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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC Educação Ambiental Projeto de Roteiro de Saída de Campo Bruna Barbezani Profª. Dr. João Rodrigo Santos da Silva Santo André - SP 2016 Bruna Barbezani Roteiro de Saída de Campo Quadrimeste 1. 2016 RA 21029612 Educação Ambiental ONDE Projeto Tamar (Ubatuba – SP): Ubatuba é uma cidade localizado no litoral norte de São Paulo a 262km da capital. A região é conhecida por ser uma das maiores áreas de preservação remanescentes de Mata Atlântica no estado. Ubatuba é cercada pela Serra do mar e aproximadamente 80% de seu território faz parte do Parque Estadual Serra do Mar, o que mostra o caráter preservacionista da população local. O Projeto Tamar chegou à Ubatuba em 1991, sendo a primeira base utilizada para alimentação de tartarugas marinhas no litoral brasileiro. Ainda hoje é uma das bases mais importantes do projeto, que já possui 9 centros de visitantes e 23 bases no país. O centro de visitantes de Ubatuba recebe mais de 100 mil pessoas por ano, sendo um importante ponto turístico da região e contando com aquários, tanques e terrários onde os visitantes podem observar as tartarugas que passam por tratamento, réplicas de peças biológicas e de éspécies ancestrais das tartarugas da região, painéis educativos, oficina de papel reciclado, biblioteca, auditório e área de lazer; toda essa infra-estrutra voltada para a educação ambiental e o tema da preservação. O projeto é realizado em parceria com o IBAMA e com o ICMBio e recebe apoio da Petrobrás. A Base do Projeto Tamar em Ubatuba está localizada no bairro de Itaguá, sendo a única base do projeto localizada em zona urbana e de fácil acesso, o que faz desta uma daas bases mais procuradas por turistas; ela possui uma área de 3.600 m2, cedida pela prefeitura. É importante frisar o caráter preservacionista da cidade, que vem evitando o processo de urbanização já avançado na cidade vizinha, Caraguatatuba, com o intuito de manter, preservar e conservar o rico ecossistema da região litorânea, que vem se perdendo nas demais cidades. Nessa mesma base, também se encontram a sede administrativa, o alojamento para pesuqisadores e o centro de reabilitação e alimentação das tartarugas. PORQUÊ O PROJETO TAMAR UBATUBA – SP De acordo com o ICMBio, no mundo inteiro apenas sete espécies de tartarugas marinhas são conhecidas atualmente, das quais cinco podem ser encontradas no litoral brasileiro. Além disso, de acordo com um relatório da IUCN (União Mundial para Conservação da Natureza), essas cinco espécies correm graves riscos de extinção. Bruna Barbezani Roteiro de Saída de Campo Quadrimeste 1. 2016 RA 21029612 Educação Ambiental Até a década de 70 não haviam projetos de preservação marinha no Brasil, mas as espécies de tartarugas locais já constavam na lista de risco de extinção; e é dessa preocupação que em 1980 nasce o projeto Tamar. Os primeiros anos do projeto foram dedicados ao levantamento das espécies locais, gerando dados sobre quais espécies ocorriam, onde ocorriam em maior número e em que fase de suas vidas mais buscavam a costa brasileira. Com base nessa extensa coleta de dados, as primeiras bases foram estrategicamente instaladas na Praia do Forte (BA), Comboios (ES) e Pirambu (ES), que foram regiões caracterizadas pelo elevado índice de desova, permitindo que o projeto criasse base e se fortalecesse para atingir novas áreas, contemplando regiões de alimentação e repouso como Ubatuba (Projeto Tamar, 2012). O projeto Tamar lista a captura incidental na atividade pesqueira, como uma das maiores responsáveis pela mortalidade das epécies em Ubatuba. Por isso ações conjuntas com pescadores locais são a grande chave para o funcionamento do projeto. A equipe técnica do Tamar acompanha os pescadores, além de fiscalizar cercos flutuantes, redes de espera e arrasto regularmente, de forma a orientar os pescadores sobre como libertar as tartarugas no caso de encontrar alguma presa às redes e cercos, além de treiná-los para reanimá-las em caso de parada respiratória. A pesca é uma importante atividade na