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Noções de Direitos Humanos e Cidadania SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 342.7 38 p. :il. – (EaD) Curso on-line – Noções de Direitos Humanos e Cidadania – Brasília: SEST/SENAT, 2017. 1. Direitos e garantias individuais. 2. Cidadania. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 4 Unidade 1 | Direitos Humanos 5 1 Introdução 6 2 Conceito de Direitos Humanos 7 3 A História dos Direitos Humanos 8 4 Declaração Universal dos Direitos Humanos 10 5 Oito Objetivos do Milênio 13 6 Como os Direitos Humanos Estão no Dia a Dia das Pessoas 15 7 Alguns Deveres Importantes de Todo Cidadão 19 8 Direitos Humanos e o Trabalho 20 9 Direitos Humanos nas Estradas 21 10 Direitos Humanos no Trânsito 23 Atividades 26 Referências 27 Unidade 2 | Cidadania e Direitos do Cidadão 28 1 Cidadania 29 2 Direitos e Garantias Individuais 30 3 Direitos Sociais e Fundamentos Básicos Constitucionais 31 3.1 Direitos Sociais em Sentido Estrito 31 3.2 Direitos Trabalhistas 32 Atividades 35 Referências 36 Gabarito 37 4 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Noções de Direitos Humanos e Cidadania! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. Este curso possui carga horária total de 15 horas e foi organizado em 2 unidades, conforme a tabela a seguir. Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br. Bons estudos! Unidades Carga Horária Unidade 1 | Direitos Humanos 10h Unidade 2 | Cidadania e Direitos do Cidadão 5h 5 UNIDADE 1 | DIREITOS HUMANOS 6 Unidade 1 | Direitos Humanos 1 Introdução A trajetória da humanidade é repleta de marcos que transformaram a história dos direitos humanos, desde o início dos tempos até os dias atuais. No passado, conforme a população ia crescendo, os conflitos surgiam, mostrando a necessidade de criação de normas de conduta para regular a vida em sociedade. Da mesma forma, ocorria a necessidade de limitar o poder dos governantes, que acreditavam ter a posse sobre a vida das pessoas. Foram momentos em que a violência, o desrespeito à vida e o abuso do poder se tornaram tão cruéis que inspiraram a criação de “leis” para regular os direitos essenciais à pessoa humana. E apesar de todo o processo evolutivo pelo qual já passamos, por que ainda hoje estamos falando de direitos humanos? Será que nosso grau de conscientização ainda não nos permite simplesmente ter esses direitos como já consolidados em nossas vidas? O fato é que teremos sempre que manter o tema vivo, pois, como humanos, ainda podemos cometer erros dessa ordem. O que não podemos é achar isso natural, isso deve ser combatido, inicialmente dentro de nós e, por fim, em nossa sociedade. Este curso tem o propósito de promover uma discussão sobre os direitos humanos, sob o ponto de vista individual e coletivo, para conhecermos e aplicarmos em nosso dia a dia. Para os trabalhadores em transporte, que atuam nas estradas, essa é uma excelente oportunidade de reflexão, pois ao longo das rotas podem testemunhar situações constantes, tanto no trânsito das estradas, bem como no trânsito nas cidades, onde a vida muitas vezes perde para a falta de respeito ao outro, ocasionada pela pressa e pela imprudência ao volante, violando-se, assim, direitos e deveres de todos os cidadãos. 7 2 Conceito de Direitos Humanos Direitos Humanos são os direitos e liberdades básicos de todas as pessoas. Tem por objetivo garantir que o ser humano viva de maneira digna. São atribuídos de forma universal, sem qualquer distinção e em todas as nações. Protegem pessoas, grupos e sociedades. São considerados interdependentes e indivisíveis, a violação de algum deles significa a violação de todos, pois só o seu conjunto é que garante adequadamente o respeito à dignidade da pessoa humana. Os direitos humanos servem como alicerce para todas as ações políticas e discussões sobre direitos sociais, principalmente quando praticamos o tratamento desigual diante das minorias, como mulheres. Negros, indígenas, pessoas com deficiência etc. Veja alguns exemplos de direitos: à vida, à liberdade, à segurança pessoal, de não ser torturado ou escravizado; às liberdades de pensamento, expressão e religião; à educação; ao trabalho; ao repouso; entre outros. É dever do Estado respeitar e garantir o exercício dos Direitos Humanos, de acordo com as premissas de sua Constituição e declarações. A Constituição brasileira, já no seu primeiro artigo, afirma que o princípio da dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida. No artigo segundo, traz que o Brasil tem como princípio, nas relações internacionais, a prevalência dos direitos humanos. Já o artigo quinto irá elencar 78 itens que tratam dos direitos e deveres individuais e coletivos. 