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Aula 08 Comercio Internacional

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Curso On-Line Comércio Internacional 2010 
Professor: Luiz Roberto Missagia 
 
INICIATIVA: PONTO DOS CONCURSOS 
 
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AULA 08 
 
REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS – PARTE II 
 
(PONTO 10.1 DO PROGRAMA DE AFRFB/2009) 
 
Olá pessoal. 
Seguimos ainda no estudo dos regimes aduaneiros especiais (ponto 10.1 do 
programa de comércio internacional de AFRFB/2009). Na aula anterior vimos 
apenas trânsito aduaneiro e admissão temporária. Iniciaremos a aula pelo regime 
de drawback. Este é abrangido pelos artigos 383 a 403 do Regulamento Aduaneiro 
– RA (Decreto 6.759/2009), assim como pelos artigos 59 a 175 da Portaria SECEX 
10/2010, que substituiu a Portaria SECEX 25/2008. Nosso trabalho aqui será extrair 
o que de mais importante para a prova há em tais dispositivos, e colocar para 
vocês de uma forma didática, palatável, agradável etc. Vamos lá. 
DRAWBACK 
Sabemos que as exportações são fontes de divisas para o país. São mais 
dólares, mais euros que entram, melhorando nossas reservas internacionais. Por 
esse motivo, os governos sempre procuram estabelecer sistemas de apoio às 
vendas para o exterior. Os regimes aduaneiros especiais consistem em uma boa 
ferramenta para tal. 
Uma indústria utiliza diversos insumos (matéria-prima, produtos intermediários, 
partes e peças) na fabricação de seus produtos. Para fabricar um automóvel 
completo precisa-se de aço, borracha, alumínio, couro, vidro. Também são 
necessários equipamentos como aparelho de som, ar-condicionado, rodas, pneus 
etc. Todos esses materiais, partes e peças empregados na produção podem ser 
nacionais ou importados, certo? E as vendas da empresa podem ser no mercado 
interno (comprador nacional) ou no mercado externo (comprador estrangeiro), 
certo? 
Quando a empresa fabrica produtos que são destinados ao mercado externo 
(exportações) e utiliza insumos importados, em princípio ela teria de pagar o II, o 
IPI, o PIS e a COFINS incidentes sobre esses materiais adquiridos do exterior. Isso 
costuma onerar o custo de produção. O mesmo ocorre se as empresas adquirem os 
insumos no mercado doméstico, pois, nesse caso, também há incidência de IPI, PIS 
e COFINS (obviamente não incide imposto de importação nas compras no mercado 
interno). O governo, de olho no incremento das exportações, busca meios de 
reduzir esse custo para as empresas exportadoras, tornando-as mais competitivas 
junto à concorrência estrangeira. 
Então o que ele fez? Criou o regime de drawback, que consiste em um 
mecanismo que desonera os tributos incidentes nas aquisições no mercado interno 
ou na importação de mercadorias, desde que vinculadas a um compromisso de 
exportação. Por isso o drawback é definido em lei como um incentivo à 
exportação. Essa desoneração de tributos nas compras no mercado interno 
ganhou mais fôlego com a Portaria SECEX 10/2010, que regulamentou a 
modalidade de drawback integrado suspensão, conforme será visto mais adiante. 
Por ser considerado um incentivo às exportações, o drawback não se caracteriza 
como benefício fiscal (isenção ou redução do imposto). Isso faz com que as 
importações ao amparo no regime não se sujeitem a exigência de exame de 
similaridade nem de transporte em navio de bandeira brasileira. 
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O exame de similaridade e o transporte em navio de bandeira brasileira são 
condições que, como regra geral, devem ser cumpridas para que seja concedida 
isenção ou redução de tributos na importação. Exame de similaridade é a 
comprovação de que no país não existe mercadoria similar a que está sendo 
importada. Navio de bandeira brasileira é aquele com registro no país. 
O drawback pode ser concedido a empresa industrial ou comercial. Nesse último 
caso, a empresa comercial importa a matéria-prima, produto intermediário ou 
material de embalagem e o remete a uma indústria, juntamente com uma 
encomenda de fabricação de um produto, sob conta e ordem da empresa 
comercial. Ao final do processo produtivo, a mercadoria é enviada para a empresa 
comercial, detentora do ato concessório drawback, que providenciará a sua venda 
ao mercado externo, cumprindo assim o compromisso de exportar. 
Ainda sobre compromisso de exportar, poderia ser questionado o seguinte: e se 
a exportação fosse em consignação? Valeria como drawback? Exportação em 
consignação é aquela onde a mercadoria é enviada ao exterior sem que haja um 
cliente garantido para adquiri-la, ou seja, não existe ainda uma venda concluída. 
Trata-se de uma expectativa de venda futura com posterior liquidação do câmbio. 
Conforme o artigo 199 da Portaria SECEX 10/2010, a exportação em consignação 
implica a obrigação de o exportador comprovar dentro do prazo de até 720 dias, 
contados da data do embarque, o ingresso de moeda estrangeira, pela venda da 
mercadoria ao exterior, na forma da regulamentação cambial, ou o retorno da 
mercadoria. 
Assim, se a exportação em consignação for vinculada ao regime de drawback, o 
compromisso de exportar só é considerado cumprido após a concretização da venda 
efetiva no exterior. 
Quais as modalidades em que o regime de drawback pode ser aplicado? Aqui 
vale uma importante observação. A Portaria SECEX 10/2010 alterou a 
regulamentação do regime de drawback, instituindo a modalidade de drawback 
integrado suspensão, que contempla suspensão de tributos tanto na importação 
quanto nas compras no mercado interno. O Regulamento Aduaneiro (Decreto 
6.759/2009), até o momento da publicação desta aula (setembro de 2010), utiliza 
o termo “drawback suspensão”, também utilizado pela própria Portaria, conforme 
art. 383 do RA. Não creio que isso seja problema. Por hora, vejamos as definições 
extraídas do RA: 
I - suspensão do pagamento dos tributos exigíveis na importação de 
mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou destinada à fabricação, 
complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; 
II - isenção dos tributos exigíveis na importação de mercadoria, em quantidade 
e qualidade equivalente à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação 
ou acondicionamento de produto exportado; e 
III - restituição, total ou parcial, dos tributos pagos na importação de 
mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, 
complementação ou acondicionamento de outra exportada. 
A competência para conceder o drawback nas modalidades suspensão e isenção 
é do DECEX (órgão da SECEX). Já a competência para conceder o regime na 
modalidade restituição pertence à Receita Federal. 
O detalhamento de cada uma dessas modalidades será visto mais adiante na 
aula. Veremos que a Portaria SECEX 10/2010 (art. 59, I), ao regulamentar as 
modalidades, contemplou a possibilidade de suspensão de tributos tanto nas 
importações quanto nas compras no mercado interno, e chamou essa modalidade 
de drawback integrado suspensão. Por isso a referida norma contempla apenas 
duas modalidades de drawback: I – integrado suspensão; II – isenção. 
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O drawback abrange o não pagamento dos seguintes tributos federais incidentes 
na importação: II, IPI, PIS, COFINS e AFRMM. Quanto ao ICMS, a competência é 
estadual. Porém, por convênio estabelecido pelo CONFAZ (Conselho Nacional de 
Política Fazendária), há isenção do imposto nas operações de importação 
amparadas pelo regime. 
Bens a que se aplica o regime 
Vimos que são alcançados pelo regime os insumos utilizados na produção de 
artigos destinados a exportação. Essa é a regra geral. Mesmo assim, tanto o 
regulamento aduaneiro (art. 384) quanto a Portaria SECEX 10/2010 (art. 63) 
definiram os bens aos quais poderá ser concedidoo regime de drawback: 
I - mercadoria importada para beneficiamento no País e posterior exportação; 
II - matéria-prima, produto semi-elaborado ou acabado, utilizados na fabricação 
de mercadoria exportada, ou a exportar; 
III - peça, parte, aparelho e máquina complementar de aparelho, de máquina, 
de veículo ou de equipamento exportado ou a exportar; 
IV - mercadoria destinada a embalagem, acondicionamento ou apresentação de 
produto exportado ou a exportar, desde que propicie comprovadamente uma 
agregação de valor ao produto final; ou 
V - animais destinados ao abate e posterior exportação. 
Há outros produtos que são utilizados na produção de produtos exportados, mas 
não se incorporam ao produto final. É o caso de moldes, lixas, réguas, discos 
polidores, planadores etc. Uma chave de fenda específica para apertar determinado 
parafuso de uma máquina a ser exportada não vai ser incorporada à máquina, 
certo? Porém, considera-se que se trata de um produto utilizado na fabricação de 
outro, estando, portanto, sujeito à aplicação do drawback. 
Assim, o regime poderá ainda ser concedido: 
I - para matéria-prima e outros produtos que, embora não integrando o produto 
exportado, sejam utilizados na sua fabricação em condições que justifiquem a 
concessão (é o caso de lixas, marcos, réguas etc.); ou 
II - para matéria-prima e outros produtos utilizados no cultivo de produtos 
agrícolas ou na criação ou captura de animais a serem exportados, definidos pela 
Câmara de Comércio Exterior. 
Pelo inciso II acima, percebemos que o drawback não se aplica somente a 
processos de industrialização. A ração importada para o gado pode ser amparada 
por drawback, se o gado for posteriormente exportado. Interessante o termo 
“captura” (grifo nosso), que foi introduzido pelo Decreto 7.213/2010 ao RA, e 
ampliou as hipóteses de drawback, abrangendo, por exemplo, a importação de uma 
armadilha para captura de animais. 
Sobre o item acima, vale outro comentário. Na lista do art. 63 da Portaria SECEX 
10/2010, nos incisos II, III e IV são citados produtos “exportados” ou “a exportar”. 
Isso quer dizer que se aplicam tanto na modalidade suspensão (importa primeiro 
para exportar depois) quanto na modalidade isenção (comprova que exportou e 
depois pede para importar com isenção). 
Já os itens I e V, assim como o dispositivo referente aos materiais que não 
integram o produto final (ex: lixas), somente são contemplados os produtos a 
serem exportados, ou seja, só se aplica à modalidade suspensão. 
O drawback pode ser concedido a operações caracterizadas como (art. 62 da 
Portaria SECEX 10/2010): 
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a) transformação, a operação que, exercida sobre matéria-prima ou produto 
intermediário, importe na obtenção de espécie nova. 
b) beneficiamento, a operação que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de 
qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência 
do bem; 
c) montagem, a operação que consista na reunião de produtos, peças ou partes 
e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma 
classificação fiscal; 
d) renovação ou recondicionamento, a operação que, exercida sobre produto 
usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou 
restaure o produto para utilização; e 
e) acondicionamento ou reacondicionamento, a operação que altere a 
apresentação do produto pela colocação de embalagem, ainda que em substituição 
da original, salvo quando destinada apenas ao transporte. 
Embalagem para transporte é aquela que se destina somente para tal, com 
utilização de caixas, caixotes, engradados, sacaria, tambores, embrulhos e 
semelhantes, sem acabamento ou rotulagem de função promocional, e que não 
objetive valorizar o produto em razão da qualidade do material empregado. Esse 
tipo de embalagem não é amparada pelo drawback, pois não agrega valor ao 
produto. 
Vejam. No regime de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo, não foi 
contemplada a modalidade de transformação, mas no drawback sim. Por quê? 
Porque a transformação implica obtenção de novo produto (espécie nova), o que 
descaracteriza o regime de admissão temporária. Já no drawback, a geração 
(produção) de um novo bem é a própria essência do regime. 
Situações de inaplicabilidade do regime 
O regime de drawback não será concedido (Portaria SECEX 10/2010, art. 64 c/c Decreto 6.759/2009, 
art. 385): 
I - na importação de mercadoria cujo valor do imposto de importação, em 
cada pedido, for inferior ao limite mínimo fixado pela Câmara de Comércio 
Exterior. Para atender a este limite, várias exportações da mesma mercadoria 
poderão ser reunidas em um só pedido de drawback. 
II – na importação de petróleo e seus derivados, com exceção da importação de 
coque calcinado de petróleo e nafta petroquímica. 
III – nas exportações conduzidas em moedas não conversíveis (exceto em 
reais), inclusive moeda convênio, contra importações cursadas em moeda de livre 
conversibilidade. 
IV – nas hipóteses de importações/exportações de mercadorias suspensas ou 
proibidas 
V – na importação de mercadoria utilizada na industrialização de produto 
destinado a consumo na Zona Franca de Manaus (ZFM) e nas Áreas de Livre 
Comércio (ALC) localizadas em território nacional. 
......... 
Aqui vale uma explicação básica. Quando uma empresa quer importar 
mercadorias sob o regime de drawback suspensão, por exemplo, ela deve procurar 
o DECEX, e apresentar seu plano de importações e exportações. Deferido o regime, 
o DECEX emitirá um Ato Concessório, que contemplará um prazo para que a 
empresa cumpra o compromisso de exportar, cujo adimplemento também deve ser 
verificado pelo DECEX (art. 61 da Portaria SECEX 10/2010). 
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Nessas importações, um montante de valor relativo ao imposto de importação 
ficará suspenso. O que está dizendo no inciso I é que, se esse valor for inferior ao 
mínimo estabelecido pela CAMEX, o regime será negado. Que alternativa restaria à 
empresa? Reunir diversas exportações (e importações) em um só pedido, para que 
o valor do imposto de importação não recolhido atinja o mínimo estabelecido. 
O inciso II é específico para petróleo e seus derivados. No inciso III o governo 
manda o seguinte recado aos exportadores: “se sua importação foi paga em moeda 
forte, só concederemos drawback para que entrem mais divisas para o nosso país 
(dólares, euros, libras), ou seja, moeda forte! Não tem graça vocês negociarem as 
importações em dólares e as exportações pesos argentinos, uruguaios etc. Aí não 
tem drawback!”. A exceção fica por conta das exportações em reais. 
Quanto ao inciso IV, a mercadoria importada para a Zona Franca de Manaus ou 
para Áreas de Livre Comércio já estão amparadas por regimes suspensivos, 
aplicados em áreas especiais. Por isso não faz sentido conceder também o 
drawback. 
 
