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1 INCIDÊNCIA DE LESÕES EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO NAS ACADEMIAS DE GINÁSTICA DA CIDADE DE GUANAMBI – BA. Ana Paula da Cunha Martins1, Anne Grazielle Silva Gomes1, Gidelza da Silva Pereira1, Laís de Souza Fernandes1, Ricardo Ribeiro Badaró2, Thairinny Cardoso Fagundes Alves1 1Graduando (a) do Curso de Fisioterapia, Faculdade Guanambi, FG, Guanambi – BA. 2Fisioterapeuta Especialista em Ortopedia e Esporte pela UFMG, Mestrando pela SOBRATI. RESUMO: Em busca de um corpo perfeito e melhor qualidade de vida a conscientização da população sobre a atividade física vem aumentando, incentivando a procura desta prática. As academias de ginástica tornaram-se um alvo na busca por esse objetivo, onde o exercício de musculação acaba sendo o mais procurado. Entretanto, assim como em qualquer atividade física os praticantes estão expostos a sofrer lesões. Este estudo teve como objetivo identificar a incidência de lesões musculoesqueléticas em praticantes de musculação nas academias de ginástica de Guanambi-BA e identificar os segmentos corporais mais afetados. Utilizou-se um questionário contendo perguntas sobre dados pessoais do aluno, atividade realizada na academia, percepção de lesão e procedimentos adotados após a lesão. Dos 50 questionários respondidos, foram utilizados 45 na análise. A amostra composta por homens (47%) e mulheres (53%), apresentou idade média de 26,9 anos. Mais da metade dos alunos (64%) relataram ter sofrido alguma lesão, sendo que 59% destes acreditavam que a lesão estava relacionada às atividades realizadas na academia. O joelho foi o segmento corporal mais frequentemente citado (31%), seguido por ombro (19%), punho (19%) e coluna (17%). Levando em consideração o que foi exposto, estudos posteriores são de fundamental importância para desenvolver estratégias de intervenção e prevenção, melhorando assim a qualidade de vida dessa população. Palavras-chave: Atividade Física. Lesões musculoesqueléticas. Musculação. 2 INCIDENCE OF INJURIES BODYBUILDERS IN FITNESS CENTERS GUANAMBI CITY - BA. ABSTRACT: In search of a perfect body and a better quality of life public awareness about physical activity is increasing, stimulating demand this practice. The fitness centers have become a target in the search for this purpose, where the exercise bodybuilder ends up being the most sought. However as with any physical activity practitioners are exposed to injury. The objective of this study was to identify the incidence of musculosketetal injuries in bodybuilders in fitness centers Guanambi BA and identify the body segments most affected. We used a questionnaire containing questions about personal data of the student activity performed at the gym, perception of injury and procedures adopted after injury. From the 50 answered questionnaires, 45 were used for analysis. A sample of men (47%) and women (53%), mean age was 26.9 years. More than half of students (64%) reported having suffered some injury, and 59% of them believed that the injury was related to activities in the gym. The knee was the body segment most frequently cited (31%), followed by shoulder (19%), wrist (19%) and spine (17%). Considering the foregoing, further studies are essential to develop strategies for intervention and prevention, thus improving the quality of life of this population. Keywords: Bodybuilder. Musculosketetal injuries. Physical activity. INTRODUÇÃO Nos últimos anos em busca de uma melhor qualidade de vida a conscientização da população sobre a atividade física vem aumentando cada vez mais, fazendo com que se torne comum a procura desta prática por homens e mulheres em diversas faixas etárias. Com isso as academias de ginástica tornaram- se uma das principais alternativas de quem procura alguma atividade física. Nas academias é possível encontrar uma variedade de atividades e entre elas uma das mais populares é a musculação, uma forma de exercício resistido que leva ao aumento dos músculos esqueléticos. Ela utiliza a força da gravidade através de barras, halteres ou pilhas