8 3 A História dos Direitos Humanos Inicialmente, alertamos que direitos humanos podem ter outras terminologias, a depender da época e do local. Nas primeiras declarações escritas no século XVIII, utilizavam o nome de direitos naturais, porém caiu em desuso por não traduzir sua essência, pois eles não surgem espontaneamente, mas, sim, de um processo de construção. Houve a intenção de chamá-los de direitos públicos subjetivos, porém, por ficarem limitados à esfera pública, não abrangendo as relações particulares, que também demandam tais direitos, o termo não alcançou o objetivo maior de consagrar todos os direitos considerados essenciais à pessoa. A doutrina francesa experimentou o uso da expressão liberdades públicas e, nesse caso, apesar de chamar pública, abrangia as relações particulares, no entanto deixava de fora os direitos sociais e econômicos e, da mesma forma, acabou sendo abolida. Outra tentativa foi também com o termo liberdades fundamentais. Atualmente, os mais aceitos são os termos direitos humanos e direitos fundamentais. O primeiro termo, utilizado mais universalmente quando nos referimos a todas as nações, independentemente de fronteiras físicas ou políticas, e também não fica limitado a um espaço de tempo, é atemporal. O segundo termo normalmente é utilizado quando falamos dos direitos essenciais da pessoa de uma determinada nação e fica registrado dentro do ordenamento jurídico do país, no caso brasileiro, em nossa constituição. A história dos direitos humanos remete à Grécia Antiga, no momento em que os filósofos tiraram o centro da análise da mitologia e transferiram para a pessoa, iniciando os primeiros ensaios sobre a reflexão sobre a vida humana. Na sequência, ainda na Grécia, surgem as primeiras ideias sobre o direito natural. Os romanos, ao permitirem a participação do povo nas decisões da cidade, fazem um primeiro ensaio para limitação do poder político. O cristianismo, por sua vez, trouxe ensinamentos importantes que valorizam o ser humano, apesar de o mundo, naquelaépoca, já conviver com inúmeras formas de violação dos direitos que conhecemos hoje. Na idade medieval destacamos o papel de São Tomás de Aquino, com seus relatos sobre a dignidade e igualdade do ser humano, porém a prática jurídica da época ainda era a prevalência da coletividade sobre o indivíduo. Já no Estado Moderno, com o 9 surgimento da burguesia, inicia-se o movimento inverso, em que o indivíduo começa a ter preferência sobre o grupo. Nessa mesma época, a Reforma Protestante contesta a dominação da Igreja Católica, porém sem grandes avanços no campo dos direitos universais. Os grandes avanços vão ocorrer entre 1780 a 1789, com a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa. Os americanos, em sua Declaração de Independência, ressaltam que todos os homens são iguais perante Deus e que este lhes deu direitos inalienáveis acima de qualquer direito político, como a vida, a liberdade e a busca pela felicidade. Na França surgiu a mais importante declaração de direitos fundamentais, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Seus princípios iluministas tinham como base a liberdade e igualdade perante a lei, a defesa inalienável à propriedade privada e o direito de resistência à opressão. Por fim, em 1948, logo após o término da II Guerra Mundial quando ocorreram as maiores violações do direto à vida, que é um direito primordial, em que milhões de judeus foram simplesmente exterminados, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que veremos com mais detalhes a seguir. c Dois personagens simbolizam bem a luta pelos direitos humanos Martin Luther King nos Estados Unidos, nas décadas de 1950 e 1960, lutando pelos direitos civis dos negros e Nelson Mandela, também no século passado, com sua luta contra o Apartheid na África do Sul. 10 4 Declaração Universal dos Direitos Humanos A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) instituída em 1948 é o documento mais importante da história sobre direitos humanos, pois contou com a participação de nações de todas as regiões do mundo. Sua sedimentação final, com a proteção universal dos direitos humanos, ocorreu com a adesão maciça de mais 170 países, na Convenção de Viena, em 1993. Segundo a própria ONU, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é o documento mais traduzido no mundo, já foi traduzido em mais de 360 idiomas. A declaração possui 30 artigos, dos quais destacamos alguns a seguir. Observe que vários artigos foram a fonte inspiradora de nossa constituição. Artigo 1° Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Artigo 2° Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. 11 Artigo 3° Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e segurança pessoal. Artigo 4° Ninguém será mantido em escravatura ou servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. Artigo 5° Ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Artigo 7° Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito à proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo 9° Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 18° Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; esse direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela pratica, pelo culto e pelos ritos. Artigo19° Todo indivíduo tem direito a liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de expressão. 12 Artigo 23° 1 – Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2 – Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. 3 – Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de proteção social. 4 – Toda pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses. Artigo 25° 1 – Toda pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou em outros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. 