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Trabalho sobre PNAS Parte 2 revisado

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CAMILA TONI OLIVEIRA FERNANDES
GISLAINE MATOS DE OLIVEIRA
JESSIKA SILVA GALVÃO
LUANA SOUZA OLIVEIRA
PÂMELA RODRIGUES R. LEITE
LILYANE PIRES DE MORAIS
A Psicologia Social e a PNAS – implicações e facilitações para o enquadramento das Instituições
 Goiânia
 2015
A Psicologia Social e a PNAS – implicações e facilitações para o enquadramento das Instituições
 
Trabalho apresentado como exigência para avaliação da disciplina Psicologia Comunitária do quinto semestre, do curso de Psicologia da Universidade Paulista, sob orientação da Professora Claúdia.
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Goiânia
 2015
SUMÁRIO
1. Resumo ------------------------------------------------------------------------------------------------- 4
2. Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------------- 5
3. Abordagem Metodológica---------------------------------------------------------------------------- 8
4. Resultados--------------------------------------------------------------------------------------------- 10
 5. Considerações Finais-------------------------------------------------------------------------------- 12
6. Anexos------------------------------------------------------------------------------------------------ 14
7. Referências------------------------------------------------------------------------------------------- 20
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma pesquisa sobre o trabalho social dos Psicólogos, mais especificamente sobre a sua relação com a PNAS. A pesquisa foi efetuada em campo, com o apoio de material literário, sites científicos, e a legislação específica, o que possibilitou aos alunos uma melhor compreensão da Política e suas implicações para as instituições que atuam sobre o seu enquadramento. Durante a execução do trabalho, os alunos tiveram oportunidades de instruir-se, coletar dados, e preparar-se para um melhor desempenho futuro em suas atribuições.
Palavras-chave: PNAS, Psicologia social, ONG, Instituições sociais.
INTRODUÇÃO
As origens das políticas sociais estão diretamente relacionadas ao século XIX, e a revolução industrial, quando o Estado se organizou para responder às demandas sociais trazidas pelo capitalismo. O contexto do Brasil tinha características marcadas pela ditadura e o surgimento de diferentes movimentos sociais que objetivavam a luta por direitos, valores e práticas democráticas. Houve a participação de vários atores, podemos citar Paulo Freire e também diversos movimentos sociais, dando início a uma discussão em que era solicitada uma lei que regulamentasse a assistência a pessoas que se encontravam em risco, situação de vulnerabilidade social e modificando a visão do que antes era visto como caridade e agora tratado como política pública. 
A psicologia comunitária tem sua origem nos movimentos sociais comunitários, surge na década de 1960, por meio de práticas relacionadas ao serviço social e aos movimentos comunitários de saúde e educação. Buscava-se estender o alcance da psicologia à população mais desfavorecida, que, por vezes, ficava à margem da assistência psicológica, sempre vulnerável, promovendo assim a deselitização. Sua construção teórica e metodológica baseou-se na psicologia social, integrada a sociologia, educação popular e ecologia.	
Existem algumas informações que devem ser levantadas, objetivando o conhecimento de alguns conceitos importantes acerca do modo como as Políticas Públicas configuram atualmente a assistência social, de que forma são prestados os serviços, como estão regulamentados.
Sendo assim, a Constituição Federal foi promulgada em 1988 e juntamente com ela houve a asserção da assistência social como direito do cidadão e dever do Estado, compondo o tripé da seguridade social, ao lado da saúde e da previdência social. Mesmo com esse grande passo, a realidade de uma consolidação da assistência social como política pública não se compunha inteiramente, não houve a efetivação de muitos dos preceitos afirmados na Constituição de 1988.
Em 1993, após cinco anos de vigência da constituição, foi sancionada a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Nesse período, houve um incentivo ao chamado Terceiro Setor, através da união com Organizações Não-governamentais (ONGs), e instituições filantrópicas que passaram a executar estas políticas, em detrimento da intervenção e da responsabilização do Estado.
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004) atual surge nesse contexto, em seguida, o Sistema Único da Assistência Social (SUAS, 2005), conferindo um esforço em tornar viáveis e efetivas as ações dessa política.