região, atraída pela variedade de peixes disponíveis no local, apesar de não poder ser parada, o acompanhamento de faz necessário, uma vez que a captura acidental das tartarugas é também elevada, principalmente no inverno. Em 10 anos de existência da base de Ubatuba, 4.500 tartarugas foram resgatadas da pesca acidental. A presença dos técnicos do projeto nas atividades pesqueiras é importante para que eles realizem a identificação, biometria, pesagem, marcação e soltura dos animais. Apesar da técnica do cerco flutuante ser a que mais captura tartarugas, são as redes de espera e arrasto que matam mais, pois essas impedem que a tartaruga volte à superfície para buscar ar. Com esse acompanhamento, os técnicos colhem dados que permitem avaliações contínuas sobre o impacto da atividade na fauna local, além de gerarem importantes informações sobre o ciclo de vida desses animais e seu comportamento. Outras atividades da base de Ubatuba incluem a parceria com outros projetos locais para realizar o levantamento das áreas de repouso e alimentação das tartarugas, além de mergulhos noturnos e diurnos, que buscam acompanhar o crescimento das espécies tratadas pelo projeto e ainda permitem a análise de rotas migratórias. O centro de reabilitação da base também é de Bruna Barbezani Roteiro de Saída de Campo Quadrimeste 1. 2016 RA 21029612 Educação Ambiental extrema importância, uma vez que, em parceria com o curso de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo, é utlizado para a realização de cirurgias, exames e tratamentos de casos mais graves, como presença de tumores, a ingestão de objetos que não podem ser digeridos pelos sistemas digestórios das tartarugas marinhas ou até mesmo atropelamentos por embarcações. As atividades do Projeto Tamar são desenvolvidas em três linhas de atuação: conservação e pesquisa aplicada, educação ambiental e desenvolvimento local sustentável (Cardoso, 2012). A educação ambiental está presente em todo o processo, desde as atividades realizadas junto aos pescadores, até as visitas turísticas e escolares que o projeto recebe. Essa vertente é considerada uma das mais importantes, visto que a ação antropogênica é a maior responsável pela diminuição da população de tartarugas marinhas. O desenvolvimento do sujeito ecológico e o envolvimento da população com a conservação e ecologia local é imprescindível para o sucesso do projeto. Apesar de ser patrocinado pela Petrobrás, é a partir das visitações que o Projeto angaria parte de sua receita, além de atrair apoiadores e voluntários para a causa. O andamento do Projeto mostrou, nos últimos anos, que o envolvimento da comunidade é o principal fator para a manutenção das atividades em Ubatuba. A colaboração dos pescadores permite que os técnicos continuem resgatando, estudando, marcando e garantindo a sobrevivência de algumas espécies. Isso só foi possível através de um longo processo de educação ambiental, tornando os pescadores parte da preservação local, ao invés de tentar extinguir sua atividade. O projeto Tamar mostrou aos pescadores que eles podem continuar realizando sua atividade econômica e ainda ser agente ativo na preservação de espécies marinhas. Essa aproximação resultou no apoio total dos pescadores da região ao projeto Tamar. Isso nada mais é que a formação dos pescadores em sujeitos ecológicos, compartilhar com eles esse ideal é também ensiná-los a defenderem o meio onde vivem de processos como a urbanização, por exemplo. Além disso o projeto atua como educador ambiental dos milharesde visitantes que recebe todos os dias. Através de palestras, vídeos, cartazes e exposições, o centro de visitantes coloca as pessoas em contato com a questão da preservação e sua importância. O intuito é levar à pessoas que não têm contato direto com o tema do meio ambiente, conceitos como preservação ambiental, espécies em extinção e o papel de cada um no desenvolvimento sustentável e ecológico. O processo de educação ambiental aqui ocorre não devido ao ensinamento teórico Bruna Barbezani Roteiro de Saída de Campo Quadrimeste 1. 