Disposições Gerais 
 
Vocês já ouviram falar de cota, não é? Trata-se de uma restrição quantitativa, 
uma barreira não tarifária às importações. O governo pode instituir: “no ano 
seguinte, somente poderão ser importados 2.000.000 toneladas de tinta. Ponto.”. 
Isso é uma cota. A SECEX controla esse mecanismo, por meio do licenciamento 
às importações. E daí? 
 
Bom, se alguma empresa conseguir um ato concessório para importar tinta com 
suspensão, via drawback, isso não significa que suas importações estarão livres da 
cota. A concessão do Regime Especial de Drawback não assegura a obtenção de 
cota de importação para mercadoria ou de exportação para produto sujeito a 
contingenciamento, nem exime a importaçãoe a exportação da anuência prévia de 
outros órgãos, quando for o caso (art. 65 da Portaria SECEX 10/2010). 
 
Resumindo, o ato concessório garante a aplicação do regime na importação do 
produto. Mas essa importação estará sujeita às normas gerais que amparam as 
importações. O mesmo vale para as exportações vinculadas ao drawback. 
 
A concessão do regime poderá ser condicionada a prestação de garantia, 
limitada ao valor dos tributos suspensos, que será reduzida à medida que forem 
comprovadas as exportações (art. 75 da Portaria SECEX 10/2010). 
 
 
DRAWBACK SUSPENSÃO 
É a modalidade clássica do drawback. O interessado solicita o regime junto ao 
DECEX, após apresentar suas intenções de importar insumos e exportar produto 
final. Se deferido (concedido), o DECEX emitirá um ato concessório (AC). 
Vale ressaltar que a Portaria SECEX 10/2010 permite que o beneficiário não 
somente importe insumos com suspensão como também realize compras, com 
suspensão, no mercado interno, de insumos utilizáveis em produtos a serem 
exportados. Vejam a definição contida no artigo 59, I da referida norma: 
“Art. 59. O regime aduaneiro especial de drawback pode ser aplicado 
nas seguintes modalidades, no âmbito da SECEX: 
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I – drawback integrado suspensão - a aquisição no mercado interno 
ou a importação, de forma combinada ou não, de mercadoria para 
emprego ou consumo na industrialização de produto a ser exportado, 
com suspensão dos tributos exigíveis na importação e na aquisição no 
mercado interno...”. 
II –... 
§ 1º O regime de drawback integrado suspensão aplica-se também: 
I) à aquisição no mercado interno ou à importação de mercadorias para 
emprego em reparo, criação, cultivo ou atividade extrativista de produto 
a ser exportado; 
II) às aquisições no mercado interno ou importações de empresas 
denominadas fabricantes-intermediários, para industrialização de 
produto intermediário a ser diretamente fornecido a empresas 
industriais-exportadoras, para emprego ou consumo na industrialização 
de produto final a ser exportado (drawback intermediário).”. 
 
