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pesquisadores do cnpq na área de medicina comparação das areas de atuação


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See	discussions,	stats,	and	author	profiles	for	this	publication	at:	https://www.researchgate.net/publication/262518979
CNPq	researchers	in	medicine:	A	comparative
study	of	research	areas
Article		in		Revista	da	Associação	Médica	Brasileira	·	December	2009
DOI:	10.1590/S0104-42302010000400024
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Leonardo	Santos	Lima
14	PUBLICATIONS			129	CITATIONS			
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Eduardo	Araujo	Oliveira
Federal	University	of	Minas	Gerais
129	PUBLICATIONS			1,803	CITATIONS			
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Martelli-Junior H et al.
478 Rev Assoc Med Bras 2010; 56(1): 478-83
Introdução
A produção científica brasileira, avaliada pelo número de 
publicações científicas indexadas no Institute for Scientific 
Information (ISI), vem apresentando um consistente incremento 
nos últimos anos1. A produção científica nacional é a 13ª no 
cenário mundial, respondendo por aproximadamente 2% do 
total da produção científica mundial, superando países como a 
Suíça (1,89%) e a Suécia (1,81%) e aproximando-se da Holanda 
(2,55%) e da Rússia (2,66%)2. Em 2008, o número de artigos 
científicos indexados publicados por pesquisadores brasileiros 
foi de 30.4513. A Agricultura, entre as áreas brasileiras, tem 
se destacado no âmbito da produção científica mundial, com 
4.139 artigos produzidos entre 2003 e 2007 - 5% da produção 
total de artigos indexados em todo o mundo2. Dentre as áreas 
do conhecimento com maior produção científica no Brasil está a 
Medicina, que responde por aproximadamente 25% das publica-
ções brasileiras, indexadas no ISI no período entre 1998-2002, 
seguida pela Física com 15%, e Química com aproximadamente 
10%4. Nos últimos anos, diversos estudos têm analisado o perfil 
e a produção científica dos pesquisadores do Conselho Nacional 
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em diversas 
áreas do conhecimento5-9. Recentemente, foi avaliado o perfil 
dos bolsistas de produtividade científica da área de Medicina7. 
No presente estudo, busca-se expandir e entender melhor a 
produção acadêmica dos pesquisadores de Medicina brasileira, 
de acordo com as áreas de atuação e/ou de especialidade. 
*Correspondência: 
Rua Engenheiro Amaro 
Lanari 389 / 501
Belo Horizonte – MG
CEP:30310-580
eduolive@medicina.ufmg.br
Resumo
objetIvo. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil e a produção científica de pesquisadores de 
Medicina, que têm bolsa de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico, de acordo com a área de atuação. 
Métodos. Os currículos lattes de 411 pesquisadores com bolsas ativas no triênio 2006 a 2008 foram 
incluídos na análise. As variáveis de interesse foram: sexo, área de atuação; artigos publicados, e 
orientação de alunos de graduação, mestres e doutores. 
resultados. Houve uma predominância do sexo masculino (68%) e de bolsistas na categoria 2 
(55,7%). Quatro Estados da Federação são responsáveis por 90% dos pesquisadores (SP, RJ, RS, 
MG). Oito instituições são responsáveis por aproximadamente 80% dos pesquisadores, destacando-se 
USP (30,7%) e UNIFESP (17%). Foram identificadas 30 áreas de atuação dos pesquisadores. Em 
relação à produção científica, a mediana de artigos publicados foi de 4,13/ano (Intervalo interquartil, 
IQ, 2,9 - 5,8). A mediana ajustada de artigos publicados na base de dados Web of Science foi de 
2,23/ano (IQ, 1,4 - 3,2). Neurociências (3,16, IQ, 1,8 - 4,7) e Psiquiatria (2,92, IQ, 1,73 - 4,5) 
foram as áreas mais produtivas de artigos indexados. 
ConClusão. Há uma concentração dos pesquisadores da Medicina na região Sudeste. Nesse estudo 
pode ser observado um aumento da produção científica da maioria dos pesquisadores nos últimos 
cinco anos. Através do conhecimento do perfil dos pesquisadores da área de Medicina, podem ser 
definidas de maneira mais eficaz, estratégias para incentivar a produção científica e a demanda de 
recursos para o financiamento de projetos de pesquisa. 
uniterMos: Indicadores de produção científica. Medicina. Educação de pós-graduação em Medicina. 
