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Tarifas e Custos Logísticos e de Transporte SEST – Serviço Social do Transporte SENAT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte ead.sestsenat.org.br CDU 656 99 p. :il. – (EaD) Curso on-line – Tarifas e Custos Logísticos e de Transportes – Brasília: SEST/SENAT, 2016. 1. Transporte - aspectos financeiros. 2. Transporte - aspectos logísticos. I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte. III. Título. 3 Sumário Apresentação 6 Módulo 1 7 Unidade 1 | Definições de Custos Totais de Produção 8 1 Introdução 9 2 Custos Totais: Fixos e Variáveis 10 2.1 Custos Fixos 10 2.2 Custos Variáveis 11 2.3 Custos Totais Médios 11 3 Outros Conceitos de Custos 12 3.1 Custo Direto 12 3.2 Custo Indireto 13 3.3 Custos Não Fabris 13 Glossário 14 Atividades 15 Referências 16 Unidade 2 | Custos como Instrumento de Tomada de Decisão 18 1 Análise Custo-Volume-Lucro 19 2 Lucro 19 3 Ponto de Equilíbrio (Ponto de Ruptura ou Break-Even Point) 22 4 Outras Importantes Aplicações do Modelo CVL 23 5 Cálculo de Quantias Desconhecidas 23 6 Cálculo da Margem de Segurança 23 7 Cálculo do Ponto de Equilíbrio Financeiro e do Ponto de Equilíbrio Econômico 24 8 Análise CVL Multiprodutos 24 4 9 Resumo da Análise CVL 26 Glossário 27 Atividades 28 Referências 29 Unidade 3 | Custos Logísticos 31 1 Custos de Transporte 33 2 Custos de Manutenção de Estoques 38 3 Custos do Processamento de Pedidos 39 4 Custos Logísticos Totais 41 Atividades 43 Referências 44 Módulo 2 46 Unidade 4 | Formação dos Preços de Fretes 47 1 Introdução aos Fretes 48 2 Fatores que Influenciam no Valor do Frete 50 2.1 Percurso de Realização do Transporte 51 2.2 Tipo de Carga a Ser Transportada 53 2.2.1 Tipo de Unitização 54 2.2.2 Cargas Perigosas 55 2.2.3 Característica de Conservação da Carga 55 2.2.4 Densidade das Cargas 56 3 Tipo de Veículo Transportador 58 4 Influências Externas ao Transporte 59 5 Tipo de Serviço de Transporte 59 6 Tempo do Transporte 65 7 Cálculo do Valor do Frete 65 5 8 Etapas do Serviço de Transporte 66 9 Formação de Preços do Serviço de Transporte – Frete 67 9.1 Frete Peso 68 9.2 Despesas Administrativas 69 9.3 Margem de Lucro 71 9.4 Reduções do Frete Básico 71 9.5 Frete Valor 73 9.5.1 Gerenciamento de Riscos no Transporte de Cargas (GRIS) 73 9.5.2 Seguros Obrigatórios para o Transporte de Cargas 74 9.6 Cálculo do Frete Valor (GRIS e Seguros) 75 9.7 Custos Complementares 76 Glossário 77 Atividades 78 Referências 79 Unidade 5 | Contratos de Serviços de Transporte 81 1 Introdução ao Contrato de Transporte de Cargas 82 2 Campos do Conhecimento de Transporte de Cargas 84 3 Número de Vias do Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas 92 4 Responsabilidade do Transportador 92 4.1 Penalidades Aplicadas ao Transportador 94 Atividades 95 Referências 96 Gabarito 98 6 Apresentação Prezado(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) ao curso Tarifas e Custos Logísticos e de Transportes! Neste curso, você encontrará conceitos, situações extraídas do cotidiano e, ao final de cada unidade, atividades para a fixação do conteúdo. No decorrer dos seus estudos, você verá ícones que têm a finalidade de orientar seus estudos, estruturar o texto e ajudar na compreensão do conteúdo. Este curso possui carga horária total de 35 horas e foi organizado em 2 módulos, totalizando 5 unidades, conforme a tabela a seguir. Fique atento! Para concluir o curso, você precisa: a) navegar por todos os conteúdos e realizar todas as atividades previstas nas “Aulas Interativas”; b) responder à “Avaliação final” e obter nota mínima igual ou superior a 60; c) responder à “Avaliação de Reação”; e d) acessar o “Ambiente do Aluno” e emitir o seu certificado. Este curso é autoinstrucional, ou seja, sem acompanhamento de tutor. Em caso de dúvidas, entre em contato através do e-mail suporteead@sestsenat.org.br. Bons estudos! Módulos Unidades Carga Horária Módulo 1 Unidade 1 | Definições de Custos Totais de Produção 7h Unidade 2 | Custos como Instrumento de Tomada de Decisão 7h Unidade 3 | Custos Logísticos 7h Módulo 2 Unidade 4 | Formação dos Preços De Fretes 7h Unidade 5 | Contratos de Serviços de Transporte 7h Tarifas e Custos Logísticos e de Transporte MÓDULO 1 8 UNIDADE 1 | DEFINIÇÕES DE CUSTOS TOTAIS DE PRODUÇÃO 9 Unidade 1 | Definições de Custos Totais de Produção Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao curso Tarifas e Custos Logísticos e de Transportes! Esta é a primeira unidade do nosso curso. Nela, você será apresentado aos conceitos de custo total de produção e, ao final, deve identificar conceitos como custo total, custo direto, custo fixo, custo variável, entre outros. Bons estudos! 1 Introdução Contadores e economistas definem custo total de produção de um bem ou de um serviço de forma distinta. Para os contadores, o custo total de produção é a soma dos custos dos insumos que foram lançados nos livros contábeis. Já para os economistas o custo total é avaliado pelos custos de oportunidade dos insumos empregados na produção. Eis alguns exemplos de custo de oportunidade: • O custo de oportunidade do tempo gasto na obtenção da solução de uma questão em uma prova é o tempo perdido em trabalhar em uma outra questão. • O custo de oportunidade de utilizar seu armazém para estocar, manusear e distribuir produtos é o lucro que poderia ter sido obtido pelo aluguel do espaço a terceiros. • O custo de oportunidade de aumentar a frota de caminhão é o retorno que poderia ter sido obtido pela aplicação do dinheiro no mercado financeiro. • A definição de custo total de produção de um bem ou serviço do economista parece ser mais correta, todavia a apuração dos custos é mais trabalhosa. Para os nossos propósitos, vamos assumir que não existem distintas definições de custos totais de produção. 