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Sociologia
Rogério Bastos Vieira e Renato Mocelin
Curitiba – 2021
EXTENSIVO
SEMIEXTENSIVO
Extensivo e Semiextensivo
DIRETOR-PRESIDENTE
Daniel Gonçalves Manaia Moreira
DIRETOR EDITORIAL 
Joseph Razouk Junior
GERENTE EDITORIAL 
Júlio Röcker Neto
GERENTE DE PRODUÇÃO EDITORIAL 
Cláudio Espósito Godoy
COORDENAÇÃO EDITORIAL 
Jeferson Freitas
COORDENAÇÃO DE ARTE 
Elvira Fogaça Cilka
COORDENAÇÃO DE ICONOGRAFIA 
Susan R. de Oliveira Mileski 
AUTORIA
Rogério Bastos Vieira e Renato Mocelin
REVISÃO
Cornélio Bzuneck, Ricardo Venícius Trotta Telles e 
Selma Aparecida Mottin Cavasso 
EDIÇÃO DE ARTE
Tatiane Esmanhotto Kaminski
PROJETO GRÁFICO
YAN Comunicação
EDITORAÇÃO
Fábio Rocha, Flávia Vianna, Gilson Aldir Roehrig Junior, 
Hilton Thiago Preisni, Kely Copruchinski Bressan, 
Maria Alice Gomes de Castro e Rosemara Buzetti 
PESQUISA ICONOGRÁFICA
Lenon de Oliveira Araújo, Juliana de Cassia Câmara e 
Junior Guilherme Madalosso
IMAGENS DE ABERTURA
©Shutterstock/Rido/Africa Studio/Valentyna Chukhlyebova/Johan 
ENGENHARIA DE PRODUTO
Solange Szabelski Druszcz
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)
(Angela Giordani / CRB 9-1262 / Curitiba, PR, Brasil)
V658 Vieira, Rogério Bastos.
Sistema Positivo de Ensino : extensivo e terceirão : semiextensivo : 
sociologia / Rogério Bastos Vieira e Renato Mocelin – Curitiba : PSD 
Educação, 2021.
124 p. : il.
ISBN 978-65-5051-435-8
 
1. Educação. 2. Ensino médio. 3. Sociologia – Estudo e ensino. 
I. Mocelin, Renato. II. Título.
 
CDD 370
© 2020 PSD Educação S.A.
Todos os direitos reservados à PSD Educação S.A.
PRODUÇÃO 
PSD Educação S.A.
Avenida Nossa Senhora Aparecida, 174 - Seminário
80440-000 – Curitiba – PR
Tel.: (41) 3312-3500
Site: www.sistemapositivo.com.br
CONTATO
editora.spe@positivo.com.br
IMPRESSÃO E ACABAMENTO
GRÁFICA E EDITORA POSIGRAF LTDA.
Rua Senador Accioly Filho, 431/500 – CIC 
81310-000 – Curitiba – PR
Tel.: (41) 3212-5451
E-mail: posigraf@positivo.com.br
2021 
Sumário
Aula 01 A origem da Sociologia .................................................................................................................................................................................... 1
Aula 02 Fundamentos do pensamento sociológico ................................................................................................................................................. 12
Aula 03 Fundamentos do pensamento sociológico II.............................................................................................................................................. 22
Aula 04 Relações: sociedade e natureza...................................................................................................................................................................... 30
Aula 05 Trabalho e sociedade ........................................................................................................................................................................................ 40
Aula 06 Estrutura e estratificação social ...................................................................................................................................................................... 51
Aula 07 Movimentos sociais ........................................................................................................................................................................................... 61
Aula 08 Movimentos sociais e cidadania no Brasil ................................................................................................................................................... 69
Aula 09 Cultura e sociedade ........................................................................................................................................................................................... 78
Aula 10 A indústria cultural ............................................................................................................................................................................................ 88
Aula 11 Indivíduo, identidade, socialização e orientação sexual .......................................................................................................................... 97
Aula 12 O Estado Moderno e a nova ordem mundial ..............................................................................................................................................106
Aula 13 A Sociologia no Brasil........................................................................................................................................................................................115
Sociologia 
5
A origem da Sociologia
Aula 
1
Sociologia
Conceito
A Sociologia é a ciência que estuda os aspectos do 
comportamento social, ou seja, como se dão as inter- 
-relações humanas nos mais diversos agrupamentos 
sociais. Eva Maria Lakatos conceitua Sociologia como 
o “estudo científico das relações sociais, das formas de 
associação, destacando-se os caracteres gerais comuns 
a todas as classes de fenômenos sociais, fenômenos que 
se produzem nas relações de grupos entre seres huma-
nos.” Ou seja, a Sociologia é a ciência que se ocupa do 
estudo dos seres humanos em sociedade, seus modos de 
organização e inter-relações, em toda sua diversidade.
Como exemplos de estudos de interesse sociológico, 
podemos destacar: a formação e desintegração de gru-
pos; a divisão das sociedades em camadas; a mobilidade 
de indivíduos e grupos nas camadas sociais; processos 
de competição e cooperação; as relações e estrutura 
familiares; a criminalidade; a sexualidade – enfim, inú-
meros podem ser os temas de estudo da Sociologia. Por 
esse motivo, as teorias e métodos sociológicos podem 
ser um importante instrumento para se compreender 
melhor a vida humana em grupos sociais. 
“A Sociologia é uma disciplina que se 
preocupa sobretudo, com a modernidade – com 
o caráter e a dinâmica das sociedades modernas 
e industrializadas [...]. Entre todas as ciências 
sociais, a sociologia estabelece uma relação 
mais direta com as questões que dizem respeito 
à nossa vida cotidiana – o desenvolvimento do 
urbanismo moderno, crime e punição, gênero, 
família, religião e poder social e econômico.” 
(GIDDENS, Anthony. Em defesa da Sociologia. São Paulo: Unesp, 
2001, p. 11).
É importante destacar que a Sociologia é uma ciên-
cia em permanente transformação, porque a sociedade, 
que é o seu objeto de estudo, também está em cons-
tante mudança. Em síntese, a Sociologia é a crítica do 
tempo presente. 
Origem e precursores do 
pensamento sociológico
O pensamento sociológico é tão antigo quanto a 
Filosofia e, portanto, anterior ao nascimento da Sociologia 
como área independente do conhecimento. O filósofo 
chinês Confúcio já se preocupava com as relações sociais, 
como o papel da família para o desenvolvimento da 
sociedade. Platão, por sua vez, foi o primeiro filósofo 
ocidental a tentar estudar sistematicamente a sociedade 
e assim como Aristóteles, concebeu-a como uma estrutura 
baseada na divisão do trabalho e na desigualdade social. 
Para Aristóteles, a família constituía o núcleo social de 
base e a “natureza” já traria em si os elementos definidores 
da organização social: para ele, tanto era natural o ser 
humano se organizar em sociedade como eram “naturais” 
a escravidão dos seres considerados “inferiores” e a 
submissão da mulher (cuja natureza seria de subordinação) 
ao homem (cuja natureza seria de dominação). 
 Aristóteles
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6 Extensivo Semiextensivo
Obviamente, durante toda a história da humanidade 
diversas outras formas de se organizar a vida em socie-
dade surgiram sem que, entretanto, viessem a incitar 
a constituição de um campo independente de estudo. 
Persistiu, contudo, no campo filosófico, em grande parte 
graças à hegemonia conquistada pela Igreja Católica 
durante a Idade Média,o pensamento que justifica 
os arranjos sociais como consequências “naturais” da 
desigual condição humana – a todos seria dado, divina-
mente, o lugar “merecido” na estrutura social. 
Pelo menos até o Renascimento, o pensamento 
ocidental permaneceu submetido à teologia cristã, for-
temente influenciada pela filosofia naturalista de Platão 
e Aristóteles, para quem a sociedade é uma consequên-
cia natural do instinto humano, sempre obedecendo 
à ordem e a hierarquia de quem detenha o poder de 
governar a família ou a cidade-estado. 
Coube aos filósofos Contratualistas – Thomas Hobbes, 
John Locke e Jean Jacques Rousseau, cada qual 
desenvolvendo sua própria teoria quanto ao surgimento 
da vida em sociedade, – a negação do impulso 
associativo natural. Para esses filósofos, a sociedade não 
resulta de um instinto natural, mas, ao contrário, é algo 
absolutamente artificial. O pressuposto comum a todos 
os Contratualistas é a negação do impulso associativo 
natural e a noção de que só a vontade humana é capaz 
de inaugurar a vida social, ou seja, por uma espécie de 
“contrato social” todos consentem em aceitar certas 
limitações e legitimar uma estrutura social determinada. 
Para Rousseau, o problema fundamental para o qual o 
“contrato social” trouxe a solução era não perecer:
“suponho os seres humanos tendo chegado ao 
ponto em que os obstáculos prejudiciais a sua con-
servação no estado de natureza predominam, por 
sua resistência, sobre as forças que cada indivíduo 
pode usar para manter-se nesse estado. Então, esse 
estado primitivo não pode mais persistir, e o gêne-
ro humano iria perecer se não mudasse a maneira 
de ser (...) encontrar uma forma de associação que 
defenda e proteja de toda a força comum a pessoa 
e os bens de cada associado, e pela qual cada um, 
unindo-se a todos, obedeça somente a si mesmo, e 
permaneça tão livre como antes.” 
(JJ ROUSSEAU, Do contrato social. (1762). EM: Michel Lallement, 
p. 60) 
Antes de Rousseau, o nobre francês Charles de Mon-
tesquieu já havia se debruçado sobre várias questões so-
ciológicas, sendo considerado por muitos autores como 
precursor da Sociologia. Para Montesquieu, como para 
outros autores antes dele, a organização social segue 
uma lógica ordenada. Porém, essa lógica não é divina, 
mas mundana: para compreendê-la, não se pode apelar 
à fé ou à moral, mas proceder à análise sócio-histórica 
das causas que levam ao estabelecimento de hábitos, 
costumes, usos, crenças e leis. 
Importante destacar que as mudanças geradas pelos 
movimentos revolucionários ocorridos na Europa nos 
séculos XVIII e XIX (Revolução Francesa e Revolução 
Industrial) é que provocaram o interesse dos cientistas 
sociais em compreender estas transformações. A Socio-
logia consiste, então, em uma reflexão sobre a sociedade 
capitalista e industrial e surge como uma ciência para 
compreender os novos problemas sociais decorrentes 
desse processo histórico. 
O nascimento da Sociologia moderna, como ciência 
independente, ocorreu somente no século XIX, por obra 
do filósofo positivista Auguste Comte (1798-1857). Em 
1838, Comte definiu as bases da Sociologia, como uma 
nova ciência dedicada ao estudo da sociedade através 
da unificação da história, psicologia e economia. Con-
siderado também o primeiro filósofo da ciência, Comte 
notou a interdependência, entre teoria e observação 
para o conhecimento científico.
Campos da Sociologia
Como ciência que busca compreender o homem em 
sociedade, ou os grupos sociais, os campos da Sociologia 
são tão diversificados como a própria atividade humana. 
Campos tradicionais incluem:
 • Organização e estratificação social. Exemplos: caracte-
rísticas da sociedade de classes no Brasil, sociedades 
de castas na Índia, mobilidade social. 
 • Religião. Exemplos: a religião como forma de contro-
le social, as mudanças sociais trazidas pela Reforma 
Protestante. 
 • Sexualidade e questões de gênero. 
 • Família. Exemplos: a evolução e função da instituição 
Família, as formas de relações maritais, a organização 
familiar no contexto social.
 Auguste Comte
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Aula 1
7Sociologia 
Esses campos são progressivamente ampliados pelo 
reconhecimento de que as estruturas sociais afetam 
todas as áreas de atividade humana, de maneira que 
o leque de possibilidades do estudo sociológico pode 
envolver áreas tão diversas como:
 • Saúde: as instituições de saúde; os aspectos econô-
micos e sociais dos sistemas públicos e privados; os 
fenômenos humanos e sociais que afetam a saúde; 
as relações de poder entre profissionais e pacientes; 
a saúde de grupos específicos. 
 • Educação: o estudo da escola como instituição social; 
as relações escola-sociedade; a escola como agente 
de controle social e de socialização; 
 • Trabalho: as relações entre indivíduos e grupos orga-
nizados para a produção com finalidade econômica; 
os papéis dos profissionais; as relações de poder 
entre empregados e empregadores; a motivação 
para o trabalho, o papel da indústria no sistema de 
estratificação social.
Enfim, esses são apenas alguns dos exemplos dos 
campos da Sociologia, que estuda o homo socius em 
todos os seus aspectos. Esses estudos ajudam não ape-
nas a compreender as relações que se desenvolvem em 
diferentes estruturas de organização social, mas podem 
ser utilizados também para criar políticas públicas e de 
proteção social.
Testes
Assimilação
01.01. (UNESP – SP) – A elaboração e a realização do pro-
jeto de pesquisa em Ciências Sociais, particularmente na 
Sociologia,
a) é o mais barato e mais prático meio de se conhecer a 
realidade social.
b) é o meio mais eficaz e científico de se conhecer a reali-
dade social.
c) é o meio mais adequado para se reconhecer o outro.
d) é o melhor meio para se conhecer e controlar grupos 
sociais antagônicos.
e) é o melhor e mais caro processo de constituição de me-
canismos sociais de segregação social.
01.02. Os primeiros sociólogos procuravam entender o estado 
de organização da sociedade em formação, sendo o século 
XVIII muito importante para o surgimento dessa ciência pro-
funda e complexa, a qual é estudada e analisada até os dias 
de hoje. Todas as transformações que ocorreram na época 
trouxeram consigo problemas para a vida em comunidade, 
daí surge a Sociologia e seus pesquisadores para esclarece-
rem e organizarem as mudanças ocorridas no meio social, 
juntamente com os processos que interligam os indivíduos 
em grupos, associações e instituições. O termo Sociologia foi 
criado por Auguste Comte, em 1838, que pretendia unificar a 
Psicologia, a Economia e a História, levando em consideração 
que todos esses assuntos giram em torno do homem e seu 
comportamento. Mas os fundamentos sociológicos só foram 
institucionalizados com Karl Marx, Émile Durkheim e Max 
Weber, pensadores também renomados e que se tornaram a 
base teórica para o estudo das Ciências Sociais.
O surgimento da Sociologia foi propiciado pela necessidade de:
a) manter a interpretação mágica da realidade como patri-
mônio de um restrito círculo sacerdotal.
b) manter uma estrutura de pensamento mítica para a 
explicação do mundo.
c) condicionar o indivíduo, através dos rituais, a agir e pensar 
conforme os ensinamentos transmitidos pelos deuses.
d) considerar os fenômenos sociais como propriedade 
exclusiva de forças transcendentais.
e) observar, medir e comprovar as regras que tornassem 
possível, através da razão, prever os fenômenos sociais.
01.03. (UNICENTRO – PR) – 
Considerando-se as grandes mudanças que 
ocorreram na história da humanidade, aquelas 
que aconteceram no século XVIII – e que se 
estenderam no século XIX – só foram superadas 
pelas grandes transformações do final do século 
XX. As mudanças provocadas pela revolução 
científico-tecnológica, que denominamos Revolu-
ção Industrial, marcaram profundamente a 
organização social, alterando-a por completo, 
criando novas formas de organização e causando 
modificaçõesculturais duradouras, que perduram 
até os dias atuais.
(DIAS, 2004, p. 15).
Sobre o surgimento da Sociologia e as mudanças ocorridas 
na modernidade, é correto afirmar:
a) O aparecimento das fábricas e o seu desenvolvimento 
levou ao crescimento das cidades rurais.
b) A intensificação da economia agrária em larga escala nas 
metrópoles gerou o êxodo para o campo.
c) A agricultura familiar desse período foi o objeto de estudo 
que fez surgir as ciências sociais.
d) O aumento do trabalho humano nas fábricas ocasionou 
a diminuição da divisão do trabalho.
e) A antiga forma de ver o mundo não podia mais solucionar 
os novos problemas sociais.
8 Extensivo Semiextensivo
01.04. Analise o texto.
A Sociologia é a Ciência dos problemas sociais 
que emergem com a chegada do século XVIII. Que 
tem um marco econômico e outro político e social”
TELES, Mª Luiza. Sociologia para Jovens. Petrópolis – RJ,Ed. Vozes: 2002.
Sobre os aspectos que determinaram o surgimento da So-
ciologia, é correto afirmar:
a) É somente com a Revolução Francesa que a sociedade 
europeia passa a ter a consolidação do poder nobiliár-
quico e o surgimento da Sociologia.
b) O Renascimento Comercial e Urbano, assim como a 
ascensão das monarquias absolutistas, determinou o 
surgimento das Ciências Sociais.
c) Com as Revoluções Burguesas e a Revolução Industrial, 
a Europa passa por grandes transformações sociais, 
políticas e econômicas que determinam o surgimento 
da Sociologia.
d) É a partir da desagregação feudal e da consequente 
consolidação do trabalho servil que a Sociologia passa a 
ter seus fundamentos estabelecidos.
e) A partir da consolidação do modo de produção feudal, a 
Sociologia passa a ter todos os fundamentos necessários 
para se organizar sistematicamente como ciência.
01.05. Sobre o surgimento da Sociologia, podemos afirmar 
que
I. a consolidação do sistema capitalista na Europa no século 
XIX forneceu os elementos que serviram de base para o 
surgimento da Sociologia como ciência particular.
II. o homem passou a ser visto, do ponto de vista socioló-
gico, a partir de sua inserção na sociedade e nos grupos 
sociais que a constituem.
III. aquilo que a Sociologia estuda constitui-se historicamen-
te como o conjunto de relacionamentos que os homens 
estabelecem entre si na vida em sociedade.
IV. interessa para a Sociologia não indivíduos isolados, mas 
inter-relacionados com os diferentes grupos sociais dos 
quais fazem parte, como a escola, a família, as classes 
sociais etc.
a) II e III estão corretas.
b) Todas as afirmativas estão corretas.
c) I e IV estão corretas.
d) I, III e IV estão corretas.
e) II, III e IV estão corretas.
01.06. O primeiro desafio das ciências em geral, e da Sociolo-
gia em particular, é o de superar o senso comum, fugindo das 
aparências da realidade social. Quando associado ao senso 
comum, o conhecimento pode ser prisioneiro de algumas 
armadilhas, como a de naturalizar questões e problemas que 
nada têm de naturais, ou tomar as impressões particulares 
como verdades universalmente válidas.
Senso comum e conhecimento científico diferenciam-se, 
porque
a) o senso comum é subjetivo e particular, pois se baseia em 
opiniões, enquanto a ciência procura se constituir como 
um conhecimento objetivo e universal.
b) o senso comum se esforça para validar um conhecimento 
baseado nos testes experimentais, e o conhecimento 
sociológico é conceitual e abstrato.
c) o senso comum tem sua validade nas demonstrações 
gerais, e, o conhecimento sociológico, nas teorizações 
particulares.
d) o senso comum é metódico e sistemático, e o conheci-
mento sociológico é assistemático.
01.07. (UNIOESTE – PR) – Segundo Zygmunt Bauman, a 
Sociologia é constituída por um conjunto considerável de 
conhecimentos acumulados ao longo da história. Pode-se 
dizer que a sua identidade se forma na distinção com o 
chamado senso comum. Considerando que a Sociologia 
estabelece diferenças com o senso comum e estabelece 
uma fronteira entre o pensamento formal e o senso comum, 
é correto afirmar que
a) a Sociologia se distingue do senso comum por fazer 
afirmações corroboradas por evidências não verificáveis, 
baseadas em ideias não previstas e não testadas.
b) o pensar sociologicamente caracteriza-se pela descrença 
na ciência e pouca fidedignidade de seus argumentos. O 
senso comum, ao contrário, evita explicações imediatas 
ao conservar o rigor científico dos fenômenos sociais.
c) pensar sociologicamente é não ultrapassar o nível de 
nossas preocupações diárias e expressões cotidianas, 
enquanto o senso comum preocupa-se com a 
historicidade dos fenômenos sociais.
d) o pensamento sociológico se distingue do senso comum 
na explicação de alguns eventos e circunstâncias, ou seja, 
enquanto o senso comum se preocupa em analisar e 
cruzar diversos conhecimentos, a Sociologia se preocupa 
apenas com as visões particulares do mundo.
e) um dos papéis centrais desempenhados pela Sociologia 
é a desnaturalização das concepções ou explicações dos 
fenômenos sociais, conservando o rigor original exigido 
no campo científico.
01.08. (UFU – MG) – Sobre o surgimento da Sociologia e 
suas proposições acerca da explicação do mundo social, 
pode-se afirmar que:
a) a Sociologia é uma manifestação do pensamento mo-
derno e uma forma de conhecimento do mundo social, 
cujas explicações são fundadas nas descobertas das 
ciências naturais e físicas, por pressupor uma unidade 
entre sociedade e natureza e rejeitar o uso de leis gerais 
no conhecimento.
b) os pensadores fundadores da Sociologia concentraram 
seus esforços em interesses políticos e, portanto, práticos, 
Aula 1
9Sociologia 
face aos objetivos de contribuir para as transformações 
sociais e para a consolidação de uma nova ordem social 
diversa das sociedades feudal e capitalista.
c) a desagregação da sociedade feudal e a consolidação 
da sociedade capitalista, com o consequente processo 
de industrialização e urbanização em países da Europa, 
contribuíram para o surgimento da Sociologia como 
forma de conhecimento das sociedades em extinção.
d) a Sociologia surgiu no século XIX, vinculada à sociedade 
moderna, no contexto das transformações econômicas e 
sociais e no bojo das mudanças nas formas de pensamen-
to, influenciadas pelas revoluções burguesas do século, 
bem como pelos ideais iluministas.
01.09. Quanto ao contexto de surgimento da Sociologia, é 
correto afirmar que 
a) ela surge logo após o fim da Segunda Grande Guerra 
como empreendimento científico que buscava compre-
ender aquele fenômeno e encontrar soluções para os 
resultados de tal flagelo. 
b) ela é resultado dos estudos de investigadores norte-ame-
ricanos empenhados em compreender os processos de 
industrialização e urbanização iniciado na década de 1930.
c) ela surge concomitantemente à filosofia na Antiguidade 
que teve como pensadores paradigmáticos Platão e 
Aristóteles. 
d) emerge na modernidade, na virada do século XIX para 
o XX, buscando produzir explicações e compreender o 
conjunto de transformações sociais ocorridas no ocidente 
naquele momento.
e) é simultânea ao período da Reforma Protestante sendo 
fruto das reflexões de Lutero e Calvino, podendo ser 
considerada a ciência fundada por eles para criticar o 
catolicismo.
01.10. (UFU – MG) – A preocupação com os problemas 
sociais existe desde quando o homem é homem. A busca 
de soluções para estes problemas também. Mas, no entan-
to, o pensamento sociológico está diretamente ligado às 
consequências da Revolução Industrial. Neste sentido, o 
que distingue o pensamento sociológico dos pensamentos 
sociais anteriores?
a) A transição do pensamento medieval para a criação de 
uma filosofia da problemática social com os iluministas 
no século XVIII.
b) A criação de uma técnica filosófica que prima pela 
valorização do indivíduo no todo social, ao mesmo 
tempo que prima apenas pelas relações do homem 
com a sociedade.
c) A possibilidade da sistematização, da elaboração de um 
método de análise e a definiçãode um objeto de pesquisa.
d) A formação de uma elite de pensadores ligados ao pro-
cesso de industrialização, que com técnicas matemáticas 
definiu a sociedade a partir de seus indivíduos.
Aprofundamento
01.11. (UNIOESTE – PR) – No que diz respeito às relações 
entre Sociologia e mudanças sociais, pode-se dizer:
a) A Sociologia é uma ciência que visa apreender cada so-
ciedade em um dado momento sem poder explicar suas 
transformações, que são objeto da História.
b) A Sociologia só e capaz de explicar as transformações 
derivadas das lutas entre as classes.
c) Os estudos aos quais a Sociologia se dedica fundamen-
tam-se no princípio de que mudanças e transformações 
só podem ocorrer quando os vários segmentos ou estratos 
de uma sociedade se unem para promover ou viabilizar 
tais mudanças.
d) A questão das mudanças sociais é um tema que se 
tornou objeto de reflexão sociológica a partir do 
que se convencionou chamar “era pós-industrial” e 
globalização.
e) A Sociologia busca captar os fenômenos produzidos 
pelas ações de atores sociais que visam defender seus 
interesses e os fatos associados às reações e resistências 
àquelas ações.
01.12. (UEL – PR) – A Sociologia é uma ciência moderna que 
surge e se desenvolve juntamente com o avanço do capita-
lismo. Nesse sentido, reflete suas principais transformações 
e procura desvendar os dilemas sociais por ele produzidos. 
Sobre a emergência da Sociologia, considere as afirmativas 
a seguir.
I. A Sociologia tem como principal referência a explica-
ção teológica sobre os problemas sociais decorrentes 
da industrialização, tais como a pobreza, a desigualda-
de social e a concentração populacional nos centros 
urbanos.
II. A Sociologia é produto da Revolução Industrial, sen-
do chamada de “ciência da crise”, por refletir sobre a 
transformação de formas tradicionais de existência 
social e as mudanças decorrentes da urbanização e da 
industrialização.
III. A emergência da Sociologia só pode ser compreendida 
se for observada sua correspondência com o cienti-
ficismo europeu e com a crença no poder da razão 
e da observação, enquanto recursos de produção do 
conhecimento.
IV. A Sociologia surge como uma tentativa de romper com 
as técnicas e métodos das ciências naturais, na análise 
dos problemas sociais decorrentes das reminiscências 
do modo de produção feudal.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e III.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I, II e IV.
e) I, III e IV.
10 Extensivo Semiextensivo
01.13. Selecione as afirmativas que Indicam o contexto 
histórico, social e filosófico que possibilitou a gênese da 
Sociologia.
I. A Sociologia é um produto das revoluções francesa e 
industrial e foi uma resposta as novas situações colocadas 
por estas revoluções.
II. O pensamento filosófico dos séculos XVII e XVIII con-
tribuiu para popularizar os avanços científicos, sendo a 
teologia a forma norteadora desse pensamento.
III. A formação de uma sociedade, que se industrializava e 
urbanizava em ritmo crescente, propiciou o fortalecimen-
to da servidão e da família patriarcal.
Assinale a alternativa correta.
a) apenas I e II
c) apenas II e III
b) todas I, II e III
d) apenas I
01.14. Percebe-se que as transformações ocorridas nas 
sociedades ocidentais permitiram a formação de relações 
sociais complexas. Nesse sentido, a Sociologia surgiu com 
o objetivo de compreender essas relações, explicando suas 
origens e consequências. Sobre o surgimento da Sociologia 
e das mudanças históricas ocorridas nos séculos XVIII e XIX, 
assinale a alternativa correta. 
a) A grande mecanização das fábricas nas cidades possibi-
litou o desenvolvimento econômico da população rural 
por meio do aumento de empregos. 
b) A divisão social do trabalho foi minimizada com as novas 
tecnologias introduzidas pelas revoluções do século XVIII.
c) A Sociologia foi uma resposta intelectual aos problemas 
sociais, que surgiram com a Revolução Industrial. 
d) O controle teológico da sociedade foi possível com o 
emprego sistemático da razão e do livre exame da realidade. 
e) As atividades rurais do período histórico, tratado no texto, 
foram o objeto de estudo que deu origem à Sociologia 
como ciência.
01.15. Acreditava-se nos primórdios da Sociologia, como 
aliás com relação às Ciências Sociais de uma maneira geral, 
ser possível atingir a mesma neutralidade e objetividade 
que se imaginava poder atingir nas ciências naturais. Por 
isso essa nova ciência da sociedade recebeu inicialmente 
o nome de Física Social e só posteriormente passou a ser 
denominada de Sociologia. Entre as alternativas abaixo, a 
única que não expressa uma perspectiva desse momento 
inicial da Sociologia é: 
a) Os métodos das Ciências Naturais poderiam e deveriam 
ser aplicados aos estudos sobre a sociedade. 
b) Havia a necessidade de desenvolver técnicas racionais 
para controlar os conflitos criados pelas sucessivas crises 
do século XIX. 
c) A única fonte legítima da Ciência seria a experiência 
externa. O testemunho da consciência e as experiências 
subjetivas, como fonte de observação científica, não 
tinham valor.
d) Acreditava-se que seria necessário compreender e contro-
lar racionalmente a natureza com o objetivo de encontrar 
mecanismos capazes de promover a preservação do meio 
ambiente, pois já se previa que os danos ambientais cau-
sados pela aplicação da tecnologia na esfera da produção 
podem causar sérias consequências às gerações futuras. 
e) O fundamento inicial da Sociologia era o método positivo, 
alicerçado em um conjunto hierarquizado de ciências. Na 
larga base dessas ciências encontrava-se a Matemática e, 
em seu vértice, a Sociologia.
01.16. Leia o texto a seguir: 
Enquanto resposta intelectual à “crise social” 
de seu tempo, os primeiros sociólogos irão revalo-
rizar determinadas instituições que, segundo eles, 
desempenham papéis fundamentais na integração 
e na coesão da vida social. A jovem ciência assu-
mia como tarefa intelectual repensar o problema 
da ordem social, enfatizando a importância de 
instituições como a autoridade, a família, a hierar-
quia social e destacando a sua importância teórica 
para o estudo da sociedade.
MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 30. 
Com base nele, o surgimento da Sociologia foi motivado 
pelas transformações das relações sociais ocorridas na so-
ciedade europeia, nos séculos XVIII e XIX, contribuindo para 
a) o aumento da desorganização social estabelecida pela 
Revolução Industrial. 
b) a organização de vários movimentos sociais controlados 
por pensadores como Saint-Simon e Comte. 
c) a elaboração de um conceito de Sociologia incluindo 
os fenômenos mentais como tema de reflexão e inves-
tigação. 
d) a criação da corrente positivista, que propôs uma trans-
formação da sociedade com base na reforma intelectual 
plena do ser humano.
e) o surgimento de uma “física social” preocupada com a 
construção de uma teoria social, separada das ideias de 
ordem e desenvolvimento como chave para o conheci-
mento da realidade.
01.17. (UEM – PR) – Sobre as condições de surgimento do 
pensamento sociológico, assinale o que for correto. 
01) O desenvolvimento de um pensamento científico so-
bre a sociedade surge em fins do século XVIII, na Euro-
pa, como resposta às questões sociais que surgiram em 
decorrência dos processos de revolução burguesa.
02) Uma das principais ambições da Sociologia, em seus 
primórdios, foi criar uma concepção teológica da histó-
ria humana, encontrando argumentos lógicos e racio-
nais que comprovassem os efeitos da ação divina sobre 
a vida social. 
04) O encontro com as populações ameríndias, os relatos 
que os viajantes europeus fizeram sobre a América e os 
conflitos originários desse encontro foram elementos 
Aula 1
11Sociologia 
01.01. b
01.02. e
01.03. e
01.04. c
01.05. b
01.06. a
01.07. e
01.08. d
01.09. d
01.10. c
01.11. e
01.12. b
01.13. d
01.14. c
01.15. d
01.16. d
01.17. 29 (01 + 04 + 08 + 16)
01.18. 20 (04 + 16)
01.19. O período históricodo nascimento da 
Sociologia corresponde ao período 
subsequente às revoluções burguesas 
e de consolidação do capitalismo. Nes-
se período, de grande euforia a respeito 
dos métodos científicos, a Sociologia 
nasce como o modelo científico mais 
adequado para analisar a constituição e 
os problemas da sociedade europeia da 
época. O aluno poderá citar a Revolução 
Industrial Inglesa e a Revolução Fran-
cesa e o que significou cada uma de-
las. Ou seja, a Revolução Industrial que 
modificou a organização da produção 
econômica e a Revolução Francesa que 
mudou as relações entre os indivíduos e 
o poder do Estado. 
Gabarito
centrais para o desenvolvimento de um pensamento 
específico sobre o “outro”, o não europeu, que se tornou 
posteriormente alguns dos fundamentos da antropolo-
gia social. 
08) O fenômeno da desigualdade social, discutido na 
Sociologia por meio do conceito de estratificação 
social, é um tema presente no pensamento clássico 
e permanece como um dos principais problemas 
que desafiam as concepções contemporâneas das 
ciências sociais. 
16) Marx jamais reivindicou o reconhecimento como 
sociólogo. No entanto, seus escritos, produzidos em 
meados do século XIX, tornaram-se textos centrais 
dos pensamentos político e social elaborados pela 
Sociologia nos séculos XX e XXI.
01.18. (UEM – PR) – 
Para o sociólogo francês Pierre Bourdieu 
(1930-2002), os agentes sociais estão inseridos 
na estrutura da sociedade, ocupando posições 
hierárquicas que dependem, em grande parte, 
das características culturais, sociais e comporta-
mentais de cada indivíduo. Por isso, cada agente 
formula estratégias para se inserir na sociedade e 
para a manutenção de sua posição na hierarquia 
social que contribuem tanto para a conservação 
da estrutura social como para a sua transforma-
ção. Para Bourdieu, “pode-se genericamente ve-
rificar que quanto mais as pessoas ocupam uma 
posição favorecida na estrutura, mais elas tendem 
a conservar ao mesmo tempo a estrutura e a sua 
posição, nos limites, no entanto, de suas disposi-
ções (isto é, de sua trajetória social, de sua origem 
social) que são mais ou menos apropriadas à sua 
posição.” 
(BOURDIEU, P. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo 
científico. São Paulo: UNESP, 2004, p. 29).
Considerando o trecho citado e os estudos sociológicos sobre 
indivíduo e sociedade, assinale o que for correto. 
01) O pensamento sociológico ensina que as relações so-
ciais são diferentes das relações políticas, pois na socie-
dade não há disputas e nem conflitos. 
02) A Sociologia se dedica ao estudo das estruturas sociais, 
e não ao dos indivíduos, porque entende que as 
pessoas não atuam com racionalidade. 
04) De acordo com Bourdieu, no trecho citado, as pessoas 
agem orientadas por disposições de classe e pela posi-
ção que ocupam na estrutura social.
08) Ao estudar as relações sociais, Bourdieu afirma que o 
esforço e a dedicação individual são a medida do su-
cesso pessoal que alguém pode ter em sua vida. 
16) As relações entre as trajetórias individuais e as estrutu-
ras sociais permitem à Sociologia estudar as mudanças 
e as permanências na ordem social.
Desafio
01.19. (UFPR) – A Sociologia surge no final do século XIX 
para dar conta, em certa medida, das transformações que 
ocorreram na sociedade, principalmente na França e na 
Inglaterra, a partir do século XVIII. Que transformações foram 
essas e quais as suas principais características?
 
12 Extensivo Semiextensivo
Fundamentos do pensamento 
sociológico
Sociologia
Aula 2
Considerado “o pai do Positivis-
mo”, Auguste Comte (Montpellier, 
França, 1798-1857) empreendeu 
grandes esforços em aplicar às rela-
ções sociais as leis das ciências exatas 
e biológicas (incluindo o evolucionis-
mo darwiniano), direcionando méto-
dos e conceitos com o fim de tornar 
o mais objetivo e científico possível o 
conhecimento da Sociologia. 
Para Comte, as sociedades 
tendem a passar por três estágios: 
o teológico, em que se atribuem 
ao sobrenatural ou às divindades as 
explicações aos fenômenos desco-
nhecidos; o metafísico, no qual o ser 
humano explica as coisas através de 
fenômenos naturais; e o positivo ou 
científico, que tem exclusivamente 
na ciência a fonte do conhecimento. 
O lema “Ordem e Progresso” resume 
as duas “leis fundamentais” do 
pensamento sociológico de Comte: 
pela lei da estática, a sociedade 
desorganizada tende ao caos; com 
a organização, há a “dinâmica social”, 
que é a possibilidade de evolução, 
de progresso social. 
Embora todos os países 
europeus economicamente desen-
volvidos tenham conhecido o Posi-
tivismo, foi na França em primeiro 
lugar, e depois na Inglaterra, com 
Herbert Spencer e seu pensamento 
organicista-evolucionista, que essa 
escola predominou. Nesses países 
– França e Inglaterra – houve um 
grande desenvolvimento industrial 
e urbano a partir dos séculos XVII e 
XVIII, o que impulsionou os avanços 
nas ciências. Isso fez com que as 
escolas sociológicas da França e 
Inglaterra tivessem seus métodos 
e princípios largamente influencia-
dos pelo Positivismo. 
Já a expansão econômica da Alemanha ocorreu tardiamente, no século 
XIX, durante o capitalismo concorrencial e sob a influência da sistematização 
de outras ciências humanas: a História e a Antropologia. 
É interessante ter sempre em mente o contraste entre a perspectiva 
positivista mais arraigada na França e Inglaterra, e a idealista Alemã, pois 
ela o ajudará a compreender melhor os pensamentos dos sociólogos Émile 
Durkheim e Max Weber:
Para o positivismo: a História é vista como um processo universal 
de evolução da humanidade – essa visão tende a uma anulação dos 
processos históricos particulares e a uma “universalidade”, decor-
rente da crença de que o cientista pode perceber estágios comuns 
a todas as sociedades, que evolutivamente passariam por estágios 
similares. 
Já o pensamento alemão se volta ao estudo da diversidade – da 
identificação das especificidades, da valorização dos aspectos históricos 
particulares de cada formação social, ou seja, há uma ênfase na Histó-
ria e no estudo das diferenças culturais. 
Émile Durkheim (1858-1917)
Um dos primeiros grandes teó-
ricos da Sociologia, Émile Durkheim 
nasceu em 1858, em Épinal, França. 
De uma família judaica, estudou 
Filosofia, tornando-se professor na 
província. Em 1893, publicou a tese 
“Da divisão do trabalho social”. Fez 
estágio na Alemanha, período no 
qual escreveu dois artigos sobre 
a filosofia e a ciência positiva da 
moral alemã. Em 1887, tornou-se o 
encarregado de cursos de ciência 
social e pedagogia na Universidade 
de Bordeaux. 
Durkheim participou ativamente 
na questão do ensino civil na França e 
defendeu a igualdade de todos dian-
te da lei, o respeito aos direitos civis 
e as liberdades políticas. Defendeu a 
criação de uma moral secular e definiu a sociedade segundo o modelo de 
um organismo dotado de consciência coletiva. Estudou também as for-
mas de solidariedade social, a história da Sociologia, os sistemas educativos 
e a evolução da família. 
 Émile Durkheim
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Durkheim). A consciência coletiva consiste, portanto, na 
soma de crenças e sentimentos da média dos membros 
da comunidade, envolvendo a mentalidade e a morali-
dade do indivíduo. 
Nas sociedades pré-capitalistas a consciência coleti-
va se sobrepõe à individual; há segundo Durkheim uma 
solidariedade mecânica. O poder de coerção social, 
baseada na consciência coletiva é severa e repressiva. 
Não há tolerância aos diferentes, às particularidades ou 
a qualquer originalidade. 
Já a solidariedade orgânica:
“é aquela típica das sociedades capitalistas, em 
que, pela acelerada divisão do trabalho social, os 
indivíduos se tornavam interdependentes. Essa 
interdependência garante a união social, em lu-
gar dos costumes, das tradições ou das relações 
sociais estreitas, como ocorre nas sociedades con-
temporâneas. Nas sociedades capitalistas, a cons-
ciência coletivase afrouxa, ao mesmo tempo em 
que os indivíduos tornam-se mutuamente depen-
dentes, cada qual se especializa numa atividade 
e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.”
(COSTA, Cristina. Sociologia: uma introdução à ciência da sociedade. 
São Paulo: Moderna, 2006, p. 87).
Nas sociedades simples a coesão é garantida pela 
obediência a um conjunto de princípios. Os que violam 
tais princípios são punidos. Já nas sociedades complexas 
a solidariedade é necessária devido à desigualdade. 
Enquanto nas sociedades pré-industriais o rompimento 
das regras afeta a coletividade, nas sociedades capita-
listas o não cumprimento das normas afeta as pessoas 
separadamente. A punição será dirigida para a devolu-
ção àquele que foi prejudicado. 
Durkheim percebeu que as mudanças econômicas 
estavam produzindo um profundo desequilíbrio exacer-
bando-se o individualismo com as pessoas só pensando 
nelas. Para o sociólogo francês ocorre uma anomia 
moral, pois os interesses individuais sobrepujam os 
interesses coletivos. 
Como os seres humanos são naturalmente egoístas é 
a vida em sociedade que os obriga a respeitar os interes-
ses das demais pessoas. Para que o bem-estar coletivo 
seja garantido há necessidade de regras morais.
“O mercado, adverte Durkheim, precisa de 
uma ética que deverá ser mais forte do que a pura 
lógica econômica. Deixado sem freio, sem regra, 
sem norma, o mercado não tem limite. Tudo se 
vende e tudo se compra, se houver quem compre. 
O papel de regulador da ética do mercado deveria 
ser desempenhado, nos sugere Durkheim, pelas 
corporações profissionais. Diferentemente dos 
Aula 2
13Sociologia 13
Fato social
É social todo fato que é geral, que é experimentado 
pelo indivíduo como uma realidade independente e 
preexistente. São três as características básicas do fato 
social: “coerção social”, “educação” e “generalidade”.
A “coerção social” consiste na força que os fatos exer-
cem sobre os indivíduos levando-os a conformarem-se 
com as regras da sociedade. As sanções podem ser 
legais ou espontâneas. Há na sociedade regras formais 
e informais. 
A “educação” tanto a formal quanto a informal exerce 
uma força enorme sobre o indivíduo independentemen-
te da sua vontade. Ao nascer, a pessoa já encontra regras 
sociais, costumes e leis que constituem mecanismos de 
forte coerção social. 
A característica da “generalidade” consiste em que 
todo fato social é geral, ou seja, se repete em todos os 
indivíduos ou na maioria deles, por isso os acontecimen-
tos manifestam sua natureza coletiva. 
Os fatos sociais devem ser estudados como “coisas” 
(desvinculadas de concepções filosóficas, biológicas e 
psicológicas) de forma objetiva sem que suas concep-
ções morais, políticas e ideológicas venham a influenciar 
a sua análise. O pesquisador deve ater-se àqueles acon-
tecimentos gerais e repetitivos. Para explicá-los, deve 
procurar a causa e a função que desempenha.
Na obra Suicídio (1897), Durkheim demonstra que 
tal fato social ocorre em todas as sociedades com certa 
regularidade. Sendo assim, o suicídio depende de leis 
sociais e não da vontade do suicida. Já as taxas variam 
de acordo com os contextos históricos. 
“Cada sociedade está predisposta a fornecer 
um contingente determinado de mortes voluntá-
rias. Essa predisposição pode, portanto, constituir 
o objeto de um estudo especial que compete à 
Sociologia.”
Émile Durkheim. Le Suicide. 1897.
Mutações do mundo social 
Para Durkheim, a sociedade é um organismo vivo, no 
qual cada instituição e cada indivíduo cumprem papéis 
determinados e existem em função do todo. Na sua obra 
“A divisão do trabalho social” enunciou dois princípios: 
consciência coletiva e solidariedade mecânica e orgânica. 
Há duas consciências, a coletiva e a individual, 
“uma, que temos em comum com todo o nosso grupo, 
que, por conseguinte, não é nós mesmos, mas a socie-
dade que vive em nós; a outra , que só representa a 
nós mesmos naquilo que temos de pessoal e distinto, 
naquilo que faz de cada um nós um indivíduo.”(Émile 
14 Extensivo Semiextensivo
sindicatos, nos quais se reúnem patrões de um 
lado e empregados do outro, as corporações uni-
ficariam as diferentes categorias interessadas no 
processo de produção. Nelas, conviveriam tanto 
os “dirigentes” quanto os “executores”, ou seja, 
tanto o dono da fábrica quanto Carlitos [refere-se 
aos trabalhadores] e seus companheiros.”
Helena Bomeny e outras. Tempos modernos, tempos de Sociologia. 
São Paulo: Editora do Brasil, 2016, p. 82. 
Max Weber (1864-1920)
Natural de Erfurt, Ale-
manha, filho de burgueses 
liberais, Max Weber foi um 
dos principais expoentes 
da sociologia Alemã e 
seu maior sistematizador. 
Estudou Direito, Filosofia, 
História e Sociologia. 
Iniciou sua carreira como 
professor em Berlim e 
em 1895 tornou-se cate-
drático em Heidelberg. 
Participou da comissão 
redatora da Constituição 
da República de Weimar. Suas principais obras foram: 
A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905) e 
Economia e sociedade (1922, publicação póstuma).
Weber coloca o indivíduo no centro do estudo da 
Sociologia: para ele, os indivíduos – os sujeitos da rela-
ção social – agem em sociedade com um objetivo, uma 
justificativa subjetivamente elaborada. A esse “agir” 
social, Weber denominou “ação social”, ou seja, uma 
“ação com sentido”. 
Para Weber, cada sujeito age levado por um motivo, 
que pode ter por base a tradição (como sempre agiu e 
deve agir o membro do grupo social), a ação racional 
(valoração racional-objetiva, que o sujeito empreende 
em relação a sua conduta), ou ação movida pela emoti-
vidade. Nesse sentido podemos identificar nos estudos 
de Weber quatro tipos de ação social: ação tradicional, 
ação afetiva, ação racional com relação a fins e ação 
racional com relação a valores.
Verifica-se aqui o valor da especificidade no seu 
pensamento: a conduta humana dotada de sentido – ou 
a “ação social” – é o objeto de estudo da Sociologia. 
Logo, o sociólogo, para compreender a sociedade, deve 
penetrar na subjetividade da conduta humana em suas 
relações sociais: a tarefa do cientista é descobrir os 
possíveis sentidos da ação humana.
O que dá o sentido de “social” à ação humana é a 
interdependência entre os indivíduos: cada indivíduo 
 Max Weber
age de acordo com seus motivos, gerando efeitos sobre 
a realidade. Entre múltiplos indivíduos, várias conexões 
se estabelecem – pela frequência e modo como as ações 
sociais se estabelecem o cientista pode compreender e 
conceder tendências gerais de comportamento de certa 
sociedade.
Para Max Weber, o cientista é também um “ator 
social”, e como tal age guiado por seus próprios motivos, 
orientado por suas pré-noções em relação à realidade 
que deverá estudar. Logo, muito embora acredite que 
o cientista deva primar pelo máximo de objetividade 
possível na análise dos acontecimentos, Weber rejeita a 
possibilidade de imparcialidade ou neutralidade total do 
cientista, como propunha Durkheim. Rejeita, também, 
o evolucionismo, em favor de uma análise histórica das 
sociedades. 
Afasta-o ainda do cientificismo positivista o fato 
de acreditar que, por mais quantificáveis que possam 
ser os fenômenos sociais, sua análise envolve sempre 
um esforço de interpretação, de subjetividade e com-
preensão. 
O tipo ideal
Para analisar os fatos sociais, Weber desenvolveu um 
instrumento científico de análise sociológica que des-
creve modelos puros, a que chamou de “tipo ideal (no 
sentido de revelar uma ideia, uma imagem mental)”, que 
serve de base para a comparação de tipos existentes. A 
melhor forma de compreender o tipo ideal é a partir dos 
estudos sobre as cidades, empreendido por Weber: atra-
vés da classificação e comparação entre diversos tipos 
de cidades, Weber elencou características e elementos 
essenciais a esta estrutura, criando o “tipo ideal” de 
cidade, que não corresponde à realidade, mas retém 
aspectos dela. Ele fez o mesmo para estabelecer tipos 
ideais de democracia, de capitalismoe de organização 
burocrática. 
Com base nessas crenças e método, Weber analisou 
os livros sagrados para compreender a relação entre 
religião e economia. 
A ética protestante e o espírito 
do capitalismo
Em sua obra mais conhecida “A ética protestante 
e o espírito do capitalismo” Weber relacionou o papel 
do protestantismo à formação do capitalismo. Partin-
do de dados estatísticos, demonstrou que os adeptos 
da Reforma Protestante se tornaram melhores 
sucedidos economicamente. Nessa obra, o sociólogo 
alemão procurou expor as relações entre religião e 
sociedade procurando desvendar as particularidades 
do capitalismo. 
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15Sociologia 
 Capa do livro “A ética protestante e o espírito do capitalismo”
Quais as razões que tornaram os protestantes 
homens de negócios, trabalhadores qualificados e em-
presários bem-sucedidos? 
Para Weber, a disciplina, a poupança, a austeridade, a 
valorização do trabalho e o compromisso com o cumpri-
mento do dever seriam os fatores que contribuíram para 
o sucesso econômico dos indivíduos que optaram pelas 
religiões reformadas. Formou-se uma nova mentalidade 
que veio ao encontro do modo de produção que estava 
se desenvolvendo no início da Idade Moderna. 
Para o protestante o trabalho não é castigo. Ser 
bem-sucedido naquilo que faz é uma forma de glorificar 
a Deus. Não dilapidar aquilo que ganha renunciando 
aos prazeres mundanos propicia o acúmulo de capitais, 
os quais serão investidos em atividades produtivas. 
Enquanto o católico tinha uma mentalidade “feudal”, 
o protestante tem um conjunto de costumes e hábitos 
que se encaixam no modo de produção que surgia 
concomitante com a Reforma levada a cabo por Lutero 
e Calvino. 
“Uma leitura apressada de “A ética” consisti-
ria em atribuir a Weber uma tese idealista, con-
traponto implícito à concepção materialista da
história: a tese de um capitalismo, filho da moral 
protestante. É verdade que, contra as leituras mar-
xistas, Weber se esforça claramente para mostrar 
que as ideias podem desempenhar um papel motor 
na história e vir a ser forças sociais eficazes. Mas na 
realidade a sua posição é mais matizada. Seu intui-
to não consiste em negar a força de elementos ma-
teriais, econômicos, técnicos..., que contribuíram 
para a expansão do capitalismo. Weber contenta-
-se em isolar um fator cultural e sublinhar a sua 
eficácia própria. O ascetismo não foi, portanto, em 
seu ponto de vista, mais que um fator permissivo 
entre todos aqueles que atuaram em favor do de-
senvolvimento do capitalismo. Uma implantado, 
este sistema socioeconômico foi ganhando terreno 
independentemente da ética puritana...”