É importante destacarmos a PNAS como quem organiza as ações da assistência social em dois níveis de proteção, são eles: Proteção Social Básica e Proteção Social Especial. A PSB é caracterizada por atender a pessoas e grupos que estejam em situação de vulnerabilidade social e desenvolve ações que visam ao fortalecimento de vínculos sociais e ao desenvolvimento de potencialidades, e estes são desenvolvidos nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS). Já a PSE se responsabiliza por atender pessoas que estão em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus-tratos físicos e, ou, psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras. 
O psicólogo tem por finalidade em sua atuação como trabalhador da Assistência Social, fortalecer aos sujeitos seus direitos, e o consolidar das políticas públicas. A atuação do psicólogo deve se voltar para a valorização, reconhecimento dos aspectos saudáveis presentes nos sujeitos, nas famílias e na comunidade trabalhadas. A Psicologia, por sua vez, trabalha no resgate dos vínculos do usuário com a Assistência Social. O psicólogo pode participar de todas as ações realizadas no CRAS e no CREAS, como citados anteriormente estes são os equipamentos onde são prestados os serviços da assistência social, associando a sua ação a um plano de trabalho planejado juntamente com a equipe interdisciplinar. Os serviços prestados devem ser planejados, dependendo de cada contexto, o local onde as famílias vivem, sua cultura, necessidades, pontos fortes e também o levantamento de dados de ocorrência das situações de risco e fragilidade vividas. 
A instituição que visitamos se chama Fundação de Apoio Integral do Ser – FunSer, membro da Rede Pró Aprendiz – RPA, que trabalha com jovens na faixa etária de 14 a 24 anos, com o intuito de colaborar para a consolidação de políticas públicas de assistência ao Jovem brasileiro. Há duas décadas, a Rede Pró Aprendiz - RPA, vem capacitando e encaminhando milhares de jovens aprendizes ao mundo do trabalho. Mais de 100 mil famílias já foram atendidas, por meio de Programas de Aprendizagem. Amparada pela Lei Federal 10.097/2000, a aprendizagem é, atualmente, a principal atividade da Fundação de Apoio Integral ao Ser – FunSer.
Por meio de programas de atendimento ao Jovem, sendo eles capacitação para o mercado de trabalho através da aprendizagem, e o constante acompanhamento do jovem junto a família e a escola. Desta forma, a FunSer - RPA colabora para o desenvolvimento socioeconômico do nosso país: combate a violência e a evasão escolar, gera emprego e renda, estimula a formação integral do ser humano. 
A psicóloga entrevistada que atua na instituição, se propõe a oferecer toda e qualquer atividade que vise o desenvolvimento da qualidade de vida do jovem e de sua comunidade, por meio do trabalho de prevenção em diversas áreas como: saúde, trabalho, educação e social. A mesma promove entrevistas e encontros, acompanhando o jovem e intervindo quando
necessário. 
Diante disso, afirmamos que a Psicóloga Comunitária desta instituição têm o papel de direcionar o seu trabalho para a prevenção, e também ajuda terapêutica, elaborando instrumentos para que o atendimento ao jovem ocorra da melhor maneira possível, considerando e respeitando as situações de sofrimento oriundas do processo socioeconômico, trabalhando a vulnerabilidade social em que muitos dos jovens estão inseridos.
A visita técnica foi muito importante para que os alunos tivessem a oportunidade de conhecer na prática a atividade profissional em vários tipos de instituições e nos aproximar cada vez mais da realidade da prática desta atividade profissional. 
ABORDAGEM METODOLÓGICA
Para realização do trabalho foram feitas duas visitas, em Anápolis, sede da FunSer – RPA. A primeira no dia 09 de março de 2015 e a segunda no dia 13 de março de 2015.
Antes das visitas foi feito contato por telefone com a psicóloga atuante na Instituição que concordou em nos receber e nos dar os esclarecimentos necessários, sobre o funcionamento e nos apresentar a estrutura física da FunSer em Anápolis. Nesta ocasião, as alunas presentes entregaram a carta de apresentação da Universidade, e foi feita a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido junto a profissional, termo este que foi assinado em duas vias; uma em poder da profissional e outra anexa no trabalho. 
