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RESUMO DIREITO CIVIL II – AV1 ESTE DOCUMENTO É PARA O ESTUDO DE CADA UM, EM HIPÓTESE ALGUMA PODE SER VENDIDO. AO FINAL E DURANTE OS CONTEUDOS DO RESUMO ENCONTRAM-SE AS BIBLIOGRAFIAS. Classificação das Obrigações Quanto ao objeto, seus elementos, de meio e de resultado, civis e naturais, puras e simples, condicionais, a termo e modais, de execução instantânea, diferida, periódica, líquidas e ilíquidas, principais e acessórias, com cláusula penal e "propter rem". Segundo Carlos Roberto Gonçalves, obrigação é "o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação". É a relação de crédito e débito que se extingue com o cumprimento da mesma e que tem por objeto qualquer prestação economicamente aferível. As obrigações são classificadas de acordo com os seguintes critérios: 1. Classificadas quanto ao objeto O objeto da obrigação pode ser mediato ou imediato. - Imediato: a conduta humana de dar, fazer ou não fazer. Ex.: Dar a chave do imóvel ao novo proprietário. - Mediato: é a prestação em si. Ex.: O que é dado? A chave. De acordo com essa classificação, podemos destacar: Obrigações de dar, que se subdivide em dar coisa certa ou incerta; Ex.: Dar um documento a alguém. Obrigação de fazer; Ex.: Fazer uma reforma em parede divisória entre terrenos. Obrigação de não fazer; Ex.: Não fazer um muro elevado a certa altura. 2. Classificadas quanto aos seus elementos A obrigação é composta por três elementos, que são: - Elemento subjetivo, ou seja, os sujeitos da relação (ativo e passivo), - Elemento objetivo, que diz respeito ao objeto da relação jurídica, e - Vínculo jurídico existente entre os sujeitos da relação. Dividem-se, portanto, as obrigações em: Simples: que apresenta todos os elementos no singular, ou seja, um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto. Composta ou Complexa: contrária a primeira, apresenta qualquer um dos elementos, ou todos, no plural. Por exemplo: um sujeito ativo, um sujeito passivo e dois objetos. Esta, por sua vez, divide- se em: o Cumulativas: os objetos aparecem relacionados com a conjunção "e". Somando-se, então, os dois objetos. Ex.: "A" deve dar a "B" um livro e um caderno. o Alternativas: os objetos aparecem relacionados com a conjunção "ou". Alternando então, a opção por um ou outro objeto. Ex.: "A" deve dar a "B" R$ 10.000,00 ou um carro. As obrigações que possuem multiplicidade de sujeitos são classificadas como: o Divisíveis: são as obrigações em que o objeto pode ser dividido entre os sujeitos. Ex.: Determinada quantia em dinheiro - R$ 1.000,00. o Indivisíveis: são as obrigações em que o objeto não pode ser dividido entre os sujeitos. Ex.: Um animal, um veículo, etc. o Solidárias: não depende da divisibilidade do objeto, pois decorre da lei ou até mesmo da vontade das partes. Pode ser solidariedade ativa ou passiva, de acordo com os sujeitos que se encontram em número plural dentro da relação. Quando qualquer um deve responder pela dívida inteira, assim que demandado, tendo direito de regresso contra o sujeito que não realizou a prestação. Ex.: "A" e "B" são sujeitos passivos de uma obrigação. "C", sujeito ativo, demanda o pagamento total da dívida a "A", que cumpre a prestação sozinho e pode, posteriormente, cobrar de "B" a parte que pagou a mais. 3. Obrigações de Meio e de Resultado - Obrigação de meio é aquela em que o devedor, ou seja, o sujeito passivo da obrigação, utiliza os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem, entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. Como ocorre nos casos de contratos com advogados, os quais devem utilizar todos os meios para conseguir obter a sentença desejada por seu cliente, mas em nenhum momento será responsabilizado se não atingir este objetivo. - Obrigação de resultado é aquela que o sujeito passivo não somente utiliza todos os seus meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado, como também se responsabiliza caso este seja diverso do esperado. Sendo assim, o devedor (sujeito passivo) só ficará isento da obrigação quando alcançar o resultado almejado. Como exemplo para este caso temos os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação. 4. Obrigações Civis e Naturais - Obrigação civil é a que permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor, mediante ação judicial. Ex.: a obrigação da pessoa que vendeu um carro de entregar a documentação referente ao veículo. - Obrigação natural permite que o devedor não a cumpra e não dá o direito ao credor de exigir sua prestação. Entretanto, se o devedor realizar o pagamento da obrigação, não terá o direito de requerê-la novamente, pois não cabe o pedido de restituição. Ex.: Arts. 814, 882 e 564, III do Código Civil. "Artigo 814 CC - As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito". 5. Obrigações Puras e Simples; Condicionais; a Termo e Modais As obrigações possuem, além dos elementos naturais, os elementos acidentais, que acabam muitas vezes por caracterizá-las. Estes elementos são: a alteração da condição da obrigação, do termo e do encargo ou do modo. - Obrigações puras e simples são aquelas que não se sujeitam a nenhuma condição, termo ou encargo. Ex.: Obrigação de dar uma maçã sem por que, para que, por quanto e nem em que tempo. - Obrigações condicionais são aquelas que se subordinam a ocorrência de um evento futuro e incerto para atingir seus efeitos. Ex.: Obrigação de dar uma viagem a alguém quando esta pessoa passar no vestibular (condição). - Obrigações a termo submetem seus efeitos a acontecimentos futuros e certos, em data pré estabelecida. O termo pode ser final ou inicial, dependendo do acordo produzido. Ex.: Obrigação de dar um carro a alguém no dia em que completar 18 anos de idade. - Obrigações modais em que o encargo não suspende a "aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva", de acordo com o artigo 136 do Código Civil. Ex.: Pode figurar na promessa de compra e venda ou também, mais comum, em doações. 