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Resumo Direito Civil II

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Anna Luiza Roquete Viana Faria
roquete.aninha@gmail.com
Direito Civil II - Das Obrigações:
UNIDADE 1: MODALIDADES OBRIGACIONAIS: 
	1)	Obrigações simples: As obrigações simples são aquelas que possuem um sujeito passivo, um sujeito ativo e um objeto. É o caso típico dos contratos bilaterais, em que há um credor, um devedor e uma prestação e obrigações para ambas as partes. Nas obrigações simples pode haver pluralidade de obrigações, mas a analise deve ser feita separadamente. EX: Contrato de compra e venda entre A e B e um cavalo – 1 devedor, 1 prestação (PAGAR). 1 credor, 1 prestação (ENTREGAR O CAVALO).
	2)	Obrigações positivas e negativas: A obrigação positiva se constitui em uma ação, já a negativa em uma não-ação.
	3)	Obrigações propter rem (em virtude da coisa): É uma obrigação real, que decorre da relação entre o devedor e a coisa. As pessoas se obrigam não por quê querem, mas ao ter determinada coisa gera uma obrigação. EX: Ao se tornar sócio de um clube, você tem a obrigação de pagar todo mês o valor da mensalidade. 
	4)	Obrigação instantânea e obrigação de trato sucessivo: A obrigação instantânea se extingue no seu cumprimento (EX: comprar um lanche na cantina). Já a de trato sucessivo é periódica, você cumpre a obrigação para continuar recebendo determinado serviço. (EX: pagar conta de luz).
	5)	Obrigações principais e obrigações acessórias: Nas obrigações principais, sua existência jurídica não pressupõe a de nenhuma outra obrigação (EX: compra e venda). As acessórias têm sua existência subordinada a outra relação jurídica, ou seja, dependem da obrigação principal. (EX: fiança, juros, aval).
	6)	Obrigações líquidas e ilíquidas: As liquidas são certas e determinadas quanto ao seu objeto. As ilíquidas são obrigações que pendem dúvida em relação ao seu quantitativo. Eu sei o que dar, mas não sei quanto. 
	7)	Obrigações a termo, modais (encargo) e condicionais: TERMO: subordina a obrigação a um evento futuro e certo, em data pré estabelecida (prazo). EX: Dar um carro a alguém quando completar 18 anos de idade. MODAIS: é uma obrigação ou um ônus ao beneficiário. CONDICIONAIS: são aquelas que se subordinam a ocorrência de um evento futuro e incerto para atingir seus efeitos. EX: Obrigação de dar uma viagem a alguém quando esta pessoa passar no vestibular (condição).
	8)	Obrigação de meio e obrigação de resultado: A obrigação de meio é aquela em que o devedor, ou seja, o sujeito passivo da obrigação, utiliza os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem, entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. Como ocorre nos casos de contratos com advogados, os quais devem utilizar todos os meios para conseguir obter a sentença desejada por seu cliente, mas em nenhum momento será responsabilizado se não atingir este objetivo. A obrigação de resultado é aquela que o sujeito passivo não somente utiliza todos os seus meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado, como também se responsabiliza caso este seja diverso do esperado. Sendo assim, o devedor (sujeito passivo) só ficará isento da obrigação quando alcançar o resultado almejado. Como exemplo para este caso temos os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação.
	9)	Obrigação plural, composta ou complexa: São aquelas que sempre terão um de seus elementos no plural (sujeitos ou objetos/prestações). Podem ser objetivas (aquelas que possuem mais de um objeto/prestação) ou subjetivas (aquelas que possuem mais de um credor ou mais de um devedor). As obrigações plurais OBJETIVAS poderão ser: cumulativas, alternativas ou facultativas. 
	a.	Obrigação cumulativa ou conjuntiva (obrigação conjunta): São aquelas obrigações que têm objetos múltiplos, objetos ligados pelo termo aditivo “E”. EX: Entregar o cavalo E o boi. Cumprimento parcial = descumprimento total da obrigação, salvo se o credor aceitar o cumprimento parcial. 
	b.	Obrigação alternativa: Aquela que, tendo objeto composto, é considerada cumprida pela entrega de qualquer uma das prestações. São de objetos ligados pelo termo “OU”. EX: Entregar o cavalo OU o boi. Em algum momento, alguém irá escolher qual objeto efetivamente será entregue (concentração). Toda obrigação alternativa, após a concentração se converge em obrigação simples. A escolha dos objetos obrigacionais compete ao devedor (se não há disposição contratual quanto a quem escolhe). O contrato pode determinar que a escolha seja feita por terceiro (sem ser o credor e sem ser o devedor). Caso haja recusa do mesmo, quem escolhe é o juiz. Se a obrigação for de múltiplos optantes (vários credores/devedores) deve haver unanimidade entre eles. Caso contrário, a escolha será feita pelo juiz. Se o objeto se perder antes da concentração: SEM CULPA – parcial: concentra (art 253) total: extingue (art 256). COM CULPA – escolha do devedor: parcial (concentra) total (concentra no ultimo). Escolha do credor: mantém a escolha. 