(LALLEMENT, Michel. História das ideias sociológicas: das origens a 
Max Weber. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 304)
Método compreensivo
Em seus trabalhos, Weber procurou estudar as par-
ticularidades históricas das sociedades desenvolvendo 
suas análises destacando a especificidade das ciências 
humanas demonstrando sua independência em relação 
às ciências exatas e naturais. 
Em Weber encontramos a ideia do indeterminismo 
histórico. 
“Ao contrário de seus predecessores, ele não 
admitia nenhuma lei preexistente que regulasse o 
desenvolvimento da sociedade ou a sucessão de 
tipos de organização social. Isso permitiu que ele 
se aprofundasse no estudo das particularidades, 
procurando entender as formações sociais em 
suas singularidades, especialmente a jovem nação 
alemã que ele via despontar como potência.”
(COSTA, Cristina. Obra citada, p. 102).
Política e Estado
Para Weber o conceito de política é muito amplo 
abrangendo todas as espécies de atividades diretivas 
autônomas. Pode-se falar da política de divisas de um 
banco, política de um sindicato, política educacional e 
tantas outras.
Já o Estado define-se sociologicamente pelo meio 
específico que lhe é próprio: a possibilidade de usar a 
violência física. Grupos ou indivíduos não tem o direito 
de recorrer à violência, a não ser quando o Estado tolere, 
pois apenas este tem o monopólio de usá-la. “Por conse-
guinte, entenderemos por política o conjunto dos esfor-
ços feitos em vista de participar no poder ou influenciar a 
divisão do poder, que entre os Estados, que entre diversos 
grupos dentro de um mesmo Estado.”(Max Weber).
Aula 2
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16 Extensivo Semiextensivo
Testes
Assimilação
02.01. (UNICESUMAR – PR) –
Nosso principal objetivo, com efeito, é esten-
der à conduta humana o racionalismo científi-
co, mostrando que, considerada no passado, ela 
é redutível a relações de causa e efeito que uma 
operação não menos racional pode transformar a 
seguir em regras de ação para o futuro.
(DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 2. ed. São Paulo: 
Martins Fontes, 1999, p. XIII)
A partir do excerto acima, é possível afirmar que a corrente 
teórica à qual se vincula o sociólogo francês Émile Durkheim é
a) o Marxismo.
b) o Positivismo. 
c) o Existencialismo.
d) a Fenomenologia.
e) o Historicismo.
02.02. (UNESP – SP) – Pode-se afirmar que a Sociologia 
contemporânea herdou as contribuições de autores con-
siderados clássicos do pensamento sociológico a partir 
dos quais desenvolveram-se correntes teóricas distintas. 
Foram eles:
a) Émile Durkheim, Theodor Adorno e Max Weber.
b) Karl Marx, Max Weber e Karl Manheim.
c) Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim.
d) Émile Durkheim, Max Weber e Herbert Spencer.
e) Karl Marx, Émile Durkheim e Talcott Parsons.
02.03. (UNICESUMAR – PR) –
Trata-se, na sociedade capitalista, da “elaboração 
de um discurso homogêneo, pretensamente uni-
versal, que, buscando identificar a realidade social 
com o que as classes dominantes pensam sobre ela, 
oculta as contradições existentes e silencia outros 
discursos e representações contrárias”.
(TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio – volume 
único. 2a ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 179.)
O trecho acima corresponde à definição de:
a) Dominação.
b) Cultura. 
c) Ideologia.
d) Linguagem.
e) Poder.
02.04. (UNICESUMAR – PR) - Os conceitos que expressam 
a sociologia compreensiva de Max Weber são:
a) leis gerais, causalidade, normal e patológico, fatos sociais, 
consciência coletiva.
b) determinação, totalidade concreta, lutas de classes, 
dialética, história.
c) sentido, interpretação da ação social, tipo ideal, raciona-
lização, história.
d) fragmentação, formas e conteúdos sociais, interação, 
socialização.
e) definição da situação, papéis sociais, dramaturgia social, 
linguagem.
Aperfeiçoamento
02.05. (UNESP – SP) –
“À medida que se foi estendendo a influência 
da concepção de vida puritana – e isto, natural-
mente, é muito mais importante do que o simples 
fomento da acumulação de capital – ela favore-
ceu o desenvolvimento de uma vida econômica 
racional e burguesa. Era a sua mais importante, e, 
antes de mais nada, a sua única orientação consis-
tente, nisto tendo sido o berço do moderno “ho-
mem econômico”.
(Marx Weber, A Ética protestante e o espírito do capitalismo. 1967:125)
De acordo com o texto, Max Weber está apontando para 
o “desenvolvimento de uma vida econômica racional e 
burguesa” e o desenvolvimento do capitalismo a partir da 
influência da:
a) economia e sociedade.
b) ética protestante.
c) liderança carismática.
d) ética liberal.
e) teoria da ação social.
02.06. (UFFS – SC) – Podemos conceituar a Sociologia 
como a ciência que estuda as relações sociais e as formas 
de associação, considerando as interações que ocorrem na 
vida em sociedade. No entanto, só passou a ser considerada 
ciência quando um determinado autor passou a formular os 
primeiros conceitos e demonstrou que os fatos sociais têm 
características próprias. Qual foi esse autor?
a) Augusto Comte.
b) Karl Marx.
c) Émile Durkheim.
d) Max Weber.
e) Jean Jacques Rousseau.
Aula 2
17Sociologia 
02.07. A Sociologia corresponde a uma ciência da modernidade. Assinale as 
alternativas que estejam relacionadas ao surgimentodessa ciência social.
( ) O homem moderno sente a necessidade de compreender o mundo em que 
vive, dadas às transformações decorrentes da Revolução Industrial.
( ) A modernidade diz respeito, sobretudo, à forma como o homem se relaciona 
com a natureza. A evolução biológica faz com que o homem cada vez mais 
evolua seu pensamento. É por isso que as sociedades indígenas são mais 
atrasadas que as europeias.
( ) A Sociologia, em sua origem, esteve relacionada com o positivismo, que pro-
curou trazer os métodos científicos das ciências naturais para as ciências do 
homem.
( ) A Sociologia nasce de mãos dadas com a Psicologia. Émile Durkheim é o 
grande exemplo de sociólogo que pensa a sociedade a partir das relações 
individuais. Em sua obra principal, O Suicídio, ele argumenta que o egoísmo 
é o principal problema moderno.
a) V – V – F – F
b) V – F – F – F
c) F – F – V – V
d) V – F – V – F
e) F – V – V – V
02.08. (UPE – PE) – A Sociologia nasce no século XIX com o objetivo de combater 
a visão de mundo predominante nesse período, defendendo o estudo da ação 
coletiva e social. Assim, o objeto de estudo da Sociologia é definido como um 
conjunto de relacionamentos, que os homens estabelecem entre si, na vida em 
sociedade, num determinado contexto histórico. Na tirinha a seguir, percebe-se 
um objeto de estudo da Sociologia, que representa o modo de pensar, sentir e 
agir de um grupo social.
Assinale a alternativa que contém a principal característica desse objeto de estudo.
a) Igualdade 
b) Individualismo 
c) Liberdade 
d) Coerção 
e) Solidariedade
02.09. A Sociologia, para Durkheim, deveria ocupar-se do estudo das sociedades 
no intuito de:
a) conhecer a fundo o ser humano e suas diversas facetas perante a sua interação 
com o outro, priorizando sua individualidade.
b) Entender a fundo os processos sociais que formam a realidade social do Homem, 
atentando principalmente aos aspectos gerais, e não aos individuais.
c) Descobrir e tratar todos os males humanos que afligem a sociedade, tendo 
como objetivo a formação de uma raça humana perfeita.
d) A criação de uma seita científica, com o objetivo de construir o verdadeiro 
conhecimento em busca da perfeição humana.
02.10. Como Max Weber conceituou 
a ideia de “ação social”?
a) Uma ação social é toda ação to-
mada de forma coordenada e com 
outros sujeitos.
b) Uma ação social é toda ação voltada 
para a remediação de problemas 
sociais.
c) Uma ação social é toda ação que 
se configura em meio coletivo e 
sempre com um sentido político.
d) Uma ação social é qualquer ação 
realizada por um sujeito em um 
meio social que possua um sentido 
determinado por seu autor.
Aprofundamento
02.11. (UFU – MG) – 
Ao contrário de outros pen-
sadores sociológicos anteriores, 
Weber acreditava que a Socio-
logia deveria se concentrar na 
ação social e não nas estruturas 
GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4.ed. Porto 
Alegre: Artmed, 2005. p. 33. 
De acordo com esta assertiva, Weber 
considera que 
a) as ideias, os valores e as crenças 
têm o poder de ocasionar trans-
formações. 
b) o conflito de classes é o fator mais 
relevante para a mudança social. 
c) as estruturas existem externamen-
te ou independentemente dos 
indivíduos. 
d) os fatores econômicos são os mais 
importantes para as transformações 
sociais.
02.12. (UNICENTRO – PR) – Max 
Weber, um dos fundadores da Socio-
logia, tinha amplo conhecimento em 
muitas áreas afins a essa ciência, tais 
como economia, direito e filosofia. 
Assim, ao analisar o desenvolvimento 
do capitalismo moderno, buscou 
entender a natureza e as causas da 
mudança social. Em sua obra, existem 
dois conceitos fundamentais, ou seja,
a) cultura e tipo Ideal.
b) classe e proletariado.
c) anomia e solidariedade.
d) fato social e burocracia.
e) ação social e racionalidade.
18 Extensivo Semiextensivo
02.13. (UFU – MG) – 
A concepção da Sociologia de Durkheim se ba-
seia em uma teoria do fato social.
Seu objetivo é demonstrar que pode e deve 
existir uma Sociologia objetiva e científica, con-
forme o modelo das outras ciências, tendo por 
objeto o fato social.
ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 
1995. p. 336.
Em vista do exposto, assinale a alternativa correta.
a) Durkheim demonstrou que o fato social está desconecta-
do dos padrões de comportamento culturais do indivíduo 
em sociedade, e portanto deve ser usado para explicar 
apenas alguns tipos de sociedade.
b) Segundo Durkheim, a primeira regra, e a mais funda-
mental, é considerar os fatos sociais como coisas para 
serem analisadas.
c) O estado normal da sociedade para Durkheim é o estado 
de anomia, quando todos os indivíduos exercem bem os 
fatos sociais.
d) A solidariedade orgânica, para Durkheim, possui pequena 
divisão do trabalho social, como pode ser demonstrada 
pela análise dos fatos sociais da sociedade.
02.14. (UEL – PR) – O positivismo foi uma das grandes 
correntes de pensamento social, destacando-se, entre seus 
principais teóricos, Augusto Comte e Émile Durkheim. Sobre 
a concepção de conhecimento científico, presente no posi-
tivismo do século XIX, é correto afirmar:
a) A busca de leis universais só pode ser empreendida no 
interior das ciências naturais, razão pela qual o conheci-
mento sobre o mundo dos homens não é científico.
b) Os fatos sociais fogem à possibilidade de constituírem 
objeto do conhecimento científico, haja vista sua incom-
patibilidade com os princípios gerais de objetividade do 
conhecimento e a neutralidade científica.
c) Apreender a sociedade como um grande organismo, a 
exemplo do que fazia o materialismo histórico, é rejeitado 
como fonte de influência e orientação para as investiga-
ções empreendidas no âmbito das ciências sociais.
d) A ciência social tem como função organizar e racionalizar 
a vida coletiva, o que demanda a necessidade de entender 
suas regras de funcionamento e suas instituições forjadas 
historicamente.
e) O papel do cientista social é intervir na construção do 
objeto, aportando à compreensão da sociedade os valores 
por ele assimilados durante o processo de socialização 
obtido no seio familiar.
02.15. Para Durkheim, os pesquisadores que buscaram 
explicar as causas e o suicídio como casos isolados, não 
chegaram à causa geradora. Para ele, essa causa geradora 
é exterior aos próprios indivíduos. Os três tipos de suicídio 
que Durkheim se propõe a estudar são: o suicídio egoísta, o 
suicídio altruísta e o suicídio anômico.
O suicídio egoísta apresenta-se em indivíduos que:
a) se identificam excessivamente com a sociedade na qual 
estão inseridos e, por isso, afastam-se dela com o suicídio.
b) desenvolvem um estado de desregramento social, de-
corrente do fato de suas atividades estarem desregradas.
c) por se relacionarem com uma instituição religiosa, ape-
gam-se a sua consciência religiosa e acreditam que esse 
ato os aproximará da religião.
d) se desvinculam de seus grupos sociais, não veem mais 
razão de ser na vida.
02.16. (UNIOESTE – PR) – “Solidariedade orgânica” e “solidarie-
dade mecânica” são conceitos propostos pelo sociólogo francês 
Émile Durkheim (1858-1917) para explicar a ‘coesão social’ em 
diferentes tipos de sociedade. De acordo com as teses desse 
estudioso, nas sociedades ocidentais modernas, prevalece a 
‘solidariedade orgânica’, onde os indivíduos se percebem diferen-
tes embora dependentes uns dos outros. A lógica do mercado 
capitalista, entretanto, baseada na competição individualista em 
busca do lucro, pode corromper os vínculos de solidariedade que 
asseguram a coesão social e conduzir a uma situação de ‘anomia’.
De acordo com os postulados de Durkheim, é CORRETO dizer 
que o conceito de “anomia” indica :
a) uma situação na qual aqueles indivíduos portadores de 
um senso moral superior devem se colocar como líderes 
dos grupos dos quais fazem parte.
b) a condição na qual os indivíduos não se identificam como 
membros de um grupo que compartilha as mesmas 
regras e normas e têm dificuldadespara distinguir, por 
exemplo, o certo do errado e o justo do injusto.
c) a necessidade de todos demonstrarem solidariedade com 
os mais necessitados.
d) a solidariedade que as pessoas demonstram quando 
entoam cantos nacionalistas e patrióticos em manifestações 
públicas como os jogos das seleções nacionais de futebol.
02.17. (UEGO) – O objeto de estudo da Sociologia, para 
Durkheim, é o fato social, que deve ser tratado como “coisa” 
e o sociólogo deve afastar suas prenoções e preconceitos. A 
construção durkheimiana do objeto de estudo da Sociologia 
pode ser considerada:
a) kantiana, pois trata da “coisa em si” e realiza a coisificação 
da realidade.
b) dialética, pois reconhece a existência de uma realidade 
exterior ao pesquisador.
c) positivista, pois se fundamenta na busca de objetividade 
e neutralidade.
d) nietzschiana, pois coloca a “vontade de poder” como 
fundamento para a pesquisa.
e) weberiana, pois aborda a ação social racional atribuída 
por um sujeito.
Aula 2
19Sociologia 
02.18. (UEM – PR) – Sobre a Sociologia compreensiva de 
Max Weber, assinale o que for correto.
01) Segundo essa perspectiva sociológica, a ordem social 
impõe-se aos indivíduos como força exterior e coer-
citiva, submetendo, assim, as vontades desses indiví-
duos aos padrões sociais estabelecidos.
02) A ação social é entendida como um comportamento 
dotado de sentido subjetivamente visado e orientado 
para o comportamento de outros atores.
04) O sociólogo tem como tarefa fundamental a identifi-
cação e a compreensão causal dos sentidos e das mo-
tivações que orientam os indivíduos em suas ações 
sociais.
08) O que garante a cientificidade da análise sociológica é 
o recurso à objetividade pura dos fatos.
16) As instituições sociais são definidas como resultados 
de relações sociais estáveis e duráveis, passíveis de se-
rem alteradas a partir de transformações nos sentidos 
atribuídos pelos indivíduos às suas ações.
02.19. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir. 
Sentir-se muito angustiado com a ideia de per-
der seu celular ou de ser incapaz de ficar sem ele 
por mais de um dia é a origem da chamada “no-
mofobia”, contração de no mobile phobia, doen-
ça que afeta principalmente os viciados em redes 
sociais que não suportam ficar desconectados. 
Uma parte da população acha que, se não estiver 
conectada, perde alguma coisa. E se perdemos al-
guma coisa, ou se não podemos responder ime-
diatamente, desenvolvemos formas de ansiedade 
ou nervosismo. (Adaptado de: O medo de não ter 
o celular à disposição cria nova fobia.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre socialização e 
instituições sociais, na perspectiva funcionalista de Durkheim, 
assinale a alternativa correta. 
a) A nomofobia reduz a possibilidade de anomia social na 
medida em que aproxima o contato em tempo real dos 
indivíduos, fortalecendo a integração com a vida social. 
b) As interações sociais via tecnologias digitais são uma 
forma de solidariedade mecânica, pois os indivíduos 
uniformizam seus comportamentos. 
c) O que faz de uma rede social virtual uma instituição é o 
fato de exercer um poder coercitivo e ao mesmo tempo 
desejável sobre os indivíduos. 
d) O uso de interações sociais por recursos tecnológicos 
constitui um elemento moral a ser compreendido como 
fato social. 
e) Para a nomofobia ser considerada um fato social, faz-se 
necessário que esteja presente em uma diversidade de 
grupos sociais.
02.20. De acordo com seus estudos sobre os teóricos das 
Ciências Sociais, responda às questões a seguir.
a) O que é “fato social”, segundo o sociólogo Émile Dur-
kheim?
b) Quais são as três características de um “fato social”?
c) Segundo a definição de Émile Durkheim, cite um exemplo 
de um fato social.
d) Cite a principal diferença entre “fato social” de Émile Dur-
kheim e “ação social” de Max Weber.
20 Extensivo Semiextensivo
02.21. (UFU – MG) – 
Em seu estudo sobre o suicídio, Émile Durkheim procurou chamar a atenção para a dimensão socio-
lógica deste fato. Assim, “considerando que o suicídio é um ato da pessoa e que só a ela atinge, tudo indica 
que deva depender exclusivamente de fatores individuais e que sua explicação, por conseguinte, caiba tão 
somente à psicologia. De fato, não é pelo temperamento do suicida, por seu caráter, por seus antecedentes, 
pelos fatores de sua história privada que em geral se explica a sua decisão.[...]”. E complementa: “o 
suicídio varia na razão inversa do grau de integração dos grupos sociais de que faz parte o indivíduo.”
(O Suicídio. Estudo de sociologia. São Paulo:Martins Fontes, 2000.).
a) Explique os tipos de suicídio definidos por Durkheim.
b) Discorra a respeito da relação estabelecida por Durkheim entre os tipos de suicídio e os tipos de solidariedade por ele 
definidos.
 
Aula 2
21Sociologia 
02.01. b
02.02. c
02.03. c
02.04. c
02.05. b
02.06. c
02.07. d
02.08. d
02.09. b
02.10. d
02.11. a
02.12. e
02.13. b
02.14. d
02.15. d
02.16. b
02.17. c
02.18. 22 (02 + 04 + 16)
02.19. d
02.20. a) Segundo Durkheim, os fatos sociais 
são maneiras coletivas de agir e de 
pensar.
b) As características dos fatos sociais 
são: educação, coercitividade e gene-
ralidade.
c) Um fato social pode ser o modo de 
vestir, o modo de cortar o cabelo, 
a língua, a moeda, a religião entre 
outros.
d) Para Émile Durkheim, o fato social era 
exterior ao indivíduo e a ação social 
para Max Weber era interior ao indiví-
duo.
02.21. a) Como citado no fragmento retirado 
do livro do próprio Durkheim – O Sui-
cídio – sua preocupação sociológica 
ao estudar este ato que, a princípio 
possa ter uma conotação individual 
de estrito estudo da área da Psico-
logia, fora de identificar/observar o 
nexo social do suicida com a própria 
sociedade, confirmando, assim, sua 
teoria de que o suicídio seria um fato 
social por excelência por carregar 
as características de generalidade, 
exterioridade e coercitividade. Assim 
o autor estabelece três tipos de sui-
cídio:
• Suicídio altruísta – neste tipo de 
suicídio o indivíduo tira sua própria 
vida por se identificar sobremaneira 
com os interesses da coletividade.
• Suicídio egoísta – neste tipo de 
suicídio o indivíduo tira sua própria 
vida, pois os laços e normas sociais 
perdem sentido para ele, uma vez 
que, estamos inserido sem um 
contexto de uma alta nas cons-
ciências individuais. 
• Suicídio anômico – neste tipo de 
suicídio o indivíduo tira sua própria 
vida, pois a sociedade está enfren-
tando uma conjuntura de crise ou 
ruptura do equilíbrio social. Dur-
kheim ainda cita um quarto tipo 
de suicídio, o fatalista, porém ele 
não chegou a desenvolver uma 
teoria explicativa para tal que o 
pudesse comprovar por meio de 
seus métodos científicos.
b) Em relação aos tipos de suicídios e 
os tipos de solidariedade definidos 
por Durkheim, pode-se considerar 
que o Suicídio altruísta – é mais co-
mum em sociedades que possuem 
a chamada solidariedade mecânica, 
devido à forte consciência coletiva. 
Por conta disso, até no momento de 
se matar, o indivíduo o faz pensando 
no meio social. Desse modo, esse 
tipo de suicídio revela a forte inte-
gração entre o indivíduo e o grupo 
social. Quanto ao suicídio egoísta, 
ele é característico de sociedades 
em que a consciência individual já 
ocupa algum espaço, em função da 
diminuição da consciência coletiva, 
por isso, em casos de solidariedade 
orgânica. Nesse sentido, pode-se 
afirmar que o ato suicida se explica 
não por uma demasiada integração 
social, mas exatamente pela inter-
mitência das relações sociais, ou seja, 
pelo enfraquecimento da integração 
social. No caso do suicídio anômico, 
pode-se perceber uma similaridade 
entre esse tipo e o egoísta, segundo 
Durkheim, ou seja, ambos são mais 
comuns em sociedades de solida-
riedade orgânica. Porém, para dife-
renciá-los sempre teremos que usar 
o critério: aquele que é realizado em 
períodos equilibrados do ponto de 
vista social/moral deverá ser denomi-
nado egoísta,e aquele que decorrer 
da perturbação da ordem coletiva 
caracterizada por circunstâncias nas 
quais as regras perdem sua validade 
e gera o enfraquecimento dos laços 
sociais, será chamado anômico. Por-
tanto, enquanto o suicídio altruísta 
se explica pela integração excessiva 
do indivíduo e a sociedade, os tipos 
egoísta e anômico possuem explica-
ção exatamente no contrário, ou seja, 
na falta de integração social.
Gabarito
22 Extensivo Semiextensivo
Sociologia
Aula 3
Fundamentos 
do pensamento sociológico II
Pensamento 
de Karl Marx
Karl Marx (1818-1883) nasceu em Trier, na Prússia. 
Seus pais eram judeus convertidos ao luteranismo 
(religião na qual Marx foi batizado aos 6 anos de idade, 
embora mais tarde tenha se tornado ateu). Cursou Direito 
e Filosofia nas Universidades de Boon e Berlim, onde 
estudou Hegel, cuja obra foi o “ponto de partida” do pen-
samento marxista: primeiramente um “jovem hegeliano”, 
ele viria posteriormente a rejeitar e criticar a filosofia que 
considerou ser uma idealização da elite política.
Devido a perseguições do governo da Prússia, em 
1843 Marx se mudou para Paris, onde veio a conhecer 
Friedrich Engels, um filósofo e industrial alemão que se 
tornou seu amigo e financiou boa parte de suas obras. 
Marx continuou sendo perseguido na França e, depois 
de uma temporada na Bélgica, fixou residência em Lon-
dres. Com Engels, Marx escreveu em 1847 “O Manifesto 
Comunista”, publicado em 1848. 
“O Manifesto Comunista” é um tratado político 
que faz uma análise: dos modos como se manifestou, 
historicamente, a opressão social; das mudanças tra-
zidas pelas revoluções burguesas, que instauraram 
no poder a burguesia, a nova classe opressora; e das 
consequências da industrialização, que transformou 
o trabalhador em “coisa”. O Manifesto é, além de uma 
crítica ao modo capitalista de produção, que reorga-
nizou as sociedades, um chamado à luta pela defesa 
dos direitos da classe trabalhadora – o proletariado. 
Marx transitou da Filosofia à Economia e o alcance e 
influência de suas teorias são até hoje objeto de estudos 
e controvérsias, muitas resultantes da incompreensão ou 
simplificação reducionista de seus textos. Como ponto 
de partida, é importante ter em mente que Marx rejeitou 
o idealismo burguês, que para ele contrastava com as 
realidades da vida e constituía uma forma de “declinação”. 
Marx escreveu para vários jornais durante a vida, inclusive 
o New York Daily Tribune. Sua obra magna foi “O Capital”, 
dividida em 3 volumes que até hoje serve de base para a 
compreensão da relação entre trabalho e capital.
 Karl Marx
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Socialismo Científico 
Ou marxismo, é o nome dado ao conjunto de ideias, 
elaboradas por Karl Marx e Friedrich Engels, que fornece-
ram a base teórica para se alcançar o que eles consideraram 
ser uma forma mais elevada de organização da sociedade: 
o socialismo. O estudo do marxismo é normalmente 
dividido em três áreas, ou componentes do marxismo, que 
dizem respeito aos campos do conhecimento da filosofia 
(materialismo dialético), história social (materialismo 
histórico) e economia (economia marxista). Essa aula 
fornece uma brevíssima introdução ao marxismo – que é 
uma ciência com sua própria terminologia, fundamentada 
na filosofia do materialismo dialético.
Materialismo dialético
É a filosofia do marxismo e o método sobre o qual 
se fundamenta. Quer saibamos ou não, consciente ou 
inconscientemente, todos têm uma filosofia – uma 
maneira de olhar o mundo. 
Aula 3
23Sociologia 
Para Marx, a classe dominante impõe a filosofia do-
minante, ou seja, o “modo de pensar o mundo” que pre-
domina e é visto como o “correto” ou “natural” é aquele 
que é transmitido a todos os membros da sociedade por 
aqueles que detém o poder – através da imprensa, das 
escolas e universidades, enfim de todas as estruturas 
sociais. Para ele, a manutenção do sistema capitalista 
só é possível porque a classe dominante impõe sua 
filosofia – com sua moralidade, conservadorismo, defesa 
de interesses de poucos como se representassem os da 
sociedade. Filosoficamente, o Idealismo burguês susten-
ta o sistema capitalista, pois apregoa a permanência de 
um Ideal absoluto que precede e rege o mundo material 
e considera as coisas como fixas e imóveis; como um 
complexo de coisas prontas, cuja existência é anterior (a 
priori) e superior ao homem. 
Por outro lado, o materialismo dialético afirma que 
nada é permanente, todas as coisas perecem no tempo 
e a matéria precede a consciência que se tem dela, 
não o inverso: a mente exige um corpo material – os 
materialistas não concebem uma consciência separada 
do cérebro vivo. Para Marx “não é a consciência que 
determina a existência, é a existência que determina 
a consciência”.
Atenção!
Os termos “materialismo” e “idealismo” não devem 
ser compreendidos aqui como em seu uso cotidiano: 
não se deve compreender materialismo no sentido 
de apego ou cobiça material; nem idealismo no sen-
tido de ideais elevados ou virtudes.
Logo, o materialismo filosófico é uma perspectiva 
segundo a qual as ideias são simplesmente um reflexo 
do mundo material. Segundo Engels “todas as ideias 
são tiradas da experiência, são reflexos – verdadeiros ou 
distorcidos – da realidade”. É importante ressaltar que os 
materialistas não negam a existência da mente ou dos pro-
cessos mentais, como consciência, pensamento, vontade, 
apenas negam que a mente e seus processos existam como 
entes distintos. 
Além de materialista, a visão marxista do mundo é 
dialética. Segundo Engels, a dialética “é a ciência das 
leis gerais do movimento e do desenvolvimento da 
natureza, da sociedade e do pensamento humanos”. 
Resumidamente, o materialismo dialético busca 
explicar as leis da evolução e da mudança, vendo o mundo 
não como um Ideal estático, mas como um complexo de 
processos contínuos, que passam por transformações inin-
terruptas de vir à existência e desaparecer. Por isso, Marx 
destaca que há a necessidade de considerarmos a realida-
de socioeconômica de determinada época como um todo 
articulado, na qual aparecem contradições diversas. 
Materialismo histórico
É o método marxista de análise da história, segundo 
o qual, em última instância, toda mudança social pode 
ser explicada em função das mudanças no modo de 
produção. É “materialista” porque considera as condi-
ções materiais de desenvolvimento dos seres humanos 
através da história. 
Marx afirmava que a estrutura econômica da so-
ciedade, constituída de suas relações de produção, é a 
verdadeira base da sociedade, o alicerce sobre o qual 
se ergue a superestrutura jurídica e política e ao qual 
correspondem formas definidas de consciência social. 
Já as relações de produção da sociedade correspondem 
a uma determinada fase do desenvolvimento das suas 
forças produtivas materiais; dessa maneira, “o modo de 
produção da vida material condiciona o processo de 
vida social, política e espiritual em geral”. 
Para Marx, nenhuma atividade humana tem 
existência independente: toda experiência consciente 
é condicionada pelas condições histórico-sociais nas 
quais todo ser humano se desenvolve, dentro de uma 
realidade concreta:
“Os homens fazem a sua própria história, mas 
não a fazem segundo a sua livre vontade, em cir-
cunstâncias escolhidas por eles próprios, mas nas 
circunstâncias imediatamente encontradas, dadas 
e transmitidas pelo passado. A tradição de todas 
as gerações mortas pesa sobre o cérebro dos vivos 
como um pesadelo. E mesmo quando estes pare-
cem ocupados a revolucionar-se, a si e às coisas, 
mesmo a criar algo de ainda não existente, é pre-
cisamente nessas épocas de crise revolucionária 
que esconjuram temerosamente em seu auxílio o 
espírito do passado.”
Karl Marx. O 18 Brumário de Luís Napoleão.
Resumidamente:
 • O fator determinante da história é como os homens 
organizam a sua produção, as relações de produção. 
 • O nível de desenvolvimento das forças produtivasdetermina a história e as formas sociais precisas.
 • As tradições, a política e a ideologia desempenham 
papel considerável, mas não decisivos, na evolução 
histórica.
 • Os agentes da história são os homens reais, os 
trabalhadores, não somente os grandes homens, as 
individualidades históricas.
24 Extensivo Semiextensivo
Em síntese:
 • As classes estão ligadas a determinadas fases históri-
cas do desenvolvimento da produção.
 • O capitalismo é gerador de crises – o próprio sistema 
não permite que o fruto do trabalho seja distribuído 
em prol da maioria, o que leva à concentração de 
riqueza e instabilidade social;
 • O capitalismo – como tudo no mundo material – terá 
um fim quando as crises se tornarem insuperáveis e 
a classe operária, tendo se conscientizado e orga-
nizado, será conduzida ao poder – dando início à 
ditadura do proletariado;
 • A ditadura do proletariado é apenas um período de 
transição para a abolição de todas as classes e a for-
mação de uma sociedade sem classe – a sociedade 
emancipada seria livre da exploração do trabalho 
alheio e estaria inaugurada uma nova era da história 
da humanidade.
Crítica à religião
Como filósofo materialista, Marx criticou a religião na 
obra “Crítica da filosofia do direito de Hegel ”.
“A miséria religiosa constitui ao mesmo tem-
po a expressão da miséria real e o protesto contra 
a miséria real. A religião é o suspiro da criatura 
oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e 
a alma de situações sem alma. A religião é o ópio 
do povo.”
“No caso da Alemanha, a crítica da religião 
chegou, no essencial, ao seu fim; e a crítica da 
religião é o pressuposto de toda a crítica.
Para Marx, as religiões cumprem um papel dúplice 
na manutenção do status quo pela classe dominante: 
primeiro, porque oferecem às classes trabalhadoras um 
consolo, uma “falsa esperança” para as injustiças sociais; 
segundo, porque o trabalhador vê na sua “liberdade” 
religiosa uma forma de protesto, de luta contra as con-
diçoes de vida a que é exposto. Finalmente, a religião 
não tem substância própria – foi criada pelo homem, 
para o homem, sendo também fruto ou resultado das 
condições materiais da existência humana: Estado e 
sociedade produzem e mantêm as religiões, que são 
também uma forma de controle dos sujeitos. 
O estudo do marxismo é importante para a compre-
ensão e ajustes no sistema capitalista – por analisar as 
contradições que resultam periodicamente em crises 
e recessões. Marx foi, acima de tudo, um dedicado es-
tudioso do sistema capitalista. Seu propósito foi deixar 
para a classe operária – o proletariado – o legado de 
uma ferramenta teórica que transformasse essa classe 
social de classe em si em uma classe por si: consciente 
de sua situação e capaz de transformar sua realidade 
rumo à emancipação – rumo à revolução proletária. 
Classes sociais
“A história de todas as sociedades que já exis-
tiram é a história da luta de classe. Homem livre 
e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, chefe 
de corporação e assalariado; resumindo, opresso-
res e oprimidos estiveram em constante oposição 
um ao outro, mantiveram sem interrupção uma 
luta por vezes aberta – uma luta que todas as ve-
zes terminou com uma transformação revolucio-
nária ou com a ruína das classes em disputa.” 
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. 
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, p. 9
A ideia de luta de classes como força motriz da histó-
ria aparece claramente no “Manifesto Comunista” e mais 
tarde na obra “Ideologia Alemã”. Para Marx e Engels, o 
conceito de “classe” era uma característica singularmente 
distintiva das sociedades capitalistas, sendo um produto 
da burguesia. Não se debruçaram, pois, sobre qualquer 
análise sistemática das principais classes e relações de 
classes em outras formas de sociedade. 
As classes dominantes criam e difundem a crença 
que o modo de vida existente é o melhor para todos, 
inclusive para as classes dominadas. 
“As ideias da classe dominante são, em todas as 
épocas, as ideais dominantes, ou seja, a classe que 
é o poder material dominante da sociedade é, ao 
mesmo tempo, o seu poder espiritual dominante 
...Os indivíduos que constituem a classe domi-
nante também têm, entre outras coisas, consciên-
cia, e daí que pensem; na medida em que domi-
nam como classe determinam todo o conteúdo de 
uma época histórica, é evidente que o fazem em 
toda a sua extensão, e portanto, entre outras coi-
sas, dominam também como pensadores, como 
produtores de ideias , regulam a produção e a dis-
tribuição de ideias de seu tempo, que, portanto, 
as suas ideias são as ideias dominantes da época.”
“A Ideologia Alemã”.
fornecedores dos serviços anteriormente citados. 
Isto é, com outras facções da burguesia. Há, 
ainda, os impostos pagos ao governo. Finalmente, 
resta uma parcela que é o lucro da empresa. Parte 
dele será reinvestido ou em outros negócios e 
parte será a renda individual do empresário, que 
o comsumirá.”
ANAV, Roberto Vital. O retorno de Karl Marx: a redescoberta de Marx 
no século XI. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2017, p. 84. 
Alienação
Com a Revolução Industrial ocorreu a separação entre 
capital e trabalho. O proprietário dos meios de produção 
é o burguês, já o operário vende a sua força de trabalho, 
recebendo em troca um salário. O trabalhador deixou de 
ter consciência do processo produtivo, atuando apenas 
numa etapa do mesmo. Uma imagem clássica é do filme 
Tempos Modernos de Charles Chaplin em que o sujeito 
ficava o dia todo apertando parafusos, o que não permitia 
que percebesse à totalidade do processo produtivo. 
“O trabalho aliena porque o seu resultado se 
autonomiza. A alienação é, então, condição para 
que a revolução não aconteça, a dominação pros-
siga, para que a exploração seja possível. Se você 
conservasse, de alguma forma, soberania sobre o 
produto do seu trabalho, isso se converteria em 
força política, força econômica e força social. Mas, 
como você perde controle sobre o seu trabalho e 
sobre o produto de o seu trabalho, você fabrica 
uma coisa forte e se enfraquece ao produzir aqui-
lo que é forte fora de você.”
BARROS FILHO, Clóvis de; DAINEZI, Gustavo Fernandes. Devaneios 
sobre a atualidade do capital. Porto Alegre: CDG Editora, 2014, p. 64.
Aula 3
25Sociologia 
Mais-valia
Para Marx a força de trabalho tem valor que é capaz 
de produzir valor superior a si próprio – que é a mais-valia. 
Em resumo é aquilo que o trabalho produz que não fica 
com ele, mas sim com o capitalista. O trabalhador produz 
mercadoria e o seu trabalho também é uma mercadoria. 
Contudo, quanto mais mercadoria ele produz menos ele 
acaba valendo no mercado das mercadorias. 
“Esta é a concretização do trabalho excedente, 
em termos de valor, ou seja, recebida em dinhei-
ro pelo proprietário dos meios de produção. O 
nome vem da sua origem: a mais-valia é o valor 
adicional criado pela força de trabalho, valor 
apropriado pelo capitalista. O valor final do 
produto se compõe do valor das matérias-primas, 
peças etc., e da parcela do valor das máquinas 
consumidas na produção (Lembremo-nos de que 
esses outros itens são frutos do trabalho realiza-
do em uma etapa anterior); do valor da força de 
trabalho; e da mais-valia, que corresponde ao tra-
balho excedente. Assim, depois de pagar o valor 
da força de trabalho, das matérias-primas e do 
desgaste das máquinas, o empresário disporá da 
mais-valia em suas mãos. Essa mais-valia terá uma 
parcela distribuída para outros empresários, por 
meio do pagamento dos juros de financiamen-
tos bancários e do aluguel da terra ou do edifício 
onde a empresa funciona (caso não seja próprio). 
Há ainda os serviços comerciais, de transporte, 
publicidade etc. Todos esses pagamentos pro-
vêm da mais-valia gerada na produção. Ou seja, 
o empresário industrial dividirá uma porção da 
mais-valia, criada pelos trabalhadores que ele 
emprega, com o banqueiro, com o proprietário 
da terra (ou do imóvel) e com os empresários
Testes
Assimilação
03.01.(UEMA) – As sociedades modernas são complexas e multifacetadas. Mas é com o capitalismo que as divisões sociais 
se tornam mais desiguais e excludentes. Marx já observara que só o conflito entre as classes pode mover a história. Assim 
sendo, para o referido autor, em qual das opções se evidencia uma característica de classe social?
a) O status social e cultural dos indivíduos.
b) A função social exercida pelos indivíduos na sociedade.
c) A ação política dos indivíduos nas sociedades hierarquizadas.
d) A identidade social, cultural e coletiva.
e) A posição que os indivíduos ocupam nas relações de produção.
26 Extensivo Semiextensivo
03.02. (ACAFE – SC) – Karl Marx, 
mediante análise dos mecanismos 
econômicos e sociais do capitalismo, 
criou uma série de conceitos econô-
micos, políticos e sociais que foram a 
base da ideologia socialista.
Acerca do Marxismo, todas as alterna-
tivas estão corretas, exceto a:
a) Para Marx, a exploração do opera-
riado ficava evidente no conceito 
de mais-valia.
b) O Marxismo defende que os meios 
de produção sejam controlados 
pela iniciativa privada, deixando 
ao Estado a administração das 
empresas públicas.
c) O Socialismo Científico de Marx de-
fendia uma proposta revolucionária 
para o proletariado.
d) Para a Revolução Socialista, o 
comunismo representaria o fim 
das desigualdades econômicas e 
sociais.
03.03. (UFU – MG) – Marx e Engels 
em seu Manifesto do Partido Comu-
nista, consideram que “a nossa época, 
a época da burguesia, caracteriza-se 
por ter simplificado os antagonismos 
de classes. A sociedade divide-se 
cada vez mais em dois vastos campos 
opostos, em duas grandes classes 
diametralmente opostas: a burguesia 
e o proletariado.” 
Em vista disso, assinale a alternativa 
que define corretamente a burguesia 
e o proletariado. 
a) Os burgueses utilizam o trabalho 
escravo para a produção, e o pro-
letariado é desprovido de liberdade 
para vender sua força de trabalho. 
b) Os burgueses são proprietários que 
utilizam da manufatura do proleta-
riado para a produção de mercado-
rias, e o proletariado impulsiona o 
desenvolvimento da manufatura. 
c) Os burgueses são os grandes pro-
prietários de terras, e o proletariado 
detém o poder social e econômico. 
d) Os burgueses são os detentores 
dos meios de produção, e o prole-
tariado vende sua força de trabalho. 
03.04. (UNIMONTES – MG) – A questão das classes sociais ocupa um papel fun-
damental na teoria de Karl Marx. Para ele, existem condicionantes e determinantes 
na complexa relação entre indivíduo e sociedade e entre consciência e existência 
social. Considerando as reflexões de Karl Marx sobre esse tema, marque a alter-
nativa incorreta.
a) A luta de classes desenvolve-se no modo de organizar o processo de trabalho 
e no modo de se apropriar do resultado do trabalho humano.
b) A luta de classes está presente em todas as ações dos trabalhadores quando 
lutam para diminuir a exploração e a dominação.
c) Em meio aos antagonismos e lutas sociais, o indivíduo pode repensar a reali-
dade, reagir e até mesmo transformá-la, unindo-se a outros em movimentos 
sociais e políticos.
d) As classes sociais sustentam-se em equilíbrios dinâmicos e solidários, sendo a 
produção da solidariedade social o resultado necessário à vida em sociedade.
Aperfeiçoamento
03.05. (UFU – MG) – 
E se, em toda ideologia, os homens e suas relações aparecem inver-
tidos como numa câmara escura, tal fenômeno decorre de seu proces-
so histórico de vida, do mesmo modo porque a inversão dos objetos 
na retina decorre de seu processo de vida diretamente físico. 
MARX, Karl, A ideologia alemã. São Paulo: Hucitec, 1987. p. 37. 
Com essa famosa metáfora, Marx realiza a definição de ideologia como inversão 
da realidade, da qual decorre para ele 
a) a alienação da classe trabalhadora. 
b) a consciência de classe dos trabalhadores. 
c) a existência de condições para a práxis revolucionária. 
d) a definição de classes sociais. 
03.06. (UFU – MG) – Conforme Marx e Engels:
“O modo pelo qual os homens produzem seus meios de vida 
depende, antes de tudo, da própria constituição dos meios de 
vida já encontrados e que eles têm de reproduzir. Esse modo de 
produção não deve ser considerado meramente sob o aspecto de ser 
a reprodução da existência física dos indivíduos. Ele é, muito mais, 
uma forma determinada de sua atividade, uma forma determinada 
de exteriorizar sua vida, um determinado modo de vida desses 
indivíduos”. 
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Huitec, 1999, p. 27. 
Da leitura do trecho, conclui-se que: 
a) As ideologias políticas possuem autonomia em relação ao desenvolvimento 
das forças produtivas. 
b) A base da estrutura social reside no seu modo de produção material. 
c) O modo de produção é determinado pela ideologia dominante.
d) Toda atividade produtiva é uma forma desumanização.
Aula 3
27Sociologia 
03.07. (UFGD – MS) – Karl Marx e Friedrich Engels são 
importantes e destacados autores das teses do socialismo 
científico, cuja proposição se baseou
a) na perspectiva de que seria urgente a redução do papel 
do Estado na economia.
b) no desenvolvimento e execução de sucessivas reformas 
em diferentes modelos econômicos, visando ao aperfei-
çoamento do Liberalismo.
c) em apontar e discutir as contradições do capitalismo, a 
partir da ideia de que seria necessária a ação revolucio-
nária dos trabalhadores.
d) no desenvolvimento e execução de sucessivas reformas 
em diferentes modelos econômicos, visando ao aperfei-
çoamento do Liberalismo.
e) em redefinir o movimento sindical, por considerar que ele 
estaria ultrapassado após a Revolução Russa.
03.08. Leia o texto a seguir.
Assim como Darwin descobriu a lei do desen-
volvimento da natureza orgânica, Marx descobriu 
a lei do desenvolvimento da história humana. A 
produção dos meios imediatos de vida, materiais 
e, por conseguinte, a correspondente fase de de-
senvolvimento econômico de um povo ou de uma 
época é a base a partir da qual tem se desenvolvi-
do as instituições políticas, as concepções jurídi-
cas, as ideias artísticas. A descoberta da mais-valia 
clareou estes problemas.
Adaptado de: ENGELS, F. Discurso diante do túmulo de Marx. 1883. Dispo-
nível em: <http://www.marxists.org/espanol/m-e/1880s/83-tumba.htm>. 
Acesso em: 11 set. 2017.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção 
materialista da história, assinale a alternativa correta.
a) Existem leis gerais e invariáveis na história, que fazem a 
vida social retornar continuamente ao ponto de partida, 
isto é, a uma forma idêntica de exploração do homem 
sobre o homem.
b) A mais-valia, ou seja, uma maneira mais eficaz de os pro-
prietários lucrarem por meio da venda dos produtos acima 
de seus preços, é uma manifestação típica da sociedade 
capitalista e do mundo moderno.
c) O darwinismo social é a base da concepção materialista 
da história na medida em que esta teoria demonstra cien-
tificamente que somente os mais aptos podem sobreviver 
e dominar, sendo os capitalistas um exemplo.
d) A partir de intercâmbios na infraestrutura da vida social, 
desenvolve-se um conjunto de relações que passam a 
integrar o campo da superestrutura, com uma interde-
pendência necessária entre elas.
e) A sociedade burguesa, por intensificar a exploração dos 
homens através do trabalho assalariado, constitui-se em 
forma de organização social menos desenvolvida que as 
anteriores.
03.09. Leia o texto a seguir.
Temos um trabalhador numa determinada in-
dústria. Suponhamos que ele conheça o dono da 
pequena indústria em que trabalha e que tenha 
até uma boa amizade com ele. Em determinado 
momento, porém, acontece uma greve. Apesar da 
amizade entre o trabalhador e seu patrão, prova-
velmente durante a greve ambos estarão coloca-
dos em lados opostos. 
TOMAZI, Nelson. Iniciação à Sociologia. São Paulo: Atual, 1993. p. 13-14. 
Este exemplo, tomado para introduzir uma reflexão sobre 
conceitos elaborados por Marx, em sua crítica àsociedade 
capitalista, remete, claramente, à noção de “classes sociais”, 
entendida no marxismo como 
a) grupos de indivíduos que compartilham os mesmos 
motivos para realizarem ações sociais. 
b) grupos de indivíduos que agem de forma semelhante em 
face de um mesmo fato social.
c) grupos de indivíduos que possuem a mesma crença com 
relação aos valores que precedem suas ações. 
d) grupos de indivíduos que ocupam uma mesma posição 
nas relações sociais de produção. 
03.10. (UEG – GO) – A respeito do materialismo histórico de 
Karl Marx, verifica-se que é uma
a) concepção que considera que a matéria é a origem do 
universo e da sociedade, e que ela muda historicamente 
transformando o homem e a natureza, sendo por isso que 
Marx intitulou essa concepção com a junção das palavras 
materialismo e história.
b) concepção da história que defende que o processo his-
tórico é determinado exclusivamente pelos interesses 
econômicos e materiais, sendo devido a isso que Marx 
atribuiu o nome “materialismo” à sua concepção em 
oposição ao “idealismo”, que defende que as pessoas 
perseguem seus ideais.
c) concepção historicista que compreende que a única ideo-
logia válida é o materialismo originado com o iluminismo 
e aperfeiçoado por Augusto Comte, sendo a divergência 
de Marx com esses antecessores apenas política, já que 
ele propunha uma concepção revolucionária diferente-
mente deles.
d) teoria da história que analisa o processo real e concreto, 
enfatizando o modo de produção e reprodução dos 
bens materiais necessários para a sobrevivência humana 
e que passa a ser determinada pela luta de classes em 
determinadas sociedades.
28 Extensivo Semiextensivo
03.11. (UFT – TO) – Em 1848, foi editada uma obra de Karl Marx 
e Friedrich Engels em que os autores difundiram as bases políti-
cas e ideológicas da chamada “Luta de Classes.” Trata-se do livro:
a) A Origem da Família, da Propriedade e do Estado, que 
definiu o conceito de comunismo.
b) A Origem da Família, da Propriedade e do Estado, que 
definiu o conceito de comunas e soviets.
c) 18 Brumário, obra que retrata o retorno do sistema impe-
rial na França após o Governo do Diretório.
d) Manifesto do Partido Comunista, no qual os autores con-
clamam os trabalhadores a se unirem à burguesia para 
implantar o socialismo na Rússia.
e) Manifesto do Partido Comunista, no qual os autores 
conclamam os trabalhadores a se unirem para derrubar 
a burguesia e o capitalismo, por meio de uma revolução.
Aprofundamento
03.12. O materialismo histórico dialético é o método de aná-
lise da sociedade criado por Karl Marx, um dos clássicos da 
Sociologia. A respeito desse método, é possível afirmar que 
a) o materialismo explica que as condições materiais de 
existência não são fatores determinantes para o modo 
de ser e pensar de cada um. 
b) a sociedade e a política surgem da ação da natureza e não 
da ação concreta dos seres humanos no tempo. 
c) o materialismo explica que são as relações sociais de pro-
dução que determinam o modo de ser e pensar de cada 
indivíduo. É um modo histórico, já que a sociedade e a política 
surgem da ação concreta dos seres humanos no tempo. 
d) a História é um processo contínuo e linear, logo a realidade é 
estática e o movimento da história possui uma base material 
e econômica, mas não obedece a um movimento dialético. 
e) a base material ou econômica constitui a “superestrutura” 
da sociedade, que exerce influência direta na “infraes-
trutura” da sociedade, ou seja, nas instituições jurídicas, 
políticas e ideológicas.