10 2 Custos Totais: Fixos e Variáveis O custo total é a soma de todos os custos associados à produção de uma mercadoria (serviço). O custo total (CT) divide-se em dois componentes: custos totais fixos e custos totais variáveis, isto é: Onde F e CV são os custos totais fixos e variáveis, ou simplesmente, os custos fixos e variáveis, respectivamente. FCV 2.1 Custos Fixos Os custos fixos são frequentemente definidos como aqueles custos que não podem ser reduzidos independentemente do nível de produção. Ou seja, mesmo que a empresa decida produzir zero, ela terá de pagar os custos fixos. Se definirmos o custo fixo médio ( ) como sendo: Então, não é difícil verificar que cai à medida que a produção (Q) cresce. A equação [2] representa a curva de custo fixo médio. Finalmente, vale mencionar que existem custos fixos que necessitam ser pago apenas se a empresa decidir produzir uma quantidade positiva de produto ou serviço. Um exemplo poderia ser a energia elétrica utilizada para iluminar. Se a empresa produzir [1]CT = F + CV [2] 11 zero, não precisará gastar com iluminação, mas se produzir qualquer quantidade positiva, terá de comprar uma quantidade fixa de eletricidade para iluminação. Estes custos são chamados de custos quase-fixos. 2.2 Custos Variáveis Por definição, os custos variáveis são os custos nos quais se incorre pela utilização de insumos variáveis no processo de produção. Dito de outra forma, os custos variáveis variam com o nível de produção e incluiriam, portanto, a conta de salários, a conta de matérias-primas, a conta de combustível, e assim por diante. Os custos variáveis médios ( ) são definidos como: A equação [3] resume a curva de custo variável médio. Se bem comportada, a curva de custo variável médio deve inicialmente cair e depois subir com o aumento da produção. Ela tem o formato de “U”. A demonstração do formato da curva de custo médio é complexa e, assim, está fora do escopo deste Curso. De todo modo, se você é curioso consulte o livrodo Miller (1981: cap. 7 e 8) ou do Vasconcellos (2001: cap. 5 e 6). 2.3 Custos Totais Médios Sem surpresa, os custos totais médios são definidos da seguinte forma: ou simplismente, [3] [3] [4] [5] 12 A equação [5] traduz a curva de custo total médio. Vamos agora fazer um exercício para fixar os conceitos de custo fixo médio, custo variável médio e custo total médio. 3 Outros Conceitos de Custos A seguir apresentamos alguns conceitos de custos também usados no dia-a-dia das empresas. 3.1 Custo Direto O custo direto é qualquer custo que pode ser relacionado diretamente com um objeto de custo. A propósito, o que é objeto de custo? Resposta: qualquer item a que um custo é atribuído, como por exemplo, uma mercadoria, um serviço, um departamento, um centro de distribuição ou uma linha de ônibus. 13 3.2 Custo Indireto O custo indireto é qualquer custo que não pode ser relacionado diretamente com um objeto de custo. Muitas vezes um custo pode ser direto em relação a um objeto do custo e indireto em relação a outro. Por exemplo, o salário do supervisor de uma certa linha de ônibus é um custo direto em relação a essa linha, mas é indireto em relação às outras linhas que ele supervisiona. 3.3 Custos Não Fabris Os custos não fabris têm dois elementos: custos de vendas e custos administrativos. Os custos de vendas são os custos necessários à obtenção de pedidos dos clientes e fornecimento dos produtos acabados a eles. Incluem propaganda, comissões de vendas, custos de entrega, custos logísticos, custos de estoque, entre outros. Mais adiante neste componente curricular, você estudará mais em detalhes os seguintes assuntos: • Custos de transportes • Custos de manutenção de estoque • Custos de requisição, compra ou pedido 14 Os custos administrativos são os custos necessários para administrar a empresa e suprir o apoio administrativo; incluem, por exemplo, os salários dos executivos e dos auxiliares administrativos, os custos dos serviços jurídicos, financeiros, contábeis e de processamentos de dados. Glossário Custo de Oportunidade: É definido como o valor de um recurso (insumo, por exemplo) em seu melhor uso alternativo. Insumos: Recursos usados na produção de um bem ou serviço, como por exemplo: talento gerencial; mão de obra; máquinas e equipamentos; armazéns; e prédios de garagens de ônibus e de caminhões. Objeto de Custo: Qualquer fim ao qual um custo é atribuído: um produto; uma linha de ônibus; um centro de distribuição, etc. 15 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. O custo total é a soma de todos os custos variáveis associados à produção de uma mercadoria (serviço). Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Os custos quase-fixos são aqueles que necessitam ser pagos apenas se a empresa decidir produzir uma quantidade positiva de produto ou serviço. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 16 Referências ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística aplicada: suprimento e distribuição física. São Paulo: Pioneira, 1994. BALLOU, R. R. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. _______. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. BREALEY, R. A.; MYERS, S. C. Princípios de finanças empresariais. Lisboa: McGraw- Hill, 1992. BRIGHAM, E. F.; HOUSTON, J. F. Fundamentos da moderna administração financeira. Rio de Janeiro: Campus, 1999. CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operação. São Paulo: Pearson – Prentice Hall, 2003. COIMBRA, D. B. O conhecimento de carga no transporte marítimo. São Paulo: Aduaneiras, 2004. FLEURY, P. F. et al. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. GEIPOT – Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes. Conhecimento único de transporte: análise e conveniência de sua implantação. Brasília: GEIPOT, 1982. IUDÍCIBUS, S. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1998. MAHER, M. Contabilidade de custos: criando valor para a administração. São Paulo: Atlas, 2001. 17 MARTINS, E. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2003. MILLER, R. L. Microeconomia. São Paulo: McGraw-Hill, 1981. NTC – Associação Nacional do Transporte Rodoviáro de Cargas. Custo Real: sistema de apuração de custos e formação de preços do transporte rodoviário de cargas. São Paulo: Morumbi Artes Gráficas, 1996. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. São Paulo: Makron, 1994. TEIXEIRA FILHO, J. L. L. Modelos analíticos de fretes cobrados para o transporte de cargas. 2001. Instituto Militar de Engenharia. Rio de Janeiro. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2001. 18 UNIDADE 2 | CUSTOS COMO INSTRUMENTO DE TOMADA DE DECISÃO 19 Unidade 2 | Custos como Instrumento de Tomada de Decisão Caro (a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à segunda unidade do nosso curso! A partir de agora, perceberemos como os custos funcionam como instrumento de tomada de decisão e introduziremos mais alguns conceitos e definições. Bons estudos! 1 Análise Custo-Volume-Lucro É o estudo das inter-relações entre custos e volume (produção) e da forma como eles afetam o lucro. Vamos, então, apresentar a análise custo-volume- lucro (CVL) e discutir o seu uso na tomada de decisões gerenciais. 2 Lucro O lucro (L) é igual à receita total (RT) menos custo total (CT). Matematicamente, temos: A receita total é simplesmente o preço do produto ou serviço (P) pela quantidade vendida ou demandada (Q): [6]L = RT - CT [7]RT = P x Q 20 Como vimos anteriormente, o custo total pode ser divido em um componente fixo (F), que não varia com alterações no volume produzido dentro de um intervalo relevante (curto prazo), e em um componente que varia com o volume produzido (CV): O custo variável é igual ao produto do custo variável unitário (v) pela quantidade produzida e vendida (Q). Portanto, a equação do custo total passa para: Podemos definir que: • v = custo variável unitário de produção + custo variável unitário de marketing + custos variáveis unitários administrativos. • F = custos fixos de produção + custos fixos de marketing + custos fixos administrativos no período. • Q = quantidade produzida e vendida (demandada). Agora, substituindo as equações [7] e [8] em [6] para obter: Ou, arrumando os termos para encontrar: O termo, [(P – v) × Q], da equação [9] é a chamada margem de contribuição, é a diferença entre receitas e custos variáveis. Dito de outra forma, a margem de contribuição é a quantia com que as unidades vendidas contribuem para cobrir os custos fixos e gerar lucro operacional. [8]CT = F + CV [8’]CT = F + (v x Q) L = (P x Q) - F + (v x Q) [9] L = [(P - v) x Q] - F [9’] 21 Pode-se estar interessado em calcular o valor das vendas, no lugar da quantidade produzida e vendida, para um dado lucro . Utilizando [9], fazendo L = e re-arrumando os termos para obter: Então, a equação [10] fornece a quantidade produzida e vendida ao nível de lucro . O cálculo para o valor das vendas é facilmente feito a partir de [10]. Primeiro, vamos multiplicar a equação [10] por P: Depois, vamos dividir o numerador e o denominador do lado direito de [10] por P, assim: O termo no denominador é o índice da margem de contribuição. [10] [10] [10] [10] [11] [12] [13] 22 3 Ponto de Equilíbrio (Ponto de Ruptura ou Break-Even Point) O ponto de equilíbrio é o volume de vendas para o qual o lucro é zero. Fazendo: = 0 nas equações [10] e [13] temos O ponto de equilíbrio é o volume (produção) para o qual RT = CT. Então:a) Se Q<QPE, a firma incorre em prejuízo operacional. b) Se Q>QPE, a firma obtém lucro operacional. Da equação [14] e [15], não é difícil concluir que quanto mais altos os custos fixos de uma firma, mais alto seu ponto de equilíbrio. Como regra geral, empresas que têm baixos custos fixos adaptam-se mais facilmente a alterações da demanda por seus produtos do que empresas com altos custos fixos. [10] [15](em valor das vendas) [14](em unidades) 23 4 Outras Importantes Aplicações do Modelo CVL O modelo CVL tem outras aplicações como, por exemplo: • Cálculo de quantias desconhecidas (lucro, custos fixos e variáveis) • Cálculo da margem de segurança • Cálculo do ponto de equilíbrio financeiro e do ponto de equilíbrio econômico 5 Cálculo de Quantias Desconhecidas Pode-se estar interessado, por exemplo, em saber qual o lucro ou prejuízo a ser obtido dados: um certo volume de vendas, a margem de contribuição unitária e os custos fixos. 6 Cálculo da Margem de Segurança A margem de segurança é o excedente das vendas reais ou projetadas sobre o ponto de equilíbrio. Isto é, (em unidades): Margem de Segurança = Volume de Vendas - Ponto de Equilíbrio. [16] A margem de segurança pode ser considerada uma medida de risco. Ela indica o volume pelo qual as vendas podem cair, até que a firma comece a perder dinheiro. 24 7 Cálculo do Ponto de Equilíbrio Financeiro e do Ponto de Equilíbrio Econômico Não raro, os administradores podem estar mais interessados no impacto do volume de atividades sobre o caixa do que sobre o lucro operacional (contábil). Isto é, muitas vezes deseja-se saber se é possível operar com prejuízo contábil, mas ter um fluxo de caixa positivo – este tipo de análise pode ser particularmente relevante em tempos econômicos adversos. Usualmente, a depreciação está incluída nos custos fixos e sabemos que a importância relativa à depreciação não irá representar desembolso de caixa no período. Então, neste caso, o valor da depreciação deverá ser retirado dos desembolsos fixos. O ponto de equilíbrio diminuirá, ceteris paribus. Resultado: a empresa obtém equilíbrio financeiro, mas prejuízo contábil; ela não está conseguindo recuperar-se da parcela consumida do seu ativo imobilizado. O custo de oportunidade do capital investido geralmente não é incluído nas medidas de custos usadas no modelo tradicional CVL. Daí, um ponto de equilíbrio contábil não significa que a empresa está em equilíbrio econômico. Na verdade, a empresa está perdendo, pelo menos, o montante de recursos pago pela taxa de mínima atratividade, que é definida pelo custo de oportunidade do capital investido. 