Esta visita durou aproximadamente três horas, e neste período tivemos a oportunidade de observar a organização da instituição conhecendo as salas onde são ministrados os cursos que preparam os jovens para a inserção social, através do mercado de trabalho além de conhecer outros profissionais que lá atuam. Também tivemos acesso ao banco de dados onde constam as informações da população atendida pelo projeto. Durante a observação uma das alunas ficou responsável pelo diário de campo.
 Finalizando o período de observação, a psicóloga concordou e conceder uma entrevista, e que a mesma fosse gravada, ficando então agendada para semana seguinte a observação. O roteiro da entrevista foi elaborado com auxílio da orientadora da disciplina, que nos direcionou os pontos a serem abordados. Por ocasião da entrevista uma das alunas compareceu na instituição na data acordada munida de um gravador e do roteiro de entrevista.
 A entrevista que durou cerca de quarenta minutos foi realizada na sala da psicóloga onde estavam presentes a aluna e a profissional. Foram feitas perguntas a respeito da atuação profissional da psicóloga na Instituição, sua formação, seu relacionamento com os jovens atendidos e as empresas conveniadas entre outras.
Os dados obtidos nesta entrevista foram divididos nas seguintes categorias:
Formação Profissional
Onde analisou-se, segundo informações obtidas com a psicóloga, se a sua formação é suficiente e adequada para o desempenho de suas funções na área social.
Desafios para a atuação do Profissional Psicólogo na área social
Nesta categoria, conseguimos visualizar os desafios e dificuldades que os profissionais encontram no dia-a-dia em seu trabalho, e como os mesmos podem ser superados, de modo á facilitar o exercício das suas funções e melhorar a qualidade do trabalho oferecido á população.
Valorização da Profissão
Aqui podemos ouvir dos profissionais entrevistados, como enxergam a receptividade da profissão de psicólogo pela sociedade, especialmente no âmbito social, e também com relação a valorização das empresas empregadoras destes profissionais.
Espaço Físico
É muito importante para o desempenho de qualquer atividade ter a estrutura adequada ás suas necessidades, aqui temos a oportunidade de verificar se os profissionais entrevistados dispõem desta condição fundamental.
Relacionamento Interpessoal com a Equipe
Por fim, veremos nesta categoria, como é a dinâmica da relação entre o Profissional Psicólogo e os demais integrantes da equipe da Instituição visitada.
	
RESULTADOS
Todo profissional precisa estar adequadamente preparado para o exercício de suas funções, para que tenha condições de oferecer um trabalho de qualidade e que atenda a demanda da população por ele atendida.
Na área social não é diferente, os psicólogos atuantes neste cenário necessitam de especialização que possa lhes dar suporte e conhecimento. Porém, verificamos muitas vezes que o profissional psicólogo que atua nesta área, deixa de desempenhar todas as atribuições que poderia. Isto geralmente se deve à falta de conhecimento e preparação adequadas, o que lhes traz insegurança e faz com que apenas exerçam funções que são superficiais a todo amplo leque de possibilidades que se lhes apresenta; sem nem mesmo questionar o que lhes é imposto, uma vez que não possui conhecimento exato de quais outras atividades poderia desempenhar. Isto acontece uma vez que muitos psicólogos saem da Universidade e direcionam-se direto ao trabalho social, sem antes buscar especialização adequada.
A psicóloga da instituição visitada, durante a entrevista demonstrou bastante segurança e preparo para desempenhar suas funções, apresentando formação adequada e experiência que lhe possibilitam oferecer um trabalho de qualidade e que beneficia inúmeras famílias.
	Existem inúmeros desafios a serem enfrentados pelos profissionais da área social, entre eles o preconceito, uma vez que tradicionalmente a psicologia esteve ligada a clínica, e a sua inserção em outras áreas é algo muito recente.
