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Aula 03 Comercio Internacional

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Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 1 
 
AULA 03 
 
(PONTOS 2.3 E 2.4 DO PROGRAMA DE AFRFB/2009) 
(PONTO 10 DO PROGRAMA ATRFB/2009) 
VALORAÇÃO ADUANEIRA 
Olá. O tópico relativo à valoração aduaneira tem recebido grande importância 
da banca examinadora nos exames recentes. Na prova de 2009, houve uma 
questão na prova de auditor e uma na prova de analista. Por isso, o assunto deve 
ser tratado de forma especial. Trata-se de um assunto que não sofreu grandes 
alterações de 2009 para cá. 
No comércio internacional, o governo pode atuar de forma mais ou menos 
controladora, restringindo ou liberando as transações com os demais países. Nesse 
sentido, inúmeros são os instrumentos que permitem aos governos controlar as 
transações com outros países, tais como: tarifa (imposto) de importação e de 
exportação, taxa de câmbio, cotas (restrições quantitativas) para importação ou 
para exportação, exigências administrativas, ambientais, de segurança e outras. 
Um dos instrumentos mais tradicionais para controlar o fluxo das importações 
é o imposto de importação. Os tributos externos (imposto de importação e imposto 
de exportação) existem basicamente para que o país realize controle econômico 
do comércio exterior. Assim, diz-se que o caráter desses tributos é regulatório 
(extra-fiscal), e não arrecadatório. Isso significa que, em princípio, o governo 
não institui imposto sobre as importações para arrecadar mais receitas. 
Assim, se o governo quer abrir suas importações, a tendência é reduzir (ou 
mesmo eliminar) a tarifa de importação sobre determinados produtos. Por outro 
lado, a redução do imposto de importação de um produto levará a um aumento das 
importações daquele produto. 
No Brasil, na década de 1990, durante o governo Collor, houve a chamada 
“abertura das importações”, época em que se reduziu fortemente as barreiras às 
importações. Nessa período houve grande incremento na entrada de produtos 
estrangeiros no país. 
HISTÓRICO DA VALORAÇÃO ADUANEIRA 
Até a década de 1940, basicamente até a 2ª Grande Guerra, os grandes 
países da Europa e os Estados Unidos impunham diversas restrições às 
importações, com o objetivo de proteger suas indústrias e de incrementar suas 
exportações. Por outro lado, para melhorar a Balança Comercial, diversos 
mecanismos de estímulos às exportações eram criados a todo instante. 
Ao final da Guerra, houve uma reunião com os países vencedores em Bretton 
Woods, nos EUA, para decidir os rumos da economia internacional. Uma das 
formas previstas foi o incremento do comércio entre os países. 
Nesse contexto foram criados o Fundo Monetário Internacional (FMI), 
para supervisionar as políticas cambiais dos países, e o Banco Internacional de 
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), para emprestar recursos visando à 
recuperação da Europa. 
Com relação ao Comércio Internacional, foi prevista a criação de um 
Organismo regulador, a Organização Internacional do Comércio (OIC), que 
acabou não saindo do papel devido à resistência dos EUA em ratificar o acordo que 
criaria tal instituição. Os estatutos da OIC previam diversos acordos para 
incrementar o comércio internacional. Um deles, que se referia a reduções 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 2 
 
tarifárias, acabou sendo firmado em 1947. Trata-se do GATT/47 (General 
Agreement on Tariffs and Trade), ou Acordo Geral de Livre Comércio. 
Quase 50 anos depois, em 1994, foi criada a Organização Mundial do 
Comércio (OMC), que se tentou instituir nos anos 40/50. O GATT/47 trouxe uma 
série de artigos para combater o protecionismo alfandegário. 
A OMC será profundamente analisada em outras aulas desse curso. 
O GATT determinou que o imposto de importação, instrumento de proteção 
tarifária, deveria possuir transparência necessária, ou seja, deveria manter todos 
os países informados do seu valor e do grau de proteção aplicado ao comércio 
exterior. 
O imposto de importação pode ser aplicado por meio de uma alíquota 
específica ou ad valorem. A alíquota específica é determinada por um valor em 
moeda (nacional ou estrangeira). Exemplo (fictício): 
- R$ 2,00 de imposto de importação sobre cada maço de cigarro importado. 
Já a alíquota ad valorem se refere a um percentual do valor da mercadoria, 
ou seja, do valor da importação. Esse valor é a base de cálculo do imposto de 
importação. Sendo assim, é fundamental que tal percentual seja aplicado a uma 
base de cálculo correta, que expresse a realidade da transação entre comprador 
nacional (importador) e vendedor estrangeiro (exportador). 
Antes da vigência do GATT, os países costumavam manipular essa base de 
cálculo do imposto de importação, visando proteger suas indústrias nacionais 
(bloqueio de importações). Como assim? 
Ora, uma alíquota do imposto de importação (II) de 5% sobre uma 
importação de R$ 100.000,00 fica em R$ 5.000,00, certo? Agora, se o governo 
estabelece que a base de cálculo não pode ser os R$ 100.000,00, mas sim R$ 
300.000,00, o valor do imposto de importação já subiria para R$ 15.000,00, não é 
mesmo? Isso é o que se chama de pauta de valor mínimo. 
Dessa forma, os governos se comprometiam a aplicar tarifas reduzidas sobre 
as importações, mas por outro lado “inflavam artificialmente” a base de cálculo, 
por meio da utilização de critérios arbitrários e irreais. 
Para coibir esse tipo de atitude, o GATT/47 trouxe um acordo para 
padronização das bases de cálculo do imposto de importação aplicado pelos países. 
Isso é o que se chama de valoração aduaneira, ou seja, definir, de maneira 
uniforme, o valor aduaneiro das importações, ou a base de cálculo do imposto de 
importação. 
O Acordo definiu então que o valor aduaneiro não poderia ser baseado em 
valores arbitrários e fictícios, mas sim no “valor real” da transação. Na prática, o 
GATT/47 não estabeleceu critérios muito objetivos sobre a determinação desse 
“valor real”. 
Houve uma tentativa de padronização em 1950, quando alguns países 
assinaram a Definição do Valor de Bruxelas (DVB). O valor seria determinado 
por meio de uma noção teórica (preço normal), ou seja, um preço estimado, com 
base em uma venda realizada em condições de livre concorrência entre comprador 
e vendedor independentes um do outro. 
Porém, esse mecanismo fez com que os governos possuíssem flexibilidade 
para determinação desse “preço normal”. Cada país gerenciava sua “pauta de 
preços normais”, e assim não se atingia o efeito padronizador desejado, ficando a 
base de cálculo sujeita ao arbítrio dos interesses econômicos dos governos, que 
continuavam com políticas protecionistas, e acabavam manipulando artificialmente 
esse valor (base de cálculo) para tal fim. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 3 
 
Na Rodada Tóquio (1973-1979), do GATT, foram retomadas as negociações 
para o estabelecimento de um sistema de valoração aduaneira capaz de sanar os 
problemas até então existentes. Daí surgiu o Acordo para a Implementação do 
Artigo VII do GATT, que foi chamado de Acordo de Valoração Aduaneira (AVA). 
No AVA, o conceito de preço real foi modificado, e na verdade o “valor real” 
passou a ser composto somente por preços efetivamente praticados, e não 
mais por preços teóricos. Acabou-se, dessa forma, com a subjetividade na 
determinação do mesmo. 
O valor passou a ser determinado a partir de uma noção positiva, com base 
no “preço efetivamente pago ou a pagar”. Estavam eliminadas as hipóteses de 
utilização de “preços normais” ou “preços mínimos”. Ao invés da teoria, passou-se 
a dar mais importância à operação comercial em si e aos fatos a elaassociados. 
O AVA estabelece que o valor aduaneiro será determinado a partir da 
aplicação sucessiva de 6 (seis) métodos distintos de valoração, que serão vistos a 
seguir. 
Com a institucionalização da OMC (Organização Mundial do Comércio), e 
o AVA passou a compor o grupo de Acordos Multilaterais do novo GATT (GATT/94). 
Vale lembrar que os acordos multilaterais são aqueles que devem ser ratificados 
por todos os membros da organização. 
O AVA passou a ser, dessa forma, a ferramenta para que os países 
determinem corretamente a base de cálculo do imposto de importação. 
O valor aduaneiro é baseado em valores efetivamente praticados na 
transação. Porém, veremos que em relação ao valor faturado pelo exportador, 
pode haver ajustes a fim de se determinar a base de cálculo do imposto de 
importação. 
PRINCÍPIOS GERAIS DO AVA 
A partir desse ponto reproduziremos alguns trechos do AVA1, com os 
comentários vindo logo a seguir. 
Vejamos o preâmbulo acordo, lembrando que o valor aduaneiro não poderá 
mais ser determinado com base em preços teóricos, ou seja, médios, normais ou 
mínimos. 
Dos seis métodos de valoração instituídos pelo AVA, o primeiro deles é o 
valor de transação. Isso caracteriza um aspecto muito importante. A idéia do 
AVA é que o imposto de importação incidirá sobre o montante que de fato o 
importador arcou para trazer determinada mercadoria ao país. 
Vejamos.... 
 