Ciências da saúde.
pesquIsadores do Cnpq na área de MedICIna: CoMparação das 
áreas de atuação 
HerCílIo MartellI-junIor1, danIella reIs barbosa MartellI2, Isabel GoMes quIrIno3, MarIa CHrIstIna lopes araujo olIveIra4, leonardo santos lIMa5, eduardo araujo 
de olIveIra6*
Trabalho realizado na Faculdade de Medicina – Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG; Faculdade de Odontologia – Unimontes, Belo Horizonte, MG
1. Doutor em Estomatopatologia - Professor Titular da Faculdade de Odontologia pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, Montes Claros, MG
2. Mestre em Ciências da Saúde - Professora da Faculdade de Odontologia pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, Montes Claros, MG 
3. Mestre - Doutoranda em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte, MG 
4. Doutora em Medicina - Professora Associada da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte, MG
5. Mestre - Doutorando em Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, Belo Horizonte, MG
6. Doutor em Medicina - Professor Titular pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Belo Horizonte, MG
Artigo Original
Pesquisadores do cnPq na área de Medicina: coMParação das áreas de atuação 
479Rev Assoc Med Bras 2010; 56(1): 478-83
Métodos 
Desenho do estudo. estudo transversal. 
Participantes - Foi incluído na análise um total de 411 pesqui-
sadores registrados como bolsistas de produtividade científica do 
CNPq, de acordo com a lista fornecida pela agência federal de 
fomento à pesquisa em fevereiro de 2009. Foram excluídos do 
presente estudo pesquisadores que se encontravam com bolsas 
suspensas, como nos casos de realização de pós-doutorado no 
exterior. Foram também excluídos três pesquisadores seniores e 
um pesquisador falecido quando do início da coleta de dados. 
Protocolo de coleta dos dados - Para essa investigação científica foi 
utilizada a relação dos bolsistas de produtividade em pesquisa do 
CNPq (PQ), na área de Medicina, com bolsas ativas no triênio de 
2006 a 2008. Como critério de inclusão, o pesquisador deveria ter 
sido contemplado com a bolsa de produtividade científica do CNPq 
e a mesma se encontrar em vigência. A partir da identificação 
dos bolsistas, foram consultados os currículos lattes de todos os 
pesquisadores para cada uma das categorias existentes no CNPq: 
1 A, 1 B, 1 C, 1 D e categoria 2. A partir dos currículos lattes 
disponibilizados publicamente na Plataforma Lattes (CNPq) foi 
construído um banco de dados, com informações relativas à distri-
buição dos PQ por categoria (2, 1 A, 1 B, 1 C, 1 D e sênior), distri-
buição geográfica e institucional, tempo de conclusão do curso de 
doutorado, produção científica (artigos científicos) e formação de 
recursos humanos (orientação de iniciação científica, mestrado e 
doutorado). Para análise da produção científica, consideraram-se 
todas as publicações e orientações durante a carreira do pesqui-
sador. Foram também analisadas as publicações e orientações 
dos últimos cincos anos, considerando o quinquênio 2004-2008. 
Variáveis de interesse - As seguintes variáveis foram analisadas: 
gênero, instituição do pesquisador, tempo de doutoramento, 
instituição de doutoramento, orientações de bolsistas de iniciação 
científica (BIC),dissertação de mestrado e teses de doutorado, e 
publicações em periódicos. Em relação às orientações e publi-
cações foram avaliados os valores absolutos de toda a carreira 
científica e os valores referentes ao ultimo quinquênio descritas 
no currículo lattes. Além disso, foram computadas as orienta-
ções e publicações ajustadas pelo tempo de doutoramento do 
pesquisador. Foram também pesquisadas as bases de dados 
Web of Science Thomson - ISI - Institute for Scientific Infor-
mation - (http://apps.isiknowledge.com/) e Scopus (http://www.
scopus.com/home.url). Ambas foram consultadas através do 
sítio eletrônico da CAPES (http://novo.periodicos.capes.gov.br/). 
Nestas bases de dados foram pesquisados os artigos científicos 
publicados pelos pesquisadores listados na base do CNPq. O nome 
científico do pesquisador utilizado nessa investigação foi aquele 
fornecido no currículo lattes. Além disso, houve uma pesquisa 
intensa das possíveis variações dos nomes dos pesquisadores. 