de peso para opor a força gerada pelo músculo por meio da contração concêntrica ou excêntrica. Na musculação é possível utilizar inúmeros 3 equipamentos especializados para grupos musculares específicos em vários tipos de movimentos (UCHIDA, 2006). A atividade com pesos oferece vários benefícios ao corpo como aumento da força e da massa muscular, diminuição do peso e percentual de gordura corporal, melhoria do condicionamento físico e do desempenho esportivo além do aumento da resistência muscular. Contudo esses resultados dependem da freqüência, grau de envolvimento nos treinos e da alimentação (GOBBI, 1997). Assim como qualquer outra atividade física os praticantes de musculação estão expostos a sofrerem algum tipo de lesão, podendo ser lesões ósseas, musculares, ligamentares, cartilaginosas e tendíneas. Muller e Maluf (2002) definem lesão como qualquer alteração tecidual que resulte em dor ou desconforto, dessa forma vários tecidos do corpo podem ser afetados. Com o crescente número de academias que oferecem a atividade de musculação o acesso das pessoas interessadas nessa prática vem sendo facilitado. Assim indivíduos de qualquer idade, sexo em diversos níveis de aptidão física podem praticar essa modalidade. Muitas academias oferecem aos seus alunos um espaço adequado com equipamentos modernos e profissionais preparados para atender qualquer público, esses são o fisioterapeuta e o personal trainer, porém outras muitas vezes não oferecem o mesmo, fazendo com que o aluno execute inadequadamente um determinado tipo de exercício. Sabe-se que a falta de um acompanhamento e a realização de um exercício errado podem favorecer o surgimento de lesões (WEAVER et al., 2002). Lesões durante a prática da musculação vêm despertando a atenção de pesquisadores que procuram os fatores que podem contribuir, entre estes estão o sexo, tempo de prática da atividade e falta de um acompanhamento por um profissional habilitado que ofereça orientações durante a realização do exercício (ZACHAZEWSKI, 1996). Devido à alta popularidade da musculação em academias, são necessários estudos que analisem as possíveis lesões decorrentes dessa prática. A literatura cientifica é rica em pesquisas que abordam aspectos clínicos de lesões esportivas, em contrapartida são escassas em estudos para identificar etiologias que possam levar a estratégias preventivas (WEAVER et al., 2002). 4 Objetivou-se com a realização do presente estudo identificar qual a incidência de lesões em praticantes de musculação nas academias de ginástica na cidade de Guanambi – BA. MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo teve caráter exploratório descritivo com abordagem quantitativa. Foram selecionadas cinco academias de ginástica por ordem aleatória no município de Guanambi, localizada na região sudoeste da Bahia. O primeiro contato com os proprietários foi realizado por telefone, via consulta à lista telefônica. Posteriormente foi realizada visita in locu em todas as academias para conhecimento da dimensão destas, número e situação atual dos praticantes. Os cinco proprietários concordaram com a realização do estudo e assinaram um termo de consentimento para coleta de dados. O período de coleta de dados correspondeu a todo mês de setembro de 2012. Antes do início da entrevista executou-se a leitura do termo de consentimento livre e esclarecido para os participantes, pois foi de suma importância que os mesmos estivessem cientes sobre os objetivos da pesquisa e que poderiam livremente optarpela participação ou não, assim como, respectiva assinatura do termo. Após concordarem em participar, começou-se a aplicação dos questionários. A seleção dos participantes foi realizada aleatoriamente entre as 05 academias, totalizando 45 alunos praticantes de musculação. Como critério de inclusão fez parte alunos do sexo feminino e masculino, totalizando 21 do sexo masculino e 24 feminino, com idade igual ou superior à 18 anos que praticavam musculação por um período igual ou superior a dois meses, acompanhados, ou não, por um fisioterapeuta ou personal trainer na realização dos exercícios