..... 
A partir dessa data (emissão do AC), a empresa terá um ano, admitida uma 
única prorrogação, por igual período, para cumprir o compromisso de exportar o 
que consta no ato concessório. Como exceção, nos casos de importação de 
mercadorias destinadas à produção de bens de capital de longo ciclo de fabricação, 
o prazo máximo será de cinco anos (art. 388 do RA). 
A modalidade suspensão contempla a importação, ou a aquisição no mercado 
interno, de bem que irá integrar o processo produtivo de mercadoria a ser 
exportada. Na operação de importação estarão suspensos os seguintes tributos: 
II/IPI/PIS/COFINS/AFRMM. Nas aquisições no mercado interno estarão suspensos 
os seguintes tributos: IPI/PIS/COFINS. 
Como regra, as importações amparadas pelo regime são com cobertura 
cambial, ou seja, a mercadoria é adquirida (importação definitiva) do exterior para 
ser utilizada na industrialização de outra a ser exportada. Como exceção, o regime 
pode ser sem concedido para importações sem cobertura cambial, ou seja, 
quando não houver pagamento pela mercadoria, apenas na modalidade de 
suspensão (vide arts. 96 a 99 da Portaria SECEX 10/2010). 
A concessão do regime, na modalidade de suspensão, é de competência da 
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), por meio do DECEX, devendo ser 
efetivada, em cada caso, por meio do Siscomex. O registro informatizado da 
concessão do regime equivale, para todos os efeitos legais, ao ato concessório de 
drawback. 
Então, de posse do ato concessório, o interessado já pode importar mercadorias 
com tributos suspensos, certo? Ele deve registrar suas declarações de importação. 
Vale ressaltar que as declarações de importação de mercadorias amparadas pelo 
regime de drawback são importações definitivas. Isso quer dizer que se trata de 
um despacho para consumo, e a mercadoria é nacionalizada. Isso já caiu 
demais em provas anteriores. 
Para o desembaraço aduaneiro da mercadoria a ser admitida no regime, será 
exigido termo de responsabilidade. Aliás, diferentemente dos demais regimes, 
no drawback suspensão o prazo não começa no desembaraço, mas sim na data de 
emissão do ato concessório. 
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Quando constar do ato concessório do regime a exigência de prestação de 
garantia, esta só alcançará o valor dos tributos suspensos e será reduzida à medida 
que forem comprovadas as exportações. 
Interessante reproduzirmos alguns dispositivos do RA, introduzidos pelo Decreto 
7.213/2010, alguns já comentados anteriormente, como o drawback integrado: 
“Art. 384-A. Poderá ser concedido o regime de drawback, na 
modalidade de suspensão, para mercadoria importada, de forma 
combinada ou não, com mercadoria adquirida no mercado interno, para: 
(Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). 
I - emprego ou consumo na industrialização de produto a ser 
exportado (Lei no 11.945, de 2009, art. 12, caput); e (Incluído pelo 
Decreto nº 7.213, de 2010). 
II - emprego, também, em reparo, criação, cultivo ou atividade 
extrativista de produto a ser exportado (Lei no 11.945, de 2009, art. 12, 
§ 1o, inciso I). (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). 
§ 1o A suspensão de que trata o caput aplica-se ainda às aquisições 
no mercado interno ou importações de empresas denominadas 
fabricantes-intermediários, para industrialização de produto 
intermediário a ser diretamente fornecido a empresas industriais-
exportadoras, para emprego ou consumo na industrialização de produto 
final destinado à exportação (Lei no 11.945, de 2009, art. 12, § 1o, 
inciso III, com a redação dada pela Lei no 12.058, de 13 de outubro de 
2009, art. 17). (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). 
§ 2o ......... 
§ 3o Apenas a pessoa jurídica habilitada pela Secretaria de Comércio 
Exterior poderá efetuar aquisições ou importações com suspensão na 
forma deste artigo (Lei no 11.945, de 2009, art. 12, § 2o, com a 
redação dada pela Lei no 12.058, de 2009, art. 17). (Incluído pelo 
Decreto nº 7.213, de 2010). 
..... 
Art. 384-B. Os atos concessórios de drawback poderão ser deferidos, 
a critério da Secretaria de Comércio Exterior, levando-se em conta a 
agregação de valor e o resultado da operação (Lei no 11.945, de 
2009, art. 14). (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 2010). 
§ 1o A comprovação do regime poderá ser realizada com base no 
fluxo físico, por meio de comparação entre os volumes de importação e 
de aquisição no mercado interno em relação ao volume exportado, 
considerada, ainda, a variação cambial das moedas de negociação (Lei 
no 11.945, de 2009, art. 14, § 1o). (Incluído pelo Decreto nº 7.213, de 
2010). 
....” 
 
 
As mercadorias admitidas no regime, na modalidade de suspensão, deverão ser 
integralmente utilizadas no processo produtivo ou na embalagem, 
acondicionamento ou apresentação das mercadorias a serem exportadas. E se 
sobrar matéria-prima não utilizada na produção? Tem que exportar assim mesmo? 
O retorno ao exterior é uma das hipóteses de extinção do regime. A outra é a 
destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado. E se quiser 
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destinar ao mercado interno? Pode? Sim, desde que recolhidos os tributos 
suspensos, com os acréscimos legais devidos. Que acréscimos? O fato gerador, 
nesse caso retroagirá à data do registro da declaração de importação das matérias-
primas. Por isso serão cobradosos tributos com juros e multa, se não integradas a 
um produto exportado (art. 389 do RA). 
Foi introduzida pelo Decreto 7.231/2010 a possibilidade de entrega à Fazenda 
Nacional das mercadorias que deixarem de ser empregadas no processo produtivo 
de bens a serem exportados, conforme estabelecido no ato concessório, livres de 
quaisquer despesas e ônus, desde que a autoridade aduaneira concorde em recebê-
las (art. 390, I, d, do RA). 
A Portaria SECEX 10/2010 prevê, em seu art. 79, que, no caso de subprodutos 
e resíduos não exportados, cujo montante não exceda 5% (cinco por cento) do 
produto importado, estes poderão ser desprezados, ou seja, não haverá cobrança 
de tributos sobre os mesmos. Isso vale para as todas as modalidades do regime. 
 O mesmo pode ocorrer com a produção. Pode ser que a empresa produza, com 
a matéria-prima importada, uma quantidade maior do que a prevista no ato 
concessório. Ela pode destinar ao mercado interno esse excesso? Sim. O 
excedente de mercadorias produzidas ao amparo do regime, em relação ao 
compromisso de exportação estabelecido no respectivo ato concessório, poderá ser 
consumido no mercado interno somente após o pagamento dos tributos 
suspensos dos correspondentes insumos ou produtos importados, com os 
acréscimos legais devidos (art 389, parágrafo único do RA). 
Então, as mercadorias admitidas no regime que, no todo ou em parte, deixarem 
de ser empregadas no processo produtivo de bens, ficam sujeitas, no caso de 
inadimplemento do compromisso de exportar, em até trinta dias do prazo fixado 
para exportação, à: 
a) devolução ao exterior ou reexportação; 
b) destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do interessado; 
c) destinação para consumo das mercadorias remanescentes, com o 
pagamento dos tributos suspensos e dos acréscimos legais devidos; ou 
d) entrega a Fazenda Nacional, livres de quaisquer despesas e ônus, desde 
que a autoridade aduaneira concorde em recebê-las. 
...... 
Conforme vimos, nesse último caso, há incidência de juros e multa de mora 
desde a data do registro da declaração de importação que amparou o regime de 
drawback. 
Em relação à alínea a, entendo que há uma imprecisão, uma vez que a 
mercadoria admitida no regime é importada a título definitivo. Portanto, seu 
retorno ao exterior seria uma exportação, e não uma devolução ou reexportação 
(retorno de mercadoria admitida no país temporariamente). Mas vale o que está na 
norma. 
Na hipótese de descumprimento das condições e dos requisitos estabelecidos, o 
regime poderá deixar de ser concedido nas importações subseqüentes, até o 
atendimento das exigências. 
DRAWBACK ISENÇÃO 
Vejamos a seguinte situação. Uma empresa industrial fabrica computadores e 
importa placas de vídeo, que são componentes. Depois de importar 500 placas de 
vídeo pagando tributos, ela recebe uma encomenda no exterior, resolve aceitar, e 
exporta 500 computadores para a Argentina, por exemplo. 
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E agora? Vimos que ela poderia ter solicitado o regime de drawback 
suspensão para importar as 500 placas sem pagar tributos. Mas não o fez. Ela não 
pretendia vender no mercado externo. Mas apareceu uma boa oportunidade e ela 
exportou. Será que o governo oferece alguma alternativa para esses casos? 
Sim. Uma das possibilidades é o drawback isenção. A outra é o drawback 
restituição. A legislação permite à empresa essas duas possibilidades de 
ressarcimento dos tributos pagos na importação dos insumos, visando conferir o 
mesmo tratamento às empresas que pleitearam o drawback suspensão. Ela pode: 
1) Pedir (ao DECEX) para importar mercadoria de mesma especificação com 
isenção de tributos; 
2) Pedir (à RFB) restituição de tributos pagos nos insumos utilizados em 
produto já exportado 
A concessão do regime, na modalidade de isenção, é de competência da 
Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). Se aplica à importação de mercadoria, 
em quantidade e qualidade equivalente à utilizada no beneficiamento, fabricação, 
complementação ou acondicionamento de produto exportado. No nosso exemplo, a 
empresa poderia solicitar a isenção para a importação de novo lote de 500 placas 
de vídeo, de mesma qualidade das que foram importadas anteriormente e 
aplicadas no processo produtivo dos computadores. 
Sabemos que o mercado de informática é muito dinâmico. E se, no momento de 
trazer um novo lote de placas com isenção, o modelo anterior tiver se tornado 
obsoleto, devido ao lançamento de uma nova placa de vídeo no mercado? A 
legislação previu esse fato. 
A Portaria SECEX 10/2010, em seu artigo 59, §2º, permite ainda que, desde que 
devidamente justificado, seja importada mercadoria equivalente, adequada à 
realidade tecnológica, com a mesma finalidade da originalmente importada, 
ficando o valor total da importação limitado ao valor da mercadoria substituída. 
Este sistema caracteriza-se como uma reposição de estoques de insumos 
utilizados na fabricação, complementação ou acondicionamento de produtos em 
quantidades e qualidades equivalentes aos já exportados. O detalhe é que os bens 
porventura importados com isenção nessa situação não precisam, 
necessariamente, ser utilizados na fabricação de produtos a serem exportados. 
A isenção se aplica a II / IPI / PIS / COFINS / AFRMM. 
E o Termo de Responsabilidade? Será exigido? Pra que serve o TR? Para garantir 
tributos suspensos em caso de inadimplemento de condições do regime. No caso no 
drawback isenção não há condição alguma. Concedeu, está concedido e pronto. È 
isenção, não é suspensão. Os tributos já foram pagos. Não há que se falar em 
termo de responsabilidade. 
E o prazo? Como funciona? A empresa ingressa com o pedido, onde informará 
as importações de matéria-prima onde os tributos foram pagos. As declarações de 
importação a serem informadas nesse processo não poderão possuir data de 
registro anterior a 2 (dois) anos da data de apresentação do respectivo Pedido 
de Drawback. 
Muito bem. Concedido o regime, será emitido um ato concessório, certo? Esse 
documento terá validade de um ano, a partir da sua emissão, prorrogável por mais 
um ano. Nesse período, a empresa poderá importar as mercadorias para reposição 
de estoque com isenção de tributos. 
No Regulamento Aduaneiro (art. 394), é exigido que no ato concessório conste: 
I – valor e especificação de mercadoria exportada; 
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II – especificação e classificação fiscal na NCM das mercadorias a serem 
importadas, com as quantidades e os valores respectivos, estabelecidos com base 
na mercadoria exportada; e 
III – valor unitário da mercadoria importada, utilizada no beneficiamento, 
fabricação, complementação ou acondicionamento da mercadoria exportada. 
Ao regulamentar essa exigência, a SECEX, no artigo 113 da Portaria SECEX 
10/2010, dispõe que a empresa deverá indicar a classificação na NCM, a descrição, 
a quantidade e o valor da mercadoria a ser importada e do produto exportado, em 
moeda de livre conversibilidade, dispensada a referência a preços unitários. 
O pedido poderá abranger produto exportado diretamente pela pleiteante – 
empresa industrial ou equiparada a industrial - , bem como fornecido no mercado 
interno à industrial-exportadora (drawback intermediário), quando cabível, ou 
ainda, produto destinado à venda no mercado interno com o fim específico de 
exportação (art. 114 da Portaria SECEX 10/2010); 
 