Os membros, 
Tendo em vista as Negociações Comerciais Multilaterais; 
Desejando promover a consecução dos objetivos do GATT 1994 e assegurar 
vantagens adicionais para o comércio internacional dos países em 
desenvolvimento; 
Reconhecendo a importância das disposições do Artigo VII do GATT 1994 e 
desejando elaborar normas para sua aplicação com vistas a assegurar maior 
uniformidade e precisão na sua implementação; 
 
1 Os textos legais e normativos estarão sempre em itálico 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 4 
 
Reconhecendo a necessidade de um sistema eqüitativo, uniforme e neutro 
para a valoração de mercadorias para fins aduaneiros, que exclua a utilização de 
valores aduaneiros arbitrários ou fictícios; 
Reconhecendo que a base de valoração de mercadorias para fins aduaneiros 
deve ser, tanto quanto possível, o valor de transação das mercadorias a serem 
valoradas; 
Reconhecendo que o valor aduaneiro deve basear-se em critérios simples e 
eqüitativos, condizentes com as práticas comerciais e que os procedimentos de 
valoração devem ser de aplicação geral, sem distinção entre fontes de suprimento; 
Reconhecendo que os procedimentos de valoração não devem ser utilizados 
para combater o dumping; 
Acordam o seguinte: 
...... 
 
Bom, com base no texto acima, podemos destacar os seguintes princípios 
previstos no Acordo: 
1) Princípio da Neutralidade: o AVA deve ser utilizado apenas com fim de 
determinação da base de cálculo dos tributos aduaneiros. Para o combate a 
práticas desleais de comércio, como é o caso de dumping e dos subsídios danosos, 
o GATT possui remédios próprios, quais sejam, a aplicação de medidas 
antidumping e compensatórias. Isso quer dizer que o fato de uma importação estar 
com preço de dumping em nada afeta a base de cálculo do imposto de importação, 
pois esta se refere ao valor da transação (preço efetivamente pago ou a pagar). 
Assim, o importador terá de pagar o imposto de importação calculado sobre o valor 
aduaneiro, além de uma eventual alíquota antidumping. Isso se de fato for 
comprovado o dumping e o dano sofrido. 
2) Princípio da Uniformidade: os critérios utilizados para valorar as 
mercadorias devem ser os mesmos, independentemente do contribuinte 
(importador), do local ou da época da operação. Os preços praticados podem ser 
distintos, mas a forma de se constituir a base de cálculo tem que ser a mesma 
para todos. 
 3) Princípio da Eqüidade: os procedimentos aplicados devem tratar a 
situação com justiça, aplicando-se os mesmos direitos para casos semelhantes, 
jamais se buscando beneficiar alguém. 
4) Princípio da Precisão: o valor aduaneiro será determinado com base em 
critérios objetivos, chegando-se, dessa forma, a um valor único, preciso e 
quantificável, qualquer que seja o método de valoração. Com a eliminação da 
subjetividade e arbítrio na determinação do VA, este jamais será calculado a partir 
de valores aproximados, médios, fictícios, arbitrários, ou mesmo “normais”. 
5) Princípio da Simplicidade: o AVA não é dirigido a especialistas, portanto 
seus critérios devem ser simples, com elementos facilmente assimiláveis. 
6) Princípio da Harmonia com as Práticas Comerciais: o AVA não existe 
para influenciar as negociações entre importador e exportador. Estas são livres e 
as regras e práticas comerciais devem ser respeitadas e analisadas pelas 
autoridades aduaneiras. Assim, o contrato internacional de compra e venda deve 
ser analisado da forma como foi celebrado. Pode ser ainda que ele não exista 
(acordo verbal entre comprador e vendedor). Nesse caso não caberá à aduana 
exigir a sua apresentação, mas apenas valorar a transação, independentemente da 
sua forma. 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 5 
 
7) Princípio da Não-Distinção entre as Fontes de Suprimento: os 
procedimentos de valoração aduaneira não podem estabelecer critérios distintos 
(discriminação) em relação à origem da mercadoria. Deverá ser reconhecido que a 
mesma mercadoria pode ter preços distintos se fabricada em países distintos, 
devido a diversos fatores, tais como o custo da mão-de-obra. Assim, se um tênis 
fabricado nos EUA for importado para Brasil por um preço (ex: US$ 8) e o mesmo 
tênis fabricado na China for importado para o Brasil por US$ 2, se comprovados 
que os preços são de fato os preços das transações, as bases de cálculo do imposto 
serão de US$ 8 para o tênis americano e US$ 2 para o tênis chinês. Se for 
comprovado dumping, aí já cabe outro procedimento: aplicação de medidas 
antidumping. 
8) Princípio da Leal Concorrência: os preços considerados pela aduana 
para valoração são, supostamente, praticados em mercado de livre concorrência. 
As autoridades deverão estar atentas às situações que afetem este mercado livre, 
já que estas são consideradas anormais em relação aos procedimentos de 
valoração. 
9) Princípio da Primazia do Valor de Transação: sempre que possível, o 
valor aduaneiro será determinado com base no valor de transação (método 1). 
10) Princípio do Sigilo: os documentos apresentados às autoridades 
aduaneiras no procedimento de valoração serão resguardados por sigilo fiscal e 
comercial. 
11) Princípio da Publicidade: as normas de valoração devem ser 
publicadas pelos países importadores para que possam ser aplicadas. 
MÉTODOS DE VALORAÇÃO ADUANEIRA 
 
 O Acordo estabeleceu 6 (seis) métodos que a fiscalização aduaneira deverá 
seguir, na seqüência, para valorar as mercadorias. Isso quer dizer que a aduana 
somente pode passar para o segundo método caso não consiga utilizar o primeiro; 
o terceiro método será aplicado somente na impossibilidade de utilização do 
segundo e assim por diante. 
Os métodos são listados a seguir, com os seguintes nomes (didáticos): 
1) Valor de Transação 
2) Valor de Transação de Mercadorias Idênticas 
3) Valor de Transação de Mercadorias Similares 
4) Valor Deduzido a partir da Revenda 
5) Valor Computado a partir do Custo 
6) Valor Determinado com base em Critérios Razoáveis 
 
 
Enunciaremos então alguns artigos do Acordo de Valoração Aduaneira (AVA), 
um por um, e comentaremos os mais importantes logo em seguida. Dessa forma, 
veremos detalhadamentetodos os métodos. 
O que aparecer em itálico é porque está dessa forma no Acordo. Nosso 
comentário vem logo abaixo do texto legal. 
 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 6 
 
INTRODUÇÃO GERAL 
 
1 – A base primeira para a valoração aduaneira, em conformidade com este 
Acordo, é o "valor de transação", tal como definido no Artigo 1. O Artigo 1 deve ser 
considerado em conjunto com o Artigo 8, que estabelece, inter alia, ajustes ao 
preço efetivamente pago ou a pagar nos casos em que determinados elementos, 
considerados como fazendo parte do valor para fins aduaneiros, corram a cargo do 
comprador, mas não estejam incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar 
pelas mercadorias importadas. O Artigo 8 prevê também a inclusão, no valor de 
transação de certas prestações do comprador a favor do vendedor, sob a forma de 
bens ou serviços e não sob a forma de dinheiro. Os Artigos 2 a 7 estabelecem 
métodos para determinar o valor aduaneiro, quando este não puder ser 
determinado de acordo com as disposições do Artigo 1. 
Comentário: Basicamente o artigo 1 estabelece que o método 1 de valoração 
aduaneira é o “valor de transação”, ou seja, o valor que o importador de fato 
despendeu para comprar a mercadoria. Pode ocorrer de este valor estar, vamos 
dizer, “com vícios”, como por exemplo, uma vinculação entre o importador e o 
exportador (matriz e filial), o que faria (ou poderia fazer) com que o preço cobrado 
viesse a ser reduzido. Alguma parcela desse valor pode ter ficado de fora do preço. 
Imaginem que o importador (comprador) remeta ferramentas, materiais, matrizes 
ao exportador para que este fabrique o produto. Ora, se o preço não contemplar 
esse custo, certamente que estará “viciado”, devendo, pois, ser ajustado, 
somando-se o valor dos referidos materiais, de forma a refletir da maneira mais 
transparente possível o real encargo suportado pelo comprador com a aquisição da 
mercadoria. 
....... 
2 – Quando o valor aduaneiro não puder ser determinado de acordo com as 
disposições do Artigo 1, deveria normalmente haver um processo de consultas 
entre a administração aduaneira e o importador, com o objetivo de estabelecer 
uma base de valoração de acordo com o disposto nos Artigos 2 ou 3. Pode ocorrer, 
por exemplo, que o importador possua informações sobre o valor aduaneiro de 
mercadorias idênticas ou similares importadas, e que a administração aduaneira 
não disponha destas informações, de forma imediata, no local de importação. 
Também é possível que a administração aduaneira disponha de informações sobre 
o valor aduaneiro de mercadorias idênticas ou similares importadas, e que o 
importador não tenha acesso imediato a essas informações, atendidas as 
limitações impostas pelo sigilo comercial, para determinar uma base adequada de 
valoração para fins aduaneiros. 
 Comentário: O processo de valoração aduaneira deve correr com a devida 
transparência, devendo ser o importador consultado e notificado sobre o 
andamento do mesmo, pois o fiscal poderá conseguir com ele informações 
importantes para estabelecer a correta base tributável. 
3 – Os Artigos 5 e 6 proporcionam duas bases para determinar o valor 
aduaneiro, quando, este não puder ser determinado com base no valor de 
transação das mercadorias importadas ou de mercadorias idênticas ou similares 
importadas. Pelo disposto no parágrafo 1 do Artigo 5, o valor aduaneiro é 
determinado com base no preço pelo qual as mercadorias são vendidas, no mesmo 
estado em que são importadas, a um comprador não vinculado ao vendedor, no 
país de importação. O importador também tem o direito, se o requerer, de que as 
mercadorias que são objeto de transformação depois da importação, sejam 
valoradas com base no disposto no Artigo 5. Conforme as disposições do Artigo 6, 
o valor aduaneiro é determinado com base no valor computado. Ambos os métodos 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 7 
 