Área de atuação - Para essa variável foi considerada a área 
especificamente atribuída pelo pesquisador no currículo lattes. 
Quando esta informação era omissa, foi analisada pelos autores 
do estudo a produção científica nos últimos cinco anos e atribuída 
uma área na qual havia predominância de temas publicados e/
ou orientados. Em casos específicos de atuação em subáreas 
bem definidas, como por exemplo, Pneumologia Pediátrica, o 
pesquisador foi inserido na área de Pneumologia e a subárea de 
atuação foi considerada em uma variável à parte. 
Análise estatística - Após a construção do banco de dados por 
meio do programa estatístico SPSS versão 18.0 para Windows, 
realizou-se a análise estatística descritiva e univariada dos 
dados obtidos. Dados contínuos foram reportados utilizando-se 
a mediana e os intervalos interquartis entre os percentis 25 e 
75. O teste não paramétrico de Mann-Whitney foi usado para 
comparação dessas variáveis. Variáveis dicotômicas ou nominais 
foram comparadas pelo teste do quiquadrado.
resultados 
A distribuição dos 411 pesquisadores por gênero e a categoria 
da bolsa estão sumarizadas na Tabela 1. Houve uma predomi-
nância do gênero masculino (68%) e de bolsistas na categoria 
2 (55,7%). Não houve diferença significativa na distribuição 
de categorias entre os gêneros (p=0,16). Em relação ao curso 
de graduação, 383 pesquisadores (93,2%) são formados em 
medicina, 11 (2,7%) em ciências biológicas, quatro (1%) 
em biomedicina, três (0,7%) em odontologia, três (0,7%) em 
bioquímica e sete (1,7%) em outros cursos. Na Tabela 2 pode 
ser observada a origem geográfica dos pesquisadores. Quatro 
Estados da Federação são responsáveis por aproximadamente 
90% dos pesquisadores (São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande 
do Sul e Minas Gerias), com expressivo predomínio do Estado 
de São Paulo (60%). A análise da razão de número de bolsistas 
PQ por habitantes mostra que a média nacional é de 2,14 
bolsistas em medicina por milhão de habitantes. Entretanto 
apenas três Estados apresentam uma razão bolsistas/milhão de 
habitantes acima da média nacional (São Paulo, Rio Grande do 
Sul e Rio de Janeiro). A região Sudeste apresentou uma média 
de 4,01 bolsistas por milhão de habitantes, enquanto a região 
Sul apresentou uma média de 2,02, similar à média nacional. 
Entretanto, a média das demais regiões foi bem abaixo da média 
nacional: Centro Oeste, 0,43; Nordeste, 0,35; e Norte, 0,32. Em 
relação à instituição de origem, os pesquisadores da área médica 
se distribuem por 40 diferentes instituições no país. Contudo, 
oito instituições são responsáveis por aproximadamente 80% 
dos pesquisadores: USP (30,7%), UNIFESP (17%), UNICAMP 
(7,8%), UFRJ (7,1%), UFRGS (6,6%), UFMG (5,6%), UNESP 
(3,2%) e FIOCRUZ (2,4%). A mediana de tempo de doutora-
mento dos 409 pesquisadores com essa titulação foi de 15 anos 
(intervalo interquartil = 10-22 anos). Em relação à instituição 
de doutoramento, observa-se que seis universidades respondem 
Tabela 1 - Distribuição dos pesquisadores bolsistas da área de 
medicina de acordo com o gênero e categorização do CNPq (n = 
411)
Categoria da bolsa masculino Feminino Total
1A 43 (15,4) 11 (8,3) 54 (13,1)
1B 28 (10,0) 13 (9,8) 41 (10,0)
1C 34 (12,2) 11 (8,3) 45 (10,9)
1D 28 (10,0) 14 (10,6) 42 (10,20
2 146 (52,3) 83 (62,9) 229 (55,7)
Total 279 132 411
Martelli-Junior H et al.