	Impossibilidade sem culpa
	Consequências
	Parcial
	A obrigação complexa se converte em simples (Art 253)
	Total
	Obrigação extinta (Art 256)
	Impossibilidade com culpa
	Escolha cabia ao credor
	Escolha cabia ao devedor
	Parcial
	Credor pode exigir a prestação subsistente ou o valor da outra + perdas e danos (Art 255)
	Obrigação complexa se converte em simples 
	Total
	Credor pode reclamar o valor de qualquer uma delas + perdas e danos (Art 255) 
	Credor terá direito ao valor da que se impossibilitou por último + perdas e danos (Art 254)
 OBRIGAÇÕES DE DAR: As obrigações de dar são aquelas que obrigam a entrega de uma coisa. Essa obrigação de dar pode ter 3 sentidos: de transferir a propriedade, de entregar apenas a posse ou de restituir, devolver a coisa. Essa obrigação se divide em: 
Obrigação de DAR COISA CERTA: certa é a coisa que se encontra individual, ou seja, que não pode ser tomada por outra ainda que de mesma espécie. O credor não é obrigado a aceitar coisa diversa, mesmo que mais valiosa (art 313, CC). A coisa certa é infungível. A obrigação se cumpre mediante a entrega da coisa certa. 
Em caso de perda ou deterioração: Perda é o desaparecimento total da coisa no mundo juridico. Deterioração é a diminuição do valor da coisa. Não se liga a consumibilidade do bem. A perda ou deterioração só importa se ocorrem antes da tradição (cumprimento da obrigação). 
	Perda da coisa 
	Consequências
	Sem culpa do devedor
	Obrigação fica resolvida, extinta para ambas as partes (status quo ante). Art 234 
	Com culpa do devedor
	Devedor responde pelo equivalente (valor da obrigação) + perdas e danos. Art 234 
	Coisa deteriorada
	1 opção do credor 
	2 opção do credor
	Sem culpa do devedor (art 235)
	Resolver a obrigação sem direito a perdas e danos (status quo ante)
	Ficar com a coisa com abatimento do preço 
	Com culpa do devedor (art 236)
	Exigir valor equivalente à obrigação (preço pago anteriormente) + perdas e danos
	Ficar com a coisa deteriorada e exigir perdas e danos. 
Melhoramentos e acréscimos: Melhoramento é tudo tudo quanto opera mudança para o melhor, em valor, em utilidade, em comodidade, na condição e no estado físico da coisa. Acréscimo é tudo aquilo que se ajunta, que se acrescenta à coisa, aumentando-a. No direito brasileiro, o contrato por si só não transfere o domínio mas apenas gera a obrigação de entregar coisa alienada enquanto não ocorrer a tradição (consultar artigo 237). EX: Se o sujeito da obrigação for um animal e este der cria, o devedor não poderá ser constrangido a entregá-la. Pelo acréscimo, tem direito de exigir aumento do preço, se o animal não foi adquirido juntamente com a futura cria. 
Somente são considerados melhoramentos ou acréscimos se estes ocorrerem ao longo do processo de tradição, não antes. O credor pode aceitar a pagar a diferença
pelos acréscimos ou extinguir a obrigação. No caso de frutos, até o momento da tradição, estes são todos do devedor. 
b. Obrigação de RESTITUIR: Restituir é devolver ao credor coisa certa que já lhe pertence e que está em poder do devedor. Princípio do “Res Perit Domino” – A coisa perece para o dono
em situações de caso fortuito ou força maior.
	Perda da coisa
	Consequências
	Sem culpa do devedor
	O credor não pode reclamar (Res Perit Domino), mas pode exigir os direitos que já existiam até a referida perda (EX: Aluguel de imóvel).