apresentam certas dificuldades, e por isso o importador tem o direito, com base 
nas disposições do Artigo 4, de escolher a ordem de aplicação dos dois métodos. 
Comentário: Esse dispositivo é muito interessante, pois até já caiu em 
prova. Veremos que o método 4 (que está no artigo 5) é o método deduzido a 
partir do preço de revenda. Já o método 5 (que está no artigo 6) é o método do 
valor computado a partir do custo. Em virtude da dificuldade de determinação de 
valores nestes métodos, pode o importador, desde que com a aquiescência da 
aduana, solicitar a inversão da ordem de utilização desses dois métodos. Por 
incrível que pareça, isso já caiu em prova! 
.................. 
4 – O Artigo 7 estabelece como determinar o valor aduaneiro, nos casos em 
que este não puder ser determinado de acordo com o disposto em algum dos 
artigos anteriores. 
Os membros, 
Tendo em vista as Negociações Comerciais Multilaterais; 
Desejando promover a consecução dos objetivos do GATT 1994 e assegurar 
vantagens adicionais para o comércio internacional dos países em 
desenvolvimento; 
Reconhecendo a importância das disposições do Artigo VII do GATT 1994 e 
desejando elaborar normas para sua aplicação com vistas a assegurar maior 
uniformidade e precisão na sua implementação; 
Reconhecendo a necessidade de um sistema eqüitativo, uniforme e neutro 
para a valoração de mercadorias para fins aduaneiros, que exclua a utilização de 
valores aduaneiros arbitrários ou fictícios; 
................. 
Comentário: Antes da adoção de um sistema padronizado de valoração 
aduaneira, os países costumavam estabelecer bases de cálculo arbitrárias ou 
fictícias, com o objetivo real de impor verdadeiras barreiras à importação das 
mercadorias. Um dos objetivos do Acordo foi proibir esse tipo de procedimento. 
................... 
Reconhecendo que a base de valoração de mercadorias para fins aduaneiros 
deve ser, tanto quanto possível, o valor de transação das mercadorias a serem 
valoradas; 
Reconhecendo que o valor aduaneiro deve basear-se em critérios simples e 
eqüitativos, condizentes com as práticas comerciais e que os procedimentos de 
valoração devem ser de aplicação geral, sem distinção entre fontes de suprimento; 
Reconhecendo que os procedimentos de valoração não devem ser utilizados 
para combater o dumping; 
Comentário: O Acordo existe para que, sempre que possível, a base de 
cálculo, ou seja, o valor sobre o qual será aplicada a alíquota do imposto de 
importação, represente o valor pelo qual a mercadoria foi de fato transacionada. 
Para isso, seus critérios devem ser simples e eqüitativos, para evitar a 
interpretação errônea dos seus dispositivos. 
Mais uma vez cabe uma distinção fundamental: utilizar a valoração aduaneira 
para combater o dumping é PROIBIDO!!! Está errado!!!! A valoração deve ser 
utilizada para se chegar à base de cálculo CORRETA!!!! Se o preço negociado 
estiver com dumping, o remédio é a aplicação de medida antidumping. A alíquota 
antidumping não se confunde com o imposto de importação. É medida de defesa 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 8 
 
comercial, e exige ampla investigação antes de ser aplicada. No Brasil, essa 
investigação é realizada pela SECEX (Secretaria de Comércio Exterior). 
.................. 
Acordam o seguinte: 
PARTE I 
NORMAS SOBRE VALORAÇÃO ADUANEIRA 
Artigo 1 
1.O valor aduaneiro de mercadorias importadas será o valor de transação, 
isto é, o preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias, em uma venda 
para exportação para o país de importação, ajustado de acordo com as disposições 
do Artigo 8, desde que: 
 
(a). não haja restriçõesà cessão ou à utilização das mercadorias pelo 
comprador, ressalvadas as que: 
i-sejam impostas ou exigidas por lei ou pela administração pública do país de 
importação; 
ii-limitem a área geográfica na qual as mercadorias podem ser revendidas; ou 
iii-não afetem substancialmente o valor das mercadorias; 
(b). a venda ou o preço não estejam sujeitos a alguma condição ou contra-
prestação para a qual não se possa determinar um valor em relação às 
mercadorias objeto de valoração; 
(c). nenhuma parcela do resultado de qualquer revenda, cessão ou utilização 
subseqüente das mercadorias pelo comprador beneficie direta ou indiretamente o 
vendedor, a menos que um ajuste adequado possa ser feito, de conformidade com 
as disposições do Artigo 8; e 
(d). não haja vinculação entre o comprador e o vendedor ou se houver, que o 
valor de transação seja aceitável para fins aduaneiros, conforme as disposições do 
parágrafo 2 deste Artigo. 
........ 
A IN/SRF 327/2003, que define os critérios utilizados pela administração 
aduaneira brasileira para a determinação do valor aduaneiro, estabeleceu o 
seguinte: 
 
Art. 8º O método do valor de transação somente será utilizado quando a 
importação resultar de operação comercial de compra e venda que implique 
transferência internacional efetiva das mercadorias. 
 
Art. 9º O valor de transação é o preço efetivamente pago ou a pagar pelas 
mercadorias, em uma venda para exportação para o país de importação, ajustado 
de acordo com as disposições desta Instrução Normativa. 
 
Art. 10. O preço efetivamente pago ou a pagar compreende todos os 
pagamentos efetuados ou a efetuar, como condição de venda das mercadorias 
objeto de valoração, pelo comprador ao vendedor, ou pelo comprador a terceiro, 
para satisfazer uma obrigação do vendedor, assim considerados: 
Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 9 
 
 
I - comprador, a pessoa que adquire a mercadoria e se compromete a pagar 
ao vendedor o preço negociado, mesmo que se utilize de terceiro, nos casos 
admitidos pela legislação de regência, para honrar essa obrigação ou promover o 
despacho aduaneiro de importação; 
 
II - vendedor, a pessoa que, em decorrência da transação comercial, 
transfere ao comprador a propriedade da mercadoria que lhe pertence e se 
compromete a entregá-la conforme termos e condições acordados, mesmo que se 
utilize de terceiro, nos casos admitidos pela legislação de regência, para honrar 
essa obrigação ou promover o despacho aduaneiro de exportação. 
...... 
Comentário: Introduzimos então o método 1 (valor de transação). É o preço 
efetivamente pago ou a pagar. Isso quer dizer que se a venda é à vista, a prazo 
ou com pagamento antecipado, pouco importa. Esse valor pago ou a pagar se 
refere a uma “venda para exportação para o país de importação”. Assim, para que 
seja possível a aplicação do primeiro método é necessário identificar que se trata 
de um contrato de compra e venda, onde a propriedade da mercadoria foi 
transferida de um exportador situado em um país para um importador situado em 
outro. 
Também não será possível a aplicação do Primeiro Método quando houver 
restrições impostas pelo vendedor com relação à utilização da mercadoria. Isso 
quer dizer, por exemplo, que, se a mercadoria foi vendida por US$ 100 para um 
importador brasileiro, com a condição de que este importador não a revendesse 
para fulano ou beltrano, ou que não a utilizasse para fabricar determinado tipo de 
produto, é de se supor que este preço seria maior se não houvesse essa restrição. 
Porém, algumas restrições são inerentes às práticas comerciais. E o Acordo 
possui como princípio observar estas práticas. É o caso de revendedor de uma 
determinada área geográfica. Ora, se o contrato estabelece que ele só pode 
revender a mercadoria aqui ou ali, isso faz parte da tradição comercial. Não 
invalida a aplicação do método 1. 
Outro tipo de restrição aceita para efeito de aplicação do Primeiro Método é 
aquela imposta pelo governo do país importador. O nosso governo impõe certas 
medidas quanto à circulação e posse de determinadas mercadorias no território 
nacional, como é o caso de armas e munições. A empresa que importar esse tipo 
de mercadoria sabe (ou deveria saber) desse tipo de restrição, e esta é 
considerada normal para aplicação do Primeiro Método. Assim, a importação de 
armas pode ser valorada pelo método 1 (valor de transação), mesmo estando 
sujeita a certos controles. 
A terceira restrição aceita pelo Primeiro Método é aquela que não afete o 
valor das mercadorias, de forma substancial. O Acordo não definiu qual seria um 
percentual considerado como “relevante” em relação à influência no preço. Nesse 
caso, cabe a cada país decidir sobre esse critério. 
Então, resumindo, o AVA assinala, na letra (a), que não pode haver restrições 
para utilização das mercadorias pelo importador, a menos que sejam restrições 
que o próprio governo do país importador impôs (i), ou que limitem a área 
geográfica de revenda (ii), o que é comum no caso de franquias, ou representante 
exclusivo de vendas, ou que não afetam de forma significativa o valor das 
mercadorias (iii). 
A letra (b) veda a utilização do método de transação quando o valor estiver 
sujeito a alguma contraprestação por parte do comprador. Imaginem que o 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 10 
 