480 Rev Assoc Med Bras 2010; 56(1): 478-83
Tabela 2 - Distribuição dos pesquisadores bolsistas da área de medicina de acordo com o estado da Federação de origem
estado Pesquisadores Percentual População Bolsas/milhão de habitantes
SP
RJ
RS
MG
BA
PR
SC
PA
DF
CE
RN
PE
GO
PI
MT
SE
Brasil
247
47
44
31
9
7
5
5
4
4
3
1
1
1
1
1
411 
60,1
11,4
10,7
7,5
2,2
1,7
1,2
1,2
1,0
1,0
,7
,2
,2
,2
,2
,2
100,0
41.384.039
16.010.429
10.914.128
20.033.665
14.637.364
10.686.247
6.118.743
7.431.020
2.606.885
8.547.809
3.137.541
8.810.256
5.926.300
3.145.325
3.001.692
2.019.679
191.480.630
5,96
2,93
4,03
1,54
0,61
0,65
0,81
0,67
1,53
0,47
0,95
0,11
0,17
0,31
0,33
0,49
2,14
Fonte dos dados populacionais: IBGE/DPE/COPIS/GEADD, adaptada de Santos et al.8
por 82% dos pesquisadores: USP (25%), UNIFESP (21,3%), 
USP-RP (8,8%), UFRS (8,1%), UFRJ (7,8%), UNICAMP (6,1%) 
e UFMG (5,1%). 
Foram identificadas 30 áreas de atuação dos pesquisadores 
da Medicina. Contudo, foi observado que 15 áreas de atuação, 
que apresentam mais de 10 pesquisadores, respondem por 
aproximadamente 90% do total de bolsistas da Medicina: Nefro-
Urologia (39; 9,5%); Neurociências (35; 8,5%); Endocrinologia 
(34; 8,3%); Patologia (34; 8,3%); Cardiologia (33; 8%); Infec-
tologia (32; 7,8%); Hemato-Oncologia (28; 6,8%); Psiquiatria 
(23; 5,6%); Ginecologia-Obstetrícia (GOB) (22;5,4%); Pneu-
mologia (21; 5,1%); Cirurgia (18; 4,4%); Gastroenterologia 
(15; 3,6%); Oftalmologia (13; 3,2%); Reumato-Ortopedia (12; 
2,9%); e Clínica Médica (12; 2,9%). Outras áreas com menos 
de 10 pesquisadores foram: Imunologia (9; 2,2%); Pediatria (7; 
1,7%); Imaginologia (5 ;1,2%); Genética (4; 1,0%); Fisiologia 
(4 ; 1,0%); Dermatologia (3; 0,7%) e outras especialidades com 
apenas um ou dois pesquisadores bolsistas. Não houve diferença 
estatística quando comparadas a distribuição das categorias da 
bolsa e a área de atuação dos pesquisadores (p=0,61). Entre-
tanto, a área de Endocrinologia apresentou a maior proporção de 
pesquisadores nas categorias 1A e 1B (44%) enquanto as áreas 
de Infectologia, Pneumologia, Cirurgia, Oftalmologia, Clínica 
Médica e outras especialidades apresentaram mais de 60% de 
pesquisadores na categoria 2. 
Orientações - No total da carreira acadêmica, os pesqui-
sadores da Medicina orientaram 3.713 bolsistas de iniciação 
científica (BIC), sendo a mediana de cinco (IQ = 1-14) por 
pesquisador, 4.102 dissertações de mestrado (mediana de 8, 
IQ = 3-14) e 2.747 teses de doutorado (mediana de 5, IQ = 
1-10). Em relação à mediana dos valores ajustados pelo tempo 
de doutoramento, os pesquisadores orientaram 0,37 BIC, 
0,5 alunos de mestrado e 0,3 doutorandos anualmente. Não 
houve diferença significativa entre as áreas de atuação quanto 
à mediana de orientação de BIC (p=0,5). Contudo, houve 
significativa diferença na comparação da mediana de orientação 
de mestrado (p =0,008) e de doutorado (p = 0,008). Em relação 
às orientações de mestrado ajustadas por ano de doutoramento, 
destacam-se as áreas de Reumato-Ortopedia, com uma mediana 
de 0,72 (IQ, 0,51-0,86), e de GOB com 0,69 (IQ, 0,62-0,92). 
As áreas com menores medianas foram Clínica Médica com 
0,29 (IQ, 0,01-0,97), e Oftalmologia, com 0,3 (IQ, 0,4-0,67). 
Em relação às orientações de doutorado, ajustadas por ano de 
doutoramento, destacam-se as áreas de Oftalmologia, com uma 
mediana de 0,54 (IQ, 0,37-0,74) e de GOB com 0,48 (IQ, 
0,25-0,66). As áreas com menores medianas nesse quesito 
foram “Outros” com 0,2 (IQ, 0,0 -0,33) e Clínica Médica com 
0,21 (IQ, 0,0-0,56). 