	Com culpa do devedor
	O devedor responde pelo equivalente + perdas e danos
	Coisa deteriorada
	Consequências
	Sem culpa do devedor
	O credor recebe a coisa no estado em que se encontrar (sem perdas e danos)
	Com culpa do devedor 
	O credor tem direito ao equivalente + perdas e danos ou pode ficar com o bem exigindo reparação.
c. Obrigações PECUNIÁRIAS: Obrigação pecuniária é obrigação de entregar dinheiro, ou seja, de solver dívida em dinheiro. Como ocorre no contrato de mútuo, em que o tomador do empréstimo obriga-se a devolver, dentro de determinado prazo, a importância levantada.
 O Código Civil adotou o princípio do nominalismo, pelo qual se considera como valor da moeda o valor nominal que lhe atribui o Estado, no ato da emissão ou cunhagem. Assim, o devedor de uma quantia em dinheiro libera-se entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou título da dívida, e em curso no lugar do pagamento, ainda que desvalorizada pela inflação. Uma das formas de combater os efeitos maléficos decorrentes da desvalorização monetária é a adoção da cláusula de escala móvel, pela qual o valor da prestação deve variar segundo os índices de custo de vida, que podiam ser aplicados sem limite temporal. A escala móvel ou critério de atualização monetária, que decorre de prévia estipulação contratual, ou da lei, não se confunde com a teoria da imprevisão, que poderá ser aplicada pelo juiz quando fatos extraordinários e imprevisíveis tornem excessivamente oneroso para um dos contratantes o cumprimento do contrato, e recomendarem sua revisão. Além das dívidas pecuniárias, existem as dívidas de valor, quando, no entanto, o dinheiro não constitui objeto da prestação, mas apenas representa seu valor, diz-se que a dívida é de valor.
d. Obrigações de DAR COISA INCERTA: A coisa não é especificada, individualizada, sendo indicada apenas sua quantidade e o seu gênero, faltando a indicação de sua qualidade. EX: 20 (quantidade) sacas de arroz (gênero). Consultar artigo 243. A coisa é incerta quando pode ser substituída por outra de mesmo gênero ou espécie, sem fazer diferença. Quem fará a escolha da qualidade será o devedor (art 244) salvo previsão. Se a escolha for do devedor, este não poderá dar a pior coisa. Se a escolha for do credor, este não poderá exigir a melhor coisa. Após a concentração (ato pelo qual a parte especifica a qualidade da coisa) a obrigação de dar coisa incerta se transforma em obrigação de dar coisa certa. Perda e deterioração não se aplicam a coisa incerta, justamente por ser fungível; salvo quando o gênero é indisponível temporariamente. 
e. Obrigações de FAZER: As obrigações de fazer são aquelas que obrigam a realização de uma atividade que não seja a entrega de uma coisa. 
Quando for convencionado que o devedor cumpra pessoalmente a prestação, estaremos diante uma obrigação de fazer infungível, imaterial ou personalíssima. Neste caso, o devedor só se exonerará se ele próprio cumprir a prestação, executando ato ou serviço prometido, pois foi contrato em razão de seus tributos pessoais sendo incogitavel a sua substituição por outra pessoa, preposto ou representante. EX: Se eu encomendo um quadro a um pintor famoso, este deve me entregar e fazer o quadro, não outra pessoa. Se eu compro o ingresso para o show da Ivete Sangalo, esta deve fazer o show e não outra pessoa. 
Quando não há tal exigência expressa, nem se trata de ato ou serviço cuja execução dependa de qualidades pessoais do devedor, ou dos usos e costumes locais podendo ser realizada por terceiro, diz-se que a obrigação de fazer é fungível, material e impessoal. Se, por exemplo, um pedreiro é contratado para construir um muro ou consertar uma calçada, a obrigação assumida é de caráter material, podendo o credor providenciar a sua execução por terceiro, caso o devedor não a cumpra. Para que o fato seja prestado por terceiro é necessário que o credor o deseje, pois ele não é obrigado a aceitar de outrem a prestação, nessas hipóteses. 
	Descumprimento da obrigação
	Obrigação fungível
	Obrigação infugível
	Sem culpa
	Obrigação é extinta
	Obrigação é extinta
	Com culpa
	Opções do credor:
1- Exigir que o devedor originário cumpra a prestação + perdas e danos
2- Mandar terceiro cumprir + perdas e danos
3- Ele próprio cumprir + perdas e danos
4- Exigir apenas perdas e danos
	Opções do credor:
1- Exigir que o devedor originário cumpra a prestação + perdas e danos
2- Exigir apenas perdas e danos. 
Art 248: Também se resolvem por perdas e danos quando a obrigação for impossível com culpa do devedor.