2 – A maternidade e a infância têm direito à ajuda e à assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social. Artigo 26° 1 – Toda pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito. 13 2 – A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz. 3 – Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de educação a dar aos filhos. (DUDH, 1948) h Todo dia 10 de dezembro é comemorado o Dia Internacional dos Direitos Humanos, pois nesta mesma data, em 1948, a ONU proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 5 Oito Objetivos do Milênio Para contribuir com os maiores problemas mundiais, a ONU, por meio dos seus 189 Estados Membros, no ano de 2000, estabeleceu 8 Objetivos do Milênio, que no Brasil são chamados de 8 Jeitos de Mudar o Mundo. A meta estipulada deverá ser atingida por todos os países até 2015. 14 Dentro da concepção da ONU, a responsabilidade de atuação em prol dos objetivos deve ser conjunta, envolvendo governos, organismos internacionais, cidadãos, organizações da sociedade civil e do setor privado. Trata-se de um esforço comum para: • o engajamento coletivo; • apoio e sustentação de programas; • atuação de forma estratégica e eficaz: • fomento de ações e mobilizações. No contexto brasileiro, nos últimos anos, houve muitas conquistas e avanços, porém ainda há muito a se fazer. Independente de ações governamentais, cada cidadão pode contribuir com esses objetivos em sua comunidade.g Acessando o link a seguir, há uma série de sugestões já promovidas por voluntários e algumas publicações com orientações para o desenvolvimento de ações. Vale a pena conhecer, adaptar à realidade de sua região e dar a sua contribuição! www.objetivosdomilenio.org.br 8 Jeitos de Mudar o Mundo ERRADICAR A EXTREMA POBREZA E A FOME ATINGIR O ENSINO BÁSICO UNIVERSAL PROMOVER A IGUALDADE DE GÊNERO E A AUTONOMIA DAS MULHERES REDUZIR A MORTALIDADE INFANTIL MELHORAR A SAÚDE MATERNA COMBATER O HIV/AIDS, A MALÁRIA E OUTRAS DOENÇAS GARANTIR A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL ESTABELECER UMA PARCERIA MUNDIAL PARA O DESENVOLVIMENTO 15 6 Como os Direitos Humanos Estão no Dia a Dia das Pessoas Como vimos, os direitos humanos foram fruto de um processo de conquista e trabalho ao longo de milhares de anos. Mesmo que saibamos que ainda não são respeitados por todos, temos de compreender a importância da existência desses registros documentais, como as declarações e constituições. Por meio da formalização dos documentos, podemos atuar de forma coesa e clara para que os direitos humanos sejam respeitados, sem margens para interpretações de conveniência. É sabido que em nosso dia a dia lidamos, ouvimos, presenciamos e lemos relatos de violações dos nossos direitos, e talvez nem tenhamos a consciência da dimensão de sua abrangência, por serem inúmeros os casos. Vejamos algumas situações corriqueiras em nossa sociedade: 1. Preconceito contra orientação sexual – apesar dos avanços nas últimas décadas, infelizmente ainda somos considerados um país preconceituoso quando lidamos com pessoas com orientação sexual diferente da heterossexual. Não podemos nos esquecer que a nossa Constituição Federal prevê liberdades, direitos e deveres igualitários. Indiferentemente da nossa opção sexual ternos o livre arbítrio e o direito·de nos expressar e sermos quem nós somos. e No dia 14 de maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça aprovou uma resolução que obriga todos os cartórios do país a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. 2. Discriminação de gênero – embora tenha diminuído a discriminação contra a mulher na sociedade, bem como no mercado de trabalho, ela ainda muitas vezes tem sido tratada em condições inferiores ao homem. A violência doméstica e os abusos sexuais são as formas mais graves e lamentáveis de tratamento 16 dado às mulheres, são crimes que deveriam ser banidos de nossa história. No entanto, ainda são inúmeros os relatos, frutos de uma sociedade machista – ignorante, que enxerga na mulher um objeto de propriedade e prazer do homem. Fora essa questão, convivemos com a desvalorização do trabalho das mulheres, como se elas fossem menos capazes que os homens e, por isso, merecedoras de um salário menor ou de limitações em suas possibilidades de ascensão profissional. e Com a criação em 2006 da Lei nº 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, as punições para os agressores de violência doméstica ficaram bem mais severas. 3. Racismo – a cor da pele, a origem ou outros traços físicos não deveriam ser motivos para determinar as chances de vida de uma pessoa. No entanto, não só aqui no Brasil, mas na maior parte do mundo ocorre essa triste violação do artigo 1° da DUDH que afirma “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. Não há pessoas superiores a outras, não há raças humanas distintas, pertencemos todos à raça humana. Logo não deveria haver desigualdade econômica e social em função dessas condições. 4. Discriminação contra as pessoas com deficiência – cada qual com sua limitação, seja física ou psicológica, sofre em seu dia a dia inúmeras barreiras para exercer seu papel como cidadão. Além das barreiras que impedem sua mobilidade, convive com ambientes não adaptados às suas necessidades. Mas, sem dúvida, a pior barreira enfrentada é a do preconceito por sua condição. 