DRAWBACK RESTITUIÇÃO 
Vimos na situação acima que a empresa que importou insumos pagando 
tributos, e os utilizou na fabricação de produtos exportados, possui duas formas de 
tentar recuperar o valor desses tributos.São as modalidades drawback isenção e 
restituição. 
No nosso exemplo, a empresa solicitou a isenção de tributos para a importação 
de um novo lote de 500 placas, a título de reposição de estoque. Mas e se ela não 
tivesse mais nenhum interesse em importar placas de vídeo? Qual a alternativa? A 
legislação possibilita a restituição do tributo. 
A concessão do regime, na modalidade de restituição, é de competência da 
Receita Federal do Brasil (RFB), e poderá abranger, total ou parcialmente, os 
tributos (II / IPI / PIS / COFINS / AFRMM) pagos na importação de mercadoria 
exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou 
acondicionamento de outra exportada. 
Como vimos, essa modalidade é interessante quando o fabricante não teve 
oportunidade, interesse ou condições de requerer o regime de suspensão à época 
em que importou os insumos, quando recolheu os tributos devidos. 
Para usufruir do regime, o interessado deverá comprovar a exportação de 
produto em cujo beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento 
tenham sido utilizadas as mercadorias importadas. 
Há um detalhe (ruim para a empresa). Essa restituição não é necessariamente 
em dinheiro. Diz o Regulamento Aduaneiro, em seu artigo 398, que “a restituição 
do valor correspondente aos tributos poderá ser feita mediante crédito fiscal, a 
ser utilizado em qualquer importação posterior”. 
Reparem a diferença. Na isenção, a empresa pode importar a mesma quantidade 
da mercadoria ou de mercadoria equivalente sem pagar tributo. Já na 
restituição, a empresa recebe um crédito fiscal, que poderá ser utilizado em 
qualquer importação, de qualquer mercadoria. 
O prazo é que é muito mais curto que o da isenção. Para requerimento da 
restituição, a empresa tem somente 90 dias, contados da efetiva exportação 
(embarque) da mercadoria, prorrogável uma vez por igual período. 
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OPERAÇÕES ESPECIAIS DE DRAWBACK 
A Portaria SECEX 10/2010 prevê algumas situações onde também se aplica o 
regime. Vejamos apenas um resumo dos mesmos. São conhecidas como operações 
especiais de drawback: 
Drawback Genérico: Trata-se de um compromisso global de exportação, 
somente na modalidade suspensão, seja integrado, fornecimento ao mercado 
interno ou embarcação, onde devem ser discriminadas genericamente as 
mercadorias a importar e seus valores, ficando dispensada classificação na NCM e a 
quantidade na importação. No compromisso de exportação, deve ser assinalada a 
NCM, a descrição, a quantidade e valor total do produto a exportar. A 
discriminação genérica é dos insumos que serão importados, e não do produto final 
a exportar. 
Drawback sem cobertura cambial: Quando não há cobertura cambial (total 
ou parcial), na importação, ou seja, não há remessa de divisas ao exportador. 
Aplica-se somente na modalidade suspensão. É como se fosse uma exceção à 
regra geral do regime. A legislação não cita, mas depreende-se que a regra do 
regime é importação com cobertura cambial. O drawback sem cobertura é exceção, 
mas é permitido. Vale para integrado, fornecimento no mercado interno ou 
embarcação. O efetivo ingresso de moeda estrangeira, referente à exportação, 
corresponderá à diferença entre o valor total da exportação e o valor da parcela 
sem cobertura cambial da importação. 
Drawback Intermediário: Os fabricantes-intermediários podem importar ou 
adquirir no mercado interno com suspensão ou isenção para produzir e fornecer 
insumos às empresas industriais exportadoras, para emprego na industrialização de 
produto final destinado à exportação. 
Drawback Embarcação: Trata-se de importação de bens com isenção ou 
suspensão para industrialização de embarcação destinada ao mercado interno. 
Drawback para Fornecimento no Mercado Interno: Importação de insumos 
com suspensão para industrialização no País de equipamentos destinados a venda 
no mercado interno decorrente de licitação internacional, contra pagamento em 
moeda conversível proveniente de financiamento concedido por instituição 
financeira internacional, da qual o Brasil participe, ou por entidade governamental 
estrangeira ou, ainda, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, 
com recursos captados no exterior. 
Drawback Produtos Agrícolas ou Criação de Animais: aplicado 
exclusivamente na modalidade suspensão integrado, para importação ou compra no 
mercado interno, de insumos para cultivo dos produtos agrícolas ou na criação ou 
na captura dos animais para exportação, aplicável a: 
I – frutas, suco e polpa de frutas 
II – algodão não cardado nem penteado 
III – camarões 
IV – carnes e miudezas, comestíveis, de frango 
V – carnes e miudezas, comestíveis, de suínos 
 
OBSERVAÇÕES FINAIS 
Na concessão do regime de Drawback serão desprezados os subprodutos e os 
resíduos não exportados, quando seu montante não exceder de cinco por cento 
do valor do produto importado (art. 401 do RA). 
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Na hipótese de mercadoria isenta do imposto de importação ou cuja alíquota 
seja zero, poderá ser concedido o regime relativamente aos demais tributos 
devidos na importação (art. 402 do RA). 
O beneficiário do regime responde solidariamente pelas obrigações decorrentes 
da admissão de mercadorias no regime por outro beneficiário, com sua anuência, 
para execução de etapa de produção. Essa inovação foi introduzida pela Lei 
10.833/2003, em seu artigo 59, fazendo com que o regime abranja toda a cadeia 
de produção. Nesses casos, a aquisição de mercadoria nacional, por qualquer dos 
beneficiários, para incorporação ao produto exportável, será com suspensão de 
tributos. 
Segundo o artigo 68 da Portaria SECEX 10/2010, a mercadoria que se encontre 
no país sob o regime de drawback poderá ser transferida para outros regimes 
aduaneiros especiais, desde que seja realizada previamente à baixa (do termo de 
responsabilidade) no primeiro regime. 
As controvérsias relativas aos atos concessórios do regime de drawback serão 
dirimidas pela Receita Federal do Brasil e pela Secretaria de Comércio Exterior, no 
âmbito de suas competências. 
 
Veja pergunta de curso anterior: 
Pergunta: No drawback, nas hipóteses de extinção do regime, há o pagamento 
dos tributos que estavam suspensos? 
Resposta: Sim, o art. 390, I-c do RA diz que, se os bens não forem 
empregados em processo produtivo conforme estabelecido em ato concessório, o 
pagamento dos tributos suspensos e dos acréscimos será a providência a ser 
adotada para destinar para consumo as mercadorias importadas com suspensão. 
...... 
 
 
ENTREPOSTO ADUANEIRO 
O regulamento aduaneiro prevê, em seus artigos 404 a 419, as modalidades de: 
a) entreposto aduaneiro na importação; 
b) entreposto aduaneiro na exportação. 
 