Art 249: Se o fato puder ser executado por terceiro, o credor poderá contratá-lo e mandá-lo executar às custas do devedor que não realizou a obrigação. Essa comissão a terceiro cumprimento é mediante a ação judicial salvo urgência. 
Astrentes ou multa diária por descumprimento de obrigação de fazer: São uma forma de pedir o juiz que multe o devedor diariamente obrigando que ele cumpra. Isso só serve para descumprimento voluntário. 
f. Obrigações de NÃO FAZER: As obrigações de não fazer são aquelas que determinam um dever de abstenção. São obrigações negativas e vinculam-se a uma não-ação. São contínuas, ou seja, estarão sendo cumpridas enquanto não realizada a ação da qual deveria se abster. EXs: obrigação de não concorrência. É descumprida quando o devedor FAZ o que não deveria fazer. Cláusula de exclusividade - gera uma obrigação de fazer (trabalhar) e um de não fazer (não trabalhar em outros locais). 
 
	Descumprimento da obrigação
	Obrigação provisória
	Obrigação permanente
	Sem culpa do devedor
	A obrigação é extinta
	A obrigação é extinta
	Com culpa do devedor
	O credor pode exigir perdas e danos. 
	O credor pode:
1- Exigir que o devedor desfaça + perdas e danos
2- Mandar terceiro desfazer + perdas e danos
3- Ele próprio desfazer + perdas e danos.
11) Obrigações DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS: 
Prestação divisível: pode ser fracionada sem perder a utilidade, o valor ou a substância (dinheiro). A é credor de B e C (cada um responsável por 50%) do montante de 400 mil. Se a prestação for divisível, cada credor/devedor poderá cobrar/ser cobrador a/da sua quota parte na prestação. A só poderá cobrar de B o valor de 200 mil. 
Prestação indivisível: impossível o fracionamento sem perda da utilidade, do valor ou da substância. Exemplo típico de concurso: Touro reprodutor, vaca premiada. Essa indivisibilidade pode ser legal (ex.: um módulo rural), natural (ex.: o touro), ou **convencional (contrato estipula que a obrigação só poderá ser cumprida por inteiro, o que pode ser usado, inclusive para contratos cuja prestação é dar dinheiro). A é credor de B e C do “Bandido”, um touro reprodutor. Se a prestação for indivisível, cada credor/devedor poderá cobrar/ser cobrado sozinho a/da totalidade da prestação. A poderá cobrar de B a entrega do touro. 
art. 260 – Obrigação Fracionária de prestação INDIVISÍVEL, quando houver pluralidade de CREDORES: Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Cada credor exige o todo, mas o devedor só se desobriga se pagar a todos. O devedor pode pagar a um credor, mas só se este lhe der um calção (garantia) da parte dos outros credores. 
12) OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS:
Conceito: art 264, CC: “Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda” 
Características gerais: 
Existência de uma multiplicidade de credores e devedores: 
Havendo multiplicidade de credores: credor pode exigir a prestação por inteiro. 
Havendo multiplicidade de devedores: devedor deve cumprir por inteiro o objeto da prestação.
A solidariedade não se presume. Ou ela decorre da lei, ou decorre da vontade das partes (por meio de contrato). Caso contrário, não será uma obrigação solidária. (art 265) 
SOLIDARIEDADE ATIVA: 
Uma obrigação onde tem pluralidade de credores e um devedor, onde cada um desses credores vai poder exigir do devedor o cumprimento da obrigação por inteiro.
Cumprindo o objeto da prestação obrigacional a qualquer um dos credores, o devedor fica absolutamente liberado da obrigação.
Qualquer credor poderá exigir que o devedor cumpra a obrigação por inteiro. (art 267)
O credor que receber a obrigação ficará obrigado em relação aos demais credores por suas respectivas quotas. EX: João deve Maria, José e Carlos o valor de R$ 3.000,00. Carlos, como credor de João, o exigiu que pagasse a dívida inteira. Ao pagar os 3 mil reais a Carlos, João se viu livre da obrigação, porém Carlos deve pagar a parte de Maria e José dos 3 mil reais que lhe foram recebidos. Carlos vai pagar mil reais para Maria e mil reais para José, sendo este valor correspondente à parte de cada um na obrigação. 
Enquanto nenhum dos credores exigir o pagamento, o devedor poderá efetua-lo para qualquer um dos credores. (art 268)
Em caso de morte de um dos credores solidários e este deixar herdeiros, cada um destes vai poder exigir e receber a parte correspondente ao seu quinhão hereditário. (art 270). EX: Amaury era credor junto com Matheus e Willer de uma obrigação no valor de 3 mil reais. Amaury morreu em um grave acidente de carro, deixando seus dois filhos Amaury Jr e Joaquina. Amaury Jr e Joaquina terão direito a, respectivamente, 500 reais cada por conta do valor da parte de seu pai na obrigação como credor. Ele teria direito a mil reais, e como deixou 2 filhos, estes dividiram o valor igualmente. 
