimento das normas afeta as pessoas separadamente. A punição será dirigida para a devolu- ção àquele que foi prejudicado. Durkheim percebeu que as mudanças econômicas estavam produzindo um profundo desequilíbrio exacer- bando-se o individualismo com as pessoas só pensando nelas. Para o sociólogo francês ocorre uma anomia moral, pois os interesses individuais sobrepujam os interesses coletivos. Como os seres humanos são naturalmente egoístas é a vida em sociedade que os obriga a respeitar os interes- ses das demais pessoas. Para que o bem-estar coletivo seja garantido há necessidade de regras morais. “O mercado, adverte Durkheim, precisa de uma ética que deverá ser mais forte do que a pura lógica econômica. Deixado sem freio, sem regra, sem norma, o mercado não tem limite. Tudo se vende e tudo se compra, se houver quem compre. O papel de regulador da ética do mercado deveria ser desempenhado, nos sugere Durkheim, pelas corporações profissionais. Diferentemente dos Aula 2 13Sociologia 13 Fato social É social todo fato que é geral, que é experimentado pelo indivíduo como uma realidade independente e preexistente. São três as características básicas do fato social: “coerção social”, “educação” e “generalidade”. A “coerção social” consiste na força que os fatos exer- cem sobre os indivíduos levando-os a conformarem-se com as regras da sociedade. As sanções podem ser legais ou espontâneas. Há na sociedade regras formais e informais. A “educação” tanto a formal quanto a informal exerce uma força enorme sobre o indivíduo independentemen- te da sua vontade. Ao nascer, a pessoa já encontra regras sociais, costumes e leis que constituem mecanismos de forte coerção social. A característica da “generalidade” consiste em que todo fato social é geral, ou seja, se repete em todos os indivíduos ou na maioria deles, por isso os acontecimen- tos manifestam sua natureza coletiva. Os fatos sociais devem ser estudados como “coisas” (desvinculadas de concepções filosóficas, biológicas e psicológicas) de forma objetiva sem que suas concep- ções morais, políticas e ideológicas venham a influenciar a sua análise. O pesquisador deve ater-se àqueles acon- tecimentos gerais e repetitivos. Para explicá-los, deve procurar a causa e a função que desempenha. Na obra Suicídio (1897), Durkheim demonstra que tal fato social ocorre em todas as sociedades com certa regularidade. Sendo assim, o suicídio depende de leis sociais e não da vontade do suicida. Já as taxas variam de acordo com os contextos históricos. “Cada sociedade está predisposta a fornecer um contingente determinado de mortes voluntá- rias. Essa predisposição pode, portanto, constituir o objeto de um estudo especial que compete à Sociologia.” Émile Durkheim. Le Suicide. 1897. Mutações do mundo social Para Durkheim, a sociedade é um organismo vivo, no qual cada instituição e cada indivíduo cumprem papéis determinados e existem em função do todo. Na sua obra “A divisão do trabalho social” enunciou dois princípios: consciência coletiva e solidariedade mecânica e orgânica. Há duas consciências, a coletiva e a individual, “uma, que temos em comum com todo o nosso grupo, que, por conseguinte, não é nós mesmos, mas a socie- dade que vive em nós; a outra , que só representa a nós mesmos naquilo que temos de pessoal e distinto, naquilo que faz de cada um nós um indivíduo.”(Émile 14 Extensivo Semiextensivo sindicatos, nos quais se reúnem patrões de um lado e empregados do outro, as corporações uni- ficariam as diferentes categorias interessadas no processo de produção. Nelas, conviveriam tanto os “dirigentes” quanto os “executores”, ou seja, tanto o dono da fábrica quanto Carlitos [refere-se aos trabalhadores] e seus companheiros.” Helena Bomeny e outras. Tempos modernos, tempos de Sociologia. São Paulo: Editora do Brasil, 2016, p. 82. Max Weber (1864-1920) Natural de Erfurt, Ale- manha, filho de burgueses liberais, Max Weber foi um dos principais expoentes da sociologia Alemã e seu maior sistematizador. Estudou Direito, Filosofia, História e Sociologia. Iniciou sua carreira como professor em Berlim e em 1895 tornou-se cate- drático em Heidelberg. Participou da comissão redatora da Constituição da República de Weimar. Suas principais obras foram: A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905) e Economia e sociedade (1922, publicação póstuma). Weber coloca o indivíduo no centro do estudo da Sociologia: para ele, os indivíduos – os sujeitos da rela- ção social – agem em sociedade com um objetivo, uma justificativa subjetivamente elaborada. A esse “agir” social, Weber denominou “ação social”, ou seja, uma “ação com sentido”. Para Weber, cada sujeito age levado por um motivo, que pode ter por base a tradição (como sempre agiu e deve agir o membro do grupo social), a ação racional (valoração racional-objetiva, que o sujeito