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Características básicas da escravidão no BR Fundamento no Direito romano: Escravo é res, coisa, não tem personalidade jurídica Assunto privado, doméstico, com muito pouca interferência estatal Condição de escravidão se transmite pelo ventre (linha materna) Alforria não é automática: é concessão do senhor, não direito do escravo Crescimento vegetativo negativo (redução de 2,5 a 5% ao ano nos engenhos; em 10 anos o plantel podia cair à metade) Péssimas condições de habitação, higiene, alimentação, saúde Superexploração da força de trabalho Alta mortalidade infantil e materna; baixa taxa de natalidade Predominância masculina (60 a 70% dos escravos) Mais alforrias para mulheres e crianças Desestímulo à formação da família escrava 2 a 3 homens para cada mulher 2/3 dos escravos são africanos, 1/3 crioulos e pardos 90% são “pretos” (pardos mais alforriados) 2 a 6% são crianças de até 13 anos de idade Diferenciação por origem, cor e condição Características básicas da escravidão nos engenhos baianos: Reposição da mdo se faz essencialmente pela via mercantil (tráfico) ≠ EUA no séc. XVIII Em 5 anos, escravo pode produzir o dobro do seu valor de compra Levava-se 14 anos para “produzir” um novo escravo Família escrava (casamento religioso) reduzia “liquidez” do K Escravos traficados para o Brasil – Séculos XVI-XIX Fonte: Apostila Carlos Lessa (“Escravidão”), com base nas estimativas de Philip Courtin Escravos africanos traficados pelo Atlântico, segundo destino – séculos XVI a XIX Fonte: Philip Curtin, Atlantic Slave Trade. Percentuais sobre a estimativa de 9,6 milhões de escravos traficados População escrava nos EUA e no BR Fonte: Celso Furtado, Formação Econômica do BR. (*) Fim da Guerra de Secessão norteamericana Obs.: O tráfico de escravos nos EUA foi abolido em 1808 e no BR, só em 1850 Jornadas de 12 a 18 horas, 8 a 9 meses por ano Roupa escassa Alimentação deficiente Senzalas insalubres, sem janelas, péssimas condições de higiene Condições de vida e de trabalho nos engenhos: Escravos morrem: De doenças decorrentes de má alimentação e higiene: desinteria, anemia, avitaminose... De “pestes” europeias: varíola, sífilis, sarampo... De suicídio e “banzo” De causas externas: acidentes, violência De cansaço Como foi possível combinar relação “arcaica” de trabalho com forma de produção altamente complexa como o açúcar colonial? Segurança e controle social Contenção de revoltas, fugas, sabotagens Manutenção da submissão Cooperação Ritmo e atenção Qualidade do trabalho “Incentivos negativos” e “incentivos positivos” Várias formas de violência; dominação absoluta Mistura de etnias – criação do “negro” genérico Desestímulo à família escrava Interferência sexual da CG Predominância masculina Aculturação dos “moleques” na CG Isolamento dos escravos nos engenhos Diferenciação por origem, cor e condição Controle social – “incentivos negativos” Instrumentos de subjugação http://www.museuhistoriconacional.com.br Libambo, cinto de ferro, palmatória, mordaça, gargalheiras, algemas com cadeado e ferros de marcar. http://www.rzuser.uni-heidelberg.de/~el6/presentations/pres_c1_african_americans_ws02_03/slavery_start_page-Dateien/image005.jpg Algemas, tronco e viramundo Pelourinho http://www.nonaarte.com.br/banco/Debret/deb149.jpg Marcas de tortura EUA, séc. XIX http://hitchcock.itc.virginia.edu/Slavery/details.php?filename=HW0051 Harper's Weekly, July 4, 1863 “Pau-de-arara” Debret [http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.php] http://www.eb23-diogo-cao.rcts.pt/Trabalhos/bra500/liberda.htm Rugendas: Capitão do mato Colar de ferro http://www.nonaarte.com.br/banco/Debret Punições para escravos fugitivos (séc. XVII) Método português Método francês Francois Froger, Relation d'un Voyage fait en 1695, 1696, & 1697 aux Cotes d'Afrique, Brezil, Cayenne & Isles Antilles (Paris, 1698). [http://hitchcock.itc.virginia.edu/Slavery/details.php?filename=NW0212] http://hitchcock.itc.virginia.edu/SlaveTrade/collection/large/NW0192.JPG Instru-mentos punitivos Caribe britânico, séc. XVIII Máscaras punitivas Brasil, séc. XIX http://hitchcock.itc.virginia.edu/SlaveTrade/collection/large/NW0191.JPG http://hitchcock.itc.virginia.edu/SlaveTrade/collection/large/debret-2.JPG http://hitchcock.itc.virginia.edu/SlaveTrade/collection/large/ELTIS2.JPG Áreas de origem dos escravos África: Diversidade etnolinguística atual Escravidão