6. Obrigações de Execução Instantânea; Diferida e Periódica Esta classificação é dada de acordo com o momento em que a obrigação deve ser cumprida. Sendo classificadas, portanto, em: - Obrigações momentâneas ou de execução instantânea que são concluídas em um só ato, ou seja, são sempre cumpridas imediatamente após sua constituição. Ex.: Compra e venda à vista, pela qual o devedor paga ao credor, que o entrega o objeto. "A" dá o dinheiro a "B" que o entrega a coisa. - Obrigações de execução diferida também exigem o seu cumprimento em um só ato, mas diferentemente da anterior, sua execução deverá ser realizada em momento futuro. Ex.: Partes combinam de entregar o objeto em determinada data, assim como realizar o pagamento pelo mesmo. - Obrigações de execução continuada ou de trato sucessivo (periódica) que se satisfazem por meio de atos continuados. Ex.: As prestações de serviço ou a compra e venda a prazo. 7. Obrigações Líquidas e Ilíquidas - Obrigação líquida é aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua existência.Expressa por um algarismo ou algo que determine um número certo. Ex.: "A" deve dar a "B" R$ 500,00 ou 5 sacos de arroz. - Obrigação ilíquida depende de prévia apuração, já que o montante da prestação apresenta-se incerto. Ex.: "A" deve dar vegetais a "B", não se sabe quanto e nem qual vegetal. Diversos artigos do Código Civil estabelecem essa classificação. Citamos, então, os seguintes: arts. 397, 407, 369, 352, entre outros. 8. Obrigações Principais e Acessórias - Obrigações principais são aquelas que existem por si só, ou seja, não dependem de nenhuma obrigação para ter sua real eficácia. Ex.: Entregar a coisa no contrato de compra e venda. - Obrigações acessórias subordinam a sua existência a outra relação jurídica, sendo assim, dependem da obrigação principal. Ex.: Pagamento de juros por não ter realizado o pagamento do débito no momento oportuno. É importante, portanto, ressaltar que caso a obrigação principal seja considerada nula, assim também será a acessória, que a segue. 9. Obrigações com Cláusula Penal Acarretam multa ou pena, caso haja o inadimplemento ou o retardamento do acordo. A cláusula penal tem caráter acessório e, assim sendo, se considerada nula a obrigação principal, não haverá nenhuma multa ou pena à parte inadimplente. São divididas em: Compensatórias: quando determinadas para o caso de total descumprimento da obrigação. Ex.: Se "A" não pagar R$ 500,00 a B, deverá reembolsá-lo no montante de R$ 800,00. Moratórias: com a finalidade de garantir o cumprimento de alguma cláusula especial ou simplesmente poupar a mora. Ex.: Se "A" não pagar em determinada data, incorrerá em multa de R$ 1.000,00. 10. Obrigações Propter Rem Constituem um misto de direito real (das coisas) e de direito pessoal, sendo também classificadas como obrigações híbridas. Obrigação propter rem é aquela que recai sobre determinada pessoa por força de determinado direito real. Existe somente em decorrência da situação jurídica entre a pessoa e a coisa. Por exemplo, as obrigações impostas aos vizinhos, no direito de vizinhança, por estarem figurando como possuidores do imóvel. Referências bibliográficas GONÇALVES, Carlos Roberto. Sinopses Jurídicas - Direito das Obrigações (Parte Geral). Volume 5. Editora Saraiva. 8ª Edição - 2007. Fonte: http://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/9/Classificacao- das-Obrigacoes Obrigação "propter rem" A obrigação propter rem é àquela que recai sobre uma pessoa em razão da sua qualidade de proprietário ou de titular de um direito real sobre um bem. Segundo *Arnoldo Wald, as obrigações propter rem “derivam da vinculação de alguém a certos bens, sobre os quais incidem deveres decorrentes da necessidade de manter-se a coisa”. A obrigação propter rem segue o bem (a coisa), passando do antigo proprietário ao novo que adquire junto com o bem o dever de satisfazer a obrigação. A obrigação propter rem é transmitida juntamente com a propriedade, e o seu cumprimento é da responsabilidade do titular, independente de ter origem anterior à transmissão do domínio. São exemplos de obrigação propter rem: A obrigação do adquirente de um bem hipotecado de saldar a dívida que a este onera se quiser liberá-lo; A obrigação do condômino de pagar as dividas condominiais; A obrigação que tem o condômino de contribuir para a conservação ou divisão do bem comum; A obrigação do proprietário de um bem de pagar os tributos inerentes à coisa; Na obrigação propter rem o titular responde com todos os seus bens, inclusive com o bem de que decorreu a obrigação, sendo possivel a exoneração do devedor quanto a obrigação através de alienação do bem, sendo que nesse caso, junto ao bem o adquirente assume todos os encargos que dele advêm. Fonte: http://professordouglasmarcus.blogspot.com.br/2011/04/obrigacao- propter-rem.html ESTE DOCUMENTO É PARA O ESTUDO DE CADA UM, EM HIPÓTESE ALGUMA PODE SER VENDIDO. AO FINAL E DURANTE OS CONTEUDOS DO RESUMO ENCONTRAM-SE AS BIBLIOGRAFIAS. ESPÉCIES DE OBRIGAÇÃO São três, duas positivas (dar e fazer) e uma negativa (obrigação de não-fazer). 1 – obrigação de dar: conduta humana que tem por objeto uma coisa, subdividindo-se em três: obrigação de dar coisa certa, obrigação de restituir e obrigação de dar coisa incerta. 1.1 – obrigação de dar coisa certa: vínculo jurídico pelo qual o devedor se compromete a entregar ao credor determinado bem móvel ou imóvel, perfeitamente individualizado. Tal obrigação é regulada pelo Código Civil a partir do art. 233, salvo acordo entre as partes, ou seja, se as partes não ajustarem de modo diferente, vão prevalecer as disposições legais. Na autonomia privada, como dito na aula 1, a liberdade das partes é grande, e o Código Civil serve mais para completar a vontade das partes caso haja omissão no ajuste entre elas. Diz-se por isso que a maioria das normas de direito privado são supletivas, enquanto a maioria das normas de direito público são imperativas = obrigatórias. O que vai caracterizar a obrigação de dar coisa certa é porque o objeto da prestação é coisa única e preciosa, ex: a raquete de Guga, o capacete de Ayrton Senna, a camisa dez de Pelé, etc. (235). O devedor obrigado a dar coisa certa não pode dar coisa diferente, ainda que mais valiosa, salvo acordo com o credor (313 – mais uma norma supletiva). Se o devedor recebe o preço e se recusa a entregar a coisa, o credor não pode tomá-la, resolvendo-se o litígio em perdas e danos (389). A obrigação não geral direito real ( = sobre a coisa), mas apenas direito