Para a entrevistada, o grande desafio enfrentado pela Instituição é a conscientização do poder público, das instituições privadas e da sociedade em geral, que muitas vezes não reconhecem a importância do trabalho realizado pela Instituição. Com relação a PNAS, o desafio é trazer essa população até os profissionais, pois os mesmos se sentem envergonhados e na condição de vítimas, e por esta razão muitas vezes não se aproximam para usufruir dos benefícios que lhes são ofertados. Ressalta-se também a necessidade de um amplo processo de formação, capacitação, investimentos físicos e financeiros, operacionais e políticos que envolvam os atores da política de assistência social; assim como a criação de mecanismos que venham garantir a participação dos usuários nos conselhos e fóruns, enquanto sujeitos não mais sub-representados, mas sim atuantes em todo o processo.
Com relação a valorização da profissão, como mencionado anteriormente, o fato de a psicologia estar culturalmente associada a clínica, faz com que muitas vezes, o salário dos profissionais, especialmente na área social não seja adequado ás funções desempenhadas, o que gera frustração e desmotivação por parte dos psicólogos que atuam nesta área, e faz com que deixem a área assim que lhes é possível, tornando esta situação cíclica, uma vez que outros também virão e tem grandes chances de fazer o mesmo, deixando o setor carente de qualidade de atendimento, embora a cobrança esteja sempre presente. Além deste fator, vemos outras questões presentes como desafios a serem transpostos pelos profissionais psicólogos na área social, como a morosidade e a hierarquização que barram projetos e impedem o exercício adequado da função.
A psicóloga da Instituição atendida demonstrou estar satisfeita com as condições que lhe são oferecidas para o desempenho de seu trabalho e inclusive, considerando justa a sua remuneração.
	O espaço físico, ou seja, a estrutura oferecida pela Instituição é algo também de extrema importância, mas que muitas vezes é negligenciado, pois como exigir bons frutos de um trabalho social sem oferecer à profissional estrutura adequada para que ele atenda a população que necessita deste trabalho?
	Vemos muitos profissionais da área que sofrem com salas pequenas e sem recursos como computadores e acomodações onde possam receber a população. Muitos nem mesmo dispõe de uma sala onde trabalhar, onde tenham a privacidade de fazer atendidos que exigem sigilo e discrição.
	A psicóloga que atende a Fundação, possui sala ampla, arejada e iluminada, computador e cadeiras confortáveis
a sua disposição, para seu uso e para receber de maneira adequada a população atendida pelos projetos oferecidos pela Instituição.
	Tivemos a oportunidade de verificar que a estrutura em geral é bem similar a sua sala, inclusive as salas onde os jovens recebem treinamento e capacitação para o mercado de trabalho. Também conhecemos a cantina da instituição, onde são preparados e servidos alimentos aos beneficiados, demonstrando a profissional entrevistada muita satisfação neste aspecto do exercício de sua profissão.
Segundo a psicóloga, sua relação com toda a equipe é de cooperação mútua e coletividade, existe um ambiente onde os conflitos interpessoais são tratados com maturidade e permitem o crescimento da instituição e das pessoas que lá trabalham.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Psicologia Comunitária proporcionou a nós estudantes, uma visão de mundo mais ampla, podendo conhecer o indivíduo como um ser histórico-social. Para que o resgate e o fortalecimento de vínculos aconteça é necessária uma análise de todo o contexto em que o indivíduo está inserido, sua família, sua escola, seu trabalho. E esta visita favoreceu para que a observação de toda esta teoria ocorresse na prática. 
Podemos encontrar no local observado todas as características que a Psicologia Comunitária nos oferece, realizando a integração, que é uma de seus principais objetivos, estabelecendo vínculos, trabalhando para que a vivência e relação grupal ocorra através de práticas sociais.
Em nossa entrevista nos foi relatado que existe todo um aparato do ambiente, da estrutura física da instituição, motivação, disponibilização de finanças, uma relação sadia entre funcionários em que todos estão em um mesmo objetivo, enfim todos os recursos necessários para que o trabalho social aconteça. 
