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Resumo SBHolanda

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Gabriela da Silva Santana
 “Trajetória de uma poesia” de Sérgio Buarque de Holanda
Resumo:
Em seu ensaio no livro Poesia Completa e Prosa de Manuel Bandeira, Sérgio Buarque de Holanda faz elogios ao poeta, exaltando-o como poeta capaz de realizar a verdadeira poesia, através do lirismo que vem da intimidade, além de saber utilizar o verso livre e as concepções tradicionais pra expressar sua luta em transcender-se.
Para isso o autor divide o ensaio em duas partes. A primeira se tratando do estilo poético de Bandeira e de sua concepção de poesia. E a segunda, da trajetória de evolução da poesia de Bandeira através de suas obras. Logo, relata a influencia do simbolismo francês, o emprego do verso livre e o leve envolvimento com o Modernismo, por não conciliar com todos os pontos do movimento, e para melhor definir o poeta, ele se utiliza de comparações com outro poeta da mesma época.
Ao comparar Bandeira com Ronald de Carvalho, Sérgio Buarque percebe que ambos querem se livrar dos moldes, mas Ronald permanece com o estilo parnasiano. Além disso, a concepção de poesia entre eles é distinta, para Carvalho ela é estilização, como se fosse uma fotografia da natureza; já Bandeira compõe o mundo visível com imagens que se justapõem de modo imprevisto:
“Ele é tudo menos um fotógrafo. O mundo visível pode fornecer as imagens que hão de animar sua poesia, mas essas imagens combinam-se, justapõem-se, de modo imprevisto, coordenadas às vezes por uma faculdade íntima cujo mecanismo pode escapar-nos. E escaparia, não raro, ao próprio poeta” p. 15.
	Para descrever a trajetória, ele procura, inicialmente, distinguir o Bandeira dos demais poetas, afirmando que não é o caráter eminente pessoal de sua poesia que se acentua, que o singulariza, mas os esforços do poeta para superar o puro momento lírico. (Holanda, 193456 p.16). Nesta poesia há traços que parecem ser contraditórios e apresentam unidade íntima que não exclui variedade, e espontaneidade lírica que inclui consciência artística e rigor.
Para melhor entendê-la, ele caminha através das obras de Bandeira, mostrando como de início, em A Cinza das Horas o lirismo pessoal e a espontaneidade aparecem quase que em estado simples, pois tudo existe em função da própria existência. E como no decorrer de suas obras o poeta alcança um aperfeiçoamento progressivo e enriquecimento da técnica poética, ao mesmo tempo em que foge do convencionalismo formal, para, com o verso livre, imprimir seu ritmo e sua forma pessoal na poesia; colocando, assim, o ideal da “forma significante” ou do “ritmo semântico”. Então, a recusa do poeta ao padrões o leva a uma impaciência que o levará primeiro a estranhas dissonâncias e depois até as formas coloquiais e prosaicas e por fim, à transgressão voluntária dos preceitos rítmicos e dos preconceitos temáticos. Entretanto, a poesia de Bandeira não quer ser um artefato, ela exige a presença viva e permanente do autor.
Por fim, explora melhor o uso do verso livre na poesia, ferramenta bem utilizada por Bandeira, mas que por muitos outros poetas foi utilizado com desleixo. Para exemplificar faz uma comparação com Robinson Crusoé que assim como o personagem isolado em sua ilha deserta, ele terá que trabalhar sozinho para viver em um ambiente agradável.
Para Sérgio, Bandeira compreendeu que nas “regras” para a poesia devia ter uma “opção livre e consciente àquelas regras de modo a que se transfigure o que era universal e anônimo em uma criação pessoal incessante” p.25.
Pesquisas:
É notável o texto sobre a poesia de Manuel Bandeira, Trajetória de uma poesia, que se prestou também para a introdução às obras completas do pernambucano. No esboço comparativo entre Bandeira e dois modernistas consagrados, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida, considerando-se certos processos líricos utilizados pelos três, conclui-se facilmente quem sairá ganhando. Ronald era o “colorista” artificioso, enquanto que a musicalidade até certo ponto “provocada” de Guilherme o imobilizará como numa camisa-de-força. Para o crítico, Bandeira é o poeta quase sem defeitos, aquele que não sacrifica o melhor de sua voz íntima em favor de elementos externos, às vezes falseados e deslocados da poesia. Sérgio faz também elogios rasgados ainda à poesia singular de Dante Milano, pelas temáticas pouco encontráveis em outros poetas e pelo conteúdo essencialmente filosófico de muitos de seus poemas.
http://www.siarq.unicamp.br/sbh/o_critico.html 
20/06/14 às 11:45
Fichamento:
Parte I
Bandeira já perturbava o “concerto literário” e se fez diferente das concepções da época, antes mesmo do movimento modernista. Sendo, então, este poeta uma referência para os modernistas. Mas, ele não se envolveu tanto com o modernismo, pois não se conciliava com todos os pontos do movimento. 
Bandeira não se popularizou rapidamente, pois sua poesia “... sujeita, embora, a uma técnica extremamente cultivada, ela não visa o efeito exterior,e muitas vezes não se dirige tanto ao sentimento, ao ‘coração’, como a regiões menos exploradas da alma”. Ele se aproxima de tendências do simbolismo francês e é o primeiro a utilizar o verdadeiro verso livre. Além disso, seu lirismo vem de fontes íntimas, como toda verdadeira poesia. Bandeira não abandona as cadências tradicionais, mas isso não o impede ter criações audaciosas.