pessoal ( = sobre a conduta). Excepcionalmente, admite-se efeito real caso a coisa continue na posse do devedor (ex: A combina vender a B o capacete de Ayrton Senna, B paga mas depois A recebe uma oferta melhor e termina vendendo o capacete a C; B não pode tomar o capacete de C, mas caso estivesse ainda com A poderia fazê-lo através do Juiz; esta é a interpretação do art. 475 do CC que vocês estudarão em Civil 3). Então o 389 é a regra e o 475 (execução forçada do contrato) é a exceção. E se a obrigação não gera direito real, o que vai gerar? Resposta: a tradição para as coisas móveis e o registro para as coisas imóveis. Tradição e registro são assuntos de Direitos Reais mas que já devo adiantar. Tradição é a entrega efetiva da coisa móvel (1226 e 1267), então quando compro uma geladeira, pago a vista e aguardo em casa sua chegada, só serei dono da coisa quando recebê-la. Ao contrário, se compro um celular a prazo e saio com ele da loja, o aparelho já será meu embora não tenha pago o preço (237). Eventual perda/roubo da geladeira/celular trará prejuízo para o dono, seja ele a loja ou o consumidor, a depender do momento da tradição. É a confirmação do brocardo romano res perit domino (= a coisa perece para o dono), seja o comprador ou o vendedor, até a tradição (492). Se o devedor danificar a coisa antes da tradição, terá que indenizar o comprador por perdas e danos (239). Por sua vez, o registro é a inscrição da propriedade imobiliária no Cartório de Imóveis, de modo que o dono do apartamento não é quem mora nele, não é quem pagou o preço ou quem tem as chaves. O dono da coisa imóvel é aquele cujo nome está registrado no Cartório de Imóveis (1245 e § 1º). Mais detalhes sobre tradição e registro em Civil 4. 1.2 – obrigação de restituir: é também chamada de obrigação de devolver. Difere da obrigação de dar, pois nesta a coisa pertence ao devedor até a tradição, enquanto na obrigação de restituir a coisa pertence ao credor, apenas sua posse é que foi transferida ao devedor.Posse e propriedade são conceitos que serão estudados em Direitos Reais, mas dá para entender que quando se aluga um filme, a locadora continua sendo proprietária do filme, é apenas a posse que se transfere ao cliente. Então na locação o cliente/devedor tem a obrigação de restituir o bem ao locador após o prazo acertado (569, IV). Como se vê, na obrigação de restituir a prestação consiste em devolver uma coisa cuja propriedade já era do credor antes do surgimento da obrigação. Igualmente se eu empresto um carro a meu vizinho, eu continuo dono/proprietário do carro, apenas a posse é que é transferida, ficando o vizinho com a obrigação de devolver o veículo após o uso. Locação e empréstimo são exemplos de obrigação de restituir, ficando a coisa em poder do devedor, mas mantendo o credor direito real de propriedade sobre ela. Como a coisa é do credor, seu extravio antes da devolução trará prejuízo ao próprio credor (240), enquanto na obrigação de dar o extravio antes da tradição traz prejuízo ao devedor. Em ambos os casos, sempre prevalece a máximares perit domino. Mas é preciso cuidado para evitar fraudes (238, ex: alugo um carro que depois é furtado, o prejuízo será da loja, por isso é prudente a locadora sempre fazer seguro). Outro exemplo de obrigação de restituir está no art. 1.233, então se “achado não é roubado”, também não pode ser apropriado, devendo quem encontrar agir conforme o p.ú. do mesmo artigo. Próxima aula: 1.3 - obrigação de dar coisa incerta. Fonte: http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Direito-das- Obrigacoes/4/aula/3 Aula 04 - Direito Civil 2 - Unicap - Espécies de Obrigação 1 – obrigação de dar 1.1 – obrigação de dar coisa certa 1.2 – obrigação de restituir (já vistas na aula passada) 1.3 – obrigação de dar coisa incerta: nesta espécie de obrigação a coisa não é única, singular, exclusiva e preciosa como na obrigação de dar coisa certa, mas sim é uma coisa genérica determinável pelo gênero e pela quantidade (243). Ao invés de uma coisa determinada/certa, temos aqui uma coisa determinável/incerta (ex: cem sacos de café; dez cabeças de gado, um carro popular, etc). Tal coisa incerta, indicada apenas pelo gênero e pela quantidade no início da relação obrigacional, vem a se tornar determinada por escolha no momento do pagamento. Ressalto que coisa “incerta” não é “qualquer coisa”, mas coisa sujeita a determinação futura. Então se João deve cem laranjas a José, estas frutas precisam ser escolhidas no momento do pagamento para serem entregues ao credor. Esta escolha chama-se juridicamente de concentração. Conceito: processo de escolha da coisa devida, de média qualidade, feita via de regra pelo devedor (244). A concentração implica também em separação, pesagem, medição, contagem e expedição da coisa, conforme o caso. As partes podem combinar que a escolha será feita pelo credor, ou por um terceiro, tratando-se este artigo 244 de uma norma supletiva, que apenas completa a vontade das partes em caso de omissão no contrato entre elas. Após a concentração a coisa incerta se torna certa (245). Antes da concentração a coisa devida não se perde pois genus nunquam perit (o gênero nunca perece). Se João deve cem laranjas a José não pode deixar de cumprir a obrigação alegando que as laranjas se estragaram, pois cem laranjas são cem laranjas, e se a plantação de João se perdeu ele pode comprar as frutas em outra fazenda (246). Todavia, após a concentração, caso as laranjas se percam (ex: incêndio no armazém) a obrigação se extingue, voltando as partes ao estado anterior, devolvendo-se eventual preço pago, sem se exigir perdas e danos (234, 389, 402). Pela importância da concentração, o credor deve ser cientificado quando o devedor for realizá-la, até para que o credor fiscalize a qualidade média da coisa a ser escolhida. 