vendedor reduza o preço de venda caso o comprador se comprometa 
posteriormente a prestar algum tipo de serviço para o exportador. Se o preço 
desse serviço for determinável, deverá ser incluído no valor aduaneiro. 
A Nota Interpretativa ao Artigo I do AVA cita as situações abaixo como 
exemplos onde venda e preço estão sujeitos a alguma contraprestação: 
a) o vendedor fixa o preço das mercadorias importadas sob a condição de o 
comprador adquirir também outras mercadorias em quantidades especificadas; 
b) o preço das mercadorias importadas depende do preço ou preços pelos 
quais o seu comprador vende outras mercadorias ao vendedor das mercadorias 
importadas; 
c) o preço é fixado com base em uma forma de pagamento alheia às 
mercadorias importadas, tal como quando estas são mercadorias semi-acabadas 
que tenham sido fornecidas pelo vendedor sob a condição de lhe ser enviada uma 
determinada quantidade das mercadorias acabadas. 
 .............. 
Assim, por exemplo, o exportador alemão propõe ao importador brasileiro o 
seguinte negócio: “o preço de mercado das minhas canetas é de US$ 0,55 cada. 
Porém, se você me comprar também lápis a US$ 0,20 cada, eu te vendo as 
canetas por US$ 0,30 cada”. É a tal da “venda casada”. Ora, resta claro que, caso 
o importador aceite o negócio, o preço pago pelas canetas será artificialmente 
reduzido de US$ 0,55 para US$ 0,30, e o Primeiro Método não poderia ser 
utilizado, a menos que a aduana do país importador consiga quantificar essa 
diferença e adicione US$ 0,25 à base de cálculo do imposto de importação. 
Com relação à alínea (c), imaginem que o exportador reduza seu preço se o 
comprador reverter ao mesmo parcela do produto da revenda. É claro que isso não 
poderia ser aceito, uma vez que distorce completamente o preço da transação. É o 
que diz a letra (c). Da mesma forma que a letra (b), caso o valor seja aferível 
(determinável), poderia ser aceito o valor de transação com a inclusão dessa 
parcela. 
No caso de reversão de parte do produto da revenda ao exportador, fica claro 
que o preço praticado não representa a totalidade do pagamento. Assim, por 
exemplo, o exportador americano vende uma mercadoria ao importador brasileiro 
por US$ 100, sob a condição de que, caso o comprador a revenda por valor 
superior a US$150, deverá remeter 1% do seu preço de venda ao exportador no 
exterior. Caso o importador a revenda no Brasil, digamos, por US$ 170, deverá 
enviar US$ 1,70 (1% de US$ 170) ao exportador nos EUA como participação no 
resultado da revenda. 
Finalmente, a letra (d) indaga sobre a vinculação entre comprador e vendedor 
(ex: matriz e filial) e determina que, em princípio, isso inviabilizaria a aplicação do 
Primeiro Método. Porém, caso o valor seja aceitável, não haveria problema. Isso 
quer dizer que, se o valor estiver OK (aceito pela aduana), só o fato de haver 
vinculação entre comprador e vendedor não é motivo para rejeição do método 1 
(valor de transação). Deu pra entender a lógica do AVA? 
O Artigo 15 do AVA define quais são as pessoas consideradas como 
vinculadas: 
 
4.Para fins deste Acordo, as pessoas serão consideradas vinculadas somente 
se: 
(a). uma delas ocupar cargo de responsabilidade ou direção em empresa da 
outra; 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 11 
 
(b). forem legalmente reconhecidas como associadas num negócios; 
(c). forem empregador e empregado; 
(d). qualquer pessoa, direta ou indiretamente, possuir, controlar ou detiver 
5% ou mais das ações ou títulos emitidos com direito a voto de ambas; 
(e). uma delas, direta ou indiretamente, controlar a outra; 
(f). forem ambas, direta ou indiretamente, controladas por uma terceira 
pessoa; ou 
(g).juntos controlarem direta ou indiretamente uma terceira pessoa; 
(h). forem membros da mesma família. 
5.As pessoas que forem associadas em negócios, pelo fato de uma ser o 
agente, o distribuidor ou o concessionário exclusivo da outra, qualquer que seja a 
denominação utilizada, serão consideradas vinculadas para fins deste Acordo, 
desde que se enquadrem em alguns dos critérios do parágrafo 4 deste Artigo. 
....... 
Vejam. É razoável que uma transação entre matriz e filial seja realizada em 
situação privilegiada, onde nem sempre o preço é representativo do custo da 
operação de compra e venda. Muitas vezes uma transação como essa é utilizada 
até mesmo para remessa de divisas para algum paraíso fiscal. 
Porém, restando comprovado que a vinculação entre importador e exportador 
não influenciou o preço, poderá o preço praticado ser aceito e a valoração ser 
realizada com base no primeiro método. 
Com objetivo de estabelecer procedimentos para identificar os reais 
compradores e vendedores nas operações de comércio exterior, o governo criou 
uma hipótese de vinculação na MP 2.158-35/2001: 
Art. 87. Presume-se a vinculação entre as partes na transação comercial 
quando, em razão de legislação do país do vendedor ou da prática de artifício 
tendente a ocultar informações, não for possível: 
I - conhecer ou confirmar a composição societária do vendedor, de seus 
responsáveis ou dirigentes; ou 
II - verificar a existência de fato do vendedor. 
.... 
 
Continuando com a leitura e interpretação dos artigos do AVA: 
 
2. (a) Ao se determinar se o valor de transação é aceitável para os fins do 
parágrafo 1, o fato de haver vinculação entre o comprador e vendedor, nos termos 
do Artigo 15, não constituirá, por si só, motivo suficiente para se considerar o valor 
de transação inaceitável. Neste caso, as circunstâncias da venda serão examinadas 
e o valor de transação será aceito, desde que a vinculação não tenha influenciado o 
preço. Se a administração aduaneira, com base em informações prestadas pelo 
importador, ou por outros meios, tiver motivos para considerar que a vinculação 
influenciou o preço, deverá comunicar tais motivos ao importador, a quem dará 
oportunidade razoável para contestar. Havendo solicitação do importador, os 
motivos lhe serão comunicados por escrito; 
 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 12 
 
(b) no caso de venda entre pessoas vinculadas, o valor de transação será 
aceito e as mercadorias valoradas segundo as disposições do parágrafo 1, sempre 
que o importador demonstrar que tal valor se aproxima muito de um dos 
seguintes, vigentes ao mesmo tempo ou aproximadamente ao mesmo tempo: 
i-o valor de transação em vendas a compradores não vinculados, de 
mercadorias idênticas ou similares destinadas a exportação para o mesmo país de 
importação; 
ii-o valor aduaneiro de mercadorias idênticas ou similares, tal como 
determinado com base nas disposições do Artigo 5; 
iii-o valor aduaneiro de mercadorias idênticas ou similares, tal como 
determinado com base nas disposições do Artigo 6; 
Na aplicação dos critérios anteriores, deverão ser levadas na devida conta as 
diferenças comprovadas nos níveis comerciais e nas quantidades, os elementos 
enumerados no Artigo 8 e os custos suportados pelo vendedor, em vendas nas 
quais ele e o comprador não sejam vinculados, e que não são suportados pelo 
vendedor em vendas nas quais ele e o comprador sejam vinculados. 
(c) os critérios estabelecidos no parágrafo 2 (b) devem ser utilizados por 
iniciativa do importador e exclusivamente para fins de comparação. Valores 
substitutivos não poderão ser estabelecidos com base nas disposições do parágrafo 
2 (b). 
Comentário: os dispositivos acima reforçam a idéia de que a vinculação 
entre importador e exportador NÃO é fato suficiente para rejeitar o valor de 
transação. O importador deverá comprovar que isso não influenciou o preço, 
podendo utilizar como parâmetro de comparação transação de mercadorias 
idênticas ou similares em tempo aproximado. 
 
Ajustes ao Primeiro Método (do Artigo 8) 
O Primeiro Método de Valoração Aduaneira é o Valor de Transação, qual seja, 
o preço efetivamente pago ou a pagar. Porém, conforme determina a Introdução 
Geral do Acordo, esse preço deve ser ajustado quando determinados elementos, 
considerados como fazendo parte do valor para fins aduaneiros, corram a cargo do 
comprador, mas não estejam incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar 
pelas mercadorias importadas. 
Tais acréscimos devem basear-se exclusivamente em dados objetivos e 
quantificáveis. Resumindo, trata-se de custos que o importador arcou para 
comprar a mercadoria, mas não estão incluídos no valor da fatura comercial de 
compra e venda, emitida pelo exportador. 
Então, vejamos: 
 
Artigo 8 
1.Na determinação do valor aduaneiro, segundo as disposições do Artigo 1, 
deverão ser acrescentados ao preço efetivamente pago ou a pagar pelas 
mercadorias importadas: 
(a). os seguintes elementos, na medida em que sejam suportados pelo 
comprador mas não estejam incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar 
pelas mercadorias: 
i-comissões e corretagens, excetuadas as comissões de compra; 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 13 
 
ii-o custo de embalagens e recipientes considerados, para fins aduaneiros, 
como formando um todo com as mercadorias em questão; 
iii-o custo de embalar, compreendendo os gastos com mão-de-obra e com 
materiais; 
..... 
 