SOLIDARIEDADE PASSIVA: 
Uma obrigação em que temos vários devedores vinculados ao cumprimento de um único objeto obrigacional. 
O credor pode exigir a dívida toda de um devedor ou exigi-la parcialmente. 
Se um devedor paga parcialmente a dívida (apenas sua parte) o restante dos devedores continuam sendo obrigados solidariamente pelo o que sobrou da dívida. (art 275)
 Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, estes deverão pagar a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário. Todos os herdeiros reunidos serão considerados como um único devedor solidário, podendo o credor cobrar o valor integral da dívida deles (art 276). 
Quando um dos devedores realiza o pagamento parcial do objeto da obrigação, o montante que foi pago vai ser abatido do total da dívida mas todos continuarão como devedores solidários (art 277). EX: Se 3 pessoas me devem 300 mil reais e uma me paga 100 mil, eu posso continuar cobrando 200 mil das 3 pessoas. 
Se o credor efetuou o perdão de um dos devedores, o valor da dívida diminui mas a solidariedade permanece em relação aos outros devedores. EX: 3 devedores devem para um credor o valor de 6 mil reais. O credor resolve perdoar a dívida de um dos devedores. Este devedor perdoado não pertence mais a obrigação, para ele a obrigação está extinta. Os outros 2 devedores continuarão sendo responsáveis pelo pagamento da dívida, só que não no valor de 6 mil e sim no valor de 4 mil, pois a quota referente ao devedor perdoado foi retirada. 
O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Pode ser de forma expressa ou tácita (art 282).
Quando por algum motivo o objeto da prestação não poderá ser cumprido sem vontade do devedor a obrigação será resolvida sem ônus às partes (status quo ante). Se o objeto da prestação não poderá ser cumprido por culpa ou dolo de um dos devedores, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente mas somente o culpado responderá por perdas e danos (art 279). 
UNIDADE 2: TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES:
 Cessão de crédito: 
Negócio pelo qual o credor transfere a terceiro sua posição jurídica na relação obrigacional. 
O credor que transfere seus direitos é o cedente, o terceiro a quem são eles transmitidos é denominado cessionário. 
Em regra, qualquer obrigação poderá ser objeto de cessão de crédito, exceto: crédito penhorados; créditos que não podem ser cedidos por causa de sua natureza jurídica (ex: pensão alimentícia) e créditos que não podem ser cedidos por causa de cláusulas contratuais (art 286).
As formas de cessão podem ser: através da lei, por decisão judicial ou por ato de vontade das partes. 
A partir do momento que o cedente transfere a obrigação para o cessionário, ele não tem mais nenhuma responsabilidade sobre essa obrigação. Ele fica exonerado. 
Há a necessidade de notificar o devedor após a cessão do crédito, para que o mesmo saiba para quem pagar. 
A cessão de crédito abrange todos os seus acessórios, salvo se tiver alguma disposição contratual. 
Assunção de débito: 
Assunção de débito é a transferência passiva, ou seja, contrato onde terceiro assume a posição de devedor, responsabilizando-se pela dívida e pela obrigação. O devedor transfere seu débito para outro devedor com a autorização do credor. é diferente de pagamento feito por terceiro. 
As obrigações se transmitem com o consentimento expresso do credor. Se o credor for notificado da assunção da dívida e ficar em silêncio, entende-se como recusa. 
Quando a transferência for admitida pelo credor, o devedor originário não deve mais nada, salvo se o novo devedor for insolvente na época em que assumiu o débito. 
Garantias:
Como na assunção o devedor é substituído, surge a dúvida se s garantias de crédito permanecem ou se extinguem. 
As garantias especiais se extinguem com a assunção, em regra, salvo consentimento do devedor em sentido contrário. 
Se a assunção de débito for anulada, as garantias voltam junto com o devedor original, salvo se o credor expressamente liberar essas garantias anteriormente, então se for anulada a assunção, as garantias não voltam (art 301). 
Venda de imóvel hipotecado é uma assunção de débito. Notifica-se o credor para manifestação em 30 dias. Silêncio do credor nesses casos significa aceite.
