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MAPEAMENTO GÊNICO HUMANO Curso de Biomedicina Genética Humana e Médica Profa. Renata Canalle Cap. 8 – Genética Médica, 4a ed., Jorde et al., 2010 Cap. 10 – Genética Médica, 7a ed., Thompson, 2008 Mapeamento Gênico Humano A identificação dos genes que causam doença é o foco central da genética médica Mapeamento dos genes em locais específicos dos cromossomos Localização de todos os genes distribuídos entre os 24 cromossomos Posições relativas e distância entre os mesmos Útil para diagnósticos, compreensão e tratamento de doenças genéticas Mapeamento Gênico Humano A identificação dos genes que causam doença é o foco central da genética médica Clonagem funcional: descreve a identificação de um gene de doença humana pelo conhecimento de seu produto gênico e sua função, antes que o próprio gene seja identificado. Anemia falciforme (β globina) - purifica, determina a sequência de aa, deduz a sequência de DNA; sondas para localizar o gene Clonagem posicional: descreve a identificação de um gene de doença por sua localização no genoma humano, sem conhecer antes a sua função. DMD, Fibrose cística, retinoblastoma, doença de Huntington (10 anos) - mapeamento gênico e físico (marcadores genéticos, técnicas moleculares) Mapeamento Gênico Humano Dois tipos principais de mapeamento gênico: Mapeamento genético – distância entre genes determinada por análise de ligação, onde a frequência de crossings (recombinação) meióticos entre loci é usada para estimar a distância entre os loci Mapeamento físico – envolve o uso de técnicas citogenéticas, moleculares e computacionais para determinar as localizações físicas reais dos genes nos cromossomos em pares de bases Mapeamento Físico Além dos mapas genéticos, existem técnicas para o mapeamento físico: Mapa citológico: um diagrama de um cromossomo baseado em coloração diferencial, o “padrão de bandeamento”, ao longo do seu comprimento; deleções, translocações, heteromorfismos. Mapeamento híbrido de células somáticas: o uso de células híbridas humano-roedor contendo cromossomos humanos fusionados a cromossomos de roedores para determinar as relações de ligação de genes humanos. Hibridização in situ (FISH). Tecnologia Molecular: bibliotecas de DNA e clones de YACs; STSs (sítios de sequências marcadas); ESTs (sequências expressas marcadas dos genes expressos, uso de cDNA); sequenciamento direto de DNA. Mapeamento Físico Mapeamento Físico “ Genes em diferentes loci são transmitidos independentemente de uma geração para outra ” Princípio da Distribuição Independente de Mendel Válido para maioria dos pares de loci, mas não para os que ocupam a mesma região de um cromossomo - ditos ligados A1 A2 B1 B2 A e B são ligados C1 C2 herdados juntos Locus C está em outro cromossomo Herança independente de A e B Mapeamento Genético : Análise de Ligação (Linkage) Exceções ao Princípio Mendeliano da Distribuição Independente Morgan e seus estudantes (Alfred Sturtevant) – 1910/1911 → observaram que alguns pares de genes não se segregaram aleatoriamente de acordo com o princípio de Mendel da distribuição independente: tendiam a ser herdados juntos Sugeriu que possivelmente os genes estavam situados no mesmo cromossomo, e assim viajariam juntos durante a meiose Genes proximamente no cromossomo (raramente embaralhados por recombinação) → ficam juntos no mesmo cromossomo e tendem a ser transmitidos juntos de uma geração para outra→ são chamados de genes ligados → os loci são sintênicos Genes poucos ligados (frequentemente embaralhados pela recombinação) → ficam distantes no mesmo cromossomo A variação na força de ligação indica como os genes estão posicionados ao longo de um cromossomo, dando um modo de mapear os genes Ligação: descreve dois loci que estão situados perto o suficiente no mesmo cromossomo, de modo que a sua frequência de recombinação seja menor que 50% A combinação de alelos (bloco) em cada cromossomo é chamada de haplótipo Exceções ao Princípio Mendeliano da Distribuição Independente Análise de ligação Único método que permite o mapeamento de genes que são detectáveis apenas como fenótipo – mapeamento genético Doenças onde não foi determinada a base bioquímica ou molecular Permite o diagnóstico de doenças