diários de musculação. O critério de exclusão abrange a não participação voluntária, menores de dezoito anos e praticantes com um tempo inferior a dois meses de musculação. Considerando a literatura existente sobre o tema, foi aplicado um questionário conforme procedimentos descritos por Rolla et al. (2004) constituído por 14 questões relativas a informações pessoais (idade e sexo), atividades físicas realizadas na academia (tipo de atividade, tempo de prática, freqüência semanal, duração diária e cumprimento do programa proposto pelo educador físico), percepção da lesão pelo 5 aluno (presença de lesão, relação com a atividade física e localização), procedimentos adotados após a lesão (suspensão de alguns ou de todos os exercícios, procura por atendimento médico ou fisioterapeutico, informação ao fisioterapeuta da academia e modificação do programa de treinamento) e possível melhora dos sintomas. Neste estudo, lesão foi definida como qualquer alteração tecidual (óssea, muscular, cartilaginosa, ligamentar e/ou tendinosa) que resulte em dor ou desconforto. Os dados coletados foram analisados e tabelados segundo o menu do Microsoft Word “inserir tabela”. Utilizou-se a Microsoft® Excel para calcular média e desvio padrão e também na composição das figuras. RESULTADOS E DISCUSSÃO Do total de 50 questionários respondidos, 45 foram utilizados na análise. 05 questionários foram eliminados por não preencher os critérios de inclusão, de idade igual ou superior a 18 anos e a prática de musculação igual ou superior a 02 meses. 21 participantes (47%) eram do sexo masculino e 24 (53%) do sexo feminino. A idade dos alunos variou de 18 a 44 anos, sendo que a média foi de 26,9 anos (DP= 7,44). A distribuição dos alunos segundo sexo e idade podem ser observados na figura1. Figura 1 - Distribuição dos praticantes de musculação (%) em academias de ginástica segundo sexo e idade de Guanambi-BA, 2012 36% 11% 40% 13% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% ≤ 30 > 30 Masculino Feminino 6 O tempo de prática da atividade realizada na academia variou de 02 meses a 360 meses, com média de 47,91 meses (DP= 71,49). 69% dos alunos praticavam apenas musculação e 31% musculação e aulas coletivas. A maioria dos alunos (71%) frequentavam a academia mais de 03 vezes por semana enquanto e 29% até 03 vezes por semana. 62% gastavam entre 01 e 02 horas para a realização de suas atividades, enquanto 27% gastavam até 01 hora e 11% mais de 02 horas (Tabela 1). Tabela 1- Tempo de prática, tipo de atividade, freqüência e duração da atividade em academias de Guanambi-BA, 2012 Tempo de prática 02 meses 360 meses Média 47,91 Tipo de atividade Musculação (69%) Musculação e aulas coletivas (31%) - Frequência semanal na academia - de 3x 0% Até 3 x 29% Mais de 3 x 71% Duração da atividade 1-2 HORAS (62%) Até 1 hora (27%) Mais de 2 horas (11%) Grande parte dos alunos (64%) relatou a percepção de alguma lesão. Destes, 59% acreditavam que esta lesão estava relacionada às atividades de musculação realizadas na academia. Oliva et al. (1998), constataram em seus estudos que mais da metade (58%) dos alunos relataram dores resultantes da prática da musculação e relacionaram-nas unicamente à modalidade esportiva em questão. No estudo de Brown and Kimball com adolescentes foi encontrada uma incidência de 39% de lesão. As possíveis causas destas lesões podem ser treino excessivo, uso impróprio das técnicas de treinamento ou a combinação de ambos. Menezes (1983) concluiu em seus estudos que em fase de treinamento um programa mal elaborado ou mal vivenciado acarreta lesões serias de efeito imediato ou retardado. Este estudo evidenciou que 71% dos praticantes de musculação que relataram lesões freqüentavam a academia mais de três vezes por semana, 29 % 7 somente três vezes por semana e nenhum praticante freqüentava menos de três vezes. O fato da incidência de lesões ser maior em praticantes que freqüentavam a academia mais vezes por semana sugere que esses indivíduos estejam trabalhando de forma excessiva os grupos musculares, não respeitando o tempo de descanso de cada