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EMB5110 - ELEMENTOS DE MÁQUINAS Prof. Andrea Piga Aula 10 - Ligação Cubo – Eixo por interferência 10 – Ligação eixo-cubo por interferência Ajuste por interferência ● Um outro meio comum de acoplamento de um cubo a um eixo é usar um ajuste por pressão ou por encolhimento, também chamado de ajuste por interferência. ● Um ajuste por pressão é obtido fazendo um buraco no cubo para um diâmetro ligeiramente menor que aquele do eixo, como mostrado na figura: ● O cubo e o eixo são montados com interferência (figura 3.5), originando uma pressão na superfície de ajuste, pois o material é forçado a recuar da sua posição original, gerando uma força normal à interface. ● As pressões originárias da montagem com interferência provocarão tensões no eixo e no cubo, podendo ocasionar falha dos elementos. Por outro lado, elas não podem ser suficientemente baixas de forma que não garanta a transmissão das forças, para que não haja o movimento relativo entre as peças. Assim, o problema de dimensionamento de ligações prensadas consiste em determinar dois valores básicos: ➢ a pressão máxima para evitar a falha dos elementos ➢ a pressão mínima para garantir a transmissão dos esforços (torque). A American Gear Manufacturers Association (AGMA) publica uma padronização ABMA 9003-A91, Acoplamentos Flexíveis – Ajustes sem Chavetas (Flexible Couplings – Keyless Fits) que define fórmulas para o cálculo de ajustes por interferência. Ajuste por interferência Ajuste por interferência ● Somente peças relativamente pequenas podem ser ajustadas por pressão sem exceder a capacidade de força de uma prensa típica de oficina mecânica. ● Para peças grandes, um ajuste por encolhimento pode ser feito aquecendo-se o cubo para expandir seu diâmetro interno e/ou um ajuste por expansão pode ser feito resfriando-se o eixo para reduzir seu diâmetro. As peças quentes e frias podem ser acopladas com uma pequena força axial, e quando elas entrarem em equilíbrio com a temperatura ambiente, suas variações dimensionais vão criar a interferência desejada para contato por atrito. ● Vídeo sobre aquecimento do cubo ● Vídeo sobre resfriamento do eixo ● Um outro método é expandir hidraulicamente o cubo com óleo pressurizado por condutos no eixo ou cubo. Essa técnica também pode ser usada para remover um cubo. Tensões nos ajuste por interferência ● Um ajuste por interferência cria o mesmo estado de tensão no eixo que uma pressão uniforme externa criaria na sua superfície. O cubo experimenta as mesmas tensões que um cilindro de parede grossa sujeito à pressão interna. ● onde δ = 2Δr é a interferência diametral total entre as duas peças, r é o raio nominal da interface entre as peças, r i é o raio interno (se houver) de um eixo vazado e r o é o raio externo do cubo, como mostrado na figura. E e v são o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson das duas partes, respectivamente. Equações de projeto: pressão máxima ● Precisamos garantir que o acoplamento opere no regime elástico dos materiais. ● Para o eixo vazado: ● Para o eixo maciço: Observem que o valor máximo da tensão nos componentes é 0.9*σ e ● Para o cubo: ● Precisamos portanto utilizar o menor valor da p max , calculado a partir das equações anteriores Equações de projeto: pressão máxima Exemplo Um eixo de aço 1020 laminado a quente, maciço com diâmetro de 20 mm deve ser montado por interferência em um cubo em alumínio 6060 e outro em Ferro Fundido Nodular. Calcule os valores de pressão máxima que pode ser utilizada em ambas as ligações de forma que não falhe. Admita que o diâmetro da alma (d 2 ) seja igual a 1,5 diâmetro nominal. Eixo maciço: Aço 1020: σ e = 207 MPa Portanto: Exemplo Cubo de alumínio: Alumínio 6060: σ e = 105 MPa Portanto: Cubo de ferro fundido: Ferro Fundido: σ r = 550 MPa Portanto: Equações de projeto: pressão mínima onde: ● o produto p.A é a força normal devido à pressão; P t a força tangencial devido ao torque T ; ● p.A.