 
UNIDADE 3: ARRAS (SINAL) E CLÁUSULA PENAL:
Arras ou sinal:
Conceito: As arras constituem uma prestação em dinheiro ou outro bem móvel que objetiva sinalizar o comprometimento das partes na continuidade do contrato firmado. É o mínimo indenizatório em caso de descumprimento da obrigação ou como contrapartida a eventual desistência autorizada. Se dividem em dois tipos: arras confirmatórias e arras penitenciais. 
Arras confirmatórias: é aquele sinal que é dado para sinalizar o contrato de fato. São pagas para confirmar o negócio. Não há o direito de arrependimento. Se a parte que efetuou o pagamento das arras confirmatórias se arrepender, a parte que se sentiu prejudicada poderá pleitear perdas e danos além de ficar com o valor do sinal (arts 417 a 419).
Arras penitenciais: é uma resolução no contrato estipulando a possibilidade de arrependimento, a custa de perda do sinal mais o equivalente. O sinal aqui não é dado como forma de confirmar o negócio, e sim para demonstrar interesse. São uma espécie de punição pela desistência do negócio. Quem pagou as arras penitenciais de desistiu do negócio, perde somente o valor que havia pago em arras. Se quem recebeu arras desistir do negócio, tem que devolver o dobro do valor das arras. (art 420)
Cláusula Penal: 
Conceito: é uma penalidade contratual para quem descumpriu a obrigação. É uma obrigação acessória, podendo ser estipulada junto ou depois da obrigação principal. O fato de ser uma obrigação acessória implica que se a obrigação principal for nula,
a cláusula penal também será nula. Também é conhecida como multa contratual ou pena convencional. 
Funções:
Como meio de coerção, a cláusula penal serve como um estímulo para que o devedor cumpra sua parte na obrigação, pois se ele não cumprir, ele terá que arcar com o custo da cláusula penal. 
Como meio de ressarcimento, a cláusula penal deixa pré fixado um valor para cobrir eventuais perdas e danos no caso de descumprimento. 
Espécies:
Compensatória: ocorre quando há um descumprimento total da obrigação. EX: inquilino que deixa o imóvel alugado antes do fim do contrato de locação. Ele terá que pagar para o proprietário o valor de 3 alugueis, que era o que faltava antes dele sair. 
Moratória: ocorre quando há um descumprimento parcial da obrigação. EX: caso o inquilino atrase o pagamento do valor do aluguel, ele terá que pagar uma multa + o valor total da prestação. 
Artigo 412, CC: Em regra, o valor da cláusula penal não pode ser maior que o valor da obrigação principal, salvo se previsto em contrato, o valor da multa será o mínimo a ser cobrado como indenização. 
As cláusulas penais só serão pagas se o contrato for descumprido, mas as arras são pagas mesmo se o contrato for cumprido ou não. A cláusula penal é pré fixação de perdas e danos e as arras são princípio de pagamento. 
UNIDADE 4: PAGAMENTO: 
Conceito: é o cumprimento da prestação com a liberação do devedor. É uma forma natural de extinguir uma obrigação. 
Condições subjetivas do pagamento: 
Quem pode pagar:
O devedor;
Qualquer interessado na extinção da dívida (art 304);
Pela regra geral, o credor deve aceitar o pagamento feito por terceiro, a exceção é quando as dívidas forem personalíssimas (quando o pagamento só é possível se efetuado pelo devedor). Mesmo terceiros não interessados podem pagar o crédito em nome do devedor. 
Terceiro interessado: é a pessoa que, sem integrar o pólo passivo da relação obrigacional encontra-se juridicamente submisso ao pagamento da dívida. EX: fiador. 
Terceiro não interessado que paga em nome próprio: tem o direito de reembolso do valor que pagou pelo devedor. (art 305)
Terceiro não interessado que paga em nome e por conta do devedor: não tem direito a qualquer reembolso, pois o fez por motivos filantrópicos. EX: pai que paga a dívida do filho. (art 304, parágrafo único). 
Para quem pagar:
Ao credor
Ao seu representante de direito
Quanto se paga e a sua prova:
O valor combinado. O credor não é obrigado a receber prestação diversa ainda que mais valiosa ou receber a prestação por partes, se assim não ajustou no contrato (art 313 e 314).
Lugar do pagamento:
Em regra, no domicílio do devedor (art 327). 
Exceções: as dívidas serão pagas no domicílio do credor se as partes assim convencionarem; se tal resultar da lei; se tal resultar da natureza da obrigação ou das circunstâncias ou havendo a previsão de dois ou mais lugares para o pagamento, a escolha cabe ao credor. 