2 – obrigação de fazer: conduta humana que tem por objeto um serviço. Conceito: espécie de obrigação positiva pela qual o devedor se compromete a praticar algum serviço lícito em benefício do credor. Enquanto na obrigação de dar o objeto da prestação é uma coisa, na obrigação de fazer o objeto da prestação é um serviço (ex: professor ministrar uma aula, advogado redigir uma petição, cantor fazer um show, pedreiro construir um muro, médico realizar uma consulta, etc.). E se eu quero comprar um quadro e encomendo a um artista, a obrigação será de fazer ou de dar? Se o quadro já estiver pronto a obrigação será de dar, se ainda for confeccionar o quadro a obrigação será de fazer. A obrigação de fazer tem duas espécies: 2.1 – fungível: quando o serviço puder ser prestado por uma terceira pessoa, diferente do devedor, ou seja, quando o devedor for facilmente substituível, sem prejuízo para o credor, a obrigação é fungível (ex: pedreiro, eletricista, mecânico, caso não possam fazer o serviço e mandem um substituto, a princípio para o credor não há problema). As obrigações de dar são sempre fungíveis pois visam a uma coisa, não importa quem seja o devedor (304). 2.2 – infungível: ao credor só interessa que o devedor, pelas suas qualidades pessoais, faça o serviço (ex: médico e advogado são profissionais de estrita confiança dos pacientes e clientes). Chama-se esta espécie de obrigação de personalíssima ou intuitu personae ( = em razão da pessoa). São as circunstâncias do caso e a vontade do credor que tornarão a obrigação de fazer fungível ou não. Em caso de inexecução da obrigação de fazer o credor só pode exigir perdas e danos (247). Viola a dignidade humana constranger o devedor a fazer o serviço por ordem judicial, de modo que na obrigação de fazer não se pode exigir a execução forçada como na obrigação de dar coisa certa (art. 475 – sublinhemexigir-lhe o cumprimento). Imaginem um cantor se recusar a subir no palco, não é razoável o Juiz mandar a polícia para forçá-lo a trabalhar “manu militari”, o coerente é o credor do show exigir perdas e danos (389). Ninguém pode ser diretamente coagido a praticar o ato a que se obrigara. Assim, a execução “in natura” do art. 475 do CC deve ser substituída por perdas e danos quando for impossível (ex: a coisa devida não está mais com o devedor) ou quando causar constrangimento físico ao devedor (ex: obrigação de fazer). Se ocorrer recusa do devedor de executar obrigação fungível, o credor pode pedir a um terceiro para fazer o serviço, às custas do devedor (249). Havendo urgência, o credor pode agir sem ordem judicial, num autêntico caso de realização de Justiça pelas próprias mãos (pú do 249, ex: consertar o telhado de casa ameaçando cair). Mas se tal recusa decorre de um caso fortuito (ex: o cantor gripou e perdeu a voz), extingue-se a obrigação (248). Fonte: http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Direito-das- Obrigacoes/4/aula/4 ESTE DOCUMENTO É PARA O ESTUDO DE CADA UM, EM HIPÓTESE ALGUMA PODE SER VENDIDO. AO FINAL E DURANTE OS CONTEUDOS DO RESUMO ENCONTRAM-SE AS BIBLIOGRAFIAS. DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS Denise Bartel Bortolini 29 de julho de 2015 Denise Bartel Bortolini[1] No Superior Tribunal de Justiça – STJ há o entendimento de que o processamento de recuperação judicial de empresa ou mesmo a aprovação de plano de recuperação não suspende ações de execução contra fiadores e avalistas do devedor principal recuperando. A decisão na Segunda Seção foi tomada em julgamento de recurso especial sob o rito dos repetitivos, estabelecido no artigo 543-C do Código de Processo Civil. A Seção fixou a seguinte tese: “A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das execuções, nem tampouco induz suspensão ou extinção de ações ajuizadas contra terceirosdevedores solidários ou coobrigados em geral, por garantia cambial, real ou fidejussória, pois não se lhes aplicam a suspensão prevista nos artigos 6º, caput, e 52, inciso III, ou a novação a que se refere o artigo 59, caput, por força do que dispõe o artigo 49, parágrafo 1º, todos da Lei 11.101/2005″ (grifo próprio). Mas, o que é a obrigação solidária? O Código Civil conceitua em seu artigo 264 a obrigação solidária nos seguintes termos: “Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda” (grifo próprio). Ou seja, há obrigação solidária pela multiplicidade de credores e/ou de devedores, tendo cada credor direito à totalidade da prestação como se apenas ele fosse credor da obrigação, ou, estando cada devedor obrigado pela dívida toda como se apenas ele fosse o devedor da obrigação. O artigo 265 do Código Civil estabelece que: “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes”. Ou seja, só há responsabilidade solidária quando advinda da lei ou de contrato, para isto, o título constitutivo da obrigação deve fazer menção explícita, ou ter respaldo em lei, senão a obrigação não será solidária, pois ela não é presumida. Será, então, divisível ou indivisível, dependendo da natureza do objeto. Características da Obrigação Solidária a) pluralidadede sujeitos ativos (credores) ou passivos (devedores); b) multiplicidade de vínculos, sendo distinto ou independente o que une o credor a cada um dos codevedores solidários e vice-versa; c) unidade de prestação, visto que cada devedor responde pelo débito todo e cada credor pode exigi-lo por inteiro. d) corresponsabilidadedosinteressados, já que o pagamento da prestação efetuado por um dos devedores extingue a obrigação dos demais, embora o que tenha pago possa reaver dos outros as quotas de cada um. Espécies de Obrigação Solidária Como acima mencionado, uma das características da obrigação solidária é a multiplicidade de credores ou de devedores. Desse modo, se for de credores estamos diante da solidariedade ativa, e, se de devedores, da solidariedade passiva: a)solidariedade ativa– há multiplicidade de credores, chamados cocredores, com direito a uma quota da prestação. Todavia, em razão da solidariedade, cada qual pode reclamá-la por inteiro do devedor comum. Este, no entanto, pagará somente a um deles. O credor que receber o pagamento entregará aos demais as quotas de cada um. O devedor se libera do vínculo pagando a qualquer cocredor enquanto nenhum deles demandá-lo diretamente, conforme disposto no artigo 268 do Código Civil, “Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.”