Quanto aos limites encontrados e relatados, estes se dão por empresas que tem filiação com a instituição, em sua maioria, com prioridade no lucro e na maioria das vezes não se atentando para as Políticas Públicas e leis que regem o menor aprendiz; isto traz dificuldades para que o objetivo da instituição seja alcançado. Muitas vezes é necessário diante disso a intervenção da Psicóloga Comunitária da instituição para que as dúvidas sejam esclarecidas e possibilite uma interrupção nos conflitos, proporcionando que a condução do trabalho social ocorra. 
A instituição se fundamenta na perspectiva de que através da educação para o trabalho, será alcançada a inserção destes jovens na sociedade. Conforme citação de Paulo Freire "Nós não mudamos as pessoas, a educação muda as pessoas, e as pessoas mudam o mundo." Isto nos confirma que o objetivo principal da instituição é o alcance das políticas públicas. 
A perspectiva do grupo durante a proposta do trabalho, era de que a maioria das teorias mostradas nas Políticas Públicas de Assistência Social e na Psicologia Comunitária não seriam possíveis na prática. Porém, fomos confrontados, e mediante a visão desenvolvida pela instituição, tivemos a oportunidade de observar o que realmente acontece e a forma como era validada sua Política, sendo realizada de acordo com as propostas, leis e equiparada com todos instrumentos necessários a um trabalho social; mudando desta forma, nossa perspectiva e enriquecendo nosso conhecimento.
Diante do exposto, fica-nos claro que a caminhada do psicólogo social, ainda será pautada por grandes desafios e perspectivas, pois é algo novo, inacabado, que está a cada dia em processo de mudanças e se adequando de acordo com as realidades dos usuários, portanto está em processo de amadurecimento.
Há muito que aprender; tanto o profissional de Psicologia com a população atendida, como a população compreender o verdadeiro papel da instituição e dos psicólogos; essa não é uma tarefa fácil, já que ainda estão imersos numa cultura da caridade, que lhes impõem amarras e impedem sua aproximação dos serviços e consequentemente que evoluam como pessoa e como cidadãos. 
	
ANEXOS
 6.1 VISITA Á INSTITUIÇÃO
	No dia 09 de março de 2015, ás 15:00 chegamos a Instituição Fundação de Apoio Integral ao Ser - FunSer em Anápolis, que é membro da Rede Pró Aprendiz e parceira da Fundação pró Cerrado. Fomos recebidas pela secretária que nos acompanhou até a sala da Psicóloga, onde nos apresentou a mesma e nos deixou em sua sala para conversarmos.
	A profissional chama-se Larissa e nos recebeu com muita gentileza e atenção, e demonstrou estar disposta a nos apresentar a Instituição e o trabalho social por ela realizado.
	Em sua sala, que estava limpa, organizada e apresentando pintura nova, fomos acomodadas em cadeiras novas e confortáveis; verificamos ainda a existência de um notebook para o seu trabalho, uma mesa, um ar condicionado e várias caixas e pastas de arquivo.
	Ao saber do teor de nossa visita, Larissa começou nos falando sobre como funciona o projeto, sendo que o foco principal é inserir jovens em vulnerabilidade social no mercado de trabalho, e que o mesmo contempla jovens na faixa etária entre 14 e 24 anos (sendo a grande maioria entre 16 e 18 anos), das classes C, D e E, oportunizando aos mesmos a inserção social no mercado de trabalho e consequentemente o afastamento do risco social, que os mesmos estão expostos. 
 Este programa está baseado 10.097, de 19 de dezembro de 2000, conhecida como Lei da Aprendizagem e regulada pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Nos explicou, que segundo a Lei, toda empresa que possui mais de 7 funcionários em seu quadro, e que não está inclusa no Simples, está obrigada a contratar menores aprendizes, em número de 5 a 15% de seu quadro efetivo, e que o requisito obrigatório para permanência no projeto é estar matriculado e frequentando a escola. O que é acompanhado de perto pela mesma.
	Nos informou que empresas que possuem este perfil entram em contato com a Fundação, voluntariamente, ou após serem notificadas pela Delegacia Regional de Trabalho - DRT local e solicitam jovens para preencherem vagas abertas em seu quadro, e os mesmos são disponibilizadas conforme exigido na lei. A FunSer utiliza um banco de currículos ou inscrições existentes em seu site www.rpa.org.br. O acesso as inscrições são livres a todos os jovens, mas a seleção leva em conta o princípio básico da necessidade perante a vulnerabilidade social.