03.13. O materialismo histórico foi a corrente mais revo-
lucionária do pensamento social, tanto no campo teórico 
como no da ação política. E o Materialismo histórico pode 
ser conceituado como:
a) Período de transição do socialismo para o comunismo, 
durante o qual as condições materiais são criadas para a 
construção do socialismo.
b) Filosofia formulada por Marx e Engels que desenvolve 
em estreita conexão com os resultados da ciência e com 
a prática do movimento operário revolucionário.
c) Doutrina marxista do desenvolvimento da sociedade humana, 
que vê no desenvolvimento dos bens materiais necessários à 
existência a força primeira que determina toda a vida social, 
que condiciona a transição de um regime social para outro.
d) Corrente hostil ao marxismo que defende a natureza 
como fonte de sobrevivência.
e) Etapa que se segue ao socialismo, quando as classes 
deixam de existir e o Estado se extingue.
03.14. Com relação à Sociologia clássica de Marx, podemos 
afirmar:
I. Afirma que as relações entre os homens são relações de 
oposição, antagonismo e exploração.
II. Mostra que a industrialização, a propriedade privada e 
o assalariamento separavam o trabalhador dos meios 
de produção.
III. Defende a ideia de que as ações sociais são responsáveis 
pelas desigualdades sociais.
IV. Defende a ideia de que no capitalismo o trabalhador perde 
a posse do trabalho, naquilo que ele chama de alienação.
São corretas:
a) I e II. b) III e IV. c) I, II e IV.
d) I, II e III. e) Todas são corretas.
03.15. (UEM – PR) – Considerando as contribuições de Karl 
Marx e da teoria marxista para a compreensão da economia 
política capitalista, assinale o que for correto:
01) A teoria marxista contribui para o entendimento de 
que os modernos processos de exploração e alienação 
das forças de trabalho são o resultado de um sistema 
social de produção que pode ser transformado.
02) Segundo Marx, as empresas passaram a respeitar e a 
valorizar seus empregados a partir do momento em 
que se conscientizaram do papel central que eles ocu-
pam no processo produtivo.
04) A teoria marxista explica que o sistema capitalista de 
produção se tornou a forma mais justa e democrática de 
combater as desigualdades nas sociedades modernas.
08) A obra de Marx contribuiu para o reconhecimento das 
leis de mercado enquanto fatos sociais independentes 
da ação humana, e que devem ser obedecidas para se 
manter a coesão social.
03.16. (UEM – PR) – Karl Marx e Max Weber figuram entre 
os autores considerados fundadores da Sociologia. Cada um 
a seu modo investigou o funcionamento das sociedades. 
Ambos se preocuparam, sobretudo, com o funcionamento 
das sociedades capitalistas modernas. Assinale o que for cor-
reto a respeito de estudos realizados por esses dois autores.
01) Para Max Weber, as ações sociais dependem das deci-
sões, das escolhas e das orientações individuais, por-
tanto tais ações interferem diretamente na realidade. 
02) Karl Marx indica, em seus escritos, que a forma como as 
sociedades produzem e reproduzem a sua vida mate-
rial não interfere nos demais campos da vida.
04) Max Weber considera que o protestantismo foi central 
para o desenvolvimento da sociedade capitalista mo-
derna, uma vez que essa doutrina religiosa inseriu uma 
ética de valorização do trabalho e de seus frutos, inclu-
sa a riqueza. 
08) Ao contrário de Karl Marx, Max Weber considera os 
fenômenos culturais desencadeadores de transforma-
ções históricas e sociais. 
16) Os estudos de Karl Marx indicam que a produção e a 
reprodução da vida material, aquilo denominado de 
economia, conformam a infraestrutura das sociedades.
Aula 3
29Sociologia 
O capitalismo é gerador de crises – o próprio sistema não permite que o fruto do trabalho seja distribuído 
em prol da maioria, o que leva à concentração de riqueza e instabilidade social;
O capitalismo – como tudo no mundo material – terá um fim quando as crises se tornem insuperáveis e 
a classe operária, tendo se conscientizado e organizado, será conduzida ao poder – dando início à ditadura 
do proletariado;
A ditadura do proletariado é apenas um período de transição para a abolição de todas as classes e a for-
mação de uma sociedade sem classe – a sociedade emancipada seria livre da exploração do trabalho alheio e 
estaria inaugurada uma nova era da história da humanidade.
03.17. Com suas compreensões a respeito dos temas expostos acima, identifique o tipode ideia proposta por Marx para a 
superação das desigualdades sociais e explique a participação do proletariado nesse processo.
 
Desafio
03.18. (UFPR) – Tendo como referência a leitura do livro Os clássicos da política (WEFFORT, 1991), explique por que Marx 
propunha a revolução como mecanismo para a superação do sistema capitalista.
 
03.01. e
03.02. b
03.03. d
03.04. d
03.05. a
03.06. b
03.07. c
03.08. d
03.09. d
03.10. d
03.11. e
03.12. c
03.13. c
03.14. c
03.15. 01 
03.16. 29 (01 + 04 + 08 + 16) 
03.17. O aluno pode citar o socialismo cientí-
fico, ou também o comunismo como 
proposta de análise e de transformação 
social. Quanto à participação do prole-
tariado, esse é fundamental para a mo-
bilização na luta de classes, instituindo 
a ditadura do proletariado e eliminando 
as desigualdades existentes.
03.18. Na visão dialética de Marx, o mecanismo 
que impulsiona a mudança social é a 
contradição. Ou seja, o modo de produ-
ção capitalista produziria as forças que 
provocariam sua negação, contestação 
e a consequente superação por inter-
médio de uma revolução. A revolução 
proletária que conduziria à ditadura do 
proletariado, meio pelo qual o sistema 
capitalista seria superado.
Gabarito
30 Extensivo Semiextensivo
Relações: sociedade e natureza
Aula 4
Sociologia
Ao longo dos séculos, a relação do homem com a 
natureza foi se modificando drasticamente. Os povos 
antigos das mais diversas regiões do globo terrestre viam 
a natureza não como algo a ser domado, explorado, mas 
como um ente superior, ao qual deviam reverenciar. Daí 
a maior parte dos deuses das religiões da Antiguidade 
estarem associados a elementos da natureza. 
Conforme a sedentarização e a agricultura evolu-
íram, e principalmente depois do advento do uso de 
máquinas para o aumento da produção, essa relação 
se alterou: o homem pós-revolução industrial domou 
a terra, os recursos naturais, e passou a ver a natureza 
como um insumo – como provedora da matéria-prima 
necessária à produção de bens de consumo. 
Embora o tema “natureza” pareça alheio à economia, 
a “cultura” da exploração de todos os recursos naturais 
permeia o modelo de desenvolvimento econômico do 
mundo capitalista, que tem por base a geração constante 
de riqueza para manter o consumo e produzir excedente 
para a manutenção do Estado e da própria sociedade. 
Por esse motivo, diversos pensadores se preocupa-
ram em estudar a relação sociedade x natureza:
 • Para Adam Smith (1723-1790), o comportamento 
humano é guiado pela razão e pela satisfação de ne-
cessidades e interesses pessoais: isso faz com que uti-
lizemos todos os nossos recursos ou insumos – terra, 
capital e trabalho – na produção de bens de consumo;
 • David Ricardo (1772-1823) também vê a terra e os 
recursos naturais como insumos, porém, previu um 
futuro estágio estacionário na produção, em que não 
haveria suficiente terra produtiva de qualidade para 
produzir em quantidade suficiente para suprir a de-
manda gerada pelo crescimento populacional – nem 
mesmo com todo o progresso técnico que o trabalho, 
como propunha Smith, pudesse gerar. Nesse sentido, 
a natureza é não apenas uma limitadora do cresci-
mento, mas também está em conflito com o homem. 
 • Embora não se possa afirmar que Karl Marx (1818-1883) 
tenha sido um pensador “ambientalista” no sentido 
atual, ele via o homem como inserido na natureza. Em 
suas críticas à sociedade capitalista, estudou também a 
alienação humana em relação ao seu mundo natural. 
As mudanças no relacionamento entre o homem e 
a natureza podem ser relacionadas às mudanças no 
processo produtivo – que é um fenômeno social por 
sua vez também determinado e moldado pela relação 
entre o homem e suas condições naturais e materiais. 
Progresso técnico e meio 
ambiente
A Revolução Industrial é um marco histórico na rela-
ção do homem com o meio ambiente, por representar 
o momento em que o progresso técnico modificou 
significativamente essa relação. 
Meio ambiente: conjunto de unidades ecológicas 
que funcionam como um sistema natural e inclui a 
vegetação, os animais, os micro-organismos, o solo, 
as rochas, a atmosfera e todos os fenômenos natu-
rais, além dos recursos e fenômenos físicos como ar, 
a água, as florestas. Na ótica do Direito – segundo 
a lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional 
do Meio Ambiente; Meio Ambiente é o conjunto de 
condições, leis, influências e interações de ordem fí-
sica, química e biológica, que permite, abriga e rege 
a vida em todas as suas formas.
O progresso técnico – caracterizado principalmente 
pelo crescente uso e sofisticação de máquinas e pelas 
inovações tecnológicas nos processos produtivos – 
possibilitou a produção em massa, a fim de suprir as 
necessidades de consumo de uma população mundial 
que cresceu exponencialmente no último século. 
TABELA população mundial – de 1700 a 2100 (projeção)
1700 1750 1800 1850 1900 
year
1950 2000 2050 2100
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
0
high scenario
Tabela população mundial - de 1700 a2100 (projeção)
medium 
scenario
low scenario
po
pu
la
tio
n 
(in
 m
ill
io
n)
Aula 4
31Sociologia 
O progresso técnico possibilitou também a expansão das economias e 
sua internacionalização. Trouxe, contudo, diversas consequências indesejá-
veis para o meio ambiente. Alguns exemplos:
 • a indústria do petróleo – a exploração, produção e transporte são 
atividades com alto risco de contaminação, pois podem causar danos 
irreparáveis ao meio ambiente, como vazamentos em plataformas de 
extração, nos navios petroleiros ou nos oleodutos de distribuição que, 
quando ocorrem, causam danos incalculáveis ao meio ambiente. A 
produção do petróleo também produz resíduos altamente tóxicos para 
o solo e os lençóis freáticos. 
 • a indústria têxtil – a produção mundial de fibra sintética, uma das 
mais usadas na indústria têxtil, utiliza mais de 70 milhões de barris de 
petróleo por ano, e o produto final demora mais de 200 anos para se 
decompor; a viscose, que utiliza celulose para produção, exige a derru-
bada de 70 milhões de árvores todos os anos; o algodão, por sua vez, 
demanda altos níveis de substâncias tóxicas em seu cultivo. O processo 
de produção têxtil é também altamente poluente, principalmente para 
as águas, que são contaminadas por produtos usados no tingimento e 
tratamento têxteis. 
Ou seja, não apenas a produção em massa de bens necessita de grande 
consumo de recursos naturais, mas sua conversão em produtos comercia-
lizáveis gera poluição – resíduos sólidos, líquidos e gasosos despejados na 
natureza, além dos resíduos pós-consumo. 
Durante o último século, e mais aceleradamente durante as últimas déca-
das, houve um crescimento populacional e uma evolução tecnológica muito 
rápida que resultaram em uma exploração sem precedentes dos recursos 
naturais disponíveis. Ao mesmo tempo, não houve uma preocupação ou 
uma programação no sentido de conter as consequências do desequilíbrio 
ambiental resultante.
Sustentabilidade
É inegável que a exploração desordenada dos recursos naturais, pro-
movida dentro do modelo de desenvolvimento econômico adotado pela 
sociedade contemporânea, foi determinante para a atual crise ambiental, 
que já era evidente desde a década 
de 1960. O desequilíbrio entre a 
atividade humana e a proteção 
ambiental passou a constituir uma 
maior preocupação dos Estados a 
partir de 1972, quando se realizou 
em Estocolmo, Suécia, a Conferên-
cia das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente Humano. 
A Conferência de Estocolmo 
tornou-se um marco decisivo para 
o desenvolvimento de políticas 
ambientais e determinante na 
criação de regras de proteção que, 
através da pressão internacional, 
passaram a integrar o sistema 
jurídico de vários Estados, na forma 
do Direito Ambiental. 
A questão principal moti-
vadora da proteção ambiental 
foi também fruto da cultura de 
exploração: – quanto tempo nosso 
planeta pode resistir ao modelo 
econômico vigente? – ou, dito 
de outro modo, quandochegará 
o dia em que não haverá matéria 
prima para manter a produção e o 
consumo que mais de 7 bilhões de 
pessoas demandam?
Chegou-se à conclusão lógica 
de que somente com a interferência 
do Estado por meio de legislações – 
normas jurídicas visando à redução 
dos impactos ambientais – seria 
possível alcançar a sustentabilida-
de, ou seja, permitir que o planeta 
continue sustentando a vida huma-
na. O americano Lester Brown, um 
dos mais famosos ambientalistas 
do mundo, foi também um dos 
primeiros a oferecer um conceito 
de “sustentabilidade”: 
“uma sociedade sustentável 
é aquela capaz de satisfa-
zer suas necessidades sem 
comprometer as chances de 
sobrevivência das gerações 
futuras”
Lester Brown, World Watch Institute
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32 Extensivo Semiextensivo
No livro Plano B 4.0: Mobilização para Salvar a 
Civilização, Lester Brown afirma que é possível evitar o 
colapso ambiental, desde que se empreendam esforços 
no sentido de se reestruturar e buscar alternativas para 
o plano de desenvolvimento atual:
“As corporações precisam reconhecer que seu fu-
turo é inseparável do futuro da civilização e que 
elas também são responsáveis pela manutenção 
da vida na Terra. Devem, portanto, contribuir 
com a construção de uma economia global sus-
tentável. Sem isso, vamos enfrentar um colapso. 
Nenhuma companhia terá lucro avançando na 
escalada rumo à destruição. Precisamos rever ra-
pidamente a economia global e particularmente a 
matriz energética por meio de políticas econômi-
cas que reestruturem taxas e pressionem o merca-
do a contar a verdade ambiental”.
Promover a sustentabilidade é um desafio socioeco-
nômico que envolve um conjunto de ações de todos os 
setores da sociedade e que requer mudanças como:
 • mudança de postura em relação à natureza e ao 
meio ambiente;
 • mudança cultural em relação aos padrões de explo-
ração, desenvolvimento e consumo atuais;
 • restruturação do sistema econômico atual para que 
este seja efetivamente capaz de garantir as necessi-
dades atuais da sociedade sem destruir as chances 
de sobrevivência das futuras gerações. 
Iniciativas que se enquadram na perspectiva de 
desenvolvimento sustentável: 
 • Consumo ético: é um tipo de ativismo do consumi-
dor, praticado através de “compras éticas” baseadas 
na informação sobre as empresas e os produtos. 
Praticar o consumo ético é boicotar empresas e pro-
dutos que violem os direitos humanos, os “direitos” 
animais e os direitos ambientais. 
 • Consumo consciente: ter em conta os impactos am-
bientais na hora de escolha do produto, na definição 
da sua necessidade, do seu modo de uso e descarte. 
Também signifca adotar situaçãoes para o problema 
do lixo, utilizando o Princípio dos 3R’s - Reduzir, Reu-
tilizar e Reciclar. 
 • Conscientização e preservação ambiental: politi-
cias de educação ambiental, de preservação da flora e 
fauna, de redução do desmatamento, de aumento de 
reflorestamento;
 • Busca de formas “sustentáveis” de organização das 
condições de vida (formação de ecovilas, ecocidades 
e cidades sustentáveis);
 • Aplicação das ciências para o desenvolvimento de 
tecnologias verdes e de energias renováveis: eólica, 
solar e geotérmica;
 • Ativismo político – políticas governamentais desem-
penham papel essencial no incentivo de investimen-
tos em energias renováveis. Segundo estimativa da 
UNEP (United Nations Environmental Program) de 
2011, a alocação de cerca de 1,25% do PIB mundial em 
eficiência energética e energias renováveis poderia 
reduzir a demanda global por energia primária em 9% 
em 2020 e em 40% até 2050;
 • Pagamento por serviços ambientais (PSA) – consiste 
em recompensar ações que possam auxiliar os 
serviços ecossistêmicos, ou seja, remunerar aqueles 
que, direta ou indiretamente, ajudam a preservar o 
meio ambiente. Ex.: incentivos fiscais para iniciativas 
de reflorestamento, reciclagem;
 • Cobrança diferenciada de impostos: cobrança maior 
de impostos sobre atividades ambientalmente des-
trutivas, como as que geram, por exemplo, emissões 
de carbono e mercúrio, produzem lixo tóxico , ou 
consomem quantia excessiva de matérias-primas – 
atividades “limpas” poderiam ser encorajadas pela 
menor tributação. Esse seria o “mercado honesto” 
proposto por Lester Brown. 
Serviços ecossistêmicos são todos os “serviços” 
ou benefícios que os ecossistemas prestam à 
sociedade em termos de provimento, manutenção, 
recuperação ou melhoramento das condições 
ambientais. Podem ser serviços de provisão 
(tudo com que a natureza abastece a sociedade: 
água, alimentos, madeira), serviços de suporte 
e regulação (que mantem a estabilidade das 
condicoes ambientais: absorção de CO² pela 
fotossíntese das florestas; polinização de plantas, 
decomposição do lixo) e serviços culturais: são os 
benefícios intangíveis que a natureza proporciona, 
como os recreacionais, estéticos e espirituais. 
É preciso lembrar que, a despeito da boa vontade 
de alguns e da crescente popularidade do termo, a 
sustentabilidade ambiental só poderá ser alcançada 
com o envolvimento de todos. Hoje, é bastante 
questionável se, na prática, as acões necessárias serão 
implementadas para se evitar uma maior degradação 
ambiental e o consequente colapso da civilização 
atual. 
Envolver-se e praticar ações que permitam o 
desenvolvimento sustentável é tornar-se um “cidadão 
ambiental”:
Aula 4
33Sociologia 
“Noção de cidadania ambiental pressupõe o estabelecimento de um relação mais harmoniosa com a natu-
reza. Essa postura deve estar presente em toda a extensão da vida cotidiana, com cada cidadão exercitando 
sua responsabilidade ambiental em toda ocasião que estiver manipulando bens e materiais, buscando a fina-
lidade mais ecológica possível em cada atitude adotada no seu dia a dia e com consciência do impacto que 
os mais simples procedimentos podem provocar no meio natural. Como salienta o filósofo José Ávila Aguiar 
Coimbra, “ a escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a 
nossa destruição e da diversidade da vida.”
WALDMAN, Maurício. IN: História da cidadania. Organização: Jaime Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky. São Paulo: Contexto, 2003, p. 539.
O nosso envolvimento na construção de uma cidadania ambiental é urgente. A natureza e as gerações futuras 
agradecem!
Testes
Assimilação
04.01. (UFMT) – Relatório ambiental de 2010 da ONU cal-
cula que 50 milhões de toneladas de produtos descartáveis 
e altamente tóxicos são produzidas anualmente. Oriundos 
principalmente dos Estados Unidos e da Europa, esses produ-
tos descartados são levados, sobretudo, para a Ásia e a África, 
onde rendem dinheiro, mas geram inúmeros problemas 
de saúde. A obsolescência programada virou regra nesses 
produtos: nos anos 90 a sua vida média era de quatro anos, 
hoje, é de apenas um ano e meio.
O texto refere-se a um dos problemas ambientais de mais 
rápido crescimento no mundo, o do lixo que contém
a) garrafas pet.
b) derivados do petróleo.
c) plásticos.
d) eletrônicos.
e) latas de alumínio.
04.02. (ENEM) – 
A Justiça de São Paulo decidiu multar os super-
mercados que não fornecerem embalagens de papel 
ou material biodegradável. De acordo com a deci-
são, os estabelecimentos que descumprirem a nor-
ma terão de pagar multa diária de R$ 20 mil, por 
ponto de venda. As embalagens deverão ser dispo-
nibilizadas de graça e em quantidade suficiente. 
Disponível em: www.estadao.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012 
(adaptado).
A legislação e os atos normativos descritos estão ancorados 
na seguinte concepção: 
a) Implantação da ética comercial.
b) Manutenção da livre concorrência.
c) Garantia da liberdade de expressão.
d) Promoção da sustentabilidade ambiental.
e) Enfraquecimento dos direitos do consumidor.
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34 Extensivo Semiextensivo04.03. (UECE) – 
“A questão ambiental deve ser compreendida 
como um produto da intervenção da sociedade 
sobre a natureza. Diz respeito não apenas a pro-
blemas relacionados à natureza, mas às problemá-
ticas decorrentes da ação social.”
 RODRIGUES, Arlete Moysés. Produção do e no espaço - problemáti-
ca ambiental urbana. Ed. Hucitec, 1998, p.8.
A partir do excerto acima, pode-se concluir corretamente 
que os problemas ambientais globais residem
a) na forma como o homem em sociedade apropria-se da 
natureza.
b) nas relações de consumo e não nas relações de produção.
c) principalmente na forma de exploração dos recursos 
naturais não renováveis.
d) apenas nas relações de produção, porque estas não têm 
vinculação com o consumo.
04.04. A expressão “desenvolvimento sustentável” 
é amplamente empregada para designar a preservação 
da natureza, com vistas à promoção de uma maior cons-
cientização ambiental na sociedade. Esse termo designa, 
especificadamente:
a) A ampliação da área de cultivo agrícola em larga escala.
b) A manutenção do desenvolvimento econômico de modo 
a garantir a preservação da natureza e dos recursos natu-
rais para as gerações futuras.
c) A adoção de medidas de expansão das áreas naturais so-
bre as zonas de ocupação humana, de forma a reconstruir 
o império dos domínios da natureza.
d) A ampliação das medidas socioeducativas para o uso 
consciente da natureza, de modo a garantir, sobretudo, 
o desenvolvimento econômico e urbano.
e) A interrupção das práticas econômicas para garantir, 
primeiramente, a conservação dos elementos naturais.
Aperfeiçoamento
04.05. (ENEM) – 
A poluição e outras ofensas ambientais ainda 
não tinham esse nome, mas já eram largamente 
notadas no século XIX, nas grandes cidades ingle-
sas e continentais. E a própria chegada ao campo 
das estradas de ferro suscitou protestos. A reação 
antimaquinista, protagonizada pelos diversos lu-
ddismos, antecipa a batalha atual dos ambienta-
listas. Esse era, então, o combate social contra os 
miasmas urbanos.
SANTOS M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 
São Paulo: EDUSP, 2002 (adaptado).
O crescente desenvolvimento técnico-produtivo impõe mo-
dificações na paisagem e nos objetos culturais vivenciados 
pelas sociedades. De acordo com o texto, pode-se dizer que 
tais movimentos sociais emergiram e se expressaram por meio
a) das ideologias conservacionistas, com milhares de adep-
tos no meio urbano.
b) das políticas governamentais de preservação dos objetos 
naturais e culturais.
c) dos boicotes aos produtos das empresas exploradoras 
e poluentes.
d) da contestação à degradação do trabalho, das tradições 
e da natureza.
e) das teorias sobre a necessidade de harmonização entre 
técnica e natureza.
04.06. Analise as seguintes afirmativas sobre as questões 
ambientais:
I. A chamada “crise ambiental” atinge exclusivamente os 
países ricos, pois é uma consequência direta da produção 
industrial, praticamente inexistente nos países pobres;
II. As últimas décadas do século passado conheceram uma 
série de propostas dos países ricos de superação dos 
problemas ambientais a partir de uma modificação da 
matriz energética, propostas estas que contaram com o 
apoio unânime do G-7;
III. O aquecimento global, resultante do chamado “efeito es-
tufa”, é um dos mais preocupantes problemas ambientais 
da atualidade, afinal ele deverá atingir todo o planeta.
Assinale:
a) se apenas a afirmativa I for correta
b) se apenas a afirmativa II for correta
c) se apenas a afirmativa III for correta
d) se as afirmativas I e II forem corretas
e) se as afirmativas I e III forem corretas
04.07. (UNIRIO – RJ) – A ideia de desenvolvimento susten-
tável tem sido cada vez mais discutida junto às questões que 
se referem ao crescimento econômico. De acordo com este 
conceito considera-se que:
a) o meio ambiente é fundamental para a vida humana e, 
portanto, deve ser intocável.
b) os países subdesenvolvidos são os únicos que praticam 
esta ideia, pois, por sua baixa industrialização, preservam 
melhor o seu meio ambiente do que os países ricos.
c) ocorre uma oposição entre desenvolvimento e proteção 
ao meio ambiente e, portanto, é inevitável que os riscos 
ambientais sustentem o crescimento econômico dos povos.
d) deve-se buscar uma forma de progresso socioeconômico 
que não comprometa o meio ambiente sem que, com 
isso, deixemos de utilizar os recursos nele disponíveis.
e) são as riquezas acumuladas nos países ricos, em prejuízo 
das antigas colônias durante a expansão colonial, que de-
vem, hoje, sustentar o crescimento econômico dos povos.
Aula 4
35Sociologia 
04.08. Analise o texto:
Mostrengo enviado para punir o povo de Tebas 
por ter afrontado os deuses, a Esfinge tinha cabeça 
e seios de mulher, corpo e patas de leoa, e asas de 
águia. Instalada às portas da cidade, ela exigia que 
seus melhores jovens a enfrentassem. Todos eram 
impiedosamente trucidados porque não conse-
guiam responder ao enigma que ela lhes propu-
nha. Desgraça que só terminou quando apareceu 
um esperto rapaz, vindo de Corinto e chamado 
Édipo. Ele matou a charada, provocando o suicídio 
da fera. O resto da lenda é bem conhecido.
Pois bem, o “desenvolvimento sustentável” 
também é um enigma à espera do seu Édipo [....] .
VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento Sustentável: o desafio do 
século XXI. 3a edição. Rio de Janeiro: Garamond, 2008, p.3.
O desenvolvimento sustentável se define de forma enigmáti-
ca por constituir-se enquanto o desafio do Século XXI. Nesta 
perspectiva, pode-se afirmar:
a) A privatização da água proposta pelo Banco Mundial é 
uma medida de uso e apropriação racional da natureza 
com vistas à sustentabilidade socioeconômica e ambiental.
b) Os conflitos socioambientais evidenciam as contradições 
da relação estabelecida entre a sociedade e a natureza no 
modelo de desenvolvimento capitalista.
c) A regulação da biodiversidade pela Organização das 
Nações Unidas (ONU), enquanto patrimônio da humani-
dade, vem garantindo o cumprimento legal da política 
ambiental brasileira.
d) A conservação natural dos ecossistemas terrestres para a 
reprodução social da vida torna evidente o desenvolvi-
mento sustentável no capitalismo.
04.09. (FGV – SP) – Nos jornais em todo o mundo, cotidiana-
mente a palavra crise está presente e associada à economia. 
Várias reuniões de lideranças mundiais são realizadas para 
discutir a crise econômica e, nelas, a questão ambiental 
é geralmente tratada com menor profundidade com que 
se discutem os problemas econômicos. Um dos grandes 
desafios para diminuir o peso da crise ambiental é
a) difundir, em escala global, os hábitos de consumo que es-
tão presentes nos países tradicionalmente desenvolvidos.
b) controlar a natalidade nos países mais pobres e emer-
gentes de modo a retardar a chegada dos 8 bilhões de 
habitantes.
c) desenvolver pesquisas de novas tecnologias para incen-
tivar o uso de recursos naturais menos susceptíveis ao 
esgotamento.
d) expandir modelos econômicos neoliberais que concre-
tizem ações voltadas à educação ambiental nos países 
pobres.
e) promover a desconcentração espacial das populações 
que vivem nos vales fluviais onde há forte pressão sobre 
os recursos naturais.
04.10. (UEPB) – Sobre a globalização dos problemas am-
bientais é correto afirmar:
I. Após a Revolução Industrial, a Natureza passou a ser vista 
como uma fonte de recursos econômicos a ser explorada 
por meio de instrumentos cada vez mais sofisticados, 
criados pela ciência e pela tecnologia. Nesse processo, o 
meio ambiente foi submetido a uma contínua devasta-
ção, pondo em risco o equilíbrio do planeta e afetando 
a vida de toda a humanidade.
II. Nas últimas décadas do seculo XX, com o agravamento 
dos problemas ambientais, a sociedade se mobilizou 
para deter os efeitos nocivos das atividades econômicas, 
predatórias e poluentes.
III. Os grupos ecológicos se multiplicaram e a pressão social 
resultou na aprovação pelos poderes públicos de leis de 
proteçãoao meio ambiente.
IV. No âmbito internacional, a preservação do meio 
ambiente passou a constituir elemento importante de um 
país para negociar a comercialização de seus produtos e 
recebimento de empréstimos.
Está(ão) correta(s)
a) Apenas a proposição I
b) Todas as proposições
c) Apenas as proposições II e IV
d) Apenas as proposições I e II
e) Apenas as proposições I e III
Aprofundamento
04.11. (UFAL) – 
“Os padrões dominantes de produção e con-
sumo estão causando devastação ambiental, re-
dução dos recursos e uma massiva extinção de 
espécies.
Comunidades estão sendo arruinadas. Os be-
nefícios do desenvolvimento não estão sendo 
divididos equitativamente e o fosso entre ricos e 
pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a 
ignorância e os conflitos violentos têm aumentado 
e são causa de grande sofrimento. O crescimen-
to sem precedentes da população humana tem 
sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As 
bases da segurança global estão ameaçadas. Essas 
tendências são perigosas, mas não inevitáveis.”
Extraído do Preâmbulo da Carta da Terra
A partir dessa leitura e considerando-se outros conhecimen-
tos sobre o tema, é incorreto afirmar que:
a) os problemas do meio ambiente são bastante antigos, 
mas apenas nas últimas décadas teve início uma consci-
ência mundial da gravidade desses problemas.
b) os processos de transformações agrícolas modificaram 
consideravelmente os inúmeros ecossistemas do planeta 
Terra, os quais tiveram que ser adaptados ao cultivo e à 
criação de animais.
c) mais da metade da população da Terra habita em áreas 
urbanas; a cidade passou a ser, então, a expressão mais 
forte da alteração do espaço natural.
d) a Revolução Industrial não promoveu a produção em 
massa, como era esperado, mas acarretou a substituição de 
fontes de energia renováveis e limpas pelo carvão mineral 
e depois pelo petróleo.
e) o atual padrão de crescimento econômico exige dos sis-
temas naturais algo muito além de suas capacidades de 
sustentação e de renovação.
04.12. (UENP) – Leia atentamente o fragmento de texto a 
seguir. Trata-se de uma entrevista com o sociólogo Zigmunt 
Bauman.
Poderia falar mais amplamente sobre os riscos 
da modernidade?
Uma das características do que chamo 
de “modernidade sólida” era que as maiores 
ameaças para a existência humana eram muito 
mais óbvias. Os perigos eram reais, palpáveis, e 
não havia muito mistério sobre o que fazer para 
neutralizá-los ou, ao menos, aliviá-los. Era óbvio, 
por exemplo, que alimento, e só alimento, era o 
remédio para a fome.
Os riscos de hoje são de outra ordem, não 
se pode sentir ou tocar muitos deles, apesar 
de estarmos todos expostos, em algum grau, 
a suas consequências. Não podemos, por 
exemplo, cheirar, ouvir, ver ou tocar as condições 
climáticas que gradativamente, mas sem trégua, 
estão se deteriorando. O mesmo acontece com 
os níveis de radiação e de poluição, a diminuição 
das matérias-primas e das fontes de energia não 
renováveis, e os processos de globalização sem 
controle político ou ético, que solapam as bases 
de nossa existência e sobrecarregam a vida dos 
indivíduos com um grau de incerteza e ansiedade 
sem precedentes.
Diferentemente dos perigos antigos, os 
riscos que envolvem a condição humana no 
mundo das dependências globais podem não 
só deixar de ser notados, mas também deixar 
de ser minimizados mesmo quando notados. 
As ações necessárias para exterminar ou limitar 
os riscos podem ser desviadas das verdadeiras 
fontes do perigo e canalizadas para alvos 
errados. Quando a complexidade da situação 
é descartada, fica fácil apontar para aquilo que 
está mais à mão como causa das incertezas e 
das ansiedades modernas. Veja, por exemplo, 
o caso das manifestações contra imigrantes que 
ocorrem na Europa. Vistos como “o inimigo” 
próximo, eles são apontados como os culpados 
pelas frustrações da sociedade, como aqueles 
que põem obstáculos aos projetos de vida
36 Extensivo Semiextensivo
 dos demais cidadãos. A noção de “solicitante de 
asilo” adquire, assim, uma conotação negativa, ao 
mesmo tempo em que as leis que regem a imigra-
ção e a naturalização se tornam mais restritivas, e 
a promessa de construção de “centros de deten-
ção” para estrangeiros confere vantagens eleitorais 
a plataformas políticas.
Para confrontar sua condição existencial e en-
frentar seus desafios, a humanidade precisa se 
colocar acima dos dados da experiência a que 
tem acesso como indivíduo. Ou seja, a percep-
ção individual, para ser ampliada, necessita da as-
sistência de intérpretes munidos com dados não 
amplamente disponíveis à experiência individual. 
E a Sociologia, como parte integrante desse pro-
cesso interpretativo — um processo que, cumpre 
lembrar, está em andamento e é permanentemen-
te inconclusivo —, constitui um empenho cons-
tante para ampliar os horizontes cognitivos dos 
indivíduos e uma voz potencialmente poderosa 
nesse diálogo sem fim com a condição humana.
PALLARES-BURKE, Maria Lúcia Garcia. Entrevista com Zigmunt 
Bauman. 
Sobre as questões ambientais na contemporaneidade, assi-
nale a alternativa INCORRETA.
a) Uma das consequências humanas da globalização pode 
ser associada ao agravamento da questão ambiental.
b) O desenvolvimento do capitalismo demonstra que os 
índices de industrialização são diretamente proporcionais 
aos índices de poluição, em termos absolutos.
c) O estímulo ao consumo de produtos recicláveis pode ser 
considerado uma estratégia do capitalismo contemporâ-
neo para manter os índices de consumo elevados.
d) Embora as questões climáticas tenham se agravado 
por conta da globalização e do desenvolvimento do 
capitalismo, elas não podem ser consideradas uma 
categoria relevante para a compreensão da sociedade 
contemporânea.
e) As questões ambientais e climáticas são uma espécie 
de “inimigo invisível” que caracteriza a modernidade 
contemporânea (“modernidade líquida”).
04.13. O lixo é um dos problemas ambientais mais preo-
cupantes no âmbito das cidades, não só brasileiras, mas de 
todo o mundo. Por outro lado, gera emprego e renda. Sobre 
essa questão, assinale a opção correta.
a) A produção de lixo cresce na razão inversa do poder aqui-
sitivo das populações. Isso ocorre porque os segmentos de 
alto poder aquisitivo adotam posturas mais conscientes 
em relação ao destino de lixo.
b) A participação do lixo orgânico em relação ao total de lixo 
produzido é menor nos bairros de baixo poder aquisitivo 
e maior nos bairros de classe média alta. Isso decorre das 
diferenças na qualidade de nutrição entre os estratos 
populacionais.
Aula 4
37Sociologia 
c) O Brasil figura entre os países do mundo que mais reci-
clam latas de alumínio e papelão, Esse resultado decorre 
da conscientização da população e da implantação de 
programas de coleta de lixo seletiva nas principais cidades 
brasileiras.
d) O lixo representa uma fonte de trabalho e renda para 
uma população cada vez mais numerosa, sobretudo nos 
grandes centros urbanos do Brasil. Assim, muitas pessoas 
retiram do lixo coletado nas ruas e nos lixões a principal 
fonte de sua sobrevivência.
e) O lixo produzido nas cidades brasileiras tem um destino 
apropriado. Verifica-se que, na grande maioria dos casos, 
ele é depositado em aterros sanitários tecnicamente 
adequados ou é incinerado.
04.14. (UEG – GO) – 
Invadindo espaços:
As cidades que antes serviam para abrigar 
os cidadãos, hoje são o ambiente típico dos 
automóveis.
Nos países em desenvolvimento, a ação do 
poder público em favor do automóvel foi e tem 
sido tão eficaz que fica cada vez mais difícil para 
os moradores das cidades viver com um mínimo 
de conforto sem um automóvel particular. Só 
os que, em razão do seu padrão de renda, não 
podem almejar ter um carro sujeitam-se ao 
ineficiente sistema de transporte público. Neles 
perdem várias horas do dia, muitos dias por ano, 
alguns anos de vida.
Se as condições fossem outras, se o transporte 
público fosse mais eficiente, menor seria a parcela 
de rendaque boa parte da população precisa 
reservar para compra e manutenção de um carro 
particular, menores seriam as demandas por 
investimentos públicos no sistema viário, maiores 
seriam as disponibilidades da renda pessoal para 
outras atividades, incluindo lazer, e maiores 
seriam os recursos que o poder público poderia 
destinar para melhorar a qualidade de vida de 
uma população.
OKUBARO, Jorge J. O automóvel, um condenado? São Paulo: Senac, 
2001. p. 52-53. (Adaptado).
De acordo com a análise do texto acima, é CORRETO afirmar:
a) o elevado custo, os problemas de congestionamento das 
grandes cidades (ônibus, automóveis, caminhões) são 
os maiores responsáveis pela poluição atmosférica nos 
centros urbanos, ocasionando a redução na qualidade 
de vida da população. 
b) a baixa tarifa do transporte urbano é um incentivo ao 
trabalhador, independentemente do tempo gasto para 
o deslocamento entre a casa e o trabalho, o que resulta 
em ganho no orçamento no final do mês. 
c) a qualidade do transporte coletivo urbano, fruto de estra-
tégias de planejamento, acaba por estimular a utilização 
do transporte coletivo, diminuindo o número de veículos 
nos grandes centros urbanos. 
d) a crescente preocupação com o planejamento urbano 
pelos órgãos oficiais do governo tem trazido melhorias 
na condução do tráfego e a diminuição dos custos na 
infraestrutura viária.
04.15. (UNICAMP) – Na discussão atual sobre a sustentabi-
lidade do planeta, o termo “3R” tem sido usado para se referir 
a práticas – Reutilizar, Reciclar e Reduzir – que podem ser 
adotadas para diminuir o consumo de materiais e energia 
na produção de objetos.
a) Tendo em vista a sustentabilidade do planeta, ordene 
os verbos “reutilizar”, “reciclar” e “reduzir”, colocando em 
primeiro lugar a ação que levaria a uma diminuição 
mais significativa do consumo energético e material e, 
em último, a ação que levaria a uma diminuição menos 
significativa.
b) Em um condomínio residencial há quatro grandes re-
cipientes para receber, separadamente, metais, vidros, 
papéis e plásticos. Seria importante que houvesse outro 
recipiente, que até poderia ser menor, para receber outro 
tipo de material. Que material seria esse, sabendo-se que, 
do ponto de vista ambiental, ele é mais prejudicial que 
os outros mencionados? Explique por que esse material 
é muito prejudicial ao ambiente, quando aí descartado.
38 Extensivo Semiextensivo
04.16. Vivemos numa sociedade extremamente consumista, havendo grande utilização dos recursos naturais e degradação 
ambiental. Com os atuais modos de produção e consumo é possível alcançar o desenvolvimento sustentável?
Desafio
04.17. (UFES) – Em junho de 2012, foi realizada, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento 
Sustentável, denominada Rio+20. A ilustração abaixo chama a atenção para os principais problemas abordados no evento.
(Fonte: INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O futuro que queremos. Cartilha ilustrada sobre economia verde)
Elabore um texto em que você explique as diferenças apresentadas na ilustração, comparando a América do Norte e a 
América Latina.
 
Aula 4
39Sociologia 
04.01. d
04.02. d
04.03. a
04.04. b
04.05. d
04.06. c
04.07. d
04.08. b
04.09. c
04.10. b
04.11. d
04.12. d
04.13. d
04.14. a
04.15. a) Ordenando os verbos temos: REUTI-
LIZAR (reaproveitamento dos objetos 
sem grandes gastos de energia); RE-
CICLAR (reaproveitamento dos mate-
riais com gastos de energia); REDUZIR 
(retirar novos materiais do planeta 
com gastos de energia).
b) O outro recipiente, que poderia até 
ser menor, é para receber LIXO ELE-
TRÔNICO (pilhas, baterias, dispositivos 
elétricos e eletrônicos). Esses materiais 
contém metais pesados e outros con-
taminantes (ácidos e bases) que são 
mais prejudiciais ao meio ambiente 
do que os outros mencionados.
04.16. Para ser alcançado, o desenvolvimento 
sustentável depende de planejamento e 
do reconhecimento de que os recursos 
naturais são finitos. Essa forma de desen-
volvimento socioeconômico pressupõe 
a utilização de formas mais racionais de 
exploração da natureza. Portanto, para 
que seja realizado o desenvolvimento 
econômico aliado à preservação ambien-
tal, faz-se necessário a utilização racional 
dos recursos naturais, redução do uso de 
matérias primas, aumento da reutilização 
e reciclagem, utilização de fontes energé-
ticas renováveis, entre outros fatores.
04.17. Na ilustração, são apresentados os pa-
drões médios de consumo por região 
do mundo em comparação aos recursos 
existentes no planeta. Assim, se todo o 
mundo consumisse nos mesmos pa-
drões norte-americanos, mais de cinco 
planetas Terra seriam necessários, o que 
mostra que a adoção do modelo de con-
sumo norte-americano é insustentável. 
Os recursos necessários à sustentação de 
um padrão de consumo elevado como 
esse são explorados em todo o planeta.
Os países desenvolvidos e industrializa-
dos produzem artigos com tecnologias 
mais avançadas e aplicam estratégias 
comerciais para renovação rápida des-
ses artigos. A economia se mantém 
aquecida, mas as consequências am-
bientais são negativas, seja pela supe-
rexploração dos recursos naturais, pela 
matriz energética adotada (baseada no 
petróleo), seja pela produção de lixo e 
pela poluição atmosférica.
Os países latino-americanos são, em 
geral, industrializados e em desenvol-
vimento, sendo, ao mesmo tempo, 
fornecedores de bens primários (com-
modities) e consumidores dos produtos 
e das tecnologias dos países industriali-
zados desenvolvidos. Entre todas as re-
giões apontadas na figura, os níveis de 
consumo dos países da América Latina 
seriam relativamente próximos ao que 
o planeta Terra poderia suportar; contu-
do, os níveis de consumo nesses países 
são muito desiguais, havendo áreas de 
consumo equivalente ao dos países de-
senvolvidos e áreas de extrema pobreza.
Gabarito
40 Extensivo Semiextensivo
Trabalho e sociedade
Sociologia
Aula 5
Trabalho é toda atividade humana intencional que 
produz objetos ou presta serviços com valor de uso e/ou 
troca. É a atividade desenvolvida pelo homem para pro-
duzir riquezas. O vocábulo vem da palavra latina tripalium, 
que era um instrumento usado para castigar escravos. 
Segundo Karl Marx, trabalho “é a atividade conscien-
te e planejada na qual o ser humano, ao mesmo tempo 
em que extrai da natureza bens capazes de satisfazer 
suas necessidades materiais; cria as bases de sua reali-
dade sociocultural”. 
Em outras palavras, na visão de Marx, o trabalho não 
representa apenas uma atividade que objetiva atender 
as necessidades do ser humano, que com ele cria bens 
de valor para a troca e dele retira sua subsistência, mas 
com o trabalho o homem também constrói a si mesmo 
e constrói a sociedade em que vive. Portanto, pode-se 
afirmar que o modo como foi exercido o trabalho tem 
relação direta com o modo como se organizaram as 
diversas formas de sociedade através dos tempos. 
A história do trabalho acompanhou a história da hu-
manidade: nas formações primitivas o trabalho coletivo 
era necessário para a sobrevivência dos grupos, e tam-
bém fortalecia os laços de solidariedade e comunhão. A 
domesticação de plantas alterou substancialmente as 
relações de trabalho; como decorrência, surgiu a agri-
cultura e com ela a sedentarização. Nas comunidades 
tribais a terra é propriedade comum e a agricultura a 
principal atividade econômica, juntamente com a cria-
ção de animais, a caça, a pesca e a coleta. 
Com o domínio e sofisticação de ferramentas 
criadas pelo homem, e posteriormente a utilização de 
máquinas, os modos de produção e o trabalho foram 
gradualmente se modificando, até chegarmos à noção 
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de trabalho que conhecemos hoje, que é culturalmente 
específica: o trabalho vendido, assalariado. 
Entre o modelo das sociedades comunais e o modo 
de produção capitalista, passamos por sociedades 
escravagistas, pelo modo de produção tributário e pelo 
modo de produçãofeudal. Em cada uma delas, há dife-
rentes concepções no modo como o trabalho é visto e 
organizado. Compreender a forma como o trabalho é or-
ganizado ajuda a entender o caráter de uma civilização. 
É importante lembrar que embora a noção de traba-
lho que tenhamos hoje nos remeta ao trabalho urbano, 
em todos os tempos e independentemente do modo 
de produção, da região ou época estudada, o trabalho 
no campo (quer seja na agricultura ou na pecuária, quer 
seja para suprir necessidades de consumo imediato ou 
com fins comerciais) foi e continua sendo essencial para 
a sobrevivência do ser humano.
Trabalho nas sociedades 
comunais
O primeiro modo de produção da história é o que teve 
início com os primeiros grupos humanos organizados que 
deixaram de ser nômades para se dedicarem ao plantio de 
terras coletivas, à caça e à coleta de alimentos produzidos 
pela natureza. São características das sociedades comu-
nais: a propriedade coletiva (ausência de propriedade pri-
vada) dos meios de produção e o cooperativismo e, ainda, 
o proveito coletivo do produto do trabalho comum. Esse 
era o modo de produção característico das sociedades do 
período Paleolítico até a Idade dos Metais, e dos habitan-
tes primitivos dos países das Américas, incluindo o Brasil, 
antes da chegada dos europeus. 
Trabalho nas primeiras 
civilizações – o modo 
de produção tributário 
(asiático)
Surgido em um dos berços da civilização ocidental, 
a Mesopotâmia, o chamado modo de produção asiático 
representa a transição das sociedades primitivas, comu-
Aula 5
41Sociologia 
nais, para as formas de organização social baseadas em 
classes sociais e econômicas. Predominou em diversas 
regiões que existiram na Europa Meridional no final da 
Antiguidade, na China e Índia antigas, no Egito, e na 
América entre as civilizações dos maias, astecas e incas. 
Tinha por base a servidão coletiva de grupos de 
trabalhadores agrícolas (camponeses) que eram subme-
tidos a um regime compulsório de trabalho nas terras 
de propriedade de um Rei, Imperador ou Faraó, a quem 
cabia a produção (que era então distribuída entre a 
nobreza). Além de trabalharem na lavoura, de pagarem 
tributos para trabalhar nas terras e de contribuírem com 
enormes “excedentes” da produção para o sustento das 
demais classes, os camponeses eram, em períodos de 
entressafra, utilizados na construção de obras públicas, 
como foi o caso das Pirâmides do Egito. 
Na China Antiga, como nas demais civilizações 
antigas, o camponês sustentava a economia: além de 
dar ao Estado grande parte da colheita, pagava taxas 
e impostos ao Estado e aos proprietários rurais e ainda 
lutava nas guerras. 
Trabalho escravo
A escravidão esteve presente em praticamente todas 
as sociedades: das civilizações Grego e Romana às Amé-
ricas, principalmente durante o período colonial, em 
que os indígenas e africanos capturados foram tratados 
e comercializados como uma mercadoria. Foi a mão de 
obra escrava que permitiu a construção dos monumen-
tos romanos, dos engenhos de açúcar no Brasil e que 
sustentou as economias da América colonial. 
Características da escravidão tradicional:
 • Negação da cidadania: as pessoas submetidas à 
escravidão não possuíam direitos individuais ou de 
propriedade, por serem elas próprias consideradas 
propriedade;
 • Como qualquer propriedade, os escravos podiam ser 
usados e comercializados;
 • A jornada de trabalho do escravo e as tarefas que lhe 
caberiam executar eram definidas pelo seu proprie-
tário. 
Embora a escravidão tradicional tenha sido abolida 
e seja proibida por lei em quase todos os países do 
mundo, a “escravidão moderna” está presente em todos 
os cantos da Terra, inclusive no Brasil. O trabalho em 
condições “análogas às de escravo” está presente na 
prostituição forçada, nos trabalhos forçados de homens, 
mulheres e crianças, na construção civil, em fábricas e 
na agricultura, nos casamentos de crianças forçadas a se 
casar com homens mais velhos. Embora formalmente 
livres e amparados pela lei, os “novos escravos” são, de 
fato, impossibilitados de exercerem sua liberdade e têm 
suas vidas controladas por seus exploradores. 
 
Segundo dados da Organização Internacional do 
Trabalho (disponíveis em: http://www.ilo.org/global/
topics/forced-labour/lang-en/index.htm), em 2016:
 • 40,3 milhões de pessoas viviam em escravidão mo-
derna, incluindo 24,9 em trabalhos forçados e 15,4 
milhões no casamento forçado; isso significa que há 
5.4 vítimas da escravidão moderna para cada 1.000 
pessoas no mundo.
 • 10 milhões, ou 1 em cada 4 vítimas da escravidão 
moderna, são crianças;
 • Dos 24,9 milhões de pessoas presas no trabalho for-
çado, 16 milhões de pessoas são exploradas no setor 
privado, como trabalho doméstico, construção ou 
agricultura; 4,8 milhões de pessoas em exploração 
sexual forçada e 4 milhões de pessoas em trabalho 
forçado imposto pelas autoridades estatais;
 • Mulheres e meninas são desproporcionalmente 
afetadas pelo trabalho forçado, representando 99% 
das vítimas na indústria do sexo e 58% em outros 
setores.