8 Análise CVL Multiprodutos Sabe-se que muitas empresas produzem muitos produtos com os mesmos ativos. Neste caso, a equação do lucro é dada por: L = (P1 - v1) x Q1 + (P2 - v2) x Q2 +...+ (Pn - vn) x Qn = F [17] onde P1, v1 e Q1 é o preço, a margem de contribuição unitária e a quantidade do produto i (= 1, 2,...,n), respectivamente. F representa os custos fixos. A análise CVL, portanto, torna-se complexa. O número de soluções possíveis é grande, porque muitas combinações de produtos produzirão o mesmo lucro. 25 Na prática, para se calcular o ponto de equilíbrio, costuma-se usar um dos seguintes critérios: • Combinação fixa de produtos • Margem de contribuição ponderada É importante destacar que os parâmetros para qualquer dos dois critérios podem ser obtidos de dados históricos da empresa. Suponha uma empresa que venda dois produtos, Q1 e Q2. Então: Q = Q1 + Q2. A equação do lucro dessa empresa é dada por: L = (P1 - v1) x Q1 + (P2 - v2) x Q2 - F. [18] Historicamente, a participação de Q1 nas vendas é λ e, logo, a de Q2 é (1 - λ), isto é: Usando as expressões [19] e [20] chega-se, por exemplo, a Q1 = λQ. Feito isso, podemos substituir Q1 em [18] e dados L (= 0), P1, v1, P2, v2 e F encontramos Q2 que equilibra RT e CT. Dado Q2, Q1 é facilmente obtido a partir de [18] por exemplo. Ponto importante: custos fixos comuns a produtos múltiplos. Para encontrar o ponto de equilíbrio da firma multiprodutos os custos fixos comuns (FC) devem ser atribuídos a cada produto, por meio de um método de rateio (Glossário). Neste caso temos: onde a1 é o fator de rateio do produto i e F1 é os custos fixos associados ao produto i. [19] [20] [21],i = 1, 2,...,n 26 O volume condizente com o ponto de equilíbrio da firma multiprodutos é: Note-se que se os custos fixos comuns não forem incluídos no cálculo do ponto de equilíbrio do produto i a firma poderá incorrer em déficit. 9 Resumo da Análise CVL A análise CVL ajuda a pensar como administrar uma empresa. O modelo fornece informações sobre os reflexos, no lucro, dadas variações no preço de venda, no volume e nos custos fixos e variáveis. Pode-se dizer que a análise CVL é uma ferramenta poderosa a serviço dos decisores. Resumindo É importante compreender e administrar os custos porque empresas competitivas mantêm os custos sob controle. É importante que você saiba que existem outros conceitos de custos não estudados nas unidades de aprendizagem anteriores, como por exemplo, os custos irrecuperáveis: gastos realizados no passado que não mais podem ser alterados por decisões presentes ou futuras. Agora, você estudará detalhadamente os chamados custos não fabris, em particular, os logísticos de transporte, de pedidos e de manutenção de estoques (custos de transação). [22] 27 Glossário Ceteris Paribus: Expressão proveniente da língua latina que significa “todas as outras variáveis mantidas constantes”. Custos de Transação: Custos associados ao ato de comprar e vender mercadorias e serviços. Depreciação: Refere-se ao valor do desgaste dos equipamentos usados na fabricação de mercadorias e serviço. Taxa de Mínima Atratividade: Custo de oportunidade do capital investido. 28 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Como regra geral, empresas que têm altos custos fixos adaptam-se mais facilmente a alterações da demanda por seus produtos do que empresas com baixos custos fixos. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. A análise custo-volume-lucro (CVL) é o estudo das inter-relações entre custos e volume (produção) e da forma como eles afetam o lucro. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 29 Referências ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística aplicada: suprimento e distribuição física. São Paulo: Pioneira, 1994. BALLOU, R. R. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. _______. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. BREALEY, R. A.; MYERS, S. C. Princípios de finanças empresariais. Lisboa: McGraw- Hill, 1992. BRIGHAM, E. F.; HOUSTON, J. F. Fundamentos da moderna administração financeira. Rio de Janeiro: Campus, 1999. CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operação. São Paulo: Pearson – Prentice Hall, 2003. COIMBRA, D. B. O conhecimento de carga no transporte marítimo. São Paulo: Aduaneiras, 2004. FLEURY, P. F. et al. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. GEIPOT – Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes. Conhecimento único de transporte: análise e conveniência de sua implantação. Brasília: GEIPOT, 1982. IUDÍCIBUS, S. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1998. MAHER, M. Contabilidade de custos: criando valor para a administração. São Paulo: Atlas, 2001. 30 MARTINS, E. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2003. MILLER, R. L. Microeconomia. São Paulo: McGraw-Hill, 1981.NTC – Associação Nacional do Transporte Rodoviáro de Cargas. Custo Real: sistema de apuração de custos e formação de preços do transporte rodoviário de cargas. São Paulo: Morumbi Artes Gráficas, 1996. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. São Paulo: Makron, 1994. TEIXEIRA FILHO, J. L. L. Modelos analíticos de fretes cobrados para o transporte de cargas. 2001. Instituto Militar de Engenharia. Rio de Janeiro. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2001. 