Tempo do pagamento (quando se paga):
No vencimento, na época ajustada para o pagamento.
Se não foi determinada a data, o credor pode exigir imediatamente o pagamento, salvo disposição legal em sentido contrário (art 331).
Exceções: caberá cobrança antes do vencimento se os bens hipotecados ou empenhados forem penhorados em execução de outro credor; se o devedor vier a falecer.
Pagamento com sub-rogação: 
Conceito: implica na substituição do credor da obrigação que foi firmada primeiramente entre ele e o devedor. A obrigação se mantém em relação ao devedor, apenas se modificando o credor. O vínculo obrigacional não se altera. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e fiadores (art 349).
Espécies: 
Sub-rogação legal: se opera quando terceiro tem interesse direto na satisfação do débito firmado entre o credor originário e o devedor, pagando a dívida em relação ao credor e dessa forma ele ingressa nessa relação como um novo credor. A sub-rogação legal só será possível nas hipóteses apresentadas no artigo 346. 
Sub-rogação convencional: se verifica conforme haja a vontade das partes (art 347). 
Sub-rogação parcial: acontece quando esse terceiro que integra na relação jurídica paga apenas parcialmente o objeto da obrigação, então o credor originário continua juntamente com o credor sub-rogado que efetuou o pagamento de apenas uma parte do débito originário (art 351). 
PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO X CESSÃO DE CRÉDITO
	Pagamento com sub-rogação (arts 346 a 351)
	Cessão de crédito (arts 296 a 298)
	Regra especial de pagamento ou forma de pagamento indireto, pela merda substituição do credor, mantendo-se os demais elementos obrigacionais.
	Forma de transmissão das obrigações
	Em regra, não há necessidade da notificação do devedor
	Há necessidade de notificação do devedor para que o mesmo saiba a quem pagar
	É gratuito 
	Pode ser oneroso ou gratuito, mas em regra é oneroso
 
UNIDADE 5: OUTRAS FORMAS DE EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES:
Dação em pagamento: Em regra, ninguém é obrigado a aceitar coisa diversa da contratada, mas o credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida (art 356). Se o credor aceita coisa diversa da contratada, ocorre uma dação em pagamento. A dação em pagamento tem força de quitação e extingue a obrigação. Não é um pagamento propriamente dito pois a obrigação não é cumprida. As dações são feitas como se fossem uma celebração de compra e venda: o devedor “paga” o credor em troca da extinção da obrigação. Se a coisa dada/entregue for título de crédito, ocorre uma cessão de crédito (art 358). Em caso de evicção (perda da coisa em virtude de fato ocorrido antes da aquisição) ocorre o restabelecimento da obrigação originária (art 359). 
Novação: 
Conceito: é a criação de uma nova obrigação para extinguir uma obrigação anterior. 
Novação objetiva: substituição do objeto. O cumprimento da obrigação nova não é instantâneo, é no futuro. Toda vez que o objeto novo for de uma obrigação de fazer, é sempre uma novação (art 360).
Novação subjetiva: substituição do sujeito (cessão de crédito e assunção de débito). 
A novação sempre extingue a obrigação original e ela é sempre por ato de vontade, salvo estipulação em contrário.
Compensação: 
Conceito: Ocorre quando dentro de uma mesma relação as partes envolvidas são credoras e devedoras mútuas. EX: A deve para B R$1.000,00. B deve para A R$800,00. B irá pagar para A apenas R$200,00 pois está compensando sua dívida na dívida que A tem com ele. 
Espécies:
Compensação total: quando os débitos/créditos que as partes têm em conjunto sejam do mesmo valor. EX: A deve para B R$1.000,00. B deve para A R$1.000,00. 
Compensação parcial: quando há uma diferença de valores mas se abate até aquilo que for compensável. 
Compensação legal: se opera através de determinação legal. Verifica-se a compensação legal quando: a) há uma reciprocidade de crédito (quando o credor é também devedor da outra parte e vice-versa). b) liquidez (a compensação só efetua-se em dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis). c) a dívida é exigível (a dívida deve ser vencida).d) fungibilidade dos débitos (quando os débitos são da mesma natureza, sendo fungíveis Centre si). 
Compensação convencional: essa será fixada pela vontade das partes e por isso, pode ser convencionada a compensação de bens de natureza diversa. EX: pode-se compensar dívida de dinheiro em sacas de café. Pode resultar da vontade de apenas uma das partes EX: devedor que renuncia prazo para pagamento de dívida para compensar outra obrigação assumida com o credor. 