μ el a força de atrito que se opõe à P a para que não haja escorregamento na direção axial ● p.A.μ et a força de atrito que se opõe à P t para que não haja escorregamento na direção tangencial. Com coeficiente de segurança n 1.3 – 1.8 Equações de projeto: pressão mínima Direção axial ● Para que não haja escorregamento na direção axial: com ● Portanto: ● E finalmente: Com coeficiente de segurança n 1.3 – 1.8 Equações de projeto: pressão mínima Direção tangencial ● Para que não haja escorregamento na direção tangencial: com ● Portanto: ● E finalmente: Coeficientes de Atrito Exemplo Exemplo ● Assumindo a pior situaçaõ, ou seja μ et = 0, 07, a pressão mínima para transmitir o torque será: Exemplo ● Por outro lado, a pressão máxima para o cubo (aço) será: ● E para o eixo: ● Portanto, os limites de pressão para a montagem serão: ● A quantidade de interferência necessária para criar uma junta apertada varia com o diâmetro do eixo. ● O típico é aproximadamente 0,001 a 0,002 unidades de interferência diametral por unidade de diâmetro do eixo (a regra dos milésimos), as quantidades menores sendo usadas com diâmetros de eixo maiores. ● Por exemplo, a interferência para um diâmetro de 2 in seria cerca de 0,004 in, mas um diâmetro de 8 in receberia somente cerca de 0,009 a 0,010 in de interferência. ● Uma outra regra de memória de usinagem (e mais simples) é usar 0,001 in de interferência para diâmetros até 1 in e 0,002 in para diâmetros de 1 até 4 in. Limites e ajustes Regra prática Calculo da sobremedida efetiva Fonte: Zaions (2008) ● Considerando o conjunto cubo-eixo como dois cilindros de parede espessa montados com interferência, e que eles tenham circularidade perfeita e mesmo comprimento, pode-se desenvolver uma relação entre a sobremedida efetiva Δd entre os dois cilindros e a pressão “p” que atua na superfície de ajuste. onde: ● p – pressão (considerada entre os valores de p min e p max ); ● D - Diâmetro da superfície de ajuste (diâmetro nominal do acoplamento) ● K1 - Constante elástica do eixo ● K2 - Constante elástica do cubo DKKpd 21 Fonte: Zaions (2008) K1 - Constante elástica do eixo. K2 - Constante elástica do cubo. ν 1 - Coeficiente de Poisson do material do eixo E 1 - Módulo de elasticidade do material do eixo D 1 diâmetro interno (eixo vazado) – 0 para eixo maciço ν 2 - Coeficiente de Poisson do material do cubo E 2 - Módulo de elasticidade do material do cubo 222 2 222 2 1 11 QE Q K Q D D2 2 1 11 2 11 2 111 1 QE Q K Q D D1 1 Calculo da sobremedida efetiva Efeito da rugosidade Fonte: Zaions (2008) O ajuste prensado provoca um alisamento das rugosidades superficiais, reduzindo a interferência média, reduzindo assim a pressão entre as superfícies de contato. Experiências demonstram que o amassamento corresponde, em média a 60% da rugosidade máxima das superfícies. A perda na sobremedida será portanto: Fonte: Zaions (2008) Efeito da rugosidade Efeito da Temperatura Fonte: Zaions (2008) Se as peças tem diferentes coeficientes de dilatação térmica β ou trabalham com temperaturas diferentes, há necessidade de se levar em conta o efeito da temperatura. ●O aumento da temperatura causa o efeito de dilatação nos materiais, e no caso especı́fico de um ajuste prensado, se a peça externa se dilata mais do que a peça interna, tem-se