Publicações 
No total da carreira acadêmica, os pesquisadores da Medi-
cina publicaram 41.843 artigos em periódicos, sendo a mediana 
de 87 artigos por pesquisador (IQ = 58-122). No total foram 
21.481 artigos indexados na base de dados Web of Science, 
aproximadamente 51% do total de artigos publicados (mediana 
por pesquisador de 42, IQ, 29 62). Na base de dados Scopus 
foram 28.471 artigos indexados (mediana de 60, IQ 39-85), 
equivalente a 68% da produção acadêmica. Considerando-se o 
número de artigos ajustado pelo tempo de carreira, a mediana 
de artigos publicados foi de 4,13/ano (IQ, 2,9-5,8). A mediana 
ajustada de artigos publicados na base de dados Web of Science 
foi de 2,23/ano (IQ, 1,4-3,2) e na base de dados Scopus foi de 
2,90/ano (IQ, 1,9-4,1). Considerando-se a produção científica 
ajustada, houve diferença significativa entre as áreas de atuação 
no número total de artigos publicados (p<0,001), artigos publi-
cados na base de dados Web of Science (p=0,003) e artigos 
publicados na base de dados Scopus (p = 0,013). A Figura 1 
ilustra a comparação entre as áreas de atuação utilizando 
a mediana de publicações por ano, ajustada pelo tempo, 
incluindo todos os artigos publicados e aqueles indexados nas 
Pesquisadores do cnPq na área de Medicina: coMParação das áreas de atuação 
481Rev Assoc Med Bras 2010; 56(1): 478-83
bases de dados Web of Science e Scopus. Em relação ao 
número total de artigos, as áreas mais produtivas foram GOB 
(mediana de 5,67/ano, IQ, 4,8-8,9), Psiquiatria (5,65/ano, IQ, 
3,7-6,9) e Cirurgia (5,42/ano, IQ, 2,7-8,7). Entretanto, em 
relação aos artigos indexados na Scopus, as áreas mais produ-
tivas foram Psiquiatria (4,2/ano, IQ, 2,3-5,9) e Neurociências 
(3,87/ano, IQ, 2,2-6,3). Em relação à base de dados Web of 
Science, novamente destacaram-se as áreas de Neurociências 
(3,16/ano, IQ, 1,8-4,7) e Psiquiatria (2,92/ano, IQ, 1,73-4,5). 
Em relação à proporção de artigos indexados na Web of Science, 
a área mais produtiva foi a de Neurociências com mediana 
de 67% dos artigos indexados (IQ, 42,2%-84,4%) durante a 
carreira científica, enquanto a área com menor produção nesse 
quesito foi Cirurgia, com mediana de 36% artigos indexados 
(IQ, 25,9-45,6). 
Dos 411 pesquisadores, 391 aumentaram a produção cien-
tífica nos últimos cinco anos, considerando a média de artigos/
ano. Esse incremento variou de 1% a 387%, com mediana de 
87% de aumento na produção científica. Não houve diferença 
significativa no aumento da produção científica, comparando-se 
as diversas áreas de atuação (p=0,19). Quatro áreas tiveram 
sua produção aumentada em mais de duas vezes no último 
quinquênio, quando comparadas as médias de publicação ao 
longo da carreira: Oftalmologia, Clínica Médica, Pneumologia e 
Cardiologia.
dIsCussão 
O presente estudo transversal, tendo como foco os pesquisa-
dores do CNPq na área de Medicina, mostrou que há importante 
concentração da pesquisa nessa área do conhecimento. Apenas 
quatro Estados da Federação, sendo três da região Sudeste, e oito 
instituições públicas respondem pela grande maioria (80%) dos 
pesquisadores em Medicina. Os achados desse estudo mostram 
também um grande equilíbrio entre as diversas áreas de atuação 
ou especialidade, com predomínio de tradicionais especialidades 
médicas como: Nefrologia, Cardiologia, Endocrinologia, Neuroci-
ências, Infectologia, entre outras. Cada uma dessas especialidades 
responde por 8% a 10% dos pesquisadores do CNPq. Esta concen-
tração da pesquisa médica observada aqui é também reconhecida 
por outros autores que avaliaram outras áreas do conhecimento. 