genéticas ou portadores Determina a posição espacial relativa entre genes Determina a distância entre os genes de um mesmo cromossomo (sintênicos) baseado na taxa de recombinação entre eles Baseado na família; se beneficia dos heredogramas familiares para acompanhar a transmissão de uma doença durante algumas poucas gerações (que contenha um número suficiente de meioses informativas) Recombinação Formação de novas combinações de alelos por crossing over na meiose (troca de partes entre cromossomos homólogos na meiose); que diferem das combinações nos gametas de seus genitores (parentais) Recombinação A – sem crossing B – um crossing entre A e B resulta em recombinação C – um crossing duplo entre A e B resulta em falta de recombinação 50% não recombinantes 50% recombinantes 100% sem recombinantes - parentais Diibridismo (AaBb) A a B b Gametas A B A b a B a b 25% 25% 25% 25% Comparação Diibridismo/Ligação distribuição independente Comparação Diibridismo/Ligação Ligação (AaBb) A B a b Gametas A B a b A b a B Parentais Recombinantes Crossing-over ou recombinação Recombinantes e não recombinantes • Nesta família, há dois loci (A e B) em que os alelos A1 e A2, B1 e B2 são segregados. • Caixas coloridas – combinações de alelos que podem ser rastreados. • Na geração III, pode distinguir quem rebeu espermatozoide não recombinantes (A1B1 ou A2B2) ou recombinantes (A1B2 ou A2B1). • A mãe é homozigota (II2), e não é possível identificar N ou R na geração III. R = recombinante; N = não recombinante Comparação Diibridismo/Ligação A. Os dois loci estão em cromossomos diferentes (segregam independentes) FR = 0,5 (50%) B. Os dois loci estão no mesmo cromossomo (mostram ligação) FR = 0,1 (10%) II1 – duplo heterozigoto II1 – duplo heterozigoto R = recombinante; N = não recombinante Locus 1 Locus 2 Ligação e recombinação entre dois Genes Crossing over com genes ligados A frequência de gametas recombinantes é metade da frequência de crossing over A frequência máxima de gametas recombinantes é de 50% •Um único crossing over metade dos gametas é recombinante metade dos gametas é não-recombinante Ligação e recombinação entre dois Genes Na herança dos genes ligados, a frequência dos gametas de um heterozigoto depende da taxa de crossing over ou taxa de recombinação que ocorre entre os cromossomos homólogos. Os Gametas Parentais são formados mesmo que não haja recombinação e aparecem em maior quantidade. Os Gametas Recombinantes são formados apenas se houver crossing e aparecem em menor quantidade (freq. inferior a 50%). A Taxa de Crossing é expressa em porcentagem e corresponde à frequência de gametas recombinantes formados na gametogênese. Ligação e recombinação entre dois Genes Loci distantes (como se estivessem em cromossomos separados) Loci muito próximos; sem crossing (transmitidos juntos o tempo todo) Dois loci suficientemente distantes que vai haver pelo menos uma recombinação entre eles em algumas meioses, mas não em outras Frequência de recombinação entre 0% e 50% Ligação e recombinação entre dois Genes Cálculo da Frequência de Recombinação A porcentagem de prole recombinante produzida em um cruzamento é chamada de frequência de recombinação e expressa emporcentagem Frequência de recombinação = número de prole recombinante número total da prole X 100% 1 10 X 100% = 0,1 X 100% = 10% Frequência máxima de recombinação = 50% ou 50 cM genes não estão ligados Mapeamento Gênico ou Genético com freqüências de recombinação Frequência de recombinação – medida relativa da distância entre dois loci em um cromossomo. As distâncias são medidas em unidades de mapa (u.m.) → 1 u.m. = 1% de recombinação As unidades de mapa também são chamadas de centimorgans (cM): 1cM = 1% de recombinação ( = 0,01) (1cM = 1Mb = 1.000 Kb = 1 milhão de pb) Quanto menor a frequência de recombinação entre dois Loci, maior a probabilidade de estarem ligados Mapeamento Gênico com frequências de recombinação Exemplo: em um cromossomo há a seguinte freqüência de recombinação entre os genes A,B,C e D: A-B 45% A-C 20% C-B 25% B-D 5% C-D 20% A-D 40% Qual a posição dos genes no cromossomo? Frequência de recombinação = 50% genes em dois loci não estão ligados, se distribuem independentemente → situados em grupos de ligação diferentes Frequência