O horário de trabalho dos jovens é de 20hrs semanais, sendo que 30% desta carga horária é destinada a capacitação dos mesmos por meio de cursos profissionalizantes de capacitação ao mercado de trabalho, oferecidos nas instalações da Fundação; os mesmos são ministrados uma vez na semana no horário de trabalho dos jovens.
	Após a captação de currículos, os jovens são convidados a comparecer na Instituição para uma pré-seleção, onde são avaliadas competências como comportamento perante público, dicção e ortografia. Nesta etapa de responsabilidade da profissional Psicóloga, os jovens preenchem uma folha com seus dados pessoais e respondem três perguntas: um ponto positivo seu, um negativo e quais as expectativas do jovem com relação ao futuro, além de redigirem uma pequena redação de cerca de 10 á 15 linhas. Em seguida os mesmos devem apresentar-se a elas, perante os demais candidatos, onde são avaliados e podem ser desqualificados temporariamente para a vaga. Aqueles que não se adaptam as exigências da empresa contratante, poderão passar ainda por cursos de pré-formação e qualificação gratuitos, tanto presencias, como online (através do Sistema AR – pertencente a Rede Pró Aprendiz), e serão convidados futuramente para participar de novas seleções.
	Neste momento Larissa seleciona os jovens que mais atendem ao perfil solicitado pela empresa contratante, em média são selecionados 5 jovens em cada processo, porém segundo a mesma, dificilmente todos comparecem nas datas combinadas. O que denota muitas vezes a falta de esclarecimento e compromisso, tão importante em sua formação profissional.
	A Psicóloga nos explica ainda, que existem algumas dificuldades junto as empresas, principalmente as que
estão em início de programa. Muitas, por falta de entendimento da Lei, visualizam o jovem como uma fonte extra de mão de obra e não os aceitam como Aprendizes em formação profissional, e por motivos que podem ser considerados supérfluos as mesmas solicitam frequentemente o seu desligamento ou até mesmo “trocas” de jovens por parte da Instituição, nestas situações é necessário ocorrer a intervenção como mediadora destes conflitos, explicando as empresas que são jovens em início de carreira, preparando-se ainda para sua inserção na sociedade e em busca de capacitação profissional.
	Mesmo com a intervenção e devidos esclarecimentos, algumas empresas optam por desligar os jovens, então sofrem as sanções da Lei como, por exemplo, pagamento de multa rescisória e demais encargos previstos em Lei.
	Durante nossa conversa, o telefone de Larissa tocou, e a secretária avisou que tinha uma jovem na recepção aguardando para entrega de documentos após passar pela seleção e estar pronta para o encaminhamento de contratação. Com a autorização de Larissa, a jovem apresentou-se na sala e quando perguntada pela Psicóloga como havia sido sua entrevista, ela respondeu que foi “legal”, ao que a Psicóloga Larissa lhe pergunta sobre o que quer dizer com legal e a jovem lhe diz que foi legal por que vai trabalhar. Após receber os seus documentos, Larissa lhe orienta com relação aos procedimentos a serem realizados e despede-se da jovem.
	Sua sala situa-se perto das salas de aulas onde são ministrados os cursos, e neste momento da visita, começamos a ouvir barulhos de grande movimentação no corredor próximo a porta, Larissa nos informa que possivelmente eles estarão no intervalo de aula, e da dificuldade de esclarecer a importância daquela formação teórica (capacitação). Muitas vezes são orientados que a mesma faz parte de seu contrato de trabalho e que ele recebe o valor daquelas horas de capacitação, juntamente com as horas práticas junto a empresa em forma de salário. 
 Novamente o telefone tocou e a secretária informou que havia um jovem do projeto que desejava falar-lhe, ao passo que Larissa permitiu que permanecêssemos na sala, uma vez que não se tratava de atendimento clínico. Este jovem buscava orientação vocacional, pois já estava no fim o seu contrato com a Fundação e ele ainda não sabia o que poderia fazer em seguida. Mais uma atividade social desempenhada pela mesma.