um. Os intervalos entre as séries e os exercícios são a variável mais negligenciada durante o planejamento do treino. É necessário que haja o respeito dos intervalos, pois eles proporcionarão a faixa média ideal de recrutamento para cada objetivo. Para a hipertrofia, o descanso de intervalo entre as sessões é de 48 a 72 horas em média, intervalo entre as séries e os exercícios de 30 segundos a 2 minutos (UCHIDA, 2006). É importante manter um equilíbrio entre desgaste e reposição para boa manutenção do estado físico e funcional do corpo. Uchida (2006) considera que a freqüência do treino depende da divisão da rotina de treinamento. Para iniciantes, três sessões semanais trabalhando o corpo inteiro geralmente é o mais indicado; sessões separadas por intervalo de 48 horas parecem ser adequadas para uma boa recuperação. No entanto, quando o número de sessões aumenta é necessário um planejamento mais detalhado para que haja uma recuperação, dividindo assim, os músculos a serem trabalhados em dias diferentes. Em relação à localização da lesão, o joelho foi o segmento corporal mais frequentemente citado (31%), seguido por ombro (19%), punho (19%), coluna (17%), tornozelo (6%), quadril (5%) e metacarpo (3%), assemelhando com o estudo de Rolla et al. (2004), onde o joelho foi o segmento corporal mais acometido na prática da musculação, seguido por ombro e coluna (Figura 2). O joelho está mais susceptível a lesões articulares devido há pouca estabilidade intrínseca, pois a articulação está localizada nas extremidades de dois braços de alavanca longos a tíbia e o fêmur, dependendo muito de estruturas musculares e ligamentares para sua estabilização (SCHULZ, 2002). No estudo realizado por Oliva et al. (1998), o ombro foi o segmento corporal mais acometido na prática da musculação seguido por coluna e cotovelo. Uma possível causa para a incidência de lesões na coluna seria a má postura na realização dos exercícios, um exemplo bem claro disso, é o fato dos praticantes de musculação não se abaixarem de forma correta para pegar o peso. A coluna vertebral suporta diversos tipos de cargas e tensão, principalmente durante os exercícios físicos, em que há uma maior sobrecarga, devido a isso, se faz 8 necessário a posição correta da coluna durante a prática de exercícios, para que se diminua a possibilidade de lesões. Figura 2 - Distribuição do número de casos de lesões por segmento corporal acometido entre os praticantes de musculação em academias de ginástica de Guanambi – BA, 2012 Nas mulheres, os segmentos corporais mais acometidos relacionados às atividades de musculação realizadas nas academias esta o joelho (70%), coluna (20%) e ombro (10%), enquanto nos homens vem o ombro (42%), coluna (25%), punho (25%)e quadril (8%). Isso demonstra que as mulheres exercitam de forma mais intensa os membros inferiores, enquanto os homens exercitam os membros superiores (Figura 3), além disso, segundo Baldon et al. (2011) há evidências de que as mulheres apresentam diferenças biomecânicas do padrão de movimento do membro inferior, quando comparadas aos homens, além de fatores anatômicos e hormonais que podem contribuir para as maiores incidências de lesões no joelho observadas nesse gênero. Acredita-se ainda, que as mulheres não utilizam corretamente os músculos do quadril para dissipar a energia oriunda dos gestos esportivos, adotando estratégias biomecânicas diferentes quando comparadas aos homens. Este estudo não encontrou incidência de lesões em joelho nos homens, ao contrario das mulheres, apresentou em punho e quadril. Segundo Cohen et al. 31% 19%19% 17% 6% 5% 3% Joelho Ombro Punho Coluna Tornozelo Quadril Metacarpo 9 (2003) o punho pode ser lesionado com maior frequência quando a articulação é colocada em amplitudes extremas de movimento, muito além da sua capacidade fisiológica. É importante lembrar que o ombro foi o seguimento corporal de maior incidência nos homens. Hall (2000) menciona que grande parte das lesões do ombro nos esportes em geral é decorrente dos esforços repetitivos, e ou traumáticos. Levando em consideração esses dados, os profissionais