de recombinação menor do que 50% genes situados no mesmo cromossomo (ligados) Mapeamento Gênico com freqüências de recombinação A C D B 45cM 40cM 20cM 20cM 5cM Ligação e recombinação entre dois Genes Acoplamento e Repulsão (fase de ligação) • Nos cruzamentos de genes ligados, a disposição de alelos nos cromossomos homólogos é crítica para a determinação do resultado. • Na ligação gênica a posição dos genes no heterozigoto (AaBb) pode ser Cis ou Trans. • Estas posições também podem ser utilizadas para se definir quem são os gametas parentais e os recombinantes. A B a b Posição CIS (Acoplamento) A b a B Posição TRANS (Repulsão) Ligação e recombinação entre dois Genes Acoplamento e Repulsão A B a b Posição CIS (Acoplamento) A b a B Posição TRANS (Repulsão) Os alelos do tipo selvagem são encontrados em um cromossomo e os alelos mutantes encontrados no outro cromossomo Cada cromossomo contém um alelo tipo selvagem e um alelo mutante A, Heredograma de NF1 no qual cada membro foi tipado para o polimorfismo 1F10. Os genótipos para este locus marcador de dois alelos são mostrados abaixo de cada pessoa no heredograma. B, auto-radiografia para o polimorfismo 1F10 nesta família. A mutação causadora da NF1 deve estar na mesma cópia do cromossomo 17 que o alelo 1 do locus 1F10 nesta família (acoplamento). I II III Indivíduo II-2 = N1/n2 N = alelo mutado NF1 n = alelo normal 1 e 2 = alelos de 1F10 Cromossomo 17 Recombinante N2/n2 FR = 1/8 = 12,5% 1:8 ou 12,5% Frequências de recombinação podem ser estimadas pela observação da transmissão de genes em heredogramas Transmissão da Neurofibromatose tipo 1 (NF1) Alelo 1 ligado a mutação no gene NF1 A disposição de genes ligados em um cromossomo (acoplamento ou repulsão) afeta os resultados de um cruzamento teste. •Acoplamento ou em fase: gene causador da doença e marcador no mesmo cromossomo •Determinação da fase de ligação (o cromossomo no qual cada alelo está situado) é uma parte importante deste procedimento Efeito da Heterozigose e da Fase na Detecção dos Eventos de Recombinação A detecção dos eventos de recombinação entre os loci requer: (1) um dos genitores seja heterozigoto (informativo) em ambos os loci e (2) que se saiba que o alelo que se encontra no locus 1 está no mesmo cromossomo que o alelo no locus 2. Alelos no mesmo homólogo estão ligados (ou cis), enquanto alelos nos homólogos diferentes estão em repulsão (ou trans). RP = retinite pigmentosa (AD) Todos não recombinantes 3 crianças recombinantes Mapeamento Gênico em Humanos Valores LOD: logarítmo das chances Verifica se o resultado da análise de ligação é consequência do acaso Compara-se as probabilidades dos loci estarem ligados a uma determinada frequência () ou não ( = 50% ou 0,5) Proporção de probabilidades (ou “chances”): Valor LOD = logarítmo dessa proporção LOD 3,0 evidência de ligação (1.000:1) LOD = 0 heredograma não informativo ou heterogeneidade de locus LOD -2,0 evidência de que os dois loci não estão ligados Probabilidade de observar os dados do heredograma, se < 0,5 Probabilidade de observar os dados do heredograma, se = 0,5 = 0 (fortemente ligados) = 0,5 (não estão ligados) Número grande de pessoas em estudo de ligação Mapeamento Gênico em Humanos Valores LOD: logarítmo das chances Ligação entre tipos sangüíneos ABO e a síndrome unha-rótula foi estabelecida examinando famílias nas quais ambas as características se segregavam (fora de uso atualmente) Mapeamento Gênico em Humanos Síndrome unha-rota: distúrbio autossômico dominante caracterizado por unhas anormais e ausência ou rudimentos de rótulas. 13 crianças de reproduções, sendo 2 recombinantes 2/13 = 0,154 → 15,4 cM ou u.m. Mapeamento Gênico em Humanos Marcadores genéticos usados para análise de ligação Mais comuns: • RFLPs • Minissatélites (VNTR) • Microssatélites (STR) • SNP (bialélicos) Devem ser: • co-dominantes (homozigotos e heterozigotos devem ser distintos) • Numerosos (espalhados por todos os cromossomos) • altamente polimórficos (muitos alelos diferentes na população; garante genitores heterozigotos) Os marcadores genéticos moleculares são sequências no DNA polimórfico, heterozigotas em uma população aleatória, e que permitem a detecção de eventos recombinacionais que ocorrem entre dois cromossomos Mapeamento