. Quando algum dos cocredores executa judicialmente o devedor, seu direito está resguardado. Nesta situação, estamos diante da denominada prevenção, pois este credor que ingressou judicialmente fica prevento para receber o pagamento com prioridade em nome de todos os cocredores. O artigo 269 do Código Civil prevê que, O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. Assim, pela sua principal característica está também a sua principal inconveniência, fazendo com que a solidariedade dificilmente aconteça. Desta forma, o devedor não precisa pagar à todos os cocredores juntos, basta pagar à apenas um deles, mesmo sem que os demais autorizem, que tal ato desobrigará o devedor. O problema está se o credor for desonesto ou incompetente, ficando pra si ou perdendo o que é de direito dos demais cocredores; pois nesta situação, em nada eles poderão reclamar do devedor; poderão apenas reclamar com aquele que embolsou o valor. Outro problema encontrado na solidariedade ativa é que, se um dos cocredores perdoar a dívida, o devedor fica liberado do todo, e os demais cocredores terão que exigir sua quota parte daquele que perdoou, conforme preceitua o artigo 272 do Código Civil, “O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.”. Pode-se perceber que o que rege a solidariedade ativa é a honestidade dos cocredores, fazendo com que ela se torne rara de ocorrer. Como exemplo da solidariedade ativa tem-se a conta bancária conjunta, onde cada qual pode sacar a conta todo o dinheiro – correntistas x banco. b)solidariedade passiva – nesta espécie de solidariedade, há a multiplicidade de devedores, chamados coobrigados, obrigados com o seu patrimônio ao pagamento de toda a dívida. Diferentemente da solidariedade ativa, esta espécie de obrigação solidária é importante, pois traz proteção ao crédito através do reforço feito ao vínculo, da facilitação da cobrança e do aumento da chance de pagamento, visto que, diante da pluralidade de devedores, o credor tem várias pessoas para quem cobrar a dívida. A proteção do crédito estimula o desenvolvimento sócio-econômico, pois faz com que as pessoas emprestem dinheiro, por consequência, com dinheiro “em mãos”, os consumidores adquirem produtos, as lojas vendem, as indústrias produzem, os empregos são gerados, o governo arrecada o tributo, etc. Com a existência de vários devedores solidários, o credor pode cobrar a dívida inteira de qualquer deles, de alguns ou de todos, conjuntamente. Qualquer devedor pode ser compelido pelo credor a pagar toda a dívida, embora, na sua relação com os demais, responda apenas pela sua quota- parte. Poderá o credor optar por cobrar, diante de um devedor, somente uma quota, restando a dívida frente aos demais devedores, ou seja, sem perder o caráter de solidariedade que lhe é próprio. Assim dispõe o art. 275 do Código Civil: Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. Então, por exemplo, se forem 3 (três) os coobrigados, o credor terá três, duas ou uma pessoa para processar e exigir o pagamento integral – é o credor quem escolhe. O credor pode exigir o cumprimento da obrigação, na sua totalidade, do devedor de sua escolha, e, se este a cumprir, ficam os demais devedores liberados ante este credor. O devedor (que responde com o seu patrimônio, em conformidade com o artigo 391 do Código Civil) que pagar toda a dívida, terá direito de cobrar dos demais devedores, a quota de cada um, conforme estabelece o artigo 283 do Código Civil: Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. No caso de um dos devedores for ou se tornar insolvente, o outro, ou, os demais devedores, poderão ser chamados a solver a dívida por inteiro. Na solidariedade a obrigação é quantificada em tantas quantas forem seus titulares, ou seja, a obrigação não é única, passando o devedor a responder, além da sua quota, a dos demais. Há dois benefícios que não são aplicados na solidariedade passiva, o de divisão e o de ordem, mas, o que isto significa? – Divisão: Significa que o devedor pode exigir que os demais coobrigados sejam citados para juntos se defenderem no processo, o que é ruim para o credor, em virtude do atraso que causa ao processo. Por isso a solidariedade passiva não concede tal benefícioaos codevedores. – Ordem: Significa que primeiramente devem ser executados os bens do devedor principal, para após, os do coobrigado. A fiança é um exemplo, embora o fiador pode renunciar ao benefício de ordem e se equiparar ao devedor solidário. O avalista nunca tem benefício de ordem, sempre é devedor solidário. Exemplos de solidariedade passiva decorrente da lei estão no comodato (art. 585), responsabilidade civil (art. 932) e na gestão de negócios (parágrafo único do art. 867). Quando da solidariedade ativa, o credor que recebe a prestação age na qualidade de representante dos cocredores. Por sua vez, na solidariedade passiva, o devedor que paga representa, igualmente, os demais codevedores. Em ambos os casos há um mandato tácito e recíproco para o recebimento e para o pagamento. [1] Advogada inscrita na OAB/SC sob n° 34.061. Funcionária do Escritório de Advocacia Piazera, Hertel, Manske & Pacher Advogados (OAB/SC 1.029). Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul – UNERJ. Graduanda em Direito Civil e Processo Civil pela Católica SC – Joinville. Fonte: http://phmp.com.br/artigos/das-obrigacoes-solidarias/ Aula 07 - Direito Civil 2 - Unicap - Classificação ou Modalidades de Obrigações (continuação) 4 – Obrigação divisível e indivisível Em geral, numa obrigação existe apenas um credor e um devedor. Mas caso existam na mesma relação vários devedores ou vários credores, o razoável é que cada devedor pague apenas parte da dívida, e que cada credor tenha direito apenas a parte da prestação. Essa regra sofre exceção nos casos deindivisibilidade, que veremos hoje, e de solidariedade, na próxima aula. Tanto na indivisibilidade como na solidariedade, embora concorram várias pessoas, cada credor pode reclamar a prestação por inteiro, e cada devedor responde também pelo todo (259 e 264). Comecemos pela divisibilidade e indivisibilidade: Obrigação divisível é aquela cuja prestação pode ser parcialmente cumprida sem prejuízo de sua qualidade e de seu valor (ex: uma dívida de cem reais pode ser paga em duas metades; um curso de Direito Civil pode ser ministrado em várias aulas). Mas a depender do acordo entre as partes, o devedor deve pagar de uma vez só, mesmo que a prestação seja divisível (314). Já na obrigação indivisível a prestação só pode ser cumprida por inteiro (ex: quem deve um cavalo não pode dar o animal