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Aula 01 Direito Penal

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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL 
TEORIA E EXERCÍCIOS 
PROFESSOR PEDRO IVO 
www.pontodosconcursos.com.br 1
AULA 01 – APLICABILIDADE DA LEI PENAL
Concurseiros de todo Brasil, sejam bem vindos! 
Hoje trataremos de um tema importantíssimo, presente em praticamente todas as provas 
de direito penal. Estudaremos como a lei penal é aplicada e verificaremos como as 
bancas costumam exigir o assunto em prova. 
Dito isto, vamos começar! 
Bons estudos!!! 
************************************************************************ 
1.1 LEI PENAL 
 
 1.1.1 CONCEITO
A lei penal é a fonte formal imediata do Direito Penal e é classificada pela doutrina 
majoritária em incriminadora e não incriminadora. 
Dizemos ser incriminadoras aquelas que criam crimes e cominam penas como, por 
exemplo: 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Sua estrutura apresenta dois preceitos, um primário (que expõe a conduta) e um 
secundário (que determina a pena): 
Diferentemente, as leis penais não incriminadoras são as que não criam delitos e 
nem cominam penas, e subdividem-se em (citarei só o que importa para sua PROVA): 
• PERMISSIVAS ? Autorizam a prática de condutas típicas. Exemplo: Art. 23 do 
CP. 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
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I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de 
direito. 
 
• EXCULPANTES ? Estabelecem a não culpabilidade do agente ou caracteriza 
a impunidade de algum crime. Observe: 
 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer 
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do 
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
[...] 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à 
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de 
metade a pena imposta. 
 
• INTERPRETATIVAS ? Explicam determinado conceito, tornando clara a sua 
aplicabilidade. É o caso do artigo 327 do CP, que explica o conceito de 
funcionário público para fins penais: 
 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, 
embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública. 
 
Resumindo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEI PENAL 
NÃO 
INCRIMINADORA 
INCRIMINADORA 
PRECEITO 
PRIMÁRIO 
+ 
PRECEITO 
SECUNDÁRIO 
PERMISSIVA 
 
EXCULPANTE 
 
INTERPRETATIVA 
 
 
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 1.1.2 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
A palavra interpretação não pertence exclusivamente aos estudiosos do direito. Ao 
contrário, é empregada com freqüência nos múltiplos ramos do conhecimento e na 
própria vida comum. 
Há sempre alguém que traduz o pensamento de seus pares, de seus companheiros. E 
os homens parecem gostar da interpretação, porque mexe com o raciocínio, quebra a 
monotonia, empolga. 
É fácil, pois, compreender que o significado trivial do termo não sofreria radicais 
transformações no campo do direito. Interpretar é explicar, é precisar, é revelar o 
sentido. E outra coisa não se faz ao se interpretar um preceito legal como medida 
indiscutivelmente útil e necessária. 
Quando pegamos um livro de Direito Penal, verificamos que existem diversas formas 
de interpretação das leis penais, tais como: Autêntica, judicial, doutrinária, gramatical, 
etc. 
Para a sua PROVA, não é necessário o conhecimento das formas interpretativas, mas 
será imprescindível que você saiba o conceito e as características da ANALOGIA que, 
embora não seja uma forma interpretativa, funciona integrando a lei penal. Sendo 
assim, vamos estudá-la: 
 1.1.2.1 ANALOGIA
A analogia jurídica consiste em aplicar a um caso não previsto pelo legislador a 
norma que rege caso análogo, semelhante. Por exemplo, a aplicação de 
dispositivo referente à empresa jornalística a uma firma dedicada à edição de livros 
e revistas. 
A analogia não diz respeito à interpretação jurídica propriamente dita, mas à 
integração da lei, pois sua finalidade é justamente suprir lacunas desta. 
A analogia se apresenta nas seguintes espécies: 
• Analogia in malam partem ? É aquela em que se supre a lacuna legal com 
algum dispositivo prejudicial ao réu. Isto não é possível no nosso ordenamento 
jurídico e desta forma já se pronunciou o STJ e o STF. Observe: 
STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 956876 RS 2007/0124539-5 
Não cabe ao Julgador aplicar uma norma, por assemelhação, em 
substituição a outra validamente existente, simplesmente por entender 
que o legislador deveria ter regulado a situação de forma diversa da 
que adotou; não se pode, por analogia, criar sanção que o sistema 
legal não haja determinado, sob pena de violação do princípio da 
reserva legal.
 
 
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• Analogia in bonam partem ? Neste caso, aplica-se ao caso omisso uma norma 
favorável ao réu. Este tipo de analogia é aceito em nosso ordenamento jurídico 
e desta for 
• ma já se pronunciou o STF em diversos julgados: 
1.2 LEI PENAL NO TEMPO 
A lei penal, assim como qualquer outro dispositivo legal, passa por um processo 
legislativo, ingressa no nosso ordenamento jurídico e vigora até a sua revogação, que 
nada mais é do que a retirada da vigência de uma lei. 
Entretanto, mais propriamente na esfera do Direito Penal, temos diversas situações em 
que a revogação de uma lei instaura uma situação de claro conflito que, obviamente, 
precisa ser sanado. 
Antes de verificarmos estes conflitos, caro aluno, é importante, mas MUITO 
IMPORTANTE MESMO, que tenhamos em mente que a regra geral no Direito Penal é a 
da prevalência da lei que se encontrava em vigor quando da prática do fato, ou seja, 
aplica-se a LEI VIGENTE quando da prática da conduta – Princípio do “TEMPUS REGIT 
ACTUM” 
Sendo assim, devemos sempre lembrar que: 
STF - INQUÉRITO: Inq 1145 PB – 19.12.2006 
Não é possível abranger como criminosas condutas que não tenham 
pertinência em relação à conformação estrita do enunciado penal. 
Não se pode pretender a aplicação da analogia para abarcar hipótese 
não mencionada no dispositivo legal (analogia in malam partem). 
Deve-se adotar o fundamento constitucional do princípio da legalidade 
na esfera penal. Por mais reprovável que seja a lamentável prática da 
"cola eletrônica", a persecução penal não pode ser legitimamente 
instaurada sem o atendimento mínimo dos direitos e garantias 
constitucionais vigentes em nosso Estado Democrático de Direito.
HC/97676 - HABEAS CORPUS – 03/08/2009 
Assim, é perfeitamente aplicável a analogia in bonam partem, a fim de 
extinguir a punibilidade do réu, garantindo-se a aplicação do princípio 
da isonomia, pois é defeso ao julgador conferir tratamento diverso a 
situações equivalentes. 
 
 
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“Mas professooor.... Eu escuto falar tanto em retroagir para beneficiar o réu...Não é 
esta a regra geral??? “ 
A resposta é negativa e na pergunta acima temos uma das várias exceções que, a 
partir de agora, vamos tratar: 
 1.2.1 NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA
Novatio legis incriminadora ocorre quando um indiferentepenal (conduta 
considerada lícita frente à legislação penal) passa a ser considerado crime pela lei 
posterior. A lei que incrimina novos fatos é irretroativa, uma vez que prejudica o 
sujeito. 
 Para exemplificar, imaginemos que é criada uma lei para criminalizar o fato de 
concurseiros “ficarem vendo Big Brother Brasil ao invés de estudar para a prova da 
CGU”. Essa lei vai poder atingir a minha época de estudos? Claro que não, pois, 
com base na Constituição Federal, não retroagirá. 
Art. 5º 
[...] 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
1.2.2 LEI PENAL MAIS GRAVE – LEX GRAVIOR 
Aqui não temos a tipificação de uma conduta antes descriminalizada, mas sim a 
aplicação de tratamento mais rigoroso a um fato já constante como delito. Para 
esta situação também não há que se falar em retroatividade, pois, conforme já 
tratamos: 
REGRA GERAL: A LEI PENAL INCIDE SOBRE 
FATOS OCORRIDOS DURANTE A SUA 
VIGÊNCIA (TEMPUS REGIT ACTUM). 
TEMPUS REGIT ACTUM: É O NOME DO PRINCÍPIO QUE 
REGE A APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO. 
ENUNCIADO: A LEI PENAL INCIDE SOBRE FATOS 
OCORRIDOS DURANTE A SUA VIGÊNCIA. 
SE MAIS GRAVE A LEI, TERÁ APLICAÇÃO APENAS A FATOS 
POSTERIORES À SUA ENTRADA EM VIGOR. JAMAIS 
RETROAGIRÁ, CONFORME DETERMINAÇÃO CONSTITUCIONAL. 
 