5. Exploração sexual de crianças e adolescentes – é um dos pontos mais vergonhosos de nosso país, pois ainda estamos distantes da erradicação desse triste problema, porque precisamos, primeiro, contornar as origens dessa questão. Crianças e adolescentes são vítimas da miséria, da baixa escolaridade, 17 do lar desajustado pelo alcoolismo, drogas e desemprego. Essa realidade é triste e dramática e requer resolução imediata, todavia há que se considerar que, se do outro lado da história não houvesse o explorador – aproveitador da situação – a violação desse importante direito humano não ocorreria. e No Brasil, a prática do racismo é duramente punida por lei, como crime inafiançável (o autor do delito não poderá recorrer ao pagamento de uma fiança) e imprescritível (não perde a validade com o tempo). A Confederação Nacional do Transporte e o SEST SENAT apoiam a Campanha Nacional de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, com o Projeto PROTEÇÃO, cujo objetivo é conscientizar trabalhadores do setor do transporte e a sociedade em geral sobre a importância do enfrentamento e da denúncia da exploração sexual infanto-juvenil na erradicação da exploração sexual de crianças e adolescentes, dando continuidade às ações de capacitação, conscientização e mobilização, buscando assim modificar esse cenário! Entre nesta campanha contra a exploração sexual de crianças e de adolescentes! Disque 100 e denuncie essa exploração! O seu ato pode contribuir para defender os direitos de nossas crianças e adolescentes. e O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina que pessoas com até 12 anos incompletos são consideradas crianças; e dos 12 aos 18, adolescentes. 5. Pessoas com restrição de mobilidade, idosos, gestantes, pessoas com baixa estatura, cadeirantes, entre outras restrições, normalmente levam desvantagens por sua condição especial. Apesar de existir uma lei que garante o atendimento prioritário e a acessibilidade dessas pessoas, muitas empresas não a respeitam. 18 A Lei nº 10.048/2000 dá prioridade de atendimento às pessoas com deficiência, a idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, a gestantes, a lactantes (mães que amamentam) e a pessoas acompanhadas por crianças de colo. 6. Trabalho escravo – a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no nosso país, já tem mais de 115 anos, porém, eventualmente, ainda escutamos no noticiário situações de trabalho escravo em nosso país. Compara-se à escravidão o trabalho degradante, que é aquele sem condições mínimas, sendo o salário a ser pago convertido em comida e hospedagem de péssima qualidade. A pior situação é quando envolve o tráfico de pessoas, em que aliciadores com promessas de bons empregos levam pessoas para outros países e retêm seus passaportes e as aprisionam para serem exploradas sexualmente, sem qualquer tipo de pagamento. e É considerado também tráfico de pessoas quando a vítima é retirada de seu ambiente (cidade ou país) para ter seus órgãos ou tecidos removidos. 7. Intolerância religiosa – pessoas que por pressão de familiares ou de sua comunidade não são respeitadas por optar e praticar uma religião diferente. Esse desrespeito pode ocorrer com críticas e comparações sobre a religião escolhida ou, ainda, por manifestações de preconceito e até exclusão do convívio social ao se manterem firmes em seu propósito. A intolerância religiosa fere duramente o direito à liberdade de pensamento, consciência e religião. h No Brasil, dado o crescimento da intolerância religiosa, foi criada, em 2007, uma lei que institui o dia 21 de setembro como o “DiaNacional de Combate à Intolerância Religiosa”. 19 7 Alguns Deveres Importantes de Todo Cidadão Não há direito que não pressuponha a existência de deveres e vice-versa. Cidadão é a pessoa física, nacional (nata ou naturalizada), no pleno exercício dos direitos políticos. O que faz uma pessoa ser cidadão é justamente essa condição de conhecer e usufruir seus direitos e cumprir com seus deveres. Isso vale para todos os brasileiros e naturalizados, independentemente de sua condição social, cor, etnia ou religião. Já conhecemos alguns de nossos direitos, agora veja alguns deveres que devem ser cumpridos: • Respeitar e cumprir as leis do país – não por temer a punição, mas por ser o correto e ético; • Comparecer nas votações para escolher os governantes – presidente, deputados, senadores, governadores, prefeitos e vereadores são eleitos com nosso voto, então a escolha deve ser consciente, pensando no que for melhor para a coletividade. Não “venda” ou “leiloe” seu voto, pois é a oportunidade que temos para melhorar a situação de nossas cidades e da população; • Respeitar os direitos de outras pessoas – brasileiros ou estrangeiros devem saber viver em sociedade, e a base das interações interpessoais deve se dar pelo respeito e pela civilidade; • Proteger a natureza – de que adianta o governo fazer a sua parte na preservação ambiental se as pessoas não reconhecerem a importância desta ação. Devemos proteger o meio ambiente, não só por ser um dever do cidadão, mas pelos nossos valores morais e pela consideração e respeito às gerações futuras; 20 • Colaborar com a preservação do patrimônio histórico-cultural brasileiro – todo esse patrimônio presente em nossas cidades foi construído ao longo de muito tempo, são registros importantes para nossa história. Não podemos permitir que atos de vandalismos ou até de desleixos com os bens públicos possam ocorrer; • Colaborar com as autoridades – não nos referimos apenas aos policiais, mas, sim, a todos os agentes públicos que no exercício de sua função necessitam contar com o apoio e respeito da população. A autoridade é indispensável para realização do seu trabalho, caso contrário, viveríamos em completa desordem, cada um fazendo o que bem entende; • Tratar com respeito e solidariedade todos os cidadãos – esse é um dever que devemos ter de forma intrínseca (dentro de nós), independente de lei, norma ou qualquer outra orientação. Esse cuidado torna-se mais importante ainda quando lidamos com idosos, crianças, pessoas com deficiência e com as pessoas menos favorecidas; • Proteger e educar as crianças – nós, adultos, temos um papel importantíssimo, independente de sermos ou não pais. Dificilmente uma criança criada em um lar ajustado, onde as pessoas se respeitam e há princípios morais consolidados, será um adulto sem valores. Isso independe de condição financeira ou social, basta dar bons exemplos. 