que atuam nas academias de ginástica devem ter conhecimento e estarem atentos as diferenças apresentadas por cada praticante de musculação. Figura 3 - Distribuição do número de casos de lesões entre homens e mulheres praticantes de musculação em academias de ginástica de Guanambi - BA, 2012 É importante ressaltar que 21% das pessoas que relataram a percepção de alguma lesão, referiram a localização desta em mais de um segmento corporal. No estudo de Rolla et al. (2004) 20% das pessoas que relataram a percepção de lesões em academias mencionaram mais de um segmento acometido. Se a presença de uma lesão já é preocupante, duas ou mais constituem elementos mais que suficientes para mostrar o quanto o trabalho preventivo é importante na prática da musculação. O ideal seria a diminuição de lesões através de métodos preventivos. Em relação aos procedimentos adotados após a lesão pelos participantes que a relacionaram com os exercícios de musculação realizados nas academias, 18% não modificou suas atividades na academia, 82% deixaram de realizar apenas 0% 70% 42% 10% 25% 20% 25% 0% 8% 0% Homens Mulheres Joelho Ombro Coluna Punho Quadril 10 alguns exercícios, com um tempo de afastamento variando entre 05 dias até 06 meses, e 35% procuraram algum tratamento médico ou fisioterapeutico (Tabela 2). Isso demonstra que ao contrario de outras modalidades esportivas, a maioria dos praticantes de musculação em academias, após uma lesão, não deixam de realizar todas as suas atividades, mas modificam o seu programa de treinamento e alguns ainda continuam realizando as atividades mesmo sentindo dores musculoesqueléticas, o que pode agravar o quadro da lesão. Rolla et al. (2004) identificaram em seus estudos, que mais da metade dos alunos que relataram a percepção de lesões em academias de ginástica de Belo Horizonte deixaram de realizar apenas alguns exercícios. Oliva et al. (1998) identificaram que 36% dos praticantes lesados abandonaram os treinamentos, sendo que o tempo de afastamento para o restante variou de uma semana a vários meses. Tabela 2 - Procedimentos adotados após lesão em academias de ginástica de Guanambi – BA. Procedimentos Nº de participantes com lesão Incidência (%) Não modificou suas atividades 17 18 Deixou de realizar apenas alguns exercícios 17 82 Procurou algum tratamento médico ou fisioterapeutico 17 35 Foi estabelecido um ponto de corte para a idade de 30 anos, sendo que 76% da amostra apresentou idade menor ou igual a 30 anos. O grupo com idade maior que 30 anos apresentou um tempo de prática de musculação maior que o outro grupo, onde o primeiro apresentou uma média de 111,36 meses (DP=111,4) e o segundo teve uma média de 27,84 meses (DP=36,2) isso demonstra que após começar a atividade de musculação essas pessoas estão mantendo esta prática por tempo prolongado. Em relação à incidência de lesões, 45% do grupo com idade 11 superior a 30 anos relataram a percepção de lesão devido aos exercícios de musculação e o grupo mais jovem 50% (Tabela3). Mesmo com uma baixa variação observada entre os grupos, a menor incidência de lesões nos indivíduos com idade superior a 30 anos pode estar relacionada ao fato de que esses indivíduos apresentam uma maior experiência em relação aos exercícios que os demais. Não foi encontrada associação entre o segmento corporal acometido e a idade. Tabela 3 – Tempo de prática de musculação e incidência de lesões em academias de Guanambi – BA, 2012 Idade Amostra (%) Tempo de prática de musculação (meses) Incidência de lesões (%) ≤ 30 anos 76 27,84 50 > 30 anos 24 111,36 45 No presente estudo, 31% dos praticantes que seguem um programa relataram alguma lesão, enquanto os que não seguem 50% relataram ter sofrido algum tipo de lesão. As possíveis causas para esse fator, é que os praticantes de musculação sem acompanhamento qualificado não conseguem identificar corretamente posições adequadas, sobrecarregando excessivamente musculaturas durante a prática dos exercícios e muitas vezes não respeitam os próprios limites impostos pelo seu corpo. Conforme Hollmann & Hettinger (1983) para se prevenir