Por exemplo, Santos et al.8 recentemente avaliaram o perfil dos 
pesquisadores bolsistas na área de Química. Os autores mostraram 
que dos 604 bolsistas, 63,7% eram da região Sudeste, sendo 
41,2% oriundos do Estado de São Paulo. No presente estudo foi 
possível observar uma concentração ainda mais pronunciada; 
sendo 79% dos pesquisadores situados na Região Sudeste e 
60% provenientes do Estado de São Paulo. Considerando-se o 
número de bolsistas de produtividade da Medicina por milhão 
de habitantes, a média nacional foi de 2,1. Pode-se supor que 
valores diferentes disso indicariam distribuição desproporcional 
das bolsas pelas regiões e/ou unidades da federação. Apenas 
a região Sudeste apresenta razão superior à média nacional e 
a região Sul apresentou valor comparável à média nacional. As 
outras três regiões do Brasil apresentam razões bem inferiores à 
média nacional. Novamente aqui, os indicadores da medicina 
são similares aos coletados por Santos et. al8. Na avaliação 
dos pesquisadores do CNPq da área de Química, esses autores 
demonstraram que a média nacional foi de 3,15 bolsistas por 
milhão de habitantes. As regiões Sul e Sudeste apresentam razão 
superior à média nacional, com valores, respectivamente, de 3,90 
e 4,76. As outras três regiões do Brasil apresentam razões bem 
inferiores à média nacional; 0,26, 1,51, e 1,60, para as regiões 
Norte, Centro-Oeste e Nordeste, respectivamente. Outra caracte-
rística importante da atividade científica se refere à formação de 
recursos humanos qualificados, destacando-se a orientação em 
nível de graduação (BIC) e em nível de pós-graduação (mestrado 
e doutorado). Na presente análise verificou uma importante 
participação dos pesquisadores do CNPq na formação de novos 
pesquisadores. As medianas de orientações ajustadas pelo tempo 
de doutoramento de pesquisador foi de 0,5 e 0,3 por ano para 
mestres e doutores, respectivamente. Esses valores são bastante 
Neurociências
Psiquiatria
GOB
Cirurgia
Hemato_Oncologia
Patologia
Oftalmologia
Endocrinologia
Cardiologia
Reumato-Ortopedia
Clínica médica
Gastroenterologia
Nefro_Urologia
Infectologia
Pneumologia
Outros
Area de atuação
A
rt
ig
os
 p
ub
lic
ad
os
 p
or
 a
no
0
3
6
9
12
15
Artigos - Scopus
Artigos - total
Artigos - Web
Figura 1 - Mediana de publicações por ano, ajustada pelo tempo de carreira científica, incluindo todos os artigos publicados e os artigos 
indexados nas bases de dados Web of Science e Scopus, de acordo com a área de atuação
Martelli-Junior H et al.
482 Rev Assoc Med Bras 2010; 56(1): 478-83
similares aos pesquisadores mais produtivos na área de saúde 
pública, compilados por Barata e Goldbaum, em uma análise 
dos pesquisadores do CNPq5. Esses autores mostraram que os 
pesquisadores em atividade na área tiveram, em média, 0,15 
orientações de doutorado por ano e 0,42 de mestrado por ano. 
Entretanto, os pesquisadores classificados como 1A na área de 
Saúde Pública apresentaram, em média, 0,38 e 0,52 para a 
formação de doutores e mestres. Por outro lado, Cavalcante et al.6, 
em uma análise do perfil dos pesquisadores do CNPq na área de 
Odontologia, mostraram médias mais elevadas, de 2,2 doutores 
e 3,6 mestres formados no triênio 2003-2005. Esse aumento de 
produtividade possivelmente reflete o incentivo nos últimos anos 
da CAPES e de outros órgãos de fomento à formação de recursos 
humanos qualificados em nível de pós-graduação. A análise 
da produção científica em nosso estudo revela um expressivo 
aumento na publicação de artigos científicos nos últimos cinco 
anos, incluindo praticamente todos os pesquisadores e todas as 
áreas de atuação analisadas. Esse aumento da produção cientí-
fica foi também observado em outras áreas como Odontologia, 
Saúde Pública e Fisioterapia5,6,8,9. Esse incremento quantitativo na 
produção científica na Medicina se correlaciona com o aumento 
geral da produção científica brasileira e possivelmente reflete 
os vários mecanismos indutores estabelecidos pelas diversas 
agências de fomento brasileiras. Entre esses, podeser incluído o 
aperfeiçoamento do sistema de avaliação da pós-graduação, que, 
por intermédio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal 
de Nível Superior (CAPES), prioriza o número e a qualidade dos 
artigos publicados para conceituar os programas nacionais10. 