 
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 1.2.3 ABOLITIO CRIMINIS
O instituto da abolitio criminis ocorre quando uma lei nova trata como lícito fato 
anteriormente tido como criminoso, ou melhor, quando a lei nova descriminaliza 
fato que era considerado infração penal. 
Encontra embasamento no artigo 2º do Código Penal, que dispõe da seguinte 
forma: 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais 
da sentença condenatória. 
Não se confunde a descriminalização com a despenalização, haja vista a primeira 
delas retirar o caráter ilícito do fato, enquanto que a outra é o conjunto de medidas 
que visam eliminar ou suavizar a pena de prisão. Assim, na despenalização o 
crime ainda é considerado um delito. 
Segundo os princípios que regem a lei penal no tempo, a lei abolicionista é norma 
penal retroativa, atingindo fatos pretéritos, ainda que acobertados pelo manto da 
coisa julgada. Isto porque o respeito à coisa julgada é uma garantia do cidadão em 
face do Estado. Logo, a lei posterior só não pode retroagir se for prejudicial ao réu. 
Entende a maioria da doutrina, inclusive o Supremo Tribunal Federal, que é 
perfeitamente possível abolitio criminis por meio de medida provisória. Cite-se 
como exemplo o Recurso Extraordinário nº. 254.818, cujo Relator foi o Ministro 
Sepúlveda Pertence. 
Coisa julgada é a qualidade conferida à 
sentença judicial contra a qual não cabem 
mais recursos, tornando-a imutável e 
indiscutível. 
STF - RECURSO EXTRAORDINÁRIO: RE 254818 PR 
Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída 
pela doutrina consensual - da interpretação sistemática da 
Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas, 
assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance, 
extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de 
pena ou de extinção de punibilidade.
 
 
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Para finalizar, exemplo claro de abolitio criminis em nosso ordenamento jurídico foi o 
que aconteceu com o adultério, que desde 2005 não é mais considerado crime. 
 1.2.4 LEI PENAL MAIS BENÉFICA
Imaginemos que Tício cometeu um delito. Meses depois, após sua condenação 
transitada em julgado, a lei penal é modificada, tornando-se mais benéfica. Para este 
caso, ela retroagirá? 
Para obter a resposta, caro aluno, você deve verificar o parágrafo único do artigo 2º do 
Código Penal, que dispõe: 
Art. 2º 
[...] 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o 
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado. 
Para ficar bem claro, vamos aplicar o regramento legal em um caso prático: 
Em 2006 tivemos o advento da lei nº. 11.343, conhecida como lei de Drogas. Até 
então, caso determinado indivíduo fosse encontrado com drogas, mesmo para 
consumo próprio, estaria cometendo um crime e poderia, inclusive, ser preso. 
A nova lei veio despenalizar a conduta, ou seja, hoje, se um indivíduo estiver com 
drogas para consumo pessoal, não pode ser preso. 
O que fazer então com aqueles que haviam sido presos? 
Exatamente isso, ou seja...Abrir as portas para todos eles!!! 
Atenção agora, caro aluno, para um importante detalhe. Tratamos que a lei mais 
favorável é RETROATIVA. Sendo assim, somente podemos falar em 
RETROATIVIDADE quando lei posterior for mais benéfica ao agente, em comparação 
àquela que estava em vigor quando o crime foi praticado. 
Observe: 
A RETROATIVIDADE É AUTOMÁTICA, 
DISPENSA CLÁUSULA EXPRESSA E 
ALCANÇA INCLUSIVE OS FATOS 
DEFINITIVAMENTE JULGADOS! 
 
 
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Mas agora imaginemos que Mévio comete um delito sob a égide de uma LEI “A”. 
Meses depois uma LEI “B” revoga a LEI “A”, trazendo regras mais gravosas ao crime 
cometido por Mévio. O que fazer neste caso? 
Para esta situação, em que um delito é praticado durante a vigência de uma lei que 
posteriormente é revogada por outra prejudicial ao agente, ocorrerá a 
ULTRATIVIDADE da lei. 
Quando se diz que uma lei penal é dotada de ultratividade, quer-se afirmar que ela, 
apesar de não mais vigente, continua a vincular os fatos anteriores à sua saída do 
sistema. 
 
 
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 1.2.5 LEI PENAL TEMPORÁRIA E LEI PENAL EXCEPCIONAL
Caro aluno, vimos até agora que a lei penal retroage para beneficiar o réu. Mas 
imagine a seguinte situação. Uma lei é editada atribuindo penalização de reclusão de 
5 a 8 anos para os indivíduos que gastem uma quantidade de água superior a 300 
litros por mês durante certo período de racionamento. Esta lei entra em vigor em 01 de 
janeiro de 2010 e termina em 31 de dezembro do mesmo ano. 
Tício, no mês de outubro do supracitado ano, durante a vigência da lei, gasta 500 litros 
de água e tal fato só é descoberto no dia 29 de dezembro. Para este caso, dará tempo 
de ele ser condenado? E se for, no dia 1º de janeiro teremos a abolitio criminis? 
Para responder a estas perguntas e evitar situações absurdas que tirariam o sentido 
de determinadas leis, dispõe o Código Penal: 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de 
sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se 
ao fato praticado durante sua vigência. 
As leis excepcionais e temporárias são auto-revogáveis, ou seja, não há necessidade 
da edição de uma outra lei para retirá-las do ordenamento jurídico. É suficiente para tal 
o decurso do prazo ou mesmo o término de determinada situação. 
Para que sua aplicabilidade seja plena, o legislador percebeu ser necessária a 
manutenção de seus efeitos punitivos, pós sua vigência, aos que afrontaram a norma 
quando vigorava. 
Desta forma, podemos afirmar que as LEIS EXCEPCIONAIS E TEMPORÁRIAS 
POSSUEM ULTRATIVIDADE, pois, conforme exposto, aplicam-se sempre ao fato 
praticado durante sua vigência. O fundamento da ultratividade é claro e a explicação 
está prevista na exposição de motivos do Código Penal, nos seguintestermos: 
LEIS TEMPORÁRIAS ? SÃO AQUELAS QUE TRAZEM EM SEU TEXTO O 
TEMPO DETERMINADO DE SUA VALIDADE. POR EXEMPLO, A LEI 
TERÁ VALIDADE ATÉ 15 DE NOVEMBRO DE 2012 - UM PERÍODO 
CERTO. 
LEIS EXCEPCIONAIS ? SÃO AS QUE TÊM SUA EFICÁCIA VINCULADA 
A UM ACONTECIMENTO DO MUNDO FÁTICO, COMO POR EXEMPLO 
UMA GUERRA. NELSON HUNGRIA CITA A LEI QUE ORDENAVA QUE, 
EM TEMPO DE GUERRA, TODAS AS PORTAS DEVERIAM SER 
PINTADAS DE PRETO, OU SEJA, A GUERRA É UM PERÍODO 
INDETERMINADO, MAS, DURANTE O SEU TEMPO, CONSTITUÍA CRIME 
DEIXAR DE PINTAR A PORTA. AO TÉRMINO DA GUERRA, A LEI 
PERDERIA EFICÁCIA.
 
 
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“É especialmente decidida a hipótese da lei excepcional ou temporária, reconhecendo-
se a sua ultra-atividade. Esta ressalva visa impedir que, tratando-se de leis 
previamente limitadas no tempo, possam ser frustradas as suas sanções por 
expedientes astuciosos no sentido do retardamento dos processos penais. “ 
Esquematizando: 
1.3 CONFLITO APARENTE DE LEIS 
Segundo o autor Cássio Juvenal Faria em seu estudo: 
"Ocorre o conflito aparente de normas penais quando o mesmo fato se amolda a duas ou 
mais normas incriminadoras. A conduta, única, parece subsumir-se em diversas normas 
penais. Ou seja, há uma unidade de fato e uma pluralidade de normas contemporâneas 
identificando aquele fato como criminoso". 
Resumindo, o conflito aparente de leis penais ocorre quando a um só fato, 
aparentemente, duas ou mais leis são aplicáveis, ou seja, o fato é único, no entanto, 
existe uma pluralidade de normas a ele aplicáveis. 
Como diz a própria expressão, o conflito é aparente, pois se resolve com a correta 
interpretação da lei. 
A doutrina, regra geral, indica 04 princípios a serem aplicados a fim de solucionar o 
conflito aparente de leis penais, são eles: 
INÍCIO DA 
VIGÊNCIA 
ATO 
CONTRÁRIO 
À LEI 
TÉRMINO DA 
VIGÊNCIA 
LEI TEMPORÁRIA ? PERÍODO DE VIGÊNCIA DEFINIDO 
LEI EXCEPCIONAL ? SITUAÇÃO DE ANORMALIDADE 
 
 
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1. SUBSIDIARIEDADE; 
2. ESPECIALIDADE; 
3. CONSUNÇÃO; 
4. ALTERNATIVIDADE 
O conhecimento destes 04 princípios é importante para a sua prova e, para lembrá-los, 
observe que juntos formam a palavra SECA!!! 
Vamos conhecê-los: 
 1.3.1 PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
Estabelece que a lei especial prevalece sobre a geral. Considera-se lei especial 
aquela que contém todos os requisitos da lei geral e mais alguns chamados 
especializantes. 
Exemplo: O crime de infanticídio, previsto no artigo 123 do Código Penal, tem um 
núcleo idêntico ao do crime de homicídio, tipificado pelo artigo 121, qual seja, “matar 
alguém”. Torna-se figura especial, ao exigir elementos diferenciadores: A autora deve 
ser a mãe e a vítima deve ser o próprio filho, nascente ou neonato, cometendo-se o 
delito durante o parto ou logo após, sob influência do estado puerperal. 
 