	O jovem chegou falando alto e se impondo, sentou-se em frente a Larissa e a mesma perguntou em que poderia ajudá-lo. Mediante o que foi exposto pelo jovem, ela pode perceber que havia uma demanda maior em sua queixa e combinou de reencontrá-lo na semana seguinte em horário após suas aulas, embora o jovem insistisse de sair antes da escola para a conversa.
	Quando terminou sua conversa com o jovem, Larissa nos colocou a par de outras atividades desempenhadas por ela, muitas vezes acompanhada por outros funcionários de Anápolis ou da sede da Fundação em Goiânia, como visitas às Empresas, Escolas ou aos lares dos jovens que apresentam problemas familiares de relacionamento, alimentício, falecimento, doenças, dependência química, violência doméstica, comportamentos inadequados diversos etc. Na maioria dos casos, após detectar a necessidade do jovem, os mesmos passam a ser acompanhados por departamentos ou profissionais especializados em cada caso ou ainda em clínicas parceiras.
Após o encerramento das explicações e abertura mais uma vez para nossas dúvidas, Larissa nos apresentou toda a estrutura de salas de aulas e demais instalações do Polo Anápolis da FPC, assim como alguns funcionários da Fundação, entre eles a funcionária Lorena, do Departamento Pessoal. Depois de nos colocar a vontade para maiores esclarecimentos e observações, despediu-se voltando ao desempenho de suas funções.
6.2 TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA
Entrevista realizada em 13 de março de 2015.
Entrevista realizada com a Psicóloga da Instituição Fundação Pró-Cerrado: Larissa
Como você se denomina com relação ao desempenho de suas funções? Pode denominar-se uma Psicóloga Social?
Bom, eu acho que sim. Posso ser denominada uma Psicóloga Social, a partir do momento que eu to, é..., em função dos jovens, da comunidade que eles moram, do ambiente que eles trabalham e o ambiente aqui dentro da fundação. Então, é tudo uma interação. A gente sempre está analisando eles em todos os sentidos. Então sim, eu posso me considerar uma Psicóloga Social.
Pode nos descrever o seu trabalho? Quais são suas atividades e como você as desempenha?
Bom, eu aqui como Psicóloga da Instituição eu estou disponível para atendimento, para acompanhamentos e orientações, na verdade. Qualquer problema que o jovem tenha, independente de ser pessoal ou se é do trabalho, eu estou aqui a disposição. Além disso eu trabalho também com a seleção desses jovens, para estar indo para as empresas e no mais é isso esse acompanhamento do jovem, acompanhamento integral a ele, para saber como as coisas estão em casa e no trabalho. Então, eu estou aqui justamente para isso.
Você acredita ter condições adequadas para desempenhar as suas funções aqui na instituição, sejam elas físicas, financeiras ou de outra natureza?
É..., sim eu acredito que eu tenho todas as condições adequadas, tudo que eu preciso a fundação me ampara em todos os sentidos. Seja, fisicamente, financeiramente ou de qualquer outra natureza nunca tive nenhum problema quanto a isso. Meu trabalho nunca ficou parado por conta dessas condições.
Há quanto tempo está atuando na instituição? Já havia trabalhado na esfera social anteriormente?
Sim. Eu já trabalhei antes, eu trabalhava no CRAS que é o Centro de Referência de Assistência Social, que é a porta de entrada dos programas da Prefeitura, e eu acompanhava alguns grupos lá, que eu sempre estava cuidando dessas questões. E eu trabalhava também com mulheres vítimas de violência, que acabava fazendo um trabalho assim que de ir muito para o lugar que elas estavam, para as famílias. Eu trabalho aqui na Fundação há 9 meses.
Acredita que a sua remuneração é condizente com as funções que desempenha ou com a área em que atua?
Bom, eu acredito que sim. É, em relação a nossa realidade de hoje e ao meu preparo eu acho que sim. Que estamos dentro do esperado, e é condizente sim.