31 UNIDADE 3 | CUSTOS LOGÍSTICOS 32 Unidade 3 | Custos Logísticos Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais uma unidade de aprendizagem! Você viu na unidade de aprendizagem anterior os conceitos econômicos importantes para definir e classificar os diferentes tipos de custos existentes nas atividades empresariais. Vimos que os custos podem ser fixos ou variáveis, diretos ou indiretos, podem ser expressos em termos médios e até mesmo como a soma de todos os custos de uma determinada atividade econômica, os chamados custos totais. Essa conceituação é importante para que possamos, nesta unidade, definir os custos das diferentes atividades da logística e do transporte de cargas. Você lembra das principais atividades da logística? Antes de definirmos os parâmetros que definem os custos de cada uma delas, vamos recordá-las! Pois bem, lembremos que elas eram classificadas em atividades primárias e em atividades de apoio. As atividades primárias são o transporte, os estoques e o processamento de pedidos. Já as atividades de apoio são mais numerosas. Entre elas, podemos destacar a armazenagem, a embalagem, a movimentação e o manuseio, a obtenção, a programação da produção, etc. Vamos definir como são medidos os custos das atividades primárias da logística (elas representam a maior parte dos custos logísticos totais), começando com os custos de transporte! 33 1 Custos de Transporte De acordo com Alvarenga e Novaes (1994), os custos normalmente se relacionam com diversas variáveis operacionais. Porém, quase sempre, uma variável tem mais importância na definição do custo de determinada atividade que as outras. No transporte rodoviário de cargas, por exemplo, o custo é fortemente relacionado com a distância de movimentação das cargas (a distância percorrida entre o ponto de origem e o ponto de destino das cargas) e com o tempo de viagem. Assim, podemos deduzir que quanto maiores forem a distância percorrida e o tempo de viagem, mais elevado será o custo de transporte e mais caro será seu preço (nós veremos a definição de preços e tarifas das atividades logísticas mais adiante, neste componente curricular). Note bem que as despesas com o combustível e com os pneus são relacionadas com a distância percorrida, enquanto que as despesas com o salário da equipe (motorista e ajudantes) estão diretamente relacionadas com o tempo de viagem. Alvarenga e Novaes (1994) observam que no transporte rodoviário de carga a distância predomina sobre o tempo, uma vez que ela consegue explicar melhor os custos gerados pelas viagens do que o tempo. Além disso, o tempo e a distância têm forte correlação: quando a distância é longa, o tempo de viagem é elevado, e vice-versa. Agora podemos dizer que os custos de transporte rodoviário de cargas são variáveis quando são influenciados pela distância percorrida (quilometragem percorrida) e são fixos quando não variam com a distância percorrida. Vamos então calcular qual é o custo de combustível para se realizar um conjunto de viagens durante determinado período de tempo por uma empresa de transporte rodoviário de cargas. 34 Para isso, precisamos levantar algumas informações, como por exemplo: o preço do litro de combustível, a quilometragem percorrida para a totalidade das viagens, o consumo de combustível por quilômetro ou o consumo total de combustível em litros para a quilometragem rodada no período. É importante manter um registro das informações na logística porque sem elas não poderíamos calcular o custo de combustível consumido pelos caminhões de uma empresa de transporte, por exemplo. Vamos simular alguns dados para resolvermos o problema proposto acima. • Preço do litro de óleo diesel = R$ 1,70 • Quilometragem total percorrida no período = 1.500 Km • Consumo médio de combustível pelo caminhão = 5 Km rodados por litro de combustível De posse dessas informações, agora podemos calcular o custo com combustível para o caso enunciado. Custo com combustível = 1,70 x (1500/5) = R$ 510,00 Da mesma maneira, poderemos calcular os outros itens de custo de transporte para a empresa, desde que tenhamos as informações disponíveis. Você acha que as outras modalidades de transporte de carga como por exemplo o transporte aéreo e o transporte marítimo também têm seus custos relacionados à distância percorrida? A resposta correta é não! Na verdade, a variável definidora dos custos depende da modalidade de transporte e também do tipo de serviço oferecido. Para o transporte aéreo, por exemplo, é comum relacionarem-se os custos ao tempo de viagem (o consumo de combustível de um avião é explicado melhor pelas horas de voo do que pela distância de voo). Para o transporte marítimo, os custos variáveis são baseados nos dias de viagem. Assim, cada modalidade tem especificidades para calcular seus custos de transporte. Uma forma alternativa de cálculo dos custos de transporte rodoviário, também muito utilizada na prática, consiste em considerar simultaneamente o peso transportado, a distância e a tarifa de transporte, resultando na seguinte equação: 35 CTr = P x d x tar Onde: CTr = custo de transporte em reais P = peso transportado em toneladas d = distância percorrida em km tar = tarifa de transporte em reais/ton.km A tarifa mostra quanto custa, em reais, o transporte de 1 tonelada do produto por um quilômetro de estrada (reais/ton.km). Cabe lembrar que a fixação da tarifa de transporte de cargas depende de uma série de parâmetros operacionais e econômicos da atividade de transporte que serão melhor apresentadas na próxima unidade deste curso. Vamos, porém, citar alguns desses parâmetros que influenciam a tarifa de transporte. São eles: • O tipo e as características do produto transportado (carga geral, produto perigoso, produto de alto valor, produto perecível, etc.); • O tipo de modal de transporte ou a combinação de modais utilizada; • O nível de competição entre os transportadores; • O mercado considerado; • As características e a capacidade de carga do veículo utillizado; • As características geográficas da região de atuação; • A qualidade da infraestrutura de transporte existente; • O volume de carga existente, entre outros parâmetros. 