 
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 1.3.2 PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE
Subdivide-se em expresso e tácito. 
Ocorre a subsidiariedade expressa, quando a própria norma reconhecer seu caráter 
subsidiário, admitindo incidir somente se não ficar caracterizado o fato de maior 
gravidade. 
Como exemplo, compete citar o crime de perigo para a vida ou saúde de outrem (art. 
132, CP): 
"Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, se o fato não constituir crime 
mais grave". (grifei) 
Como se retira do preceito secundário do artigo transcrito, somente "se o fato não 
constituir crime mais grave" é que a pena relativa ao delito descrito no art. 132 será 
aplicada ao agente. 
No caso da subsidiariedade tácita, a norma nada diz, mas, diante do caso concreto, 
verifica-se seu caráter secundário. 
Exemplo claro é o do crime de roubo, em que a vítima, mediante emprego de 
violência, é constrangida a entregar a sua bolsa ao agente. 
Aparentemente, incidem o tipo definidor do roubo (norma primária) e o do 
constrangimento ilegal (norma subsidiária), sendo que o constrangimento ilegal, no 
caso, foi apenas uma fase do roubo, além do fato de este ser mais grave. 
 1.3.3 PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO
Conhecido também como Princípio da Absorção, é um princípio aplicável nos casos 
em que há uma sucessão de condutas com existência de um nexo de dependência. 
De acordo com tal princípio, o crime mais grave absorve o crime menos grave. 
ELEMENTOS COMUNS
 
 
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Ao contrário do que ocorre no princípio da especialidade, aqui não se reclama a 
comparação abstrata entre as leis penais. Comparam-se os fatos, inferindo-se que o 
mais grave consome os demais, sobrando apenas a lei penal que o disciplina. Mas, 
como assim? 
Se tomo, por exemplo, o crime de furto qualificado (art. 155, § 4º, do Código Penal), 
não posso, de antemão, dizer que ele sofre consunção, pois que dele, em si, nada se 
pode aferir quanto até mesmo a sua correspondência íntima com outro crime. 
Abstratamente, enfim, é impossível saber se ele é, ou não, consuntivo. 
No entanto, se digo que o agente Tício, com o intuito de furtar bens de uma residência, 
escala o muro que a cerca e, utilizando-se de chave falsa, abre-lhe a porta e penetra 
em seu interior, subtraindo-lhe os bens e fugindo logo em seguida, posso, com toda a 
certeza, afirmar que o princípio da consunção se faz presente. 
 Neste caso, o furto qualificado pela escalada e pelo emprego de chave falsa (art. 155, 
§ 4º, II, 3ª figura, e III, do Código Penal) absorve a violação de domicílio qualificada 
(art. 150, § 1º, 1ª figura, do Código Penal), que lhe serviu de meio necessário. 
 1.3.4 PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE
Ocorre quando uma norma jurídica prevê diversas condutas, alternativamente, como 
modalidades de uma mesma infração. Para estes casos, mesmo que o infrator cometa 
mais de uma dessas ‘condutas alternativas’, isto é, se, acaso, violar mais de um dever 
jurídico, será apenado somente uma vez. 
É comum no Direito Ambiental a norma jurídica determinar várias modalidades de 
conduta para a mesma infração. Por exemplo, o artigo 11 do Decreto 3.179, de 
21.9.1999, que regulamenta a Lei 9.605/1998, estabelece: 
“Art. 11. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna 
silvestre , nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença 
ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: 
multa de (...).” 
O infrator será apenado apenas uma vez, ainda que realize diversos comportamentos 
estabelecidos na norma. Por exemplo, se a pessoa caça e depois mata determinado 
animal silvestre, sofrerá uma reprimenda, a que for cominada à infração. 
Para ficar bem claro, um outro exemplo: Assim dispõe o artigo 193 da Lei 9.503, de 
23.9.1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro: 
“Art. 193. Transitar com o veículo em calçada, passeios, passarelas, 
ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refúgios, ajardinamentos, canteiros centrais e 
divisores de pista de rolamento, acostamentos, marcas de canalização, 
gramados e jardins públicos: Penalidade: multa (...)”. 
 
 
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Ao menos em linhas gerais, se a pessoa transita com o veículo na calçada, na ciclovia 
e depois no acostamento,não cometerá tantas infrações quantos forem os deveres 
violados. Trata-se de ilícito administrativo de “condutas múltiplas” e ele sofrerá única 
sanção em face do princípio da alternatividade. 
Finalizando este tópico, cabe pela importância ressaltar: 
1.4 TEMPO DO CRIME 
Caro aluno, imagine que Tício atira em Mévio no dia 15 de março de 2009, quando 
possuía 17 anos, 28 dias e 6 horas. Mévio é socorrido, levado ao hospital e vem a falecer 
no dia 03 de abril de 2009, em virtude dos disparos. 
Neste caso, Tício poderá ser condenado? 
Perceba que temos a ação ocorrendo em uma data (disparos) e o resultado em outra. 
Como encontrar a solução para este questionamento? 
 Para determinar o tempo do crime, a doutrina criminal tem apresentado três teorias, quais 
sejam, a teoria da atividade, do resultado e da ubiqüidade (mista). 
Teoria da Atividade ? O crime ocorre no lugar em que foi praticada a ação ou omissão, 
ou seja, a conduta criminosa. Ex.: o crime de homicídio é praticado no lugar em que o 
agente dispara a arma de fogo com a intenção de matar a vítima; 
Teoria do Resultado ? O crime ocorre no lugar em que ocorreu o resultado. Ex.: o crime 
de homicídio é praticado no lugar em que a vítima morreu, ainda que outro tenha sido o 
lugar da ação; 
Teoria da Ubiqüidade ? Também conhecida por teoria mista, já que para esta teoria o 
crime ocorre tanto no lugar em que foi praticada a ação ou omissão (atividade) como onde 
se produziu, ou deveria se produzir o resultado (resultado). 
O Código Penal adota claramente, em seu artigo 4º, a TEORIA DA ATIVIDADE para 
determinar o tempo do crime. Observe: 
OO CCOONNFFL LIITTOO DDEE NNOORRMMAASS ÉÉ AAPPAARREENNTTE E,, OOUU 
SEJ A,, SSEEMPPREE PPOODEE SSEER SSOOLUCCIIONNADDOO 
AATTRRAAVVÉÉSS DDEE UUMMAA CCOORRRREETTAA IINNTTEERRPPRREETTAAÇÇÃÃOO 
 
 
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Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, 
ainda que outro seja o momento do resultado 
Desta forma, fica claro que em nosso exemplo inicial, Tício não poderá ser condenado 
com base no Código Penal, pois era menor quando da ação do delito. Será cabível para o 
caso as disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 1.4.1 EFEITOS DA TEORIA DA ATIVIDADE PARA O TEMPO DO CRIME
A adoção da teoria da atividade para a determinação do tempo do crime apresenta 
algumas conseqüências, dentre as quais as seguintes são importantes para a sua 
PROVA: 
1. Aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se a do tempo do 
resultado for mais benéfica. 
2. Apura-se a imputabilidade NO MOMENTO DA CONDUTA. 
Antes de prosseguirmos, é necessário o conhecimento básico de alguns conceitos: 
Prosseguindo: 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
CRIME PERMANENTE ? É O CRIME CUJO MOMENTO CONSUMATIVO SE 
PROLONGA NO TEMPO. EXEMPLO: CP, ART. 148 - SEQUESTRO E CÁRCERE 
PRIVADO. 
CRIME CONTINUADO ? O INSTITUTO DO CRIME CONTINUADO É UMA FICÇÃO 
JURÍDICA QUE, EXIGINDO O CUMPRIMENTO DE REQUISITOS OBJETIVOS 
(MESMA ESPÉCIE, CONDIÇÕES DE TEMPO, LUGAR, MANEIRA DE EXECUÇÃO E 
OUTRAS SEMELHANTES), EQUIPARA A REALIZAÇÃO DE VÁRIOS CRIMES A UM 
SÓ. EXEMPLO: CAIXA DE SUPERMERCADO QUE, DIA APÓS DIA, E NA 
ESPERANÇA DE QUE O SEU SUPERIOR EXERÇA AS SUAS FUNÇÕES 
NEGLIGENTEMENTE, TIRA PEQUENO VALOR DIÁRIO DO CAIXA, QUE PODE 
TORNAR-SE CONSIDERÁVEL COM O PASSAR DO TEMPO. 
CRIME HABITUAL ? CONSOANTE CAPEZ, "É O COMPOSTO PELA REITERAÇÃO 
DE ATOS QUE REVELAM UM ESTILO DE VIDA DO AGENTE, POR EXEMPLO, 
RUFIANISMO (CP, ART. 230), EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA; SÓ SE 
CONSUMA COM A HABITUALIDADE NA CONDUTA.
 