8 Direitos Humanos e o Trabalho Como vimos, os direitos humanos são universais e absolutos colocando-nos todos em situação de igualdade, podendo ser traduzidos no entendimento de que ninguém é superior a ninguém. Logo, nas relações de trabalho, regidas pelos direitos sociais, a base humanista não desaparece. O que ocorre é que o empregador tem prerrogativas próprias na relação de emprego, mas isso não significa que a dignidade da pessoa seja violada. O empregado tem os seus direitos assegurados por uma série de legislações específicas que limitam o poder do empregador. Assim como essas mesmas leis determinam as obrigações do empregado, buscando manter uma relação justa de remuneração x força de trabalho. 21 É fundamental um bom ordenamento jurídico desse tema, pois o risco de entendimento raso do empregador pode levá-lo a crer que, ao remunerar seus funcionários passe a ter direitos arbitrários sobre seus subordinados, que venham a ferir não só os direitos trabalhistas, mas principalmente os direitos humanos. Por isso, é importante o conhecimento dos direitos, não para provocar situações polêmicas, mas sim para a busca de um entendimento harmonioso. A prevalência dos direitos humanos não deve ocorrer somente no âmbito das relações de trabalho, mas também nas relações domésticas e nas demais relações interpessoais de nosso cotidiano. 9 Direitos Humanos nas Estradas É inquestionável que as grandes cidades possuem suas mazelas, que tornam o convívio entre seus semelhantes, muitas vezes, conflituoso. Porém, no interior do país, nas regiões mais pobres a miséria da população torna-se infelizmente a base justificadora de uma série de violações contra os direitos humanos. E por falta ainda de uma estrutura adequada de policiamento preventivo e apuração, de impunidade estimula a perpetuação de situações vergonhosas para a sociedade brasileira. As estradas e suas redondezas tornam-se palco para exposição de graves situações, veja algumas delas: • Exploração sexual de crianças e adolescentes; • Trabalho degradante e situações análogas à escravidão; • Aliciamento para tráfico de pessoas; • Transporte de carga viva em péssimas condições; • Crimes em nome da honra. Nesse contexto, caminhoneiros e motoristas de ônibus interestaduais acabam testemunhando muitas dessas situações ao longo de suas jornadas de trabalho nas rodovias brasileiras, pois transportam cargas e pessoas pelos lugares mais remotos de 22 nosso país. Por si só, já se trata de trabalho árduo, que envolve muita responsabilidade e dedicação. Todavia, esses mesmos profissionais gozam de uma oportunidade peculiar em seus trajetos: atuam como agentes em defesa da vida. Ao se deparar com esse tipo de situação, denuncie! Há diversos órgãos públicos, Organizações Não Governamentais (ONGs) e outras instituições que trabalham na defesa dos direitos humanos e dispõem de canais para denúncias. Sugestões de canais de denúncia contra a violação dos direitos humanos: • De forma geral, todo e qualquer crime pode ser denunciado na Delegacia de Polícia mais próxima. Agora, caso a denúncia envolva policiais, a Ouvidoria de Polícia do seu Estado deve ser procurada; • Disque 100 para Denúncia Nacional de Abuso e Exploração contra Crianças e Adolescentes. Esse é um serviço de proteção de crianças e adolescentes com foco em violência sexual. O Disque 100 funciona diariamente, inclusive nos fins de semana e feriados, a ligação é gratuita e a identidade do denunciante é mantida em sigilo. Além do telefone, a denúncia também pode ser encaminhada via e-maiI para disquedenuncia@sdh.gov.br; • No caso de violência cometida contra criança ou adolescente você também pode procurar o Conselho Tutelar, ou a Delegacia Especializada em Crimes contra Crianças e Adolescentes de sua cidade; • No caso de violência contra a mulher, você deve preferencialmente encaminhar sua denúncia à Delegacia da Mulher mais próxima ou procurar os conselhos de defesa dos direitos da mulher. Não havendo delegacias especializadas, procurar a Delegacia de Polícia mais próxima; • A Polícia Federal, por meio do e-maiI denuncia.ddh@dpt.gov.br, recebe denúncias contra racismo, pedofilia e tráfico de pessoas; 23 • Outras entidades que podem acolher denúncias de violação dos direitos humanos são a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, por meio do portal www.sedh.gov.br/ouvidoria; Ordem dos Advogados do Brasil de sua cidade; as Comissões de Direitos Humanos do seu Estado. 