Já o site da Global Slavery Index (Índice Global 
da Escravidão, disponível em: https://www.
globalslaveryindex.org/index/) informa que em 2016 o 
Brasil tinha um número estimado de 161.100 pessoas 
vivendo em situação análoga à de escravo. Essas pessoas 
são principalmente jovens com idades entre 15 e 39 anos, 
de baixa escolaridade. A incidência desse crime é maior 
nas áreas rurais no país, mas ocorre também nas cidades, 
na construção civil, na indústria têxtil e no contexto 
doméstico. 
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42 Extensivo Semiextensivo
Famílias ricas de São Paulo mantém estrangei-
ros como empregados domésticos em condições 
de trabalho escravo. Os estrangeiros eram enga-
nados por agências que prometiam um salário 
bom para trabalhar como empregadas domésticas 
em casas da grande São Paulo. Mas na verdade, 
elas acabaram vítimas de tráfico de pessoas e tra-
balho escravo. 
Leia notícia na íntegra em: 
https://noticias.r7.com/sao-paulo/familias-ricas-mantem-estrangeiros-
em-condicoes-de-trabalho-escravo-01082017
A Justiça decidiu que a Zara Brasil é a responsável 
pelo caso de trabalho análogo à escravidão 
registrado na cadeia produtiva da marca em 2011. 
A determinação da 4ª Turma do Tribunal Regional 
do Trabalho (TRT) de São Paulo foi divulgada nesta 
terça-feira. A decisão pode levar a empresa à “lista 
suja” do Ministério do Trabalho. Desde a época da 
autuação, a Zara, parte da multinacional Inditex, 
alega que a responsabilidade pelos trabalhadores 
flagrados em situação irregular é do fornecedor, 
a confecção AHA. Em nota enviada nesta terça, 
a companhia reforçou esse posicionamento e 
informou que recorrerá da decisão junto ao 
Tribunal Superior do Trabalho.
Leia mais: https://oglobo.globo.com/economia/justica-decide-
que-zara-responsavel-por-trabalho-escravo-flagrado-em-2011-
22070129#ixzz5I3EeqiDQ stest 
Leia a notícia na integra em: 
https://oglobo.globo.com/economia/justica-decide-que-zara-
responsavel-por-trabalho-escravo-flagrado-em-2011-22070129. 
Trabalho dos servos nos 
feudos da Idade Média
O trabalho dos servos (camponeses) nas grandes 
propriedades rurais, os feudos, predominou na Idade 
Média. No modo de produção feudal, a posse de terra 
definia não somente a classe social, mas também as 
formas de trabalho e de relacionamento. 
O servo não era tratado como mercadoria e podia 
inclusive ser um homem livre, se assim permitisse 
o senhor feudal, mas teria que pagar tributos 
sempre que morasse no feudo. Além de terem 
que trabalhar nas porções de terra exclusivas dos 
senhores (cultivar a terra do senhor feudal alguns 
dias da semana, obrigação a que se dava o nome de 
corveia), também deviam pagar pelo uso da terra 
que cultivavam e sobre o produto do cultivo do lote 
alocado à sua família. 
Trabalhador livre 
e assalariado
Embora os escravos constituíssem boa parte da força 
de trabalho nas sociedades da Idade Antiga e os servosa base do sistema de produção feudal, também durante 
esses períodos houve a utilização, em diferentes esca-
las, de trabalhadores livres. Na Fenícia, homens livres 
dedicavam-se a fabricar embarcações, a produzir joias 
artesanais e tecidos e ao comércio. Na Europa medieval, 
os artesãos – pessoas que se dedicavam à produção de 
inúmeros artefatos de acordo com sua especialidade e 
necessidade dos feudos – assim como os comerciantes, 
eram homens livres. 
Com o avanço do sistema capitalista e a abolição da 
escravidão, os donos dos meios de produção passam a 
empregar trabalhadores livres para a produção em mas-
sa. A troca da força do trabalhador por salário caracteriza 
o trabalho assalariado. 
As condições do trabalhador assalariado imediata-
mente trazidas com a Revolução Industrial eram terríveis: 
devido à grande oferta de mão de obra, os empregadores 
estabelececiam salários baixissimos e longas horas de 
trabalho sem pausas para descanso em condições insa-
lubres. Como a lógica do sistema visava apenas o lucro, 
muitos empregavam mulheres e crianças pra trabalharem 
em iguais condições por salários ainda menores. 
Estas condições levaram à formação de sindicatos, 
através dos quais os trabalhadores começaram a exigir 
melhores salários, tratamento mais justo e condições 
mais humanas de trabalho. Os sindicatos começaram 
a organizar greves e manifestações . A primeira “lei 
trabalhista, o Moral and Health Act, promulgado na 
Inglaterra em 1802, fixou a jornada de trabalho infantil 
em 12 horas e proibiu o trabalho noturno, o que eram 
avanços para a época.
Em 1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicam o 
Manifesto Comunista, que foi o primeiro documento 
histórico a discutir os direitos do trabalhador. O temor à 
adesão dos trabalhadores aos ideais socialistas foi um dos 
motivos pelos quais, progressiva e lentamente, se criassem 
legislações voltadas para a proteção do trabalhador e para a 
criação da responsabilidade social dos Estados, que passou 
a ser implementada ao longo do século XX.
A jornada de trabalho no capitalismo
“Que é uma jornada de trabalho? ” De quanto 
é o tempo durante o qual o capital pode consumir 
a força de trabalho, cujo valor diário ele paga? Por
Aula 5
43Sociologia 
quanto tempo pode ser prolongada a jornada de 
trabalho além do tempo de trabalho necessário à 
reprodução dessa mesma força de trabalho? A essas 
perguntas, viu-se que o capital responde: a jornada 
de trabalho compreende diariamente as 24 horas 
completas, depois de descontar as poucas horas 
de descanso, sem as quais a força de trabalho fica 
totalmente impossibilitada de realizar novamen-
te sua tarefa. Entende-se por si, desde logo, que 
o trabalhador, durante toda a sua existência, nada 
mais é que força de trabalho e que, por isso, todo 
o seu tempo disponível é por natureza e por di-
reito tempo de trabalho, portanto, pertencente à 
autovalorização do capital. Tempo para a educação 
humana, para o desenvolvimento intelectual, para 
o preenchimento de funções sociais, para o conví-
vio social, para o jogo livre das forças vitais físicas 
e espirituais, mesmo o tempo livre de domingo – e 
mesmo no país do sábado santificado – pura futili-
dade! [...] Em vez da conservação normal da força 
de trabalho determinar aqui o limite da jornada de 
trabalho é, ao contrário, o maior dispêndio possí-
vel diário da força de trabalho que determina, por 
mais penoso e doentiamente violento, o limite do 
tempo de descanso do trabalhador. O capital não 
se importa com a duração de vida da força de tra-
balho. O que interessa a ele, pura e simplesmente, 
é um maximum de força de trabalho que em uma 
jornada de trabalho poderá ser feito fluir. [...] A 
produção capitalista, que é essencialmente produ-
ção de mais-valia, absorção de mais-trabalho, pro-
duz, portanto, com o prolongamento da jornada de 
trabalho não apenas a atrofia da força de trabalho, 
a qual é roubada de suas condições normais, mo-
rais e físicas, de desenvolvimento e atividade. Ela 
produz a exaustão prematura e o aniquilamento da 
própria força de trabalho. Ela prolonga o tempo de 
produção do trabalhador num prazo determinado 
mediante o encurtamento de seu tempo de vida. 
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Abril 
Cultural, 1983. v. 1. p. 211-2.
A Constituição do México de 1917 foi a primeira 
da História a limitar a jornada de trabalho para oito 
horas, regulamentar o trabalho da mulher e do menor 
e a garantir férias remuneradas e proteção do direito da 
maternidade. Logo depois, a partir da Constituição de 
Weimar (República de Weimar, Alemanha, 1919-1933), 
as Constituições europeias passaram também a garantir 
os mesmos direitos.
No Brasil, o trabalho livre e assalariado tomou o 
lugar do trabalho escravo após a abolição da escravidão, 
em 1888. A vinda de imigrantes europeus aumentou o 
número de homens livres para o trabalho, gerando um 
enorme contingente de mão de obra barata. Também 
por aqui as más condições e salários impulsionaram os 
primeiros sindicatos brasileiros e a primeiras normas 
trabalhistas surgiram a partir do final do século XIX, com 
o Decreto nº 1.313/1891, que regulamentou o trabalho 
dos menores de 12 a 18 anos. 
Após a Revolução de 30, durante o governo de Ge-
túlio Vargas, é criado o Ministério do Trabalho, Indústria 
e Comércio. A Constituição de 1934 viria a ser a primeira 
a tratar de Direito Trabalhistas no Brasil, garantindo 
direitos mínimos como salário mínimo, jornada de oito 
horas, repouso semanal, férias anuais remuneradas, 
proteção do trabalho feminino e infantil.
A “Justiça do Trabalho”, também surgida com a Consti-
tuição de 1934, foi instalada de fato em 1941. As normas 
trabalhistas foram reunidas em um único código em 1943, 
dando origem à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 
A Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 con-
sagrou os Direitos Sociais em diversos artigos, inclusive 
o artigo 7º, que elenca os Direitos dos Trabalhadores, 
e é considerada uma Constituição avançada sob vários 
aspectos, inclusive por conter proteções antidiscrimina-
tórias nas relações de emprego, como por exemplo:
 • as que protegem a mulher: o artigo 5º, I enfatiza que 
homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
ções e o 7º, XX, dá proteção, mediante incentivos, ao 
mercado de trabalho da mulher;
 • as que protegem o trabalhador de discriminação por 
idade - o art. 7º, XXX proíbe diferenças decorrentes 
da idade e o art. 227, § 3º, II e III preveem garantias 
previdenciárias e trabalhistas e acesso à escola ao 
trabalhador adolescente;
 • a que protegem os imigrantes – o art. 5º, caput, dá 
aos residentes no País a garantia de inviolabilidade 
de direitos fundamentais, entre os quais o trabalho, 
que é direito sócio fundamental (art. 6º); 
 • que protegem os deficientes – o artigo 7º, XXXI, traz 
expressamente a proibição de discriminações com 
vistas a salário e admissão. 
Além disso, o artigo 7º, XXXII determina expressa-
mente que não é permitida a distinção entre trabalhos 
manual, técnico e intelectual, além dos respectivos pro-
fissionais. A CF/88 também trouxe a redução da jornada 
de trabalho de 48 para 44 horas semanais; a instituição 
do abono de férias para os trabalhadores (um terço do 
salário); a ampliação da licença maternidade para 120 
dias; a licença paternidade de cinco dias; o seguro-
-desemprego e o 13º salário para aposentados. 
Divisão social e sexual 
do trabalho
A divisão do trabalho manifesta-se como divisão do 
trabalho físico e intelectual. Há dois tipos de divisão: a 
divisão técnica e a social. 
44 Extensivo Semiextensivo
A divisão técnica é aquela que o produto final passa 
por diversas etapas no processo de produção e destina 
ao aumento da produtividade do trabalho. Já na divisão 
social os trabalhadores desempenham diferentes fun-
ções na sociedade (econômicas, ideológicas e políticas).
A divisão do trabalho entre indivíduos e grupos faz 
parte da história da humanidade: as divisões por sexo e 
poridade são as mais antigas e universais. Ambas têm 
por base principalmente a força física.
Nas comunidades tribais, o trabalho realizado no 
interior da comunidade é determinado por idade, por 
sexo e por parentesco. Já as relações de parentesco 
determinam as atividades produtivas individuais, como 
por exemplo a exploração do solo.
“[...] A cooperação por idade funciona de acor-
do com os princípios da capacidade produtiva dos 
membros da comunidade; as tarefas são distribuí-
das entre jovens, adultos e velhos de acordo com a 
capacidade física e das necessidades, o que implica 
diferentes funções no sistema cooperativo. A coo-
peração por sexo baseia-se nas diferentes mas ar-
ticuladas tarefas atribuídas ao homem e à mulher, 
tanto no plano da organização familiar individua-
lizada como no plano da organização comunitária, 
o que Durkheim denomina solidariedade social.”
OLIVEIRA, Carlos Roberto. História do trabalho. 
São Paulo: Ática, 1998, p.13
A divisão do trabalho social
Bem diverso [da solidariedade mecânica] é o 
caso da solidariedade produzida pela divisão do 
trabalho [solidariedade orgânica]. Enquanto a 
precedente implica que os indivíduos se asseme-
lham, esta supõe que eles diferem uns dos outros. 
A primeira só é possível na medida em que a 
personalidade individual é absorvida na persona-
lidade coletiva; a segunda só é possível se cada 
um tiver uma esfera de ação própria, por conse-
guinte, uma personalidade. É necessário, pois, 
que a consciência coletiva deixe descoberta uma 
parte da consciência individual, para que nela se 
estabeleçam essas funções especiais que ela não 
pode regulamentar; e quanto mais essa região é 
extensa, mais forte é a coesão que resulta des-
sa solidariedade. De fato, de um lado, cada um 
depende tanto mais estreitamente da sociedade 
quanto mais dividido for o trabalho nela e, de 
outro, a atividade de cada um é tanto mais pessoal 
quanto mais for especializada. Sem dúvida, por 
mais circunscrita que seja, ela nunca é comple-
tamente original; mesmo no exercício de nossa 
profissão, conformamo-nos a usos, a práticas que 
são comuns a nós e a toda a nossa corporação. 
Mas, mesmo nesse caso, o jugo que sofremos é 
muito menos pesado do que quando a sociedade 
inteira pesa sobre nós, e ele proporciona muito 
mais espaço para o livre jogo de nossa iniciativa. 
Aqui, pois, a individualidade do todo aumenta 
ao mesmo tempo que a das partes; a sociedade 
torna-se mais capaz de se mover em conjunto, ao 
mesmo tempo em que cada um de seus elemen-
tos tem mais movimentos próprios. Essa solida-
riedade se assemelha à que observamos entre os 
animais superiores. De fato, cada órgão aí tem sua 
fisionomia especial, sua autonomia, e contudo a 
unidade do organismo é tanto maior quanto mais 
acentuada essa individuação das partes. Devido 
a essa analogia, propomos chamar de orgânica a 
solidariedade devida à divisão do trabalho.
DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 
São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 108. 
Testes
Assimilação
05.01. (ENEM) – 
Uma mesma empresa pode ter sua sede administrativa onde os impostos são menores, as unidades de 
produção onde os salários são os mais baixos, os capitais onde os juros são os mais altos e seus executivos 
vivendo onde a qualidade de vida é mais elevada.
SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001 (adaptado).
No texto estão apresentadas estratégias empresariais no contexto da globalização. Uma consequência social derivada dessas 
estratégias tem sido
a) o crescimento da carga tributária.
c) a redução da competitividade entre as empresas.
e) a ampliação do poder de planejamento dos Estados nacionais.
b) o aumento da mobilidade ocupacional. 
d) o direcionamento das vendas para os mercados regionais. 
Aula 5
45Sociologia 
05.02. Texto:
Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e 
independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvol-
vimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica 
da sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual 
correspondem determinadas formas de consciência social. 
MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In. MARX, K. ENGELS F. Textos 3. São Paulo. Edições Sociais, 1977 (adaptado).
Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que
a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia.
b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.
c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano.
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico.
e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe.
05.03. (ENEM) – 
Dominar a luz implica tanto um avanço tecnológico quanto uma certa liberação dos ritmos cíclicos da 
natureza, com a passagem das estações e as alternâncias de dia e noite. Com a iluminação noturna, a escuri-
dão vai cedendo lugar à claridade, e a percepção temporal começa a se pautar pela marcação do relógio. Se 
a luz invade a noite, perde sentido a separação tradicional entre trabalho e descanso – todas as partes do dia 
podem ser aproveitadas produtivamente.
SILVA FILHO. A. L. M. Fortaleza: imagens da cidade. Fortaleza: Museu do Ceará: Secult-CE. 2001 (adaptado).
Em relação ao mundo do trabalho, a transformação apontada no texto teve como consequência a
a) melhoria da qualidade da produção industrial.
b) redução da oferta de emprego nas zonas rurais.
c) permissão ao trabalhador para controlar seus próprios horários.
d) diminuição das exigências de esforço no trabalho com máquinas.
e) ampliação do período disponível para a jornada de trabalho.
05.04. (FCC – SP) – Observe atentamente a tirinha abaixo.
(Quino. Toda Mafalda. Martins Fontes, 2000)
Está correto com relação às atuais tendências na divisão social e sexual do trabalho:
a) As desigualdades de gênero no mercado de trabalho e nas atividades domésticas eram comuns até a década de 1970, 
mas atualmente deixaram de existir.
b) Atualmente as mulheres ocupam, de forma simétrica aos homens, cargos políticos e posições ocupacionais mais privile-
giadas, embora na atividade doméstica as disparidades de gênero persistam.
c) Ainda que no mercado de trabalho já não existam diferenças entre mulheres e homens que ocupam os mesmos postos 
de trabalho, a divisão doméstica do trabalho segue desigual.
d) Ainda que atualmente a divisão sexual do trabalho doméstico tenha se tornado igualitária, a sobrecarga horária nos postos 
ocupados no mercado de trabalho pelo sexo masculino segue sendo maior.
e) Apesar das mudanças significativas verificadas nas últimas décadas, a divisão social do trabalho e a divisão doméstica do 
trabalho seguem sendo marcadas por disparidades relacionadas ao sexo.
46 Extensivo Semiextensivo
Aperfeiçoamento
05.05. (UEL – PR) – Sobre a exploração do trabalho no 
capitalismo, segundo a teoria de Karl Marx (1818-1883), é 
correto afirmar:
a) A lei da hora-extra explica como os proprietários dos 
meios de produção se apropriam das horas não pagas 
ao trabalhador, obtendo maior excedente no processo 
de produção das mercadorias.
b) A lei da mais valia consiste nas horas extras trabalhadas 
após o horário contratado, que não são pagas ao traba-
lhador pelos proprietários dos meios de produção.
c) A lei da mais-valia explica como o proprietário dos meios 
de produção extrai e se apropria do excedente produzido 
pelo trabalhador, pagando-lhe apenas por uma parte das 
horas trabalhadas.
d) A lei da mais valia é a garantia de que o trabalhador 
receberá o valor real do que produziu durante a jornada 
de trabalho.
e) As horas extras trabalhadas após o expediente consti-
tuem-se na essência do processo de produção de exce-
dentes e da apropriaçãodas mercadorias pelo proprietário 
dos meios de produção.
05.06. (ENEM) – 
Estamos testemunhando o reverso da tendência 
histórica da assalariação do trabalho e socialização 
da produção, que foi característica predominante 
na era industrial. A nova organização social e 
econômica baseada nas tecnologias da informação 
visa à administração descentralizadora, ao trabalho 
individualizante e aos mercados personalizados. 
As novas tecnologias da informação possibilitam, 
ao mesmo tempo, a descentralização das tarefas 
e sua coordenação em uma rede interativa de 
comunicação em tempo real, seja entre continentes, 
seja entre os andares de um mesmo edifício.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006 
(adaptado). No contexto descrito, as sociedades vivenciam mu-
danças constantes nas ferramentas de comunicação que afetam 
os processos produtivos nas empresas. Na esfera do trabalho, tais 
mudanças têm provocado:
a) o aprofundamento dos vínculos dos operários com as 
linhas de montagem sob influência dos modelos orientais 
de gestão.
b) o aumento das formas de teletrabalho como solução de 
larga escala para o problema do desemprego crônico.
c) o avanço do trabalho flexível e da terceirização como 
respostas às demandas por inovação e com vistas à mo-
bilidade dos investimentos.
d) a autonomização crescente das máquinas e computado-
res em substituição ao trabalho dos especialistas técnicos 
e gestores.
e) o fortalecimento do diálogo entre operários, gerentes, 
executivos e clientes com a garantia de harmonização 
das relações de trabalho. 
05.07. (ENEM) – 
No final do século XX e em razão dos avanços 
da ciência, produziu-se um sistema presidido 
pelas técnicas da informação, que passaram a 
exercer um papel de elo entre as demais, unindo-
as e assegurando ao novo sistema uma presença 
planetária. Um mercado que utiliza esse sistema 
de técnicas avançadas resulta nessa globalização 
perversa.
SANTOS, M. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 
2008 (adaptado).
Uma consequência para o setor produtivo e outra para o 
mundo do trabalho advindas das transformações citadas no 
texto estão presentes, respectivamente, em:
a) Eliminação das vantagens locacionais e ampliação da 
legislação laboral.
b) Limitação dos fluxos logísticos e fortalecimento de asso-
ciações sindicais.
c) Diminuição dos investimentos industriais e desvalorização 
dos postos qualificados.
d) Concentração das áreas manufatureiras e redução da 
jornada semanal.
e) Automatização dos processos fabris e aumento dos níveis 
de desemprego.
05.08. (ENEM) – 
Uma dimensão da flexibilização do tempo 
de trabalho é a sutileza cada vez maior das 
fronteiras que separam o espaço de trabalho e o 
do lar, o tempo de trabalho e o de não trabalho. 
Os mecanismos modernos de comunicação 
permitem que, no horário de descanso, os 
trabalhadores permaneçam ligados à empresa. 
Mesmo não exercendo diretamente suas atividades 
profissionais, o trabalhador fica à disposição da 
empresa ou leva problemas para refletir em casa. 
É muito comum o trabalhador estar de plantão, 
para o caso de a empresa ligar para o seu celular 
ou pager. A remuneração para esse estado de alerta 
é irrisória ou inexistente. KREIN, J. D. Mudanças 
e tendências recentes na regulação do trabalho.
n: DEDECCA, C. S.; PRONI, M. W. (Org.). Políticas públicas e trabalho: 
textos para estudo dirigido. Campinas: IE/Unicamp; Brasília: MTE, 
2006 (adaptado).
A relação entre mudanças tecnológicas e tempo de trabalho 
apresentada pelo texto implica
a) O prolongamento da jornada de trabalho com a intensi-
ficação da exploração.
b) O aumento da fragmentação da produção com a racio-
nalização do trabalho.
Aula 5
47Sociologia 
c) O privilégio de funcionários familiarizados com equipa-
mentos eletrõnicos.
d) O crescimento da contratação de mão de obra pouco 
qualificada.
e) declínio dos salários pagos aos empregados mais idosos.
05.09. (ENEM) – 
Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro 
automatizado, o problema não é como as pessoas 
vão consumir essas unidades adicionais de tempo de 
lazer, mas que capacidade para a experiência terão as 
pessoas com esse tempo livre. Mas se a notação útil 
do emprego do tempo se torna menos compulsiva, 
as pessoas talvez tenham de reaprender algumas 
das artes de viver que foram perdidas na Revolução 
Industrial: como preencher os interstícios de seu dia 
com relações sociais e pessoais; como derrubar mais 
uma vez as barreiras entre o trabalho e a vida.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura 
popular tradicional. São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado).
A partir da reflexão do historiador, um argumento contrário 
à transformação promovida pela Revolução Industrial na 
relação dos homens com o uso do tempo livre é o(a):
a) intensificação da busca do lucro econômico.
b) flexibilização dos períodos de férias trabalhistas.
c) esquecimento das formas de sociabilidade tradicionais.
d) aumento das oportunidades de confraternização familiar.
e) multiplicação das possibilidades de entretenimento 
virtual.
05.10. (ENEM) – 
Procuramos demonstrar que o desenvolvimen-
to pode der visto como um processo de expansão 
das liberdades reais que as pessoas desfrutam. O 
enfoque nas liberdades humanas contrasta com 
visões mais restritas de desenvolvimento, com 
as que identificam desenvolvimento com cresci-
mento do Produto Nacional Bruto, ou industria-
lização. O crescimento do PNB pode ser muito 
importante como um meio de expandir as liber-
dades. Mas as liberdades dependem também de 
outros determinantes, como os serviços de edu-
cação e saúde e os direitos civis.
SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Cia. das 
Letras, 2010.
A concepção de desenvolvimento proposto no texto 
fundamenta-se no vínculo entre
a) incremento da indústria e atuação no mercado financeiro.
b) criação de programas assistencialistas e controle de preços.
c) elevação da renda média e arrecadação de impostos.
d) garantia da cidadania e ascensão econômica.
e) ajuste de políticas econômicas e incentivos fiscais.
05.11. (ENEM) – TEXTO I
Cidadão
Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
E me diz desconfiado
“Tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?”
Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer.
BARBOSA, L. In: ZÉ RAMALHO. 20 Super Sucessos. Rio de Janeiro: 
Sony Music, 1999 (fragmento).
TEXTO II
O trabalhador fica mais pobre à medida que 
produz mais riqueza e sua produção cresce em 
força e extensão. O trabalhador torna-se uma 
mercadoria ainda mais barata à medida que cria 
mais bens. Esse fato simplesmente subentende 
que o objeto produzido pelo trabalho, o 
seu produto, agora se lhe opõe como um ser 
estranho, como uma força independente do 
produtor.
MARX, K. (Primeiro manuscrito). São Paulo: Boitempo Editorial, 
2004 (adaptado).
Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo de 
produção capitalista é
a) baseada na desvalorização do trabalho especializado e 
no aumento da demanda social por novos postos de 
emprego. 
b) fundada no crescimento proporcional entre o número 
de trabalhadores e o aumento da produção de bens e 
serviços. 
c) estruturada na distribuição equânime de renda e no 
declínio do capitalismo industrial e tecnocrata. 
d) instaurada a partir do fortalecimento da luta de classes e 
da criação da economia solidária.
e) derivada do aumento da riqueza e da ampliação da 
exploração do trabalhador.
48 Extensivo Semiextensivo
“A Constituição brasileira de 1988 proíbe qual-
quer tipo de trabalho para menores de 14 anos. 
(...) Apesar da proibição constitucional, não exis-
te até hoje uma punição criminal para quem de-
sobedece à legislação. O empregador que contrata 
menores de 14 anos está sujeito apenas a multas.‘As multas são, na maioria das vezes, irrisórias, 
permanecendo na casa dos R$ 500’, afirmou o 
Procurador do Trabalho Lélio Bentes Corrêa. 
Aprofundamento
05.12. (UEL – PR) – 
“Pela exploração do mercado mundial a burgue-
sia imprime um caráter cosmopolita à produção 
e ao consumo em todos os países. Para desespero 
dos reacionários, ela retirou à indústria sua base 
nacional. As velhas indústrias nacionais foram des-
truídas e continuam a sê-lo diariamente. (...) Em 
lugar das antigas necessidades satisfeitas pelos pro-
dutos nacionais, nascem novas necessidades, que 
reclamam para sua satisfação os produtos das re-
giões mais longínquas e dos climas mais diversos. 
Em lugar do antigo isolamento de regiões e nações 
que se bastavam a si próprias, desenvolve-se um 
intercâmbio universal, uma universal interdepen-
dência das nações. E isso se refere tanto à produção 
material como à produção intelectual. (...) Devido 
ao rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de 
produção e ao constante progresso dos meios de 
comunicação, a burguesia arrasta para a torrente 
da civilização mesmo as nações mais bárbaras.” 
MARX, K.; ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: 
Global, 1981. p. 24-25.
Com base no texto de Karl Marx e Friedrich Engels, publicado 
pela primeira vez em 1848, assinale a alternativa correta.
a) Desde o início, a expansão do modo burguês de produção 
fica restrita às fronteiras de cada país, pois o capitalista é 
conservador quanto às inovações tecnológicas.
b) O processo de universalização é uma tendência do capi-
talismo desde sua origem, já que a burguesia precisa de 
novos mercados, de novas mercadorias e de condições 
mais vantajosas de produção.
c) A expansão do modo capitalista de produção em escala 
mundial encontrou empecilhos na mentalidade burguesa 
apegada aos métodos tradicionais de organização do 
trabalho.
d) Na maioria dos países não europeus, a universalização do 
capital encontrou barreiras alfandegárias que impediram 
sua expansão.
e) A dificuldade de comunicação entre os países, devido ao 
baixo índice de progresso tecnológico, adiou para o século 
XX a universalização do modo capitalista de produção.
05.13. (UEL – PR) – Segundo Émile Durkheim 
“[...] constitui uma lei da história que a soli-
dariedade mecânica, a qual a princípio é quase 
única, perca terreno progressivamente e que a 
solidariedade orgânica, pouco a pouco, se torne 
preponderante”. 
Fonte: DURKHEIM, É. A Divisão Social do Trabalho, In Os Pensadores. 
Tradução de Carlos A. B. de Moura. São Paulo: Abril Cultural, 1977, p. 67.
Por esta lei, segundo o autor, nas sociedades simples, 
organizadas em hordas e clãs, prevalece a solidariedade por 
semelhança, também chamada de solidariedade mecânica. 
Nas organizações sociais mais complexas, prevalece 
a solidariedade orgânica, que é aquela que resulta do 
aprofundamento da especialização profissional.
De acordo com a teoria de Durkheim, é correto afirmar que:
a) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade orgânica 
para a solidariedade mecânica, em função da multiplica-
ção dos clãs.
b) Na situação em que prevalece a solidariedade mecânica, 
as sociedades não evoluem para a solidariedade orgânica.
c) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade mecâ-
nica para a solidariedade orgânica, em função da inten-
sificação da divisão do trabalho.
d) Na situação em que prevalece a divisão social do trabalho, 
as sociedades não desenvolvem formas de solidariedade.
e) Na situação em que prevalecem clãs e hordas, as socie-
dades não desenvolvem formas de solidariedade e, por 
isso, tendem a desaparecer progressivamente.
05.14. (UEL – PR) – Leia os textos que seguem. O primeiro 
é de autoria do pensador alemão Karl Marx (1818-1883) e 
foi publicado pela primeira vez em 1867. O segundo integra 
um caderno especial sobre trabalho infantil, do jornal Folha 
de S. Paulo, publicado em 1997.
“(...) Tornando supérflua a força muscular, a 
maquinaria permite o emprego de trabalhadores 
sem força muscular ou com desenvolvimento físico 
incompleto, mas com membros mais flexíveis. 
Por isso, a primeira preocupação do capitalista, ao 
empregar a maquinaria, foi a de utilizar o trabalho 
das mulheres e das crianças. (...) [Entretanto,] a 
queda surpreendente e vertical no número de 
meninos [empregados nas fábricas] com menos 
de 13 anos [de idade], que frequentemente 
aparece nas estatísticas inglesas dos últimos 
20 anos, foi, em grande parte, segundo o 
depoimento dos inspetores de fábrica, resultante 
de atestados médicos que aumentavam a idade das 
crianças para satisfazer a ânsia de exploração do 
capitalista e a necessidade de traficância dos pais.” 
MARX, K. O Capital: crítica da economia política. 19. ed. Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. Livro I, v. 1, p. 451 e 454)
Aula 5
49Sociologia 
Além de não sofrer sanção penal, os empregado-
res muitas vezes se livram das multas trabalhistas 
devido a uma brecha da própria Constituição. O 
artigo 7º, inciso XXXIII, proíbe ‘qualquer traba-
lho’ a menores de 14 anos, mas abre uma exceção 
– ‘salvo na condição de aprendiz’.” 
Folha de S. Paulo, 1 maio 1997. Caderno Especial Infância Roubada 
– Trabalho Infantil.
Com base nos textos, é correto afirmar:
a) Graças às críticas e aos embates questionando o trabalho 
infantil durante o século XIX, na Inglaterra, o Brasil pôde, 
no final do século XX, comemorar a erradicação do tra-
balho infantil.
b) Em decorrência do desenvolvimento da maquinaria, foi 
possível diminuir a quantidade de trabalho humano, 
dificultando o emprego do trabalho infantil nas indústrias 
desde o século XIX, na Inglaterra, e nos dias atuais, no Brasil.
c) A legislação proibindo o trabalho infantil na Inglaterra do 
século XIX e a legislação atual brasileira são instrumentos 
suficientes para proteger as crianças contra a ambição de 
lucro do capitalista.
d) O trabalho infantil foi erradicado na Inglaterra, no século 
XIX, através das ações de fiscalização dos inspetores nas 
fábricas, exemplo que foi seguido no Brasil do século XX.
e) O desenvolvimento da maquinaria na produção capitalista 
potencializou, no século XIX, o emprego do trabalho 
infantil. Naquele contexto, a legislação de proteção à 
criança pôde ser burlada, o que ainda se verifica, de certa 
maneira, no Brasil do final do século XX.
05.15. (UEM – PR) – Sobre o conceito de trabalho, assinale 
o que for correto.
01) Em todos os tempos históricos, o trabalho serviu para 
atender às necessidades sociais, econômicas, políticas 
e culturais dos agrupamentos humanos. 
02) A escravidão esteve ausente das sociedades ocidentais 
em eras históricas antigas e somente foi incorporada na 
produção econômica de tais sociedades com o desen-
volvimento da agricultura na Idade Média.
04) Para Durkheim, o trabalho é a única forma social na 
qual as relações de coerção estão ausentes.
08) Para Marx, a divisão da sociedade em classes no capita-
lismo é definida pela posição ocupada pelos indivíduos 
no processo produtivo.
16) Weber argumenta que a mudança nos valores surgidos 
com o protestantismo criou a predisposição ao traba-
lho como possibilidade de salvação espiritual.
05.16. (UEM – PR) – É correto afirmar que acompanham ou 
são consequências da atual fase de internacionalização da 
economia os seguintes fenômenos:
01) a reestruturação produtiva, que se refere ao conjunto 
das transformações que ocorreu nas tecnologias e nas 
relações de produção, causando, entre outros, o desa-
parecimento de algumas profissões e o desemprego 
estrutural. 
02) o acirramento da competição tecnológica, que tem 
reordenado o padrão de acumulação capitalista e ge-
rado grandes corporações globais, por meio de fusões 
de empresas que operam em um determinado setor 
econômico. 
04) a alta rotatividade da mão de obra e formas mais flexí-
veis e precárias de contrato entre empregadores e em-
pregados.
08) o fortalecimento das organizações sindicais, que têm 
assumido papel decisivo no conteúdo das mudançasem curso no mundo do trabalho. 
16) o afrouxamento das leis contra imigração, já que os pa-
íses mais ricos necessitam da mão de obra originária 
dos países que estão em uma posição econômica su-
bordinada.
05.17. (UEM – PR) – Considerando estudos sociológicos 
sobre o mundo do trabalho, assinale o que for correto. 
01) As relações de trabalho não se reduzem a processos 
de produção de bens ou de serviços, mas também 
influenciam os padrões de identidade, de sociabilidade, 
os valores, os interesses e os estilos de vida. 
02) Segundo Durkheim, a função social do trabalho nas 
sociedades modernas é manter os indivíduos controla-
dos, impedindo qualquer forma de sociabilidade. 
04) Do ponto de vista marxista, as sociedades capitalistas 
se caracterizam pela redução dos conflitos sociais e 
pela diminuição da exploração do trabalho assalariado. 
08) O conceito de alienação, de Marx, pode ser utilizado 
para designar processos sociais nos quais o trabalho 
deixa de ser uma forma de realização pessoal para se 
converter em instrumento de dominação e de desu-
manização dos trabalhadores. 
16) A despeito das diferenças de gênero, de classe e de 
etnia, a sociologia do trabalho informa que a compe-
tência individual historicamente tem determinado o 
sucesso profissional das pessoas.
50 Extensivo Semiextensivo
05.18. (UFPR) – 
Dos 10 maiores resgates de trabalhadores em condições análogas à de escravos no Brasil em cada um dos 
últimos quatro anos (2010 a 2013), em 90% dos flagrantes os trabalhadores vitimados eram terceirizados, 
conforme dados obtidos a partir do total de ações do Departamento de Erradicação do Trabalho Escravo 
(Detrae) do Ministério do Trabalho e Emprego.
Repórter Brasil, 24 de junho de 2014.
Certamente você ouviu denúncias sobre essas modalidades de trabalho no Brasil. O texto parece sugerir uma forte relação 
com o fenômeno da terceirização. 
Por que a terceirização tende a favorecer formas de trabalho precarizadas?
Desafio
05.19. (UFPR) – O trabalho escravo no Brasil foi a forma predominante de trabalho até o final da década de 80 do século XIX, 
sendo abolido pela Lei Áurea, de 1888. O escravismo no Brasil foi fundamental para a produção de café no Sudeste, de açúcar 
no Nordeste e de gado no Sul. Comente as mudanças na sociedade brasileira decorrentes da extinção do trabalho escravo.
 
05.01. b
05.02. b
05.03. e
05.04. e
05.05. c
05.06. c
05.07. e
05.08. a
05.09. c
05.10. d
05.11. e
05.12. b
05.13. c
05.14. e
05.15. 25 (01 + 08 + 16)
05.16. 07 (01 + 02 + 04)
05.17. 09 (01 + 08)
05.18. Sabemos que quando uma grande 
empresa contrata o trabalho por 
intermédio de uma terceirizada ela se 
isenta de responsabilidades legais sobre 
os trabalhadores que foram recrutados 
por essa empresa de terceirização. 
Em um cenário atual de mercado 
globalizado e competitivo muitas 
empresas buscam formas mais baratas 
de produção encontrando no processo 
de terceirização um modo de diminuir o 
custo da mão de obra contratada.
05.19. A abolição do trabalho escravo no Brasil foi 
um processo lento e gradual. Neste pro-
cesso, duas mudanças sociais podem ser 
destacadas: o árduo caminho que o negro 
percorreu da situação de escravo para a 
condição de cidadão, tornando-se assala-
riado e assimilando a cultura do trabalha-
dor urbano, e a intensificação da imigração 
europeia, que contribuiu para diversificar a 
composição étnica do Brasil. Além disso, o 
aluno poderá comentar a respeito da evo-
lução da lavoura cafeeira com o aumento 
da produtividade decorrente da substitui-
ção do trabalho escravo pelo assalariado.
Gabarito
51Sociologia 
Sociologia
Estrutura e estratificação social
Aula 6
Conceito
Não existem sociedades igualitárias puras. Indivíduos 
e grupos diferenciam-se entre si em função de vários 
fatores formando uma hierarquia de posições. Segundo 
Eva Maria Lakatos, a diferenciação de indivíduos e 
grupos em camadas hierarquicamente sobrepostas é 
que denominamos estratificação.
Para Karl Marx, a estratificação social está correlacio-
nada com o conceito de classe social. Para esse autor, 
as classes sociais devem ser definidas com base nas 
relações de produção.
Para Max Weber, a estratificação social deve ser 
definida com base numa combinação de critérios. Para 
Weber, a estrutura social está organizada tanto em nível 
econômico como em nível de poder. Poder que não é 
determinado apenas pela riqueza, mas também por 
meio da honra e do prestígio social. 
“A forma pela qual as honras sociais são dis-
tribuídas numa comunidade, entre grupos típicos 
que participam nessa distribuição pode ser cha-
mada de “ordem social”. Ela e a ordem econômica 
estão, decerto, relacionadas da mesma forma com 
a “ordem jurídica”. Não são, porém, idênticas. A 
ordem social é, para nós, simplesmente a forma 
pela qual os bens e serviços econômicos são dis-
tribuídos e usados. A ordem social é, decerto con-
dicionada em alto grau pela ordem econômica, e 
por sua vez influi nela.”
Max Weber
Para Pitirim Sorokin, a estratificação é a desigual 
distribuição dos direitos e privilégios, deveres e res-
ponsabilidades, gratificações e privações poder social e 
influência entre os membros de uma sociedade.
Já o sociólogo Melvin M. Tumin considera os ter-
mos desigualdade social e estratificação social como 
sinônimos. Para esse autor a estratificação compreende 
a disposição de qualquer grupo ou sociedade numa 
hierarquia de posições desiguais com relação a poder, 
propriedade, valorização social e satisfação psicológica. 
O estudo da estratificação não pode ser separado 
das implicações ideológicas ligadas à desigualdade 
social. Isto foi realçado a respeito sobretudo da teoria 
funcionalista de estratificação formulada, pela primeira 
vez , num ensaio de Kinsley Davis e Wilbert Moore.
“Estes autores defendem que a estratificação 
não só é universal como também inevitável e 
necessária, porquanto não seria possível moti-
var os indivíduos a ocuparem posições elevadas 
de grande responsabilidade se a elas não fosse 
atribuída uma cota excessivamente elevada de 
recompensa em tempos de riqueza, poder e 
prestígio. Contra esta tese, observou Trumin e 
outros que a necessidade de recompensas dife-
rentemente depende de valores culturalmente 
dominantes na nossa civilização e não de carac-
terísticas atribuíveis à natureza humana, e que, 
por conseguinte, é admissível, em princípio, 
uma sociedade onde os estímulos, ao preenchi-
mento dos vários papéis sociais não deem lugar 
à desigualdade de posições.”
Norberto Bobbio, Nicolas Matteucci e Giafranco Pasquino. 
Dicionário de política. UnB\Imprensa Oficial, 2004, p. 445.
Castas
Foi na Índia que o sistema de castas alcançou o seu 
maior desenvolvimento. Em 1949 foi promulgada uma 
Constituição que estabeleceu a igualdade de todos os 
cidadãos, contudo a discriminação persiste. 
Kingsley Davis destaca as seguintes características 
do sistema de castas indianas:
 • Hereditariedade na casta;
 • Participação atribuída por toda a vida;
 • Casamento endogâmico;
 • Contato com outras castas é limitado;
 • Identificação do indivíduo com as castas ;
 • Profissão ou ocupação caracterizam a casta.;
 • Cada casta possui um grau de prestígio próprio.
 • Desigualdade social.
52 Extensivo Semiextensivo
[...] a palavra casta parece despertar, de início, 
a ideia de especialização hereditária. Ninguém, a 
não ser o filho, pode continuar a profissão do pai; 
e o filho não pode escolher outra profissão a não 
ser a do pai. [...] [É] um dever de nascimento. [...] 
A palavra casta não faz pensar apenas nos trabalhos 
hereditariamente divididos, e sim também nos di-
reitos desigualmente repartidos. Quem diz casta 
não diz apenas monopólio, diz também privilégio. 
[...] O “estatuto” pessoal de uns e de outros é deter-
minado, por toda a vida, pela categoria do grupo 
ao qual pertencem. [...] Quando declaramos que 
o espírito de casta reina em dada sociedade, que-
remos dizer que os vários grupos dos quais essa 
sociedade é composta se repelem,em vez de atrair-
-se, que cada um desses grupos se dobra sobre si 
mesmo, se isola, faz quanto pode para impedir 
seus membros de contrair aliança ou, até, de entrar 
em relação com os membros dos grupos vizinhos. 
[...] Repulsão, hierarquia, especialização hereditá-
ria, o espírito de casta reúne essas três tendências. 
Cumpre retê-las a todas se se quiser chegar a uma 
definição completa do regime de castas.
Bouglé, C. O sistema de castas, In: Ianni, Octávio (org.). Teorias da 
estratificação social. São Paulo: Nacional, 1973. p. 90 e 91.
Estamentos
As sociedades estamentais são mais fechadas do 
que as sociedades de classes e mais abertas do que as 
sociedades de castas. A mobilidade social pode ocorrer, 
porém é muito difícil disso acontecer. 
Como exemplo de sociedade estamental podemos 
citar a sociedade medieval. A divisão em ordens: orato-
res, belatores e laboratores. Os que oram (clero); os que 
guerreiam (nobreza) e os que trabalham (servos).
Pitirim Sorokin conceituou estamento como um 
grupo que, em relação aos estamentos que lhe são 
superiores, é mais ou menos organizados, e, no que 
diz respeito aos estamentos inferiores, constitui uma 
sociedade semiorganizada ou inorganizada. Seus 
membros estão ligados por laços de direitos e deveres; 
por privilégios e isenções de impostos e por ocupem 
funções econômicas semelhantes.
Classes sociais
Na concepção marxista chamam-se “classes” vastos 
grupos de homens que se distinguem pelo lugar que ocu-
pam num sistema historicamente definido de produção 
social, pela sua relação com os meios de produção, pelo 
seu papel na organização social do trabalho e, portanto, 
pelos meios de que dispõem para obter riquezas sociais 
e ainda pelas grandezas destas. As classes são grupos de 
homens em que uns podem apropriar-se do trabalho de 
outros devido à diferença de sua posição em determina-
do regime da economia social. 
Para Marx os que controlam os meios de produção 
formam a classe dominante enquanto os que vendem a 
força de trabalho formam a classe dominada. A dominação 
econômica está ligada à dominação política. A classe domi-
nante forja uma ideologia para justificar a sua dominação 
política e econômica, criando mecanismos para que as 
classes dominadas vejam tais diferenças como naturais. 
Max Weber diverge de Marx na concepção de classe. 
Weber faz uma distinção entre “situação de classe” e “classe”. 
“A situação de classe consiste na possibilidade 
típica de exercer um monopólio (positivo ou negativo 
em relação à distribuição dos bens, posições e destino 
geral dos componentes. Em relação à situação de classe, 
poder-se-á falar de classe quando:
a) for comum a certo número de pessoas “um compo-
nente causal específico” de oportunidades de vida;
b) à medida que tal componente for exclusivamente 
representado por interesses econômicos (posse 
de bens e oportunidades de rendimento);
c) a representação se der em condições determina-
das pelo mercado (mercado de produtos ou de 
trabalho). Portanto, a classse seria todo grupo de 
pessoas que se encontram na mesma situação de 
classe.”(LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de 
Andrade. Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 1999, 
p. 271).
Classes e situação de classe
Podemos falar de uma “classe” quando:
1) certo número de pessoas tem em comum 
um componente causal específico em suas 
oportunidades de vida, e na medida em que 
2) esse componente é representado exclusiva-
mente pelos interesses econômicos da pos-
se de bens e oportunidades de renda, e 
3) é representado sob as condições de mercado 
de produtos ou mercado de trabalho. [Es-
ses pontos referem-se à “situação de classe”, 
que podemos expressar mais sucintamente 
como a oportunidade típica de uma oferta 
de bens, de condições de vida exteriores e 
experiências pessoais de vida, e na medida 
em que essa oportunidade é determinada 
pelo volume e tipo de poder, ou falta deles, 
de dispor de bens ou habilidades em bene-
fício de renda de uma determinada ordem 
econômica. A palavra “classe” refere-se a 
qualquer grupo de pessoas que se encon-
trem na mesma situação de classe.]
WEBER, Max. Classe, estamento, partido. In: Ensaios de Sociologia. 
Rio de Janeiro: Zahar, 1982. In: TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia 
para o Ensino Médio. São Paulo, Atual, 2007.
Aula 6
53Sociologia 
Desigualdades sociais
O crescimento da riqueza mundial, proporcionado 
pela modernização e pelo aumento do volume de 
produção dos mais variados gêneros de consumo, foi, 
ao longo do século XX, proporcional à expansão da 
pobreza nas regiões mais carentes do globo. As implica-
ções desse processo se encontram nas novas relações de 
exploração de matérias-primas e mão de obra. Embora 
essas relações envolvam diversas regiões mais carentes 
do globo na produção dos mais variados gêneros, elas 
não o fazem quando se trata da distribuição do lucro 
adquirido.
Pesquisas apontam que entre as décadas de 1940 
e 1990, ao mesmo tempo em que a riqueza mundial 
cresceu cerca de sete vezes, o número de pessoas em 
situação de pobreza ao redor do mundo triplicou.
A pobreza também pode ser consequência da 
discriminação étnica, sexual e etária, na medida em 
que atinge sobremaneira os grupos minoritários, como 
mulheres, crianças, idosos e populações das áreas mais 
pobres do globo. 
Organizações não governamentais e outras procu-
ram minimizar a gravidade da situação apelando para a 
solidariedade, o que não é garantia de solução, já que 
essas medidas são apenas paliativas.
“Logo, é difícil erradicar a pobreza sem alterar 
as estruturas econômicas e sociais. Na busca pela 
solução efetiva, é preciso fomentar a distribuição 
de renda e o investimento em educação, 
considerando, é claro, os fatores culturais de 
cada sociedade. No entanto, ainda há muitas 
questões a discutir e ações a implementar para 
que sejam atendidas as necessidades humanas 
básicas – alimentação, vestimenta, moradia, 
educação, saúde, trabalho, segurança e serviços 
públicos, como água, saneamento – e que todos 
tenham garantido o pleno exercício de seus 
direitos.
Em todo o mundo, e já há bastante tempo, são 
inúmeras as discussões sobre a miséria e as tentativas 
de implementar leis e diretrizes para erradicá-la. 
Entretanto, concretizá-las tem se tornado um grande 
desafio para os governos ao redor do globo.”
MOCELLIN, Renato; CAMARGO, Rosiane. História em debate. 
São Paulo: Editora do Brasil, 2016, vol. 2, p. 243.
Segundo o pesquisador Thomas Piketty, a 
desigualdade tem aumentado significativamente nos 
últimos 40 anos, inclusive em países ricos. Dados de 
2016 revelam que nos Estados Unidos parte da riqueza 
nacional de 10% dos contribuintes passou de 34% a 
47%, na Rússia e de 21% a 46%, na China de 27% a 41% 
e na Europa de 33% a 37%. Já os países e regiões menos 
igualitário eram formados pelo Brasil (55% da renda 
nacional nas mãos dos 10% mais ricos), Índia (55%) e 
Oriente Médio (61%).
Na Amércia Latina, desigualdade de renda é preo-
cupante. O Brasil depois de ter diminuído o número de 
mais pobres, a partir de 2015 a situação voltou a piorar. 
As desigualdades social e de gênero se acentuaram no 
Brasil. No último ranking de desenvolvimento humano 
publicado pela ONU o Brasil estacionou em 79o. lugar em 
um total de 188 países. O 1% mais rico do Brasil concen-
tra entre 22% e 23% do total da renda do país, nível bem 
acima da média internacional.
“Já o Coeficiente de Gini, que mede a concentra-
ção renda, aponta o país como o 10º. mais desigual 
do mundo e o quarto da América Latina, à frente 
apenas de Haiti, Colômbia e Paraguai. Segundo o 
levantamento da ONU, o percentual de desigual-
dade de renda no Brasil (37%) é superior à média 
da América Latina, incluindo os países do Caribe 
(34,9%).