ENTREPOSTO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO 
Imaginem a situação de uma empresa importadora que forneça rolamentos para 
diversos fabricantes de equipamentos mecânicos no Brasil. Essa empresa costuma 
receber muitos pedidos, de diversas cidades brasileiras. É interessante que ela 
mantenha um estoque no país, de variados tipos de rolamentos, para poder 
atender, com certa rapidez, aos pedidos dos clientes. Isso porque o processo de 
importação pode ser demorado, incluindo etapas que vão desde a negociação com 
o cliente, passando pelo embarque no exterior, até o desembaraço da mercadoria 
para importação. 
Pois bem. Acontece que, enquanto não houver pedido, esse fornecedor não 
recebe nada. E se ele quiser importar os rolamentos para manter em estoque, terá 
que, não só pagar ao exportador, como ainda recolher os tributos devidosna 
importação à Receita Federal. Será que vale a pena? 
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Para manter esses produtos perto da clientela no Brasil, sem ter de pagar ao 
exportador, a solução é trazer os bens em consignação, sem cobertura 
cambial. E quanto aos tributos? Para viabilizar essa operação, o governo criou o 
regime de entreposto aduaneiro na importação. 
Assim, essa empresa poderia trazer os rolamentos ao país, com suspensão de 
tributos, mas teria que manter os bens em recinto alfandegado de uso público. 
O que é mesmo um recinto alfandegado? É o local declarado pela autoridade 
aduaneira onde nele pode ocorrer, sob controle aduaneiro, movimentação, 
armazenagem, de despacho aduaneiro de mercadorias, procedentes ou destinadas 
ao exterior, inclusive sob regime aduaneiro especial (RA, art. 9º). 
E o que é recinto de uso público? É o local (alfandegado) onde não só o dono 
do mesmo pode depositar mercadorias como qualquer pessoa. É um armazém, um 
local para depósito de mercadorias de qualquer pessoa. 
Bom, então, quando a mercadoria está depositada em recinto alfandegado, é 
como se a Receita Federal estivesse sempre “de olho nela”. O local está sob 
controle aduaneiro. Há um fiel depositário, que fica responsável pela mercadoria e 
por prestar informações sobre localização, movimentação e ocorrências com as 
cargas sob sua custódia. Esse cara, o fiel depositário, é um funcionário da empresa 
permissionária do recinto. 
Voltando ao regime especial de entreposto aduaneiro na importação, e ao nosso 
exemplo, o referido distribuidor poderia então deixar sua mercadoria depositada em 
um desses recintos alfandegados, com os tributos suspensos, e à medida que os 
pedidos fossem saindo, ele iria retirando as mercadorias de lá. Como? Recolhendo 
os tributos e procedendo ao despacho para consumo, efetivando assim a 
nacionalização dos produtos. 
Enquanto a mercadoria permanecer no recinto, amparada pelo regime, ela é 
estrangeira, pois ainda não foi nacionalizada. 
Então, conforme o artigo 404 do regulamento aduaneiro, o regime de entreposto 
aduaneiro na importação é o que permite que mercadoria estrangeira possa ser 
armazenada em recinto alfandegado de uso público, com suspensão do pagamento 
dos impostos federais (II, IPI), do PIS e da COFINS, incidentes na importação. 
O regime permite, ainda, a permanência de mercadoria estrangeira em feira, 
congresso, mostra ou evento semelhante, realizado em recinto de uso privativo, 
previamente alfandegado para esse fim. Como assim? Mas mercadoria destinada a 
feira não é caso de admissão temporária? 
Vejam só. Uma empresa que queira trazer uma mercadoria para divulgar em 
uma feira no Brasil utilizará a admissão temporária, certo? Quando a mercadoria for 
desembaraçada, a empresa levará sua mercadoria, que ficará no país, sem controle 
aduaneiro. A Receita controla apenas o prazo. 
Agora vejamos outro exemplo. Uma empresa quer organizar uma feira de 
informática, e pretende que seu evento receba diversos produtos importados para 
exposição. A feira será realizada no Riocentro, no Rio de Janeiro. Ora, nesse caso, o 
promotor do evento deverá procurar a Receita Federal para alfandegar, em caráter 
precário, o local onde ocorrerá a feira. Por quê? 
Diversos produtos serão trazidos do exterior em consignação para a referida 
feira. Nesse caso o local será um entreposto. Ele ficará alfandegado, por um tempo, 
enquanto durar a feira. E lá dentro a mercadoria estará sob controle aduaneiro. O 
promotor do evento terá de manter registros sobre todas as entradas e saídas de 
produtos do estabelecimento. 
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Além das feiras, congressos e eventos semelhantes, pode-se aplicar o regime de 
entreposto aduaneiro na importação por meio da permanência de mercadoria 
estrangeira em: 
- instalações portuárias de uso privativo misto; 
- plataformas de petróleo e gás natural, contratadas por empresa sediada no 
exterior; 
- estaleiros navais e outras instalações industriais à beira-mar. 
Nos casos acima, a operação no regime depende de autorização da RFB. 
 
Beneficiário do regime 
Beneficiário é a pessoa (física ou jurídica) responsável pela colocação, ou seja, 
pelo depósito da mercadoria estrangeira no recinto. 
O consignatário da mercadoria entrepostada é o beneficiário por excelência, ou 
seja, a pessoa jurídica instalada no país indicada no conhecimento de carga de 
mercadoria oriunda do exterior. É a pessoa para quem o exportador enviou a 
mercadoria. 
Na hipótese de aplicação do regime de entreposto aduaneiro nos casos de feira, 
congresso ou evento semelhante, o beneficiário será o promotor do evento. 
Uma pessoa física poderá figurar como beneficiário do regime operado em porto 
seco, desde que investido da condição de agente de venda do exportador. 
E o próprio permissionário ou concessionário do recinto alfandegado? Poderá ser 
beneficiário do regime? Sim, quando a carga vier do exterior, tendo o mesmo como 
destinatário (consignatário). Nesse caso, a nacionalização da mercadoria deve ser 
realizada por pessoa distinta do beneficiário. Essa pessoa (empresa) que promover 
a nacionalização (despacho para consumo) do bem será o adquirente. 
Nesse último caso, como exemplo, a empresa permissionária de armazéns 
alfandegados GUARDA-TUDO S/A importa, em consignação, perfumes franceses, 
que permanecerão em seu depósito, sob o regime de entreposto aduaneiro na 
importação. Posteriormente, surge um comprador nacional, ABCD Ltda, que deve 
registrar uma declaração de nacionalização em seu nome, recolher os tributos, 
levar a mercadoria. E mais, essa nacionalização pode ser parcial. Ele não precisa 
levar tudo que está lá de uma vez. 
É beneficiário do regime também o contratado pela empresa sediada no exterior, 
nos casos de plataformas e estaleiros navais. 
 
Prazo do Regime 
O prazo de permanência da mercadoria no regime de entreposto aduaneiro na 
importação será de até um ano, prorrogável por período não superior, no total, a 
dois anos, contado da data do desembaraço aduaneiro de admissão. 
Em situações especiais, poderá ser concedida nova prorrogação, respeitado o 
limite máximo de três anos. 
No caso de a mercadoria permanecer em feira, congresso, mostra ou evento 
semelhante, o prazo de vigência será equivalente àquele estabelecido para o 
alfandegamento do recinto, iniciando trinta dias antes do começo da feira e 
encerrando trinta dias após o seu final. 
No caso de plataformas ou estaleiros navais, o regime será concedido pelo prazo 
previsto no contrato. 
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Formas de Extinção 
Como termina o regime de entreposto na importação? Bom, primeiramente, 
quem solicita esta extinção? Pode ser o próprio consignatário da carga (a pessoa 
que a trouxe do exterior) ou o adquirente no país (a pessoa que comprou a 
mercadoria do exportador). 
Decorridos quarenta e cinco dias do término do prazo de vigência do regime, a 
mercadoria será considerada abandonada. Por isso, dentro desse prazo, ela 
deverá ter uma das seguintes destinações: 
I - despacho para consumo; 
II - reexportação; 
III - exportação; ou 
IV - transferência para outro regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas 
especiais. 
A hipótese I contempla a nacionalização das mercadorias. Alguma empresa (o 
adquirente, que pode ser o próprio beneficiário do regime) registra uma declaração 
de consumo, recolhe os tributos e leva a mercadoria. Nesse caso, a mercadoria 
entrepostada deve ser compradapor esse adquirente diretamente do proprietário 
dos bens no exterior (o exportador). Essa modalidade de extinção destina o 
produto para o mercado interno (despacho para consumo). 
Na situação II a mercadoria retorna ao exterior sem ter sido nacionalizada no 
país. Como a mercadoria ainda era estrangeira, o seu retorno ao exterior é 
considerado uma reexportação. 
A destinação prevista no item III não se aplica a mercadorias admitidas no 
regime para permanência em feira, congresso, mostra ou evento semelhante. 
As hipóteses I e III contemplam a nacionalização da mercadoria. No despacho 
para consumo (item I), a mercadoria fica no país. Na exportação, a mercadoria é 
nacionalizada e posteriormente exportada (item III). 
Como regra, é condição para admissão no regime que a mercadoria seja 
importada sem cobertura cambial. Por que isso? A mercadoria vem em 
consignação ao país, fica no depósito, com tributos suspensos, e não perde a 
condição de estrangeira. 
Mas e se algum importador adquirir a mercadoria do exterior para 
posteriormente revendê-la a um terceiro país? Ora, se a mercadoria foi adquirida, 
então há cobertura cambial, certo? E a legislação permite que a mercadoria seja 
admitida no regime com cobertura cambial, desde que destinada a exportação. 
Isso está previsto nos artigos 407 do Regulamento Aduaneiro, e nos artigos 38, IV, 
e 30, §4º da IN/SRF 241/2002. Somente nesse caso a exportação é uma forma de 
extinção do regime (item III acima). Considero esse ponto ainda bastante polêmico 
no dia-a-dia da Receita Federal. 
 