É comum que os ajustes acima já estejam embutidos no valor a pagar pela 
mercadoria. Assim, somente devem ser incluídos no valor aduaneiro caso não 
estejam incluídos no preço pago ou a pagar pela mercadoria. 
Quanto às comissões de venda, corretagens e custos de embalagem, também 
costumam compor o preço do produto final. Comissões de venda são aquelas 
pagas pelo vendedor (exportador) a seus agentes ou representantes. Como 
normalmente é o vendedor quem paga essas comissões, ela já está incluída no 
preço. As corretagens são pagas a corretores independentes e seguem o mesmo 
raciocínio. 
Em relação às comissões de compra, estas são consideradas como 
prestaçõesde serviços. Se o importador mantém um representante seu no exterior 
para procurar uma boa oportunidade de negócio para trazer determinada 
mercadoria para o país, resta claro que este agente está prestando um serviço ao 
importador. Então é razoável que seu custo tenha o mesmo tratamento que teriam 
os custos relativos a funcionários e outras despesas do importador, ou seja, estas 
comissões de compra não compõem o valor aduaneiro. 
Vejamos outro acréscimo ao preço: 
 
(b) o valor, definitivamente atribuído, dos seguintes bens e serviços, desde 
que fornecidos direta ou indiretamente pelo comprador, gratuitamente ou a preços 
reduzidos, para serem utilizados na produção e na venda para exportação das 
mercadorias importadas, e na medida em que tal valor não tiver sido incluído no 
preço efetivamente pago ou a pagar; 
i-materiais, componentes, partes e elementos semelhantes, incorporados às 
mercadorias importadas; 
ii-ferramentas, matrizes, moldes e elementos semelhantes, empregados na 
produção das mercadorias importadas; 
iii-materiais consumidos na produção das mercadorias importadas; 
iv-projetos de engenharia, pesquisa e desenvolvimento, trabalhos de arte e 
de "design", e planos e esboços necessários à produção das mercadorias 
importadas e realizados fora do país de importação; 
 
.... 
 
O dispositivo acima se refere a bens ou serviços vinculados ao produto 
importado que tenham sido fornecidos pelo importador. Tomemos como exemplo 
um importador brasileiro que encomenda uma máquina de cortar granito a um 
exportador italiano. 
O italiano diz que precisa de um projeto de “design” da máquina. O 
importador contrata o serviço a um especialista na Inglaterra, e manda o inglês 
remeter o projeto ao fabricante italiano. O serviço saiu por US$ 2000. Depois o 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 14 
 
italiano diz que precisa de aço para confecção das serras. O brasileiro diz que aço 
no Brasil é mais barato e envia uma remessa para o italiano (valor de US$ 3000). 
Por fim, o produto fica pronto e o italiano fatura para o brasileiro por US$ 10,000. 
Qual foi o custo para o importador trazer essa máquina ao país? Vocês acham 
que nesses US$ 10,000 estão o projeto e o aço? É claro que não!!! Quem pagou foi 
o importador. O custo final de tudo para ele (importador) foi de US$ 15,000, 
somando máquina, projeto e aço. Faz sentido, não é mesmo? 
Dois detalhes: 
1) Se o projeto fosse contratado no Brasil e enviado ao fabricante italiano ele 
não entraria no valor aduaneiro. Basta ler o inciso iv acima, que diz que tais 
projetos são os “realizados fora do país de importação”. 
2) O aço (matéria-prima) entraria no valor aduaneiro se fosse exportado de 
forma definitiva para o italiano (exportação normal). Poderia ocorrer de o 
importador informar para a aduana o preço sem o aço. Nesse caso o valor 
aduaneiro teria que ser acrescido do preço do aço. 
Vejamos outro acréscimo: 
 
(c). royalties e direitos de licença relacionados com as mercadorias objeto de 
valoração, que o comprador deva pagar, direta ou indiretamente, como condição 
de venda dessas mercadorias, na medida em que tais royalties e direitos de licença 
não estejam incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar; 
.... 
 
Quando um importador compra do exterior um produto que contenha marca 
registrada, ele deverá pagar ao titular da marca os royalties e direitos de licença 
associados à mercadoria. Porém, normalmente esses valores já são incluídos no 
valor da fatura (valor a pagar). Nesse caso não haveria ajuste nenhum a fazer no 
valor aduaneiro. Tais custos somente serão incluídos no valor aduaneiro caso não 
estejam incluídos no preço pago ou a pagar. 
O outro ajuste previsto é: 
 
(d). o valor de qualquer parcela do resultado de qualquer revenda, cessão ou 
utilização subseqüente das mercadorias importadas, que reverta direta ou 
indiretamente ao vendedor. 
.... 
 
Já fizemos um exemplo acima onde o importador se comprometeu a remeter 
ao exportador 1% do faturamento caso revendesse o produto por mais de US$ 
150. Nesse caso, a parcela revertida ao exportador deverá ser incluída no valor 
aduaneiro das mercadorias importadas. Quando não for possível a determinação 
desse valor, o primeiro método terá que ser rejeitado e a valoração será realizada 
por método alternativo ao valor de transação. 
É bom lembrar primeiro que, se esse valor a ser revertido ao exterior não for 
possível de apuração, o primeiro método (o do valor de transação) não poderá ser 
utilizado. Se for possível identificar previamente o valor que será enviado ao 
exterior, isso estaria prejudicando (baixando) a base de cálculo do tributo. Por isso 
o mesmo deve ser acrescentado ao valor aduaneiro, independente do que ocorrer 
posteriormente com a mercadoria. 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 15 
 
 
Na prática, é muito difícil identificar esses acordos de percentual de revenda. 
 
Parcelas incluídas no Valor Aduaneiro 
O AVA prevê a possibilidade de que os Membros (países signatários do 
Acordo) incluam outras parcelas no valor aduaneiro. Trata-se de um ajuste 
facultativo, ou seja, os países podem regular sobre incluir esses valores ou não. 
Vejamos: 
 
2.Ao elaborar sua legislação, cada Membro deverá prever a inclusão ou a 
exclusão, no valor aduaneiro, no todo ou em parte, dos seguintes elementos: 
(a). o custo de transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de 
importação; 
(b). os gastos relativos ao carregamento, descarregamento e manuseio, 
associados ao transporte das mercadorias importadas até o porto ou local de 
importação; e 
(c). o custo do seguro. 
3.Os acréscimos ao preço efetivamente pago ou a pagar, previstos neste 
Artigo, serão baseados exclusivamente em dados objetivos e quantificáveis. 
4.Na determinação do valor aduaneiro, nenhum acréscimo será feito ao preço 
efetivamente pago ou a pagar, se não previsto neste Artigo. 
....... 
Comentário: Muita atenção com esse artigo 8. Ele se refere aos ajustes que 
devem ser realizados no preço de transação para que este reflita o real desembolso 
por parte do importador. Só na prova de AFRF/2002-1 caíram 3 questões sobre 
isso. 
O Brasil, como signatário do AVA, decidiu pela inclusão de todos os itens 
previstos no valor aduaneiro, tal como se pode observar pelo artigo 77 do 
Regulamento Aduaneiro (Decreto 6.759/2009): 
 
 Art. 77. Integram o valor aduaneiro, independentemente do método de 
valoração utilizado (Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 8, parágrafos 1 e 2, 
aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 1994, e promulgado pelo Decreto no 
1.355, de 1994; e Norma de Aplicação sobre a Valoração Aduaneira de 
Mercadorias, Artigo 7o, aprovado pela Decisão CMC no 13, de 2007, internalizada 
pelo Decreto no 6.870, de 4 de junho de 2009): (Redação dada pelo Decreto nº 
7.213, de 2010). 
I - o custo de transporte da mercadoria importada até o porto ou o aeroporto 
alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado onde devam ser 
cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro; 
II - os gastos relativos à carga, à descarga e ao manuseio, associados ao 
transporte da mercadoria importada, até a chegada aos locais referidos no inciso I; 
e 
III - o custo do seguro da mercadoria durante as operações referidas nos 
incisos I e II. 
 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 16 
 
.... 
O Brasil optou por regular o assunto da seguinte forma: A IN/SRF 327/2003 
define que: 
 
Art. 4º Na determinação do valoraduaneiro, independentemente do método 
de valoração aduaneira utilizado, serão incluídos os seguintes elementos: 
I - o custo de transporte das mercadorias importadas até o porto ou 
aeroporto alfandegado de descarga ou o ponto de fronteira alfandegado onde 
devam ser cumpridas as formalidades de entrada no território aduaneiro; 
II - os gastos relativos a carga, descarga e manuseio, associados ao 
transporte das mercadorias importadas, até a chegada aos locais referidos no 
inciso anterior; e 
III - o custo do seguro das mercadorias durante as operações referidas nos 
incisos I e II. 
§ 1º Quando o transporte for gratuito ou executado pelo próprio importador, 
o custo de que trata o inciso I deve ser incluído no valor aduaneiro, tomando-se 
por base os custos normalmente incorridos, na modalidade de transporte utilizada, 
para o mesmo percurso. 
§ 2º No caso de mercadoria objeto de remessa postal internacional, para 
determinação do custo que trata o inciso I, será considerado o valor total da tarifa 
postal até o local de destino no território aduaneiro. 
§ 3º Para os efeitos do inciso II, os gastos relativos à descarga da mercadoria 
do veículo de transporte internacional no território nacional serão incluídos no valor 
aduaneiro, independentemente da responsabilidade pelo ônus financeiro e da 
denominação adotada. 
............ 
Conclusão: No Brasil, todos os custos relativos ao transporte que o 
importador tiver para trazer a mercadoria para o Brasil deverão ser incluídos no 
valor aduaneiro. 
O primeiro parágrafo do artigo 4º da IN/SRF 327/2003 determina que, se o 
frete for gratuito ou pago pelo importador, deverá ser incluído no valor aduaneiro. 
O segundo define que o frete que compõe o VA, no caso de remessas por correio, é 
aquele cobrado até o local de destino da mercadoria. O terceiro diz que os custos 
de descarga da mercadoria quando chegada ao Brasil também devem compor o 
valor aduaneiro. 
O art. 8º, §2º, alínea b do AVA diz que os gastos relativos ao carregamento, 
descarregamento e manuseio, associados ao transporte de mercadorias importadas 
até o porto ou local de importação, serão incluídos ou não no VA, de acordo com 
a previsão de cada Membro (cada país). 
O RA no artigo 77, inciso II, previu a inclusão da descarga associada ao 
transporte até o porto ou aeroporto alfandegado ou ponto de fronteira 
alfandegado. 
O §3º do artigo 4º da IN/SRF 327/2003 diz que os gastos relativos à 
descarga da mercadoria do veículo de transporte internacional no território 
nacional serão incluídos no VA. 
Vejamos 2 exemplos: um avião trazendo carga de Miami para Rio e SP. A 
aeronave pousa em SP fazendo escala, descarrega parte da sua mercadoria, e 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 17 
 