A desigualdade brasileira também cresce nas 
comparações de gênero. Embora as mulheres te-
nham maior expectativa de vida e mais escolarida-
de, elas ainda recebem bem menos que os homens 
no Brasil. A renda per capita da mulher é 66,2% 
inferior à de pessoas dosexo masculino. No índice 
de desigualdade de gênero, o país aparece na 92ª. 
posição entre 159 países analisados, atrás de na-
ções de maioria religiosa conservadora, a exemplo 
de Líbia (38ª.), Malásia (59ª.) e Líbano (83ª.).
Também é baixa a representatividade da mu-
lher no Congresso Nacional. O comparativo entre 
número de cadeiras em parlamentos indica que as 
mulheres brasileiras ocupam somente 10,8% dos 
assentos. O número é inferior à média mundial 
(22,5%) e até mesmo ao de países com IDH baixo, 
como a República Centro Africana, última coloca-
da do ranking, que tem 12,5% de seu parlamento 
ocupado por representantes do sexo feminino.”
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/21/
politica/1490112229_963711.html
54 Extensivo Semiextensivo
Testes
Assimilação
06.01. (UNIOESTE – PR) – 
“Burgueses e proletários. A história de todas 
as sociedades até hoje existente é a história das 
lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício 
e plebeu, senhor feudal e servo, mestre de cor-
poração e companheiro, em resumo, opressores 
e oprimidos, em constante oposição, têm vivido 
numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfar-
çada; uma guerra que terminou sempre ou por 
uma transformação revolucionária da sociedade 
inteira, ou pela destruição das classes em conflito” 
MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. São Paulo: 
Boitempo, 2010, p. 40.
Assinale a alternativa CORRETA: para Karl Marx (1818-1883) 
como se originam as classes sociais?
a) As classes sociais se originam da divisão entre governantes 
e governados.
b) As classes sociais se originam da divisão entre os sexos.
c) As classes sociais se originam da divisão entre as gerações.
d) As classes sociais se originam da divisão do trabalho.
e) As classes sociais se originam da divisão das riquezas.
06.02. Analise o texto:
“A primeira condição para que um indivíduo 
seja pertencente à classe trabalhadora é o fato de 
ter como seu apenas sua força de trabalho para 
vendê-la no mercado de trabalho em troca de um 
salário, em outras palavras, ele irá vender o seu 
trabalho, seja ele físico ou intelectual. A força de 
trabalho é o elemento humano (homem) que se 
torna mercadoria sob o capitalismo.”
De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se 
explica:
a) Pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de 
cada um no desempenho de seu trabalho.
b) Pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente 
da separação entre proprietários e não proprietários dos 
meios de produção.
c) Pelas diferenças de inteligência e habilidade inatas dos 
indivíduos, determinadas biologicamente.
d) Pela apropriação das condições de trabalho pelos homens 
mais capazes em contextos históricos, marcados pela 
igualdade de oportunidades.
e) Pelo processo de aquisição é assimilação dos valores, das 
normas, regras, leis, costumes e as tradições do grupo 
humano do qual fazemos parte.
06.03. (ENEM) – 
Existe uma cultura política que domina o sis-
tema e é fundamental para entender o conserva-
dorismo brasileiro. Há um argumento, partilhado 
pela direita e pela esquerda, de que a sociedade 
brasileira é conservadora.
Isso legitimou o conservadorismo do siste-
ma político: existiriam limites para transformar 
o país, porque a sociedade é conservadora, não 
aceita mudanças bruscas.
Isso justifica o caráter vagaroso da redemocra-
tização e da redistribuição da renda. Mas não é 
assim. A sociedade é muito mais avançada que o 
sistema político. Ele se mantém porque consegue 
convencer a sociedade de que é a expressão dela, 
de seu conservadorismo.
NOBRE, M. Dois ismos que não rimam. Disponível em: www.uni-
camp.br. Acesso em: 28 mar. 2014 (adaptado).
A característica do sistema político brasileiro, ressaltada
no texto, obtém sua legitimidade da
a) dispersão regional do poder econômico,
b) polarização acentuada da disputa partidária.
c) orientação radical dos movimentos populares.
d) condução eficiente das ações administrativas.
e) sustentação ideológica das desigualdades existentes.
06.04. (UFGD – MS) –
A sociedade moderna burguesa, surgida das ru-
ínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonis-
mos de classe, apenas estabeleceu novas classes, 
novas formas de opressão, novas formas de luta, 
em lugar das velhas. No entanto, a nossa época, 
a da burguesia, possui uma característica: sim-
plificou os antagonismos de classes. A sociedade 
global divide-se cada vez mais em dois campos 
hostis, em duas grandes classes que se defrontam: 
a burguesia e o proletariado. 
MARX, K.; ENGELS, F. O Manifesto do Partido 
Comunista – Jorge Zahar, 2006.
A passagem clássica do pensamento sociológico aponta 
o surgimento das classes sociais: burguesia e operariado. 
A partir da análise desse trecho, é possível considerar que 
a) houve um avanço histórico em relação às épocas pas-
sadas, pois a simplificação dos antagonismos de classe 
reduziu os conflitos entre diferentes classes sociais na 
época moderna. 
b) os antagonismos de classe seguem sendo os mesmos 
das épocas antigas, porém na época moderna há uma 
afinidade maior de interesses entre as classes sociais. 
d) A intimidação social perante os subalternos expressa 
a materialização das castas nas sociedades modernas 
ocidentais.
e) Nas sociedades modernas ocidentais, a diversidade das 
origens, das funções sociais e das condições econômicas 
são critérios anacrônicos de estratificação.
06.07. (UEL – PR) – Em 1840, o francês Aléxis de Tocqueville 
(1805-1859), autor de A democracia na América, impressio-
nado com o que viu em viagem aos Estados Unidos, escreveu 
que nos EUA, 
“a qualquer momento, um serviçal pode se tor-
nar um senhor”. Por sua vez, o escritor brasilei-
ro Luiz Fernando Veríssimo, autor de O analista 
de Bagé, disse, em 1999, ao se referir à situação 
social no Brasil: “tem gente se agarrando a poste 
para não cair na escala social e sequestrando ele-
vador para subir na vida”.
As citações anteriores se referem diretamente a qual fenô-
meno social?
a) Ao da estratificação, que diz respeito a uma forma de orga-
nização que se estrutura por meio da divisão da sociedade 
em estratos ou camadas sociais distintas, conforme algum 
tipo de critério estabelecido.
b) Ao de status social, que diz respeito a um conjunto de 
direitos e deveres que marcam e diferenciam a posição 
de uma pessoa em suas relações com as outras.
c) Ao dos papéis sociais, que se refere ao conjunto de 
comportamentos que os grupos e a sociedade em geral 
esperam que os indivíduos cumpram de acordo com o 
status que possuem.
d) Ao da mobilidade social, que se refere ao movimento, à 
mudança de lugar de indivíduos ou grupos num deter-
minado sistema de estratificação.
e) Ao da massificação, que remete à homogeneização das 
condutas, das reações, desejos e necessidades dos indi-
víduos, sujeitando-os às ideias e objetos veiculados pelos 
sistemas midiáticos.
06.08. (UEL – PR) – Leia a letra da canção.
“Tinha eu 14 anos de idade quando meu pai 
me chamou
Perguntou-me se eu queria estudar filosofia
Medicina ou engenharia
Tinha eu que ser doutor
Mas a minha aspiração era ter um violão
Para me tornar sambista
Ele então me aconselhou:
‘Sambista não tem valor nesta terra de doutor’
E seu doutor, o meu pai tinha razão
Aula 6
55Sociologia 
c) o trecho enfatiza a importância da luta de classes na 
análise das dinâmicas sociais da sociedade moderna. 
d) a passagem mostra que a luta de classes se tornaria um 
aspecto residual nas análises das dinâmicas sociais. 
e) a existência do antagonismo de classes indica que se deve 
adotar uma perspectiva funcionalista e compreensiva 
para se interpretar os posicionamentos das diferentes 
classes sociais.
Aperfeiçoamento
06.05. A expressão estratificação deriva de estrato, que quer 
dizer camada. Por estratificação social entendemos, exceto:
a) A distribuição de indivíduos em grupos e grupos em 
camadas hierarquicamente superpostas dentro de uma 
sociedade.
b) O processo de aquisição é assimilação dos valores, das 
normas, regras, leis,costumes e as tradições do grupo 
humano do qual fazemos parte.
c) Que essa distribuição dos indivíduos se dá pela posição 
social, a partir das atividades que eles exercem e dos 
papéis que desempenham na estrutura social.
d) Que em determinadas sociedades podemos dizer que as 
pessoas estão distribuídas pelas camadas alta (classe A), 
média (classe B) ou inferior (classe C), que correspondem 
a graus diferentes de poder, riqueza e prestígio.
e) Por exemplo, que na sociedade capitalista contemporâ-
nea, as posições sociais são determinadas basicamente 
pela situação dos indivíduos no desempenho de suas 
atividades produtivas
06.06. (UEL – PR) – Contardo Calligaris publicou um artigo 
em que aborda a prática social brasileira de denominar como 
doutores os indivíduos pertencentes a algumas profissões, 
dentre eles médicos, engenheiros e advogados, mesmo na 
ausência da titulação acadêmica. Segundo o autor, estes 
mesmos profissionais não se apresentam como doutores no 
encontro com seus pares, mas apenas diante de indivíduos 
de segmentos sociais considerados subalternos, o que indica 
uma tentativa de intimidação social, servindo para estabele-
cer uma distância social, lembrando a sociedade de castas. A 
questão levantada por Contardo Calligaris aborda aspectos 
relacionados à estratificação social, estudada, entre outros, 
pelo sociólogo alemão Max Weber.
De acordo com as ideias weberianas sobre o tema, é correto 
afirmar:
a) As sociedades ocidentais modernas produzem uma 
estratificação social multidimensional, articulando 
critérios de renda, status e poder.
b) Médicos, engenheiros e advogados são designados de 
doutores porque suas profissões beneficiam mais a so-
ciedade que as demais.
c) A titulação acadêmica objetiva a intimidação social e 
a demarcação de hierarquias que culminem em uma 
sociedade de castas.
56 Extensivo Semiextensivo
Vejo um samba ser vendido, o sambista esque-
cido
O seu verdadeiro autor
Eu estou necessitado, mas meu samba encabu-
lado
Eu não vendo não senhor!”
(Canção “14 anos” de Paulinho da Viola, do álbum Na Madrugada, 
1966).
De acordo com a letra da canção, assinale a alternativa 
correta.
a) O sambista vê na comercialização do samba, ou seja, na 
sua mutação em mercadoria, um processo que valoriza 
mais o criador que a coisa produzida.
b) Os termos ‘sambista’ e ‘doutor’ servem para qualificar e/ou 
desqualificar os indivíduos na rigorosa hierarquia social 
vigente no Brasil.
c) A filosofia, enquanto conhecimento humanístico voltado 
à crítica social é desqualificada em relação aos conheci-
mentos direcionados às profissões liberais.
d) Para o sambista, o valor objetivo da música como mer-
cadoria, medido pelo reconhecimento econômico, é 
mais relevante do que sua condição de criação artística 
subjetiva.
e) A expressão ‘terra de doutor’ está relacionada à disse-
minação generalizada dos cursos superiores no Brasil, 
responsáveis por uma elevação do nível cultural dos 
setores populares.
06.09. (UEL – PR) – De acordo com Octavio Ianni:
“Para melhor compreender o processo de 
estratificação social, enquanto processo estru-
tural, convém partirmos do princípio. Isto é, 
precisamos compreender que a maneira pela 
qual se estratifica uma sociedade depende da 
maneira pela qual os homens se reproduzem 
socialmente”.
Fonte: IANNI, O. Estrutura e História. In IANNI, Octavio (org). Teorias 
da Estratificação Social: leitura de sociologia. São Paulo: Cia. Editora 
Nacional, 1978, p. 11.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre estratificação 
social, considere as afirmativas a seguir:
I. Os estamentos são formas de estratificação baseadas 
em categorias socioculturais como tradição, linhagem, 
vassalagem, honra e cavalheirismo.
II. As classes sociais são formas de estratificação baseadas 
em renda, religião, raça e hereditariedade.
III. As mudanças sociais estruturais ocorrem quando há 
mudanças significativas na organização da produção e 
na divisão social do trabalho.
IV. As castas são formas de estratificação social baseadas 
na propriedade dos meios de produção e da força de 
trabalho.
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) I, II e IV
e) II, III e IV
Aprofundamento
06.10. (UEL – PR) – Leia o texto seguinte.
[...] Ramón vivia do seu trabalho e tinha que 
pagar um apartamento e a comida, e inclusive as 
folhas de papel para poder escrever nos fins de se-
mana. Já sabia que introduzir no computador um 
argumento e os nomes dos personagens para que 
realizasse um primeiro esboço não era a mesma 
coisa que escrever uma novela desde o princípio, 
mas as coisas agora estavam desse jeito. O mundo 
editorial tinha mudado, os livros já não eram con-
cebidos como obras de artesanato criadas na mente 
de um só homem sem nenhuma ajuda exterior.
SAORÍN, J. L. A curiosa história do editor partido ao meio na era dos 
robôs escritores. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2005. p. 109.
O texto remete a formulações presentes na análise de Marx 
sobre o desenvolvimento do capitalismo. Quanto à posição de 
Marx em relação ao tema abordado no texto, é correto afirmar.
I. Com o advento da sociedade comunista, o trabalho 
desaparece e instaura-se um ordenamento social em 
que a preocupação do indivíduo será basicamente com 
o exercício do lazer.
II. O avanço das forças produtivas torna-se desnecessário 
em uma sociedade socialista, uma vez que as máquinas, 
responsáveis pelo sofrimento humano, serão substituídas 
por um retorno à produção artesanal.
III. A tendência do movimento do capital é no sentido de 
uma contínua desqualificação da força de trabalho. Deste 
modo, intensifica-se a unilateralidade do ser que trabalha 
e sua degradação física e psíquica.
IV. A revolução contínua das forças produtivas é uma neces-
sidade inerente ao processo de acumulação capitalista e 
está na base da expansão deste modo de produção e da 
constituição do mercado mundial.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Aula 6
57Sociologia 
06.11. (UEL – PR) – Analise a figura e leia o texto a seguir.
(Disponível em: <https://i.pinimg.com/
originals/6f/8a/ce/6f8ace021e7a85edf7f 
3cd280db6d185.jpg>. Acesso em: 1 set. 2017.)
Estou sentada nos ombros de um homem
Ele está afundando sob o fardo (peso)
Eu faria qualquer coisa para ajudá-lo
Exceto descer de suas costas
(Disponível em: <http://www.aidoh.dk/new-struct/About-Jens-
Galschiot/CV-GB-PT.pdf>. Acesso em: 1 set. 2017.)
Com a obra intitulada A sobrevivência dos mais gordos, Jens 
Galschiot (2002) aborda o tema da injustiça, uma questão 
constitutiva da vida social de difícil solução, como indica o 
texto que acompanha a obra. O entendimento que uma 
sociedade produz sobre o que se considera justo e injusto 
está fundado em padrões de valoração a respeito da conduta 
dos indivíduos e dos objetivos comuns da coletividade, bem 
como em sua estrutura social. Pode-se considerar que uma 
das expressões da justiça ou injustiça é a estratificação social, 
objeto de estudo de Max Weber.
Segundo o autor, na sociedade moderna ocidental, a estra-
tificação social é
a) estruturada fundamentalmente na base econômica da 
sociedade, que subordina as esferas política, jurídica e 
ideológica de modo a perpetuar a exploração da classe 
dominante sobre a dominada.
b) formada pelas dimensões econômica, política e ideoló-
gica, as quais estabelecem entre si relações necessárias 
que devem ser desvendadas com a descoberta de suas 
leis gerais invariáveis.
c) constituída em três dimensões, a econômica, a política 
e a social, sendo que suas possíveis afinidades eletivas 
devem ser analisadas à luz de cada especificidade histórica 
em questão.
d) composta por múltiplas dimensões, sendo a cultura a de-
terminante para a compreensão totalizantedos processos 
históricos de desenvolvimento econômico no Ocidente.
e) estabelecida pela moral social, a qual situa o posiciona-
mento dos indivíduos de acordo com os papéis sociais por 
eles cumpridos, tendo em vista o melhor desempenho 
das funções necessárias à sociedade.
06.12. (UEM – PR) – Em termos sociológicos, assinale o que 
for correto sobre o conceito de classes sociais.
01) Sua utilização visa explicar as formas pelas quais as de-
sigualdades se estruturam e se reproduzem nas socie-
dades. 
02) De acordo com Karl Marx, as relações entre as classes 
sociais transformam-se ao longo da história conforme 
a dinâmica dos modos de produção.
04) As classes sociais, para Marx, definem-se, sobretudo, 
pelas relações de cooperação que se desenvolvem 
entre os diversos grupos envolvidos no sistema produtivo.
08) A formação de uma classe social, como os proletários, 
só se realiza na sua relação com a classe opositora, no 
caso do exemplo, a burguesia.
16) A afirmação “a história da humanidade é a história das 
lutas de classes” expressa a ideia de que as transforma-
ções sociais estão profundamente associadas às con-
tradições existentes entre as classes.
06.13. (UEM – PR) – Leia o texto a seguir:
“Cada vez mais evidente, a pobreza é estigma-
tizada, quer pelo caráter de denúncia da falência 
da sociedade e do Estado em relação às suas fun-
ções junto à população, quer pelo contraste com 
a abundância de produtos, quer pelo perigo imi-
nente de convulsão social que para ela aponta. A 
violência e a agressividade aumentam, criando 
um clima de guerra civil nas grandes cidades, 
onde os índices de criminalidade são alarmantes. 
Ao medo e à insegurança, gerados na população, 
associa-se o preconceito e uma atitude de discri-
minação contra as camadas pobres da população, 
as favelas e os centros das cidades.”
(COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São 
Paulo: Moderna, 2005, p.256-257.)
Considerando o texto acima e os processos de exclusão social 
no Brasil, é correto afirmar que:
01) a estigmatização estabelece distinções sociais entre 
grupos considerados dignos e outros associados com 
noções de vergonha, desvio e criminalidade.
02) a população pobre é a principal responsável pelo cres-
cimento da criminalidade nos centros urbanos, alian-
do-se a organizações ilegais e exaltando a “cultura da 
pobreza” em produções culturais como o rap ou o hip 
hop.
58 Extensivo Semiextensivo
04) o apelo ao consumo, feito pelas campanhas publicitá-
rias veiculadas nos meios de comunicação de massa, 
evidencia o contraste entre uma sociedade construída 
nas propagandas e a situação de carência e de exclusão 
de grande parte da população.
08) a principal causa da pobreza, sobretudo nos centros 
urbanos, é a carência psicológica, ou seja, o sentimento 
de autodesvalorização das populações pobres em rela-
ção às ricas.
16) é possível identificar, no perfil biológico da população 
de uma determinada cidade, as justificativas para as 
condições precárias de sobrevivência de certos grupos 
sociais.
06.14. (UEM – PR) – Sobre o tema das desigualdades sociais, 
assinale o que for correto.
01) O problema das desigualdades sociais é recente e está 
relacionado com as atuais políticas de distribuição de 
renda que impedem as pessoas de trabalharem.
02) O conceito de desigualdade social indica a existência 
de diferenças e desvantagens entre as pessoas. 
04) Marx utilizou o conceito de luta de classes para se referir às 
desigualdades existentes entre burgueses e proletários.
08) As desigualdades raciais foram superadas no Brasil por 
causa da profunda miscigenação ocorrida nas últimas 
décadas.
16) Concentração de renda, falta de qualidade nos serviços 
públicos, discriminação, violência são fenômenos forte-
mente relacionados às desigualdades sociais.
06.15. (UEM – PR) – Sobre as teorias clássicas da estratifi-
cação social, assinale o que for correto.
01) Segundo a sociologia marxista, a diferenciação entre os 
indivíduos na sociedade capitalista se dá pela posição 
que eles ocupam na estrutura produtiva. 
02) Apesar de reconhecer a existência da pequena bur-
guesia, Marx defendia que, com o desenvolvimento do 
capitalismo, haveria a redução da sociedade a apenas 
duas classes fundamentais: burguesia e proletariado. 
04) A sociologia weberiana desenvolve uma teoria da es-
tratificação social que inclui, além das posses materiais, 
o nível de educação e o conjunto das habilidades téc-
nicas individuais na definição das classes. 
08) Para Max Weber, os grupos de status são unidades de 
estratificação tão importantes quanto a classe social. 
16) Os grupos de status distinguem e agrupam os indiví-
duos em termos do prestígio, honra social ou estilo de 
vida que possuem. 
06.16. (UEL – PR ) – 
(BENSAÏD, D. Marx, manual de instruções, SP, 
Boitempo Editorial, 2014, p. 62.)
A charge remete a discussões que têm marcado o pensa-
mento sociológico e a sociologia contemporânea. Assinale 
a alternativa que apresenta, corretamente, o teor desses 
debates.
a) O reconhecimento de que as classes sociais deixaram 
de existir com a implantação dos modos de produção 
comunistas na Europa e, desde então, perderam sua 
importância histórica.
b) As classes existiram apenas como um fenômeno loca-
lizado historicamente no tempo, de tal modo que hoje 
mesmo os partidos de esquerda renunciaram a identificar 
sua permanência na sociedade contemporânea.
c) As classes sociais, assim como a estrutura social, são 
construções conceituais ideológicas, de modo que não 
existem empiricamente na vida social. 
d) As lutas de classes existiram enquanto se mantiveram 
os partidos de esquerda tradicionais e, com a morte 
desses, as lutas de classe foram substituídas por embates 
identitários.
e) As classes deixaram de ser o referencial analítico privile-
giado, mas conservam sua importância, pois as relações 
entre capital e trabalho no mundo moderno se mantêm.
Aula 6
59Sociologia 
06.17. (UEL – PR) – Leia o texto a seguir. 
Rigorosamente falando, não existe exclusão: existe contradição, existem vítimas de processos sociais, 
políticos e econômicos excludentes; existe o conflito pelo qual a vítima dos processos excludentes proclama 
seu inconformismo, seu mal-estar, sua revolta, sua esperança, sua força reivindicativa e sua reivindicação 
corrosiva. Temos de admitir que a ideia de exclusão é pobre e insuficiente. Ela nos lança na cilada de discutir 
o que não está acontecendo exatamente como sugerimos, impedindo-nos, portanto, de discutir o que de fato 
acontece: discutimos a exclusão e por isso, deixamos de discutir as formas pobres, insuficientes e, às vezes, 
até indecentes de inclusão. 
Adaptado de: MARTINS, J. S. Exclusão social e a nova desigualdade. 3.ed. São Paulo: Paulus, 1997. p.14. 
Embora o termo exclusão social seja bastante difundido nas ciências e na imprensa, o sociólogo brasileiro José de Souza 
Martins o critica. A partir do texto, responda aos itens a seguir.
a) Explique por que, para Martins, não existe propriamente exclusão social. 
b) Cite quatro exemplos de situações que, segundo Martins, constituem “formas pobres, insuficientes e, às vezes, até inde-
centes de inclusão”.
Desafio
06.18. (UFPR) – Quando se consideram sociologicamente as posições ocupadas pelos indivíduos na sociedade capitalista, 
pode-se pensá-las a partir de diferentes conceitos. Para algumas correntes sociológicas, essas posições se definem pelo status 
que cada um ocupa e pelos papéis que cada um desempenha. Para outras correntes, as posições se definem a partir do que 
consideram ser uma classe social.
Defina o que é uma classe social e apresente pelo menos dois critérios utilizados nessa definição
 
60 Extensivo Semiextensivo
06.01. d
06.02. b
06.03. e
06.04. c
06.05. b
06.06. a
06.07. d
06.08. b
06.09. b
06.10. c
06.11. c
06.12. 27 (01 + 02 + 08 + 16)
06.13. 05 (01 + 04)
06.14. 22 (02 + 04 + 16)
06.15. 31 (01 + 02 + 04 + 08 + 16)
06.16. e
06.17. a) Segundo Martins,não é correto falar 
em exclusão social não porque ine-
xistam pessoas e/ou grupos sociais 
que padecem de diversas formas 
de opressão, mas sim porque, em 
qualquer dessas formas, existe, na 
verdade, um modo problemático 
(ou parcial-limitado) de participação 
social. Assim, tais pessoas não seriam 
excluídas, mas vivenciariam mo-
dos degradados, empobrecidos, de 
“inclusão social”. 
b) O aluno pode citar quatro dos exem-
plos a seguir. 
 • Trabalhadores escravizados em pro-
priedades rurais e indústrias do Bra-
sil e do mundo. 
 • Trabalhadores em condições labo-
rais precárias. 
 • Trabalhadores sem terra. 
 • Pessoas expulsas por construção de 
barragens, hidroelétricas etc. 
 • Indígenas expulsos ou destribaliza-
dos vivendo em situações degra-
dantes em centros urbanos. 
 • Imigrantes e refugiados persegui-
dos por motivos políticos e,ou reli-
giosos.
06.18. Pode-se definir como um conjunto de 
indivíduos que tem a mesma função, 
os mesmos interesses ou a mesma con-
dição em uma sociedade. Para Marx, 
existem duas classes sociais no sistema 
capitalista: burguesia e proletariado, de 
acordo com a propriedade ou não dos 
meios de produção. Para Weber, a divi-
são social deve ser estendida levando 
em consideração outros fatores como 
status e poder, ou seja, a condição pro-
fissional e política do indivíduo, além da 
condição de renda. 
Gabarito
61Sociologia 
Sociologia
Aula 7
Movimentos sociais
Movimento Social deve ser compreendido como 
uma ação coletiva de um grupo organizado que tem 
como objetivo alcançar mudanças sociais por meio da 
luta por direitos e / ou da reivindicação política, den-
tro de uma determinada sociedade e de um contexto 
específico. Fazem parte dos movimentos sociais, os sin-
dicatos de trabalhadores, os movimentos populares, 
organizações não governamentais, associações de 
bairro, movimento estudantil, etc. 
Esses grupos organizados visam, em geral, uma 
mudança, transição ou mesmo a revolução de uma re-
alidade considerada inaceitável ou hostil a determinado 
grupo ou classe social. Seja a luta por um algum ideal, 
seja pelo questionamento de uma determinada realida-
de o movimento social constrói uma identidade para 
a luta e defesa de seus interesses.
Os movimentos sociais têm como característica 
principal a mobilização e uma série de ações coletivas 
visando modificar a sociedade ou conquistar algum 
direito ou reivindicação. Historicamente as ações 
coletivas e os movimentos sociais mais atuantes e 
conhecidos na sociedade brasileira são o Movimento 
dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento dos 
Trabalhadores Sem Teto (MSTS) e os movimentos em 
defesa das minorias como índios e negros, ou a luta 
pelos direitos das mulheres, por exemplo.
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A democracia é fruto da luta por direitos
A democracia que conhecemos instituiu-se 
por vias selvagens, sob o efeito de reivindica-
ções que se mostraram indomesticáveis. E todo 
aquele que tenha os olhos voltados para a luta de 
classes, [...], deveria convir que ela foi uma luta 
pela conquista de direitos — exatamente aqueles 
que se mostram hoje constitutivos da democracia 
[...]. Poderoso agente da revolução democrática, 
o movimento operário talvez tenha, por seu tur-
no, se atolado na lama das burocracias, nascidas 
da necessidade de sua organização. Acontece, no 
entanto, para além dos choques de interesses par-
ticulares nos quais a democracia corre o risco de 
se deteriorar, que os conflitos que atravessam a 
sociedade em todos os níveis sempre deixam vi-
sível uma oposição geral, que é sua mola-mestra, 
entre dominação e servidão. 
LEFORT, Claude. A invenção democrática: os limites do totalitaris-
mo. São Paulo: Brasiliense, 1983. p. 26. In: TOMAZI, Nelson Dacio. 
Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Atual, 2007.
Podemos afirmar que os movimentos sociais 
exercem um importante papel na sociedade e na 
manutenção do regime democrático. Portanto, são 
considerados como manifestações de uma sociedade 
plural, que se desenvolve em torno do embate político 
por interesses coletivos e demandas sociais. Ou seja, 
a organização dos indivíduos em prol de uma causa 
específica e a adesão a um determinado movimento 
social é a expressão de uma sociedade politicamente 
ativa. Os grupos que produzem ação em busca da re-
presentação política de seus anseios atuam de modo a 
produzir pressão direta ou indireta no corpo político de 
um Estado. Para isso, várias formas de ações coletivas 
são usadas, como a denúncia, os panfletos e cartazes, 
as passeatas, as greves, etc. 
De acordo com o sociólogo francês Alain Touraine 
os movimentos sociais possuem três princípios que os 
identificam e os caracterizam. Os princípios de identida-
de, totalidade e oposição.
62 Extensivo Semiextensivo
 • Identidade: o movimento social representa um 
grupo específico; defende determinados interesses 
de quem o mobiliza, seus líderes, seus adeptos. 
 • Totalidade: mesmo considerando que um movi-
mento social represente um grupo em particular, 
ele procura se apresentar e se legitimar em nome de 
valores considerados coletivos como, por exemplo, o 
interesse nacional, a saúde de todos os cidadãos, os 
direitos humanos, a igualdade de gênero, etc.
 • Oposição: em geral, os movimentos sociais se mo-
bilizam em oposição a uma determinada realidade 
social ou política. O MST, por exemplo, atua contra 
o latifúndio improdutivo, o movimento feminista 
contra o machismo e a discriminação da mulher, 
etc.
Podemos identificar também os movimentos sociais 
de resistência, ou seja, uma mobilização que não neces-
sariamente esteja voltada para uma reivindicação, mas 
sim para se posicionar contrária a uma reforma social 
ou proposta de mudanças na legislação, por exemplo. 
Nesse sentido, caracterizamo-lo como um movimento 
conservador e não reformista ou revolucionário.
Os movimentos sociais tornam-se, portanto, entida-
des de mediação, isto é, uma ferramenta que os grupos 
considerados minoritários e que se sentem desfavore-
cidos dispõem para buscar a garantia de seus direitos. 
Sua existência deve ser garantida dentro de um Estado 
democrático, que depende da legitimação dos cidadãos 
que o integram para que possa exercer sua função de 
governar em nome do bem-estar comum.
Diferentes tipos de 
movimentos sociais
Movimentos políticos: têm como principal caracterís-
tica alertar a população para a importância da partici-
pação na vida política; procura manifestar, em geral, 
a insatisfação do cidadão ou de um grupo social com 
decisões tomadas pelo Estado.
Movimentos reivindicatórios: têm como principal 
objetivo buscar soluções para situações pontuais no 
âmbito da política, da economia ou da sociedade 
(saúde, educação, meio ambiente, etc.) e que exercem 
pressão contra o Estado para conseguir as mudanças ou 
conquistas pretendidas.
Movimentos sociais de classe: visam alguma mudança 
na ordem social vigente, principalmente em relação à 
diminuição de desigualdades sociais.
Movimentos sociais rurais: as principais causas de 
mobilização estão relacionadas à reforma agrária e a 
melhoria das condições de trabalho no campo.
Atualmente, com o considerável avanço da tecnolo-
gia e dos meios de comunicação, podemos identificar 
uma nova forma de articulação no interior dos movi-
mentos sociais, fortemente marcada pela utilização 
de instrumentos de comunicação inovadores, como 
as redes sociais, jornais digitais e vídeos para difundir 
suas causas e reivindicações e alcançar maior alcance 
e influência na defesa por mudanças sociais. Ou seja, 
os movimentos sociais se utilizam de novos meios de 
comunicação para informar e atingir um maior número 
de pessoas na divulgação de suas ações e reivindicações 
em uma ação chamada de ciberativismo.
O ciberativismo (ou ativismo digital), transformou 
o modo como os movimentos sociais se organizam e 
difundem suas mensagens à sociedade. A realização 
de ações políticas e coletivas como protestos, boicotes, 
passeatas, pressupõea mobilização de várias pessoas. 
Portanto, a principal razão do ciberativismo ter ganhado 
força: a capacidade de aglutinar e mobilizar um grande 
contingente em um curto espaço de tempo.
Cidadania e classe social
A cidadania é um status concedido àqueles que 
são membros integrais de uma comunidade. To-
dos aqueles que possuem o status são iguais com 
respeito aos direitos e obrigações pertinentes ao 
status. [...] A classe social, por outro lado, é um 
sistema de desigualdade. E esta também, como a 
cidadania, pode estar baseada num conjunto de 
ideais, crenças e valores. É, portanto, compreensí-
vel que se espere que o impacto da cidadania sobre 
a classe social tomasse a forma de um conflito entre 
princípios opostos. Se estou certo ao afirmar que a 
cidadania tem sido uma instituição em desenvolvi-
mento na Inglaterra, pelo menos desde a segunda 
metade do século XVII, então é claro que seu cres-
cimento coincide com o desenvolvimento do capi-
talismo, que é o sistema não de igualdade, mas de 
desigualdade. Eis algo que necessita de explicação. 
Como é possível que estes dois princípios opostos 
possam crescer e florescer, lado a lado, no mesmo 
solo? O que fez com que eles se reconciliassem e se 
tornassem, ao menos por algum tempo, aliados ao 
invés de antagonistas? A questão é pertinente, pois 
não há dúvida de que, no século XX, a cidadania e 
o sistema de classe capitalista estão em guerra.
MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: 
Zahar, 1967. p. 76.
Aula 7
63Sociologia 
Testes
Assimilação
07.01. (UFU – MG) – Em uma pesquisa acerca do déficit 
habitacional no Brasil, encontra-se a seguinte afirmação: 
No contexto da rápida urbanização nos países 
em desenvolvimento, o deficit habitacional 
se constitui no grande desafio para a gestão 
das cidades. [...] No Brasil, em 2008, o deficit 
habitacional foi estimado em mais de 5,5 milhões 
de unidades, do qual 83% é registrado em zonas 
urbanas, afetando, principalmente, as famílias 
com renda de até 3 salários mínimos, atingidas 
por 89,6% desse deficit. 
PASTERNAK, Suzanna; BÓGUS, Lucia Maria Machado. Habitação de aluguel no 
Brasil e em São Paulo. Caderno CRH, V.29, n.77, 2016. 
Políticas públicas que visam a atacar o problema do deficit 
habitacional poderiam ser descritas como políticas de ga-
rantia de um direito 
a) social.
b) político.
c) civil.
d) econômico. 
07.02. (ENEM) – 
“Na década de 1990, os movimentos sociais 
camponeses e as ONGs tiveram destaque, ao 
lado de outros sujeitos coletivos. Na sociedade 
brasileira, a ação dos movimentos sociais vem 
construindo lentamente um conjunto de práticas 
democráticas no interior das escolas, das comuni-
dades, dos grupos organizados e na interface da 
sociedade civil com o Estado. O diálogo, o con-
fronto e o conflito têm sido os motores no proces-
so de construção democrática”.
SOUZA, M. A. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo: participação e 
possibilidades das práticas democráticas. Disponível em: http://www.ces.
uc.pt. Acesso em: 30 abr. 2010 (adaptado).
Segundo o texto, os movimentos sociais contribuem para o 
processo de construção democrática, porque
a) determinam o papel do Estado nas transformações 
socioeconômicas.
b) aumentam o clima de tensão social na sociedade civil.
c) pressionam o Estado para o atendimento das demandas 
da sociedade.
d) privilegiam determinadas parcelas da sociedade em 
detrimento das demais.
e) propiciam a adoção de valores éticos pelos órgãos do 
Estado.
07.03. (UFU – MG) – 
Até a noite de 28 de junho, lésbicas, gays, 
bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) eram, 
sistematicamente, acuados e sofriam todo tipo 
de preconceitos, agressões e represálias por 
parte do departamento de polícia de Nova Ior-
que. Mas nesta noite, a população LGBT, pre-
sente no bar Stonewall Inn, se revoltou contra 
as provocações e investidas da polícia e, mu-
nida de coragem, deu um basta àquela triste 
realidade de opressão. Por três dias e por três 
noites, pessoas LGBT, e aliadas, resistiram ao 
cerco policial e a data ficou conhecida como a 
Revolta de Stonewall. Surgiu o Gay Pride e a re-
sistência conseguiu a atenção de muitos países, 
em especial a do governo estadunidense, para 
os seus problemas. 
Disponível em: <http://www.cepac.org.br/agentesdacidadania/? 
page_id=185>. 
Considerando o texto, é correto afirmar que os novos mo-
vimentos sociais: 
a) São definidos por sua associação às organizações de classe 
e defesa da população marginalizada. 
b) Ampliam e redefinem as formas de participação política 
em regimes democráticos. 
c) Lutam exclusivamente em defesa de seus interesses 
econômicos a partir de estruturas partidárias. 
d) Reivindicam a extensão de direitos sociais, civis e políticos, 
necessariamente universalizáveis. 
07.04. (ENEM) – 
As mulheres quebradeiras de coco-babaçu 
dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocan-
tins, na sua grande maioria, vivem numa si-
tuação de exclusão e subalternidade. O termo 
quebradeira de coco assume o caráter de iden-
tidade coletiva na medida em que as mulheres 
que sobrevivem dessa atividade e reconhecem 
sua posição e condição desvalorizada pela lógi-
ca da dominação, se organizam em movimentos 
de resistência e de luta pela conquista da terra, 
pela libertação dos babaçuais, pela autonomia 
do processo produtivo. Passam a atribuir signi-
ficados ao seu trabalho e as suas experiências, 
tendo como principal referência sua condição 
preexistente de acesso e uso dos recursos na-
turais. 
ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras de coco-babaçu, pela 
libertação do coco preso e pela posse da terra. In: Anais do VII Congresso 
Latino-Americano de Sociologia Rural, Quito, 2006 (adaptado). 
64 Extensivo Semiextensivo
A organização do movimento das quebradeiras de coco de 
babaçu é resultante da 
a) constante violência nos babaçuais na confluência de ter-
ras maranhenses, piauienses, paraenses e tocantinenses, 
região com elevado índice de homicídios. 
b) falta de identidade coletiva das trabalhadoras, migran-
tes das cidades e com pouco vínculo histórico com as 
áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Maranhão 
e Piauí. 
c) escassez de água nas regiões de veredas, ambientes na-
turais dos babaçus, causada pela construção de açudes 
particulares, impedindo o amplo acesso público aos 
recursos hídricos. 
d) progressiva devastação das matas dos cocais, em função 
do avanço da sojicultura nos chapadões do Meio-Norte 
brasileiro. 
e) dificuldade imposta pelos fazendeiros e posseiros no 
acesso aos babaçuais localizados no interior de suas 
propriedades.
Aperfeiçoamento
07.05. (ENEM) – 
Não nos resta a menor dúvida de que a prin-
cipal contribuição dos diferentes tipos de movi-
mentos sociais brasileiros nos últimos vinte anos 
foi no plano da reconstrução do processo de de-
mocratização do país. E não se trata apenas da 
reconstrução do regime político, da retomada da 
democracia e do fim do Regime Militar. Trata-se 
da reconstrução ou construção de novos rumos 
para a cultura do país, do preenchimento de va-
zios na condução da luta pela redemocratização, 
constituindo-se como agentes interlocutores que 
dialogam diretamente com a população e com o 
Estado.
GOHN, M. G. M. Os sem-terras, ONGs e cidadania. São Paulo: Cortez, 2003 
(adaptado).
No processo da redemocratização brasileira, os novos movi-
mentos sociais contribuíram para
a) diminuir a legitimidade dos novos partidos políticos 
então criados.
b) tornar a democracia um valor social que ultrapassa os 
momentos eleitorais.
c) difundir a democracia representativa como objetivo 
fundamental da luta política.
d) ampliar as disputas pela hegemonia das entidades de 
trabalhadores com os sindicatos.
e) fragmentar as lutas políticas dos diversos atores sociais 
frente ao Estado.
07.06. Analise o texto a seguir
Levante Popular da Juventude promove “escu-
lacho” no STF
O Levante Popular da Juventude manteve a ou-
sadia que o notabilizou nos últimos dias e promo-veu, nesta quinta (12), um “esculacho” em frente 
ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília 
(DF), com a simulação de cenas de tortura em 
pau de arara, prática comum durante a ditadura 
militar brasileira. Para o movimento, a corte má-
xima do país é uma das principais responsáveis 
pela impunidade que cerca os crimes contra os 
direitos humanos cometidos no período, já que, 
em 2010, reafirmou a validade da Lei da Anistia, 
de 1979, que concede perdão incondicional aos 
militares.
CARTA MAIOR. Levante Popular da Juventude promove “esculacho” no STF. 
Disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.
cfm?materia_id=19950. Acessado em 13/04/2012. (Adaptado)
O fragmento acima possibilita o reconhecimento de que a 
luta pela democratização da sociedade brasileira não termi-
nou e transcende os processos eleitorais regulares típicos do 
modelo representativo, pois
a) amplia a participação popular ao permitir que estudantes 
tenham acesso aos seus representantes eleitos no Supre-
mo Tribunal Federal.
b) ratifica o apoio que os movimentos contrários à ditadura 
deram à interpretação corrente de que a Lei de Anistia 
perdoou militares e militantes de esquerda.
c) permite-nos perceber a existência de movimentos sociais 
dispostos a promover a releitura da história recente para 
garantir o direito à verdade.
d) reforça a compreensão de que a democracia exige, para 
sua efetividade, a manutenção de níveis de criminalidade 
reduzidos.
07.07. (UEL – PR) – Com o desenvolvimento da globaliza-
ção das economias, novos atores sociais entraram em cena, 
configurando-se em uma forma diferenciada de interna-
cionalismo que busca construir alternativas às decisões de 
instituições multilaterais como a Organização Mundial 
do Comércio, o Fundo Monetário Internacional e o Banco 
Mundial. São exemplos destas iniciativas os movimentos 
“alter-mundialistas”.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, 
assinale a alternativa que contempla o caráter desses “novos 
movimentos sociais”.
a) São movimentos sem ideologia própria os quais 
reconhecem que a proximidade com as ideias socialistas 
e anarquistas é nefasta ao processo de mobilização de 
massa.
Aula 7
65Sociologia 
b) A base originária dos movimentos alter-mundialistas é 
formada pelos ex-países do bloco soviético, daí os esforços 
em definir o marxismo-leninismo como seu referencial 
básico de ação.
c) São movimentos que adotam a estratégia de tecer uma 
rede mundial abrangente e capaz de ganhar espaços de 
influência ante a opinião pública, utilizando a internet 
como recurso de destaque para a mobilização.
d) A força desses movimentos repousa na presença de cen-
tros organizadores de luta com estrutura hierarquizada 
cujas diretrizes são dadas pelos partidos políticos.
e) A pressão destes movimentos sobre o capital financeiro 
e empresas multinacionais tem entravado o desenvol-
vimento do capitalismo, contribuindo, assim, para suas 
crises periódicas.
07.08. Analise o texto:
Com vestidos de noivas e ternos, três casais 
gays [...] se apresentaram nesta quarta-feira no 
cartório de registro civil de Montevidéu para uma 
simulação de casamento, no lançamento de uma 
campanha em favor do casamento homossexual.
(Folha de São Paulo, 19 maio 2010, Caderno Mundo. Disponível em: <http://
www1.folha.uol.com.br/fsp>. Acesso em: 19 maio 2010.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre os novos 
movimentos sociais, considere as afirmativas a seguir
I. Desde a segunda metade do século XX, o Ocidente vi-
vencia a explosão de variados movimentos sociais cujo 
eixo são as políticas identitárias.
II. Movimentos sociais são expressão de demandas do co-
tidiano que se transformam em reivindicações coletivas 
para a ampliação dos direitos de cidadania.
III. O que diferencia o movimento gay em relação ao antigo 
movimento operário é a negação da instância política 
enquanto elemento mediador da ação reivindicativa.
IV. Dentre as condições para a existência de movimentos 
sociais está o respeito aos valores morais tradicionais, 
como a aceitação da união heterossexual e a negação 
da homossexual.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
07.09. O surgimento de novos sujeitos ou atores sociais 
no contexto da sociedade brasileira moderna imprimiram 
novas faces aos movimentos sociais e a identidade de gru-
pos, tais como a identidade étnica entre grupos indígenas, 
a identidade racial entre afrodescendentes, a identidade de 
gênero dos movimentos feministas, a identidade de orien-
tação sexual, entre outros. Embora diferentes entre si, esses 
novos movimentos sociais como um todo se diferenciam dos 
tradicionais movimentos trabalhistas e sindicais.
Com base nessas informações, os movimentos tradicionais e 
os novos movimentos sociais diferenciam-se,porque
a) os novos movimentos sociais querem, para além dos tradi-
cionais, a ampliação da cidadania com base na supressão 
das desiguladades econômicas.
b) ao contrário dos movimentos trabalhistas e sindicais, os 
novos movimentos sociais são pluriclassicistas e supra-
partidários.
c) os novos movimentos sociais, ao contrário dos tradicio-
nais, estão associados à luta pela melhoria da qualidade 
de vida e pela democratização da sociedade.
d) ao contrário dos novos movimentos sociais, os movimen-
tos trabalhistas e sindicais lutam pelo fim da opressão 
simbólica.
07.10. (UFGD – MS) – 
“A história social ensina que não existe política 
social sem um movimento social capaz de impô- 
-la, e que não é o mercado, como se tenta conven-
cer hoje em dia, mas sim o movimento social que 
‘civilizou’ a economia de mercado, contribuindo 
ao mesmo tempo para sua eficiência”. 
BOURDIEU, Pierre. Contrafogos 2: por um movimento social europeu. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. p. 19. 
Em diferentes momentos históricos, seja no Brasil ou em 
outros países do mundo, existiram diversos e distintos 
movimentos sociais no campo e na cidade. Considerando 
a dinâmica dos movimentos sociais e a citação de texto, do 
autor Pierre Bourdieu, extraída do seu livro “Contrafogos 2: 
por um movimento social europeu”, considera-se que: 
a) Os movimentos sociais, homogêneos por essência, são 
fundamentais para as transformações políticas. 
b) Os movimentos sociais se caracterizam como grupos 
sociopolíticos relevantes para inovações e transformações 
sociais. 
c) Os movimentos sociais são institucionalizados e tem 
buscado se aproximar do Estado para transformações 
profundas na sociedade. 
d) A história da humanidade tem evidenciado que os mo-
vimentos sociais têm desenvolvido pouca participação 
na vida política e cultural dos países. A participação dos 
movimentos sociais tem sido, sobremaneira, nas formas 
de organização social. 
e) Os movimentos do campo são mais significativos do que 
os movimentos sociais da cidade, haja vista que existe 
uma tradição milenar dos camponeses rebeldes, a citar o 
“Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra”.
66 Extensivo Semiextensivo
Aprofundamento
07.11. (UPE – PE) – Observe a imagem a seguir:
Disponível em: <http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2015-01-05/2015-tera-
acirramento-...>. Acesso em: Junho 2015.
O fenômeno nela apresentado é definido como uma
a) ação de partidos políticos que possuem o objetivo de 
mudar uma determinada situação em um país ou região. 
b) determinação social de grupos minoritários que reivin-
dicam melhores situações para determinados indivíduos 
desprotegidos culturalmente. 
c) solução definitiva e tranquila de conflitos e desigualdades 
sociais impostas pelos grupos menos favorecidos aos 
grupos sociais considerados elitizados. 
d) ação coletiva com base em uma determinada visão de 
mundo, objetivando a mudança ou a manutenção das 
relações sociais numa dada sociedade.e) norma de comportamento determinada pela sociedade 
para controlar manifestações individuais ou grupais que 
contrariem os interesses do poder político do país. 
07.12. (UDESC) – Visualize com atenção a imagem do char-
gista Latuff, e analise as proposições.
Disponível em: <http://acertodecontas.blog.br/artigos/as-milicias-privadas-e-os-
seletivos-olhos-da-democracia/>. Acesso em: 16 mar. 2015.
I. A igualdade de forças entre os dois personagens da 
imagem está bem demarcada pela enxada na mão da 
mulher e a arma de fogo apontada pelo jagunço.
II. A presença da balança na mão do atirador representa 
de que lado a justiça pende diante dos confrontos entre 
latifundiários e movimentos sociais de luta pela terra.
III. A presença feminina, na charge, faz jus à histórica 
participação das mulheres nos movimentos sociais de 
ocupação pela terra.
IV. A justiça está representada com uma venda no olho, 
indicando sua imparcialidade diante dos problemas de 
disputas de terra no Brasil; ela atua sempre do lado da 
legalidade, nesse caso, a favor da concentração de riqueza 
e de propriedade nas mãos de uns poucos.
V. O chapéu representando o latifúndio simboliza os mo-
vimentos sociais que incluíram a questão da terra como 
pauta de luta.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. 
b) Todas as afirmativas são verdadeiras. 
c) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras. 
d) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras. 
e) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras. 
07.13. (UEL – PR) – A expressão “ o fim da linha” é uma 
metáfora utilizada para interpretações como aquelas que 
defendem que a sociedade atual encontra-se no “fim da 
história”, tese popularizada por Francis Fukuyama, ou diante 
do “fim das utopias”, formulada por autores como Anthony 
Giddens e Zigmunt Baumann. Este debate teórico e social 
coloca no centro da reflexão temas como modernidade, 
mudanças e movimentos sociais.
Sobre o contexto sociopolítico e os fundamentos presentes 
nesse debate, assinale a alternativa correta.
a) Os protestos coletivos urbanos, a partir dos anos 1990, 
quando ocorrem, demonstram ser uma ferramenta polí-
tica empregada primordialmente pelos indivíduos mais 
pobres e menos escolarizadas.
b) Os novos movimentos sociais têm apresentado como 
grandes traços a heterogeneidade dos atores envolvidos, a 
valorização das adesões individuais e as alianças pontuais 
independentes do pertencimento de classe.
c) O liberalismo econômico é o referencial teórico dos movi-
mentos contra a globalização, revelando a descrença geral 
com os grandes projetos inspirados nos ideais socialistas 
e o fim das grandes narrativas.
d) Para teóricos do “fim da linha” ou do “fim da história”, a 
pós-modernidade está marcada pela ausência de pers-
pectivas para superar a cristalização de valores, práticas 
e projetos sociais defendidos na época da modernidade.
e) O “fim da linha” é o reconhecimento de que os valores 
criados pela modernidade foram cumpridos, res-
tando às novas gerações, garanti-los sem alterações 
significativas.
