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37 Capítulo 3 UNIÃO EIXO x CUBO 3.1 - INTRODUÇÃO Os elementos montados nos eixos necessitam ser fixados de forma adequada para possibilitarem a transmissão de momento torçor, que geralmente é o objetivo do conjunto. As formas mais comuns de unir o cubo ao eixo deixando-os solidários são empregar: - chavetas; - estrias ou engrenagens interna x externa; - montagem com interferência; - acoplamentos com engrenagens interna e externa ou perfis especiais; - acoplamentos axiais com engates ou dentes axiais; - união com elementos cônicos; - pinos transversais (cilíndricos ou cônicos); - parafusos; - acoplamentos flexíveis; - solda; - embreagens. Nestas notas de aula serão tratadas as uniões com chaveta e montagem com interferência longitudinal e transversal. 3.2 – UNIÃO COM CHAVETAS As chavetas são elementos relativamente simples, no entanto requerem cuidados no dimensionamento, na fabricação e na montagem. Geralmente determina-se o comprimento da chaveta considerando a pressão superficial na região mais crítica, no caso o cubo. Em seguida se verifica a condição de cisalhamento. Quanto à pressão superficial pode-se determinar: 20 Mt L >= ----------------- ( h - t1 ) . d . p 38 p =< 5 Kgf / mm2 = pressão superficial admissível para cubo de ferro fundido p =< 9 Kgf / mm2 = pressão superficial admissível para cubo de aço L = comprimento da chaveta [ mm ] d = diâmetro nominal do eixo no local da chaveta [ mm ] h = altura da chaveta [ mm ] t1 = altura do rasgo da chaveta no eixo[ mm ] Mt = momento torçor nominal do eixo no local da chaveta [ kgf .cm ] Quanto ao cisalhamento pode-se verificar: 20 Mt τ = ------------ [ Kgf / mm2 ] d . b . L τ = tensão de cisalhamento solicitante no material da chaveta [ Kgf / mm2 ] τ adm = tensão admissível de cisalhamento do material da chaveta [ Kgf / mm2 ] AÇO SAE 1045: τ adm aproximadamente 10 Kgf / mm2 para σr = 60 à 70 Kgf / mm2 (NIEMANN I , PAG. 88) b L t2 h t1 d DIMENSÕES DE CHAVETAS - DIN 6885 DIÂMETRO DO EIXO d [ mm ] b [ mm ] h [ mm ] t1 [ mm ] t2 [ mm ] DE ATÉ 10 12 4 4 2,4 1,7 12 17 5 5 2,9 2,2 17 22 6 6 3,5 2,6 22 30 8 7 4,1 3,0 30 38 10 8 4,7 3,2 38 44 12 8 4,9 3,4 44 50 14 9 5,5 3,6 50 58 16 10 6,2 3,9 58 65 18 11 6,8 4,3 65 75 20 12 7,4 4,7 75 85 22 14 8,5 5,4 85 95 25 14 8,7 5,6 95 110 28 16 9,9 6,2 110 130 32 18 11,1 7,1 130 150 36 20 12,3 7,9 150 170 40 22 13,5 8,7 170 200 45 25 15,3 9,9 39 3.3 – UNIÂO EIXO x CUBO POR MONTAGEM COM INTERFERÊNCIA Uma forma de união entre eixo e cubo muito utilizada é a montagem com interferência com a dimensão do eixo maior do que a dimensão do furo e utilizando-se de equipamentos de montagem, tais como prensa, macacos mecânicos, hidráulicos ou dispositivos adequados ou recursos de contração ou expansão térmica. Há duas alternativas básicas de montagem com interferência: A montagem com interferência longitudinal (ajuste prensado longitudinal) e a montagem com contração ou expansão térmica. 3.3.1 - Montagem com interferência longitudinal A montagem é feita com a prensagem do eixo no cubo com movimento axial relativo entre eles. È necessário fazer o dimensionamento definindo a interferência adequada para proporcionar forças de prensagem e de desmontagem tecnicamente adequadas para utilizar equipamentos convencionais e simultaneamente preservar a integridade das peças evitando danos por alta pressão ou por esforços excessivos. L1 L2 de di dc L = menor entre L1 e L2 As equações apresentadas a seguir permitem o cálculo dos dados importantes para o projeto da junta prensada longitudinalmente. As pressões “pc” e “pcf” na superfície de contato, antes e depois