 
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3. Nos crimes permanentes, enquanto perdura a ofensa ao bem jurídico (Exemplo: 
extorsão mediante seqüestro), o tempo do crime se dilatará pelo período de 
permanência. Assim, se o autor, menor, durante a fase de execução do crime 
vier a atingir a maioridade, responderá segundo o Código Penal e não 
segundo 
 
4. Nos crimes continuados em que os fatos anteriores eram punidos por uma lei, 
operando-se o aumento da pena por lei nova, aplica-se esta última a toda 
unidade delitiva, desde que sob a sua vigência continue a ser praticado. 
A súmula 711 do STF resume os itens 03 e 04. Observe: 
CAIXA
ROUBOU
R$100,00
CAIXA
ROUBOU
R$100,00
CAIXA
ROUBOU
R$100,00
SÚÚMMULA 77 11 DOO SSTT F 
AA L EII PPENNAAL MA AIIS GRAAVVE AAPL LII CAA- SEE AOO CC RII MEE COON TIN NUUAADO O 
OOUU AAO C RII MEE PERRMANNEENT E,, SSE A SUA VII GÊN CIA ÉÉ ANTER RIO ORR À 
CEESSSAÇÇÃOO DDAA COONNT TIN NUUII DAADEE OU DAA PPEERMAANÊNNC CIA A. 
 
 
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5. No Crime Habitual em que haja sucessão de leis, deve ser aplicada a nova, 
ainda que mais severa, se o agente insistir em reiterar a conduta criminosa. 
1.5 LEI PENAL NO ESPAÇO 
O Código Penal trata de maneira detalhada da aplicação da Lei Penal no espaço e, 
assim, torna claro para a sociedade ondeas normas definidas pelo Legislador Brasileiro 
serão aplicadas. 
A REGRA para dirimir conflitos e dúvidas é a utilização do princípio da 
TERRITORIALIDADE, ou seja, aplica-se a lei penal aos crimes cometidos em território 
nacional. Tal preceito encontra-se no Código Penal, observe: 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e 
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
Há exceções que ocorrem quando o brasileiro pratica crime no exterior ou um estrangeiro 
comete delito no Brasil. Fala-se, assim, que o Código Penal adotou o princípio da 
TERRITORIALIDADE TEMPERADA OU MITIGADA. 
Dito isto, vamos esmiuçar a regra e as exceções: 
 1.5.1 PRINCÍPIO DE TERRITORIALIDADE
Em termos jurídicos, território é o espaço em que o Estado exerce sua soberania 
política. Para a sua PROVA, caro aluno, você não precisa saber exatamente o que 
compreende o território brasileiro, bastando apenas o conhecimento do disposto nos 
parágrafos 1º e 2º do artigo 5º, que dispõe: 
Art. 5º 
[...] 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território 
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou 
a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as 
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente 
ou em alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, 
 
 
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achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço 
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
Com base nos supracitados parágrafos, imagine que Ticio, brasileiro, está na 
Argentina e confere lesões corporais graves em um “Hermano”. Diante de tal fato, 
Ticio, perseguido por policiais, corre para um navio da marinha de guerra do Brasil e o 
adentra. Neste caso, Tício poderá ser preso pelos policiais Argentinos? 
A resposta é negativa, pois o navio será considerado extensão do território Brasileiro e 
não poderá ser penetrado peles policiais Argentinos. 
Agora outra situação... Mévio, Americano, está em um cruzeiro que passará pelasbelas praias do Rio de Janeiro. Nas proximidades de Copacabana, Mévio atira em 
Caio. Diante desta situação, o que fazer? Mévio pode ser preso segundo as leis 
brasileiras? 
A resposta é positiva, pois, com base no parágrafo 2º do artigo 5º, para crimes 
praticados a bordo de embarcações privadas estrangeiras, achando-se estas em porto 
ou mar territorial do Brasil, aplica-se a lei brasileira. 
Como percebe, as regras são de fácil aplicação, mas o correto entendimento é 
fundamental para sua PROVA. 
 1.5.2 PRINCÍPIOS QUE MITIGAM A TERRITORIALIDADE
Vimos que o Código Penal adota o princípio da territorialidade temperada ou mitigada 
por haverem exceções ao princípio da territorialidade. Vamos conhecê-las: 
 1.5.2.1 PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE OU DA PERSONALIDADE
Autoriza a submissão à lei brasileira dos crimes praticados no estrangeiro por autor 
brasileiro ou contra vítima brasileira. 
Este princípio se subdivide em outros dois: 
1 – Princípio da Personalidade Ativa ? Só se considera a nacionalidade do autor 
do delito, ou seja, independentemente da nacionalidade do sujeito passivo e do 
bem jurídico ofendido, o agente é punido de acordo com a lei brasileira. 
Encontra-se disposto no art. 7.º, I, alínea “d” e II, “b” do Código Penal: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
[...] 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro [...] 
II - os crimes: 
[...] 
 
 
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b) praticados por brasileiro; 
2 - Princípio da Personalidade Passiva ? Considera-se somente a nacionalidade 
da vítima do delito. Encontra previsão no art. 7.º, § 3.º do Código Penal: 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro 
contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no 
parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
1.5.2.2 PRINCÍPIO DA DEFESA REAL OU DA PROTEÇÃO
A lei penal é aplicada independente da nacionalidade do bem jurídico atingido pela 
ação delituosa, onde quer que ela tenha sido praticada e independente da 
nacionalidade do agente. O Estado protege os seus interesses além fronteiras. 
Observe o preceituado no Código Penal: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de 
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
1.5.2.3 PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL
As leis penais devem ser aplicadas a todo e qualquer fato punível, seja qual for a 
nacionalidade do agente, do bem jurídico lesado ou posto em perigo e em qualquer 
local onde o fato foi praticado. 
A lei penal deve ser aplicada a todos os homens, independentemente do local onde 
se encontrem. 
É um princípio baseado na cooperação penal internacional e permite a punição, por 
todos os Estados, da totalidade dos crimes que forem objeto de tratados e de 
convenções internacionais. Fundamenta-se no dever de solidariedade na 
repressão de certos delitos cuja punição interessa a todos os povos. Exemplos: 
Tráfico de drogas, comércio de seres humanos, genocídio, etc. 
Encontra previsão no art. 7º, II, “a”, do Código Penal: 
 
 
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II - os crimes 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
1.5.2.4 PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO
Segundo este princípio, deve ser aplicada a lei penal brasileira aos crimes 
cometidos em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada quando estiverem em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. Está previsto no artigo 7º, II, “c”, do Código Penal: 
II - os crimes 
[...] 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. 
 1.5.3 LUGAR DO CRIME
Até agora falamos bastante da territorialidade, mas para sabermos se um delito 
operou-se no território Nacional precisamos aprender como determinar o lugar do 
crime. 
Quando falamos sobre o tempo do crime, ou seja, o momento em que o crime é 
cometido, tratamos de três teorias: ATIVIDADE, RESULTADO e MISTA ou da 
UBIQUIDADE. Está lembrado? 
Naquela oportunidade, afirmamos que para definir o momento do crime adotou-se a 
teoria da atividade. Portanto, tem-se como praticado o crime NO MOMENTO da 
ATIVIDADE. 
Aqui, a questão é saber ONDE se tem como cometido o delito. O problema é o lugar 
(espaço) e não o tempo. Devemos, mais uma vez, para solucionar qualquer conflito, 
recorrer às três teorias: 
• TEORIA DA ATIVIDADE ? O CRIME É COMETIDO NO LUGAR ONDE FOI 
PRATICADA A ATIVIDADE (CONDUTA= AÇÃO OU OMISSÃO). 
• TEORIA DO RESULTADO ? O LUGAR DO CRIME É ONDE OCORREU O 
RESULTADO, INDEPENDENTEMENTE DE ONDE FOI PRATICADA A CONDUTA. 
• TEORIA MISTA (OU DA UBIQÜIDADE) ? CONSIDERA, POR SUA VEZ, QUE O 
CRIME É COMETIDO TANTO NO LUGAR DA ATIVIDADE QUANTO NO LUGAR 
DO RESULTADO. 
• 
O Código Penal, ao tratar do tema, dispõe: 
 