doméstica - 1 http://www.nonaarte.com.br/banco/Debret Escravidão doméstica - 2 http://www.nonaarte.com.br/banco/Debret/deb109.jpg Distribuição ocupacional dos escravos nos engenhos baianos, entre 1713 e 1826, segundo cor ou local de nascimento (*) Trabalhadores não-especializados ou semi-especializados. Fonte: Stuart Schwartz, Segredos Internos, com base em inventários referentes a 50 engenhos e 1.900 escravos. Sistema de cotas / tempo “livre” Roça escrava – “sistema do Brasil” Relativa tolerância aos “batuques” e danças Relações paternalistas Substituição de assalariados por escravos Brechas para alguma ascensão Recompensas em produtos ou $ Diferenciação entre os escravos, associada também a raça/cor Alforria gratuita ou onerosa Controle social – “incentivos positivos” Por que o escravo africano é tão barato, a ponto de a reposição mercantil ser mais vantajosa que a vegetativa? Custos de captura e deslocamento no interior da África Custos da manutenção de feitorias e da travessia atlântica Perdas (doenças, naufrágios, pirataria) Lucro de diversos traficantes (africanos e lusobrasileiros) Tributos africanos e europeus Concorrência entre compradores, a partir de meados do XVII Considerando: Fragmentação política do continente Guerras entre estados Monarquias eletivas – guerras civis Formação e desagregação de impérios Domínio de Estados sobre sociedades tribais Existência prévia de formas de escravização Prisioneiros de guerra Devedores insolventes Punidos por crimes Existência prévia de tráfico de escravos pelas rotas transaarianas e pelo Índico, embora, até o sec. XVII, a venda não fosse o motivo principal da escravização Estados da África ocidental – 1625 Fonte: John Thorton, A África e os africanos na formação do mundo atlântico (1400-1800) Estados da África Central 1625 Fonte: John Thorton, A África e os africanos na formação do mundo atlântico (1400-1800) Loango Congo Angola Egito http://joseroberto735.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html http://escola.britannica.com.br/assembly/169742/Mosaico-representando-escravos-na-Roma-antiga Roma http://www.soniahalliday.com/images/1432-10-75.jpg Islã Mercado de escravos em Zabid (Iêmen), Século XIII http://fineartamerica.com/featured/arabic-illuminated-manuscript-everett.html Islã Ilumi-nura árabe http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/83/African_slave_trade.png Principais rotas de tráfico de escravos na Idade Média Exportações estimadas de escravos da África, por área de saída – 1500/1800 (mil pessoas) Fonte: P. Lovejoy. A escravidão na África. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2002. Ausência de sistema monetário metálico: produtos coloniais baratos (cachaça, tabaco, açúcar, farinha, caurim, tecidos indianos) usados como “moeda” de troca Dependência crescente das elites africanas em relação ao comércio com os europeus, que praticamente só demandavam escravos Concorrência entre Estados e comerciantes africanos pelos produtos europeus Redes de endividamento, favorecendo traficantes europeus Tráfico atlântico Aperfeiçoamento dos esquemas de captura e distribuição na África: Até ± 1650: esquemas tradicionais supriram demanda 1650 em diante: mudanças intensas nas estruturas internas para atender à demanda atlântica de escravos: Intensificação das guerras e razias, constantes alterações políticas Extensão da pena de escravidão Crescente tributação em escravos Desenvolvimento de rotas e feiras de escravos Capital mercantil africano cada vez mais voltado para o tráfico e para a distribuição de produtos europeus Em algumas áreas, controle estatal do comércio de escravos 70% dos cativos são capturados em guerras e razias: Extração violenta não repõe custos de “produção” do trabalhador Proximidade Brasil/África, menor tempo, segurança crescente da travessia Séc. XIX: Redução da concorrência do Brasil com outros compradores (revolução do Haiti, abolição do tráfico em diversas colônias e ex-colônias) Fator central: Trabalhador assalariado: Salário = subsistência + reprodução do trabalhador Trabalhador servil: Corveia = produção total – substistência da família camponesa Trabalhador escravo: Custo é da comunidade de origem, não ressarcido quando o trabalhador é retirado violentamente Custos do tráfico são os de comercialização e transporte; não incluem os custos de “produção” do trabalhador
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