empreende em relação a sua conduta), ou ação movida pela emoti- vidade. Nesse sentido podemos identificar nos estudos de Weber quatro tipos de ação social: ação tradicional, ação afetiva, ação racional com relação a fins e ação racional com relação a valores. Verifica-se aqui o valor da especificidade no seu pensamento: a conduta humana dotada de sentido – ou a “ação social” – é o objeto de estudo da Sociologia. Logo, o sociólogo, para compreender a sociedade, deve penetrar na subjetividade da conduta humana em suas relações sociais: a tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos da ação humana. O que dá o sentido de “social” à ação humana é a interdependência entre os indivíduos: cada indivíduo Max Weber age de acordo com seus motivos, gerando efeitos sobre a realidade. Entre múltiplos indivíduos, várias conexões se estabelecem – pela frequência e modo como as ações sociais se estabelecem o cientista pode compreender e conceder tendências gerais de comportamento de certa sociedade. Para Max Weber, o cientista é também um “ator social”, e como tal age guiado por seus próprios motivos, orientado por suas pré-noções em relação à realidade que deverá estudar. Logo, muito embora acredite que o cientista deva primar pelo máximo de objetividade possível na análise dos acontecimentos, Weber rejeita a possibilidade de imparcialidade ou neutralidade total do cientista, como propunha Durkheim. Rejeita, também, o evolucionismo, em favor de uma análise histórica das sociedades. Afasta-o ainda do cientificismo positivista o fato de acreditar que, por mais quantificáveis que possam ser os fenômenos sociais, sua análise envolve sempre um esforço de interpretação, de subjetividade e com- preensão. O tipo ideal Para analisar os fatos sociais, Weber desenvolveu um instrumento científico de análise sociológica que des- creve modelos puros, a que chamou de “tipo ideal (no sentido de revelar uma ideia, uma imagem mental)”, que serve de base para a comparação de tipos existentes. A melhor forma de compreender o tipo ideal é a partir dos estudos sobre as cidades, empreendido por Weber: atra- vés da classificação e comparação entre diversos tipos de cidades, Weber elencou características e elementos essenciais a esta estrutura, criando o “tipo ideal” de cidade, que não corresponde à realidade, mas retém aspectos dela. Ele fez o mesmo para estabelecer tipos ideais de democracia, de capitalismoe de organização burocrática. Com base nessas crenças e método, Weber analisou os livros sagrados para compreender a relação entre religião e economia. A ética protestante e o espírito do capitalismo Em sua obra mais conhecida “A ética protestante e o espírito do capitalismo” Weber relacionou o papel do protestantismo à formação do capitalismo. Partin- do de dados estatísticos, demonstrou que os adeptos da Reforma Protestante se tornaram melhores sucedidos economicamente. Nessa obra, o sociólogo alemão procurou expor as relações entre religião e sociedade procurando desvendar as particularidades do capitalismo. © Fo to ar en a/ Al bu m /A KG Im ag es /F ot ot ec a Gi la rd i 15Sociologia Capa do livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo” Quais as razões que tornaram os protestantes homens de negócios, trabalhadores qualificados e em- presários bem-sucedidos? Para Weber, a disciplina, a poupança, a austeridade, a valorização do trabalho e o compromisso com o cumpri- mento do dever seriam os fatores que contribuíram para o sucesso econômico dos indivíduos que optaram pelas religiões reformadas. Formou-se uma nova mentalidade que veio ao encontro do modo de produção que estava se desenvolvendo no início da Idade Moderna. Para o protestante o trabalho não é castigo. Ser bem-sucedido naquilo que faz é uma forma de glorificar a Deus. Não dilapidar aquilo que ganha renunciando aos prazeres mundanos propicia o acúmulo de capitais, os quais serão investidos em atividades produtivas. Enquanto o católico tinha uma mentalidade “feudal”, o protestante tem um conjunto de costumes e hábitos que se encaixam no modo de produção que surgia concomitante com a Reforma levada a cabo por Lutero e Calvino. “Uma leitura apressada de “A ética” consisti- ria em atribuir a Weber uma tese idealista, con- traponto implícito à concepção materialista da história: a tese de um capitalismo, filho da moral protestante. É verdade que, contra as leituras mar- xistas, Weber se esforça claramente para mostrar que as ideias podem desempenhar um papel motor na história e vir a ser forças sociais eficazes. Mas na realidade a sua posição é mais matizada. Seu intui- to não consiste em negar a força de elementos ma- teriais, econômicos, técnicos..., que contribuíram para a expansão do capitalismo. Weber contenta- -se em isolar um fator cultural e sublinhar a sua eficácia própria. O ascetismo não foi, portanto, em seu ponto de vista, mais que um fator permissivo entre todos aqueles que atuaram em favor do de- senvolvimento do capitalismo. Uma implantado, este sistema socioeconômico foi ganhando terreno independentemente da ética puritana...” (LALLEMENT, Michel. História das ideias sociológicas: das origens a Max Weber. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 304) Método compreensivo Em seus trabalhos, Weber procurou estudar as par- ticularidades históricas das sociedades desenvolvendo suas análises destacando a especificidade das ciências humanas demonstrando sua independência em relação às ciências exatas e naturais. Em Weber encontramos a ideia do indeterminismo histórico. “Ao contrário de seus predecessores, ele não admitia nenhuma lei preexistente que regulasse o desenvolvimento da sociedade ou a sucessão de tipos de organização social. Isso permitiu que ele se aprofundasse no estudo das particularidades, procurando entender as formações sociais em suas singularidades, especialmente a jovem nação alemã que ele via despontar como potência.” (COSTA, Cristina. Obra citada, p. 102). Política e Estado Para Weber o conceito de política é muito amplo abrangendo todas as espécies de atividades diretivas autônomas. Pode-se falar da política de divisas de um banco, política de um sindicato, política educacional e tantas outras. Já o Estado define-se sociologicamente pelo meio específico que lhe é próprio: a possibilidade de usar a violência física. Grupos ou indivíduos não tem o direito de recorrer à violência, a não ser quando o Estado tolere, pois apenas este tem o monopólio de usá-la. “Por conse- guinte, entenderemos por política o conjunto dos esfor- ços feitos em vista de participar no poder ou influenciar a divisão do poder, que entre os Estados, que entre diversos grupos dentro de um mesmo Estado.”(Max Weber). Aula 2 © Co m pa nh ia d as L et ra s 16 Extensivo Semiextensivo Testes Assimilação 02.01. (UNICESUMAR – PR) – Nosso principal objetivo, com efeito, é esten- der à conduta humana o racionalismo científi- co, mostrando que, considerada no passado, ela é redutível a relações de causa e efeito que uma operação não menos racional pode transformar a seguir em regras de ação para o futuro. (DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p. XIII) A partir do excerto acima, é possível afirmar que a corrente teórica à qual se vincula o sociólogo francês Émile Durkheim é a) o Marxismo. b) o Positivismo. c) o Existencialismo. d) a Fenomenologia. e) o Historicismo. 02.02. (UNESP – SP) – Pode-se afirmar que a Sociologia contemporânea herdou as contribuições de autores con- siderados clássicos do pensamento sociológico a partir dos quais desenvolveram-se correntes teóricas distintas. Foram eles: a) Émile Durkheim, Theodor Adorno e Max Weber. b) Karl Marx, Max Weber e Karl Manheim. c) Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim. d) Émile Durkheim, Max Weber e Herbert Spencer. e) Karl Marx, Émile Durkheim e Talcott Parsons. 02.03. (UNICESUMAR – PR) – Trata-se, na sociedade capitalista, da “elaboração de um discurso homogêneo, pretensamente uni- versal, que, buscando identificar a realidade social com o que as classes dominantes pensam sobre ela, oculta as contradições existentes e silencia outros discursos e representações contrárias”. (TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio – volume único. 2a ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 179.) O trecho acima corresponde à definição de: a) Dominação. b) Cultura. c) Ideologia. d) Linguagem. e) Poder. 02.04. (UNICESUMAR – PR) - Os conceitos que expressam a sociologia compreensiva de Max Weber são: a) leis gerais, causalidade, normal e patológico, fatos sociais, consciência coletiva. b) determinação, totalidade concreta, lutas de classes, dialética, história. c) sentido, interpretação da ação social, tipo ideal, raciona- lização, história. d) fragmentação, formas e conteúdos sociais, interação, socialização. e) definição da situação, papéis sociais, dramaturgia social, linguagem. Aperfeiçoamento 02.05. (UNESP – SP) – “À medida que se foi estendendo a influência da concepção de vida puritana – e isto, natural- mente, é muito mais importante do que o simples fomento da acumulação de capital – ela favore- ceu o desenvolvimento de uma vida econômica racional e burguesa. Era a sua mais importante, e, antes de mais nada, a sua única orientação consis- tente, nisto tendo sido o berço do moderno “ho- mem econômico”. (Marx Weber, A Ética protestante e o espírito do capitalismo. 1967:125) De acordo com o texto, Max Weber está apontando para o “desenvolvimento de uma vida econômica racional e burguesa” e o desenvolvimento do capitalismo a partir da influência da: a) economia e sociedade. b) ética protestante. c) liderança carismática. d) ética liberal. e) teoria da ação social. 