 
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Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado. 
O Código Penal adotou a teoria da ubiqüidade, valendo ressaltar que na própria 
previsão do art. 6° do Código Penal esta incluída o lugar da tentativa, ou seja, "...onde 
se produziu ou deveria produzir-se o resultado". 
Busca-se, com a teoria mista do lugar do delito, solucionar o problema dos conflitos 
negativos de competência (Dentro do Território Nacional) e o problema dos crimes à 
distância (Brasil - Exterior), em que ação e o resultado se desenvolvem em lugares 
diversos. 
Como exemplo, podemos citar o seguinte caso: 
Imagine que Tício, residente no Brasil, envia uma carta bomba para um cidadão 
residente na Grécia (vou parar com esse negócio de citar só argentinos), cujo nome é 
Maradona. Maradona, grego, vem a falecer em virtude da carta. Neste caso, segundo 
a norma penal, o lugar do crime tanto pode ser o Brasil quanto a Grécia. 
Ou seja, para que o Brasil seja competente na apuração e julgamento de determinada 
infração penal, basta que porção dessa conduta delituosa tenha ocorrido no território 
nacional. 
 1.5.4 EXTRATERRITORIALIDADE
Extraterritorialidade é a aplicação da legislação penal brasileira aos crimes cometidos 
no exterior. 
EXISTEM ALGUMAS SITUAÇÕES PARA AS QUAIS NÃO SE 
APLICA A TEORIA DA UBIQÜIDADE, A ÚNICA QUE IMPORTA 
PARA A SUA PROVA DIZ RESPEITO AOS CRIMES DOLOSOS 
CONTRA A VIDA, OCORRIDOS NO TERRITÓRIO NACIONAL QUE, 
SEGUNDO PACÍFICA JURISPRUDÊNCIA, A FIM DE FACILITAR A 
INSTRUÇÃO CRIMINAL E A DESCOBERTA DA VERDADE REAL, 
SEGUE A TEORIA DA ATIVIDADE. 
Sendo assim, imagine que Mévio atira em Caio em São Paulo. 
Este é socorrido e levado para um hospital no Rio de Janeiro, 
onde vem a falecer. Temos, para este caso, a atividade em São 
Paulo e o resultado no Rio de Janeiro. Pela regra geral, seriam 
competentes tanto o Juízo do Rio quanto o de São Paulo, 
MAAAAAS, como neste caso estamos tratando de crime doloso 
contra a vida, aplica-se a teoria da ATIVIDADE e não da 
UBIQUIDADE, sendo competente, portanto,o Juízo de São Paulo.
 
 
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Conforme já tratamos, justifica-se pelo fato de o Brasil ter adotado, relativamente à lei 
penal no espaço, o princípio da territorialidade mitigada, o que autoriza, 
excepcionalmente, a incidência da lei penal brasileira a crimes praticados fora do 
território nacional. 
A extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada e são estas duas 
espécies que veremos a partir de agora. Apresentarei primeiramente as regras gerais 
e depois colocarei o que é importante em um esquema, a fim de facilitar a assimilação. 
Observação: 
 1.5.4.1 EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
Como o próprio nome diz, são hipóteses em que a lei brasileira é aplicada, 
independentemente de qualquer CONDIÇÂO. Encontra previsão do art. 7º, I do 
Código Penal, que dispõe: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de 
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
1.5.4.2 EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
Relaciona-se aos crimes indicados no art. 7.°, II, e § 3.°, do Código Penal. 
Art. 7º 
NÃO SE ADMITE A APLICAÇÃO DA LEI PENAL BRASILEIRA ÀS CONTRAVENÇÕES 
PENAIS OCORRIDAS FORA DO TERRITÓRIO NACIONAL. 
OBSERVE O DISPOSTO NA LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS: 
Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no ter itório 
nacional. 
 
 
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[...] 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. 
 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro 
contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no 
parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
A aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos no exterior se sujeita às 
condições descritas no art. 7.°, § 2.°, alíneas “a”, “b”, “c” e “d”, e § 3.°, do Código 
Penal. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do 
concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a 
pena; 
Tratando-se de extraterritorialidade condicionada, a lei penal brasileira é subsidiária 
em relação aos crimes praticados fora do território nacional, aqui já descritos. 
Dito tudo isto sobre a extraterritorialidade, vamos esquematizar: 
 
 
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EXTRATERRITORIALIDADE 
INCONDICIONADA
CONDICIONADA
HIPÓTESES: 
*CRIME CONTRA A VIDA OU A LIBERDADE DO 
PRESIDENTE DA REPÚBLICA. 
*CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO OU A FÉ 
PÚBLICA DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU 
INDIRETA. 
*CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 
POR QUEM ESTÁ A SEU SERVIÇO. 
*CRIME DE GENOCÍDIO, QUANDO O AGENTE FOR 
BRASILEIRO OU DOMICILIADO NO BRASIL. 
CONDIÇÕES: 
*NÃO EXISTEM – O AGENTE É PUNIDO PELA LEI 
BRASILEIRA, AINDA QUE ABSOLVIDO OU 
CONDENADO NO ESTRANGEIRO. 
HIPÓTESES: 
*CRIMES QUE, POR TRATADO OU CONVENÇÃO, O 
BRASIL SE OBRIGOU A REPRIMIR. 
*CRIMES PRATICADOS POR BRASILEIRO. 
*CRIMES PRATICADOS EM AERONAVES OU 
EMBARCAÇÕES BRASILEIRAS, MERCANTES OU DE 
PROPRIEDADE PRIVADA, QUANDO EM 
TERRITÓRIO ESTRANGEIRO NÃO FOREM 
JULGADOS. 
*CRIMES PRATICADOS POR ESTRANGEIROS 
CONTRA BRASILEIROS FORA DO BRASIL, SE, 
REUNIDAS AS CONDIÇÕES: 1-NÃO FOI PEDIDA OU 
NEGADA A EXTRADIÇÃO; 2-HOUVE REQUISIÇÃO 
DO MINISTRO DA JUSTIÇA. 
CONDIÇÕES: 
*ENTRAR O AGENTE NO TERRITÓRIO NACIONAL 
*SER O FATO PUNÍVEL ONDE FOI PRATICADO 
*ESTAR O CRIME INCLUÍDO ENTRE AQUELES 
PELOS QUAIS A LEI BRASILEIRA AUTORIZA A 
EXTRADIÇÃO 
* NÃO TER SIDO ABSOLVIDO NO ESTRANGEIRO 
OU NÃO TER AÍ CUMPRIDO PENA (CUMPRIMENTO 
PARCIAL – ART. 8º DO CP) 
*NÃO TER SIDO PERDOADO NO ESTRANGEIRO OU 
EXTINTA A PUNIBILIDADE PELA LEI + FAVORÁVEL 
 
 
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1.6 CONSIDERAÇÕES FINAS 
 1.6.1 PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO
Imaginemos que Tício cometeu um crime contra a vida do presidente Lula em solo 
argentino e lá foi condenado à pena de seis anos de reclusão, dos quais já cumpriu 
três anos. Durante uma rebelião, Tício foge e consegue chegar ao Brasil. 
Conforme já vimos, e quanto a isso não deve haver dúvidas, a sentença estrangeira 
não faz coisa julgada no Brasil. Logo, o autor da infração deverá ser novamente 
julgado. 
Pensemos que Tício foi condenado aqui no Brasil a 15 anos de reclusão. O que 
ocorrerá com aqueles três anos já cumpridos? Não valerão de nada? 
Claro que valerão. E a resposta para este questionamento está no artigo 8º do Código 
Penal, que, com base no já conhecido princípio do “ne bis in idem”, dispõe: 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil 
pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando 
idênticas. 
SENDO ASSIM, CONCLUÍMOS QUE A PENA CUMPRIDA NO 
ESTRANGEIRO ATENUA A PENA IMPOSTA NO BRASIL PELO MESMO 
CRIME, QUANDO DIVERSAS, OU NELA É COMPUTADA QUANDO 
IDÊNTICAS. 
 1.6.2 EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA
A sentença judicial é proferida pelo ESTADO com base na sua soberania e confere 
efeitos no local em que foi decidida. Assim, via de regra, uma sentença judicial 
Brasileira vale para o Brasil, uma sentença judicial Paraguaia vale no Paraguai, e 
assim por diante. 
Contudo, existem determinadas situações em que decisões judiciais de outras nações 
são recepcionadas pelo estado Brasileiro através de sua homologação, mediante o 
procedimento constitucionalmente previsto, a fim de constituí-la em título executivo 
com validade em território nacional. 
Encontramos as hipóteses de possibilidade de utilização da sentença estrangeira no 
art. 9º do Código Penal, que leciona: 
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira 
produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no 
Brasil para: 
 