10 Direitos Humanos no Trânsito Os problemas do trânsito, até décadas atrás, era exclusividade de algumas poucas grandes cidades brasileiras, mas, com o aumento massivo da frota de veículos, atualmente é rara a cidade que não tem no trânsito um dos seus problemas a serem contornados. Esseé considerado um grande problema não só por levar as pessoas a perderem muito tempo em seus deslocamentos, mas, principalmente, por provocar diversas mortes diariamente. Quando pensamos nessas mortes, imaginamos inicialmente que houve uma “causalidade”, uma “fatalidade” que levou ao acidente. Em primeiro lugar, na grande maioria dos acidentes de trânsito não há o acaso e, sim, imprudência. Essas ocorrências são normalmente fruto da imprudência dos motoristas, seja pelo excesso de velocidade, desrespeito à sinalização, ou, ainda, pelo consumo de álcool ou drogas. No entanto, temos ainda que considerar outro tipo de morte no trânsito aquela provocada por uma discussão, em que as pessoas simplesmente esquecem todo e qualquer bom senso e desperdiçam suas vidas para provar quem estava certa. O trânsito infelizmente tem o poder de levar muitas pessoas que, habitualmente, são calmas e controladas, a um alto nível de estresse, desencadeando uma série de atitudes incompatíveis com a sua natureza. Motoristas, em geral, passam a olhar para os outros motoristas como inimigos. Com isso, levam ao trânsito a filosofia do “cada um por si”. E, com isso, não costumam ceder a vez, irritam-se profundamente se alguém os corta ou se demora um pouco mais para arrancar após um sinal vermelho, por exemplo. É como se a carcaça do veículo “protegesse ou isentasse” da necessidade de ser civilizado. 24 Diante desse cenário, fica difícil falarmos de direitos humanos no trânsito. Todavia, o trânsito é um dos locais importantes que precisamos lembrar e aplicar regras de boa convivência. Um pedestre, um ciclista ou um motociclista tem o mesmo direito à vida que os que estão em um veículo maior e mais seguro! Nesse ponto, os trabalhadores em transporte, em especial os motoristas de ônibus urbano e taxistas, conhecem bem essa realidade. Por isso, assim como os colegas das estradas, eles também podem contribuir para a preservação dos direitos humanos no trânsito. Motoristas que atuam profissionalmente podem servir de exemplo de educação, tolerância, respeito e civilidade. Por mais que o estresse também os atinja, e momentos de impaciência sejam naturais, esses profissionais podem atuar como um ponto de equilíbrio, colaborando na diminuição dos riscos de acidentes, por meio de uma direção preventiva. g O SEST SENAT oferece cursos de direção preventiva em todas as suas Unidades Operacionais. Acesse o link a seguir e verifique a unidade operacional mais próxima de você. Confira! www.sestsenat.org.br 25 Resumindo Os Direitos humanos são os direitos mais essenciais e importantes que temos, pois eles protegem, na sua essência, a vida e a dignidade humana. Aliás, poder viver a vida com dignidade é o mínimo que se espera que um ser humano deseje a seu semelhante. Parece pouco, mas percebemos em diversas ocasiões uma total desvalorização da vida. E, como vimos nesta unidade, o dever de garantir que os direitos essenciais à vida sejam sempre cumpridos é de todos nós! Nosso grande desafio é reconhecer que somos todos de uma mesma espécie – a humana –, porém com características e limitações diversas que devem ser respeitadas. Fica o convite para a sociedade e para os trabalhadores em transporte para unir forças e atuar; paralelamente às suas atribuições como um exemplo de categoria que valoriza e respeita o seu semelhante. Com nossas ações, podemos estimular mais pessoas a contribuir para uma sociedade mais Justa e livre de todo tipo de violação aos nossos “Direitos Humanos”. 26 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Os direitos humanos têm por objetivo garantir que o ser humano viva de maneira digna. São atribuídos de forma universal, sem qualquer distinção e em todas as nações. Protegem pessoas, grupos e sociedades. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. A prevalência dos direitos humanos deve ocorrer somente no âmbito das relações de trabalho. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 27 Referências BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069Compilado.htm>. Acesso em: 28 jun. 2017. _______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 28 jun. 2017. ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Direitos humanos. Portal da internet, 2017. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/>. Acesso em: 28 jun. 2017. REZENDE, Maria José de. Os objetivos de desenvolvimento do milênio da ONU: alguns desafios políticos da co-responsabilização dos diversos segmentos sociais no combate à pobreza absoluta e à exclusão. Investig. desarro., [online], v.16, n. 2, 2008, p.184-213. 28 UNIDADE 2 | CIDADANIA E DIREITOS DO CIDADÃO 29 Unidade 2 | Cidadania e Direitos do Cidadão 1 Cidadania A Constituição Federal (CF) diz que todo poder emana do povo, que pode exercê-lo diretamente ou por meio de representantes eleitos, e coloca a cidadania como fundamento da República Federativa do Brasil, ao lado de valores como a soberania nacional, a dignidade humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, e a liberdade política. Podemos concluir que, ao conceito de cidadania, devem ser agregados todos esses outros valores, de forma que ela seja percebida de maneira mais completa. c O verdadeiro cidadão é um indivíduo consciente de seu papel na sociedade. Dessa maneira, a Cidadania pode ser definida como o conjunto de direitos e deveres que um indivíduo tem perante o Estado, e que podem ser entendidos como normas de conduta que devem ser seguidas. Ser cidadão é participar ativamente da vida e do governo de seu país. Embora esta afirmação deixe claro o conceito de cidadania, restam ainda algumas dúvidas como, por exemplo, que direitos seriam esses que tem o cidadão brasileiro? E quais seriam seus deveres? 