02.06. (UFFS – SC) – Podemos conceituar a Sociologia como a ciência que estuda as relações sociais e as formas de associação, considerando as interações que ocorrem na vida em sociedade. No entanto, só passou a ser considerada ciência quando um determinado autor passou a formular os primeiros conceitos e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias. Qual foi esse autor? a) Augusto Comte. b) Karl Marx. c) Émile Durkheim. d) Max Weber. e) Jean Jacques Rousseau. Aula 2 17Sociologia 02.07. A Sociologia corresponde a uma ciência da modernidade. Assinale as alternativas que estejam relacionadas ao surgimentodessa ciência social. ( ) O homem moderno sente a necessidade de compreender o mundo em que vive, dadas às transformações decorrentes da Revolução Industrial. ( ) A modernidade diz respeito, sobretudo, à forma como o homem se relaciona com a natureza. A evolução biológica faz com que o homem cada vez mais evolua seu pensamento. É por isso que as sociedades indígenas são mais atrasadas que as europeias. ( ) A Sociologia, em sua origem, esteve relacionada com o positivismo, que pro- curou trazer os métodos científicos das ciências naturais para as ciências do homem. ( ) A Sociologia nasce de mãos dadas com a Psicologia. Émile Durkheim é o grande exemplo de sociólogo que pensa a sociedade a partir das relações individuais. Em sua obra principal, O Suicídio, ele argumenta que o egoísmo é o principal problema moderno. a) V – V – F – F b) V – F – F – F c) F – F – V – V d) V – F – V – F e) F – V – V – V 02.08. (UPE – PE) – A Sociologia nasce no século XIX com o objetivo de combater a visão de mundo predominante nesse período, defendendo o estudo da ação coletiva e social. Assim, o objeto de estudo da Sociologia é definido como um conjunto de relacionamentos, que os homens estabelecem entre si, na vida em sociedade, num determinado contexto histórico. Na tirinha a seguir, percebe-se um objeto de estudo da Sociologia, que representa o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. Assinale a alternativa que contém a principal característica desse objeto de estudo. a) Igualdade b) Individualismo c) Liberdade d) Coerção e) Solidariedade 02.09. A Sociologia, para Durkheim, deveria ocupar-se do estudo das sociedades no intuito de: a) conhecer a fundo o ser humano e suas diversas facetas perante a sua interação com o outro, priorizando sua individualidade. b) Entender a fundo os processos sociais que formam a realidade social do Homem, atentando principalmente aos aspectos gerais, e não aos individuais. c) Descobrir e tratar todos os males humanos que afligem a sociedade, tendo como objetivo a formação de uma raça humana perfeita. d) A criação de uma seita científica, com o objetivo de construir o verdadeiro conhecimento em busca da perfeição humana. 02.10. Como Max Weber conceituou a ideia de “ação social”? a) Uma ação social é toda ação to- mada de forma coordenada e com outros sujeitos. b) Uma ação social é toda ação voltada para a remediação de problemas sociais. c) Uma ação social é toda ação que se configura em meio coletivo e sempre com um sentido político. d) Uma ação social é qualquer ação realizada por um sujeito em um meio social que possua um sentido determinado por seu autor. Aprofundamento 02.11. (UFU – MG) – Ao contrário de outros pen- sadores sociológicos anteriores, Weber acreditava que a Socio- logia deveria se concentrar na ação social e não nas estruturas GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 33. De acordo com esta assertiva, Weber considera que a) as ideias, os valores e as crenças têm o poder de ocasionar trans- formações. b) o conflito de classes é o fator mais relevante para a mudança social. c) as estruturas existem externamen- te ou independentemente dos indivíduos. d) os fatores econômicos são os mais importantes para as transformações sociais. 02.12. (UNICENTRO – PR) – Max Weber, um dos fundadores da Socio- logia, tinha amplo conhecimento em muitas áreas afins a essa ciência, tais como economia, direito e filosofia. Assim, ao analisar o desenvolvimento do capitalismo moderno, buscou entender a natureza e as causas da mudança social. Em sua obra, existem dois conceitos fundamentais, ou seja, a) cultura e tipo Ideal. b) classe e proletariado. c) anomia e solidariedade. d) fato social e burocracia. e) ação social e racionalidade. 18 Extensivo Semiextensivo 02.13. (UFU – MG) – A concepção da Sociologia de Durkheim se ba- seia em uma teoria do fato social. Seu objetivo é demonstrar que pode e deve existir uma Sociologia objetiva e científica, con- forme o modelo das outras ciências, tendo por objeto o fato social. ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 336. Em vista do exposto, assinale a alternativa correta. a) Durkheim demonstrou que o fato social está desconecta- do dos padrões de comportamento culturais do indivíduo em sociedade, e portanto deve ser usado para explicar apenas alguns tipos de sociedade. b) Segundo Durkheim, a primeira regra, e a mais funda- mental, é considerar os fatos sociais como coisas para serem analisadas. c) O estado normal da sociedade para Durkheim é o estado de anomia, quando todos os indivíduos exercem bem os fatos sociais. d) A solidariedade orgânica, para Durkheim, possui pequena divisão do trabalho social, como pode ser demonstrada pela análise dos fatos sociais da sociedade. 02.14. (UEL – PR) – O positivismo foi uma das grandes correntes de pensamento social, destacando-se, entre seus principais teóricos, Augusto Comte e Émile Durkheim. Sobre a concepção de conhecimento científico, presente no posi- tivismo do século XIX, é correto afirmar: a) A busca de leis universais só pode ser empreendida no interior das ciências naturais, razão pela qual o conheci- mento sobre o mundo dos homens não é científico. b) Os fatos sociais fogem à possibilidade de constituírem objeto do conhecimento científico, haja vista sua incom- patibilidade com os princípios gerais de objetividade do conhecimento e a neutralidade científica. c) Apreender a sociedade como um grande organismo, a exemplo do que fazia o materialismo histórico, é rejeitado como fonte de influência e orientação para as investiga- ções empreendidas no âmbito das ciências sociais. d) A ciência social tem como função organizar e racionalizar a vida coletiva, o que demanda a necessidade de entender suas regras de funcionamento e suas instituições forjadas historicamente. e) O papel do cientista social é intervir na construção do objeto, aportando à compreensão da sociedade os valores por ele assimilados durante o processo de socialização obtido no seio familiar. 02.15. Para Durkheim, os pesquisadores que buscaram explicar as causas e o suicídio como casos isolados, não chegaram à causa geradora. Para ele, essa causa geradora é exterior aos próprios indivíduos. Os três tipos de suicídio que Durkheim se propõe a estudar são: o suicídio egoísta, o suicídio altruísta e o suicídio anômico. O suicídio egoísta apresenta-se em indivíduos que: a) se identificam excessivamente com a sociedade na qual estão inseridos e, por isso, afastam-se dela com o suicídio. b) desenvolvem um estado de desregramento social, de- corrente do fato de suas atividades estarem desregradas. c) por se relacionarem com uma instituição religiosa, ape- gam-se a sua consciência religiosa e acreditam que esse ato os aproximará da religião. d) se desvinculam de seus grupos sociais, não veem mais razão de ser na vida. 02.16. (UNIOESTE – PR) – “Solidariedade orgânica” e “solidarie- dade mecânica” são conceitos propostos pelo sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) para explicar a ‘coesão social’ em diferentes tipos de sociedade. De acordo com as teses desse estudioso, nas sociedades ocidentais modernas, prevalece a ‘solidariedade orgânica’, onde os indivíduos se percebem diferen- tes embora dependentes uns dos outros. A lógica do mercado capitalista, entretanto, baseada na competição individualista em busca do lucro, pode corromper os vínculos de solidariedade que asseguram a coesão social e conduzir a uma situação de ‘anomia’. De acordo com os postulados de Durkheim, é CORRETO dizer que o conceito de “anomia” indica : a) uma situação na qual aqueles indivíduos portadores de um senso moral superior devem se colocar como líderes dos grupos dos quais fazem parte. b) a condição na qual os indivíduos não se identificam como membros de um grupo que compartilha as mesmas regras e normas e têm dificuldadespara distinguir, por exemplo, o certo do errado e o justo do injusto. c) a necessidade de todos demonstrarem solidariedade com os mais necessitados. d) a solidariedade que as pessoas demonstram quando entoam cantos nacionalistas e patrióticos em manifestações públicas como os jogos das seleções nacionais de futebol. 02.17. (UEGO) – O objeto de estudo da Sociologia, para Durkheim, é o fato social, que deve ser tratado como “coisa” e o sociólogo deve afastar suas prenoções e preconceitos. A construção durkheimiana do objeto de estudo da Sociologia pode ser considerada: a) kantiana, pois trata da “coisa em si” e realiza a coisificação da realidade. b) dialética, pois reconhece a existência de uma realidade exterior ao pesquisador. c) positivista, pois se fundamenta na busca de objetividade e neutralidade. d) nietzschiana, pois coloca a “vontade de poder” como fundamento para a pesquisa. e) weberiana, pois aborda a ação social racional atribuída por um sujeito. Aula 2 19Sociologia 02.18. (UEM – PR) – Sobre a Sociologia compreensiva de Max Weber, assinale o que for correto. 01) Segundo essa perspectiva sociológica, a ordem social impõe-se aos indivíduos como força exterior e coer- citiva, submetendo, assim, as vontades desses indiví- duos aos padrões sociais estabelecidos. 