segue viagem internacional para o RJ, onde descarrega mais um pouco. Esses 
gastos na descarga no RJ, pela IN/SRF 327/2003, entram no VA. 
Outro exemplo é um caminhão saindo de Montevideo em viagem 
internacional e só parando para descarregar em Cariacica (ES). Essa descarga 
também entraria pela IN/SRF 327/2003. 
Isso soa incompatível com o RA, que somente cita os pontos de entrada no 
país (porto, aeroporto e fronteira). Porém, se observarmos o AVA, ele cita que os 
Membros poderão incluir os gastos de carregamento, descarregamento ou 
manuseio associados ao transporte de mercadoria importadas até o porto ou local 
de importação. 
Assim, não vejo outra forma de se preparar bem para esse tipo de questão 
que não seja saber o que diz o AVA, o RA e a IN, porque às vezes na prova o 
examinador saca uma questão de uma dessas três normas sem observar o 
contexto geral. E aí, depois pra anular...... Bom, vcs sabem como é difícil. 
 
 
Outros casos de inaplicabilidade do Primeiro Método 
Há casos em que a autoridade aduaneira, em procedimento de fiscalização, 
não consegue reunir elementos suficientes para comprovar a veracidade dos dados 
informados pelo importador quanto à aplicação do Primeiro Método. 
Vejamos. 
A primeira consta no Regulamento Aduaneiro (Decreto 6.759/2009), e se 
refere a dúvidas não esclarecidas pelo importador com os documentos 
apresentados: 
Art. 82. A autoridade aduaneira poderá decidir, com base em parecer 
fundamentado, pela impossibilidade da aplicação do método do valor de 
transação quando (Acordo de Valoração Aduaneira, Artigo 17, aprovado pelo 
Decreto Legislativo no 30, de 1994, e promulgado pelo Decreto no 1.355, de 
1994): 
I - houver motivos para duvidar da veracidade ou exatidão dos dados ou 
documentos apresentados como prova de uma declaração de valor; e 
II - as explicações, documentos ou provas complementares apresentados pelo 
importador, para justificar o valor declarado, não forem suficientes para esclarecer 
a dúvida existente. 
Parágrafo único. Nos casos previstos no caput, a autoridade aduaneira 
poderá solicitar informações à administração aduaneira do país exportador, 
inclusive o fornecimento do valor declarado na exportação da mercadoria. 
......... 
A segunda se refere à má conservação dos elementos de prova por parte do 
importador (comprobatórios das informações prestadas na declaração de 
importação, como a correspondência comercial, bem assim os respectivos registros 
contábeis), conforme o artigo 84 do Regulamento Aduaneiro (Decreto 
6.759/2009): 
Art. 84. O valor aduaneiro será apurado com base em método 
substitutivo ao valor de transação, no caso de descumprimento de 
obrigação referida no caput do art. 18, se relativo aos documentos 
comprobatórios da relação comercial ou aos respectivos registros 
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INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 18 
 
contábeis, quando houver dúvida sobre o valor aduaneiro declarado 
(Lei no 10.833, de 2003, art. 70, inciso I, alínea “a”). 
 
 
SEGUNDO MÉTODO – VALOR DE TRANSAÇÃO DE MERCADORIAS 
IDÊNTICAS 
Caso não seja possível a aplicação do primeiro método, por um dos motivos 
expostos (Ex: não se tratar de uma venda; reversão do produto de revenda ao 
exportador cujo valor não se possa determinar), será utilizado o segundo método, 
o valor de transação de mercadorias idênticas, cujas transações devem ser 
relativas a vendas para o mesmo país de importação, exportadas em tempo 
aproximado. Vejamos o texto do AVA: 
 
Artigo 2 
1.(a) Se o valor aduaneiro das mercadorias importadas não puder ser 
determinado segundo as disposições do Artigo 1, será ele o valor de transação de 
mercadorias idênticas vendidas para exportação para o mesmo país de 
importação e exportadas ao mesmo tempo que as mercadorias objeto de valoração 
ou em tempo aproximado; 
 
(b) Na aplicação deste artigo será utilizado, para se estabelecer o valor 
aduaneiro, o valor de transação de mercadorias idênticas, numa venda no 
mesmo nível comercial e substancialmente na mesma quantidade das 
mercadorias objeto de valoração. Inexistindo tal venda, será utilizado o 
valor de transação de mercadorias e/ou em quantidade diferente, 
ajustado para se levar em conta diferenças atribuíveis aos níveis 
comerciais e/ou às quantidades diferentes, desde que tais ajustes possam 
ser efetuados com base em evidência comprovada que claramente 
demonstre que os ajustes são razoáveis e exatos, que conduzam a um 
aumento quer a uma diminuição no valor. 
 
Comentário: A aplicação do segundo método, quando não for possível a 
aplicação do primeiro, se refere ao valor de transação de mercadorias idênticas, a 
um tempo aproximado, produzidas no mesmo país que as mercadorias objeto de 
valoração, preferencialmente pela mesma pessoa. 
Quando se fala em valor de transação de mercadorias idênticas, significa que 
houve uma outra importação, em época aproximada,de mercadoria idêntica a que 
está sendo valorada, que já passou por um processo de valoração aduaneira. 
Atenção! Não basta a mercadoria idêntica ter sido importada em época próxima. O 
valor aduaneiro desta tem de ter sido ratificado pelas autoridades alfandegárias 
do país de importação, com base em um processo anterior de valoração aduaneira. 
Imaginem que a transação original (a que está sendo valorada) foi de 100 
unidades de perfumes, a US$ 1,50 cada (é uma mercadoria que apresenta grandes 
problemas de valoração aduaneira). Se, por algum motivo, o método 1 for 
rejeitado, a aduana partirá para o método 2 (valor de transação de mercadorias 
idênticas). Suponha que se encontrou uma transação anterior de venda, para o 
mesmo país, só que de 100.000 unidades (a US$ 0,80) unidades do mesmo 
perfume, oriundos do mesmo país, que já tenha passado por processo de valoração 
aduaneira. Ora, a diferença na quantidade negociada está influenciando o preço! 
São transações distintas. Não posso utilizar o preço de uma como base para o 
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preço da outra. O que o texto diz é que, se não houver outra transação para tomar 
como parâmetro eu deveria utilizar essa mesma, só que ajustando. Vocês acham 
que para eu trazer a negociação de 100.000 frascos de perfume para o patamar 
comercial da negociação de 100 perfumes eu deveria fazer o quê com os US$ 
0,80? Resposta: deveria somar um ajuste, pois o preço unitário em uma venda de 
100.000 unidades é normalmente inferior ao preço unitário de uma venda de 
apenas 100 unidades, não é isso? Porém, nem sempre esse ajuste é fácil de ser 
apurado e definido. 
 
2.Quando os custos e encargos referidos no parágrafo 2 do Artigo 8 estiverem 
incluídos no valor de transação, este valor deverá ser ajustado para se levar em 
conta diferenças significativas de tais custos e encargos entre as mercadorias 
importadas e as idênticas às importadas, resultantes de diferenças nas distâncias e 
nos meios de transporte. 
Comentário: Como vimos no artigo 8, fica a critério das partes incluir ou não 
o valor do transporte, do carregamento (e descarregamento) e do seguro. O Brasil 
incluiu todos eles na apuração da base de cálculo. É claro que isso deverá ser 
levado em consideração se estes valores estão incluídos no valor de transação para 
efeito de se estabelecer um comparativo com o valor de transação de mercadorias 
idênticas. 
3. Se, na aplicação deste artigo, for encontrado mais de um valor de 
transação de mercadorias idênticas, o mais baixo deles será o utilizado na 
determinação do valor aduaneiro das mercadorias importadas. 
Comentário: Isso é bastante objetivo para cair na prova!!! Pode ser que, na 
apuração do método 2, encontrem-se mais de um valor de transação de 
mercadorias idênticas já ratificados pela autoridade aduaneira. E aí??? O AVA é 
bem claro. O VALOR A SER UTILIZADO SERÁ O MAIS BAIXO DENTRE OS DOIS 
ENCONTRADOS. 
Mas afinal, o que seriam mercadorias idênticas? A resposta está no Artigo 15 
do AVA: 
 