30 2 Direitos e Garantias Individuais Para começar, vamos analisar os direitos chamados de individuais. Atualmente, a Constituição prevê uma série de direitos individuais compostos tanto por direitos do homem quanto por direitos fundamentais. Essa distinção se faz porque os chamados direitos do homem são aqueles inerentes à condição humana, cabendo ao Estado, por meio da Constituição, reconhecê-los como preexistentes. Já os direitos fundamentais são aqueles considerados indispensáveis à pessoa humana; a legislação brasileira cria e estabelece garantias para protegê-los. O conjunto de direitos individuais é bastante extenso e não se esgota apenas naqueles previstos na Constituição Federal, podendo constar também nos Tratados de Direito Internacional ou quaisquer outras fontes legislativas, tamanha é a sua importância. g De acordo com o Art. 5º da Constituição Federal, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, sendo garantida aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Para conhecer melhor seus direitos, consulte o texto completo da Constituição através do link a seguir. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm 31 3 Direitos Sociais e Fundamentos Básicos Constitucionais As mudanças causadas pela Revolução Industrial modificaram a relação de trabalho entre patrões e empregados, principalmente restringindo as condições abusivas impostas aos trabalhadores até então. Constatou-se, por aquele contexto, a necessidade de intervençãoestatal como forma de proteger o lado mais fraco da relação (os empregados). Os patrões perderam o direito de definir a jornada de trabalho diária de seus empregados e o Estado passou a determinar, por lei, qual deveria ser a jornada mais razoável e justa. e A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de produção. Enquanto na Idade Média o artesanato era a forma de produzir mais utilizada, na Idade Moderna houve um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo. No século XIX esse processo se difundiu por outros países. Os direitos sociais vieram para complementar as conquistas até então realizadas, buscando aumentar a qualidade de vida dos cidadãos. A Constituição Federal trata dos direitos sociais em um capítulo próprio, classificando-os em direitos trabalhistas e direitos do homem, que dizem respeito, por exemplo, à previdência social que deve ser prestada ao indivíduo. 3.1 Direitos Sociais em Sentido Estrito A Constituição define em seu Art. 6º que são direitos sociais: educação, saúde, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. Entende-se que, assim dispondo, a Constituição está tratando do mínimo necessário para a dignidade humana. 32 Um exemplo é o direito à saúde. Esse direito implica que, nos casos de doença, todos têm direito a um tratamento compatível com os avanços da Medicina, não importando a sua situação financeira. O direito à saúde vem para exigir que o Estado garanta a continuidade da vida, executando medidas e serviços que previnam e tratem as doenças. Ainda sob essa perspectiva, há o direito à educação. A Constituição diz que “a educação é direito de todos e dever do Estado e da família”, o que significa que o Estado deve oferecer serviços educacionais a todos e que é dever da família verificar que crianças e adolescentes estejam estudando. Por fim, temos aqueles direitos sociais que asseguram ao ser humano a qualidade de vida, como o direito à cultura, ao lazer e a um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado. Todos esses direitos impõem ao Estado o dever de tomar ações positivas no intuito de concretizá-los e garanti-los. 3.2 Direitos Trabalhistas Para estudar os direitos trabalhistas é necessário, primeiro, saber o que é uma relação de emprego. De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a relação de emprego é aquela que envolve um empregador e um empregado, sendo o empregado qualquer pessoa que presta serviços com regularidade para outra, recebendo para isso um salário. A CLT define as condições mínimas de trabalho que o empregador deverá oferecer a seus empregados, especificando os principais direitos que devem ser observados, bem como as obrigações de empregados e empregadores. 