ENTREPOSTO ADUANEIRO NA EXPORTAÇÃO 
Vimos que o entreposto aduaneiro na importação é interessante para situações 
em que um importador queira trazer bens ao país, em consignação, para 
permanência em um ponto de distribuição, de onde poderão ser despachados para 
consumo, ou seja, vendidos e nacionalizados, para adquirentes no país. É um 
regime que facilita a logística da empresa. 
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Vejamos a situação inversa. Um exportador brasileiro possui clientes em 
diversos países, na Ásia, na Europa, e na América do Norte. Dependendo do tipo de 
mercadoria, é interessante que ele mantenha estoques perto dos clientes finais, 
considerando a demora que normalmente ocorre entre o momento do pedido de 
uma importação e a efetiva chegada do produto. Então, o exportador brasileiro 
poderia manter estoques, sob o regime de consignação (exportação em 
consignação) nesses diversos países, aguardando as encomendas dos clientes. 
Ora, isso parece um pouco complicado e caro. A empresa teria que possuir um 
estoque muito grande, uma capacidade financeira enorme, para manter 
mercadorias espalhadas pelo mundo, em consignação, à espera de pedidos de 
compradores. Qual a solução, então? 
A solução seria manter essas mercadorias no Brasil, já apresentadas à Receita 
Federal, de modo que, no caso de uma encomenda do exterior, os trâmites 
aduaneiros fossem simples e a mercadoria já estivesse pronta para embarcar para 
o exterior. 
O regime de entreposto aduaneiro na exportação possibilita exatamente isso. Ele 
permite a armazenagem de mercadorias destinadas à exportação. 
São previstas as modalidades de regime comum e extraordinário. 
No regime comum, permite-se a armazenagem de mercadorias em recinto de 
uso público, com suspensão do pagamento de impostos federais, PIS e COFINS. O 
beneficiário é a empresa que depositar a mercadoria em recinto alfandegado. Qual 
a grande vantagem? A mercadoria sai do seu estabelecimento com suspensão de 
tributos federais que, nas vendas ao mercado interno, incidiriam normalmente (IPI, 
PIS, COFINS). 
O regime extraordinário é um pouco diferente. Uma empresa comercial 
exportadora (trading company) adquire (compra) o produto do fabricante. Essa 
transação (venda a uma trading) é considerada como uma exportação para efeitos 
fiscais, ou seja, há imunidade de tributos (IPI, PIS, COFINS e até ICMS). 
A mercadoria passa a ser de propriedade da empresa comercial exportadora. 
Então a mercadoria fica armazenada em recinto de uso privativo, com direito a 
utilização dos benefícios fiscais previstos para incentivo à exportação, antes do 
seu efetivo embarque para o exterior. 
O regime de entreposto aduaneiro na exportação, na modalidade extraordinário, 
somente poderá ser outorgado a empresa comercial exportadora, mediante 
autorização da Secretaria da Receita Federal. Nessa hipótese, mercadorias 
destinadas a embarque direto para o exterior, no prazo estabelecido pela 
autoridade aduaneira, poderão ficar armazenadas em local não alfandegado. 
Mas e se a exportação não vier a ocorrer? Nesse caso, como deixaram de ser 
pagos tributos na operação de venda do produtor para a trading, esta (a trading) 
assume o compromisso de recolhimento desses tributos que deixaram de ser 
pagos. 
Repararam a diferença entre o comum e o extraordinário? No comum, a 
mercadoria é depositada por um exportador, em recinto alfandegado público, sem 
estar vendida para ninguém. No regime extraordinário, a trading adquire o produto 
do fabricante. 
Mediante autorização da Receita Federal, o regime de entreposto aduaneiro na 
exportação poderá ser operado ainda em (art. 412): 
- instalações portuárias de uso privativo misto; 
- plataformas de petróleo e gás natural, contratadas por empresa sediada no 
exterior; 
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- estaleiros navais e outras instalações industriais à beira-mar. 
 
 
Concessão e Prazos 
No regime de entreposto aduaneiro na exportação, não há o desembaraço de 
exportação no momento da concessão do regime, visto que ainda não ocorreu uma 
venda ao exterior. A exportação encerrará o regime. Portanto, conta-se como 
termo inicial, ou seja, o regime subsiste: 
I - na modalidade de regime comum, a partir da data da entrada da 
mercadoria na unidade de armazenagem; e 
II - na modalidade de regime extraordinário, a partir da data da saída da 
mercadoria do estabelecimento do produtor-vendedor. Como ela sai para uma 
empresa comercial exportadora, essa saída é equiparada a uma exportação, para 
efeito de utilização dos incentivos fiscais previstos. 
............. 
A mercadoria poderá permanecer no regime de entreposto aduaneiro na 
exportação pelos seguintes prazos: 
I – no regime comum, por um ano, prorrogável por período não superior, no 
total, a dois anos. Em situações especiais, poderá ser concedida nova prorrogação, 
respeitado o limite máximo de três anos; e 
II – no regime extraordinário, por cento e oitenta dias. Dentro desse prazo, 
a mercadoria poderá ser admitida no regime de entreposto aduaneiro, na 
modalidade comum, quando passará a valer o prazo previsto no item I (um ano). 
 
Extinção do regime de entreposto na exportação 
Vimos que o regime não se inicia pelo desembaraço, exatamente porque a 
exportação ainda não ocorreu. Esta, por sua vez, encerra o regime. Mas qual seria 
a data considerada pela RFB como aceita para extinção do regime? Diz o artigo 415 
do RA que o início do despacho de exportação (registro da declaração de 
exportação no Siscomex) extingue o regime. 
Mas e se o beneficiário não conseguir um comprador no exterior para a 
mercadoria? Bom, aí, no regime comum, basta retornar com a mercadoria para o 
estoque da empresa. Se não houver esse retorno, deverão ser recolhidos os 
tributos suspensos. 
Mas e no regime extraordinário, onde a mercadoria foi vendida a uma 
empresa comercial exportadora, sem recolhimento de tributos federais? Nesse 
caso, o beneficiário (a trading) deverá ressarcir os benefícios fiscais fruídos em 
razão da admissão da mercadoria noregime. 
 
 
ASPECTOS COMUNS AO ENTREPOSTO NA IMPORTAÇÃO E NA 
EXPORTAÇÃO 
 
No regime de entreposto, a mercadoria fica armazenada sob controle aduaneiro. 
Como funciona esse controle? A Receita não mantém funcionários 
permanentemente controlando a entrada e saída de produtos do depósito. A 
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qualquer tempo, pode ser exigida a apresentação da mercadoria submetida ao 
regime de entreposto aduaneiro. Também podem ser cobrados do depositário os 
inventários necessários. 
E se a mercadoria sumir lá dentro? Ocorrendo extravio ou avaria de mercadoria 
submetida ao regime, o depositário responde pelo pagamento: 
I - dos tributos suspensos, da multa, de mora ou de ofício, e dos demais 
acréscimos legais cabíveis, quando se tratar de mercadoria submetida ao regime de 
entreposto aduaneiro na importação, ou na modalidade de regime comum, na 
exportação; e 
II - dos tributos que deixaram de ser pagos e dos benefícios fiscais de qualquer 
natureza acaso auferidos, da multa, de mora de ofício, e dos demais acréscimos 
legais cabíveis, no caso de mercadoria submetida ao regime de entreposto 
aduaneiro, na modalidade de regime extraordinário, na exportação. 
É vedada a admissão de mercadorias em entreposto (IN/SRF 241/2002, art. 17) 
a) cuja importação / exportação esteja proibida; 
b) de bem usado, exceto 
- peças para manutenção de aeronaves/embarcações 
- equipamentos eletrônicos para manutenção e retorno ao exterior 
c) importada com cobertura cambial, exceto destinada à exportação 
 
Sobre esse último aspecto, vale uma boa observação. O Regulamento Aduaneiro 
atual (Decreto 6.759/2009), em seu artigo 407, permite que o regime de 
entreposto aduaneiro na importação seja operado com mercadorias importadas 
com ou sem cobertura cambial. A IN/SRF 241/2002, que é anterior ao 
regulamento, prevê a possibilidade de importação para entreposto com cobertura 
cambial somente para mercadorias destinadas à exportação. 
Atualmente essa Instrução Normativa está sendo reformulada. Mas e para a 
prova? Bom, eu ficaria com as duas cartas na manga. Se vierem as assertivas: 
- Entreposto aduaneiro na importação pode ser com ou sem cobertura cambial 
(Verdadeiro). 
- Só é permitida importação para entreposto com cobertura cambial de 
mercadorias destinadas à exportação. (Verdadeiro). 
Na dúvida, vale a primeira opção, pois o Regulamento, além de ser um Decreto 
(6.759/2009), é posterior à IN/SRF 241/2002. 
....... 
No regime de entreposto fica dispensada a apresentação de termo de 
responsabilidade e garantia. Isso porque tem o fiel depositário, coisa que não 
ocorre na admissão temporária e no drawback. 
As mercadorias admitidas no regime entreposto aduaneiro na importação e na 
exportação poderão ser submetidas, ainda, às seguintes operações (art. 18 da 
IN/SRF 241/2002): 
I - etiquetagem e marcação, para atender a exigências do comprador 
estrangeiro; 
II - exposição, demonstração e teste de funcionamento; 
III - concernentes às operações de industrialização: 
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a) acondicionamento ou reacondicionamento; 
b) montagem; 
c) beneficiamento; 
d) recondicionamento; 
e) transformação, no caso de preparo de alimentos para consumo a bordo de 
aeronaves e embarcações utilizadas no transporte comercial internacional ou 
destinados a exportação. 
IV - manutenção ou reparo. 
...... 
Pois é. No entreposto podem ser autorizados até serviços de industrialização. 
Nos casos acima o credenciamento será concedido a título precário, podendo ser 
cancelado a qualquer tempo. 
O regime de entreposto aduaneiro, na importação e na exportação, será operado 
em porto seco, recinto alfandegado de uso público localizado em aeroporto ou 
porto organizado, instalação portuária de uso público ou instalação portuária de uso 
privativo misto, previamente credenciados pela Receita Federal. 
O regime poderá ser operado, ainda, em: 
I - recinto de uso privativo, alfandegado em caráter temporário para a exposição 
de mercadorias importadas em feira, congresso, mostra ou evento semelhante, 
concedido ao correspondente promotor do evento; e 
II - local não alfandegado, de uso privativo, para depósito de mercadoria 
destinada a embarque direto para o exterior, por empresa comercial exportadora. 
Nas situações em que o recinto alfandegado for credenciado para a realização de 
atividades de industrialização, receberá as seguintes denominações: 
I – aeroporto industrial, se localizado em aeroporto; 
II – plataforma portuária industrial, se localizado em porto organizado ou 
instalação portuária; ou 
III – porto seco industrial, se localizado em porto seco. 
 