Artigo 15 
.... 
2.(a) Neste Acordo, entende-se por "mercadorias idênticas" as mercadorias 
que são iguais em tudo, inclusive nas características físicas, qualidade e reputação 
comercial. Pequenas diferenças na aparência não impedirão que sejam 
consideradas idênticas mercadorias que em tudo o mais se enquadram na 
definição. 
... 
 (c) as expressões "mercadorias idênticas" e "mercadorias similares" não 
abrangem aquelas mercadorias que incorporem ou comportem, conforme o caso, 
elementos de engenharia, desenvolvimento, trabalhos de arte e de design, e 
planos e esboços, para os quais não tenham sido feitos ajustes segundo as 
disposições do parágrafo 1 (b) (iv) do Artigo 8, pelo fato de terem sido tais 
elementos executados no país de importação; 
(d) somente poderão ser consideradas "idênticas" ou "similares", as 
mercadorias produzidas no mesmo país que as mercadorias objeto de valoração; 
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(e) somente serão levadas em conta mercadorias produzidas por uma pessoa 
diferente, quando não houver mercadorias idênticas ou similares, conforme o caso, 
produzidas pela mesma pessoa que produziu as mercadorias objeto da valoração. 
......... 
Vejamos um exemplo, relativamente ao item (c) acima. Uma máquina foi 
encomendada por uma empresa brasileira a um exportador francês. O importador 
brasileiro enviou projetos de design e artístico para elaboração da máquina. Em 
uma outra importação, outro importador brasileiro compra uma máquina parecida 
com a da transação anterior. Se nesta segunda importação, o método 1 não for 
aceito, os métodos 2 e 3 não poderão contemplar aquela máquina da importação 
anterior como idêntica ou similar, pois ela continha projetos de engenharia, design 
etc., que foram executados no país de importação (Brasil). 
Resumindo. Se o projeto foi contratado no Brasil (importador) não entra no 
VA, certo? Nesse caso, suponha que uma mercadoria nessa situação seja valorada. 
O que o referido dispositivo definiu é que essa mercadoria (e consequentemente 
esse processo de valoração) não vai poder ser utilizada para valorar uma outra 
importação por meio dos métodos 2 ou 3 por causa do design, que é nacional, e 
portanto o AVA entende que isso por si só já diferencia uma mercadoria da outra. 
 
Em relação ao item “d”, a expressão “mesmo país que as mercadorias objeto 
de valoração” está ali na norma para que só se comparem mercadorias idênticas ou 
similares produzidas no mesmo país. Assim, se a aduana brasileira está 
valorando importação de roda de carro fabricada na Alemanha, o comparativo tem 
que ser com outras valorações de peças produzidas naquele mesmo país 
(Alemanha). Então, o país em questão é o país do fabricante, que pode ser 
diferente do país do exportador. 
 
 
 
TERCEIRO MÉTODO – VALOR DE TRANSAÇÃO DE MERCADORIAS 
SIMILARES 
 
Artigo 3 
1.(a) Se o valor aduaneiro das mercadorias importadas não puder ser 
determinado segundo as disposições dos Artigos 1 e 2, será ele o valor de 
transação de mercadorias similares vendidas para exportação para o mesmo país 
de importação e exportadas ao mesmo tempo que as mercadorias objeto de 
valoração, ou em tempo aproximado; 
(b) Na aplicação deste Artigo, será utilizado, para estabelecer o valor 
aduaneiro, o valor de transação de mercadorias similares, numa venda no mesmo 
nível comercial e substancialmente na mesma quantidade que as mercadorias 
objeto de valoração. Inexistindo tal venda, será utilizado o valor de transação de 
mercadorias similares vendidas em um nível comercial diferente e/ou em 
quantidade diferente, ajustado para se levar em conta diferenças atribuíveis aos 
níveis comerciais e/ou às quantidades, desde que tais ajustes possam ser 
efetuados com base em evidência comprovada que claramente demonstre que os 
ajustes são razoáveis e exatos, quer estes conduzam a um aumento quer a uma 
diminuição no valor. 
2.Quando os custos e encargos referidos no parágrafo 2 do Artigo 8 estiverem 
incluídos no valor de transação, este valor deverá ser ajustado para se levar em 
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conta diferenças significativas de tais custos e encargos entre as mercadorias 
importadas e as similares às importadas, resultantes de diferenças nas distâncias e 
nos meios de transporte. 
3.Se, na aplicação deste Artigo, for encontrado mais de um valor de 
transação de mercadorias similares, o mais baixo deles será utilizado na 
determinação do valor aduaneiro das mercadorias importadas. 
Comentário:O método 3 se refere ao valor de transação das mercadorias 
similares. Não há praticamente diferença entre o texto desse método 
(mercadorias similares) com o texto do método anterior (mercadorias idênticas). A 
distinção está exatamente em saber o que o Acordo entende como sendo uma 
mercadoria “idêntica” e uma mercadoria “similar”. Todas as demais regras são 
válidas, inclusive a de que a mercadoria similar deve vir do mesmo país de origem. 
Vejamos a definição de mercadorias similares: 
 
Artigo 15 
.... 
(b) neste Acordo , entende-se por "mercadorias similares" as que, embora 
não se assemelhem em todos os aspectos, têm características e composição 
material semelhantes, o que lhes permite cumprir as mesmas funções e serem 
permutáveis comercialmente. Entre os fatores a serem considerados para 
determinar se as mercadorias são similares incluem-se a sua qualidade, reputação 
comercial e a existência de uma marca comercial; 
 
QUARTO MÉTODO – VALOR DEDUTIVO OU DE REVENDA 
 
 
Artigo 4 
Se o valor aduaneiro das mercadorias importadas não puder ser definido 
segundo o disposto nos Artigos 1, 2 ou 3, será ele determinado de acordo com as 
prescrições do Artigo 5 ou, se isto não for possível, a determinação do valor será 
feita de conformidade com o disposto no Artigo 6, a menos que, a pedido do 
importador a ordem de aplicação dos Artigos 5 e 6 seja invertida. 
Comentário: Sabemos que a aplicação dos métodos deve se dar na 
seqüência. Assim, o valor aduaneiro será determinado pelo método 4 (valor de 
revenda deduzido) somente quando não seja possível a aplicação dos métodos 1, 2 
e 3. Pode o importador solicitar a aplicação do método 5 (custo reconstituído), 
antes do método 4. Se a aduana concordar com a troca, será então aplicado o 
método 5. 
Artigo 5 
1.(a) Se as mercadorias importadas, ou mercadorias idênticas ou similares 
importadas, forem vendidas no país de importação no estado em que são 
importadas, o seu valor aduaneiro, segundo as disposições deste Artigo, basear-se-
á no preço unitário pelo qual as mercadorias importadas ou as mercadorias 
idênticas ou similares importadas, são vendidas desta forma na maior quantidade 
total, ao tempo da importação ou aproximadamente ao tempo da importação das 
mercadorias objeto de valoração, a pessoas não vinculadas àquelas de quem 
compram tais mercadorias, sujeito tal preço às seguintes deduções: 
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i-as comissões usualmente pagas ou acordadas em serem pagas, ou os 
acréscimos usualmente efetuados à título de lucros e despesas gerais relativos a 
vendas em tal país de mercadorias importadas da mesma classe ou espécie; 
ii-os custos usuais de transporte e seguro, bem como os custos associados, 
incorridos no país de importação; 
iii-quando adequado, os custos e encargos referidos no parágrafo 2 do Artigo 
8; e 
iv-os direitos aduaneiros e outros tributos nacionais pagáveis no país de 
importação em razão da importação ou venda das mercadorias. 
........ 
Comentário: No quarto método, a aduana vai verificar o preço pelo qual essa 
mercadoria normalmente é revendida no mercado do país do importador e vai 
compará-lo com o preço declarado pelo importador. É claro que para fazer esse 
tipo de comparação deverão ser excluídos os tributos incidentes na importação (II, 
IPI, ICMS, PIS, COFINS), comissões, transporte e seguro até o estabelecimento do 
importador, as despesas gerais e os lucros associados à transação de revenda. 
Então, para se chegar ao valor aduaneiro deduzido, parte-se do preço de 
revenda no país de importação. Assim, se uma mercadoria foi importada e 
revendida no mercado interno a R$ 150.000, teríamos que retirar as parcelas de 
lucros, despesas, encargos e outras para chegarmos ao valor da importação. 
Quanto ao parágrafo 1, a, III do artigo 5, ele se refere a frete, seguro, carga, 
descarga e manuseio. Esses custos foram deixados a cargo de cada país incluir ou 
não no VA. O Brasil incluiu tudo. Mas se um outro país não incluiu esses custos no 
VA, então deverá deduzi-los do valor de revenda para se chegar ao correto valor 
aduaneiro. 
 
.... 
(b) Se nem as mercadorias importadas, nem as mercadorias idênticas ou 
similares importadas são vendidas ao tempo ou aproximadamente ao tempo da 
importação das mercadorias objeto de valoração, o valor aduaneiro que, em 
circunstâncias diversas estaria sujeito às disposições do parágrafo 1 (a) deste 
Artigo, será baseado no preço unitário pelo qual as mercadorias importadas, ou as 
mercadorias idênticas ou similares importadas, são vendidas no país de 
importação, no estado em que foram importadas, na data mais próxima posterior à 
importação das mercadorias objeto de valoração, mas antes de completados 
noventa dias após tal importação. 
2.Se nem as mercadorias importadas, nem mercadorias idênticas ou similares 
importadas são vendidas no país de importação no estado em que foram 
importadas, e se assim solicitar o importador, o valor aduaneiro será baseado no 
preço unitário pelo qual as mercadorias importadas e posteriormente processadas 
são vendidas no país de importação, na maior quantidade total, a pessoas não 
vinculadas, àquelas de quem compram tais mercadorias, levando-se devidamente 
em conta o valor adicionado em decorrência de tal processamento, e as deduções 
previstas no parágrafo 1 (a) deste Artigo. 
..... 
Como exemplo desse quarto método, podemos tomar uma mercadoria 
importada em consignação. Isso quer dizer que não houve uma transação de 
compra e venda e o método 1 foi rejeitado. Supondo que não foram encontradas 
transações valoradas e ratificadas de mercadorias idênticas e similares, então os 
métodos 2 e 3 também não se aplicam. 
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Aí parte-se para o quarto método. Verifica-se então que a mercadoria foi 
vendida no Brasil pelo importador para um terceiro por R$ 100.000,00, tendo 
incidido na operação 20% de tributos internos (ICMS, PIS, COFINS), sendo que o 
importador pagou R$ 2.000,00 de frete para levar a mercadoria do porto até o 
destinatário, além de ter pago R$ 5.000,00 de imposto na importação. 
Considerando que esse tipo de venda normalmente está sujeita a uma margem de 
lucro de 15% sobre o preço de revenda, então chegaríamos ao seguinte valor 
aduaneiro: 
 