lesões, deve-se ter uma técnica regular no treino com pesos, cada exercício novo deve ser executado com cautela, e com uma dose pequena de sobrecarga, assim como realizar um prévio aquecimento e a manutenção do calor do corpo durante o treino, não treinar intensamente quando fadigado, e na presença de dores o exercício deve ser interrompido. Apenas 18% dos participantes desta pesquisa eram acompanhados por um fisioterapeuta, sendo que 13% desses indivíduos relataram ter sofrido alguma lesão devido às atividades desenvolvidas na academia, já os demais 82% que não receberam esse acompanhamento 43% relataram alguma lesão. Em relação aos 13% que eram acompanhados e sofrerão lesões, 100% tiveram o programa 12 modificado com melhora dos sintomas (Tabela 4). Esse fato chama a atenção para a presença de fisioterapeutas nas academias de ginástica juntamente com o personal trainer, com o objetivo de oferecer dados concretos sobre as alterações apresentadas pelo indivíduo, para que as mesmas possam ser trabalhadas no ambiente da academia juntamente com o treinamento a ser realizado. Apresentando um caráter preventivo e corretivo. Tabela 4 - Distribuição dos participantes que reataram lesão, acompanhados ou não, por um fisioterapeuta em academias de ginástica de Guanambi – BA Participantes Número de participantes (%) Incidência de lesões (%) Acompanhados 18 13 Não acompanhados 82 43 Não houve diferença significativa na média de idade e tempo de prática de atividade física entre homens e mulheres. Houve associação entre sexo e não seguir o programa de treinamento proposto pelo personal trainer, sendo que os homens aderem menos aos exercícios prescritos (57%) que as mulheres (71%), o que pode estar relacionado ao fato dos homens apresentarem uma incidência de lesões (53%) um pouco maior que as mulheres (47%) relacionadas aos exercícios de musculação (Tabela 5). Tabela 5 - Distribuição dos participantes que aderem e osque não aderem os exercícios prescritos e incidência de lesões entre os sexos Praticantes Exercícios prescritos (%) Incidência de lesões (%) Homens 57 53 Mulheres 71 47 13 Por ter sido um estudo exploratório, os resultados aqui encontrados podem servir como base para estudos posteriores que desenvolvam estratégias de intervenção e prevenção de lesões em praticantes de musculação nas academias de ginástica. CONCLUSÕES Considerando os resultados deste estudo, percebe-se que a incidência de lesões osteomusculares em praticantes de musculação não é um evento raro. Muitos entrevistados relataram ter sofrido algum tipo de lesão decorrente as práticas de musculação, tornando-se de fundamental importância alertar a população e os profissionais da área desportiva sobre as formas de praticar atividade física com segurança, para que assim possa ser atingido um nível de treinamento satisfatório e de qualidade. Sabe-se que para obter os efeitos desejáveis do treinamento físico, este deve ser realizado com intensidade e duração adequado, caso contrário, como foi demonstrada no presente estudo, a incidência de lesões tende a elevar-se. Sendo assim, a presença de profissionais qualificados em academias ganha um importante papel, onde fisioterapeutas, perssonal treiner e proprietários de academias devem estar preparados para identificar a ocorrência de lesões seguidas ao exercício físico para desenvolver estratégias de intervenção e prevenção, além de conscientizar os alunos sobre os riscos de uma atividade executada inadequadamente e orientá-los para a identificação de sinais e sintomas que coloquem em risco sua saúde, melhorando assim a qualidade de vida. 14 REFERÊNCIAS BALDON R. M.; LOBATO D. F. M.; CARVALHO L. P.; WUN P. Y. L.; SERRÃO F. V. Diferenças biomecânicas entre os gêneros e sua importância nas lesões do joelho. Fisioterapia em movimento, vol. 24 n.1 Curitiba Jan./Mar. 2011. BROWN, E. W.; KIMBALL, R. G. Medical History Associated with Adolescent Powerlifting. Pediatrics. 1983; v. 72, n.5, p. 636-644. COHEN, M.; ABDALLA, R. J. Lesões nos esportes: diagnóstico, prevenção e tratamento. 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