33 Inicialmente, a Constituição estabelece como direito trabalhista a garantia contra a demissão arbitrária ou sem justa causa. Isso não quer dizer que o empregador esteja proibido de despedir alguém sem que haja justa causa. No entanto, existem restrições ao empregador para demissões sem justificativa, cabendo, no caso, indenização aos empregados dispensados. e Outro direito do trabalhador é o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que funciona da seguinte forma: a cada mês trabalhado o empregado tem direito a um depósito numa conta vinculada, administrada pela Caixa Econômica Federal, no valor correspondente a 8% de seu salário. A garantia de emprego engloba dois outros direitos. O primeiro deles é o aviso prévio, que é uma forma de assegurar que o empregado seja avisado com antecedência sobre sua dispensa, visando preveni-lo contra situações de dificuldade. O aviso prévio não é só um direito do empregado, mas também um dever deste para com o empregador. Ou seja, no caso de o empregado ser aquele que deseja romper o vínculo empregatício, também ele deverá avisar o patrão. O aviso prévio, conforme o próprio nome diz, deve anteceder a dispensa em, no mínimo, trinta dias para que o empregado ou o empregador possam se preparar para a situação. Dessa forma, o empregado que não recebeu previamente o aviso de sua dispensa deve receber como indenização um salário adicional, como se ele estivesse trabalhando naquele mês, enquanto que, ao empregador que não recebe o aviso de seu empregado, cabe o direito de descontar o valor do salário correspondente ao período. No mês de aviso prévio, o trabalhador tem direito a reduzir sua jornada de trabalho em duas horas para procurar outro emprego. Essas duas horas devem ser corridas, não podendo ser fracionadas à conveniência do empregador. No entanto, é facultado ao empregado optar pelo cumprimento da jornada integral, então com a possibilidade de faltar sete dias corridos. Por fim, a Constituição prevê a possibilidade de o trabalhador receber o seguro- desemprego. O tempo de benefício varia em função do tempo trabalhado no último emprego. Esse recebimento dar-se-á nas condições estipuladas em Lei, devendo o empregado cumprir alguns requisitos, como estar naquele mesmo emprego há pelo 34 menos seis meses. O recebimento do seguro-desemprego está ainda condicionado à liberação de guias referentes a tal seguro pelo empregador, o que é um direito do empregado quando da dispensa imotivada. Devemos destacar, ainda, o direito a dois benefícios financeiros que incrementam a renda do trabalhador: o décimo terceiro salário e as férias. e O décimo terceiro salário busca proporcionar condições de comemorar devidamente as festas de fim de ano. Conforme o próprio nome diz, o décimo terceiro salário é uma parcela salarial com o mesmo valor dos demais salários mensais. Para não onerar a empresa, esse salário adicional é pago em duas parcelas. O empregado terá direito a férias sempre que tiver trabalhado por pelo menos um ano na empresa. Após ter adquirido o direito a férias, o empregado terá, com data à escolha do empregador, o período de mais um ano para fazer uso delas. Uma vez concedidas as férias, o empregado terá então direito a receber, naquele mês, o salário acrescido de um terço de seu valor, para garantir que o trabalhador de férias possa aproveitá-las bem, sem maiores dificuldades financeiras. Além dos direitos trabalhistas que acabamos de discutir, há ainda muitos outros que podem ser enumerados, como por exemplo, a duração máxima da jornada de trabalho – de oito horas diárias – sendo que todas as horas excedentes serão consideradas extras e deverão ser remuneradas com adicional de, no mínimo, 50% de seu valor. Conclusão Como a Constituição diz que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, todos são cidadãos e possuem os mesmos direitos. Vale realçar que, no Brasil, os trabalhadores são agentes sociais importantes na defesa dos direitos humanos. Fortalecer este papel é uma forma de ampliar a consciência de todos quanto aos seus direitos e deveres, fazendo com que se tenha conhecimento da realidade e dos problemas nas diversas regiões do país. 35 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a relação de emprego é aquela que envolve um empregador e um empregado, sendo o empregado qualquer pessoa que presta serviços com regularidade para outra, recebendo para isso um salário. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. É um direito do trabalhador a duração máxima da jornada de trabalho, de doze horas diárias, sendo que até três horas excedentes é considerada hora extra não remunerada. Só é remunerada a hora extra quando ultrapassa as três horas excedentes. Verdadeiro ( ) Falso ( )Atividades 36 Referências BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069Compilado.htm>. Acesso em: 28 jun. 2017. _______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 28 jun. 2017. ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Direitos humanos. Portal da internet, 2017. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/>. Acesso em: 28 jun. 2017. REZENDE, Maria José de. Os objetivos de desenvolvimento do milênio da ONU: alguns desafios políticos da co-responsabilização dos diversos segmentos sociais no combate à pobreza absoluta e à exclusão. Investig. desarro., [online], v.16, n. 2, 2008, p.184-213. 37 Gabarito Questão 1 Questão 2 Unidade 1 V F Unidade 2 V F Apresentação Unidade 1 | Direitos Humanos 1 Introdução 2 Conceito de Direitos Humanos 3 A História dos Direitos Humanos 4 Declaração Universal dos Direitos Humanos 5 Oito Objetivos do Milênio 6 Como os Direitos Humanos Estão no Dia a Dia das Pessoas 7 Alguns Deveres Importantes de Todo Cidadão 8 Direitos Humanos e o Trabalho 9 Direitos Humanos nas Estradas 10 Direitos Humanos no Trânsito Atividades Referências Unidade 2 | Cidadania e Direitos do Cidadão 1 Cidadania 2 Direitos e Garantias Individuais 3 Direitos Sociais e Fundamentos Básicos Constitucionais 3.1 Direitos Sociais em Sentido Estrito 3.2 Direitos Trabalhistas Atividades Referências Gabarito
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