36 Vamos trabalhar um exemplo de cálculo do custo de transporte rodoviário com o uso da equação detalhada acima. Exemplo: Imagine que uma indústria localizada numa cidade A compre matéria-prima para sua produção de uma cidade B. Após fabricar o produto acabado, ela venderá esse bem em outra cidade chamada de C. A seguir são fornecidas as informações acerca das quantidades de matéria-prima e de produto acabado que essa empresa compra e distribui. • Quantidade de matéria-prima comprada da cidade B = 2.000 toneladas • Quantidade de produto acabado vendido na cidade C = 1.200 toneladas • Distância entre as cidades A e B = 45 km • Distância entre as cidades A e C = 60 km • Tarifa de frete para matéria-prima = 8 reais/ton.km • Tarifa de frete para produto acabado = 15 reais/ton.km Com os dados acima, vamos calcular o custo de transporte para essa empresa movimentar os produtos necessários às atividades de suprimento e distribuição. Você já percebeu que temos custos de transporte relacionados ao suprimento de matéria-prima e, também, custos de transporte ligados à distribuição de produtos acabados. Vamos calculá-los!• Custos de transporte para o suprimento de matérias-primas entre A e B = CTr Suprim. Ctr Supri = P x d tar 37 Logo, aplicando os valores fornecidos no exemplo, temos: Ctr Supri = 2000 x 45 x 8 Ctr Suprim = 720.000 reais Agora vamos determinar qual é o montante dos custos de transporte de produtos acabados. Custos de transporte para a distribuição de produtos acabados entre A e C = CTr Distrib Aplicando novamente a equação do custo de transporte, teremos: Ctr Distrib = 1200 x 60 x 15 Ctr Distrib = 1.080.000 reais Finalmente, podemos determinar qual é o montante dos custos com transporte para a empresa A. Temos então que somar o custo de transporte de suprimento de matéria-prima com o custo de transporte de distribuição de produto acabado. Assim, o custo total com transportes é dado por: Ctr = CTr Suprim + Ctr Distrib Ctr = 720.000 + 1.080.000 Ctr = 1.800.000 reais Agora que já vimos como se determina o custo de transporte, podemos passar para a determinação do custo das outras atividades logísticas. Vamos em frente! 38 2 Custos de Manutenção de Estoques Anteriormente, apresentamos detalhes do controle de estoques de produtos nas empresas em geral e, em particular, em empresas de transporte de cargas e de logística. Vimos que o custo com estoque é chamado de custo de oportunidade. Então, o estoque é um custo financeiro. As empresas quando colocam seus recursos investidos em produtos em estoque, deixam de investi-los em outras oportunidades, como por exemplo, em ações na bolsa de valores ou mesmo na caderneta de poupança. O que eles ganhariam nessas aplicações e deixam de ganhar para investir em estoques é o chamado custo de oportunidade. Desta maneira, os custos com estoque podem ser determinados pela seguinte equação: CEst = V x J x E/2 Onde: CEst = custo anual de manutenção de estoques V = valor unitário de um item do produto J = taxa de oportunidade de capital em % ao ano E = tamanho em unidades de um lote de compra do produto E/2 = estoque médio que a empresa mantém de produto ao longo do ano Assim, caso a empresa queira determinar quanto custa manter um produto em estoque ao longo de determinado período, ela necessita coletar as informações necessárias para a aplicação da equação apresentada. Vamos a um exemplo! Exemplo: Suponha que uma empresa compre determinado produto para mantê-lo em estoque enquanto ele não é vendido ou consumido ao preço unitário de R$ 5. A empresa também conhece seu custo de oportunidade, pois deixou de investir esses recursos numa aplicação financeira que poderia lhe trazer um rendimento de 25% ao ano. Além 39 disso, ela calculou o lote econômico de compra do produto e chegou à conclusão que ele é de 500 unidades. O lote econômico é a quantidade de compra que minimiza o custo com estoques. Agora podemos calcular o custo com estoques para essa empresa! Basta aplicarmos a equação. CEst = 5 x 0,25 x 500/2 CEst = 312,5 reais Das três atividades logísticas primárias nos falta definir o custo da atividade de processamento de pedidos. Vamos lá! 3 Custos do Processamento de Pedidos Os custos com a atividade de processamento de pedidos nas empresas estão diretamente relacionados à forma de comunicação que se utiliza entre o comprador e fornecedor por ocasião da aquisição de um produto. Nós já vimos que há diversas maneiras para se fazer um pedido de compras. Dentre as várias alternativas, podemos destacar os pedidos realizados via fax, via telefone, via vendedores que passam nos clientes e anotam os pedidos de mercadorias, via Internet, via EDI, via postal, etc. Dependendo da alternativa escolhida para realizar e processar os pedidos, a empresa incorrerá em custos mais ou menos elevados. De qualquer maneira, há algumas rubricas de despesas com pedidos que estão presentes em grande parte das alternativas de processamento de pedidos: • Salários e encargos de pessoal que trabalha com o processamento de pedidos; • Gastos com material de escritório e computadores; 40 • Gastos diversos com a central de pedidos, com energia elétrica, com telefone, etc. Podemos também definir uma equação que represente os custos totais relativos ao processamento de pedidos numa empresa, durante determinado período. Para isso, precisamos conhecer a demanda total pelo produto durante o período considerado. Vamos chamá-la de D. Em seguida, é necessário sabermos qual vai ser a quantidade de itens do produto ou dos produtos solicitada num pedido: é o tamanho do lote de compra, ou seja, é a quantidade de itens que iremos comprar a cada vez que faremos um pedido ao fornecedor. Vamos chamá-la de E. Finalmente, é preciso que computemos todas as rubricas de despesas necessárias para se fazer um pedido com a alternativa de comunicação escolhida entre o comprador e o fornecedor. A soma de todas as rubricas é o custo total para se fazer um pedido. Vamos chamá-lo de Cp (custo unitário para fazer um pedido). Por