em partes, 258; mas se tal cavalo perecer e a dívida se converter em pecúnia, deixa de ser indivisível, 263). Como dito, a indivisibilidade vai despertar interesse prático quando houver mais de um credor ou mais de um devedor. - pluralidade de devedores: imaginem que um pai morre e deixa dívidas, seus filhos irão pagar estas dívidas dentro dos limites da herança recebida do pai (1792, 1997). Então o credor do pai terá mais de um filho para cobrar esta dívida. Se a prestação for divisível, cada filho responde pela parte correspondente a sua herança, e a insolvência de um deles não aumentará a quota dos demais (257). Mas se a prestação for indivisível, cada filho responde pela dívida toda, e aquele que pagar ao credor, cobrará o quinhão correspondente de cada irmão (259 e pú – veremos sub-rogação em breve). A relação obrigacional antes era do credor com os filhos do pai morto, agora é do irmão pagador contra os outros irmãos. - e se a pluralidade for de credores? Sendo divisível a prestação, cada credor só pode exigir sua parte (257). Mas sendo indivisível aplica- se o 260, pelo que o devedor deverá pagar a todos os credores juntos, para que um não engane os outros. Ou então o devedor deverá pagar àquele credor que prestar uma garantia ( = caução) de que repassará o pagamento aos outros (ex: João deve um carro a três pessoas, mas não encontra os três para pagar, assim, para se livrar logo daquela obrigação, paga ao credor que ofereceu uma fiança; se este credor não repassar o carro aos demais credores, o fiador poderá ser processado pelos prejudicados; fiança é assunto de Civil 3). Se o devedor pagar sem as cautelas do art. 260, terá que pagar de novo àquele credor que, eventualmente, venha a ser lesado pelo credor que recebeu todo o pagamento, afinal quem paga mal paga duas vezes, concordam? Diz-se por isso que o pagamento integral da dívida a um só dos vários credores pode não desobrigar o devedor com relação aos demais concredores. Mas pagando o devedor corretamente, caberá aos credores buscar sua parte com o credor que recebeu tudo (261). Tratando-se de coisa indivisível (ex: carro, barco, casa), poderão os credores usar a coisa em condomínio, ou então vendê-la e dividir o dinheiro (1320). Espécies de indivisibilidade: a) física: a prestação é indivisível pela sua própria natureza, pois sua divisão alteraria sua substância ou prejudicaria seu uso (ex: obrigação de dar um cavalo, obrigação de restituir o imóvel locado, etc); b) econômica: o objeto da prestação fisicamente poderia ser dividido, mas perderia valor (ex: obrigação de dar um diamante, art. 87); c) legal: é a lei que proíbe a divisão (ex: a lei 6.766/79, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, determina no art. 4º, II, que os lotes nos loteamentos terão no mínimo 125 metros quadrados, então um lote deste tamanho não pode ser dividido em dois); d) convencional: é o acordo entre as partes que torna a prestação indivisível (art. 88, ex: dois devedores se obrigam a pagar juntos certa quantia em dinheiro, o que vai favorecer o credor que poderá exigir tudo de qualquer deles, 258 in fine, e 259). Percebe-se que qualquer das três espécies de obrigação (dar, fazer e não-fazer) pode ser divisível ou indivisível (ex: dar dinheiro é divisível, mas dar um cavalo é indivisível; pintar um quadro é obrigação de fazer indivisível, mas plantar cem árvores é divisível; não revelar segredo é indivisível, mas não pescar e não caçar na fazenda do vizinho é divisível). Fonte: http://rafaeldemenezes.adv.br/assunto/Direito-das- Obrigacoes/4/aula/7 ESTE DOCUMENTO É PARA O ESTUDO DE CADA UM, EM HIPÓTESE ALGUMA PODE SER VENDIDO. AO FINAL E DURANTE OS CONTEUDOS DO RESUMO ENCONTRAM-SE AS BIBLIOGRAFIAS. Transimissão das Obrigações: Cessões de Crédito e Débito. Publicado em 01 de June de 2010 por Lucas Sampaio 1. INTRODUÇÃO A transmissão das obrigações teve uma considerável e valiosa mudança de conceito em relação ao direito romano. Neste direito, era imputado um caráter individual e material à responsabilidade do devedor pela prestação. Logo, o princípio básico das relações obrigacionais era o da intransmissibilidade, já hoje, o princípio é absolutamente contrário, pois a transmissibilidade das obrigações é sancionada no Código Civil de 2002. O atual princípio (da transmissibilidade das obrigações) é fruto de uma evolução social, onde a sociedade passou a considerar trocáveis os credores e devedores em sua pessoa, deixando intacta a relação obrigacional. Nosso trabalho visa analisar os dispositivos relacionados à questão da transmissibilidade das obrigações, tanto na cessão de créditos (arts. 286 a 298 CC/2002), quando na cessão de débitos (arts. 299 a 303 CC/2002). 2. Cessão de Crédito. 2.1 Conceito. É um negócio jurídico bilateral, oneroso ou gratuito, que consiste na transmissão total ou parcial do crédito de um credor (cedente) a um terceiro (cessionário), este que passa a ter o direito creditório daquele com todos seus acessórios e garantias, não sendo necessário o consentimento preliminar do devedor (cedido). 2.2 Espécies. 2.2.1 Onerosa ou Gratuita. Será onerosa quando o cedentetransmite o crédito ao cessionário por um valor menor que este segundo receberá do cedido. Ex: Rafael cede a Eric o crédito de R$500,00 que tem com Bruno, mas estabelece que receberá apenas R$300,00, com isso, Eric lucrará R$200,00 assim que for paga a totalidade da dívida pelo cedido. Será gratuita quando o cedente receber do cessionário o valor exato que este receberia do cedido. Ex: Landualdo cede a Adriano o crédito de R$100,00 que tem com Diego, recebendo de Adriano o valor exato do crédito. Adriano receberá estes R$100,00 assim que for paga a totalidade de dívida pelo Diego. 2.2.2 Total ou parcial. É total quando o cedente transfere todo o crédito ao cessionário. Ex: Mariana tem crédito de R$200,00 com Paula e cede o valor total do crédito para Marcos, que receberá de Paula assim que for paga totalmente a dívida. É parcial quando o cedente transfere parte do crédito para um ou mais cessionários, tendo a possibilidade de permanecer ou não na relação obrigacional. Ex ¹: Dionísio tem crédito de R$100,00 com Ronaldo e cede para Marcelo metade do crédito. Quando for paga a totalidade da dívida, tanto Dionísio quanto Marcelo receberão R$50,00 de Ronaldo. Ex ²: José tem crédito de R$100,00 com Rui, cede para Fernando a metade do crédito e para Felipe a outra metade. Quando Rui pagar a totalidade da dívida, Felipe e Fernando receberão R$50,00 cada, estando José fora da relação obrigacional. 