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CURSO DE DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL I Prof. MARCÍLIO FLORÊNCIO MOTA marcilio.mota@trt6.jus.br Tema da aula: A DENUNCIAÇÃO DA LIDE 1. Referências legais: arts. 125 a 129 do NCPC. 2. Definição: É uma ação incidental de garantia proposta contra terceiro pela qual se provoca a sua intervenção no processo com o objetivo de que o juiz fixe a responsabilidade dele na sentença que vier a ser proferida, se o denunciante for derrotado. É ação em exercício do direito de regresso. 3. Natureza: É intervenção de terceiro provocada. 4. Importância: Economia processual. Fixar na sentença a responsabilidade por perda judicial da coisa - evicção - ou por danos - art.125, I e II c/c art. 129. 5. Hipóteses de cabimento: art. 125, I e II. 5.1. Ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam. A previsão tem por objetivo permitir ao denunciante a obtenção da condenação do alienante, porque o denunciante pode perder a coisa; e para que o alienante possa exercer defesa contra o adversário do denunciante. 5.2. Àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. A hipótese aqui é a de veiculação de pretensão regressiva pela via da denunciação. O que está obrigado por lei ou por contrato a indenizar outrem em vista de derrota em processo judicial. Podemos citar como exemplo o caso de uma empresa de ônibus que está acionando o poder público para reaver a concessão de uma linha. A linha foi tomada porque a empresa não renovou a frota. A empresa de ônibus denuncia a fabricante dos ônibus, que se obrigou a entrega deles num prazo e não cumpriu. O fornecedor de frutas a uma rede de supermercados... 6. A controvérsia sobre a obrigatoriedade da denunciação – No sistema do CPC de 1973, a regra do art. 70 fala que a denunciação da lide é obrigatória. A doutrina controverte quanto à obrigatoriedade da denunciação, não obstante. Costa Machado defende que ela é obrigatória no caso do inciso I do art. 70 em vista do que prescreve o art. 456 do Código Civil. Na sua interpretação, ela pode ser obrigatória em casos com base no inciso II e não é obrigatória no caso do inciso III. No NCPC, o legislador resolve esta questão. Resta claro no § 1º do art. 125 que a denunciação da lide não é obrigatória, ou seja, ela poderá ser exercida pelo que perder a demanda caso a denunciação seja indeferida, deixe de ser promovida ou não seja permitida. 7. Procedimento a) A denunciação pode ser feita pelo autor ou pelo réu - arts. 127 e 128; b) O autor faz a denunciação na petição inicial, hipótese na qual o denunciado pode figurar como litisconsorte e pode aditar a inicial - art. 127. Se o autor não fizer a denunciação na petição inicial ele só poderá exercer o direito regressivo por meio de ação autônoma. c) Na denunciação pelo réu, o denunciado, contestando o pedido do autor, assume a posição de litisconsorte - inciso I do art. 128; d) Se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com a sua defesa e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva – inciso II do art. 128. e) O denunciado pode confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal e o denunciante pode seguir na defesa da coisa ou se restringir à pretensão regressiva – inciso III do art. 128; f) No NCPC, § 2º do art. 125, não é possível a denunciação sucessiva, quando existe direito regressivo em cadeia, conforme a previsão do CPC de 1973. Uma hipótese é a alienação em cadeia, gerando para cada um dos adquirentes o direito de regresso para com o seu respectivo alienante - art. 73. g) O autor vencedor pode requerer o cumprimento da condenação pelo denunciante ou pelo denunciado – Parágrafo único do art. 128. Nessa hipótese, a denunciação favorece não apenas o denunciante, mas o adversário do denunciante. h) Se o denunciante for vencido, o juiz passará ao julgamento da denunciação - art. 129; e i) Se o denunciante for vencedor, ele pagará ao denunciado as verbas decorrentes da sucumbência – Parágrafo único do art. 129. CAPÍTULO II DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes: I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam; II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. § 1o O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. § 2o Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma. Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos no art. 131. Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em seguida à citação do réu. Art. 128. Feita a denunciação pelo réu: I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado; II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva; III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso. Parágrafo único. Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide. Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.
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