Compensação judicial: determinada pelo juiz.
Dívidas não compensáveis:
Renúncia convencional: se as partes assim convencionarem que a dívida não será compensada (acordo bilateral) ou se uma das partes abrir mão do direito de alegar a compensação, desde que as obrigações (créditos x débitos) já estejam constituídas. 
Proibição legal: se a obrigação a ser compensada provier de esbulho, furto ou roubo
(qualquer tipo de obtenção de bem via origem ilícita não permite a utilização da compensação); se originar de comodato, depósito ou alimentos e se uma for de coisa não suscetível de penhora. 
Confusão:
Conceito: quando o credor e o devedor se transformam na mesma pessoa. Quando isso acontece, a obrigação fica extinta. EX: Roberto pediu emprestado para seu pai 4.000 reais para a reforma de seu apartamento. Ocorre que, o pai de Roberto vem a falecer e Roberto como herdeiro acaba recebendo o conjunto de direitos e obrigações que o pai tinha em vida. Sendo devedor do seu pai, ele recebeu na herança o seu próprio crédito, se tornando credor e devedor dele mesmo. Quando isso acontece, a obrigação é extinta. 
Espécies:
Total ou parcial: a confusão pode se verificar a respeito de toda a dívida ou só de parte dela.
Cessação da confusão: cessando a confusão se restabelece a obrigação anterior com todos seus acessórios.
Remissão: 
Conceito: liberdade do credor que consiste em exonerar o devedor do cumprimento da obrigação.
Espécies:
Total: atinge todo o crédito da obrigação
Parcial: atinge parcialmente o crédito
Expressa: decorre de uma declaração de vontade do credor, em instrumento público ou particular, ou ato inter vivos ou causa mortis.
Tácita: decorre do comportamento do credor, incompatível com a possibilidade de exigir o cumprimento da obrigação, como, por exemplo, dar a dívida por quitada integralmente com o recebimento parcial do pagamento. 
UNIDADE 6: INADIMPLEMENTO: 
Conceito: não cumprimento da obrigação até seu vencimento no caso das obrigações de fazer e dar. No caso das obrigações de não fazer, a inadimplência se dá pela prática do ato dentro do período estipulado.
Inadimplemento absoluto: diz-se que o inadimplemento é absoluto quando a prestação por não ter sido cumprida no tempo, lugar e forma pactuados, perde a utilidade para o credor. EX: noiva que recebe o vestido depois da data do casamento.
Inadimplemento fortuito da obrigação: ocorre por fato não imputável ao devedor, ou seja, quando não resultar de ação dolosa ou culposa do devedor, por isso não estará obrigado a idenizar. 
Mora: é o retardamento culposo no cumprimento de uma obrigação, ainda realizável. 
Mora do devedor: ocorre quando o devedor culposamente retarda o cumprimento da obrigação. O devedor pagará juros, atualização, honorários e prejuízos pelo atraso + cumprimento da obrigação.
Constituição em mora: é aquela que tem um termo de vencimento certo. Constitui-se de pleno direito em mora do devedor.
Mora do credor: ocorre quando o credor recusa a receber a prestação no tempo, lugar e forma convencionados. Efeitos: isenta o devedor de responsabilidade, obriga o credor a ressarcir o devedor pelas despesas de conservação da coisa e sujeita o credor a receber a coisa por uma cotação mais favorável ao devedor. 
Purgação da mora: elimina a mora e seus efeitos. A parte neutraliza os efeitos do retardamento, ofertando a prestação devida ou aceitando-a no tempo, lugar e forma estabelecidos. Por parte do devedor, a purgação da mora se dá com a sua oferta real, abrangendo a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do atraso (juros, correção monetária, cláusula penal, despesas, etc). Por parte do credor, a purgação se dá oferecendo-se de receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora, indenizando o devedor pelos prejuízos. 
Perdas e danos: Significa os prejuízos, os danos causados ante o descumprimento obrigacional. Pagar perdas e danos significa indenizar aquele que experimentou um prejuízo, uma lesão em seu patrimônio material ou moral, por força do comportamento ilícito do transgressor da norma. Compreende: danos emergentes (o que efetivamente se perdeu) e lucros cessantes (o que razoavelmente deixou de lucrar). 
Juros: é o fruto civil correspondente à remuneração devida ao credor em virtude da utilização do seu capital. Podem ser remuneratórios (remunera alguém que voluntariamente empresta o capital) ou moratórios (é o juro pelo atraso. Tem caráter indenizatório para quem involuntariamente está tendo seu capital utilizado por terceiro).

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