2.2.3 Convencional, legal ou judicial. Será convencional quando houver livre e espontânea manifestação de vontade entre cedente e cessionário. Ex: Otacílio cede a Humberto, por consentimento das partes, o crédito de R$400,00 que tem com Alex, recebendo de Humberto o valor exato do crédito. Humberto receberá estes R$400,00 assim que for paga a totalidade de dívida pelo Alex. Haverá uma cessão de crédito de espécie legal, quando a lei dispuser sobre tal. Também é imposta pela lei a cessão dos acessórios da dívida como garantias, juros e multas. Ex: O disposto nos arts. 287 e 346 CC/02 Será uma cessão de crédito da espécie judicial, quando advier de decisão de órgão judicante, como um juiz que determina a sentença em um caso concreto, explicando os motivos dela para resolver o litígio entre as partes. Carlos Alberto Gonçalves cita o seguinte exemplo: "a adjudicação, aos credores de um acervo, de sua dívida ativa" (GONÇALVES; 205) 2.2.4 Pro Soluto e Pro Solvendo. Será Pro Soluto quando o cedente não se responsabilizar perante o cessionário, caso o cedido não tenha adimplência em relação ao pagamento total da dívida, ou seja, após a cedência de crédito do cedente ao cessionário, o primeiro se extingue da relação obrigacional. Ex: Renan cede a Breno o crédito de R$800,00 que tem com Alfredo. No dia do vencimento da dívida, se Alfredo não cumprir com o pagamento total, Renan não se responsabilizará por este ato, ficando a Breno a possibilidade de cobrar judicialmente o adimplemento de Alfredo. Será Pro Solvendo quando o cedente se responsabilizar perante o cessionário, caso o cedido não tenha adimplência em relação ao pagamento total da dívida, ou seja, mesmo após cedência de crédito do cedente ao cessionário, o primeiro ainda sim permanecerá na relação obrigacional. Ex: Carolina cede a Rafaela o crédito de R$350,00 que tem com Vinícius. No dia do vencimento da dívida, se o cedido não cumprir com o pagamento total, Carolina se responsabiliza por este ato na mesma quantia que recebeu do cessionário somada com as despesas de cessão, juros e todos os acessórios possíveis. 2.3 Natureza Jurídica. A cessão de créditos é um contrato especial, por isso considera-se um negócio jurídico. Sobre isso dispõe Sílvio Venosa que: "A natureza contratual do negócio é patente. É um contrato simplesmente consensual, mas por vezes a necessidade obrigará o escrito particular ou a forma pública. Há créditos incorporados a documentos, e sem eles torna-se impossível sua respectiva transferência. É, contudo, um contrato todo peculiar, tanto que fez bem o código em colocá-lo na parte geral das obrigações, pois se trata de forma genérica de alienação". (Art. 286 CC/2002). 2.4 Institutos Similares 2.4.1 Cessão e Novação. A novação é caracterizada pela criação de uma nova obrigação (aliquid novi). Nas duas possibilidades de novação (objetiva e subjetiva) há uma extinção da dívida anterior, por causa da criação de um novo débito. Por outro lado, na cessão de crédito a dívida permanece a mesma, tendo apenas uma transmissão de crédito de um cedente para um cessionário. 2.4.2 Cessão e Sub-rogação. Existem algumas características que diferenciam a cessão da sub- rogação, como: I) Na cessão de crédito, o cedente pode responder pela existência do crédito, no caso de cessão de crédito da espécie Pro Solvendo, enquanto na sub-rogação legal isso não pode ocorrer. É bom salientar, que a sub-rogação convencional é análoga à cessão de crédito, pois o tratamento dado pela lei é o mesmo para ambas (art. 348 CC/02). II) Na cessão de crédito, para que o cessionário seja reconhecido por terceiros, deve-se existir a notificação da cessão, por outro lado, o sub-rogado não necessita de notificação alguma. III) A cessão de crédito pode se dar por título gratuito, o que não pode ocorrer na sub-rogação. 2.5 Requisitos. A respeito dos requisitos, dispõe Maria Helena Diniz que: "I) capacidade genérica para os atos comuns da vida civil e capacidade especial, reclamada para os atos de alienação, tanto do cedente quanto do cessionário. II) objeto lícito e possível, de modo que qualquer crédito poderá ser cedido, constante ou não de um título, esteja vencido ou por vencer, se a isso não se opuser (CC, art.286) a natureza da obrigação, a lei e a convenção com o devedor. III) forma legal (CC, arts. 288, 289, 290 e 292; lei n. 6.015/73, arts. 127, I, 129, n. 9)" A cessão de crédito então, por ser um negócio jurídico, tem seus requisitos iguais aos do negócio (capacidade das partes, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei) estes que estão dispostos nas disposições gerais do Código Civil de 2002, mais precisamente no art. 104 CC/02. 2.6 Efeitos 2.6.1 Entre as partes contratantes. Excetuando a possibilidade de uma transferência de crédito por força da lei, o cedente deve ser responsabilizado pelo crédito existente e, caso haja algo estipulado, pela solvência do devedor. O cessionário guarda todos os direitos que o cedente que ele substituiu tinha, observando todos os acessórios, como multas, juros, vantagens e ônus, além disto, o cessionário corre o risco de o cedido ser insolvente. 2.6.2 Em relação ao devedor. 2.6.2.1 Antes da Notificação Caso não haja uma notificação ao cedido de que o cessionário tomou o lugar do cedente, o devedor poderá pagar legítima e validamente a dívida ao credor originário, no caso, ao cedente, como se nem tivesse tido a cessão de crédito. Logo, caso o cedido solva a dívida com o cedente, o cessionário nada pode fazer em relação ao devedor não notificado, e sim, em relação ao cedente. Ex: arts. 292 e 298 CC/2002. 2.6.2.2 Após a Notificação. Caso haja a notificação ao cedido de que um cessionário tomou o lugar do cedente, o devedor tem obrigação de solver a dívida com o cessionário que lhe apresentar, com o título da cessão, o da obrigação cedida. Ex: Arts. 291, 292 e 294 CC/2002. 3. Cessão de débito ou Assunção de dívida. 