02) A ação social é entendida como um comportamento dotado de sentido subjetivamente visado e orientado para o comportamento de outros atores. 04) O sociólogo tem como tarefa fundamental a identifi- cação e a compreensão causal dos sentidos e das mo- tivações que orientam os indivíduos em suas ações sociais. 08) O que garante a cientificidade da análise sociológica é o recurso à objetividade pura dos fatos. 16) As instituições sociais são definidas como resultados de relações sociais estáveis e duráveis, passíveis de se- rem alteradas a partir de transformações nos sentidos atribuídos pelos indivíduos às suas ações. 02.19. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir. Sentir-se muito angustiado com a ideia de per- der seu celular ou de ser incapaz de ficar sem ele por mais de um dia é a origem da chamada “no- mofobia”, contração de no mobile phobia, doen- ça que afeta principalmente os viciados em redes sociais que não suportam ficar desconectados. Uma parte da população acha que, se não estiver conectada, perde alguma coisa. E se perdemos al- guma coisa, ou se não podemos responder ime- diatamente, desenvolvemos formas de ansiedade ou nervosismo. (Adaptado de: O medo de não ter o celular à disposição cria nova fobia.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre socialização e instituições sociais, na perspectiva funcionalista de Durkheim, assinale a alternativa correta. a) A nomofobia reduz a possibilidade de anomia social na medida em que aproxima o contato em tempo real dos indivíduos, fortalecendo a integração com a vida social. b) As interações sociais via tecnologias digitais são uma forma de solidariedade mecânica, pois os indivíduos uniformizam seus comportamentos. c) O que faz de uma rede social virtual uma instituição é o fato de exercer um poder coercitivo e ao mesmo tempo desejável sobre os indivíduos. d) O uso de interações sociais por recursos tecnológicos constitui um elemento moral a ser compreendido como fato social. e) Para a nomofobia ser considerada um fato social, faz-se necessário que esteja presente em uma diversidade de grupos sociais. 02.20. De acordo com seus estudos sobre os teóricos das Ciências Sociais, responda às questões a seguir. a) O que é “fato social”, segundo o sociólogo Émile Dur- kheim? b) Quais são as três características de um “fato social”? c) Segundo a definição de Émile Durkheim, cite um exemplo de um fato social. d) Cite a principal diferença entre “fato social” de Émile Dur- kheim e “ação social” de Max Weber. 20 Extensivo Semiextensivo 02.21. (UFU – MG) – Em seu estudo sobre o suicídio, Émile Durkheim procurou chamar a atenção para a dimensão socio- lógica deste fato. Assim, “considerando que o suicídio é um ato da pessoa e que só a ela atinge, tudo indica que deva depender exclusivamente de fatores individuais e que sua explicação, por conseguinte, caiba tão somente à psicologia. De fato, não é pelo temperamento do suicida, por seu caráter, por seus antecedentes, pelos fatores de sua história privada que em geral se explica a sua decisão.[...]”. E complementa: “o suicídio varia na razão inversa do grau de integração dos grupos sociais de que faz parte o indivíduo.” (O Suicídio. Estudo de sociologia. São Paulo:Martins Fontes, 2000.). a) Explique os tipos de suicídio definidos por Durkheim. b) Discorra a respeito da relação estabelecida por Durkheim entre os tipos de suicídio e os tipos de solidariedade por ele definidos. Aula 2 21Sociologia 02.01. b 02.02. c 02.03. c 02.04. c 02.05. b 02.06. c 02.07. d 02.08. d 02.09. b 02.10. d 02.11. a 02.12. e 02.13. b 02.14. d 02.15. d 02.16. b 02.17. c 02.18. 22 (02 + 04 + 16) 02.19. d 02.20. a) Segundo Durkheim, os fatos sociais são maneiras coletivas de agir e de pensar. b) As características dos fatos sociais são: educação, coercitividade e gene- ralidade. c) Um fato social pode ser o modo de vestir, o modo de cortar o cabelo, a língua, a moeda, a religião entre outros. d) Para Émile Durkheim, o fato social era exterior ao indivíduo e a ação social para Max Weber era interior ao indiví- duo. 02.21. a) Como citado no fragmento retirado do livro do próprio Durkheim – O Sui- cídio – sua preocupação sociológica ao estudar este ato que, a princípio possa ter uma conotação individual de estrito estudo da área da Psico- logia, fora de identificar/observar o nexo social do suicida com a própria sociedade, confirmando, assim, sua teoria de que o suicídio seria um fato social por excelência por carregar as características de generalidade, exterioridade e coercitividade. Assim o autor estabelece três tipos de sui- cídio: • Suicídio altruísta – neste tipo de suicídio o indivíduo tira sua própria vida por se identificar sobremaneira com os interesses da