 
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I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros 
efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. Pará-
grafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país 
de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, 
de requisição do Ministro da Justiça. 
Diante do que vimos até agora, responda-me...Imagine que Tício foi condenado a 
determinada pena do estrangeiro. Estasentença pode ser homologada e utilizada pelo 
Brasil, nos termos do art. 9º? É claro que........NÂO!!!!! 
Observe que o artigo 9º só traz duas possibilidades de homologação, que são: 
A homologação de sentença estrangeira hoje é de competência do STJ (artigo 105, I, 
i, da CF). Antes da Emenda Constitucional de número 45/04, a competência era do 
STF. 
Mas para produzir qualquer efeito sempre precisará de homologação? 
Não, pois há alguns efeitos da sentença estrangeira que independem de 
homologação. É o caso dos requisitos para a extraterritorialidade condicionada (artigo 
7º, inciso II, “c” e parágrafo 2º, “d”, do CP) e do reconhecimento da reincidência (artigo 
63 do CP). 
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, 
depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, 
o tenha condenado por crime anterior. 
Em ambos os casos, a sentença proferida no exterior produzirá efeito “intramuros” 
(dentro do nosso querido país), independentemente de homologação pelo STJ. 
11.. OOBBRRIIGGAARR OO CCOONNDDEENNAADDOO ÀÀ RREEPPAARRAAÇÇÃÃOO DDO O 
DDANOO,, AA RESTIITTUIIÇÕEESS EE A OOUUTROSS 
EEFFE EIITTOOSS CCIIV VIIS S.. 
22.. SSUUJJE EIITTÁ Á--LLOO AA MMEED DIIDDAA DDEE SSEEGGUURRAANNÇÇA A.. 
 
 
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 1.6.1 CONTAGEM DE PRAZO
O artigo 10 do Código Penal trata da contagem do PRAZO PENAL nos seguintes 
termos: 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os 
dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
Vamos analisá-lo por partes: 
1. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo ? Imaginemos que 
determinado indivíduo é preso no dia 15 de janeiro, às 23:59h, após sua 
condenação a UM dia de prisão. Pergunto...Quando ele será liberado? 
Ele estará livre às 00:00h do dia 16, ou seja, ficará UM MINUTO preso e isto 
será considerado UM DIA. 
“Mas, como assim, professor? Só um minuto???” 
É exatamente isso, caro aluno. Como o dia do começo inclui-se no cômputo do 
prazo e, segundo o artigo 11 do Código Penal, não há que se falar em frações 
de dia, teremos 1 minuto valendo 24 horas. Observe o disposto no ainda não 
apresentado artigo 11: 
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas 
de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de 
cruzeiro. (leia-se real). (grifo nosso) 
2. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum ? No 
prazo penal, os dias, os meses e os anos são contados de acordo com o 
calendário comum, também chamado de gregoriano. 
Os meses são calculados com o número de dias característicos de cada um 
deles, e não como um período de 30 dias. Assim, se um indivíduo é preso por 
um mês em 10 fevereiro, quando será solto? Em 9 de março. E se for preso em 
10 de março? Será liberado em 9 de abril. Bem fácil, concorda?! 
PARA CÁLCULOS EM PROVA, É IMPORTANTE OBSERVAR A SEGUINTE REGRA: 
SEMPRE DEVE SER CONSIDERADA NA OPERAÇÃO A DIMINUIÇÃO DE UM DIA EM 
RAZÃO DE SER COMPUTADO O DIA DO COMEÇO. DESTA FORMA, SE A PENA É DE 
UM ANO E TEVE INÍCIO EM 20 DE SETEMBRO DE 2009, ESTARÁ INTEGRALMENTE 
CUMPRIDA EM 19 DE SETEMBRO DE 2010.
 
 
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Para finalizar este tópico, faz-se necessário tecer um importante comentário. O prazo 
sempre terá natureza penal quando guardar pertinência com o jus puniendi, ou seja, a 
pretensão punitiva do Estado. É o caso, por exemplo, da prescrição e da decadência. 
Como a sua ocorrência importa na extinção da punibilidade, está relacionada com a 
contagem de prazo penal que difere do prazo processual, definido no Código de 
Processo Penal e que, obviamente, não importa para a sua PROVA. 
1.6.2 LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Segundo o Código Penal: 
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados 
por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. 
As regras gerais do Código Penal devem ser aplicadas às leis especiais quando estas 
não tratarem de modo diverso. Assim, as regras gerais do CP têm caráter subsidiário. 
Serão elas aplicadas quando a legislação especial não dispuser de forma diversa. 
*************************************************************************************************** 
Companheiros de estudos, 
Chegamos ao final de nossa primeira aula e agora é hora de consolidar os conceitos 
aqui aprendidos. Este tema é questão quase certa em sua prova e, portanto, não deixe 
pontos pendentes. 
Releia o Código Penal do artigo 1º ao 12º e pratique com os exercícios. 
Abraços e bons estudos, 
Pedro Ivo 
“O êxito na vida não se mede pelo que você conquistou, 
mas sim pelas dificuldades que superou no caminho.” 
Abraham Lincoln 
 
 
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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 Lei penal no tempo 
 Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar 
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. 
 Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se 
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em 
julgado. 
 Lei excepcional ou temporária 
 Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração 
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante 
sua vigência. 
 Tempo do crime 
 Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que 
outro seja o momento do resultado. 
 Territorialidade 
 Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de 
direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
 § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no 
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
 § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves 
ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no 
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar 
territorial do Brasil. 
 Lugar do crime 
 Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, 
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 Extraterritorialidade 
 Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
 I - os crimes: 
 a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
 b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de 
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou 
fundação instituída pelo Poder Público; 
 
 
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 c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
 d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;II - os crimes: 
 a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
 b) praticados por brasileiro; 
 c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
 § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro. 
 § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das 
seguintes condições: 
 a) entrar o agente no território nacional; 
 b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
 d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
 e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
 a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
 b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 Pena cumprida no estrangeiro 
 Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo 
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
 Contagem de prazo 
 Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os 
meses e os anos pelo calendário comum. 
 
 
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PONTOS PRINCIPAIS TRATADOS NA AULA 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
01) Princípio da legalidade (reserva legal): não há crime sem lei que o defina; não há pena sem 
cominação legal. (AULA 00) 
02) Princípio da anterioridade: não há crime sem lei “anterior” que o defina; não há pena sem 
“prévia” imposição legal. (AULA 00) 
Eficácia Temporal da Lei Penal 
03) Tempo do crime: Tempo do crime é o momento em que ele se considera cometido. 
04) Teoria da atividade (art.4º): Atende-se ao momento da prática da ação (ação ou omissão); 
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que seja outro o 
momento do resultado. ? É a teoria adotada pelo CP. 
05) Teoria do resultado: Considera o tempo do crime o momento da produção do resultado. 
06) Teoria mista (ubiqüidade): Considera o momento da ação ou do resultado. 
Eficácia da Lei Penal no Espaço 
07) Princípio da territorialidade: A lei penal só tem aplicação no território do Estado que a 
determinou, sem atender à nacionalidade do sujeito ativo do delito ou do titular do bem jurídico 
lesado. 
08) Princípio da nacionalidade: A lei penal do Estado é aplicável a seus cidadãos onde quer que 
se encontrem; divide-se em: 
a) Princípio da nacionalidade ativa (aplica-se a lei nacional ao cidadão que comete crime no 
estrangeiro, independentemente da nacionalidade do sujeito passivo); 
b) Princípio da personalidade passiva (exige que o fato praticado pelo nacional no estrangeiro 
atinja um bem jurídico do seu próprio Estado ou de um co-cidadão). 
09) Princípio da defesa: Leva em conta a nacionalidade do bem jurídico lesado pelo crime, 
independentemente do local de sua prática ou da nacionalidade do sujeito ativo. 
10) Princípio da justiça penal universal: Preconiza o poder de cada Estado de punir qualquer 
crime, seja qual for a nacionalidade do delinqüente e da vítima ou o local de sua prática. 
11) Princípio da representação: Nos seus termos, a lei penal de determinado país é também 
aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações privadas, quando realizados no 
 