Veja a pergunta abaixo de curso anterior: 
 
Pergunta: Olá professor! No caso do regime de ENTREPOSTO ADUANEIRO NA 
EXPORTAÇÃO não entendi uma coisa: como pode, no regime comum, a mercadoria 
sair do estabelecimento do beneficiário com suspensão de tributos federais (que 
inicidiriam normalmente nas vendas internas) e o termo inicial do regime ser 
considerado a data de ENTRADA da mercadoria na unidade de armazenagem? O 
termo inicial não deveria ser a própria data da saída da mercadoria do 
estabelecimento do beneficiário?! 
 
Resposta: Concordo que parece um pouco esquisito sim. Inclusive, quando a 
mercadoria sai do estabelecimento com suspensão de tributos, ainda não está 
amparada por um regime aduaneiro especial. Trata-se de mercadoria nacional 
circulando pelo país. O controle, portanto, é tratado pelo RIPI (Regulamento do 
IPI), por meio das notas fiscais de entrada e de saída, mas é melhor não entrarmos 
nessa questão... 
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O regime suspensivo de entreposto aduaneiro na exportação, na modalidade 
comum, só inicia mesmo quando a mercadoria é colocada no armazém. 
 
............ 
 
Pergunta: Caro Professor, no regime entreposto aduaneiro na exportação 
somente é possível a operação com cobertura cambial? 
Resposta: A previsão de utilização do regime de entreposto com cobertura 
cambial foi uma inovação do Regulamento Aduaneiro de 2009 (Decreto 
6.759/2009). Está prevista no art. 407, na parte referente ao Entreposto Aduaneiro 
na Importação. Na IN/SRF 241/2002, há previsão de cobertura cambial para 
mercadoria destinada à exportação. 
Assim, como a previsão do RA de cobertura cambial está na parte de entreposto 
aduaneiro na importação, é de se supor que, em princípio, se aplique somente 
nesse caso, e não no entreposto na exportação. Até porque, se uma mercadoria 
nacional for vendida para pessoa no exterior, deveria ser utilizado o regime de 
DAC, para usufruir de todos os benefícios de uma exportação. 
.......... 
 
ENTREPOSTO INDUSTRIAL SOB CONTROLE INFORMATIZADO (RECOF) 
 
Anteriormente ao Regulamento Aduaneiro de 2002, existia o regime de 
entreposto industrial. Isso porque, desde o Decreto 4.543/2002, posteriormente 
revogado pelo atual Regulamento Aduaneiro – Decreto 6.759/2009 - RA/2009), 
essa modalidade de regime especial passou a existir somente na condição de 
controle informatizado. Assim, não existe mais o entreposto industrial puro, mas 
sim o entreposto industrial sob controle aduaneiro informatizado (Recof), 
apesar de, na base legal (Decreto-lei 37/66), ainda constar a modalidade 
“entreposto industrial”. O Recof está previsto nos artigos 420 a 426 do RA, assim 
como na IN/RFB 757/2007, com alterações posteriores. Procuraremos expor os 
pontos mais importantes dessas normas nessaaula. 
E do que se trata esse tal de Recof? Esse regime permite que a empresa 
importe, com ou sem cobertura cambial, e com suspensão do pagamento de 
tributos, mercadorias que, depois de submetidas a operação de industrialização, 
sejam destinadas a exportação. 
Parte da mercadoria admitida no regime, no estado em que foi importada ou 
depois de submetida a processo de industrialização, poderá ser despachada para 
consumo. 
Ora, esse negócio de importar com suspensão de tributos para fabricar uma 
mercadoria e destinar para a exportação não parece o drawback? Sim, parece 
muito. Então qual é a diferença? Lembrem-se, no drawback o beneficiário solicita o 
regime à DECEX e apresenta um plano de exportação em cada pedido, leva a 
mercadoria para o seu estabelecimento, e a Receita Federal não fica controlando 
entrada e saída de produtos no seu depósito, nem por processo informatizado. O 
controle, no drawback, se dá pela comprovação de exportações efetivadas. Aliás, 
quem concede o Recof é a Receita Federal. 
E no Recof? Bom, quando a empresa exporta muito, mas muito mesmo, como é 
o caso de montadoras de automóveis, por exemplo, ao invés de pedir o regime de 
drawback toda hora, a legislação possibilitou que a empresa faça isso sempre 
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(importar com suspensão para depois exportar), e mantenha controle 
informatizado de suas entradas e saídas. É o caso de grandes empresas, como 
Honda, Renault, Caterpillar, Embraer, Siemens e outras. 
No Recof, também podem ser adquiridas mercadorias no mercado interno, 
com suspensão de tributos, para compor o processo produtivo. Isso se assemelha 
ao drawback verde e amarelo. 
Outra característica interessante do Recof é a destinação para o mercado 
interno de parte da sua produção. No drawback, isso também é possível, desde 
que o beneficiário recolha os tributos, com juros e multa. No Recof, basta recolher 
os tributos. 
Por outro lado, o Recof somente é concedido para ramos específicos de 
industrias, contemplando basicamente os setores automotivo, de informática, 
telecomunicações, semicondutores e aeronáutico. No drawback, não há essa 
limitação. Um fabricante de móveis pode utilizar o drawback, mas não pode se 
habilitar no Recof. 
Já deu pra perceber que a Receita não vai habilitar qualquer “empresinha” no 
Recof, uma vez que o controle sobre a destinação das mercadorias com tributos 
suspensos é feito pela via informatizada. São exigidos alguns requisitos “pesados” 
para habilitação no regime, dentre eles possuir um patrimônio líquido igual ou 
superior a R$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais) e habilitação prévia no 
Despacho Aduaneiro Expresso, conhecido como Linha Azul. 
Conforme o artigo 6º da IN/RFB 757/2007, a empresa precisa cumprir duas 
condições para se manter no regime: 
 
“Art. 6º A manutenção da habilitação da empresa ao regime 
ficará condicionada às obrigações de: 
I - exportar produtos industrializados, com a utilização de 
mercadorias estrangeiras admitidas no regime, no valor 
mínimo anual equivalente a cinqüenta por cento do valor 
total das mercadorias importadas ao amparo do regime, no 
mesmo período, e não inferior a: 
a) US$ 10.000.000,00 (dez milhões de dólares dos Estados 
Unidos da América), para as empresas habilitadas às 
modalidade Recof Informática e Recof Semicondutores; e 
b) US$ 20.000.000,00 (vinte milhões de dólares dos 
Estados Unidos da América), para as empresas habilitadas às 
demais modalidades; e 
II - aplicar, anualmente, pelo menos oitenta por cento das 
mercadorias estrangeiras admitidas no regime na produção 
dos bens que industrializar. 
....” 
 
 
Assim, para se manter no regime, a empresa tem que exportar o valor mínimo 
anual de dez milhões de dólares, para informática ou semicondutores, ou vinte 
milhões de dólares, para os demais ramos, com utilização de metade dos produtos 
importados com suspensão no ano. Repetindo: metade do que foi importado sem 
pagar tributos tem de ser utilizada na produção das mercadorias exportadas. 
Além disso, pelo menos oitenta por cento dos produtos importados (em 
relação ao valor aduaneiro) deve ser utilizada na produção. Essa última condição é 
importante porque, no Recof, é possível que uma mercadoria seja importada com 
suspensão, e posteriormente despachada para consumo, no mesmo estado em que 
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foi importada. Porém, como o objetivo do regime é o incentivo à exportação de 
produtos industrializados, é óbvio que a empresa não poderá fazer isso com todos 
os produtos importados (apenas com 20%). 
Esse mínimo de 80% pode ser reduzido para: 
a) 75%, se a empresa exportar US$ 50.000.000,00; e 
b) 70%, se a empresa exportar US$ 100.000.000,00. 
A lógica é: quanto mais exportar, maior será o percentual (25% ou 30%) de 
mercadorias importadas com suspensão que não precisará ser utilizada no 
processo produtivo. Essas mercadorias poderão ser destinadas (vendidas) no 
mercado interno ou exportadas, no estado em que foram importadas. 
 