2016 RA 21029612 Educação Ambiental de significados semânticos, mas através do contato de cada um dos visitantes com o ciclo de vida das tartarugas, o risco que elas correm, e como suas atitudes podem impactar esse ciclo. Quem visita o Projeto Tamar passa a entender que existe relação entre seu modo de vida e o o desenvolvimento do ecossistema a seu redor. PARADAS NA VISITA 1) A primeira parada de meu roteiro seria no auditório do centro de visitas, no qual o público seria apresentado à história do Projeto Tamar, além de conhecer melhor cada uma das cinco espécies presentes no litoral brasileiro. Nesse início a equipe de voluntários começaria com uma apresentação de suas atividades, falando um pouco sobre como cada integrante aplica seus conhecimentos no projeto e sua importância na conservação e preservação do meio. Em seguida, por meio de apresentação audiovisual, o público entraria em contato com o projeto e com as espécies locais, e seriam expostos também conceitos importantes para todo o restante da visita, como sujeito ecológico, preservação, conservação, desenvolvimento sustentável e a importância da participação de cada um no processo. 2) A segunda parada seria nos aquários e tanques do centro. Ubatuba conta com cinco tanques de observação de tartarugas marinhas e mais cinco terráreos com tartarugas terrestres e de água doce. Iniciaria a segunda parte da visita encantando os visitantes com a beleza das espécies resgatadas e com a efetividade do projeto, deixaria que o grupo transitasse livremente entre os cinco tanques e os cinco terráreos, encerrando essa etapa no aquário com praia artificial e visor panorâmico, onde os visitantes podem ver as tartarugas submersas, nadando e voltando a praia. Aproveitando a beleza do momento, que simula o que seria o ciclo natural, faria uma roda de discussão e reflexão com o grupo, levantando questões como: Quais são as maiores pertubações no ciclo natural das espécies que foram notadas; Qual a importância de projetos como esse; Qual é o limite de cada indivíduo para trabalhar pela preservação, conservação e pelo desenvolvimento sustentável; Bruna Barbezani Roteiro de Saída de Campo Quadrimeste 1. 2016 RA 21029612 Educação Ambiental A visita despertou em você a vontade de fazer algo de um jeito diferente, mudou alguma ideia que tinha, ou você consegue imaginar alguma outra situação onde projeto semelhante poderia ser aplicado; Você consegue enxergar alguma atitude que você possa mudar em prol do desenvolvimento sustentável, da preservação e da conservação. Após esse momento de reflexão retomaria a vista em torno dos tanques, agora explicando o tratamento dado às diferentes espécies e suas diferentes fases. Isto é, explicando a fase da desova, da alimentação e do repouso, e como o projeto Tamar trata cada uma dessas fases. Além disso, nesse momento seria dada uma explicação mais aprofundada sobre o tratamento dado às tartarugas resgatadas da pesca acidental e àquelas que foram intoxicadas de alguma forma por elementos introduzidos em seu meio natural, mostrando os impactos antropogênicos como o principal causador da diminuição da população de tartarugas e que as coloca em risco alto de extinção. 3) A terceira parada seria realizada no pátio do centro de visitantes, onde todos podem ter contato com as réplicas e silhuetas em tamanho natural, ganhando maior percepção sobre a idade e os estágios que cada espécie pode atingir. Além disso, há uma maquete do ninho que permite aos visitantes assistirem à uma simulação do nascimento dos filhotes. Essa etapa aproxima o público do ciclo natural das espécies, permite que os vistantes entendam o desenvolvimento que as espécies deveriam ter, o porte que deveriam alcançar e quão representativas deveriam ser suas populações. Esse momento é importante para a quantificação visual dos impactos, para que os visitantes assimilem em números como as espécies são prejudicadas e quão efetivo é o projeto Tamar em sua recuperação. 