 
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estrangeiro a aí não venham a ser julgados. 
* O CP adotou o princípio da territorialidade como regra; os outros como exceção. 
12) Lugar do crime: Lugar do crime é o lugar onde ele se considera praticado. 
13) Teoria da atividade: De acordo com ela, é considerado lugar do crime aquele em que o 
agente desenvolveu a atividade criminosa, onde praticou os atos executórios. 
14) Teoria do resultado: O local do crime é o lugar da produção do resultado. 
15) Teoria da ubiqüidade (art. 6º, CP): Nos termos dela, lugar do crime é aquele em que se 
realizou qualquer dos momentos do iter criminis, seja da prática dos atos executórios, seja da 
consumação. É a teoria adotada pelo Código Penal. 
16) Extraterritorialidade: ressalva a possibilidade de renúncia de jurisdição do Estado, mediante 
“convenções, tratados e regras de direito internacional”; o art. 7º prevê uma série de casos em 
que a lei penal brasileira tem aplicação a delitos praticados no estrangeiro. Não esqueça de rever 
o citado artigo. 
Disposições Finais do Título I da Parte Geral 
17) Contagem de prazo: O art. 10 do CP estabelece regras a respeito. 
Determina a primeira regra que o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo; 
Já a segunda determina que no prazo penal, os dias, os meses e os anos são contados de acordo 
com o calendário comum, também chamado de gregoriano. 
Os meses são calculados com o número de dias característicos de cada um deles, e não como 
um período de 30 dias. 
18) Frações não computáveis da pena: Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas 
restritivas de direito, as frações de dias e, na pena de multa, as frações de cruzeiro (art. 11). 
19) Legislação especial: As regras gerais do CP são aplicáveis aos fatos incriminados por lei 
especial, se esta não dispõe de modo diverso; regras gerais do Código são as normas não 
incriminadoras, permissivas ou complementares, previstas na Parte Geral ou Especial (art. 12). 
PARA CÁLCULOS EM PROVA, É IMPORTANTE OBSERVAR A SEGUINTE REGRA: 
SEMPRE DEVE SER CONSIDERADA NA OPERAÇÃO A DIMINUIÇÃO DE UM DIA EM 
RAZÃO DE SER COMPUTADO O DIA DO COMEÇO. DESTA FORMA, SE A PENA É DE 
UM ANO E TEVE INÍCIO EM 20 DE SETEMBRO DE 2009, ESTARÁ INTEGRALMENTE 
CUMPRIDA EM 19 DE SETEMBRO DE 2010.
 
 
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EXERCÍCIOS
1. (ESAF / AFT / 2010) À luz da aplicação da lei penal no tempo, julgue as 
afirmações abaixo relativas ao fato de Osvaldo ter sido processado pelo delito de 
paralisação de trabalho de interesse coletivo, em janeiro de 2009, supondo que lei, 
de 10 de janeiro de 2010, tenha abolido o referido crime: 
I. Caso Osvaldo já tenha sido condenado antes de janeiro de 2010, permanecerá 
sujeito à pena prevista na sentença condenatória; 
II. A lei penal não pode retroagir para beneficiar Osvaldo; 
III. Caso Osvaldo ainda não tenha sido denunciado, não mais poderá sê-lo; 
IV. Osvaldo será beneficiado pela hipótese da abolitio criminis. 
a) Todos estão corretos. 
b) Somente I está correto. 
c) Somente III e IV estão corretos. 
d) Somente I e III estão corretos. 
e) Somente I e IV estão corretos. 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS: Analisando as assertivas: 
Assertiva I ? Está errada, pois contraria o art. 2º do CP segundo o qual “Ninguém pode 
ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela 
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória”. 
Assertiva II ? No caso da abolitio criminis, ocorrerá a retroação para beneficiar o réu, 
logo, incorreta a assertiva. 
Assertiva III ? A assertiva está correta, pois, como a conduta não é mais considerada 
típica, não há que se falar em possibilidade de denúncia por partedo Ministério Público. 
Assertiva IV ? Está correta, pois no caso da abolitio criminis a lei retroagirá para 
beneficiar o réu. 
2. (ESAF / AFT / 2010) Camargo, terrorista, tenta explodir agência do Banco do 
Brasil, na França. Considerando o princípio da extraterritorialidade incondicionada, 
previsto no Código Penal brasileiro, é correto afirmar que: 
a) Camargo só pode ser processado criminalmente na França. 
b) O Estado brasileiro não tem interesse em delitos ocorridos fora do Brasil. 
c) Caso Camargo tenha sido condenado e encarcerado na França, não poderá ser preso 
no Brasil. 
 
 
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d) O fato deve ser julgado no local onde ocorreu o crime: na França. 
e) Mesmo Camargo tendo sido julgado na França, poderá ser julgado no Brasil. 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS: Questão que exige o conhecimento do art. 7º no tocante a 
extraterritorialidade. 
Observe que o art. 7º, I, “b”, atribui a aplicabilidade da lei brasileira aos crimes contra o 
patrimônio de sociedade de economia mista instituída pelo poder público. Assim, no caso 
em tela, mesmo Camargo tendo sido julgado na França, poderá ser julgado no Brasil. 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro 
I - os crimes: 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de 
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
3. (FCC / Defensor Público-MA / 2009) Sobre a aplicação da lei penal e da lei 
processual penal no tempo, desde que não sejam de natureza mista, 
 
A) vigora apenas o mesmo princípio da irretroatividade. 
B) vigora apenas o mesmo princípio da ultratividade da lei mais benéfica. 
C) vigoram princípios diferentes em relação a cada uma das leis. 
D) vigoram princípios diferentes em relação a cada uma das leis, salvo ultratividade da lei 
mais benéfica. 
E) vigoram os mesmos princípios da irretroatividade e da ultratividade da lei mais 
benéfica. 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS: A Constituição Federal, consagrando o princípio da retroatividade da 
norma penal mais benéfica, dispõe em seu art. 5º, XL, que a lei penal não retroagirá, 
salvo para beneficiar o réu. 
Tal princípio também está presente no parágrafo único do art. 2º do Código Penal nos 
seguintes termos: 
Art. 2º [...] 
 
 
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Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o 
agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado. 
No que diz respeito às leis processuais penais, o legislador pátrio adotou o princípio do 
“tempus reget actum” que impõe a aplicação imediata das normas processuais penais, 
não havendo efeito retroativo nem para beneficiar o agente. 
Diante do exposto, pode-se afirmar que a lei penal e a processual penal possuem 
princípios diferentes no que diz respeito à aplicabilidade. 
Vale ressaltar que não é raro que as normas jurídicas possuam natureza mista, ora de 
natureza processual e ora de natureza material. Neste caso, se a norma processual penal 
possuir também caráter material penal, atribuir-se-á efeito retroativo ao dispositivo que for 
mais favorável ao réu. É o caso, por exemplo, da prescrição e da decadência. 
4. (FCC / Procurador-SP / 2008) A retroatividade de lei penal que não mais considera 
o fato como criminoso: 
A) exclui a imputabilidade. 
B) afasta a tipicidade. 
C) extingue a punibilidade. 
D) atinge a culpabilidade. 
E) é causa de perdão judicial. 
GABARITO: C 
COMENTÁRIOS: O instituto da abolitio criminis surge quando uma lei nova trata como 
lícito fato anteriormente tido como criminoso ou, em outras palavras, quando a lei nova 
descriminaliza fato que era considerado infração penal. 
Quando ocorre esta situação, com base no preceituado no art. 2º do Código Penal, o 
Estado perde o direito de punir o agente, ou seja, opera-se a extinção da punibilidade. 
Observe o texto legal: 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais 
da sentença condenatória. (grifei) 
5. (FCC / ISS-SP / 2007) Na contagem dos prazos penais, 
 