da perda de interferência, respectivamente podem ser determinadas: pc = δδδδ dc2 + di2 de2 + dc2 µ µ µ µi µ µ µ µe dc Ei ( dc2 − di2 ) Ee ( de2 − dc2 ) Ei Ee pcf = δ − ∆δδ − ∆δδ − ∆δδ − ∆δ dc2 + di2 de2 + dc2 µ µ µ µi µ µ µ µe dc Ei ( dc2 − di2 ) Ee ( de2 − dc2 ) Ei Ee 40 A interferência ” δδδδ ” deve ser determinada em função das tolerâncias dimensionais dos diâmetros do eixo e do furo e de acordo com os objetivos dos cálculos a serem realizados. Assim a interferência ” δδδδ ” pode ser usada como δδδδmáx, δδδδmín ou δδδδméd. Deve-se considerar que ao montar o conjunto, em função das tolerâncias, o eixo poderá estar na condição de dimensão máxima e o furo na condição de dimensão mínima, requerendo assim força máxima de montagem e desmontagem, visto que a pressão será máxima. Deve-se considerar também que após a montagem, durante o funcionamento dos componentes montados, em função das tolerâncias, o eixo poderá estar na condição de dimensão mínima e o furo na condição de dimensão máxima, resultando assim em pressão de contato mínima, tornando-se desta forma uma condição de transmissão de potência / momento torçor mínimos. Pode-se equacionar as interferências ” δδδδ ” desta forma: δδδδmáx = DMaxE – DMinF δδδδmín = DMinE – DMaxF δδδδméd = DMédE – DMédF A força “Fa” axial de montagem pode ser estimada por: Fa = f . pipipipi dc . L . pc A força “Fad” axial de desmontagem, após a perda de interferência pode ser estimada por: Fad = f . pipipipi dc . L . pcf O momento torçor “T” a ser transmitido com segurança após a montagem e considerando-se a perda de interferência pode ser estimado por: T = f . pcf . pipipipi dc2 . L 2 41 A perda de interferência “∆δ∆δ∆δ∆δ ” pode ser determinada, caso não se conheça antecipadamente e precisamente, por: ∆δ∆δ∆δ∆δ = 2 . ( Bi + Be ) conforme DIN 7190 As reduções nas alturas das rugosidades da peça interna e da peça externa, em cada aresta podem ser estimadas por: Bi = 0,6 Hi Be = 0,6 He Abaixo são apresentadas as nomenclaturas e unidades utilizadas nas equações: pc = [ kgf/mm2 ] = pressão na superfície de contato, antes da perda de interferência pcf = [ kgf/mm2 ] = pressão final na superfície de contato, após a perda de interferência dc = [ mm ] = diâmetro do contato δ = [ mm ] = interferência nominal, máxima, mínima ou média ∆δ = [ mm ] = perda de interferência δδδδ máx = [ mm ] = interferência máxima entre eixo e furo δδδδ mín = [ mm ] = interferência máxima entre eixo e furo DMinF = [mm] = dimensão mínima do furo DMaxF = [mm] = dimensão máxima do furo DMinE = [mm] = dimensão mínima do eixo DMaxE = [mm] = dimensão máxima do eixo de = [ mm ] = diâmetro externo da peça externa di = [ mm ] = diâmetro interno da peça interna Ee = [ kgf/mm2 ] = modulo de elasticidade do material da peça externa Ei = [ kgf/mm2 ] = módulo de elasticidade do material da peça interna µe = [admensional] = coeficiente de poisson do material da peça externa µi = [ admensional] = coeficientede poisson do material da peça interna f = [ admensional] = coeficiente de atrito entre as peças interna e externa Fa = [ kgf ] = força axial de montagem T = [ kgf mm ] = momento torçor à transmitir L = [ mm ] = comprimento do contato, menor valor de contato, menor entre L1 e L2, por exemplo Valores experimentais para "pc" : para ferro fundido sobre aço : 3 à 5 kgf/mm2 para aço sobre aço : 5 à 9 kgf/mm2 OBS.- Logo após a montagem obtém-se 70% da força de retenção. Após 2 dias, obtém-se a força total. 