Sérgio Buarque cria comparações entre Bandeira e Ronald de Carvalho. Ambos querem se livrar dos moldes, mas Ronald permanece com o estilo parnasiano. A concepção de poesia entre eles é distinta, para Carvalho ela é estilização (comparação com Guilherme de Almeida) como se fosse uma fotografia da natureza; já Bandeira compõe o mundo visível com imagens que justapõem-se de modo imprevisto. 
“Ele é tudo menos um fotógrafo. O mundo visível pode fornecer as imagens que hão de animar sua poesia, mas essas imagens combinam-se, justapõem-se, de modo imprevisto, coordenadas às vezes por uma faculdade íntima cujo mecanismo pode escapar-nos. E escaparia, não raro, ao próprio poeta”. p.15
Parte II
O que distingue a singularidade de Bandeira não é o caráter eminente pessoal de sua poesia que se acentua, mas os esforços do poeta para superar o puro momento lírico. 
A trajetória de sua poesia se resume na insistente luta para transcender-se. Nela há traços que parecem ser contraditórios e apresentam unidade íntima que não exclui variedade, e espontaneidade lírica que inclui consciência artística e rigor.
No livro A Cinza das Horas o poeta dá início a sua trajetória, através de um lirismo pessoal e de um a espontaneidade quase simples, tudo existe em função da própria experiência (exemplifica isso atraves de alguns poemas e das tranfigurações presentes neles)
Transfiguraçãoes de coisas do cotidiano, do mundo visível em imagens da vida íntima e pessoal.
A vida exterior se imprime na intimidade, isso é presente em toda a obra de Bandeira, ma é mais típica no primeiro livro.
Arte considerada uma forma de purificação ou de apaziguamento em A Cinza das Horas.
Em Carnaval a arte não traz mais o apaziguamento.
Consciência isolada contrastada com o desvario do mundo.
Possibilidade de uma existência nova e diferente.
Aperfeiçoamento progressivo e enriquecimento da técnica poética
O recolhimento íntimo para MB é algo natural, razão necessária de sua criação poética.
Superar a própria situação particular.
A realidade só se deixa capitar pela dissolução das medidas tradicionais.
MB não se deixou seduzir pelas normas estéticas para poesia.
Diálogo entre seu mundo íntimo e a vida circundante, sem poder suprimir nem um nem outro.
Vou-me embora pra Pasárgada -> literatura de evasão. Para SB de Holanda, este poema não foi um dos pontos mais altos da criação lírica do Bandeira. E por um certo ponto de vista, toda a obra do poeta pode ser considerada essencialmente evasão, sendo que esta seria o ato de conquista e superação.
Sérgio é ainda contrário a Mário de Andrade, quando este afirma que o poema é uma cristaliuzação do vou-me-emborismo popular.
Compara MB com William
Butler Yeats para explicar a poesia de evasão. Para yeats a evasão sai da vida agitada para o asilo, já em MB, sai da prisão para a vida cotidiana.
Na tensão com o mundo, a vida íntima e pessoal do poeta parece reduzir-se quase ao silêncio.
“A expansção dos sentimentos mais íntimos... essa vontade de anular-se diante do fato exterior... continuam a subsistir ao longo de toda a sua obra.” P.20
A realidade passa a ser palpável e assim as prisões da vida deixam de ser limitação para se tornarem motivo de enriquecimento.
SBdeH fala sobre Mafuá do Malungo, que também compõe a trajetória de MB. Fazendo com que a obra seja una, em que elementos discordes se ajuntam em uma polifonia admirável. O livro faz parte de toda criação poética de Bandeira, assim não deve ser considerado um extravio episódico.
Apresenta o combate de um “poeta menor” contra as limitações impostas na ambição de ultrapassar a si mesmo.
MB, além do simbolismo francês e do romantismo alemão, vai mergulhar sua poesia na tradição do lirismo português.
A arte em Bandeira está em forçar-nos constantemente a uma vigilante atenção. Mas, não faz isso com artifícios deslumbrantes, mas com uma simples atitude rítmica e de vocábulos.
Por uma apurada meditação despiu-se da eurritmia convencional.
MB imprime seu ritmo e sua forma pessoal na poesia, fugindo do convencionalismo formal. Colocando o ideal da “forma significante” ou do “ritmo semântico”
A recusa do poeta ao padrões o leva a uma impaciência que o levará primeiro a estranhas dissonâncias e depois até as formas coloquiais e prosaicas e por fim, à transgressão voluntária dos preceitos rítmicos e dos preconceitos temáticos.
A poesia de MB não quer ser um artefato, ela exige a presença viva e permanente do autor.
Inteligência e sensibilidade
SB fala do uso do verso livre na poesia. Ferramenta bem utilizada por Bandeira, mas que por muitos outros poetas foi utilizado com desleixo. Para exemplificar faz uma comparação de MB com Robinson Crusoé.
Bandeira compreendeu que nas “regras” para a poesia devia ter uma opção livre e consciente àquelas regras de modo a que se transfigure o que era universal e anônimo em uma criação pessoal incessante.

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