07.14. (UEM – PR) – Sobre o tema Movimentos Sociais e 
Participação Política, assinale o que for correto. 
01) Os movimentos sociais exercem papel importante na 
tarefa de exigir do Estado o reconhecimento de direitos 
de grupos minoritários e a redistribuição de recursos 
econômicos que minimizem as injustiças sociais. 
Aula 7
67Sociologia 
02) Movimentos sociais e partidos políticos têm a mesma 
tarefa na ordem democrática. Ambos disputam o po-
der e o controle do Estado. 
04) Os movimentos sociais, por mais distintas que sejam as 
suas reivindicações, utilizam todos um mesmo repertó-
rio, ou seja, as mesmas práticas de ação. 
08) Mobilizações com ajuda da internet são formas de ati-
vismo que escapam das formas legítimas de participa-
ção reconhecidas nas sociedades democráticas. 
16) O voto constitui o único instrumento legítimo de parti-
cipação política nas democracias representativas.
07.15. (UEM – PR) – 
“Na atualidade, os principais movimentos 
sociais atuam por meio de redes sociais, locais, 
regionais, nacionais e internacionais ou transna-
cionais, e utilizam-se muito dos novos meios de 
comunicação e informação, como a internet.”
GOHN, M. G. Movimentos sociais na contemporaneidade, In Revista Brasileira 
de Educação. v.16, n.47, 2011, p. 335-6. 
Considerando o trecho citado e o tema dos movimentos 
sociais, assinale o que for correto.
01) Movimentos sociais são ações coletivas de caráter so-
ciopolítico que não precisam se sustentar em organiza-
ções formalmente instituídas, como partidos políticos 
ou sindicatos.
02) Com o facebook, as antigas práticas adotadas pelos 
movimentos sociais durante o século XX foram aban-
donadas e novas formas de organização coletiva toma-
ram o seu lugar.
04) Ciberativismo é uma prática utilizada por diversos mo-
vimentos sociais da atualidade para gerar novos pro-
cessos de mobilização social e de identificação coletiva.
08) A principal função dos movimentos sociais é agregar 
diferentes pessoas que estão insatisfeitas com o gover-
no e pretendem criticá-lo por meio das redes sociais.
16) Movimentos sociais têm o potencial de catalisar inte-
resses distintos de grupos ou de classes, por vezes an-
tagônicas, em favor de uma agenda política comum
07.16. (UEM – PR) – Sobre as mudanças sofridas pelo Estado 
brasileiro, os padrões que marcaram sua relação com a 
sociedade civil e as interpretações produzidas sobre essa 
temática, assinale o que for correto.
01) A passagem do Império para a República implicou for-
tes transformações na organização do poder político. 
Conforme exigências da nova ordem, a denominada 
Primeira República dissolveu o fenômeno da apropria-
ção privada do Estado pelas oligarquias.
02) O conceito de “modernização conservadora” é aplicado 
para designar o grande controle que o Estado exerceu so-
bre os processos de mudança ocorridos no Brasil, como, 
por exemplo, aqueles relacionados à industrialização.
04) A ascensão de Getúlio Vargas ao poder promoveu, pela 
primeira vez no Brasil, a inclusão, de forma autônoma, da 
classe trabalhadora nos centros decisórios de políticas. 
Por isso, esse estadista foi denominado “o pai dos pobres”.
08) O patrimonialismo atribuído ao Estado brasileiro por 
vários teóricos corresponde, entre outros fatores, às rela-
ções de lealdade que se estabeleceram entre os deten-
tores do poder e determinados grupos de elite. Como re-
sultado, dificultou-se a consolidação de uma burocracia 
moderna para gerir a máquina pública do país.
16) No Brasil, o poder executivo concentrou, historica-
mente, as maiores parcelas de poder político. Ao lado 
de outros elementos, esse fato explica a fragilidade do 
sistema partidário brasileiro em cumprir sua função de 
permitir a expressão e de garantir os direitos dos dife-
rentes grupos existentes em nossa sociedade.
07.17. (UEM – PR) – Considerando a dinâmica dos movi-
mentos sociais, assinale o que for correto. 
01) Os movimentos sociais visam ao confronto político e 
estabelecem ora uma relação de oposição, ora uma re-
lação de parceria com o Estado. 
02) Os movimentos sociais que combatem a homofobia 
procuram disseminar visões de mundo que aumentam 
os preconceitos e as discriminações contra os homos-
sexuais. 
04) Os movimentos sociais não precisam de um princípio 
norteador para se estruturar ou para garantir que eles 
atuem como uma forma de organização coletiva. 
08) As greves trabalhistas, os movimentos por melhores 
condições de vida na cidade e no campo, os movi-
mentos étnicos, feministas, ambientais e estudantis são 
exemplos de movimentos sociais. 
16) As ações dos movimentos sociais têm o poder de re-
verter ou de determinar políticas públicas de desenvol-
vimento econômico, social, educacional e trabalhista. 
07.18. (UEM – PR) – Sobre os novos movimentos sociais 
que eclodiram na segunda metade do século XX, assinale 
o que for correto. 
01) As alteraçõesna estrutura social que conduziram à 
crescente presença das mulheres na vida econômica, 
política e cultural, contribuíram para o surgimento do 
movimento feminista que defende, dentre outras cau-
sas, o direito à isonomia. 
02) O ambientalismo se caracteriza como um novo movi-
mento social ao questionar o modelo de desenvolvi-
mento autodestrutivo do capitalismo em sua fase mo-
nopolista avançada. 
04) Uma das novidades apresentadas pelos novos movi-
mentos sociais foi a denúncia das contradições da so-
ciedade capitalista em diferentes padrões de relações e 
não apenas na dimensão produtiva. 
08) Apesar de serem organizados por grupos bastante di-
versos, os novos movimentos sociais se orientam pelo 
mesmo dogmatismo revolucionário característico do 
movimento operário tradicional. 
16) Os movimentos ecológico e pacifista estendiam suas 
críticas também ao bloco de países do chamado socia-
lismo real. 
68 Extensivo Semiextensivo68
Desafio
07.19. (UFPR) – Para muitos autores, a década de 1980 foi muito importante para a pluralização e fortalecimento dos mo-
vimentos sociais em nosso país. Agora surgem novas formas de participação e mobilização social. Comente o papel dos 
movimentos sociais no Brasil dos anos 80 e compare-os às novas formas de participação política do século XXI.
07.20. (UFJF – MG) – Os movimentos sociais têm uma longa história, marcada por continuidades e transformações em rela-
ção à forma e ao conteúdo das suas demandas. Recentemente, novas modalidades de mobilização surgiram com as novas 
tecnologias de comunicação e informação, responsáveis por alterar o modo como indivíduos e grupos sociais se expressam 
no mundo. Considerando a ilustração a seguir, disserte sobre as continuidades e descontinuidades dos movimentos sociais 
ao longo das últimas décadas, tratando de seu conceito, de sua história e de suas transformações.
 
07.01. a
07.02. c
07.03. b
07.04. e
07.05. b
07.06. c
07.07. c
07.08. a
07.09. b
07.10. b
07.11. d
07.12. a
07.13. b
07.14. 01 
07.15. 21 (01 + 04 + 16)
07.16. 26 (02 + 08 + 16)
07.17. 25 (01 + 08 + 16)
07.18. 23 (01 + 02 + 04 + 16)
07.19. Os movimentos sociais da década de 
1980, no Brasil, estavam relacionados ao 
fim da ditadura e à luta pela democracia 
e carregavam consigo uma forte cono-
tação de classe. Já as novas formas de 
participação política do século XXI carre-
gam uma crítica ao modelo capitalista e 
desenvolvimentista internacional, estão 
relacionados a demandas por direitos 
sociais e se apropriam da internet e das 
redes sociais como uma das suas princi-
pais formas de ampliação e divulgação. 
Podemos citar como movimentos con-
temporâneos a Primavera Árabe, a mo-
bilização do movimento estudantil no 
Brasil, os protestos contra a corrupção, 
etc.
07.20. O aluno poderá discorrer sobre os prin-
cipais elementos que caracterizam os 
movimentos sociais no Brasil ao longo 
da história e apontar para a influência 
da internet na organização dos novos 
movimentos sociais.
Gabarito
69Sociologia 
Movimentos sociais e cidadania 
no Brasil 
Aula 8
Sociologia
O que é 
Cidadania?
O conceito de cidadania con-
forme entendemos nos dias de 
hoje começou a ser construído na 
Inglaterra em fins do século XVII, 
continuou ao longo do século XVIII 
(Revolução Americana e Revolução 
Francesa) avançou lentamente no 
século XIX, ganhou ímpeto ao lon-
go do século XX – apesar de alguns 
retrocessos – e continua o seu pro-
cesso de construção na atualidade.
Tradicionalmente desdobrou-
-se a cidadania em direitos civis, 
políticos e sociais. O direito à vida, 
à liberdade, à propriedade, à igual-
dade perante a lei são direitos civis 
essenciais. Já os direitos políticos 
consistem em poder votar e ser 
votado, a livre organização político-
-partidária e uma participação 
efetiva nas decisões de governo. Fi-
nalmente temos os direitos sociais 
que consistem na participação da 
riqueza coletiva, incluindo o direito 
à educação, ao trabalho, ao salário 
justo, à saúde, à aposentadoria. Nos 
últimos anos tem-se aventado no-
vas possibilidades para o exercício 
da cidadania, como, por exemplo, a 
cidadania ambiental. 
Nas últimas décadas, o Estado-
-Nação tem se enfraquecido, o que 
tem gerado a diminuição do poder 
do Estado em implementar políti-
cas públicas que assegurem a todos 
os brasileiros o exercício de seus 
direitos. Diante desse contexto his-
tórico a atuação do “terceiro setor” 
(entidade com origens e finalidades 
diversas) tem ganhado força.
Terceiro setor: Conjunto de atividade espontâneas, não governamentais 
e não lucrativas, de interesse público, realizadas em benefício geral da so-
ciedade e que se desenvolvem independentemente dos demais setores 
(Estado e mercado), embora deles possa, ou deva, receber colaboração.
“O terceiro setor incorpora atividade que envolvem diferentes atores: 
os governantes, que contam com o apoio da “sociedade civil organi-
zada” para a implementação de projetos de alcance local (parcerias); 
as ONGs, que competem com instituições públicas ou privadas por 
contratos governamentais para a realização de pesquisa e coordena-
ção e implementação de projetos; as agências internacionais (como a 
Organização de Saúde Panamericana e a Organização Mundial de Saú-
de) que apoiam políticas públicas sob a condição de que determinadas 
ONGs tomem parte em sua implementação; as campanhas, capazes 
de mobilizar diversos segmentos da sociedade em relação a temas va-
riados (são exemplos a “Viva Rio”, no Rio de janeiro, contra a violência 
urbana, e “Ação da Cidadania Contra a Miséria e pela Vida”; as grandes 
corporações nacionais e multinacionais, que podem adotar políticas de 
investimentos sociais , visando melhorar a imagem pública das empre-
sas; as grandes agências financiadoras norte-americanas , como a Ford, 
a Kellog e Synergos, incentivadoras da filantropia na América Latina.”
Rubens Naves in História da Cidadania.
Movimentos sociais
Realidade agrária brasileira
A questão agrária – conjunto de problemas do desenvolvimento do 
capitalismo no campo – está diretamente relacionada às transformações nas 
relações de produção, ou seja, como produzir. Também envolve a maneira 
pela qual se organizam o trabalho e a produção, o nível de renda e emprego 
dos trabalhadores rurais e a produtividade das pessoas que vivem nas áreas 
rurais.
A questão agrária no Brasil apresenta várias dimensões: a concentração 
de terras; a expulsão de mão de obra; problemas sociais; conflitos sociais e 
agrários.; camponeses sem terra.
Os problemas do campo ainda estão presentes na vida de quem habita 
as áreas rurais, como pequenos proprietários, trabalhadores assalariados 
e boias-frias, relacionando-se, de forma geral, com todos os que não têm 
acesso à propriedade da terra. Entre esses problemas estão a pobreza e o 
desemprego causados por diversos fatores e que, muitas vezes, levam a 
constantes migrações para a cidade, num fenômeno 
conhecido como êxodo rural. 
A distribuição de terras no Brasil está concentrada e 
altos níveis de desigualdade ainda perduram. A situação 
não tem melhorado segundo pesquisa da organização 
britânica Oxfam. 
“Quase metade da área rural brasileira pertence 
a 1% das propriedades do país, de acordo com 
o estudo inédito Terrenos da desigualdade: terra, 
agricultura e desigualdades no Brasil rural divul-
gado pela organização não governamental (ONG) 
britânica Oxfam. Os estabelecimentos rurais a 
partir de mil hectares (0,91%) concentram 45% 
de toda a área de produção agrícola, de gado e 
plantação florestal.
Por outro lado, estabelecimentos com menos de 
10 hectares representam cerca de 47% do total das 
propriedades do país, mas ocupam menos de 2,3% 
da área rural total. Esses pequenos produtores pro-
duzem mais de 70% dos alimentos que chegam à 
mesa do brasileiro, já que as grandes monoculturas 
exportam a maior parte da produção.
O estudo mostra a cidade de Correntina, na 
Bahia, como exemplo emblemático dessa realida-
de, onde os latifúndios ocupam 75,35%da área 
total dos estabelecimentos agropecuários. Nessa 
cidade, a pobreza atinge 45% da população ru-
ral e 31,8% da população geral. Os municípios 
com maior concentração de terra apresentam os 
menores índices de Desenvolvimento Humano 
e aqueles com a menor concentração tinham os 
melhores indicadores sociais. A diretora executiva 
da Oxfam Brasil, Katia Maia, explicou que a con-
centração de terra gera desigualdade em todos os 
setores vinculados à produção da terra.
“Quanto maior a concentração de terra, maior a 
concentração de investimento, de maquinário, 
que vai se expandindo para diferentes setores. 
A modernização da agricultura não demonstrou 
melhora na condição de vida da população”, co-
mentou Katia. “Números preliminares mostram 
que os municípios com maior concentração têm 
nível maior de pobreza”.
As grandes propriedades rurais com mais de mil 
hectares concentram 43% do crédito rural, en-
quanto para 80% dos menores estabelecimentos 
esse percentual varia entre 13% e 23%.
A reforma agrária é fundamental para reverter o 
quadro, mas não basta, argumentou a diretora da 
ONG. “O governo pode assumir medidas e políticas 
no mundo rural para incentivar maior distribuição, 
especialmente na área de investimentos, apoio téc-
nico e programas, como o Programa Nacional de 
Fortalecimento da Agricultura Familiar e o Progra-
ma Nacional de Alimentação Escolar”, acrescentou.
Extensivo Semiextensivo
A concentração de terra também contribui para a 
incidência de trabalho escravo, alerta o estudo. De 
2003 a 2013, 82% das autuações do Ministério do 
Trabalho e Emprego por trabalho análogo ao de 
escravo ocorreram no oeste da Bahia, com grande 
concentração de terra. Somente em Correntina, 
249 trabalhadores foram encontrados nessas 
condições.
O estudo agrupou os municípios de acordo 
com a relevância agropecuária: 1% com maior 
concentração de terras, os 19% seguintes e os 80% 
restantes, com base no último Censo Agropecuário 
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), de 2006, e o IBGE Cidades, de 2010.
Dados do Instituto Nacional de Colonização e 
Reforma Agrária (Incra) indicam que 729 pessoas 
físicas e jurídicas se declaram proprietárias de 
imóveis rurais com dívidas à União de mais de 
R$ 50 milhões cada, aproximadamente R$ 200 
bilhões. Esse grupo, segundo a pesquisa, tem 
propriedades de área suficiente para assentar 
quase 215 mil famílias, quase duas vezes o 
número de famílias que estão acampadas hoje no 
Brasil esperando por reforma agrária. 
(EBC- Agência Brasil)”
Movimento dos trabalhadores 
rurais sem terra
O MST tem origem nas reivindicações por terra na 
Região Sul do Brasil na passagem da década de 1970 a 
1980. Formalmente, o MST foi criado no Primeiro Encon-
tro Nacional de Trabalhadores sem Terra, realizado de 
21 a 24 de janeiro de 1984, em Cascavel (PR), que tinha 
como objetivo básico a luta pela terra, pela reforma 
agrária e por uma sociedade mais igualitária e justa.
Algumas características distinguem essa organiza-
ção dos demais movimentos sociais rurais:
 • a forma mais radical de luta que envolve ocupações 
de áreas consideradas improdutivas e passíveis de 
desapropriação;
 • as dimensões de atuação que incluem outros 
aspectos, como educação, saúde, cultura, enfim, 
direitos humanos de todas as ordens. Em muitos 
casos, os integrantes participam de ações de outros 
movimentos como apoiadores;
 • organização como uma empresa social focada não 
só no problema imediato de acesso à terra, mas no 
suporte das famílias militantes durante os processos 
de ocupação e na continuidade do auxílio após o 
assentamento;
 • a universalização da luta por meio do tema “Reforma 
agrária: uma luta de todos”, que busca agregar toda 
a sociedade.
70
Aula 8
71Sociologia 
“O MST é considerado polêmico, principalmen-
te no que se refere a uma das formas de luta: a 
ocupação de fazendas avaliadas como improdu-
tivas para forçar a desapropriação. Ocupação ou 
invasão Militantes, participantes e simpatizantes 
denominam de ocupação, ao passo que proprie-
tários rurais e oponentes ao movimento chamam 
de invasão, incluindo aí a criminalização do ato. 
São dois pontos de vista de uma mesma questão.” 
(MOCELLIN, Renato; CAMARGO, Rosiane. História em debate. São Paulo: 
Editora do Brasil, 2016, vol. 1, p. 120).
Movimento estudantil no Brasil
Principalmente durante os primeiros anos da ditadura 
militar (1964-1985), o movimento estudantil foi um foco de 
resistência ao regime. Os universitários atuavam por meio 
de organizações estudantis, sendo as principais a União Na-
cional dos Estudantes (UNE), as UEEs (Uniões Estaduais de 
Estudantes) e os DCEs (Diretórios Centrais de Estudantes). 
O principal objetivo do movimento era o fim da 
ditatura militar e a maior parte dos grupos organizados 
tinha ligações partidárias, compartilhava de ideais 
marxistas e via a revolução armada como único meio de 
retomada do poder. 
O movimento mobilizou um grande contingente 
de jovens universitários que, através de reivindicações 
e protestos por maior liberdade política e pelo fim da 
ditadura, ameaçavam o regime. O AI-5 (Ato Institucional 
Número Cinco, emitido pelo Presidente Costa e Silva 
em 1968) foi o quinto do total de 17 grandes decretos 
impostos pelos militares e o mais repressivo, possibili-
tando ao governo federal a dissolução do congresso e 
das assembleias legislativas, a intervenção em estados 
e municípios e a suspensão de todas as garantias 
constitucionais. Para garantir a repressão do movimento 
estudantil, houve a institucionalização da tortura – líde-
res estudantis foram presos e torturados. Muitos foram 
assassinados e/ou vítimas de “desaparecimento forçado”. 
Por meio da repressão pelas prisões, torturas e desa-
parecimentos, o movimento estudantil foi desarticulado 
e manteve-se praticamente inativo durante o auge da 
ditadura militar, de 1969-1973. Com o lento processo de 
redemocratização que se iniciou quando Ernesto Geisel 
assumiu o poder, em 1974, o movimento retomou força 
e foi determinante na organização dos grandes protestos 
e manifestações que se iniciaram em 1977 e culminaram 
com o Movimento pelas Diretas Já. Após o fim da ditadura 
militar, o movimento estudantil perdeu força. 
Movimento pelas Diretas Já
Já na década de 70 o regime militar apresentava si-
nais de desgaste. Em 1979, o Presidente João Figueiredo 
assinou a Lei da Anistia, que anistiou presos políticos 
e possibilitou o retorno de exilados, ao mesmo tempo 
em que também “anistiou” os envolvidos nas torturas e 
assassinatos ocorridos durante o regime militar, impe-
dindo a sua persecução criminal. O AI-5 foi revogado 
pelo Congresso Nacional também em 1979, e novas 
mobilizações começaram a surgir; os sindicatos e o mo-
vimento estudantil se reorganizaram. Em 1980, foram 
restabelecidas as eleições diretas para governador. 
Nesse contexto, surgiu a campanha pelas “Diretas Já”, 
que foi um movimento popular, de cunho político, inicia-
do em maio de 1983 e findo em 1984, que objetivava a 
volta de eleições diretas para o cargo de presidente do 
Brasil. 
A ideia partiu do senador Teotônio Vilela, ex-defensor 
do regime militar e senador pela Arena, que havia migra-
do para o partido de oposição, o MDB (depois PMDB), 
passando a assumir a luta pelos direitos dos perseguidos 
políticos. Em janeiro de 1983, o deputado mato-grossen-
se Dante de Oliveira, do PMDB, apresentou ao Congresso 
Nacional a emenda propondo o restabelecimento de 
eleições diretas para a Presidência da República. 
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72 Extensivo Semiextensivo
Nas ruas, o movimento mobilizou milhões de 
pessoas em comícios e passeatas, tornando-se uma 
das maiores manifestações populares já ocorridas 
no Brasil. Participaram partidos políticos, artistas, 
intelectuais e representantes de diversos setores da 
sociedade. Apesar de todo o apelo popular, a proposta 
não foi aprovada pela Câmara dos Deputados. As 
tãodesejadas eleições diretas para a presidência da 
República ocorreram somente em 1989, com a vitória 
da chamada Aliança Democrática que lançou a candi-
datura de Tancredo Neves.
Um novo movimento teve o apoio estudantil em 1992, 
o Movimento dos Caras-Pintadas, com características 
marcadamente distintas do movimento anterior, prin-
cipalmente pela heterogeneidade de posicionamentos 
políticos que convergiam apenas na vontade de depor 
Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito 
pelo povo desde o início dos governos militares. 
Manifestações de 2013
Essas manifestações devem ser entendidas sob um 
prisma diverso das anteriores. Instrumentalizadas pelas 
novas mídias (redes sociais, como o Facebook), caracte-
rizaram-se por serem apartidárias, ou, antes, por não ser 
possível identificar uma homogeneidade partidária ou 
de interesses e objetivos. 
Os primeiros protestos tiveram início no primeiro 
semestre de 2013, a partir de manifestações que reivin-
dicavam a redução no preço de tarifas do transporte pú-
blico em São Paulo, pelo Movimento Passe Livre (MPL). 
Novas reivindicações foram surgindo e se espalhando 
pelo país, organizadas por setores distintos da sociedade 
e, embora pontualmente alguns problemas específicos 
e algumas lideranças possam haver sido identificadas, 
no todo o movimento careceu de liderança unificada ou 
coesão de objetivos. Em suma, protestou-se contra tudo 
– da saúde, segurança, transporte, educação, corrupção 
estatal – mas o descontentamento e a onda de violência 
gerada não foram conducentes a uma reavaliação políti-
ca e social que pudesse de fato gerar mudanças. 
Testes
Assimilação
08.01. Por qual nome ficou conhecida a proposta legislativa 
de alteração constitucional cujo objetivo era realizar eleições 
diretas para a presidência da República?
a) Emenda Tancredo Neves
b) Lei Ulisses Guimarães
c) Emenda Dante de Oliveira
d) Emenda Paulo Maluf
e) Lei Antônio Carlos Magalhães
08.02. A sociedade em rede ou sociedade da informação 
introduziu nas Ciências Sociais a noção de Ciberespaço 
como um locus virtual criado pela conjunção de diferentes 
tecnologias de telecomunicação e telemática, ou seja, como 
um espaço criado pelas comunicações mediadas por compu-
tador, cujo principal veículo contemporâneo é, sem dúvida, 
a internet. Sua consequência mais imediata foi a criação de 
novas redes de sociabilidade e, por isso, o ciberespaço tem, 
como característica essencial ser: 
a) um continuo homogêneo e democrático, cuja participa-
ção, além de aberta a todos, implica uma linguagem e 
uma prática de sociabilidade comum. 
b) um espaço que cria uma cultura global comum por su-
primir as distâncias geográficas e as diferenças culturais.
c) um espaço heterogêneo e fragmentado em diferentes 
espaços simbólicos. 
d) um espaço simétrico de relações sociais, culturais e polí-
ticas entre sujeitos virtuais. 
08.03. Se há alguns anos bastava ao indivíduo fornecer 
o endereço e telefone no currículo para se candidatar 
a uma vaga de trabalho, hoje a realidade é outra. Um 
profissional hoje deve disponibilizar outras formas de 
contato como celular, e-mail, página pessoal, redes sociais 
(Facebook, Orkut, Myspace, Twitter, etc.) e saber utilizar 
outras ferramentas de comunicação, como blogs. Essa 
nova realidade gerou novas formas de sociabilidade na 
sociedade. A sociabilidade:
a) entre grupos no ciber-espaço é caracterizada pelo 
sentimento de associação e prazer entre aqueles que 
deles participam. Este sentimento é efetivado no mundo 
real.
b) virtual promovida dentro das redes sociais, tem a propen-
são de gerar grupos homogêneos e efêmeros, por meio 
da seleção de perfis e sua categorização.
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Fu
tu
ra
 P
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on
ic
a 
Al
ve
s
Aula 8
73Sociologia 
c) dos usuários das redes sociais começam a utilizar o siste-
ma interessados em um assunto específico, mas com o 
tempo de utilização, a sociabilidade gera um conjunto de 
estratégias que articulam diversos assuntos para sustentar 
a interação. Nesse momento, percebe-se o que importa é 
estar interconectado com discussões relevantes.
d) virtual gera interesses na aproximação com outras pessoas 
e, assim, o prazer de estar cara a cara ocorre durante os 
encontros reais desses grupos virtuais.
08.04. (ENEM) –
 Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 17 abr. 2010 (adaptado).
O movimento representado na imagem, do início dos anos 
de 1990, arrebatou milhares de jovens no Brasil. Nesse con-
texto, a juventude, movida por um forte sentimento cívico,
a) aliou-se aos partidos de oposição e organizou a campanha 
Diretas Já.
b) manifestou-se contra a corrupção e pressionou pela 
aprovação da Lei da Ficha Limpa.
c) engajou-se nos protestos relâmpago e utilizou a internet 
para agendar suas manifestações.
d) espelhou-se no movimento estudantil de 1968 e prota-
gonizou ações revolucionárias armadas.
e) tornou-se porta-voz da sociedade e influenciou no pro-
cesso de impeachment do então presidente Collor.
Aperfeiçoamento
08.05. (UNESP – SP) – A campanha pelo restabelecimento 
das eleições diretas para presidente da República do Brasil, 
em 1984, intitulada “Diretas Já!”, 
a) tentava garantir que o primeiro presidente pós-regime 
militar fosse escolhido, em 1985, pelo Colégio Eleitoral. 
b) defendia a continuidade dos militares no poder, desde 
que fossem escolhidos pelo voto direto dos brasileiros. 
c) foi a primeira mobilização pública de membros da socie-
dade civil brasileira desde o golpe militar de 1964.
d) reuniu diferentes partidos políticos em torno da aprova-
ção de emenda constitucional que reintroduzia o voto 
direto para presidente.
e) teve sucesso, pois contou com apoio oficial da Igreja 
Católica, dos sindicatos, das forças armadas e do partido 
situacionista.
08.06. (UPE – PE) – No mês de junho de 2013, várias pessoas 
saíram às ruas para protestar contra a política brasileira. Nos 
refrães cantados nas passeatas e nos cartazes, que desfilavam 
nas mãos dos manifestantes, encontravam-se diferentes 
assuntos que fazem parte do cotidiano da população 
brasileira. Essas manifestações mostram o tratamento 
desigual que os políticos dão às diversas classes sociais do 
país.
Sobre isso, que tema NÃO corresponde às reivindicações 
desses movimentos? 
a) Combate ao aumento da inflação.
b) Tragédias naturais e escândalos nos estados governados 
apenas por políticos do partido da presidência.
c) Gastos excessivos na construção dos estádios de futebol 
para a Copa do Mundo de 2014.
d) Punição dos políticos que desviam dinheiro público em 
benefício próprio.
e) Aumento das tarifas dos transportes públicos.
08.07. (ENEM) – 
Para além de objetivos específicos, muitos movimentos 
sociais interferem no contexto sociopolítico e ultrapassam 
dimensões imediatas, como foi o caso das mobilizações 
operárias, ocorridas em 1979 na cidade de São Paulo. Nesse 
sentido, ao mesmo tempo em que lutavam por seus direitos, 
essas mobilizações contribuíram com o(a) 
a) elaboração de novas políticas que garantiram a estabili-
dade econômica do país.
b) instalação de empresas multinacionais no Brasil.
c) legalização dos sindicatos no Brasil.
d) surgimento das políticas governamentais assistencialistas.
e) processo de redemocratização do Brasil.
74 Extensivo Semiextensivo
08.08. (ENEM) – 
TEXTO l
Olhamos o homem alheio às atividades 
públicas não como alguém que cuida apenas de 
seus próprios interesses, mas como um inútil; 
nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões 
públicas por nós mesmos na crença de que não 
é o debate que é empecilho à ação, e sim o fato 
de não se estar esclarecido pelo debate antes de 
chegar a hora da ação.
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado).
TEXTO II
Um cidadão integral pode ser definido por 
nada mais nada menos que pelo direito de 
administrar justiça e exercer funções públicas; 
algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao 
tempo de exercício, de tal modo que não podem 
de formaalguma ser exercidas duas vezes pela 
mesma pessoa, ou somente podem sê-lo depois 
de certos intervalos de tempo prefixados.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.
Comparando os textos l e II, tanto para Tucídides (no século 
V a.C.) quanto para Aristóteles (no século IV a.C.), a cidadania 
era definida pelo(a)
a) prestígio social.
b) acúmulo de riqueza.
c) participação política.
d) local de nascimento.
e) grupo de parentesco.
08.09. (UFRGS) – Em 25 de abril de 1984, a Emenda 
Constitucional das “Diretas Já!”, relativa à eleição direta para 
presidente e vice-presidente da República, foi:
a) aprovada pela Câmara dos Deputados, obrigando o 
governo Figueiredo a controlar os grupos militares de 
extrema direita.
b) rejeitada pela Câmara dos Deputados, levando à posterior 
formação da Aliança Democrática e à candidatura de 
Tancredo Neves.
c) aprovada pela Câmara dos Deputados, permitindo ao 
governo o estabelecimento de medidas de emergência 
nos estados.
d) rejeitada pela Câmara dos Deputados, propiciando forte 
reação da classe trabalhadora, que se decidiu pela forma-
ção do Partido dos Trabalhadores.
e) aprovada pela Câmara dos Deputados, articulando-se a 
anistia geral e a extinção do bipartidarismo.
08.10. (UNICAMP – SP) – O movimento pelas Diretas Já 
provocou uma das maiores mobilizações populares na 
história recente do Brasil, tendo contado com a cobertura 
nos principais jornais do país. Assinale a alternativa correta. 
a) O movimento pelas Diretas Já, baseado na emenda 
constitucional proposta pelo deputado Dante de Oliveira, 
exigia a antecipação das eleições gerais para deputados, 
senadores, governadores e prefeitos. 
b) O fato de que os protestos populares pelas Diretas 
Já pudessem ser veiculados nas páginas dos jornais 
indica que o governo vigente, ao evitar censurar a 
imprensa, mostrava-se favorável às eleições diretas 
para presidente. 
c) O movimento pelas Diretas Já exigia que as eleições 
presidenciais de 1985 ocorressem não de forma indireta, 
via Colégio Eleitoral, mas de forma direta por meio do 
voto popular. 
d) As manifestações populares pelas Diretas Já consistiram 
nas primeiras marchas e protestos civis no espaço público 
desde a instituição do AI-5, em dezembro de 1968.
Aprofundamento
08.11. (ENEM) – 
TEXTO I
A ação democrática consiste em todos toma-
rem parte do processo decisório sobre aquilo 
que terá consequência na vida de toda coleti-
vidade.
GALLO, S. et al. Ética e Cidadania. Caminhos da Filosofia. Campinas: Papirus, 
1997 (adaptado).
TEXTO II
É necessário que haja liberdade de expressão, 
fiscalização sobre órgãos governamentais e acesso 
por parte da população às informações trazidas a 
público pela imprensa.
Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 24 
abr. 2010.
Partindo da perspectiva de democracia apresentada no 
Texto I, os meios de comunicação, de acordo com o Texto II, 
assumem um papel relevante na sociedade por
a) orientarem os cidadãos na compra dos bens necessários 
à sua sobrevivência e bem-estar.
b) fornecerem informações que fomentam o debate político 
na esfera pública.
c) apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos.
d) propiciarem o entretenimento, aspecto relevante para 
conscientização política.
e) promoverem a unidade cultural, por meio das transmis-
sões esportivas.
Aula 8
75Sociologia 
08.12. (ENEM) – 
TEXTO I
O que vemos no país é uma espécie de espraia-
mento e a manifestação da agressividade através da 
violência. Isso se desdobra de maneira evidente na 
criminalidade, que está presente em todos os redu-
tos – seja nas áreas abandonadas pelo poder públi-
co, seja na política ou no futebol. O brasileiro não é 
mais violento do que outros povos, mas a fragilida-
de do exercício e do reconhecimento da cidadania 
e a ausência do Estado em vários territórios do país 
se impõem como um caldo de cultura no qual a 
agressividade e a violência fincam suas raízes.
Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 
2099; 3 fev. 2010.
TEXTO II
Nenhuma sociedade pode sobreviver sem cana-
lizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um 
controle muito específico de seu comportamento. 
Nenhum controle desse tipo é possível sem que as 
pessoas anteponham limitações umas às outras, e 
todas as limitações são convertidas, na pessoa a 
quem são impostas, em medo de um ou outro tipo.
ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.
Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal 
como descrito no Texto II, o argumento do Texto I acer-
ca da violência e agressividade na sociedade brasileira 
expressa a
a) incompatibilidade entre os modos democráticos de 
convívio social e a presença de aparatos de controle 
policial.
b) manutenção de práticas repressivas herdadas dos 
períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos admi-
nistrativos.
c) inabilidade das forças militares em conter a violência 
decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades 
brasileiras.
d) dificuldade histórica da sociedade brasileira em insti-
tucionalizar formas de controle social compatíveis com 
valores democráticos.
e) incapacidade das instituições político-legislativas em 
formular mecanismos de controle social específicos à 
realidade social brasileira.
08.13. (UFF – RJ) – Aristóteles considerava que era melhor 
para a sociedade a soberania política ser entregue ao povo, 
como ocorre na democracia, do que a alguns homens no-
táveis, como na oligarquia ou aristocracia. Ele argumentava 
que, mesmo que um indivíduo isoladamente não fosse 
muito competente no ato de julgar, quando unido a outros 
cidadãos julga melhor, porque a união reúne as qualidades 
de cada um.
A vantagem da democracia, segundo o ponto de vista de 
Aristóteles, seria a de
a) Combinar as qualidades de muitos e neutralizar seus 
defeitos.
b) Garantir que os defeitos do povo sejam corrigidos pela 
elite.
c) Proporcionar à maioria as vantagens da corrupção.
d) Permitir que os grandes homens falem em nome de todos.
e) Promover o anonimato das opiniões e decisões.
08.14. (PUC – SP) – No Brasil, é bastante conhecida a expres-
são popular que reivindica “Direitos Humanos para Humanos 
Direitos”. O país foi signatário da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, adotada e proclamada pela resolução 
n. 217 da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de 
dezembro de 1948, que, em seu artigo segundo, aponta 
que “toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e 
as liberdades estabelecidas nesta Declaração, sem distinção 
de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, 
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou 
social, riqueza, nascimento ou qualquer outra condição”.
Nesse sentido, entre o dito popular e o estabelecido pela 
resolução da ONU, existe
a) discrepância, já que a Assembleia Geral da ONU não 
possui prerrogativas para legislar em território brasileiro.
b) consonância, já que cidadãos que tenham sido condena-
dos por cometer crimes não são assistidos pela Declaração 
Universal de Direitos Humanos.
c) contradição, tendo em vista que, no Brasil, ao contrário 
do que sugere o dito popular, aqueles que cometem cri-
mes hediondos deixam de ser assistidos pela Declaração 
Universal de Direitos Humanos.
d) sintonia, já que ambas as proposições indicam garantias 
de inviolabilidade de Direitos Humanos aos cidadãos 
brasileiros em qualquer circunstância.
e) discordância, já que ao contrário do dito popular, o cida-
dão não deixa de ser assistido pela Declaração Universal 
de Direitos Humanos em nenhuma hipótese.
08.15. (UFGD – MS) – 
“Numa palavra, ao invés de conceber políticas 
públicas de que todos seriam beneficiários inde-
pendente da sua raça, cor ou sexo, o Estado passa 
a levar em conta esses fatores na implementação 
das suas decisões, não para prejudicar quem quer 
que seja, mas para evitar que a discriminação, que 
inegavelmente tem fundo histórico e cultural, e 
não raro se subtrai ao enquadramento nas cate-
goriaisjurídicas clássicas, finde por perpetuar as 
iniquidades sociais”. 
GOMES, Joaquim B. Barbosa. Ação Afirmativa & Princípio Constitucional da 
Igualdade: o direito como instrumento de transformação social. 
Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 39 
76 Extensivo Semiextensivo
O fragmento de texto citado, do pesquisador e jurista 
Joaquim B. Barbosa Gomes, reflete sobre a nova postura do 
Estado no entendimento e construção de políticas públicas 
afirmativas. Sobre as ações afirmativas, argumenta-se que: 
a) São políticas públicas que visam implementar efetivamen-
te o acesso aos bens de produção a todos os cidadãos, de 
modo que as pessoas visem construir relações unilaterais 
no contexto político e social. 
b) Caracterizam-se em um conjunto de políticas públicas 
e privadas compulsórias, que objetivam minimizar as 
desigualdades sociais e promover o acesso aos bens de 
produção. Nesse sentido, as ações afirmativas rompem 
com a tradição paternalista do Estado e universaliza de 
modo permanente a promoção da igualdade. 
c) Essas políticas tiveram origem no direito brasileiro, sobre-
tudo, a partir de meados da década de 1980, quando o 
país passava pelo processo de redemocratização. 
d) São políticas públicas e privadas de caráter compulsório, 
facultativo ou voluntário, implementadas com vistas ao 
combate à discriminação racial, de gênero, e de origem 
nacional, bem como objetivam promover igualdade de 
acesso a bens fundamentais como educação e emprego. 
e) Caracterizam-se em um conjunto de políticas que acirram 
ainda mais a tensão social, haja vista que, indiretamente, 
beneficia uma minoria de pessoas que se apoiam no 
Estado para conquistar seus interesses.
08.16. (UFGD – MS) – A charge, produzida pelo cartunista 
Nani, traz um diálogo entre pai e filho sobre a problemática 
social. No diálogo, ironicamente, o pai salienta ao seu filho 
que quando serem “muito ricos” vão poder gozar efetiva-
mente os Direitos Humanos. Nessa direção, considerando a 
charge e a temática “Diretos Humanos”, argumenta-se que: 
Autor: Nani. Fonte: Charge disponível em - http://brainly.com.br/tare-
fa/1724729. Acesso em: 08/out/2016. 
a) O conjunto normativo dos Direitos Humanos foi uma 
conquista significativa para humanidade, desde sua pro-
mulgação em 1970. Mas, existem muitas limitações no 
que diz respeito a sua aplicabilidade nas relações sociais 
e trabalhistas. 
b) A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi promul-
gada em 1948 pela Assembleia Geral das Nações Unidas e 
representa uma conquista relevante para a humanidade. 
Contudo, ainda existem muitas violações face aos tratados 
internacionais de direitos humanos. 
c) Os Direitos Humanos fortaleceram significativamente 
os valores fundamentais da humanidade. Entretanto, 
alguns grupos, sobretudo, ligados ao crime fazem mau 
uso dos normativos dos tratados internacionais de direitos 
humanos. 
d) A Declaração Universal dos Direitos Humanos, promul-
gada em fevereiro de 1945, durante Assembleia Geral da 
Organização das Nações Unidas não teve impacto positivo 
nos países asiáticos, haja vista que, os Estados asiáticos 
constantemente desrespeitam os tratados internacionais 
de direitos humanos. 
e) O conjunto de normativos dos Direitos Humanos é a 
conquista mais importante da humanidade. Ao ser 
promulgada, na década de 1930, a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos evitou muito conflitos bélicos 
entre países. Contudo, existem muitas limitações em sua 
aplicabilidade.
08.17. (UFFS – SC) – O Movimento dos Trabalhadores Rurais 
Sem Terra (MST) nasceu da premissa de que a luta pela terra 
tem de ser de massa. É um dos mais inovadores fenôme nos 
políticos da América Latina, à medida que busca enfrentar 
os problemas do campo, atacando as causas estruturais.
Comparando com outros movimentos sociais, o MST apre-
senta como característica própria:
a) A luta permanente pela reforma agrária acima de qualquer 
luta política, visto que, para o Movimento, a conquista da 
terra pela ocupação representa uma vitória na luta pela 
vida digna.
b) A luta pela revolução socialista, pois, para o MST, a ocu-
pação é a forma de enfrentamento ao capital para criar 
as condições necessárias de se promover a revolução.
c) A ocupação de terras preferencialmente produtivas, pois o 
sustento do Movimento ocorre pela ajuda daqueles que já 
foram beneficiados pela conquista de seu pedaço de terra.
d) A produção de alimentos saudáveis – livres de agrotóxicos – 
pois, para o MST, a luta pela vida digna passa por uma 
alimentação saudável de todos assentados.
e) Constrói, por trás das suas lutas características, um 
movimento propriamente político que alcança as raí-
zes do sistema de poder, ao agrupar populações cujo 
conflito incide nos alicerces de um sistema – o direito 
da propriedade.
Aula 8
77Sociologia 
08.18. (UEPG – PR) – Sobre os movimentos sociais no Brasil, assinale o que for correto.
01) Os movimentos, na atualidade, atuam em negação ao Estado ou paralelamente a este, tendo as ONGs (Organizações Não 
Governamentais) como exemplo principal.
02) Revoltas como a de Canudos e a do Contestado são expressões de conflitos rurais que precedem os movimentos atuais 
de luta pela terra.
04) Os movimentos LGBT se articularam internacionalmente, com mais facilidade, a partir do surgimento da Internet, pois 
usam também as redes sociais para maior visibilidade.
08) É possível considerar a luta pela independência do Brasil e pela abolição da escravidão como exemplos dos movimentos 
sociais no período colonial.
08.19. (UFPR) – Para muitos autores, a década de 1980 foi muito importante para a pluralização e fortalecimento dos 
movimentos sociais em nosso país. Agora surgem novas formas de participação e mobilização social. Comente o papel dos 
movimentos sociais no Brasil dos anos 80 e compare-os às novas formas de participação política do século XXI.
08.20. (UFPR) – Os movimentos sociais são formas específicas de ação política que se manifestam através de mobilizações 
reivindicativas de melhoria das condições de vida e respeito aos direitos civis e de expressão de diferenças culturais.
Descreva um movimento social brasileiro em atividade nos últimos dois anos, analisando as razões de seu surgimento.
08.01. c
08.02. c
08.03. b
08.04. e
08.05. d
08.06. b
08.07. e
08.08. c
08.09. b
08.10. c
08.11. b
08.12. d
08.13. a
08.14. e
08.15. d
08.16. b
08.17. e
08.18. 14 (02 + 04 + 08)
08.19. Os movimentos sociais da década de 1980, no Brasil, estavam relacio-
nados ao fim da ditadura e à luta pela democracia e carregavam consi-
go uma forte conotação de classe. Já as novas formas de participação 
política do século XXI carregam uma crítica ao modelo capitalista e de-
senvolvimentista internacional, estão relacionados a demandas por di-
reitos sociais e se apropriam da internet e das redes sociais como uma 
das suas principais formas de ampliação e divulgação. Podemos citar 
como movimentos contemporâneos a Primavera Árabe, o movimento 
estudantil na Espanha e a ocupação de Wall Street.
08.20. O aluno pode escolher um entre vários movimentos sociais mais 
famosos: o movimento ambientalista, o movimento negro, o movi-
mento LGBT, o movimento feminista, entre outros. Podemos dizer 
que esses nascem da sociedade democrática e da consciência de 
grupos na defesa dos interesses das minorias e pelo direito à diver-
sidade. No caso do movimento ambientalista, ele nasce a partir das 
pesquisas sobre os efeitos e limites do modelo extrativista de pro-
dução e de uma consciência ecológica que ganhou força a partir da 
década de 1960.
Gabarito
78 Extensivo Semiextensivo
Sociologia
Aula 9
Cultura e sociedade
O termo cultura é originário do latim, e significa 
cuidar. A palavra foi utilizada, inicialmente, para indicar 
o cultivo das plantas, o cuidado com os animais e com 
a terra (daí a origem do termo agricultura). O termo 
cultura também indica o cuidado com as crianças e sua 
educação, cuidado com os deuses (por isso, culto).Para a antropologia, o termo cultura passou a ter outro 
sentido, definido por Edward Taylor que diz: “a cultura é 
todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, 
moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade, 
o hábito adquirido pelo homem como membro de 
uma sociedade”. Ou seja, Cultura é um conceito que foi 
inicialmente desenvolvido pelo antropólogo Edward 
Taylor, e se refere aos comportamentos, valores, crenças 
e regras morais que caracterizam uma sociedade. Em 
resumo, Cultura é a identidade de um grupo.
As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao 
longo das suas histórias, na construção de suas formas 
de subsistência, na organização da vida social e política, 
nas suas relações com o meio e com outros grupos, 
na produção de conhecimentos, etc. A diferença entre 
culturas é fruto da singularidade desses processos em 
cada grupo social.
Dentro de todas as sociedades existe um padrão 
cultural, que é uma norma estabelecida pela sociedade, 
os indivíduos normalmente agem de acordo com os 
padrões estabelecidos pela sociedade em que vivem.
Para evitarmos emitir juízo de valor, devemos ter em 
mente a concepção de relativismo cultural, aceitando a 
diversidade e não vendo o mundo e as sociedades sob 
uma perspectiva etnocêntrica. O relativismo cultural 
considera as culturas de modo geral, são diferentes umas 
das outras, embora tenham características comuns. Todos 
os povos formulam juízos em relação aos modos de vida 
diferentes dos seus. Por isso, o relativismo cultural não 
concorda com a ideia de normas e valores absolutos e 
defende o pressuposto de que as avaliações devem ser 
sempre relativas à própria cultura onde surgiram. Os 
padrões ou valores do que é considerado como certo ou 
errado, dos usos e costumes das sociedades em geral, es-
tão relacionados com a cultura da qual fazem parte. Dessa 
maneira, um costume pode ser válido em relação a um 
ambiente cultural e não a outro. O fato de que o homem 
vê o mundo através de sua cultura tem como conse-
quência a propensão em considerar o seu modo de vida 
como o mais correto e natural. Tal tendência, denominada 
etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos 
pela ocorrência de inúmeros conflitos sociais. Estas ten-
dências contém o germe do racismo, da intolerância, e 
frequentemente, são utilizados para justificar a violência 
contra o outro. Cada povo tem uma cultura própria, cada 
sociedade elabora sua própria cultura e recebe influência 
de outras culturas; dessa forma, todas as sociedades, 
desde as mais simples até as mais complexas, possuem 
cultura. Não há sociedade sem cultura, assim como não 
existe ser humano destituído de cultura.
A cultura brasileira, por exemplo, é uma mescla de 
culturas, que sintetizam as muitas etnias que formam o 
povo brasileiro. Portanto, não se pode dizer que exista 
uma cultura brasileira homogênea; o que existe é um 
mosaico de diferentes culturas que juntas formam a cul-
tura do Brasil. Mas, sem dúvida, a cultura brasileira tem 
uma raiz portuguesa. No Brasil, fala-se a língua portu-
guesa e a grande maioria da população continua sendo 
católica. Mas apesar de o Brasil ter sido descoberto e 
colonizado por Portugal, outras nações contribuíram 
imensamente para a formação da cultura brasileira. 
Além dos portugueses, os povos indígenas, os africanos, 
os italianos e os alemães ajudaram a moldar a cultura 
do Brasil. As influências de diferentes povos, principal-
mente das populações indígenas e dos descendentes de 
escravos que foram trazidos do continente africano, são 
aparentes nos âmbitos da música, da culinária, do fol-
clore, do artesanato e das festas e celebrações nacionais. 
A própria língua portuguesa falada no Brasil foi muito 
influenciada por outras línguas.
Durante a colonização no Brasil, ocorreram intensos 
contatos entre cultura do colonizador português e as 
culturas dos povos indígenas e dos africanos trazidos 
como escravos. Como consequências desse contato, 
ocorreram modificações que deram origem à cultura 
brasileira; esse contato e as mudanças culturais decor-
rentes desse processo são conhecidos como aculturação.
É sabido que, apresentando heterogeneidade notável 
em sua composição populacional, o Brasil desconhece a 
si mesmo. Na relação do país consigo mesmo, é comum 
prevalecerem vários estereótipos, tanto regionais como 
em relação a grupos étnicos, sociais e culturais.
Aula 9
79Sociologia 
A cultura brasileira reflete os 
vários povos que constituem a 
demografia do nosso país: indíge-
nas, europeus, africanos, asiáticos, 
árabes, etc. como resultado da 
intensa miscigenação e convivência 
dos povos que participaram da 
formação do Brasil surgiu uma 
realidade cultural peculiar, que 
inclui aspectos das várias culturas. 