coletividade. • Suicídio egoísta – neste tipo de suicídio o indivíduo tira sua própria vida, pois os laços e normas sociais perdem sentido para ele, uma vez que, estamos inserido sem um contexto de uma alta nas cons- ciências individuais. • Suicídio anômico – neste tipo de suicídio o indivíduo tira sua própria vida, pois a sociedade está enfren- tando uma conjuntura de crise ou ruptura do equilíbrio social. Dur- kheim ainda cita um quarto tipo de suicídio, o fatalista, porém ele não chegou a desenvolver uma teoria explicativa para tal que o pudesse comprovar por meio de seus métodos científicos. b) Em relação aos tipos de suicídios e os tipos de solidariedade definidos por Durkheim, pode-se considerar que o Suicídio altruísta – é mais co- mum em sociedades que possuem a chamada solidariedade mecânica, devido à forte consciência coletiva. Por conta disso, até no momento de se matar, o indivíduo o faz pensando no meio social. Desse modo, esse tipo de suicídio revela a forte inte- gração entre o indivíduo e o grupo social. Quanto ao suicídio egoísta, ele é característico de sociedades em que a consciência individual já ocupa algum espaço, em função da diminuição da consciência coletiva, por isso, em casos de solidariedade orgânica. Nesse sentido, pode-se afirmar que o ato suicida se explica não por uma demasiada integração social, mas exatamente pela inter- mitência das relações sociais, ou seja, pelo enfraquecimento da integração social. No caso do suicídio anômico, pode-se perceber uma similaridade entre esse tipo e o egoísta, segundo Durkheim, ou seja, ambos são mais comuns em sociedades de solida- riedade orgânica. Porém, para dife- renciá-los sempre teremos que usar o critério: aquele que é realizado em períodos equilibrados do ponto de vista social/moral deverá ser denomi- nado egoísta,e aquele que decorrer da perturbação da ordem coletiva caracterizada por circunstâncias nas quais as regras perdem sua validade e gera o enfraquecimento dos laços sociais, será chamado anômico. Por- tanto, enquanto o suicídio altruísta se explica pela integração excessiva do indivíduo e a sociedade, os tipos egoísta e anômico possuem explica- ção exatamente no contrário, ou seja, na falta de integração social. Gabarito 22 Extensivo Semiextensivo Sociologia Aula 3 Fundamentos do pensamento sociológico II Pensamento de Karl Marx Karl Marx (1818-1883) nasceu em Trier, na Prússia. Seus pais eram judeus convertidos ao luteranismo (religião na qual Marx foi batizado aos 6 anos de idade, embora mais tarde tenha se tornado ateu). Cursou Direito e Filosofia nas Universidades de Boon e Berlim, onde estudou Hegel, cuja obra foi o “ponto de partida” do pen- samento marxista: primeiramente um “jovem hegeliano”, ele viria posteriormente a rejeitar e criticar a filosofia que considerou ser uma idealização da elite política. Devido a perseguições do governo da Prússia, em 1843 Marx se mudou para Paris, onde veio a conhecer Friedrich Engels, um filósofo e industrial alemão que se tornou seu amigo e financiou boa parte de suas obras. Marx continuou sendo perseguido na França e, depois de uma temporada na Bélgica, fixou residência em Lon- dres. Com Engels, Marx escreveu em 1847 “O Manifesto Comunista”, publicado em 1848. “O Manifesto Comunista” é um tratado político que faz uma análise: dos modos como se manifestou, historicamente, a opressão social; das mudanças tra- zidas pelas revoluções burguesas, que instauraram no poder a burguesia, a nova classe opressora; e das consequências da industrialização, que transformou o trabalhador em “coisa”. O Manifesto é, além de uma crítica ao modo capitalista de produção, que reorga- nizou as sociedades, um chamado à luta pela defesa dos direitos da classe trabalhadora – o proletariado. Marx transitou da Filosofia à Economia e o alcance e influência de suas teorias são até hoje objeto de estudos e controvérsias, muitas resultantes da incompreensão ou simplificação reducionista de seus textos. Como ponto de partida, é importante ter em mente que Marx rejeitou o idealismo burguês, que para ele contrastava com as realidades da vida e constituía uma forma de “declinação”. Marx escreveu para vários jornais durante a vida, inclusive o New York Daily Tribune. Sua obra magna foi “O Capital”, dividida em 3 volumes que até hoje serve de base para a compreensão da relação entre trabalho e capital. Karl Marx © W ik im ed ia C om m on s/ Jo hn Ja be z E dw in M ay al Socialismo Científico Ou marxismo, é o nome dado ao conjunto de ideias, elaboradas por Karl Marx e Friedrich Engels, que fornece- ram a base teórica para se alcançar o que eles consideraram ser uma forma mais elevada de organização da sociedade: o socialismo. O estudo do marxismo é normalmente dividido em três áreas, ou componentes do marxismo, que dizem respeito aos campos do conhecimento da