exemplo: se fizermos o pedido via fax, teremos que computar as despesas com a ligação telefônica, com as horas de trabalho do funcionário encarregado de fazer o levantamento das necessidades de aquisição da mercadoria e de transmitir o pedido, com o material de escritório necessário para o processo, entre outras. Vamos a um exemplo de cálculo do custo de processamento de pedidos! Exemplo: Suponha que uma empresa tenha realizado o levantamento das despesas incorridas para a realização de um pedido ao seu fornecedor e tenha encontrado o valor de R$ 10. Esse valor corresponde a Cp. Sua demanda ou consumo anual desse produto foi medida e se chegou ao valor de 2000 unidades/ano, que corresponde ao D, acima especificado. Além disso, a empresa realizou alguns cálculos e chegou à conclusão que o lote econômico de compra dessa mercadoria era de uma quantidade igual a 200 unidades por pedido, representado por E. 41 Assim, poderíamos determinar o custo total com os pedidos dessa empresa ao longo de um ano, através da seguinte equação: CTpedidos = Cp x D/E Substituindo os valores do exemplo na equação teremos: CTpedidos = 10 x 2000 / 200 = 100 reais / ano Note que a expressão D/E nos dá o número de pedidos que deve ser feito no período considerado. O número de pedidos multiplicado pelo custo unitário de processamento de um pedido nos fornece o custo total com pedidos para a empresa durante um determinado período, no nosso caso durante um ano. Podemos dizer que o passo mais difícil desse processo é a determinação do custo unitário do pedido, o Cp, não é mesmo? Para isso, a empresa deve possuir um sistema de informações que permita identificar as rubricas e valores dos custos para os processos ou atividades. 4 Custos Logísticos Totais Para determinarmos os custos logísticos totais, basta somarmos os custos individuais das várias atividades logísticas. Como dissemos no início da unidade, abordamos somente os custos das atividades logísticas primárias, que representam a maior parte dos custos logísticos totais. Isso não significa dizer que as atividades logísticas de apoio não gerem custos para as empresas, nem que seja impossível de calcular seus custos. Apenas vamos considerá-las agrupadas na rubrica “custos das atividades de apoio”, no nosso estudo, porque seus custos são menos elevados que os das atividades de transporte, estoque e pedidos. Assim, podemos determinar uma equação que representa os custos logísticos totais. Vamos a ela! CLogtotal = custo estoque + custo de transporte + custo de pedidos + custo das atividades logísticas de apoio. 42 Substituindo pelos termos das equações de custos das atividades encontradas anteriormente, temos que: CLogtotal = V x J x E/2 + P x d x tar + Cp x D/E Na próxima unidade, veremos o estudo da formação de preços de fretes! 43 a 1) Julgue verdadeiro ou falso. Podemos definir entre as atividades de apoio o transporte,os estoques e o processamento de pedidos e, entre as atividades primárias podemos destacar a armazenagem, a embalagem, a movimentação e o manuseio, a obtenção e a programação da produção. Verdadeiro ( ) Falso ( ) 2) Julgue verdadeiro ou falso. Entre os parâmetros, operacionais e econômicos, que influenciam a tarifa de transporte de cargas podemos citar as características geográficas da região de atuação, a qualidade da infraestrutura de transporte existente, o tipo de modal de transporte ou a combinação de modais utilizadas, entre outras. Verdadeiro ( ) Falso ( ) Atividades 44 Referências ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística aplicada: suprimento e distribuição física. São Paulo: Pioneira, 1994. BALLOU, R. R. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993. _______. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva, 2003. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. BREALEY, R. A.; MYERS, S. C. Princípios de finanças empresariais. Lisboa: McGraw- Hill, 1992. BRIGHAM, E. F.; HOUSTON, J. F. Fundamentos da moderna administração financeira. Rio de Janeiro: Campus, 1999. CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operação. São Paulo: Pearson – Prentice Hall, 2003. COIMBRA, D. B. O conhecimento de carga no transporte marítimo. São Paulo: Aduaneiras, 2004. FLEURY, P. F. et al. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. GEIPOT – Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes. Conhecimento único de transporte: análise e conveniência de sua implantação. Brasília: GEIPOT, 1982. IUDÍCIBUS, S. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1998. MAHER, M. Contabilidade de custos: criando valor para a administração. São Paulo: Atlas, 2001. 45 MARTINS, E. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2003. MILLER, R. L. Microeconomia. São Paulo: McGraw-Hill, 1981. NTC – Associação Nacional do Transporte Rodoviáro de Cargas. Custo Real: sistema de apuração de custos e formação de preços do transporte rodoviário de cargas. São Paulo: Morumbi Artes Gráficas, 1996. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. São Paulo: Makron, 1994. TEIXEIRA FILHO, J. L. L. Modelos analíticos de fretes cobrados para o transporte de cargas. 2001. Instituto Militar de Engenharia. Rio de Janeiro. VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2001. Tarifas e Custos Logísticos e de Transporte MÓDULO 2 47 UNIDADE 4 | FORMAÇÃO DOS PREÇOS DE FRETES 48 Unidade 4 | Formação dos Preços de Fretes Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) a mais uma unidade do nosso curso! Veremos agora, como ocorre o processo de formação dos preços de fretes os fatores que nele influenciam. Bons estudos! 