Preço de Revenda R$ 100.000 
(-) Impostos 20% (R$ 20.000) 
(-) Frete Interno (R$ 2.000) 
(-) Imposto na Importação (R$ 5.000) 
(-) Margem de Lucro (R$ 15.000) 
(=) Valor Aduaneiro R$ 58.000 
 
OBS: Os 90 dias citados na alínea (b) do item 1 do Artigo 5 são da data da 
importação da mercadoria objeto de valoração para a frente. Os processos de 
valoração demoram muito para serem analisados. A mercadoria normalmente já foi 
embora. Assim, por exemplo, em 01/03/2009 ocorre uma importação de um 
veículo selecionada para exame de valor aduaneiro. Quando da análise acerca do 
valor aduaneiro, se não houver revenda do produto, nem de idênticos ou similares, 
ao tempo da importação (início de março de 2009), a autoridade poderá tomar 
como base preço unitário de venda do produto, ou de idênticos ou de similares, na 
data mais próxima posterior à importação do veículo, no máximo até 01/06/2009 
(90 dias após a importação). 
 
QUINTO MÉTODO – VALOR COMPUTADO 
 
Artigo 6 
1.O valor aduaneiro das mercadorias importadas, determinado segundo as 
disposições deste artigo, basear-se-á num valor computado. O valor computado 
será igual à soma de: 
(a). o custo ou o valor dos materiais e da fabricação ou processamento, 
empregados na produção das mercadorias importadas; 
(b). um montante para lucrose despesas gerais, igual àquele usualmente 
encontrado em vendas de mercadorias da mesma classe ou espécie que as 
mercadorias objeto de valoração, vendas estas para exportação, efetuados por 
produtores no país de exportação, para o país de importação; 
(c). o custo ou o valor de todas as demais despesas necessárias para aplicar 
a opção de valoração escolhida pela Parte, de acordo com o parágrafo 2 do Artigo 
8. 
2. Nenhum Membro poderá exigir ou obrigar qualquer pessoa não residente 
em seu próprio território a exibir para exame ou a permitir acesso a qualquer conta 
ou registro contábil, para a determinação de um valor computado. Todavia, as 
informações fornecidas pelo produtor das mercadorias com o objetivo de 
determinar o valor aduaneiro de acordo com as disposições deste artigo, poderão 
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ser verificadas em outros países, pelas autoridades do país de importação, com 
anuência do produtor e desde que tais autoridades notifiquem com suficiente 
antecedência o governo do país em questão e que este não se oponha à 
investigação. 
Comentário: O método 5 é o método do valor reconstituído a partir do custo 
de produção, ou seja, vai no sentido contrário ao do método anterior. O importador 
poderá solicitar a inversão dos métodos 4 e 5 (artigos 5 e 6), e a aduana poderá 
acatar ou não. No método do valor reconstituído toma-se o custo de produção e 
adicionam-se as despesas necessárias e os lucros normais que o produtor-
exportador teria na transação, de forma a se chegar ao custo arcado pelo 
importador, ou seja, um valor próximo da realidade comercial. 
É claro que as autoridades brasileiras não poderão sair investigando as 
empresas exportadoras no exterior. Isso na maioria das vezes pode ser feito com a 
ajuda e iniciativa do próprio exportador, ou por meio de intercâmbio entre a 
aduana brasileira (importador) e a aduana do país exportador (já ouviram falar do 
adido aduaneiro em Miami? Pois é. Dentre outras coisas, tem essa função de 
estabelecer o intercâmbio necessário). Na prática, porém, é um método muito 
complexo de ser utilizado, dada a dificuldade em se obter dados referentes ao 
processo produtivo do exportador no exterior. 
 
SEXTO MÉTODO – CRITÉRIOS RAZOÁVEIS 
 
Artigo 7 
1.Se o valor aduaneiro das mercadorias importadas não puder ser 
determinado com base no disposto nos Artigos 1 a 6, inclusive, tal valor será 
determinado usando-se critérios razoáveis, condizentes com os princípios e 
disposições gerais deste Acordo e com o Artigo VII do GATT 1994, e com base em 
dados disponíveis no país de importação. 
2.O valor aduaneiro definido segundo as disposições deste Artigo, não será 
baseado: 
(a). no preço de venda, no país de importação, de mercadorias produzidas 
neste; 
(b). num sistema que preveja a adoção para fins aduaneiros do mais alto 
entre dois valores alternativos; 
(c). no preço das mercadorias no mercado interno do país de exportação; 
(d).no custo de produção diferente dos valores computados que tenham sido 
determinados para mercadorias idênticas ou similares, de acordo com as 
disposições do Artigo 6; 
(e). no preço das mercadorias vendidas para exportação para um país 
diferente do país de importação; 
(f). em valores aduaneiros mínimos; ou 
(g). em valores arbitrários ou fictícios. 
3. Caso o solicite, o importador será informado, por escrito, sobre o valor 
aduaneiro determinado segundo as disposições deste artigo, e sobre o método 
utilizado para determinar tal valor. 
..... 
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Comentário: No método 6 (artigo 7) determina-se o valor aduaneiro com 
base em critérios razoáveis, com as vedações previstas no item 2 (não pode ser 
baseado em valor mínimo, não pode ser o mais alto entre dois valores possíveis, 
não pode ser baseado nos preços do mercado interno do país de exportação, e 
outras proibições). 
Os critérios razoáveis a serem aplicados neste sexto método pressupõem o 
respeito aos princípios básicos do acordo. 
Na prática, o procedimento adotado consiste em uma flexibilização da 
utilização de algum dos métodos anteriores (1 a 5) como critério razoável, como 
por exemplo, buscar transações de mercadorias idênticas ou similares por tempo 
maior que o normalmente previsto para aplicação dos métodos 2 e 3, ou ainda, 
flexibilizar o conceito de mercadorias idênticas e similares. 
 
............... 
 
Além dos métodos de valoração, as Normas do AVA tratam sobre outros 
assuntos, tais como: 
• taxa de câmbio utilizada para conversão do valor; 
• confidencialidade das informações prestadas pelo importador; 
• direito de recurso à determinação do valor aduaneiro; 
• necessidade de publicação das normas administrativas de valoração; 
• possibilidade de postergação do momento da determinação definitiva 
do valor aduaneiro, podendo o importador retirar as mercadorias da 
alfândega, apresentado, se for o caso, garantia suficiente para cobrir 
eventual diferença de tributos; 
• direito do importador de receber, por escrito, informação sobre a 
forma de cálculo do valor aduaneiro. 
 
Apesar de não cair tanto em prova, creio que vale reproduzir os artigos 
abaixo do AVA, para ficar como material de estudo para vocês. Os artigos não são 
tão importantes quanto os métodos, mas nunca se sabe se podem cair ou não. 
 
Artigo 9 
1.Sendo necessária a conversão de moeda para a determinação do valor 
aduaneiro, a taxa de câmbio a ser utilizada será aquela que tiver sido devidamente 
publicada pelas autoridades competentes do país de importação interessado, e 
refletirá, tão efetivamente quanto for possível, para o período abrangido por cada 
publicação, o valor corrente de tal moeda nas transações comerciais, expresso em 
termos da moeda do país de importação. 
2.A taxa de conversão a ser utilizada será aquela em vigor no momento da 
exportação ou da importação, conforme tiver sido estabelecido por cada Membro. 
Artigo 10 
Toda informação que por sua natureza seja confidencial ou que seja fornecida 
em caráter confidencial para fins de valoração aduaneira, será tratada como 
estritamente confidencial pelas autoridades interessadas, que não a revelarão sem 
a autorização expressa da pessoa ou do governo que tenha fornecido tal 
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informação, exceto se, no contexto de procedimentos judiciais, for exigido o seu 
fornecimento. 
Artigo 11 
1.Com relação à determinação do valor aduaneiro, a legislação de cada Parte 
disporá quanto ao direito a recurso, sem sujeição a penalidades, por parte do 
importador ou por qualquer outra pessoa responsável pelo pagamento dos direitos 
aduaneiros. 
2.O direito a recurso, de primeira instância, sem imposição de penalidades, 
poderá ser exercido perante um órgão da administração aduaneira ou perante um 
órgão independente. Todavia, a legislação de cada Parte disporá quanto ao direito 
a recurso a instância judicial, sem imposição de penalidades. 
3.O recorrente será notificado sobre a decisão do recurso e as razões que a 
fundamentaram ser-lhe-ão comunicadas por escrito. O recorrente deverá também 
ser informado sobre seu eventual direito de interpor novo recurso. 
Artigo 12 
O país de importação, pertinente fará publicar, de conformidade com o Artigo 
X do GATT, as leis, regulamentos, decisões judiciais e normas administrativas de 
aplicação geral que ponham em vigor este Acordo. 
Artigo 13 
Se no curso da determinação do valor aduaneiro das mercadorias importadas, 
tonar-se necessário retardar

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