4) Para finalizar a visita, reuniria o grupo no museu do centro de visitação, onde peças biológicas como cascos, ossos e esqueletos são expostas, além de conter espaços temáticos e painéis educativos foto-explicativos. Nesse momento, os visitantes fariam suas últimas conclusões e formariam sua percepção sobre o projeto e sobre os conceitos trabalhados durante a visita. Para não deixar questões em aberto, um bate papo com a equipe de estudantes da Universidade de São Paulo que desenvolve as atividades no local e com a professora doutora responsável, serviria para sanar as dúvidas dos Bruna Barbezani Roteiro de Saída de Campo Quadrimeste 1. 2016 RA 21029612 Educação Ambiental visitantes e para concluir a ideia do projeto. Nessa etapa também seria feita a avaliação da saída de campo, a ser detalhada em seguida. METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DA SAÍDA DE CAMPO Na etapa final da visita, o grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo realiziria uma atividade de avaliação da saída de campo e de reflexão dos pontos abordados durante a visita. Em um formulário, os participantes se identificariam quanto à idade, grau de instrução, local de residência e a forma como tomou conhecimento do projeto Tamar. A segunda parte do formulário seria dividido em duas questões de comparação entre as ideias que os visitantes tinham antes de conhecer o projeto, e as novas ideias que formaram após as informações adquiridas. E por fim, os participantes declarariam sua opinião sobre o roteiro desenvolvido, sobre a monitoria e sobre o centro de visitantes, podendo ainda se manifestar quanto à sugestões ao projeto, para sua manutenção e melhoria. Encerrando a visita de campo, seria realizada uma discussão, para que os participantes pudessem expor como seus conceitos e ideias mudaram, compartilhando suas diferentes experiências e enriquecendo ainda mais seu conhecimento e percepção. Esse método de avaliação, apesar de ser monótono a princípio, permite a reflexão quanto às nossas próprias opiniões e conceitos, quanto ao aprendizado adquirido pela atividade e quanto aos questionamento que devemos refazer. Em um segundo momento, ao compartilhar suas experiências e percepções com outros que receberam as mesma informações, você tem a possibilidade de completar sua experiência e debater junto ao grupo quão próximas do que você considera certo estão as ideias gerais, e em que pontos você precisa repensar suas considerações iniciais. Esse tipo de debate é sempre enriquecedor, pois ao ponto que tentamos defender nossas ideias, tomamos conhecimento de nossos argumentos e analisamos se somos capazes de rebater os argumentos dos demais participantes, ou, havendo concordância, fortalecemos a ideia do grupo com novas argumentações. Questionar-se constantemente e permitir-se mudar de opinião, são fatores imprescindíveis a qualquer crescimento ideológico e processo de educação. Bruna Barbezani Roteiro de Saída de Campo Quadrimeste 1. 2016 RA 21029612 Educação Ambiental REFERÊNCIAS Cardoso, C. C. Percepção de estudantes que visitam o Projeto Tamar-ICMBio, nas bases de Florianópolis-SC e Ubatuba– SP, sobre biologia e conservação de tartarugas marinhas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2012. ICMBio – Instituto Chico Mendes – Tartarugas Marinhas. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/estado-de- conservacao/tartarugas-marinhas.html IUCN - International Union for Conservation of Nature. The Red List. Disponível em: http://support.iucnredlist.org/ Marcovaldi, M.; Chaloupka, M. Conservation status of the loggerhead sea turtle in Brazil: an encouraging outlook. Endangered species research. Vol. 3: 133–143, 2007. Peres, M.B.; Dias, B.F.S. & Vercillo, U.E. Avaliação do estado de conservação da fauna brasileira e a lista de espécies ameaçadas: O que significa? Qual sua importância? Como fazer? Biodiversidade Brasileira, 1: 45-48, 2011. PROJETO TAMAR UBATUBA – Promovendo a Integração do Homem com o Meio Ambiente. Disponível em: http://www.ubatuba.com.br/tamar/index-2.html. PROJETO TAMAR. Projeto Tamar Ubatuba. Revista do Tamar. Ubatuba. Ano 8, Vol. 6, 2003. Disponível em: http://www.tamar.org.br/centros_visitantes.php?cod=9. TAMAR, 2012. Banco de Dados TAMAR/SITAMAR
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