42 Modulo de elasticidade "E" Material E [ kgf / mm2 ] Aço carbono ( 0,15 a 0,25% ) 20000 a 21000 Aço inoxidável 20000 Aço rápido 21000 a 23500 Ferro fundido cinzento 25000 a 10500 Ferro fundido maleável e nodular 9000 a 10000 Cobre 11000 a 125000 Alumínio e suas ligas 6500 a 7500 Ligas de magnésio 3600 a 4700 Bronzes e latões 7000 a 8500 Resinas sintéticas 400 a 1600 Vidro 7000 a 7500 Madeira 1000 Coeficientes de poisson para vários materiais " µµµµi " ou " µµµµe " Material µµµµi " ou " µµµµe " Aço Níquel 0,25 a 0,30 Aço doce 0,24 a 0,28 Alumínio em chapa 0,32 a 0,36 Borracha 0,47 Bronze comercial 0,32 a 0,42 Chumbo laminado 0,42 Cobre 0,30 a 0,34 Vidro 0,20 a 0,30 Altura da rugosidade "H" em µµµµm Operação H [ µ[ µ[ µ[ µm ] Torneamento em desbaste 16 a 40 Torneamento em semi-acabamento 6 a 16 Torneamento em acabamento 2,5 a 6 Furação e escareado a máquina 10 a 25 Furação em semi-acabamento e alargamento em uma operação 6 a 10 Furação em semi-acabamento com dois alargadores 2,5 a 6 Retificação em desbaste 16 a 40 Retificação em semi-acabamento 6 a 16 Retificação em acabamento, rebolo de grana fina 2,5 a 6 Lapidação, brunimento, etc 1 a 2,5 Brochamento 1,6 a 4 43 Os valores acima são apenas para orientação. Para cada aplicação específica deve-se verificar quais são os valores reais. 3.3.2 - Montagem com ajuste transversal A montagem pode ser feita com: - o aquecimento da peça externa fazendo-a expandir; - o resfriamento da peça interna fazendo-a contrair; - ou simultaneamente, aquecendo-se a peça externa e resfriando-se a peça interna. Também é necessário fazer o cálculo definindo a interferência adequada e as temperaturas de aquecimento ou resfriamento para propiciar a montagem e a transmissão do momento torçor. Pode-se estimar a força de desmontagem utilizando-se o valor da pressão superficial considerando-se que há perda de interferência pela acomodação e deformação do material devido à montagem. ∆∆∆∆T = δ + δ + δ + δ + sk αααα .dc ti = to −−−− δ + δ + δ + δ + sk ααααi . dc te = to ++++ δ + δ + δ + δ + sk ααααe . dc sk = ( de 0,001 à 0,010 ) . dc O valor de “sk” deve ser estabelecido em função das experiências com as montagens, que dependem das facilidades e dificuldades do manuseio das peças a serem montadas. 44 Abaixo são apresentadas as nomenclaturas e unidades utilizadas nas equações: δ = [ mm ] = interferência nominal, máxima, mínima ou média Usar a δδδδ máx = [ mm ] = interferência máxima entre eixo e furo ∆T = [ C ] = variação da temperatura necessária para permitir a montagem αe = [ mm / mm ] = coeficiente de dilatação térmica do material da peça externa αi = [ mm / mm ] = coeficiente de dilatação térmica do material da peça interna dc = [ mm ] = diâmetro de contato inicial do furo ou do eixo to = [ ºC ] = temperatura ambiente te = [ ºC ] = temperatura a ser atingida na peça externa, com o aquecimento, antes da montagem ti = [ ºC ] = temperatura a ser atingida na peça interna, com o resfriamento, antes da montagem sk = [ mm ] = folga necessária para a montagem, considerando o tempo necessário para executar a montagem e a facilidade/dificuldade de manuseio das peças. Coeficientes de dilatação térmica ”αααα ” de alguns materiais Material Aquecimento Resfriamento Aço carbono e aço rápido 0,000 011 0,000 008 5 Ferro fundido e ferro maleável 0,000 010 0,000 008 Cobre 0,000 016 0,000 014 Bronze 0,000 017 0,000 015 Latão 0,000 018 0,000 016 Alumínio e suas ligas 0,000 023 0,000 018 Ligas de magnésio 0,000 026 0,000 021 Resinas sintéticas 0,000 040 à 0,000 070 ------------------------------ Aquecimento e resfriamentos utilizados na prática Banhos de aquecimento ou resfriamento Temperatura a ser atingida [ºC] CO2A solidificado (gelo seco) - 72 Ar líquido (Nitrogênio) -190 Óleo mineral aquecido + 350
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