uma redução na capacidade de transmissão dos esforços, pois haverá um relaxamento na pressão entre as duas partes. Nestas condições haverá uma perda (ou aumento) da sobremedida dada por: Onde: β 1 - coeficiente de dilatação térmica linear do eixo; β 2 - coeficiente de dilatação térmica linear do cubo; ΔT 1 e ΔT 2 - diferença de temperatura das peças no funcionamento para a temperatura de montagem; respectivamente dados como: ∆T 1 = T 1 − T 0 e ∆T 2 = T 2 − T 0 (eixo e cubo), para T 0 atemperatura de montagem. t 0 - temperatura de montagem t t t t t t 2 2 0 1 1 0 Coeficiente de dilatação térmica Interferência de Montagem Fonte: Zaions (2008) Para que em funcionamento a sobremedida seja Δd (necessária para provocar “p”), durante a montagem a interferência deverá ser: Observação: Durante a montagem Δdt ainda não ocorreu e pode, portanto, fazer com que a pressão máxima seja ultrapassada. tr dddI Interferência de Montagem Interferência Mínima Interferência Máxima minmin minmin pfd dddI tr maxmax tr dddI Sistema furo-base Limites e ajustes Posições dos campos de tolerância Exemplo Prensagem ou Martelamento Fonte: Zaions (2008) É o processo mais simples sendo as peças unidas a frio. Sempre que possível deve-se utilizar uma velocidade de prensagem inferior a 2 mm/s, pois velocidades maiores diminuem o coeficiente de atrito, reduzindo a resistência da ligação. (força de atrito cai 25%). Fonte: Zaions (2008) Verificou-se também que a força de atrito atinge seu valor máximo somente algum tempo após a montagem, razão pela qual esse tipo de ajuste deve ser carregado após algum tempo depois da montagem (aproximadamente 2 dias). A força de montagem é obtida em função do coeficiente de atrito de montagem (μm) Para que não haja dificuldade de montagem de qualquer par de peças deve-se considerar: mm ApP p pmax Prensagem ou Martelamento Aquecimento da peça externa Fonte: Zaions (2008) Neste caso a peça externa é aquecida até uma temperatura suficientemente elevada para permitir uma fácil montagem sobre a peça interna. A temperatura de aquecimento poderá ser calculada pela expressão: otD I t 2 max 2 onde: I max - Interferência máxima; D - Diâmetro nominal; t o - Temperatura de montagem; β 2 - Coeficiente de dilatação térmica do cubo; δ - Folga adicional, correspondente à folga mínima de um ajuste tipo H/f. Aquecimento da peça externa Fonte: Zaions (2008) O aquecimento com chama aberta produz, nas superfícies uma capa de óxido que aumenta em muito o coeficiente de atrito, dificultando, entretanto, a desmontagem das peças. Utiliza-se também o banho de óleo (óleo mineral t = 356°C), ou aquecimento em fornos elétricos à gás. O ajuste por aquecimento pressupõe cubos não temperados, pois um aquecimento exagerado poderia destruí-lo. Esfriamento da peça interna Fonte: Zaions (2008) A temperatura a que a peça interna deve ser resfriada é dada por: 1 max 1 D I tt o onde: I max - Interferência máxima; D - Diâmetro nominal; t o - Temperatura de montagem; β 1 - Coeficiente de dilatação térmica do eixo; δ - Folga adicional, correspondente à folga mínima de um ajuste tipo H/f. Fonte: Zaions (2008) O resfriamento é obtido com gelo seco (dióxido de carbono sólido – CO² sólido t = - 72ºC) ou gás líquido (t = -180ºC). Observação: As peças montadas com ajuste prensado por aquecimento/resfriamento não apresentam variação de força de atrito com o tempo, razão pela qual podem ser utilizadas logo após a montagem Esfriamento da peça interna Obrigado pela atenção ! Contato E-mail: andrea.piga@ufsc.br Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38
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