Gênico em Humanos Marcadores genéticos usados para análise de ligação Devem ser: • co-dominantes (homozigotos e heterozigotos devem ser distintos) • Numerosos (espalhados por todos os cromossomos) • altamente polimórficos (muitos alelos diferentes na população; garante genitores heterozigotos) Como o DNA microssatélite normalmente não carrega informação, as adições ou deleções de unidades repetitivas não são selecionadas, o que proporciona alta variabilidade de alelos Mais comuns: • RFLPs • Minissatélites (VNTR) • Microssatélites (VNTR / STR) • SNP Microssatélites RFLP Marcadores genéticos podem ser avaliados por RFLP,PCR... Marcadores para mapeamento genético humano Strachan e Read, 2013 Mapa genético do cromossomo 1 citológico cM Mapa de ligação mapa de ligação: são polimorfismos de repetição em tandem (STR) marcadores - Taxas de recombinação são maiores na meiose feminina; - distância entre os marcadores (cM) são maiores para mulheres do que para homens; - mais comum perto dos telômeros do que dos centrômeros para homens; - regiões centroméricas só em mulheres. D1S77 D = DNA 1 = cromossomo que a repetição é encontrada S77 = lugar do locus no cromossomo Loci marcadores numerosos Mapa genético do cromossomo 1 citológico cM Mapa de ligação Loci marcadores numerosos • Média sexual geral da taxa de recombinação é de 1,22 cM por megabase - 0,88 cM/Mb em homens - 1,55 cM/Mb em mulheres 1 cM / Mb Loci marcadores numerosos • Útil e grosseiro princípio básico de aproximadamente 1 cM por Mb – regiões de baixa e alta recombinação • Região pseudoautossômica em Y (2,6 Mb) – homens cruzamentos obrigatórios Homens 1Mb = 19 cM Mulheres 1Mb = 2,7 cM • Chr Y em outras regiões, sem mapa genético – sem crossing • Blocos ancestrais conservados sem recombinação, sendo que os limites regiões preferenciais de recombinação (hotspots) Loci marcadores numerosos Muitas doenças importantes foram localizadas tipando membros da família em um heredograma quanto a loci marcadores distribuídos ao longode cada cromossomo (300 marcadores cobrirão o genoma), testando para ligação entre o gene da doença e cada marcador: fibrose cística, doença de Huntington, síndrome de Marfan e a NF1.http://www.ncbi.nlm.nih.gov/genome/guide/human/ um marcador dentro de 10% de recombinação = 10 cM Acima disso, necessita de muitas meioses informativas para ligação (19 meioses) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/genome/guide/human/ RFLP (2 alelos) Microssatélite (6 alelos) Marcador altamente polimórfico Um gene de doença autossômica dominante está segregando nesta família. A, um RFLP de dois alelos proximamente ligados foi tipado para cada membro da família, mas a fase de ligação não pode ser determinada (reprodução não-informativa). B, um STR de seis alelos proximamente ligados foi tipado para cada membro da família, e a fase de ligação agora pode ser determinada (reprodução informativa) Marcadores informativos = suficientemente heterozigotos Marcador altamente polimórfico Marcadores informativos = suficientemente heterozigotos (A) Todas as meioses de fase conhecida. (B) Mesma família, mas de fase desconhecida. A mãe, II1, poderia ter herdado tanto o alelo marcador A1 ou A2 com a doença. (C) Sem certeza do alelo marcador A1 herdado com a doença ser idêntico ao da irmã II1. Uma família na qual os marcadores A, B, C, D e E foram tipados e avaliados para ligação com uma mutação autossômica dominante causadora de doença. A recombinação é vista entre o locus da doença e o marcador A no indivíduo III-2 e entre o locus da doença e o marcador D no indivíduo III-5. A observação direta de recombinantes entre os loci marcadores e o locus causador da doença pode ajudar a estreitar o tamanho da região que contém o locus causador da doença. Disponibilidade de muitos marcadores Uso da Tecnologia do DNA recombinante e marcadores RFLP para identificar genes humanos - Doença de Huntington Estudo baseado em duas famílias, Venezuela e EUA, ligação RFLP e o gene da HD no cromossomo 4. Este estudo levou 10 anos. Um mapa de genes do genoma humano com exemplos dos distúrbios monogênicos mais comuns ou importantes. Sequenciamento completo do EXOMA Sequenciamento completo do EXOMA
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