Outro mecanismo indutor que pode ser considerado é a própria 
bolsa de produtividade em pesquisa que promove uma compe-
tição entre os pares, incentivando tanto a formação de novos 
pesquisadores como a publicação de artigos em periódicos de 
impacto. Outro aspecto importante a ser considerado é não 
somente um incremento quantitativo na produção cientifica, mas 
uma melhora qualitativa com maior inserção internacional dessa 
produção. Nesse sentido, a presente avaliação mostra que as 
áreas de Neurociências e Psiquiatra apresentam um expressivo 
esforço nesta busca de qualidade com aproximadamente 70% dos 
artigos publicados indexados na seletiva base de dados da Web 
of Science. Outros indicadores observados por outros autores 
reforçam esses achados4,11-13. Por exemplo, Nitrini mostrou que a 
produção científica dos neurocientistas brasileiros correspondeu 
a 2,37% da produção científica mundial, considerando os dados 
dos 20 periódicos nos quais esses pesquisadores publicam mais 
frequentemente4. Nesse aspecto, salienta-se outro ponto relevante 
é que importantes periódicos brasileiros na área são indexados na 
Web of Science, sendo que a Revista Brasileira de Psiquiatra é 
um dos sete periódicos latino-americanos com fator de impacto 
maior que 1 (FI = 1,225)14.
ConClusão
Na presente investigação científica, observou-se que há 
ainda uma grande concentração dos pesquisadores da Medicina 
na região Sudeste. Neste estudo também pode ser observado 
um aumento da produção científica da maioria dos pesquisa-
dores nos últimos cinco anos. As áreas de Neurociências e de 
Psiquiatria se destacaram como as áreas de maior produção 
científica de qualidade, com uma maior proporção de artigos 
indexados nas bases de dados Web of Science e Scopus. 
Através do conhecimento do perfil dos pesquisadores da área 
médica, podem ser definidas de maneira mais eficaz, estratégias 
para incentivar a produção científica e a demanda de recursos 
para o financiamento de projetos de pesquisa. 
suporte Financeiro: CNPq FAPEMIG
Conflito de interesse: não há
suMMary
Cnpq researCHers In MedICIne: a CoMparatIve study of rese-
arCH areas 
Objective. This study evaluated the profile and scientific 
production of researchers in Medicine who have a scholarship 
from the ” Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico” . 
MethOds. The “Lattes” curriculum of 411 researchers in 
Medicine with active scholarships during the years of 2006 to 
2008 were included in the analysis. Variables of interest were: 
gender; affiliation; scientific production, and supervision of 
undergraduate masters and doctorate students..
Results. There was a male predominance (68%) and of scho-
larship level 2 (55.7%). Four states of Brazil are responsible for 
90% of the researchers (SP, RJ, RS, and MG). Eight institutions 
account for about 80% of researchers, especially USP (30.7%) 
and UNIFESP (17%). The study identified 30 areas of expertise 
for researchers. In relation to scientific production, the median was 
4.13 articles published per year (interquartile range, IQ, 2.9 - 5.8). 
The median adjusted for articles published in the database Web 
of Science was 2.23 per year (IQ, 1.4 - 3.2). The most productive 
areas of indexed articles were the areas of Neurosciences (3.16, 
IQ, 1.8 - 4.7) and Psychiatry (2.92, IQ, 1.73 - 4.5). 
cOnclusiOn. Researchers in medicine are concentrated in 
the Southeast. This study has disclosed an increase in scientific 
output by most researchers in the last five years. Effective strate-
gies to qualitatively improve the scientific output may possibly be 
enhanced by knowledge of the profile of researchers in Medicine. 
[Rev Assoc Med Bras 2010; 56(4): 478-83] 
Key words: Scientific publication indicators. Clinical medicine. 
Health Postgraduate Programs. Health sciences.
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Artigo recebido: 01/05/10
Aceito para publicação: 24/05/10
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