Como é a relação da Psicóloga com os demais funcionários da instituição? E com as empresas conveniadas?
A relação, a minha relação com os outros funcionários é extremamente tranquila. É até sirvo de apoio, as vezes quando acontece alguma coisa, quando há algum problema entre os colaboradores e precisa ser resolvido, sou eu quem assumo. É claro que não fazendo atendimento, isso não existe, não condiz com nossa realidade aqui. Mas realmente servindo de amparo quando necessário. E com as empresas, é um trabalho bem bacana. Sou eu quem sempre estou em contato com as empresas parceiras, sou uma das na verdade. Mas assim... o jovem está com problemas e ou a empresa está com alguma reclamação, eles recorrem a mim e então é uma relação bastante tranquila ''ne''?
Quem pode ser contemplado pelo Projeto?
Bom, o projeto trabalha dentro da Lei da Aprendizagem. E, ele trabalha com jovens de 14 a 24 anos que estejam cursado o Ensino Médio ou que já tenham concluído e é um Programa de Inclusão, então atendemos as classes mais baixas. E também aos portadores de algum tipo de deficiência, nós temos esse programa que acaba inserindo eles na sociedade.
Você enxerga o seu trabalho como um trabalho social? Por quê?
É um trabalho social, porque ele está visando o jovem, o seu emprego, a comunidade que ele vive, então... seu ambiente de trabalho. E a fundação acaba olhando para ele como um ser integral, eu acredito sim que é um trabalho social! Para que possamos ter um resultado melhor desse jovem em um futuro mais próximo. E também porque são jovens que estão em situação de riscos social "né". 
Você conhece a PNAS? O seu trabalho está enquadrado nas diretrizes da PNAS?
Sim! É uma Política Nacional de Assistência
Social, e o meu trabalho está enquadrado nessas diretrizes. Porque também a instituição possui o CEBAS, pra se obter o CEBAS é necessário seguir essa Política. 
Acredita que a PNAS oferece facilitação para este tipo de trabalho ser desenvolvido?
Eu acredito sim, porque nós somos uma instituição do terceiro setor que auxilia na ação social da população. Que acaba descentralizando as ações junto dos jovens, trabalho, escola e a família. E a gente acaba participando ativamente na formação deles pro mercado de trabalho e oportunizando seu ingresso na sociedade.
Quais os desafios enfrentados pela instituição para manter-se enquadrada nas diretrizes da PNAS?
O principal desafio da instituição frente a esse trabalho social, é a conscientização do poder público, das instituições privadas e a sociedade em geral. Do papel importante do trabalho juvenil para as mazelas sociais que atravessamos. 
O governo oferece algum tipo de subsídio para a instituição enquadra-se nas diretrizes da PNAS?
Sim, como portadora do CEBAS que é a Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social que trata de uma certificação que possibilita a isenção de contribuição para a Seguridade Social, a priorização na celebração de convênios com o Poder Público, entre outros benefícios. Que seria 20% do recolhimento do INSS, da parte patronal da Folha de pagamento.
 
Gostaria de fazer algum tipo de consideração?
É... a única consideração que eu queria fazer é que este é um trabalho que eu acredito muito. Que é até uma das coisas que eu sempre estou conversando com os jovens, nós estamos trabalhando em um lugar que nós acreditamos, vestimos a camisa, porque não deixamos de ser funcionários quando vamos para nossas casas. Então, é um lugar que eu acredito muito no trabalho que nós vemos os frutos sendo plantados, porque na verdade esses jovens são o futuro próximo e estamos tentando cuidar da melhor maneira possível, não pensando não só no emprego, mas em todas as esferas possíveis. É isso!
REFERÊNCIAS
http://nucomufcsite.webnode.com.br/historico/
http://www.egem.org.br/arquivosbd/basico/0.571375001296753502_a_atuacao_do_psicologo_na_assistencia_social.pdf
http://www.fpc.org.br/
Brasil. (2005b). Guia de orientação técnica – SUAS, nº 1. Proteção Social Básica de Assistência Social. Recuperado em 25 de março de 2008, do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome):
http://www.mds.gov.br

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