O substrato básico da cultura brasi-
leira formou-se durante os séculos 
de colonização, quando ocorreu a 
fusão primordial entre as culturas 
fundamentais da formação cultural 
brasileira como a dos indígenas, 
dos europeus, especialmente por-
tugueses, e dos escravos trazidos 
da África. A partir do século XIX, a 
imigração de europeus não por-
tugueses (italianos, alemães, etc.) 
e povos de outras culturas, como 
árabes e asiáticos, adicionou novos 
traços ao panorama cultural brasi-
leiro. Também foi grande a influência 
dos grandes centros culturais do 
planeta, como a França, a Inglaterra 
e, mais recentemente, dos Estados 
Unidos, países que influenciam 
culturalmente o resto do globo.
Nas sociedades contemporâ-
neas, encontramos pessoas que 
contestam certos valores vigentes, 
opondo-se radicalmente a eles. 
Como exemplos, podemos citar o 
trabalho, o patriotismo, a acumula-
ção de riqueza e a ascensão social; 
são valores culturais importantes 
na nossa sociedade; infringir esses 
valores culturais indica o fenômeno 
denominado de contracultura. 
Exemplo: o movimento hippie da 
década de 60, que se posicionou 
contra esses valores.
O contato entre diferentes cul-
turas e padrões de comportamento 
pode provocar além do processo de 
aculturação, uma série de conflitos 
mentais entre os indivíduos perten-
centes a essas culturas envolvidas. 
Esses conflitos têm origem na 
insegurança que as pessoas sentem 
diante de uma cultura diferente da 
sua: aqueles que não conseguem se 
integrar, completamente em nenhuma das culturas que os rodeiam acabam 
ficando à margem da sociedade. Processo que é definido como marginalida-
de cultural.
 Para viver democraticamente em uma sociedade plural é 
preciso respeitar os diferentes grupos e culturas que a constituem. 
A sociedade brasileira é formada não só por diferentes etnias, 
como também por imigrantes de diferentes países. Além disso, 
as migrações colocam em contato grupos diferenciados. Sabe- 
-se que as regiões brasileiras têm características culturais bastante 
diversas e que a convivência entre grupos diferenciados nos planos 
social e cultural muitas vezes é marcada pelo preconceito e pela 
discriminação. O grande desafio da escola é reconhecer a diversidade 
como parte inseparável da identidade nacional e dar a conhecer a 
riqueza representada por essa diversidade etnocultural que compõe 
o patrimônio sociocultural brasileiro, investindo na superação de 
qualquer tipo de discriminação e valorizando a trajetória particular 
dos grupos que compõem a sociedade. Nesse sentido, a escola 
deve ser local de aprendizagem de que as regras do espaço público 
permitem a coexistência, em igualdade, dos diferentes. O trabalho 
com Pluralidade Cultural se dá a cada instante, exige que a escola 
alimente uma “Cultura da Paz”, baseada na tolerância, no respeito aos 
direitos humanos e na noção de cidadania compartilhada por todos 
os brasileiros. O aprendizado não ocorrerá por discursos, e sim num 
cotidiano em que uns não sejam “mais diferentes” do que os outros.
http://portal.mec.gov.br/pluralidade.
Diversidade cultural brasileira
A diversidade da cultura brasileira deve-se à miscigenação dos variados 
grupos étnicos que vieram a formar o país que os portuguesesconvenciona-
ram chamar de Brasil.
Ao “descobrirem” o Brasil os invasores portugueses se depararam com 
nativos de diversas etnias, pois o território brasileiro já era habitado há mi-
lhares de anos: primeiro por povos pré-históricos, depois por diversas tribos 
nativas com seus diversos aspectos culturais particulares. A colonização foi 
obra da monarquia lusitana, que com o apoio da Igreja Católica levou a cabo 
a ocupação do vasto território, forçando a unificação dos diversos povos 
nativos sob uma mesma religião. 
Além dos povos indígenas (que foram escravizados em larga escala) e 
dos colonizadores portugueses, a alta lucratividade da exploração da lavoura 
*principalmente açucareira – atividade econômica que marcou a economia 
brasileira, caracterizada pela monocultura, pelo latifúndio e pelo predomínio 
da mão de obra escrava) só foi possível graças ao emprego de um enorme 
contingente de mão de obra escrava: cerca de 45% de todos os cativos trazi-
dos para o continente americano ficaram no Brasil. 
Naturalmente, os colonizadores influenciaram e foram influenciados 
pelos povos que dominaram. A cultura brasileira tem como base, portanto, 
elementos do colonizador português e dos povos escravizados: o nativo bra-
sileiro e o negro africano. Há que se destacar a presença espanhola durante 
a União Ibérica (1580/1640) e a holandesa, no Nordeste, durante a primeira 
metade do século XVII, que também deixaram suas marcas culturais.
Durante o período colonial, que teve como referencial político o absolu-
tismo e no qual a obediência ao rei e a Igreja eram pressupostos indiscutíveis, 
80 Extensivo Semiextensivo
a cultura poderia ser classificada como letrada ou popu-
lar. A inexistência de universidades e de uma imprensa 
local, bem como a vigência de uma tripla censura (ecle-
siástica, inquisitorial e régia) tornavam a cultura letrada 
escassa, limitada à elite econômica e caracterizada pela 
reprodução da cultura europeia.
Por outro lado, a cultura popular que se desenvol-
veu foi bastante rica em decorrência do processo de 
miscigenação, da vastidão do território (que propiciou 
o desenvolvimento de culturas regionais diversas) e da 
dificuldade de se “inculcar” absolutamente os padrões 
europeus nas mentes de uma população tão diversa e 
geograficamente dispersa. 
Um dos resultados foi o sincretismo religioso: apesar 
de o Catolicismo ser a religião oficial e ter sido sempre 
a maior religião em número de adeptos e a que exerce 
ainda maior influência em termos sociais, políticos e 
culturais, não raro o brasileiro “católico” também aceita 
um sem número de crenças alheias ao catolicismo (re-
encarnação, superstições e sortilégios).
As heranças culturais dos povos indígenas e dos 
africanos se faz sentir no cotidiano. 
Aos indígenas devemos o enriquecimento da nossa 
língua: o vocabulário do português brasileiro contém 
diversos termos de origem indígena, como açaí, aipim, 
capim, guri, jacaré, pitanga, pindaíba, urubu, além dos 
nomes de lugares, (topônimos), que são em sua maioria 
de origem tupi, como Paraná, Curitiba, Guaraqueçaba, 
Iguaçu, Ipanema, Paraíba, Pernambuco, para citar ape-
nas alguns. 
Do ponto de vista étnico, os indígenas e os brancos 
formaram o sujeito tipicamente brasileiro: o caboclo. 
Deixaram também suas marcas culturais em diversos 
ingredientes e receitas culinárias (como tucupi, tapioca, 
pamonha e o beiju), em utensílios para caça e pesca e 
em itens de uso doméstico (como a rede, a cabaça e a 
gamela). Enriquecem nossa cultura também suas diver-
sas lendas regionais, como as do boitatá, do saci-pererê, 
do boto rosa e da índia Iara. 
Conta a lenda que Iara Mãe-D’àgua era uma 
bela índia, além de grande guerreira. Um dia, 
seus irmãos invejosos resolveram matá-la. Iara, 
porém, consegue vencer a luta e ela é quem 
termina matando os irmãos, fugindo em seguida 
para evitar a punição de seu pai, o chefe da tribo. 
Após encontrar Iara, o Pajé a lança ao rio para 
morrer afogada. Contudo, os peixes a salvam 
e ela se transforma em uma bela sereia, que 
passa a habitar os rios da Amazônia e atrair os 
homens para afogá-los. Quem consegue escapar 
enlouquece e só pode ser curado por um pajé. 
Aos povos a que genericamente chamamos “africa-
nos” (que advinham também de regiões e grupos étnicos 
distintos e, portanto, culturalmente diversos), devemos 
muito de nossa linguagem, música e culinária. A culiná-
ria típica brasileira tem diversos pratos e ingredientes de 
origem africana: feijoada, farofa, acarajé, cuscuz, dendê 
e a malagueta; além de diversos doces como o famoso 
quindim, e que foi adaptado da culinária lusitana para o 
paladar brasileiro pelas escravas negras. Nosso vocabu-
lário também contém centenas de palavras de origem 
africana: xingar, zangar, sunga, tamanco, quiabo, cochi-
char e cochilar são apenas alguns exemplos. Na música, 
herdamos o frevo, samba e o maracatu. 
O maior legado deixado pelos diversos grupos indí-
genas e africanos que habitaram o Brasil e cujos descen-
dentes não raro continuam excluídos socialmente, como 
foram seus antepassados, é muitas vezes esquecido: o 
trabalho. Antes das correntes migratórias europeias, o 
que construiu e levantou o Brasil em que vivemos foram o 
suor e o sangue do indígena e do escravo africano. Apesar 
disso, tanto a população negra quanto a indígena que ain-
da resta continuam a sofrer os efeitos do preconceito e da 
desigualdade social: são mais vulneráveis em termos de 
segurança, de alimentação, de moradia e de escolaridade. 
Para muitos, ainda perduram os efeitos da escravidão.
O legado europeu
Sem qualquer sombra de dúvida, Portugal foi o país 
europeu que maior influência exerceu sobre a cultura 
brasileira. Além da religião e da língua portuguesa, 
os lusitanos introduziram no Brasil suas construções 
típicas, suas festas, suas instituições educacionais e 
administrativas e suas técnicas de agricultura. Ao rico 
folclore brasileiro foram incorporadas festas e danças 
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Aula 9
81Sociologia 
portuguesas, como o fandango, as 
festas juninas, a cavalhada e a farra 
do boi, assim como as lendas (bicho 
papão, cuca) e das cantigas (o cravo 
e a rosa, roda pião). Na culinária 
os portugueses também deixaram 
suas marcas: bacalhau, caldo 
verde, queijada, pastel de Belém 
e rabanada, além dos incontáveis 
doces “tipicamente brasileiros” que 
surgiram de adaptações de receitas 
lusitanas. 
A partir de meados do século 
XIX, a necessidade de mão de obra 
surgida em decorrência do declínio 
de mão de obra escrava e de uma 
política que visava o branquea-
mento da população, povos de 
diversas nações europeias foram 
estimulados a emigrar para o Brasil. 
Aqui aportaram, além de mais 
portugueses e açorianos, famílias 
de origem suíça, prussiana, espa-
nhola, polonesas, italianas, alemãs, 
ucranianas, japonesas. 
Italianos, alemães e poloneses 
emigraram em grandes quantida-
des, formando colônias no sul e 
sudeste brasileiro. Deixaram tam-
bém suas marcas na diversidade de 
elementos culturais, como a língua, 
culinária e a arquitetura e em festas 
típicas, como a Oktoberfest. 
Em suma, a “cultura brasileira” 
é fruto de uma mistura de culturas 
diversas, e continua em constante 
transformação. Como afirma o 
brasilianista Jeffrey  Lesser sobre a 
formação da identidade nacional: “a 
formação de tal identidade levava 
em conta uma dupla assimilação, 
pois a medida em que os colonos 
se tornavam brasileiros, o Brasil se 
tornava europeu”. 
 Convivem em todo o território nacional cerca de 210 
etnias indígenas, cada uma com identidade própria e representando 
riquíssima diversidade sociocultural, junto a uma imensa população 
formada pelos descendentes dos povos africanos e um grupo numeroso 
de imigrantes e descendentes de povos de vários continentes, com 
diferentes tradições culturaise religiosas. A dificuldade para categorizar 
os grupos que vieram para o Brasil e formaram sua população é 
indicativo da diversidade, seja o recorte continental, ou regional, 
nacional, religioso, cultural, linguístico, racial/étnico. Portugueses, 
espanhóis, ingleses, franceses, italianos, alemães, poloneses, húngaros, 
lituanos, egípcios, sírios, libaneses, armênios, indianos, japoneses, 
chineses, coreanos, ciganos, latino-americanos, católicos, evangélicos, 
batistas, budistas, judeus, muçulmanos, tradições africanas, situam- 
-se entre outras inumeráveis categorias de identificação. Além disso, 
um mesmo indivíduo pode vincular-se a diferentes grupos ao mesmo 
tempo, reportando-se a cada um deles com igual sentido de pertinência. 
A diversidade marca a vida social brasileira. Diferentes características 
regionais e manifestações de cosmologias ordenam de maneiras 
diferenciadas a apreensão do mundo, a organização social nos grupos 
e regiões, os modos de relação com a natureza, a vivência do sagrado 
e sua relação com o profano. O campo e a cidade propiciam às suas 
populações vivências e respostas culturais diversas, que implicam 
ritmos de vida, ensinamentos de valores e formas de solidariedade 
distintas. Os processos migratórios colocam em contato grupos sociais 
com diferenças de fala, de costumes, de valores, de projetos de vida. 
http://portal.mec.gov.br/pluralidade.
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82 Extensivo Semiextensivo
Testes
Assimilação
09.01. (UFU – MG) – 
A humanidade cessa nas fronteiras da tribo, do 
grupo linguístico, às vezes mesmo da aldeia; a tal 
ponto, que um grande número de populações di-
tas primitivas se autodesigna com um nome que 
significa ‘os homens’ (ou às vezes – digamo-lo 
com mais discrição? – os ‘bons’, os ‘excelentes’, 
‘os completos’), implicando assim que as outras 
tribos, grupos ou aldeias não participam das vir-
tudes ou mesmo da natureza humana, mas são, 
quando muito, compostos de ‘maus’, ‘malvados’, 
‘macacos da terra’ ou de ‘ovos de piolho’. 
LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. Antropologia Estrutural Dois. São Paulo: 
Tempo Brasileiro, 1989: 334. 
Nesse trecho, o antropólogo Claude Lévi-Strauss descreve a 
reação de estranhamento que é comum às das sociedades 
humanas quando defrontadas com a diversidade cultural. 
Tal reação pode ser definida como uma tendência: 
a) Etnocêntrica
b) Iluminista
c) Relativista
d) Ideológica
09.02. (UFU – MG) – O encontro de culturas distintas e o 
convívio com a alteridade são temas recorrentes da história 
da humanidade. As reações a uma cultura diversa à sua e 
as formas como as diferenças culturais são concebidas têm 
variado ao longo do tempo. Atualmente, a Antropologia 
entende que a diversidade cultural tem origem
a) na capacidade das diferentes culturas humanas em se 
adaptar ao seu meio ambiente circundante.
b) na capacidade psíquica distinta dos diferentes grupos 
humanos.
c) no grau de conhecimento da natureza.
d) nas formas distintas de expressar a condição humana por 
meio de atos e símbolos.
09.03. (UNICESUMAR – PR) – A perspectiva antropológica 
que busca considerar as diferentes culturas segundo seus 
próprios termos e critérios, cujos costumes e práticas devem 
ser compreendidos em relação ao seu contexto específico, 
sem a imposição de valores e normas externos, é
a) o Etnocentrismo.
b) a Interpretação cultural.
c) o Evolucionismo.
d) o Relativismo cultural.
e) o Estruturalismo.
09.04. (ENEM) – 
A África também já serviu como ponto de par-
tida para comédias bem vulgares, mas de muito 
sucesso, como Um príncipe em Nova York e Ace 
Ventura: um maluco na África; em ambas, a Áfri-
ca parece um lugar cheio de tribos doidas e ritu-
ais de desenho animado. A animação O rei Leão, 
da Disney, o mais bem-sucedido filme americano 
ambientado na África, não chegava a contar com 
elenco de seres humanos.
LEIBOWITZ, E. “Filrnes de Hollywood sobre África ficarn no clichê”. Disponível 
ern: http://noticias.uol.corn.br. Acesso ern: 17 abr. 2010.
A produção cinematográfica referida no texto contribui para 
a constituição de uma memória sobre a África e seus habitan-
tes. Essa memória enfatiza e negligencia, respectivamente, 
os seguintes aspectos do continente africano:
a) A história e a natureza.
b) O exotismo e as culturas.
c) A sociedade e a economia. 
d) O comércio e o ambiente. 
e) A diversidade e a política.
Aperfeiçoamento
09.05. (ENEM) – 
A recuperação da herança cultural africana 
deve levar em conta o que é próprio do processo 
cultural: seu movimento, pluralidade e complexi-
dade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo 
do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de 
procurar perceber o próprio rosto cultural brasi-
leiro. O que se quer é captar seu movimento para 
melhor compreendê-lo historicamente.
MINAS GERAIS: Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Belo 
Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.
Com base no texto, a análise de manifestações culturais de 
origem africana, como a capoeira ou o candomblé, deve 
considerar que elas
a) permanecem como reprodução dos valores e costumes 
africanos.
b) perderam a relação com o seu passado histórico.
c) derivam da interação entre valores africanos e a experiên-
cia histórica brasileira.
d) contribuem para o distanciamento cultural entre negros 
e brancos no Brasil atual.
e) demonstram a maior complexidade cultural dos africanos 
em relação aos europeus.
Aula 9
83Sociologia 
09.06. (ENEM) – 
Própria dos festejos juninos, a quadrilha nas-
ceu como dança aristocrática, oriunda dos salões 
franceses, depois difundida por toda a Europa. 
No Brasil, foi introduzida como dança de salão e, 
por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto po-
pular. Para sua ocorrência, é importante a presen-
ça de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois 
é quem determina as figurações diversas que os 
dançadores desenvolvem. Observa-se a constân-
cia das seguintes marcações: “Tour”, “Enavant”, 
“Chez des dames”, “Chez des chevaliê”, “Cestinha 
de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a 
chuva”, “Garranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, 
“Coroa de espinhos” etc. No Rio de Janeiro, em 
contexto urbano, apresenta transformações: sur-
gem novas figurações, o francês aportuguesado 
inexiste, o uso de gravações substitui a música 
ao vivo, além do aspecto de competição, que sus-
tenta os festivais de quadrilha, promovidos por 
órgãos de turismo.
CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Melhoramen-
tos, 1976.
As diversas formas de dança são demonstrações da di-
versidade cultural do nosso país. Entre elas, a quadrilha é 
considerada uma dança folclórica por
a) possuir como característica principal os atributos divinos 
e religiosos e, por isso, identificar uma nação ou região.
b) abordar as tradições e costumes de determinados povos 
ou regiões distintas de uma mesma nação.
c) apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, sendo, 
também, considerada dança-espetáculo.
d) necessitar de vestuário específico para a sua prática, o 
qual define seu país de origem.
e) acontecer em salões e festas e ser influenciada por diver-
sos gêneros musicais.
09.07. (UNIOESTE – PR) – Etnocentrismo é uma atitude 
em que os indivíduos reduzem todos os fenômenos sociais 
àqueles que conhecem. Considerando a afirmação acima, é 
INCORRETO afirmar que 
a) os indivíduos fazem uma avaliação preconceituosa das 
outras culturas. 
b) os indivíduos tendem a considerar o seu grupo social 
como superior aos demais grupos sociais. 
c) os indivíduos possuem uma facilidade em ver e tolerar 
as diferenças sociais. 
d) os indivíduos tendem a considerar um determinado modo 
de vida como o mais correto. 
e) os indivíduos acreditam que a sua cultura é melhor que 
as outras e preferível a qualquer outra.
09.08. À primeira vista, as diferenças empiricamente ob-
servadas entre os povos e as sociedades humanas podem 
ser atribuídas a determinismos biológicos e(ou) geográficos. 
Contra esses determinismos,a diversidade para a Sociologia 
é entendida como resultado de processos históricos e pro-
duções culturais singulares, particulares a cada povo, época 
e sociedade.
Com base no conceito de cultura, a diversidade pode ser 
caracterizada como
a) resultado da organização social e tecnológica dos povos, 
dado que muitas sociedades, dispersas e segregadas 
no tempo e no espaço, tiveram avanços tecnológicos e 
sociais diferenciados.
b) produto das maneiras e das formas pelas quais o homem 
retira da natureza os meios necessários à sua existência. 
c) resultado de fatos sociais que orientam as ações dos 
indivíduos na vida em sociedade, daí a ideia de que fatos 
sociais diferentes orientam práticas e ações diferentes.
d) resultado de representações e significações diferentes 
que os povos e as sociedades dão a aspectos e eventos 
aparentemente semelhantes.
09.09. Leia o texto a seguir que faz parte do artigo “O 
menino selvagem e as invariantes do humano”, publicado 
na revista virtual “P@rtes”, de autoria de José Carlos Rocha e 
Gilberto da Silva:
Em meados do século dezenove, em Paris, o jo-
vem médico Jean-Jacques Gaspar ltard dá com um 
aglomerado de pessoas observando na rua um me-
nino enjaulado a quem chamavam de menino-ma-
caco. Com autorização judicial, o médico o conduz 
à residência, onde tratará de educá-lo, tornando-o 
objeto de investigações científicas.
Aparentando seis a oito anos de idade, surdo 
e mudo, com posturas próximas do animalesco, 
o menino que fora capturado no mato, onde te-
ria sido abandonado ainda recém-nascido, quase 
nada aprenderá. ltard observará meticulosamente 
o menino durante três anos, período que o teve 
de sobrevida em ambiente social. Entre as letras 
do alfabeto fonético, o menino aprendeu apenas a 
pronunciar o “ô”, derivando daí o nome Victor e o 
sobrenome d’Aveyron, região onde fora capturado. 
Durante este período o máximo de imagens que 
Victor conseguiu reconhecer foi o desenho de uma 
garrafa de leite no quadro negro.
Fonte: Disponível em: http://www.partes.com.br/colunistas/gilberto silva/
meninoselvagem.asp.
Com base na análise do texto, é correto afirmar que
a) a dificuldade do menino em aprender estava diretamente 
ligada ao processo primário de desenvolvimento das 
instituições responsáveis pela socialização.
b) a tentativa de se educar o menino foi mal sucedida pela 
ausência de técnicas desenvolvidas de aculturação dos 
indivíduos.
84 Extensivo Semiextensivo
c) as tentativas de se educar o menino para uma vida so-
cial completa foram falhas por se tratarem de métodos 
científicos, sendo desconsiderados os métodos sociais.
d) o menino descrito no texto estava fora dos processos 
culturais e de socialização comuns a todos os indivíduos 
quando foi encontrado e capturado.
e) o menino recusou ser educado pelo médico por acreditar 
ser desnecessário para sua vida a educação nos padrões 
vigentes na França naquele período.
09.10. Leia o fragmento do texto a seguir.
NATUREZA E CULTURA-DIFERENÇAS 
ENTRE O HOMEM E O ANIMAL
de Marco Maluf
O fato de o homem ser dotado da criação sim-
bólica o diferencia dos outros animais fazendo com 
que o ser humano se torne um ser histórico, um 
ser que constrói a sua própria história, ao contrá-
rio dos outros animais que não possuem história.
O homem vive num contínuo processo de cria-
ção de valores, ou seja, forma ideias sobre o que é 
o certo ou o que é o errado, noções ou conceitos 
como o de justiça, por exemplo. Portanto, o ho-
mem é consciente dos seus próprios atos e, por 
isso, é responsável por eles.
Os animais vivem em meio à natureza e se mis-
turam com ela, vivem o instante presente. O ser 
humano, através do trabalho, transforma a natu-
reza e cria a cultura. A cultura se encontra acumu-
lada nas ciências, nas artes, nas religiões, etc., que 
são a grande produção da humanidade. A filosofia 
é também um produto do conhecimento humano 
e fornece as bases da civilização ocidental.
Fonte: Disponível em: http://filomundo.blogspot.com/2010/02/ 
natureza-e-cultura-diferencas-entre -o.html.
De acordo com o texto percebe-se o que diferencia o ser 
humano dos outros animais. Com base no texto, podemos 
entender que a diversidade cultural
a) altera os valores das sociedades provocando diversos 
conflitos entre os indivíduos, afastando-os, assim, da 
natureza humana.
b) atenta contra uma cultura globalizada, impedindo o de-
senvolvimento da sociedade ao torná-la múltipla.
c) busca distinguir cada indivíduo, aproximando-os do esta-
do de natureza onde inexistia uma sociedade organizada.
d) constrói uma barreira entre as diferentes sociedades com 
sua multiplicidade de signos e valores, dificultando a 
relação entre os indivíduos.
e) contribui para a criação de diferentes signos, símbolos e 
valores que representam os indivíduos mais intimamente.
09.11. (UFU – MG) – 
“Todo sistema cultural tem sua própria lógi-
ca e não passa de um ato primário de etnocen-
trismo tentar transferir a lógica de um sistema 
para outro”. 
LARAIA, Roque. Cultura: Um conceito antropológico. 8 ed., 
Rio de Janeiro. Jorge Zahar, 1993)
Considerando o texto acima, marque a alternativa correta:
a) As sociedades tribais são tão eficientes para produzir cul-
tura quanto qualquer outra, mesmo quando não possuem 
certos recursos culturais presentes em outras culturas.
b) As sociedades selvagens são capazes de produzir cultura, 
mas estão mal adaptadas ao ambiente e, por isso, algumas 
nem sequer possuem o Estado.
c) As chamadas sociedades indígenas são dotadas de 
recursos materiais e simbólicos eficientes para produzir 
cultura como qualquer outra, faltando-lhes apenas uma 
linguagem própria.
d) As chamadas sociedades primitivas conseguiram produzir 
cultura plenamente, ao longo do processo evolutivo, 
quando instituíram o Estado e as instituições escolares.
e) Nenhum sistema cultural tem sua própria lógica.
09.12. (ENEM) – 
No Brasil, a origem do funk e do hip-hop 
remonta aos anos 1970, quando da proliferação 
dos chamados “bailes black” nas periferias dos 
grandes centros urbanos. Embalados pela black 
music americana, milhares de jovens encontravam 
nos bailes de final de semana uma alternativa de 
lazer antes inexistente. Em cidades como o Rio de 
Janeiro ou São Paulo, formavam-se equipes de som 
que promoviam bailes onde foi se disseminando um 
estilo que buscava a valorização da cultura negra, 
tanto na música como nas roupas e nos penteados. 
No Rio de Janeiro ficou conhecido como “Black 
Rio”. A indústria fonográfica descobriu o filão e, 
lançando discos de “equipe” com as músicas de 
sucesso nos bailes, difundia a moda pelo restante 
do país.
DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juven-
tude. Belo Horizonte: UFMG, 2005.
A presença da cultura hip-hop no Brasil caracteriza-se como 
uma forma de
a) lazer gerada pela diversidade de práticas artísticas nas 
periferias urbanas.
b) entretenimento inventada pela indústria fonográfica 
nacional.
c) subversão de sua proposta original já nos primeiros bailes.
d) afirmação de identidade dos jovens que a praticam.
e) reprodução da cultura musical norte-americana.
Aula 9
85Sociologia 
09.13. (UNIOESTE – PR) – O relativismo cultural é um princí-
pio segundo o qual não é possível compreender, interpretar 
ou avaliar de maneira significativa os fenômenos sociais a 
não ser que sejam considerados em relação ao papel que 
desempenham no sistema cultural.
Tendo por base o anúncio transcrito acima, é correto afirmar que:
a) relativizar é construir descrições exteriores sobre diferen-
tes modos de vida.
b) relativizar é uma tentativa de construir descrições e inter-
pretações dos fatos culturais a partir do que nos dizem e 
do que fazem os atores destes fatos culturais.
c) relativizar é uma defesa da homogeneidade cultural.
d) é o reconhecimento da unidade biológica da espécie hu-
mana. Através dessa unidade biológica podemos explicar 
as realidades culturais e o comportamento das pessoas.
e) o relativismo defendeque todas as culturas tendem a se 
assemelhar com o passar do tempo, e que ao difundir 
nossos hábitos estamos colaborando com esse processo.
09.14. “Franz Boas desenvolveu a teoria do Particularismo 
Histórico, chamada Escola Cultural Americana. O autor de-
fende que a humanidade não tem uma evolução histórica 
unilinear, mas multilinear. Isso equivale a propor que não 
podemos falar em evolucionismo social, pois a história é 
algo particular a cada povo (“muitas linhas”), e não um único 
destino (“única linha”) dentro do qual podemos classificar os 
“mais avançados” e os “mais atrasados”.”
Assim, entre seus pressupostos, é correto assinalar:
a) Sua teoria busca apoio nas ciências naturais para com-
provar a origem biológica dos fenômenos culturais; a 
evolução cultural multilinear depende da herança gené-
tica de um povo.
b) Cada cultura segue os seus próprios caminhos em função 
dos diferentes eventos históricos que essa sociedade 
enfrentou, e não um padrão a ser atingido considerando 
outras sociedades.
c) Devemos compreender a cultura como um fenômeno 
puramente intelectivo de base filosófica, assim podemos 
explicar a importância dos símbolos para a Humanidade; as 
culturas mais particulares avançam mais e as outras menos.
d) Cada hábito cultural deve estar relacionado com a neces-
sidade de sobrevivência de um grupo; assim a particu-
laridade de cada cultura se dá em função da criação de 
tecnologias diferentes.
e) Não é possível compreender a diversidade cultural sem 
considerar a história universal humana que nos coloca 
em diferentes graus de evolução; assim, os povos mais 
atrasados não devem ser um padrão de referência para 
a evolução humana.
09.15. (UNIOESTE – PR) – A cultura de um povo não é 
estática, desligada do tempo, ela é dinâmica, transforma-se 
por necessidades internas ou por influências externas, é 
influenciada por fatores como: aculturação, difusão, assimi-
lação, socialização, entre outros. Assim, a cultura conhecida 
por gerações anteriores apresenta características diferentes 
da cultura conhecida pela geração atual, características 
estas que serão diferentes das que serão conhecidas pelas 
gerações futuras.
Considerando a afirmação acima, é INCORRETO afirmar que:
a) a capacidade de aprendizado faz com que a cultura 
tenha a característica de ser acumulativa; a cada geração 
selecionamos, descartamos ou aperfeiçoamos a herança 
cultural recebida.
b) existe um processo de condicionamento consciente ou 
inconsciente pelo qual um indivíduo assimila, ao longo 
da sua vida, as tradições do seu grupo e age somente 
em função delas.
c) o contato com outras culturas agiliza as mudanças; muitas 
vezes esse contato pode influenciar algumas característi-
cas, transformando-as.
d) as transformações podem ser o resultado do impacto de 
alguns fatos históricos como guerras e revoluções, por isso 
culturas semelhantes em um momento histórico podem 
ser diferentes um pouco depois.
e) transformações culturais é o resultado da capacidade que 
cada cultura tem para se adaptar a uma nova situação 
histórica.
09.16. (UEL – PR) – 
O etnocentrismo pode ser definido como uma 
“atitude emocionalmente condicionada que leva 
a considerar e julgar sociedades culturalmente 
diversas com critérios fornecidos pela própria 
cultura. Assim, compreende-se a tendência para 
menosprezar ou odiar culturas cujos padrões 
se afastam ou divergem dos da cultura do 
observador que exterioriza a atitude etnocêntrica. 
(...) Preconceito racial, nacionalismo, preconceito 
de classe ou de profissão, intolerância religiosa 
são algumas formas de etnocentrismo”. 
(WILLEMS, E. Dicionário de Sociologia. Porto Alegre: Editora Globo, 1970. p. 125.)
Com base no texto e nos conhecimentos de Sociologia, 
assinale a alternativa cujo discurso revela uma atitude 
etnocêntrica:
a) A existência de culturas subdesenvolvidas relaciona-se à 
presença, em sua formação, de etnias de tipo incivilizado.
b) Os povos indígenas possuem um acúmulo de saberes 
que podem influenciar as formas de conhecimentos 
ocidentais.
c) Os critérios de julgamento das culturas diferentes devem 
primar pela tolerância e pela compreensão dos valores, da 
lógica e da dinâmica própria a cada uma delas.
d) As culturas podem conviver de forma democrática, dada 
a inexistência de relações de superioridade e inferioridade 
entre as mesmas.
e) O encontro entre diferentes culturas propicia a humani-
zação das relações sociais, a partir do aprendizado sobre 
as diferentes visões de mundo.
86 Extensivo Semiextensivo
09.17. Em relação aos estudos sobre a Cultura, observe as 
afirmativas abaixo:
I. A cultura recebida é expressa e vivida por cada nova 
geração e por cada indivíduo de forma peculiar, por isso 
ela está sempre em transformação.
II. Não devem ser reconhecidos nem tolerados costumes 
diferentes daqueles que são adotados no mundo ociden-
tal, já que este é o mundo científico, tecnologicamente 
desenvolvido e culturalmente civilizado.
III. Hoje em dia nenhuma cultura, é autônoma e fechada: 
os meios de comunicação social, as trocas comerciais, 
o turismo, a emigração, tornam-se causas de processos 
de aculturação.
IV. No mundo atual, civilizado, desapareceram todas as práti-
cas discriminatórias étnicas, racistas e religiosas. Os povos 
deixaram de ser perseguidos e exterminados apenas por 
serem de raça, cultura ou religião diferentes.
V. O relativismo cultural avalia os comportamentos social-
mente aprovados e os sistemas de valores dos povos sem 
referência a padrões absolutos.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I, II, III, IV e V. 
d) II, IV e V. 
b) I, II, III e IV.
e) I e II
c) I, III e V.
09.18. (UEM – PR) – 
“A primeira vez que vimos um índio Kaapor 
rir foi um motivo de susto. A emissão sonora, 
profundamente alta, assemelhava-se a imaginários 
gritos de guerra e a expressão facial em nada 
se assemelhava com aquilo que estávamos 
acostumados a ver. Tal fato se explica porque cada 
cultura tem um determinado padrão para esse fim. 
Os alunos de uma nossa sala de aula, por exemplo, 
estão convencidos de que cada um deles tem 
um modo particular de rir, mas um observador 
estranho a nossa cultura comentará que todos 
eles riem de uma mesma forma. Na verdade, as 
diferenças percebidas pelos estudantes, e não pelo 
observador de fora, são variações de um mesmo 
padrão cultural. Por isto é que acreditamos que 
todos os japoneses riem de uma mesma maneira. 
Temos a certeza de que os japoneses também estão 
convencidos de que o riso varia de indivíduo 
para indivíduo dentro do Japão e que todos os 
ocidentais riem de modo igual.” 
LARAIA, R.B. Cultura. um conceito antropológico, Rio de Janeiro: Zahar, 2003, 
p. 69.
A partir do texto acima, dos conhecimentos sociológicos e 
de informações sobre as noções antropológicas de cultura, 
assinale o que for correto. 
01) O texto demonstra claramente como é possível observar 
que expressões como o riso assinalam que há culturas 
superiores e culturas inferiores, dadas as formas grosseiras 
ou sofisticadas adotadas pelas expressões faciais.
02) A socialização permite a reprodução intergeracional de 
aspectos sutis da cultura como as formas de expressão das 
emoções e o sentimento de pertencimento a um grupo. 
04) O etnocentrismo é um fenômeno que leva as pessoas a 
julgarem os valores culturais distintos dos seus a partir 
das referências de sua própria cultura. Por isso, a Socio-
logia não pode ser relativa. 
08) Quando comparamos culturas diferentes podemos ob-
servar que cada uma delas se apresenta por meio de 
padrões reconhecíveis como homogêneos. Contudo, 
cada indivíduo pertencente a uma dada cultura possui 
formas próprias de expressá-la. 
16) As emoções são formas individuais de expressão. Por 
isso, não são submetidas a variações culturais. 
09.19. (UEM – PR) – 
“Entre mosquitos e árvores mornas de umidade, 
entre as folhas ricas do verde mais preguiçoso, 
Marcel Petre defrontou-se com uma mulher de 
quarenta e cinco centímetros, madura,negra, 
calada. ‘Escura como um macaco’, informaria ele à 
imprensa, e que vivia no topo de uma árvore com 
seu concubino. Nos tépidos humores silvestres, que 
arredondam cedo as frutas e lhes dão uma quase 
intolerável doçura ao paladar, ela estava grávida. 
Ali em pé, estava, portanto, a menor mulher do 
mundo. Por um instante, no zumbido do calor, 
foi como se o francês tivesse inesperadamente 
chegado à conclusão última. Na certa, apenas por 
não ser louco, é que sua alma não desvairou nem 
perdeu os limites. Sentindo necessidade imediata 
de ordem, e dar nome ao que existe, apelidou-a de 
Pequena Flor. E, para conseguir classificá-la entre 
as realidades reconhecíveis, logo passou a recolher 
dados a seu respeito” 
LISPECTOR, C. “A menor mulher do mundo”, Laços de família. Rio de Janeiro: 
Rocco, 1998, p. XXXX.
A partir da leitura do texto de Clarice Lispector à luz da teoria 
antropológica sobre as culturas humanas, é correto afirmar que 
01) membros de culturas diferentes podem atribuir signifi-
cados distintos aos mesmos eventos. 
02) os membros de um determinado grupo humano po-
dem negar a existência de cultura em outro grupo hu-
mano, baseando-se em ideias e em valores etnocêntri-
cos. 
04) as culturas humanas são distintas e plurais em relação 
aos significados que atribuem a si mesmas, à natureza 
e a outras culturas. 
08) toda e qualquer cultura humana estabelece relações 
padronizadas com a natureza, dado que é dela que irão 
obter o que é necessário para a sobrevivência de seus 
membros. 
16) os conflitos entre culturas distintas decorrem de dispu-
tas por bens e por recursos. 
Aula 9
87Sociologia 
09.01. a
09.02. d
09.03. d
09.04. b
09.05. c
09.06. b
09.07. c
09.08. c
09.09. d
09.10. e
09.11. a
09.12. d
09.13. b
09.14. b
09.15. b
09.16. a
09.17. c
09.18. 10 (02 + 08)
09.19. 07 (01 + 02 + 04)
09.20. 21 (01 + 04 + 16)
Gabarito
09.20. (UEM – PR) – 
“Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos 
os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a 
existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, 
como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.”
ROCHA, E. G. O que é etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense, 1988, p. 05
Sobre o conceito de etnocentrismo, assinale o que for correto. 
01) Práticas xenofóbicas (de aversão aos estrangeiros) são exemplos do preconceito produzido pela radicalização de pers-
pectivas etnocêntricas sobre o mundo social, pois indicam que determinado grupo se considera superior aos outros. 
02) O etnocentrismo foi um fenômeno característico das sociedades tradicionais, cuja organização social não permitia a 
assimilação do diferente – com o advento da globalização, a discriminação deu lugar à compreensão das diferenças. 
04) O estigma é uma condição, um traço ou um atributo indesejável nas relações sociais que desqualifica os indivíduos, ao 
identificá-los como “desviantes” ou “estranhos” aos valores tidos como “normais” em cada época. 
08) A produção de estereótipos sobre pessoas ou culturas diferentes da nossa é a melhor forma de combater o etnocentris-
mo, pois produz representações simples sobre os outros, facilitando o entendimento mútuo e promovendo a igualdade. 
16) O racismo é um modo arbitrário de classificar as coletividades humanas a partir de determinadas características físicas, 
hierarquizando-as por meio de noções culturalmente produzidas sobre a suposta “superioridade racial” de certos grupos. 
88 Extensivo Semiextensivo
Sociologia
Aula 10
A indústria cultural
O termo “indústria cultural” foi utilizado pela 
primeira vez em 1947, pelos autores Theodor Adorno e 
Max Horkheimer, importantes expoentes da chamada 
Escola de Frankfurt. A utilização da expressão Indústria 
Cultural teve como principal objetivo, na sua origem, 
contrapor o conceito de cultura de massa, pois trata-
-se de um conceito distinto quanto à sua natureza. 
Os autores propõem, então, a definição de ‘indústria 
cultural’, para distingui-la de uma arte que surgisse 
espontaneamente no meio popular, a chamada cultura 
de massa ou mesmo arte popular. 
Ou seja, enquanto a cultura popular teria um caráter 
mais natural e nasceria espontaneamente em uma 
determinada comunidade, a indústria cultural pode ser 
considerada uma manifestação produzida exteriormen-
te, sob a influência do capital, fruto da imposição da 
lógica do sistema capitalista sobre a cultura. De acordo 
com essa concepção a produção cultural se transforma 
em mercadoria, sendo assim a música, o cinema, a litera-
tura, artes, etc., tudo está a serviço do mercado, fato que 
renega a própria condição e ideia de arte em si. 
Obviamente os elementos que constituem a indús-
tria cultural, a diversão, o entretenimento, o prazer, já 
existiam antes desse conceito ser utilizado pelos autores 
e de se tornar um de seus objetos de análise. Contudo, 
o que o século XX viu surgir foi uma imensa máquina 
produtiva voltada à comercialização da cultura, princi-
palmente com o desenvolvimento dos meios de comu-
nicação de massa como o rádio e mais tarde a televisão, 
bem como a evolução da indústria cinematográfica. 
Essencialmente a cultura produzida pela indústria 
cultural é padronizada e se fundamenta num suposto 
gosto médio de um público que não tem tempo, nem 
hábito ou interesse em questionar o bom gosto ou a 
estética do que consome. Os meios de comunicação 
de massa procuram, de maneira artificial, padronizar as 
regras do jogo social, veiculando códigos serializados 
para o grande público, onde quer que ele esteja, inde-
pendentemente dos seus gostos e preferências.
Em boa parte da produção, da indústria cultural, a 
qualidade do produto avalia-se, não necessariamente por 
um dado qualitativo, mas pelo valor das cifras de quanto 
já vendeu e de quanto irá ainda render no mercado. Nesse 
âmbito industrial da cultura, canções, novelas e filmes 
padronizados pela indústria do entretenimento nascem 
e renascem a cada dia. Às vezes, muda o formato, mas a 
essência permanece a mesma de forma que a indústria 
cultural consiste, portanto, na repetição do idêntico.
“[...] a indústria cultural está corrompida, mas 
não como uma Babilônia do pecado, e sim como 
catedral do divertimento de alto nível”. O diverti-
mento – protocolarmente – da indústria cultural, 
em si, não possibilita capacidade de resistência. 
Tem grande probabilidade de ser mera diversão, 
distração. Não oferece, em si, possibilidade de 
emancipação, nem crítica ao status quo. “[...] di-
vertir-se significa estar de acordo [...] É na verda-
de uma fuga, mas não [...] uma fuga da realidade 
ruim, mas da última ideia de resistência que essa 
realidade ainda deixa subsistir”.
(ADORNO, Theodor W. HORKHEIMER, Max. Dialética do esclareci-
mento: fragmentos filosóficos.Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. 
p. 119)
Meios de comunicação e 
indústria cultural 
A sociologia crítica analisou o objeto de estudo indús-
tria cultural enquanto um meio de reprodução das rela-
ções capitalistas de produção. Por isso, a indústria cultural 
consiste, para os autores da Escola de Frankfurt, em uma 
força produtora de uma falsa consciência dos homens. 
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Aula 10
89Sociologia 
O que os autores frankfurtianos procuram evidenciar é o sentido alienador 
que caracteriza a reprodução da dinâmica cultural das sociedades modernas 
e o modo fetichista com o qual a indústria cultural reelabora, através de seus 
produtos, as relações sociais dos homens na era capitalista contemporânea. 
A indústria cultural transforma em mercadoria os bens culturais e tem 
o poder de influência sobre a sociedade, criando novos hábitos, ditando 
modas, criando estereótipos e valores sociais por intermédio dos meios de 
comunicação de massa.
Podemos afirmar então que a Indústria Cultural é a forma “pela qual aprodução artística e cultural é organizada no contexto das relações capi-
talistas de produção, lançada no mercado e por este consumida” (FREITAG, 
Bárbara. A teoria crítica: ontem e hoje. Brasiliense, São Paulo,1993. p.72). A 
produção artística deixa, portanto, de possuir um caráter único, singular, dei-
xa de ser a expressão da genialidade, do talento e da expressão de seu autor 
para se constituir em um bem de consumo coletivo. Um produto destinado à 
comercialização e sendo avaliado segundo a sua lucratividade ou aceitação 
de mercado e não pelo seu valor estético, filosófico, ou artístico em si.
A indústria cultural utiliza diversos meios de comunicação para atingir 
seus “consumidores”, espectadores, ouvintes, leitores, etc. Durante muito 
tempo, sobretudo na primeira metade do século XX o rádio foi o grande veí-
culo de comunicação de massa no Brasil e no mundo. Na segunda metade do 
mesmo século a televisão surgiu como grande novidade e passou a exercer 
maior poder de influência sobre a sociedade, sendo até hoje um dos veículos 
de comunicação mais presentes na vida cotidiana.
Vivenciamos atualmente uma grande revolução tecnológica nas comu-
nicações sem precedentes na história. Utilizamos hoje, várias linguagens 
em um sistema de comunicação cada vez mais ágil, eficiente e que nos 
conecta rapidamente com diversas pessoas e empresas utilizando diferentes 
modalidades de interação e comunicação (oral, escrita e visual) em aparelhos 
cada vez mais sofisticados e avançados tecnologicamente. Tendo em vista 
que o uso dos computadores e dos telefones móveis não se prestam única 
e exclusivamente para a nossa comunicação, mas também os utilizamos em 
nossos momentos de lazer e entretenimento, pode a indústria cultural utilizar 
desses recursos para atingir o seu público e o mercado. Vivemos então uma 
verdadeira revolução das tecnologias da informação, mesmo considerando 
que uma significativa parcela da população mundial ainda não faça uso 
desses novos meios de informação e comunicação.
Mídia, cultura e política 
Um dos objetos de estudo da Sociologia no campo das comunicações é o 
poder social da mídia e a manifestação da sua influência cultural e política. A 
informação, o entretenimento e a linguagem publicitária estão presentes simul-
taneamente na linguagem da grande mídia, principalmente nas transmissões 
televisivas. Essas linguagens podem 
afetar o comportamento e o imagi-
nário social, influenciando valores e 
identidades culturais. 
Mesmo considerando que parte 
do público não seja mero receptácu-
lo passivo da informação veiculada 
e que possui capacidade crítica de 
processá-la, é inegável o poder de 
influência da mídia na formação da 
opinião pública. Boa parte da popu-
lação tem como referência para a 
formação de seu pensamento po-
lítico, por exemplo, as informações 
veiculadas nos telejornais diários e 
os demais programas televisivos. 
É importante lembrar que o Brasil 
tem um patamar médio baixo de 
escolarização e, em consequência, 
o público é fortemente ligado à 
televisão e não à leitura.
Diante dessa realidade, devemos 
ter sempre uma visão e leituras críti-
cas das informações veiculadas pelos 
meios de comunicação de massa, 
incluindo aqui não somente a tradi-
cional televisão que, como refletimos, 
tem um poder de influência conside-
rável sobre a sociedade, mas também 
novas formas de comunicação e 
difusão da notícia e do conhecimento 
como as redes sociais. 
A imprensa, considerada por 
muitos como o “quarto poder” 
tem também em uma sociedade 
democrática como a que vivemos 
hoje, um importante papel de fiscali-
zação e pode exercer influências não 
somente “negativas” sobre leitores, 
telespectadores e cidadãos, mas 
também criar um ambiente favorável 
a politização e mobilização popular 
em momentos de crise política. Fa-
tos recentes da história política do 
Brasil podem servir de referência 
para essa análise e reconhecimento 
do importante papel da mídia na 
sociedade. Um exemplo significativo 
foi a crise política que culminou com 
o processo de impeachment do 
presidente Fernando Collor de Mello, 
em setembro de 1992. 
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90 Extensivo Semiextensivo
A divulgação pela imprensa de denúncias de práticas 
de negócios ilícitos envolvendo o então presidente da 
República começaram a ser publicadas na revista Veja 
em maio de 1992. Dali em diante, os jornais impressos 
se empenharam numa disputa para descobrir fatos que 
comprometessem o presidente e, dessa forma, criaram 
um forte ambiente antiCollor (a Folha de S. Paulo chegou a 
promover uma campanha cívica a favor do impeachment). 
https://acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,impeachment-
de-collor-um-julgamento-historico,9990,0.htm
Capa da revista Veja, edição 1254 – ano 25 – no. 40, 
30 de setembro de 1992.
A gota-d’água veio com as revelações da revista 
semanal Isto É, que mostravam claramente que o 
presidente havia mentido. Podemos dizer, então, que 
o ex-presidente Fernando Collor foi afastado do cargo 
com o apoio do sistema da grande imprensa. A televisão 
demorou para entrar na onda das denúncias e só o fez 
depois que as notícias sobre corrupção no governo 
estavam bem disseminadas.
No terreno eleitoral, devemos admitir – sem 
exagero – que a mídia tem certa influência na de-
terminação do comportamento do cidadão. Sen-
do a mais importante fonte de informação políti-
ca para a maioria dos cidadãos, o que aparece na 
mídia não pode ser deixado de lado quando se 
faz previsões do comportamento eleitoral. Mas 
isto não quer dizer que a mídia cria a preferência 
do eleitor. Por fim, devemos reconhecer que o 
papel de fiscalização realizado pela imprensa – 
o chamado “quarto poder” – resultou, a par de 
uma saudável restrição dos administradores no 
abuso dos bens públicos, em hostilidade cres-
cente em relação às instituições representativas. 
(...) A descrição geral de como a mídia influencia 
a democracia se aplica, como seria de se espe-
rar, ao Brasil. O país tem uma das cinco maio-
res redes de televisão do mundo, a quarta maior 
revista semanal e jornais diários independentes 
que circulam por todo o país com um padrão 
gráfico e informação técnica equiparáveis aos do 
Primeiro Mundo.
Contudo, é preciso lembrar que somente em 
meados da década de 80 deste século o Brasil se 
juntou ao clube das democracias de massa – pois 
nossa experiência democrática anterior, entre 
1945 e 1964, possuía fortes configurações eli-
tistas, determinadas pela característica rural de 
boa parte da população. Consequentemente, de 
certo modo a democracia de massa no Brasil está 
sendo modelada – e não apenas mudada – pela 
mídia. Isso significa que a democracia brasileira 
provavelmente está sendo mais influenciada pela 
mídia do que as velhas democracias da Europa e 
dos Estados Unidos, que tinham tradições con-
solidadas antes da explosão dos meios de comu-
nicação.