3.1 Conceito. É um negócio jurídico bilateral que consiste na transferência de encargos obrigacionais de um devedor(cedido) a terceiro (assuntor ou cessionário), com expresso ou tácito consentimento do credor (cedente), sendo o assuntor o novo responsável pela dívida e todos seus acessórios, todavia o débito originário permanece inalterado. 3.2 Requisitos. Para ser válida a cessão de débito, além de observar os pressupostos do negócio jurídico, devem ser observados alguns outros requisitos. Entre eles citamos: a) A anuência expressa do credor. b) Existência e validade da obrigação transferida. c) A substituição do devedor, mantendo-se a relação jurídica originária. d) A presença de uma relação jurídica obrigacional juridicamente válida, para assim pressupor existência. 3.3 Modos de Realização. 3.3.1 Expromissão. Ocorre quando uma pessoa assume espontaneamente o débito de outra, ou seja, um terceiro (expromitente) assume a obrigação, sem depender do aval do devedor primitivo. A expromissão poderá ser: I) liberatória, quando há uma completa sucessão no débito, há a mudança do devedor pelo expromitente na relação obrigacional, deixando desobrigado o devedor primitivo , excetuando a possibilidade de o terceiro que assumiu a dívida ser insolvente e ignorado pelo credor. (art. 299, 2° parte CC/2002). II) Cumulativa, quando o expromitente assume o encargo obrigacional em conjunto com o devedor primitivo, passando a ser um devedor solidário, assim dando ao credor possibilidade de cobrar o pagamento de qualquer um deles. (art. 265 CC/2002). 3.3.2 Delegação. Ocorre quando o devedor (delegante) transmite ao terceiro (delegado), com consentimento do credor (delegatário), o débito com este contraído. A delegação poderá ser: I) Privativa, se o devedor primário se desobrigar, deixando ao terceiro a responsabilidade pelo débito e sem obrigação de responder pela insolvência deste. II) Simples ou cumulativa, quando o delegado entra na obrigação em conjunto com o delegante, que dela não se extingue. Não havendo entre eles vinculo de solidariedade, logo o delegante não pode ser obrigado a pagar a dívida senão quando o delegado deixar de cumprir a obrigação que assumiu. 3.4 Efeitos Se em uma cessão de débito, a dívida transferida permanecer a mesma, havendo apenas uma mudança de devedores, de um cedente para um assuntor (cessionário), sendo este que deve assumir as obrigações do devedor primário, temos que a cessão de débito pode produzir alguns efeitos como: I) Término de garantias e vantagens individuais do cedente, já que o assuntor não terá direito a garantias pessoais do mesmo. Ele poderá ter as exceções preexistentes à cessão de débito (pagamento, nulidade ou extinção da obrigação) ou algumas que decorrerem da relação jurídica após a cedência. II) As garantias especiais (aval, hipoteca de terceiro, fiança) da dívida são extintas (a não ser que haja consentimento para sua permanência), resistindo apenas às garantias reais (penhor, hipoteca). III) O devedor primitivo (cedente) é extinto da obrigação, a não ser que o assuntor, quando assumiu a dívida, era insolvente e o credor não tinha conhecimento. IV) Transferência do débito a terceiro, que se investirá na conditio debitoris V) Em caso de anulação na cessão de débito, e volta do devedor primário ao seu "posto", a dívida é restabelecida com todas as suas garantias. 4. Diferenças entre cessão de crédito e cessão de débito. É proveitoso destacar a valiosa característica da cessão de crédito que a distingue da cessão de débito. Não é relevante, na cessão de crédito, o consentimento que implica aprovação do devedor. O débito do devedor não aumenta em razão da mudança de credor. Dessa forma, entendemos que para o devedor não faz muita diferença se houver uma troca de credor, afinal no dia da quitação da dívida ele terá que cumprir sua obrigação. Por outro lado, para o credor faz uma diferença enorme a troca do devedor, pois este novo devedor pode ser insolvente, irresponsável ou agir de má-fé, assim não cumprindo sua obrigação. (arts. 299 e 391 CC/2002) 5. PARÁFRASE Cessão de crédito é conceituada como um negócio jurídico bilateral, oneroso ou gratuito, que consiste na transmissão total ou parcial do crédito de um credor (cedente) a um terceiro (cessionário), este que passa a ter o direito creditório daquele com todos seus acessórios e garantias, não sendo necessário o consentimento preliminar do devedor (cedido). Podem ser classificados em Onerosos ou gratuitos, total ou parcial, judicial, legal ou convencional e Pro soluto ou Pro Solvendo. Sua natureza jurídica é ser um contrato especial, logo um negócio jurídico. Similares a esta cessão, porém, sem confundi-las a essa, temos a novação e a sub-rogação. A cessão de créditos necessita de alguns requisitos para ser válida e tem seus próprios efeitos, e podem ser classificados em: Entre as partes contratantes e em relação ao devedor, sendo que nesta última há uma classificação por tempo de notificação (Antes da notificação e Após a notificação do devedor). Cessão de débito é conceituada como um negócio jurídico bilateral que consiste na transferência de encargos obrigacionais de um devedor (cedido) a terceiro (assuntor ou cessionário), com expresso ou tácito consentimento do credor (cedente), sendo o assuntor o novo responsável pela dívida e todos seus acessórios, todavia o débito originário permanece inalterado. Ela necessita de alguns requisitos e pode se realizar de dois modos: por expromissão e por delegação e, assim como qualquer outro negócio jurídico, tem efeitos particulares. Revisado por Editor do Webartigos.com Fonte: http://www.webartigos.com/artigos/transimissao-das- obrigacoes-cessoes-de-credito-e-debito/39384/ Pagamento putativo Significado de Pagamento putativo: Ocorre quando no ato do pagamento um falso credor usando o nome da empresa num ato ilícito se apresenta no recebimento do valor solicitado pelo devedor. Exemplo do uso da palavra Pagamento putativo: As rés devem ser exoneradas por força da boa-fé e pagamento putativo. Fonte: http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/pagamento+putativo /13735/ ESTE DOCUMENTO É PARA O ESTUDO DE CADA UM, EM HIPÓTESE ALGUMA PODE SER VENDIDO. AO FINAL E DURANTE OS CONTEUDOS DO RESUMO ENCONTRAM-SE AS BIBLIOGRAFIAS.
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