Autorização para Operar no Regime 
Como vimos, a autorização para operar no regime é de competência da 
Secretaria da Receita Federal do Brasil, e poderá ser cancelada ou suspensa a 
qualquer tempo, nos casos de descumprimento das condições estabelecidas. 
Resumindo, a Receita estabeleceu condições para essa habilitação, quais sejam: 
I - as mercadorias que poderão ser admitidas no regime; 
II - as operações de industrialização autorizadas; 
III - o percentual de tolerância, para efeito de exclusão da responsabilidade 
tributária do beneficiário, no caso de perda inevitável no processo produtivo; 
IV - o percentual mínimo da produção destinada ao mercado externo; 
V - o percentual máximo de mercadorias importadas destinadas ao mercado 
interno no estado em que foram importadas; e 
VI - o valor mínimo de exportações anuais. 
............ 
Vejamos uma situação. A montadora de veículos produz e exporta veículos, 
certo? Mas será que ela produz as rodas? E os pneus? E o som? Bom, nesse caso, 
se esses produtos são fornecidos por outra indústria, que também utiliza insumos 
importados, então a montadora pode solicitar a co-habilitação no Recof do 
fornecedor industrial de partes e peças. Este (o fornecedor) será enquadrado na 
qualidade de responsável solidário pelos tributos suspensos. As peças serão 
encaminhadas à montadora, que complementará a produção, e posteriormente 
exportará o produto final. 
 
Prazo e Aplicação do Regime 
O prazo de suspensão do pagamento dos tributos incidentes na importação será 
de até um ano, prorrogável por período não superior a um ano. Esse prazo 
começa a contar quando da admissão da mercadoria no regime. A partir dessa 
data, ou seja, do desembaraço aduaneiro para admissão no regime, a empresa 
beneficiária responderá pela custódia e guarda das mercadorias na condição de fiel 
depositária. 
 
Disposições Finais 
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Podem ser admitidas no Recof mercadorias transferidas de outro regime, mas 
não no sentido inverso, ou seja, não dá pra ela entrar como Recof e sair para 
admissão temporária, por exemplo. 
As importações ao amparo do regime promovidas por pessoa jurídica habilitada 
estarão sujeitas ao tratamento de Linha Azul. O que é isso? Resumidamente, é um 
tratamento diferenciado que a Receita Federal propicia a determinadas empresas, 
em determinadas situações (por exemplo, no Recof) onde as declarações de 
importação são direcionadas preferencialmentepara o canal verde de conferência, 
e o despacho é concluído em um prazo de 4 a 6 horas. 
As mercadorias admitidas no regime podem ser armazenadas em porto seco ou 
em depósito fechado do próprio contribuinte. 
O regime será extinto por meio de uma das providências abaixo, em relação à 
mercadoria (art. 29 da IN/RFB 757/2007): 
I - exportação: 
a) de produto no qual a mercadoria, nacional ou estrangeira, admitida no regime 
tenha sido incorporada; 
b) da mercadoria estrangeira no estado em que foi importada; ou 
c) da mercadoria nacional no estado em que foi admitida; 
II - reexportação da mercadoria estrangeira admitida no regime sem cobertura 
cambial; 
III - transferência de mercadoria para outro beneficiário, a qualquer título; 
IV - despacho para consumo: 
a) das mercadorias estrangeiras admitidas no regime e incorporadas a produto 
industrializado ao amparo do regime; ou 
b) da mercadoria estrangeira no estado em que foi importada; 
V - destruição, sem o recolhimento dos tributos devidos, às expensas do 
interessado e sob controle aduaneiro, na hipótese de mercadoria importada sem 
cobertura cambial; ou 
VI - retorno ao mercado interno de mercadoria nacional, no estado em que foi 
admitida no regime, ou após incorporação a produto acabado, observado o disposto 
na legislação específica. 
...... 
Resumindo, no Recof podem ser admitidas mercadorias importadas ou 
adquiridas no mercado interno com suspensão de tributos. As importações podem 
ser com ou sem cobertura cambial. As mercadorias devem ser utilizadas no 
processo produtivo, e uma grande parte destinada à exportação. Tanto a 
mercadoria importada quando a nacional podem retornar do jeito que entraram, ou 
seja, sem sofrer industrialização. Ao final do período, a Receita Federal, por meio 
de controle informatizado, apurará qual o percentual de utilização dos 
importados no processo produtivo, quanto dessa produção foi exportada e se os 
valores mínimos foram cumpridos. 
Ao fim do prazo de permanência da mercadoria no regime, a Receita apurará, 
em relação ao estoque, os tributos suspensos, que serão então exigidos juntamente 
com os acréscimos legais cabíveis. 
 ........... 
 
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Veja pergunta de curso anterior: 
Pergunta: Professor, estou com algumas duvidas e vou fazer varias perguntas 
para saber se meu entendimento está certo,ta?.....no RECOF existe uma % minima 
da produção para o mercado externo e máxima para o mercado interno correto? 
Então não há acréscimos legais nessa parte que se destina ao mercado interno 
quando despacho para consumo? Somente são cobrados os tributos suspensos? 
Posso dizer que essa é uma das diferenças entre o drawback e o RECOF, porque no 
drawback quando parte da produção é para o mercado interno existem os 
acréscimos legais? 
 
 Resposta: Tudo que você falou está certo. Essa é mesmo uma das diferenças 
entre o drawback e o Recof. Outra grande é que no drawback tem que haver 
solicitação para cada lote de importações / exportações. No Recof a concessão é 
por atacado. Não precisa ficar pedindo caso a caso. Por isso ele fica mais destinado 
para grandes exportadores. 
 
....... 
 
EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA 
 
Na aula anterior, estudamos o regime de admissão temporária, aplicável para 
mercadoria estrangeira, que vem ao país sem cobertura cambial, para permanecer 
por prazo determinado, e depois retornar ao exterior ou ser despachada para 
consumo (nacionalizada). É o caso de mercadoria trazida para feiras, eventos 
esportivos, testes etc. 
E no sentido inverso? E se uma empresa brasileira quiser expor sua mercadoria 
(sem vendê-la a ninguém) em uma feira em Hamburgo, na Alemanha, por 
exemplo? E se você, cidadão comum, sair do país com seu veículo? Nessas 
situações, será que haverá cobrança de tributos quando do retorno das 
mercadorias ao país? Para que não ocorra essa incidência de tributos no retorno ao 
país em situações como essas, existe o regime especial de exportação 
temporária. É como se fosse a admissão temporária, só que no sentido inverso. 
O regime de exportação temporária é o que permite a saída, do País, com 
suspensão do pagamento do imposto de exportação, de mercadoria nacional ou 
nacionalizada, condicionada à reimportação em prazo determinado, no mesmo 
estado em que foi exportada. Portanto, o regime de exportação temporária é 
análogo ao regime de admissão temporária, sendo que este último se aplica na 
importação. 
Reimportação é o retorno de mercadoria exportada temporariamente. 
Recordando: fez admissão temporária ou entreposto aduaneiro (sem cobertura 
cambial)? O retorno ao exterior é chamado de reexportação. 
Por outro lado: fez exportação temporária? O retorno ao país é chamado de 
reimportação. 
Então, o imposto de exportação, quando incidente, fica suspenso na saída da 
mercadoria para o exterior em exportação temporária. Nesse caso, há necessidade 
de assinatura de um termo de responsabilidade, por parte do exportador, para 
garantia do imposto de exportação suspenso, sem necessidade de garantia. Mas 
quase nunca tem imposto de exportação. Então qual é a grande vantagem do 
regime? É que se ele não existisse, quando a mercadoria retornasse do exterior (da 
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feira, por exemplo), teria que pagar tributo, como regra. Mas já vimos que no 
retorno de bens exportados temporariamente (reimportação) não incidem tributos 
(II, IPI, PIS e COFINS). 
Assim como na admissão temporária, a exportação temporária se caracteriza por 
ser uma operação sem cobertura cambial. Se houve pagamento pela mercadoria, 
não pode ser exportação temporária. 
O detalhe é que a mercadoria tem que retornar no mesmo estado em que saiu 
do país. Esse é o propósito do regime. Há previsão de saída temporária do bem 
onde este seja industrializado e depois retorne? Sim, mas aí se trata de outro 
regime, o de exportação temporária para aperfeiçoamento passivo. 
Ambos os regimes estão previstos nos artigos 431 e seguintes do RA e na 
IN/SRF 319/2003. 
 
BENS A QUE SE APLICA O REGIME 
A referida instrução normativa relacionou os bens a que se aplica o regime, 
lembrando que, se a exportação definitiva de uma mercadoria estiver proibida, não 
será permitida a exportação temporária da mesma, exceto nos casos em que haja 
autorização do órgão competente. 
Bom, não creio que seja necessário decorar essa lista, mas uma passada de 
olhos é sempre bom, para ilustrar. Diz a IN/SRF 319/2003: 
 
“Art. 2º O regime aplica-se a bens destinados a: 
I - feiras, exposições, congressos ou outros eventos 
científicos ou técnicos; 
II - espetáculos, exposições e outros eventos artísticos ou 
culturais; 
III - competições ou exibições esportivas; 
IV - feiras ou exposições comerciais ou industriais; 
V - promoção comercial, inclusive amostras sem 
destinação comercial e mostruários de representantes 
comerciais; 
VI - execução de contrato de arrendamento operacional, 
de aluguel, de empréstimo ou de prestação de serviços, no 
exterior; 
VII - prestação de assistência técnica a produtos 
exportados, em virtude de termos de garantia; 
 
VIII - atividades temporárias de interesse da 
agropecuária, inclusive animais para feiras ou exposições, 
pastoreio, trabalho, cobertura ou cuidados da medicina 
veterinária; 
IX - emprego militar e apoio logístico às tropas brasileiras 
designadas para integrar força de paz em território 
estrangeiro; 
X - a assistência e salvamento em situações de 
calamidade ou de acidentes de que decorra dano ou ameaça 
de dano à coletividade ou ao meio ambiente; e

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