 
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A) Inclui-se o dia do começo. 
B) Considera-se como termo inicial a data da intimação. 
C) Considera-se como termo inicial a data da juntada do mandado aos autos. 
D) Considera-se como termo inicial o dia seguinte ao da intimação. 
E) Descontam-se os feriados. 
GABARITO: “A” 
COMENTÁRIOS: Esta questão não apresenta muita dificuldade, pois exige apenas o 
conhecimento do disposto no artigo 10 do Código Penal, que dispõe que o prazo penal 
inclui no cômputo do prazo o dia do começo. 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os 
dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
6. (FCC / SEFAZ – RO / 2006) Na definição do local onde a ação criminosa é 
desenvolvida, o ordenamento penal brasileiro abraçou a seguinte teoria: 
A) Da intenção 
B) Da interação 
C) Da atividade 
D) Do resultado 
E) Da ubiqüidade 
GABARITO: “E” 
COMENTÁRIOS: O Código Penal adota a teoria da ubiqüidade quando, ao tratar do 
tema, dispõe: 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado. 
7. (FGV / TCM - RJ / 2008) A organização não-governamental holandesa Expanding 
minds, dirigida pelo psicólogo holandês Johan Cruiff, possui um barco de bandeira 
holandesa que navega ao redor do mundo recebendo pessoas que desejam 
consumir substâncias entorpecentes que alteram a percepção da realidade. O 
prefeito de um município decide embarcar para fazer uso recreativo da substância 
Cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha. Na ocasião em que ele 
fez uso dessa substância, o barco estava em alto-mar, além do limite territorial 
 
 
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brasileiro ou de qualquer outro país. Sabendo que a lei brasileira pune 
criminalmente o consumo de substância entorpecente e que a maconha é 
considerada pela legislação brasileira uma substância entorpecente, ao passo que 
a Holanda admite esse consumo para fins recreativos, assinale a alternativa correta 
a respeito do crime praticado pelo prefeito. 
A) nenhum crime 
B) crime de consumo de substância entorpecente 
C) crime de responsabilidade 
D) improbidade administrativa 
E) crime contra a fé pública 
GABARITO: “A” 
COMENTÁRIOS: A regra, segundo o Código Penal, é a aplicação do princípio da 
territorialidade. Logo, no caso apresentado, se o navio, com bandeira holandesa, está em 
alto mar, além do limite territorial brasileiro ou de qualquer outro país, não há que se falar 
em aplicabilidade da Lei Penal Brasileira. 
8. (FCC / MPU / 2007) É certo que se aplica a lei brasileira aos crimes praticados a 
bordo de: 
 
A) embarcações mercantes brasileiras que estejam em mar territorial estrangeiro. 
B) embarcações mercantes brasileiras que estejam em porto estrangeiro. 
C) aeronaves mercantes brasileiras que estejam em espaço aéreo estrangeiro.D) aeronaves mercantes brasileiras que estejam em pouso em aeroporto estrangeiro. 
E) embarcação estrangeira de propriedade privada que esteja em mar territorial brasileiro. 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS: O parágrafo 1º do artigo 5º do Código Penal considera como extensão 
do território nacional: 
• As embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública; 
• As embarcações e aeronaves brasileiras a serviço do governo brasileiro; 
• As aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada 
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
Sendo assim, segundo o CP, as embarcações e aeronaves mercantes só estarão sujeitas 
à lei brasileira se estiverem no país ou em alto-mar (ou no espaço aéreo correspondente), 
o que torna incorretas as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”. 
 
 
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Na alternativa “E” tem-se a situação em que uma embarcação estrangeira, de natureza 
privada, encontra-se em mar territorial brasileiro. Para este caso, haverá aplicabilidade do 
princípio da territorialidade e, portanto, da lei penal brasileira. 
9. (ESAF / PGFN / 2007) À luz da aplicação da lei penal no tempo, dos princípios da 
anterioridade, da irretroatividade, retroatividade e ultratividade da lei penal, julgue 
as afirmações abaixo relativas ao fato de Mévio ter sido processado pelo delito de 
adultério em dezembro de 2004, sendo que a Lei n. 11.106, de 28 de março de 2005, 
aboliu o crime de adultério: 
I. Caso Mévio já tenha sido condenado antes de março de 2005, permanecerá sujeito à 
pena prevista na sentença condenatória. 
II. A lei penal pode retroagir em algumas hipóteses. 
III. Caso Mévio não tenha sido condenado no primeiro grau de jurisdição, poderá ocorrer a 
extinção de punibilidade desde que a mesma seja provocada pelo réu. 
IV. Na hipótese, ocorre o fenômeno da abolitio criminis. 
A) Todas estão corretas. 
B) Somente I está incorreta. 
C) I e IV estão corretas. 
D) I e III estão corretas. 
E) II e IV estão corretas. 
GABARITO: E 
COMENTÁRIOS: 
Vamos analisar as alternativas: 
Item I ? Incorreto ? O fato de Mévio já ter sido condenado não importa no caso em tela, 
pois, segundo o art. 2º do CP, a retroação atinge os efeitos penais da sentença 
condenatória. 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais 
da sentença condenatória. 
Item II ? Correto ? Conforme estudamos exaustivamente, em alguns casos há 
possibilidade da retroação. 
 
 
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Item III ? Incorreto ? Não há qualquer obrigatoriedade de provocação por parte do réu. 
Os efeitos de uma lei mais benéfica atinge AUTOMATICAMENTE os que por ele forem 
atingidos. 
Item IV ? Correto ? O instituto da abolitio criminis ocorre quando uma lei nova trata 
como lícito fato anteriormente tido como criminoso, ou melhor, quando a lei nova 
descriminaliza fato que era considerado infração penal. 
10. (ESAF / MPU / 2004) Em se tratando de extraterritorialidade, pode-se afirmar que 
se sujeitam à lei brasileira, embora praticados no estrangeiro, 
A) os crimes contra a administração pública, por quem não está a seu serviço. 
B) os crimes de genocídio, ainda que o agente não seja brasileiro ou domiciliado no 
Brasil. 
C) os crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, quando em território 
estrangeiro, mesmo que aí sejam julgados. 
D) os crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado 
ou de Município. 
E) os crimes contra o patrimônio praticados contra o presidente da República. 
GABARITO: D 
COMENTÁRIOS: Exige o conheciento do art. 7º do CP. Vamos analisar: 
Alternativa “A” ? Contraria o Art. 7º, I, “c” do CP. Veja: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
[...] 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (grifei) 
Alternativa “B” ? Contraria o Art. 7º, I, “d” do CP. Veja: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
[...] 
 
 
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d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil. (grifei) 
Alternativa “C” ? Contraria o Art. 7º, II, “c” do CP. Veja: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
II - os crimes: 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados.
Alternativa “D” ? É a alternativa correta. É a reprodução exata do Art. 7º, I, “b” do CP. 
Veja: 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de 
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público 
Alternativa “E” ? Incorreta ? Sujeitam-se à lei brasileira, embora praticados no 
estrangeiro, os crimes contra a liberdade ou a vida do Presidente da República. 
11. (ESAF / CGU / 2006) A pratica o crime às 23 horas e 32 minutos do dia 27 de 
novembro. O prazo prescricional começa a fluir: 
A) no dia 27 de novembro. 
B) no dia 28 de novembro. 
C) no dia da instauração do inquérito policial. 
D) no dia do oferecimento da denúncia. 
E) no dia do recebimento da denúncia. 
GABARITO: “A” 
COMENTÁRIOS: Como vimos em nossa aula, o prazo prescricional segue a regra do 
prazo penal. Logo, inclui-se o dia de início, conforme regra presente no artigo 10 do 
Código Penal: 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os 
dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
 
 
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12. (ESAF / CGU / 2006) A lei penal aplica-se retroativamente quando: 
A) a contravenção penal torna-se crime. 
B) o crime torna-se contravenção penal. 
C) a pena de detenção torna-se de reclusão. 
D) a pena de multa torna-se de detenção. 
E) ocorrer a prescrição da pretensão punitiva. 
GABARITO: “B” 
COMENTÁRIOS: Vimos que a lei penal só retroage para beneficiar o réu. Sendo assim, 
dentre as alternativas apresentadas, a única em que temos uma penalização mais grave 
passando a um menor é a prevista na letra “B”. 
13. (ESAF / AFT / 2003) A entrada em vigor de uma lei posterior que deixa de 
considerar determinado fato como criminoso exclui: 
A) somente a punibilidade. 
B) a ilicitude. 
C) a imputabilidade penal. 
D) somente a culpabilidade. 
E) a ilicitude, a imputabilidade penal e a culpabilidade, conforme o caso 
GABARITO: “A” 
COMENTÁRIOS: Esta questão ficará mais clara com os conhecimentos que ainda virão, 
mas desde já é importante saber que a aplicação do artigo 2º do CP é com relação à 
extinção da punibilidade da conduta, ou seja, a ocorrência de abolitio criminis exclui 
somente a punibilidade. 
14. (ESAF / BACEN / 2001) Indique, nas opções abaixo, dois princípios contidos no 
art. 1º do Código Penal: 
A) da legalidade e da anterioridade 
B) da reserva legal e da culpabilidade 
C) da proporcionalidade e da legalidade 
D) do duplo grau de jurisdição e da reserva legal 
E) da culpabilidade e do devido processo legal 
 
 
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