filosofia (materialismo dialético), história social (materialismo histórico) e economia (economia marxista). Essa aula fornece uma brevíssima introdução ao marxismo – que é uma ciência com sua própria terminologia, fundamentada na filosofia do materialismo dialético. Materialismo dialético É a filosofia do marxismo e o método sobre o qual se fundamenta. Quer saibamos ou não, consciente ou inconscientemente, todos têm uma filosofia – uma maneira de olhar o mundo. Aula 3 23Sociologia Para Marx, a classe dominante impõe a filosofia do- minante, ou seja, o “modo de pensar o mundo” que pre- domina e é visto como o “correto” ou “natural” é aquele que é transmitido a todos os membros da sociedade por aqueles que detém o poder – através da imprensa, das escolas e universidades, enfim de todas as estruturas sociais. Para ele, a manutenção do sistema capitalista só é possível porque a classe dominante impõe sua filosofia – com sua moralidade, conservadorismo, defesa de interesses de poucos como se representassem os da sociedade. Filosoficamente, o Idealismo burguês susten- ta o sistema capitalista, pois apregoa a permanência de um Ideal absoluto que precede e rege o mundo material e considera as coisas como fixas e imóveis; como um complexo de coisas prontas, cuja existência é anterior (a priori) e superior ao homem. Por outro lado, o materialismo dialético afirma que nada é permanente, todas as coisas perecem no tempo e a matéria precede a consciência que se tem dela, não o inverso: a mente exige um corpo material – os materialistas não concebem uma consciência separada do cérebro vivo. Para Marx “não é a consciência que determina a existência, é a existência que determina a consciência”. Atenção! Os termos “materialismo” e “idealismo” não devem ser compreendidos aqui como em seu uso cotidiano: não se deve compreender materialismo no sentido de apego ou cobiça material; nem idealismo no sen- tido de ideais elevados ou virtudes. Logo, o materialismo filosófico é uma perspectiva segundo a qual as ideias são simplesmente um reflexo do mundo material. Segundo Engels “todas as ideias são tiradas da experiência, são reflexos – verdadeiros ou distorcidos – da realidade”. É importante ressaltar que os materialistas não negam a existência da mente ou dos pro- cessos mentais, como consciência, pensamento, vontade, apenas negam que a mente e seus processos existam como entes distintos. Além de materialista, a visão marxista do mundo é dialética. Segundo Engels, a dialética “é a ciência das leis gerais do movimento e do desenvolvimento da natureza, da sociedade e do pensamento humanos”. Resumidamente, o materialismo dialético busca explicar as leis da evolução e da mudança, vendo o mundo não como um Ideal estático, mas como um complexo de processos contínuos, que passam por transformações inin- terruptas de vir à existência e desaparecer. Por isso, Marx destaca que há a necessidade de considerarmos a realida- de socioeconômica de determinada época como um todo articulado, na qual aparecem contradições diversas. Materialismo histórico É o método marxista de análise da história, segundo o qual, em última instância, toda mudança social pode ser explicada em função das mudanças no modo de produção. É “materialista” porque considera as condi- ções materiais de desenvolvimento dos seres humanos através da história. Marx afirmava que a estrutura econômica da so- ciedade, constituída de suas relações de produção, é a verdadeira base da sociedade, o alicerce sobre o qual se ergue a superestrutura jurídica e política e ao qual correspondem formas definidas de consciência social. Já as relações de produção da sociedade correspondem a uma determinada fase do desenvolvimento das suas forças produtivas materiais; dessa maneira, “o modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e espiritual em geral”. Para Marx, nenhuma atividade humana tem existência independente: toda experiência consciente é condicionada pelas condições histórico-sociais nas quais todo ser humano se desenvolve, dentro de uma realidade concreta: “Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade, em cir- cunstâncias escolhidas por eles próprios, mas nas circunstâncias imediatamente encontradas, dadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas pesa sobre o cérebro dos vivos como um pesadelo. E mesmo quando estes pare- cem ocupados a revolucionar-se, a si e às coisas, mesmo a criar algo de ainda não existente, é pre- cisamente nessas épocas de crise revolucionária que esconjuram temerosamente em seu auxílio o espírito do passado.” Karl Marx. O 18 Brumário de Luís Napoleão. Resumidamente: • O fator determinante da história é como os homens organizam a sua produção, as relações de produção. • O nível de desenvolvimento das forças produtivas
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