SINGER, André. Mídia e democracia. Revista USP, nº48. São Paulo, 
2001, pág. 60.
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Aula 10
91Sociologia 
Testes
Assimilação
10.01. (UNICESUMAR – PR) – A chamada “Escola de Frank-
furt” reuniu diversos autores, como Theodor W. Adorno, 
Max Horkheimer e Walter Benjamin, com o propósito de 
reformular a compreensão e as críticas ao sistema capitalista. 
Destacam-se, em suas reflexões, os impactos do desen-
volvimento tecnológico, o papel dos modernos meios de 
comunicação de massa e a destruição e barbárie observadas 
durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O conceito 
que sintetiza suas formulações no âmbito da cultura é
a) o padrão cultural.
b) a cultura erudita.
c) a cultura operária.
d) a indústria cultural.
e) a cultura líquida.
10.02. (ENEM) – 
Um volume imenso de pesquisas tem sido 
produzido para tentar avaliar os efeitos dos pro-
gramas de televisão. A maioria desses estudosdiz 
respeito às crianças — o que é bastante compre-
ensível pela quantidade de tempo que elas pas-
sam em frente ao aparelho e pelas possíveis impli-
cações desse comportamento para a socialização. 
Dois dos tópicos mais pesquisados são o impacto 
da televisão no âmbito do crime e da violência e a 
natureza das notícias exibidas na televisão.
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.
O texto indica que existe uma significativa produção científica 
sobre os impactos socioculturais da televisão na vida do ser 
humano. E as crianças, em particular, são as mais vulneráveis 
a essas influências, porque
a) codificam informações transmitidas nos programas 
infantis por meio da observação.
b) adquirem conhecimentos variados que incentivam o 
processo de interação social.
c) interiorizam padrões de comportamento e papéis sociais 
com menor visão crítica.
d) observam formas de convivência social baseadas na 
tolerância e no respeito.
e) apreendem modelos de sociedade pautados na obser-
vância das leis.
10.03. (FATEC – SP) – No século XX, os meios de comunica-
ção de massa foram amplamente utilizados por diferentes 
governos como veículos de propaganda ideológica, um tipo 
de comunicação que visa formar a maior parte das ideias e 
das convicções dos indivíduos e, com isso, orientar todo o 
seu comportamento social. Um exemplo histórico do uso 
dos meios de comunicação como veículo de propaganda 
ideológica ocorreu em
a) 1903 – instalação de uma estação de telégrafo na Torre 
Eiffel, o que permitiu que o London Times e o New York 
Times recebessem informações sobre a guerra entre a 
Rússia e o Japão.
b) 1924 – regulamentação pelo governo federal da qualida-
de e da segurança das salas de cinema no Brasil, resultado 
do crescimento do circuito exibidor e do surgimento de 
salas destinadas à elite.
c) 1939 – proibição, na Alemanha de Hitler, da audiência 
de rádios estrangeiras; no ano seguinte, todas as rádios 
alemãs passaram a transmitir a mesma programação de 
caráter ultranacionalista.
d) 1993 – criação, por pesquisadores americanos, do Mosaic, 
primeiro navegador a combinar gráficos e texto em uma 
única página, abrindo a web para o mundo com um 
software fácil de usar.
e) 1948 – utilização, pela primeira vez, de uma TV a cabo, na 
cidade de Oregon, onde os sinais normais de televisão não 
conseguiam chegar às residências por causa do terreno 
montanhoso.
10.04. (UFG – GO) – 
WARHOL, Andy. Marylin Monroe, 1963.
Andy Warhol foi um dos representantes da art pop, surgida 
na Inglaterra e nos Estados Unidos na década de 1950. A 
imagem apresentada traduz a concepção desse movimento 
artístico, quando
a) escolhe uma personalidade feminina para tema, associan-
do a arte à luta do movimento feminista.
b) apresenta um único rosto em sequência, demonstrando 
a singularidade dos indivíduos celebrados.
c) transforma imagens veiculadas na indústria cultural, am-
pliando as possibilidades de relação com a arte.
d) critica o padrão de beleza feminina, expondo o elitismo 
das produções cinematográficas.
e) fortalece o mito do american way of life, utilizando-se de 
personagens icônicas.
92 Extensivo Semiextensivo
Aperfeiçoamento
10.05. (UEL – PR) – Leia os Textos V e VI
Texto V
Eis aqui, portanto, o princípio de quando se 
decidiu fazer o homem, e quando se buscou o 
que devia entrar na carne do homem.
Havia alimentos de todos os tipos. Os animais 
ensinaram o caminho. E moendo então as espigas 
amarelas e as espigas brancas, Ixmucaná fez nove 
bebidas, e destas provieram a força do homem. 
Isto fizeram os progenitores, Tepeu e Gucumatz, 
assim chamados.
A seguir decidiram sobre a criação e formação 
de nossa primeira mãe e pai. De milho amarelo 
e de milho branco foi feita sua carne; de massa 
de milho foram feitos seus braços e as pernas do 
homem. Unicamente massa de milho entrou na 
carne de nossos pais.
Adaptado: SUESS, P. Popol Vuh: Mito dos Quiché da Guatemala sobre sua 
origem do milho e a criação do mundo. In: A conquista espiritual da América 
Espanhola: 200 documentos – Século XVI. Petrópolis:Vozes, 1992, p. 32-33.
Texto VI
“Se você é o que você come, e consome co-
mida industrializada, você é milho”, escreveu Mi-
chael Pollan no livro O Dilema do Onívoro, lan-
çado este ano no Brasil. Ele estima que 25% da 
comida industrializada nos EUA contenha milho 
de alguma forma: do refrigerante, passando pelo 
Ketchup, até as batatas fritas de uma importante 
cadeia de fast food – isso se não contarmos vacas 
e galinhas que são alimentadas quase exclusiva-
mente com o grão.
O milho foi escolhido como bola da vez devido 
ao seu baixo preço de mercado e também porque 
os EUA produzem mais da metade do milho dis-
tribuído no mundo.
Adaptado: BURGOS, P. Show do milhão: milho na comida agora vira combus-
tível. Super Interessante. Edição 247, 15 dez. 2007, p. 33.
De acordo com a crítica à “indústria cultural”, na sociedade 
capitalista avançada, a produção e a reprodução da cultura se 
realizam sob a égide da padronização e da racionalidade técnica.
No contexto dessa crítica, considerando o fast food como 
produto cultural, é correto afirmar:
a) O consumo dos produtos da indústria do fast food e a 
satisfação dos novos hábitos alimentares contribuem com 
a emancipação humana.
b) A padronização dos hábitos e valores alimentares 
obedece aos ditames da lógica material da sociedade 
industrializada.
c) A racionalidade técnica e a padronização dos valores 
alimentares permitem ampliar as condições de liberdade 
e de autonomia dos cidadãos.
d) A homogeneização dos hábitos alimentares reflete a 
inserção crítica dos indivíduos na cultura de massa.
e) A massificação dos produtos alimentares sob os ditames 
do mercado corresponde à efetiva democratização da 
sociedade.
10.06. (ENEM) – 
Hoje, a indústria cultural assumiu a herança 
civilizatória da democracia de pioneiros e empre-
sários, que tampouco desenvolvera uma fineza 
de sentido para os desvios espirituais. Todos são 
livres para dançar e para se divertir, do mesmo 
modo que, desde a neutralização histórica da reli-
gião, são livres para entrar em qualquer uma das 
inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da 
ideologia, que reflete sempre a coerção econômi-
ca, revela-se em todos os setores como a liberdade 
de escolher o que é sempre a mesma coisa.
ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosó-
ficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo 
com a análise do texto, é um(a)
a) legado social.
b) patrimônio político.
c) produto da moralidade.
d) conquista da humanidade.
e) ilusão da contemporaneidade.
10.07. Pensando acerca do tema dos meios de comuni-
cação, identifique dentre as definições a seguir aquela que 
está mais adequada ao conceito de “gestão de visibilidade”. 
a) Administração pública voltada para a publicidade dos 
seus atos.
b) Controle direto ou indireto da forma e conteúdo daquilo 
que é noticiado na imprensa, visando, em geral, à expo-
sição contínua de um ator político.
c) Atores políticos orientados para a publicização de suas 
metas e programas.
d) Ausência de controle do conteúdo daquilo que é noti-
ciado, medida esta que visa a uma maior transparência e 
imparcialidade por parte da imprensa. 
e) Candidatos políticos que, independentemente do moti-
vo, estão a todo momento em exposição nos meios de 
comunicação. 
Aula 10
93Sociologia 
10.08. Dentre as frases a seguir, IDENTIFIQUE aquela que 
expressa a principal função das propagandas em uma so-
ciedade de consumo. 
a) Informar os consumidores acerca das virtudes dos pro-
dutos. 
b) Divulgar o produto para atingir uma demanda já existente. 
c) Esconder os problemas dos produtos.
d) Criar a necessidade de consumo do produto, alavancando 
assim a demanda. 
e) Aumentar o consumo do produto através da divulgação 
da sua marca. 
10.09. Avalie as afirmativas a seguir acerca dos meios de 
comunicação.
I. A televisão é o segundo meio de comunicação de massamais difundido no Brasil, perdendo apenas para a mídia 
escrita.
II. A pobreza é um dos limitadores do acesso aos meios de 
comunicação.
III. Segundo estudiosos dos meios de comunicação, as pro-
pagandas e demais programas culturais transmitidos são 
desconsiderados como objetos de consumo, mas apenas 
meios para se fomentar o consumo de bens de mercado. 
ASSINALE se 
a) todas as afirmativas estiverem incorretas. 
b) apenas II estiver correta. 
c) apenas II e III estiverem corretas. 
d) apenas I e III estiverem corretas. 
e) apenas I e II estiverem corretas.
10.10. (UNESP – SP) – 
Não somente os tipos das canções de sucesso, 
os astros, as novelas ressurgem ciclicamente como 
invariantes fixos, mas o conteúdo específico do 
espetáculo só varia na aparência. O fracasso tem-
porário do herói, que ele sabe suportar como bom 
esportista que é; a boa palmada que a namorada 
recebe da mão forte do astro, são, como todos os 
detalhes, clichês prontos para serem empregados 
arbitrariamente aqui e ali e completamente defi-
nidos pela finalidade que lhes cabe no esquema. 
Desde o começo do filme já se sabe como ele 
termina, quem é recompensado, e, ao escutar a 
música ligeira, o ouvido treinado é perfeitamente 
capaz, desde os primeiros compassos, de adivi-
nhar o desenvolvimento do tema e sente-se feliz 
quando ele tem lugar como previsto. O número 
médio de palavras é algo em que não se pode me-
xer. Sua produção é administrada por especialis-
tas, e sua pequena diversidade permite reparti-las 
facilmente no escritório.
Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. “A indústria cultural como mistificação 
das massas”. In: Dialética do esclarecimento, 1947. Adaptado.
O tema abordado pelo texto refere-se
a) ao conteúdo intelectualmente complexo das produções 
culturais de massa.
b) à hegemonia da cultura americana nos meios de comu-
nicação de massa.
c) ao monopólio da informação e da cultura por ministérios 
estatais.
d) ao aspecto positivo da democratização da cultura na 
sociedade de consumo.
e) aos procedimentos de transformação da cultura em meio 
de entretenimento.
Aprofundamento
10.11. (UNESP – SP) – 
Os reality shows são hoje para a classe mais 
abastada e intelectualizada da sociedade o que as 
novelas eram assim que se popularizaram como 
produto de cultura massificada: sinônimo de mau 
gosto. Com uma maior aceitação das novelas na 
esfera dos críticos da mídia, o reality show segue 
agora como gênero televisivo mundial, transmi-
tido em horário nobre, e principal símbolo da 
perda de qualidade do conteúdo televisivo na 
sociedade pós-moderna. Os reality shows per-
sonificam as novas formas de identificação dos 
sujeitos nas sociedades pós-modernas. Programas 
como o BBB são movidos pelas engrenagens de 
uma sociedade exibicionista e consumista, que se 
mantém vendendo ao mesmo tempo a proposta 
de que cada um pode sair do anonimato e con-
quistar facilmente fama e dinheiro.
Sávia Lorena B. C. de Sousa. O reality show como objeto de reflexão cultural. 
observatoriodaimprensa.com.br
Sobre a relação entre os meios de comunicação de massa e 
o público consumidor, é correto afirmar que:
a) a qualidade da programação da tv não é condicionada 
pelas demandas e desejos dos consumidores culturais.
b) o reality show é uma mercadoria cultural relacionada com 
processos emocionais de seu público.
c) os critérios estéticos independem do nível de autonomia 
intelectual dos consumidores.
d) no caso dos reality shows, a televisão estimula a capaci-
dade de fruição estética do público consumidor.
e) os programadores priorizam aspectos formativos relegan-
do o entretenimento a uma condição secundária.
10.12. (ENEM) – O ensaio “Indústria Cultural: o esclareci-
mento como mistificação das massas”, de Theodor W. Adorno 
e Max Horkheimer, publicado originalmente em 1947, é 
considerado um dos textos essenciais do século XX que 
explicam o fenômeno da cultura de massa e da indústria 
do entretenimento. É uma das várias contribuições para o 
94 Extensivo Semiextensivo
pensamento contemporâneo do Instituto de Pesquisa Social 
fundado na década de 1920, em Frankfurt, na Alemanha. Um 
ponto decisivo para a compreensão do conceito de “Indústria 
Cultural” é a questão da autonomia do artista em relação ao 
mercado. Assim, sobre o conceito de “Indústria Cultural” é 
CORRETO afirmar. 
a) A arte não se confunde com mercadoria, e não necessita 
da mídia e nem de campanhas publicitárias para ser 
divulgada para o público. 
b) Não há uniformização artística, pois, toda cultura de 
massa se caracteriza por criações complexas e diversidade 
cultural. 
c) A cultura é independente em relação aos mecanismos de 
reprodução material da sociedade. 
d) A obra de arte se identifica com a lógica de reprodução 
cultural e econômica da sociedade. 
e) Um pressuposto básico é que a arte nunca se transforma 
em artigo de consumo.
10.13. (ENEM) – 
Na sociedade contemporânea, onde as relações 
sociais tendem a reger-se por imagens midiáticas, 
a imagem de um indivíduo, principalmente na 
indústria do espetáculo, pode agregar valor eco-
nômico na medida de seu incremento técnico: 
amplitude do espelhamento e da atenção públi-
ca. Aparecer é então mais do que ser; o sujeito é 
famoso porque é falado. Nesse âmbito, a lógica 
circulatória do mercado, ao mesmo tempo que 
acena democraticamente para as massas com os 
supostos “ganhos distributivos” (a informação ili-
mitada, a quebra das supostas hierarquias cultu-
rais), afeta a velha cultura disseminada na esfera 
pública. A participação nas redes sociais, a obses-
são dos selfies, tanto falar e ser falado quanto ser 
visto são índices do desejo de “espelhamento”.
SODRÉ, M. Disponível em: http://alias.estadao.com.br. Acesso em: 9 fev. 2015 
(adaptado).
A crítica contida no texto sobre a sociedade contemporânea 
enfatiza
a) a prática identitária autorreferente.
b) a dinâmica política democratizante.
c) a produção instantânea de notícias.
d) os processos difusores de informações.
e) os mecanismos de convergência tecnológica.
10.14. A respeito do desenvolvimento da indústria cultural 
no Brasil, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
I. Entre os anos de 1930 e 1950, o rádio atingiu elevados 
índices de audiência, principalmente com os programas 
de auditório e com as radionovelas.
II. Diferentemente do que ocorreu com o cinema e com 
a televisão, a música popular brasileira não se integrou 
à produção da indústria cultural.
III. A partir de 1964, com a instauração do regime militar 
brasileiro, foram realizados investimentos em infraes-
trutura que viabilizaram a ampliação da abrangência 
da televisão.
IV. Por meio de regulamentações, políticas culturais nor-
mativas e uma forte censura, o regime militar brasileiro 
detinha grande poder de controle sobre a programação 
da televisão.
Assinale a alternativa correta: 
a) II, III e IV estão corretas. 
b) I, II e III estão corretas. 
c) I, III e IV estão corretas. 
d) I, II e IV estão corretas. 
e) II e III estão corretas.
10.15. (UEL – PR) – 
“O homem político poderia ser ele mesmo. Au-
tenticamente. Ele prefere parecer. Ainda que lhe 
seja preciso simular ou dissimular. Compondo 
um personagem que atraia atenção e impressione 
a imaginação. Interpretando um papel que é por 
vezes um papel composto. De modo que, recor-
rendo a um vocabulário colhido no teatro, fala-se 
em ‘vedetes’, outrora em ‘tenores’, sempre em ‘re-
presentação política’”.
Fonte: SCHWARTZENBERG, R. O Estado Espetáculo. Tradução de Heloysa de 
Lima Dantas, Rio de Janeiro-São Paulo: Difel, 1978, p. 7.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre os temas 
Indústria Cultural e Política, é correto afirmar:
a) Na atualidade, a arte de dissimular dos políticos está 
cada vez menos evidente e, com base nela, os eleitores 
escolhem seus candidatos.
b) Através da imagem construída pelo candidato se pode 
distinguir claramente sua ideologia.
c) Na era das comunicações, o indivíduo torna-se cada vez 
mais informado, portanto mais imune à propaganda,inclusive à propaganda política.
d) No Brasil, a indústria cultural torna manifestações como 
o teatro, a literatura, a música popular e as artes plásticas, 
livres de qualquer traço de mediocridade por ter cono-
tação ideológica.
e) A indústria cultural repousa sobre a produção de desejos, 
imagens, valores e expectativas, por isso somos cada vez 
mais suscetíveis à propaganda política.
Aula 10
95Sociologia 
10.16. (UEL – PR) – 
“A indústria cultural vende Cultura. Para vendê-
-la, deve seduzir e agradar o consumidor. Para se-
duzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provocá-lo, 
fazê-lo pensar, fazê-lo ter informações novas que 
perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova apa-
rência, o que ele sabe, já viu, já fez. A ‘média’ é o 
senso-comum cristalizado que a indústria cultural 
devolve com cara de coisa nova […].
Dessa maneira, um conjunto de programas e 
publicações que poderiam ter verdadeiro signi-
ficado cultural tornam-se o contrário da Cultura 
e de sua democratização, pois se dirigem a um 
público transformado em massa inculta, infantil, 
desinformada e passiva.” 
CHAUÍ, Marilena. Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000. p. 330-333.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre meios de 
comunicação e indústria cultural, considere as afirmativas 
a seguir.
I. Por terem massificado seu público por meio da indústria 
cultural, os meios de comunicação vendem produtos 
homogeneizados.
II. Os meios de comunicação vendem produtos culturais 
destituídos de matizes ideológicos e políticos.
III. No contexto da indústria cultural, por meio de processos 
de alienação de seu público, os meios de comunicação 
recriam o senso comum enquanto novidade.
IV. Os produtos culturais com efetiva capacidade de demo-
cratização da cultura perdem sua força em função do 
poder da indústria cultural na sociedade atual.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II.
d) I, III e IV.
b) I e III. 
e) II, III e IV.
c) II e IV. 
10.17. (UEM – PR) – 
“As ideias de ordem que ela [indústria cultu-
ral] inculca são sempre as do status quo. Elas são 
aceitas sem objeção, sem análise, renunciando à 
dialética, mesmo quando não pertencem substan-
cialmente a nenhum daqueles que estão sob sua 
influência. O imperativo categórico da indústria 
cultural, diversamente do de Kant, nada tem em 
comum com a liberdade.”
ADORNO, T. W. A indústria cultural. In: COSTA, C. Sociologia – Introdução à 
ciência da sociedade. 4ª. ed. São Paulo: Moderna, 2010, p. 349
Sobre a indústria cultural e o excerto citado, assinale o que 
for correto.
01) Ao reagir contra o domínio dos meios de comunica-
ção de massa, Adorno põe em questão o mecanis-
mo de produção e divulgação da informação, que é 
responsável, em larga medida, pela manipulação do 
campo simbólico.
02) O resultado da indústria cultural é emancipador, pois 
coloca em evidência, por meio da razão esclarecida, 
as estruturas de dominação e alienação da sociedade.
04) A indústria cultural reflete a manipulação da imagem 
proveniente da técnica. Ao identificar ser e aparência, 
o recurso à imagem revolucionou a cultura no fim do 
século XX.
08) São decorrentes da indústria cultural a padronização 
do gosto popular, a estratificação de culturas domi-
nantes sobre culturas não dominantes e a produção 
de uma sociedade de consumo.
16) O alvo das críticas de Adorno à indústria cultural é a 
sociedade unidimensional, em que a imaginação, os 
desejos e os projetos subjetivos não são críticos, mas 
unívocos.
10.18. (UEPG – PR) – O conceito de comunicação de 
massa se tornou conhecido no século XX e está ligado à 
expansão e popularização dos grandes veículos de comu-
nicação como os jornais, as emissoras de rádio e de TV e o 
cinema. A respeito desse tema, assinale o que for correto.
01) Líderes políticos vinculados a regimes autoritários, 
como Hitler e Mussolini, controlaram e utilizaram far-
tamente os meios de comunicação para estabelecer 
contato direto com as massas.
02) A informação, a educação e o entretenimento são 
funções que podem ser exercidas pelos meios de co-
municação de massa.
04) Os meios de comunicação de massa se preocupam 
sempre com um segmento social: aquele que verda-
deiramente detém maior poder aquisitivo. As cama-
das populares não são atingidas por esses veículos de 
comunicação.
08) Uma das principais características dos meios de co-
municação de massa, desde a sua origem, foi o esta-
belecimento de um diálogo entre emissores e recep-
tores, o que chama-se atualmente de interatividade.
16) Comunicação de massa e indústria cultural são ele-
mentos que se complementam. Essa indústria se utili-
za dos meios de comunicação de massa para difundir 
valores e estimular comportamentos coletivos.
96 Extensivo Semiextensivo
Desafio
10.19. Leia atentamente a letra da canção a seguir.
Televisão
A televisão me deixou burro muito burro demais 
Agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais 
O sorvete me deixou gripado pelo resto da vida
E agora toda noite quando eu deito é “boa noite, querida”. Ô Cride, fala pra mãe! Que eu nunca li num livro 
que o espirro fosse um vírus sem cura E vê se me entende pelo menos uma vez, criatura! 
Ô Cride, fala pra mãe a mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu não faço nada A luz do sol me incomoda 
então deixa a cortina fechada
É que a televisão me deixou burro, muito burro demais E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais.
Ô Cride, fala pra mãe que tudo que a antena captar meu coração captura E vê se me entende pelo menos 
uma vez, criatura! Ô Cride, fala pra mãe. 
Titãs. Álbum: Televisão (1985)
a) Qual a crítica apresentada pelos Titãs, na letra dessa música? 
b) Argumente sobre a importância de se assistir televisão criticamente. 
10.20. (UFPR) – 
A posição suprema dos países industrializados, sobretudo dos Estados Unidos, na produção e na difusão 
da mídia tem levado muitos observadores a falar no imperialismo da mídia. De acordo com essa visão, vive-
mos em um império cultural. Países menos desenvolvidos são considerados especialmente vulneráveis, por 
não possuírem os recursos necessários à manutenção de sua própria independência cultural. 
Esse texto fala da dominação ou imperialismo da mídia. Relacione esse fenômeno social com a possibilidade de homoge-
neização das diferenças culturais.
 
10.01. d
10.02. c
10.03. c
10.04. c
10.05. b
10.06. e
10.07. b
10.08. d
10.09. b
10.10. e
10.11. b
10.12. d
10.13. a
10.14. c
10.15. e
10.16. d
10.17. 29 (01 + 04 + 08 + 16)
10.18. 19 (01 + 02 + 16)
10.19. a) A crítica apresentada pelos Titãs na letra 
dessa música é sobre a alienação cau-
sada pela televisão no telespectador.
b) Assistir televisão com criticidade é a 
melhor maneira de evitar o processo 
de alienação.
10.20. O aluno deve apontar o fato dos conglo-
merados de mídia obedecerem à mesma 
lógica de qualquer empresa multinacional, 
com interesses econômicos que ultrapas-
sam os limites das nações. Citar ainda a mí-
dia e a indústria cultural como integrantes 
do imperialismo contemporâneo e causa 
da homogeneização cultural.
Gabarito
97Sociologia 
Sociologia
Indivíduo, identidade, socialização 
e orientação sexual
Aula 11
Individualismo
Surgido no início do século XIX, na França, esse con-
ceito nasceu para designar a dissolução dos laços sociais 
anteriores à Revolução Francesa. Com o desenvolvi-
mento do capitalismo os interesses individuais foram se 
sobrepondo aos interesses coletivos. O conceito surgiu 
com a sociedade moderna e paralelamente com o pro-
cesso de urbanização. A liberdade individual, a proprie-
dade privada e a valorização do mérito correspondem os 
principais pressupostos do individualismo.
“A noção de individualismo designa em 
Sociologia não a doutrina moral que traz o 
mesmo nome, mas uma propriedade que 
alguns sociólogos reconhecem como caracte-
rística de certas sociedades e particularmente 
das sociedades industriais modernas: nessas 
sociedades, o indivíduo é considerado uma 
unidade de referência fundamental, tanto 
para simesmo como para a sociedade. É o 
indivíduo que decide sobre sua profissão, 
que escolhe seu cônjuge. Assume “em intei-
ra liberdade” suas crenças, suas opiniões. Sua 
autonomia é maior do que nas sociedades 
“tradicionais”. Evidentemente, trata-se de um 
estado de direito cuja correspondência com 
estado de fato pode ser apenas ideal: mesmo 
se tenho o direito de opinar e de agir como 
entendo (contanto que minhas opiniões e 
ações não firam as proibições oficiais), estarei 
submetido às proibições oficiosas que me im-
põe o meio a que pertenço”
BOUDON, R; BOURRICAUD, F. (Dicionário crítico de Socio-
logia. São Paulo: Ática, p. 285).
Socialização e identidade
Toda e qualquer identidade é um processo de 
construção. A memória coletiva, as fantasias pessoais, as 
instituições, as crenças religiosas, a história, a geografia 
e a biologia fornecem a matéria-prima que é processada 
pelos indivíduos, grupos sociais e sociedades. 
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As instituições dominantes podem formar identi-
dade na medida que os atores sociais as interiorizam. 
Mas pode haver também uma identidade de resistência, 
criada por atores sociais desfavorecidos ou desvaloriza-
dos que criam projetos de resistência buscando redefinir 
suas posições na sociedade. Um exemplo pode ser o 
movimento feminista. 
A formação de identidade tanto individual quanto 
profissional, mesmo em instituições fechadas e isoladas 
tendem a ser heterogêneas. Não há como garantir que o 
comportamento dos indivíduos sejam sempre os mes-
mos. Sendo o homem um ser social seu comportamento 
varia conforme as circunstâncias e interesses. 
“Podemos concluir que é impossível a transmis-
são perfeita de uma instituição social entre gerações 
diferentes. O que uma geração sentiu e viveu não 
conseguirá transmitir integralmente para as seguin-
tes. O significado de um valor para uma geração não 
será o mesmo para outras. Os valores são conceitos 
fundamentais para o reconhecimento entre grupos 
ou indivíduos, geram identidades sempre provisó-
rias, dinâmicas e vivas, consequentemente não po-
demos esperar inflexibilidade ou determinismo no 
comportamento entre os que os compartilham.” 
(https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/21902/21902).
98 Extensivo Semiextensivo
O sociólogo francês Michel Maffesoli propôs a substitui-
ção da noção de identidade pela de identificação. Enquan-
to a noção de identidade está historicamente ligada ao 
pertencimento a dado território, a noção de identificação 
possibilita entender justamente como tantas tribos (grupo 
de pessoas que coincidem em matéria de interesses, 
inclinações, gostos e preferências a favor de algo. Isto é, 
essas tribos urbanas são grupos de pessoas que se unem 
por apresentar certa afinidade) se identificam, apesar de 
viverem em lugares diferentes. Um exemplo pode ser o 
movimento hip-hop que surgiu nos Estados Unidos nos 
anos 1960 e que foi trazido para o Brasil onde nas periferias 
das grandes cidades passou a desenvolver uma postura 
combativa diante da segregação social e racial. Não foi um 
processo de cópia, pois aqui sofreu influência de outros 
gêneros como o samba, o pagode e o axé.
“A relação das tribos com a sociedade de consumo é 
bastante complexa. Não apenas os punks mas várias outras 
comunidades ou movimentos veiculam uma mensagem 
anticonsumista, mas isso não os impede de utilizar adere-
ços e bens de consumo para comunicar suas identidades e 
posições. Assim, por exemplo, temos cabelos de moicanos 
e correntes para os punks, couro preto e símbolos satânicos 
para os metaleiros, pranchas e bermudas para os surfistas...
Também é importante observar que as tribos 
urbanas recorrentemente se apropriam de elementos 
distintivos de outras tribos e as ressignificam. Um exem-
plo é a relação de proximidade e afastamento entre os 
punks e os straight edges. Apesar de compartilharem 
com estes últimos o gosto pelas músicas “pesadas” pelo 
visual “agressivo” e pelo princípio do “faça você mesmo”, 
os straight edges são avessos ao consumo de dro-
gas ilícitas, de álcool e tabaco, tão comum entre os 
punks. Enquanto os punks pregam a permissivi-
dade sexual, os straight edges falam em sexo cons-
ciente e com amor. Sua opçõo pelo vegetarianismo 
os aproxima de outra tribo: dos hare krishnas...
BOMENY, Helena e outras. Tempos modernos, tempos de Sociologia. 
São Editora do Brasil, 2017, p. 267.
Gênero e sexualidade
Gênero é entendido como o estudo das relações 
sociais entre homens e mulheres e como essas relações 
são organizadas em diferentes sociedades, épocas e 
culturas. Entre homens e mulheres há uma distinção 
biológica que é o sexo, contudo não há uma essência 
feminina ou masculina que sejam imutáveis, o que há 
são construções sociais e culturais que fazem com que 
homens e mulheres sejam educados para ocuparem 
determinadas posições na sociedade. Sendo assim, o 
conceito de gênero está relacionado pela forma como 
ocorrem as relações de poder entre homens e mulheres. 
“O termo gênero não deve ser entendido 
como sinônimo de mulher\mulheres ou de sexo, 
uma vez que essa categoria de análise não com-
bina com determinações biológicas. Mas isso 
não quer dizer que, na prática, as pessoas não 
se acreditem em determinações biológicas. Para 
essas pessoas, a própria diferenciação física en-
tre homens e mulheres já justifica a dominação 
masculina ou as diferenças sociais entre homens 
e mulheres. Uma coisa é o conceito, que visa à 
superação de visões estreitas e estereotipadas em 
relação às condutas das pessoas, e outra é a for-
ma como, no cotidiano, essas pessoas percebem 
o corpo. No cotidiano, o comum é as pessoas na-
turalizarem as práticas de dominação que sequer 
são percebidas, exatamente porque aparecem 
como “evidentes” demais. No entanto, a História 
não deve ficar restrita aos papéis de gênero pode 
estar associada a outros tipos de opressão social. 
Por último, é preciso lembrar que os papéis so-
ciais de gênero são mutáveis e homens e mulhe-
res podem, ao longo do tempo e dependendo 
da sociedade em que estão inseridos, apresentar 
práticas e comportamentos diferenciados.”
(SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henriue. Dicionário de con-
ceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2006, p. 168).
Homofobia
A palavra homofobia quer dizer “aversão a homossexual”, 
consiste, portanto no preconceito e muitas vezes no ódio 
que certas pessoas nutrem em relação aos homossexuais. 
Em geral, porque ainda não definiram completamente a sua 
identidade sexual, o que gera dúvidas e até revolta. Temendo 
desenvolver um sentimento diferente por um ser do mesmo 
sexo, o homofóbico muitas vezes torna-se agressivo.
Até recentemente a prática da homofobia não era 
considerada crime, pois inexistia até junho de 2019 uma 
resolução para punir juridicamente esta prática como 
crime. Embora existam campanhas para que a homo-
fobia seja crime, até que o Congresso Nacional edite 
lei específica, o STF determinou em 2019 que: as con-
dutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, se 
enquadram nos crimes previstos na Lei 7.716/2018 e, no 
caso de homicídio doloso, constitui circunstância que o 
qualifica, por configurar motivo torpe. O STF determina 
também que a repressão penal à prática da homotrans-
fobia não alcança nem restringe o exercício da liberdade 
religiosa, desde que tais manifestações não configurem 
discurso de ódio. Finalmente, a tese estabelece que o 
conceito de racismo ultrapassa aspectos estritamente 
biológicos ou fenotípicos e alcança a negação da digni-
dade e da humanidade de grupos vulneráveis. 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.
asp?idConteudo=414010
Aula 11
99Sociologia 
Atualmente muitos defendem a tipificação penal 
dessa conduta, argumentando que o Brasil é um dos 
países que mais matam homossexuais do mundo. Talvez 
mais do que leis o Brasil precise de ações voltadas para o 
combate do preconceito nas áreas de saúde e educação. 
Segundo a pesquisadora Sinara Gumieri “não existe 
uma política públicasistemática para a população LGBT, 
exposta a uma série de vulnerabilidades. É alta a evasão 
escolar dessa comunidade, o acesso à saúde é precário e 
essas pessoas ainda são alvo de violência.” 
“A orientação sexual indica qual o gênero (mas-
culino e feminino) que uma pessoa se sente preferen-
cialmente atraída fisicamente e/ou emocionalmente.
A orientação sexual pode ser assexual (nenhu-
ma atração sexual), bissexual (atração por ambos 
os gêneros), heterossexual (atração pelo gênero 
oposto), homossexual (atração pelo mesmo gêne-
ro), ou pansexual (atração por diversos gêneros, 
quando se aceita a existência de mais de dois gêne-
ros). O termo pansexual (ou também omnissexual) 
pode ser utilizado, ainda, para indicar alguém que 
tem uma orientação mais abrangente (incluindo 
por exemplo, atração específica por transgêneros).
O termo orientação sexual é considerado, 
atualmente, mais apropriado do que opção sexu-
al ou preferência sexual. Isso porque opção indica 
que uma pessoa teria escolhido a sua forma de de-
sejo, coisa que muitas pessoas consideram como 
sem sentido. Assim como o heterossexual não es-
colheu essa forma de desejo, o homossexual (tan-
to feminino como masculino) também não, pois, 
segundo pesquisas recentes esta orientação poderá 
estar determinada por fatores biogenéticos, sejam 
questões hormonais in útero ou genes que possam 
determinar esta predisposição.” 
https://semhomofobia.wordpress.com/2010/12/20/opcao-ou- 
orientacao-sexual/
Foi somente na década de 1990 que a homosse-
xualidade foi retirada da lista de doenças mentais da 
Organização Mundial da Saúde. O dia 17 de maio passou 
a ser o dia Mundial da Luta contra a Homofobia.
Transfobia
Entende-se como transfobia ações e sentimentos 
de aversão em relação aos travestis, transexuais e 
transgêneros. Essa aversão pode ser intencional ou não 
contudo causa sérias consequências para a pessoa que 
é discriminada. O transexual possui uma identidade de 
gênero diferente do seu sexo biológico. Uma travesti 
nasce com o sexo masculino, porém tem uma identida-
de de gênero feminina assumindo papéis diferentes da-
queles determinados pela sociedade. A diferença entre 
a travesti e uma pessoa transexual é que a travesti não 
sente a necessidade de através de uma cirurgia realizar 
uma redesignação do sexo. É importante destacar que 
o papel de gênero é o comportamento social e cultural 
esperado para homens e mulheres em um determinado 
momento histórico. 
Bullying
O termo bullying vem do inglês e quer dizer “bri-
gão”, “valentão” e tem sido utilizado para caracterizar 
situações em que ocorrem repetidas agressões físicas 
e verbais feitas por um ou mais alunos contra um ou 
mais colegas. Com o advento da internet e de telefones 
celulares as agressões aumentaram significativamente. 
“O uso da tecnologia pode tornar a agressão 
ainda pior do que a violência presencial. Isso 
porque no espaço virtual a humilhação atinge as 
vítimas permanentemente, e não apenas no espa-
ço da escola. Além disso, a tecnologia dificulta a 
identificação do agressor, deixando a vítima sem 
saber exatamente de que se defender.”
BOMENY, Helena e outras. Obra citada, p. 270.
Segundo relatório do Programa Internacional 
de Avaliação de Estudantes (Pisa), dedicado ao 
bem-estar dos estudantes, os dados foram os 
seguintes: 17,5% disseram sofrer alguma das 
formas de  bullying  «algumas vezes por mês»; 
7,8% disseram ser excluídos pelos colegas; 9,3%, 
ser alvo de piadas; 4,1%, serem ameaçados; 3,2%, 
empurrados e agredidos fisicamente. Outros 
5,3% disseram que os colegas frequentemente 
pegam e destroem as coisas deles e 7,9% são alvo 
de rumores maldosos. Com base nos relatos dos 
estudantes, 9% foram classificados no estudo 
como vítimas frequentes de  bullying, ou seja, 
estão no topo do indicador de agressões e mais 
expostos a essa situação.
Em comparação com os demais países avaliados, 
o Brasil aparece com um dos menores “índices de 
exposição ao  bullying”. Em um  ranking  de 53 
países com os dados disponíveis, o Brasil está 
em 43º. Em média, nos países da Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE), 18,7% 
dos estudantes relataram ser vítimas de algum 
tipo de bullying mais de uma vez por mês e 8,9% 
foram classificados como vítimas frequentes. 
Fonte: Agência Brasil, 19-4-2017
100 Extensivo Semiextensivo
Testes
Assimilação
11.01. Entende-se por socialização o processo por meio do qual 
a) o indivíduo aprende a ser um membro da sociedade. 
b) a sociedade divide a riqueza produzida socialmente. 
c) o indivíduo constrói laços de afetividade familiar. 
d) a comunidade é transformada em sociedade. 
e) os grupos sociais se constituem.
11.02. Nas relações sociais, algumas imagens negativas são 
atribuídas a pessoas ou grupos de identidades, visando à ex-
clusão nas interações sociais. Construída de forma simplista, 
enfatiza o que há de similar entre as pessoas e pode envolver 
qualquer aspecto distintivo, idade, raça, sexo, profissão, local 
de residência ou grupo ao qual é associada. Tais imagens 
pejorativas são denominadas de
a) socialização transversal. 
b) estereótipo social. 
c) paradoxo social. 
d) racismo.
e) sexismo.
11.03. (UNICENTRO – PR) – 
– Diga lá, menina, o que é que você quer ser 
quando crescer?/ Eu quero ser dona de casa atu-
ante ou mulher de milionário. / Dona de casa atu-
ante ou mulher de milionário 
(Jorge Ben Jor).
Na estrofe da letra de Jorge Ben Jor, pode-se observar um 
modelo de socialização da mulher, em que a imitação torna-
-se um ótimo momento de interação infantil de gênero. 
Sobre as relações de gênero, é correto afirmar:
a) O conceito de gênero se refere às condições de origem 
psicológicas e biológicas.
b) A discussão sobre a violência doméstica não deve entrar 
em pauta nas discussões sobre gênero.
c) A desigualdade entre homens e mulheres é historicamen-
te construída, ou seja, não é uma desigualdade natural.
d) A discussão sobre a identidade corporal e a sexualidade femi-
nina não fazem parte das análises sobre questões de gênero.
e) A visão feminina é constantemente romântica, e, por 
isso, deve-se ater ao direito à maternidade, mas não à 
igualdade de condições no trabalho.
11.04. Uma das demandas de movimentos contemporâneos 
por igualdade de direitos é a superação de preconceitos 
inscritos em expressões de fala do nosso cotidiano. Assinale, 
dentre as frases a seguir, aquela que NÃO expressa a 
naturalização de preconceitos ou subordinação de pessoas 
de acordo com sua cor/raça, gênero ou classe. 
a) “Mulher no volante, perigo constante”. 
b) “O homem veio do macaco”. 
c) “Bom dia para todos e para todas”. 
d) “A mulher foi feita a partir da costela do homem”. 
e) “Aquele lugar só é frequentado por gente ‘feia’”.
Aperfeiçoamento
11.05. Texto:
As brincadeiras de menino, em geral, envolvem 
atividades ao ar livre, como bicicleta, pipa ou skate.
As meninas brincam de casinha. Isso é comum 
porque, antigamente, era papel do homem sair de 
casa para trabalhar, enquanto às mulheres cabiam 
os cuidados com o lar”, constata a pedagoga Maria 
Angela Barbato Carneiro, coordenadora do Nú-
cleo de Cultura, Estudos e Pesquisas do Brincar 
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 
(ECHEVERRIA, 2009).
Sobre o processo de socialização e as relações de gênero, é 
correto afirmar:
a) O termo “sexo” distingue as diferenças anatômicas, e o 
termo “gênero”, as diferenças fisiológicas entre homens 
e mulheres.
b) As relações de gênero são universais e não dependem da 
construção que cada cultura tem em relação às diferenças 
sexuais.
c) O processo de socialização disciplina os corpos quanto 
aos modos de agir, porém esse aprendizado não interfere 
nos modos de ser dos sujeitos sociais.
d) O gênero é uma construção social que, através de orga-
nismos sociais, como a família e a mídia, atribui papéis e 
identidades sociais a homens e mulheres.
e) As brincadeiras de crianças, assim como o modo como se 
comportam, demonstram que os papéis sociais são defini-
dosantes mesmo do encontro com as instituições sociais.
11.06. (ENEM) – 
Texto I 
101Sociologia 
Texto II 
Metade da nova equipe da NASA é composta 
por mulheres
Até hoje, cerca de 350 astronautas america-
nos já estiveram no espaço, enquanto as mulhe-
res não chegam a ser um terço desse número. 
Após o anúncio da turma composta por mulhe-
res, alguns internautas escreveram comentários 
machistas e desrespeitosos sobre a escolha nas 
redes sociais.
Disponível em: https://catracalivre.com.br. Acesso em: 10 mar. 2016.
A comparação entre o anúncio publicitário de 1968 e a 
repercussão da notícia de 2016 mostra a
a) elitização da carreira científica.
b) qualificação da atividade doméstica.
c) ambição de indústrias patrocinadoras.
d) manutenção de estereótipos de gênero.
e) equiparação de papéis nas relações familiares.
11.07. (UNESP – SP) – 
A decisão de uma prefeitura nos arredores de 
Paris de distribuir mochilas escolares azuis para os 
meninos e rosa para meninas provocou polêmica 
na França. Nas bolsas distribuídas pela prefeitura 
de Puteaux, há também um kit para construir ro-
bôs, para os meninos, e miçangas para fazer biju-
terias, para as meninas. A distinção causou polê-
mica no momento em que o governo implementa 
na rede educacional um programa para promover 
a igualdade entre homens e mulheres e lutar con-
tra os estereótipos.
(“Distribuição de mochilas escolares azuis e rosas causa polêmica na 
França”. http://www.bbc.co.uk. Adaptado.)
A polêmica citada pela reportagem envolve pressupostos 
sobre a sexualidade que podem ser definidos pela oposição 
entre fatores
a) comunitários e individuais.
b) metafísicos e empiristas.
c) teológicos e materiais.
d) antropocêntricos e teocêntricos.
e) biológicos e sociais.
11.08. (ENEM) – 
A participação da mulher no processo de de-
cisão política ainda é extremamente limitada em 
praticamente todos os países, independentemente 
do regime econômico e social e da estrutura insti-
tucional vigente em cada um deles. É fato público 
e notório, além de empiricamente comprovado, 
que as mulheres estão em geral sub-representadas
nos órgãos do poder, pois a proporção não 
corresponde jamais ao peso relativo dessa parte 
da população.
TABAK, F. Mulheres públicas: participação política e poder. Rio de 
Janeiro: Letra Capital, 2002.
No âmbito do Poder Legislativo brasileiro, a tentativa de 
reverter esse quadro de sub-representação tem envolvido 
a implementação, pelo Estado, de
a) leis de combate à violência doméstica.
b) cotas de gênero nas candidaturas partidárias.
c) programas de mobilização política nas escolas.
d) propagandas de incentivo ao voto consciente.
e) apoio financeiro às lideranças femininas.
11.09. Leia o trecho a seguir. 
Em 1949, a francesa Simone de Beauvoir faria pu-
blicar o seu livro O segundo sexo. Em passagem céle-
bre, a autora aponta que não são características natu-
rais que conformam as nossas identidades de gênero 
na sociedade. “Ninguém nasce mulher, torna-se mu-
lher”. Vale a pena refletirmos acerca dos elementos 
que nos diferenciam enquanto homens e mulheres. 
Segundo esta autora, os diferenciais de gênero tem 
muito mais amparo na cultura do que na natureza. 
É a nossa formação social, tanto em casa quanto na 
escola e na rua, que nos ensina a nos diferenciarmos 
enquanto mulheres ou homens. Aprendemos quais 
roupas devemos vestir, quais cores gostar, quais ati-
vidades nos são mais próprias. Enfim, é a sociedade 
e não a natureza que estabelece as diferenças de gê-
nero. O senso comum, no entanto, fornece-nos uma 
explicação distinta para as diferenças entre homens e 
mulheres. É muito habitual que as pessoas utilizem 
de raciocínios de ordem biológica ou natural para 
formular os diferenciais de gênero. 
Assinale a alternativa onde se pode RECONHECER um racio-
cínio de ordem cultural, tal qual vimos expresso na frase de 
Simone de Beauvoir. 
a) As mulheres são o sexo-frágil e por isso precisam ser 
protegidas pelos homens. Homens são mais fortes física 
e emocionalmente. 
b) Cuidar dos filhos é tarefa primordial das mulheres. Elas 
ficam grávidas, os homens não. Apenas eles devem 
trabalhar fora de casa. 
c) Os homens, mais fortes e decididos que são, devem ser os 
chefes da casa. As mulheres devem ser suas apoiadoras. 
d) Ao incentivarmos meninos pequenos a brincarem de 
carrinho e de luta, e meninas a brincarem de boneca e 
de cozinha, estamos formando suas personalidades para 
a vida adulta. 
e) As mulheres são mais aptas ao contato humano, ao 
cuidado inter-pessoal. Por isso vemos tantas enfermeiras 
mulheres, e não homens.
Aula 11
102 Extensivo Semiextensivo
11.10. (UEL – PR) – 
“Três grandes dimensões fundamentam o vín-
culo social. Primeiro, a complementaridade e a 
troca: a divisão do trabalho social cria diferenças 
com base na complementaridade, o que permite 
aumentar as trocas. Em segundo lugar, o senti-
mento de pertença à humanidade que nos leva 
a reforçar nossos vínculos com os outros seres 
humanos: força da linhagem, do vínculo sexu-
al e familiar; afirmação de um destino comum 
da humanidade por grandes sistemas religiosos 
e metafísicos. Por fim, o fato de viver junto, de 
partilhar uma mesma cotidianidade; a proximi-
dade surge então como produtora do vínculo so-
cial e o camponês sedentário como o ser social 
por excelência.” 
(BOURDIN, Alain. A questão local. Rio de Janeiro: DP&A, 2001 p. 28.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é 
correto afirmar:
a) A divisão do trabalho social na sociedade contemporânea 
desagrega os vínculos sociais.
b) Os sistemas religiosos e metafísicos são fatores de isola-
mento social, por resultarem de criações subjetivas dos 
indivíduos.
c) O cotidiano das pequenas cidades e do mundo campe-
sino favorece a criação de vínculos sociais.
d) Pela ausência da cotidianidade, as grandes metrópoles 
deixaram de ser lugares de complementaridade e de 
trocas.
e) O forte sentimento de pertencer à humanidade des-
mantela a noção de comunidade e minimiza o papel da 
afetividade nas relações sociais.
Aprofundamento
11.11. (UEL – PR) – 
“Na raiz de nossos julgamentos existe um 
certo número de noções essenciais que domi-
nam toda a vida intelectual; são aquelas que 
os filósofos chamam de categorias do entendi-
mento: noções de tempo, de espaço, de gênero, 
de número, de causa, de substância, de perso-
nalidade etc. [...] Mas, se, como pensamos, as 
categorias são representações essencialmente 
coletivas, traduzem antes de tudo estados da 
coletividade: elas dependem da maneira pela 
qual esta é constituída e organizada, de sua 
morfologia, de suas instituições religiosas, mo-
rais, econômicas etc.” 
(DURKHEIM, Émile. Sociologia. São Paulo: Ática, 1981. p. 154-157.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é 
correto afirmar que a noção de categorias do entendimento 
compreende:
a) Os estados emocionais fugazes dos indivíduos de distintas 
sociedades.
b) Aquelas representações cuja formação é exterior às ins-
tituições religiosas, morais e econômicas.
c) O modo como a sociedade vê a si mesma nos modos de 
agir e pensar coletivos.
d) A tradução de estados mentais dos indivíduos portadores 
de distintas visões de mundo.
e) As noções incomuns à vida intelectual de uma sociedade 
que deturpa os julgamentos dos sujeitos.
11.12. (UEL – PR) – O texto a seguir refere-se à situação dos 
apátridas na Segunda Guerra Mundial:
“O que era sem precedentes não era a perda do 
lar, mas a impossibilidade de encontrar um novo 
lar. De súbito revelou-se não existir lugar algum 
na terra aonde os emigrantes pudessem se dirigir 
sem as mais severas restrições, nenhum país ao 
qual pudessem ser assimilados, nenhum território 
em que pudessem fundar uma nova comunidade 
própria [...] A calamidade dos que não têm direitos 
não decorre do fato de terem sido privados da vida, 
da liberdade ou da procura da felicidade, nem da 
igualdade perante a lei ou da liberdade de opinião 
– fórmulas que se destinavam a resolver problemas 
dentro de certas

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