1 Introdução aos Fretes Inicialmente, vamos conhecer os dois principais agentes que participam de uma negociação de fretes: o embarcador e o transportador. Denomina-se embarcador a pessoa física ou a empresa proprietária dos produtos, ou mesmo um terceiro, que assumiu a responsabilidade pela carga em nome desse proprietário. Enfim, é a empresa que pretende vender seus produtos a um cliente e, portanto, necessita do transporte para que a carga seja entregue no seu destino. Transportador é o trabalhador autônomo ou a empresa que prestará o serviço de transporte para o embarcador. O transportador é o responsável pela execução do serviço de transporte. Os fretes resultam das negociações entre o embarcador e o transportador e representam as condições básicas sob as quais eles estão dispostos a realizar esse negócio. Há portanto dois pontos de vista diferente: 49 • Ponto de vista do transportador: o frete é uma compensação a ser recebida pelo serviço prestado. • Ponto de vista do embarcador: o frete é a quantia (em reais) que ele está disposto a pagar pelo serviço prestado. O preço a ser cobrado pelo serviço de transporte pode ser conseguido de três formas distintas. Vamos conhecê-las: • Frete orientado pelo custo: nesse caso, iremos calcular os custos esperados do transporte e acrescentar uma margem de lucros. • Frete orientado pelo consumidor: aqui, quem manda é o cliente (o embarcador). É o caso em que se deve considerar quanto o cliente está disposto a pagar pelo serviço de transporte. Um frete muito alto fará com que o embarcador aumente o preço dos seus produtos, portanto deve-se estar atento ao frete que não impeça o embarcador de vender seus produtos no mercado. • Frete orientado pela concorrência: existem várias empresas competindo pelo mesmo mercado no transporte rodoviário. Também existem casos em que o transporte rodoviário concorre com outras modalidades, como o transporte ferroviário, o aéreo e o aquaviário. No caso de concorrência, os fretes podem ser estabelecidos a partir de um levantamento dos fretes cobrados pelos concorrentes, buscando-se situar em uma faixa média. Devemos deixar claro que a concorrência só é válida quando se tratar de embarques semelhantes em quantidade e em qualidade de serviço de transporte. 50 Independentemente da forma de se estabelecer o preço a ser cobrado, o valor do frete dependerá de uma série de fatores como o veículo, a rota, a carga, o serviço oferecido, os riscos, as atividades complementares etc. 2 Fatores que Influenciam no Valor do Frete O frete é o valor a ser cobrado pelo serviço de transporte, no nosso caso, o transporte de cargas. Para se chegar ao valor do frete, devemos conhecer todos os custos envolvidos em uma operação de transporte de cargas. Conhecendo esses custos, não correremos o risco de cobrar um frete abaixo dos custos que não permita manter a empresa ou o veículo de transporte. Como foi dito antes, são diversos os fatores que interferem no valor do frete e que vão desde o tipo de veículo utilizado na execução do serviço, até forças externas que independem da vontade do transportador. Esta figura apresenta diversos fatores que influenciam no valor do frete: Figura: Fatores que interferem no estabelecimento da tarifa de transporte (frete) Percurso Frete Modalidade de transporte Tipo de carga Tipo de veículo Influências externas Volume de carga Tipo de serviço Duração ou tempo 51 A seguir, veremos como alguns desses fatores interferem no valor do frete: • Percurso • Tipo de Carga • Tipo de Veículo • Influências Externas • Tipo de Serviço Oferecido • Tempo de Transporte 2.1 Percurso de Realização do Transporte O percurso de transporte tem influência direta no cálculo do frete. Quanto maior a distância percorrida, maior será o valor do frete, pois maiores serão os gastos com combustível, pneus, lubrificantes, desgaste do veículo, entre outros custos (chamados custos variáveis). Além disso, percursos mais acidentados, como serras, com longos trechos em subidas e descidas trarão um gasto ainda maior com os itens de custo variável citados acima. O percurso também pode não oferecer segurança, com altos índices de acidentes e roubo de carga. Tudo isso faz elevar o valor do frete. As características da via também influem no valor do frete: se a via é pavimentada ou não, se possui sinalização, o estado de conservação etc. Rodovias em estado ruins de conservação ou inadequadas causam mais danos ao veículo e aumentam o tempo de viagem, servindo para elevar o valor do frete. g A Confederação Nacional do Transporte (CNT) realiza pesquisas anuais sobre o estado de conservação das rodovias brasileiras. Neste site, você pode ver as pesquisas realizadas desde 2006. Confira! http://www.cnt.org.br/Pesquisa/pesquisa-cnt-ferrovias 52 Porfim, o percurso pode ser realizado em Rodovias Concessionadas, ou seja, rodovias que o Governo Federal privatizou, passando a operação e conservação para as mãos da iniciativa privada. Nesse caso, as melhores condições desse tipo de rodovia favorecem a redução do valor dos fretes, porém existirá cobrança de pedágio ao longo do percurso, que, apesar de não entrar diretamente no valor do frete, interfere no valor total a ser pago pelo transporte. Quanto a esse assunto, é importante que você conheça o chamado Vale Pedágio Obrigatório. O Vale Pedágio foi instituído pela Lei nº 10.209, de 23 de março de 2001, com o principal objetivo de atender a uma das principais reivindicações dos caminhoneiros autônomos: Que o pedágio tenha seu valor excluído do valor do frete, ou seja, que o transportador não seja obrigado a pagar pelo pedágio. Por este dispositivo legal, os embarcadores passaram a ser responsável pelo pagamento antecipado do pedágio e fornecimento do respectivo comprovante, ao transportador rodoviário. Com a implantação do Vale Pedágio obrigatório, todos são beneficiados: caminhoneiros, embarcadores e operadores de rodovias: • Transportadores Rodoviários de Carga: deixam efetivamente de pagar a tarifa de pedágio. Apesar de estarem amparados na legislação federal, é fato que alguns embarcadores acabavam embutindo o valor da tarifa na contratação do frete, obrigando o caminhoneiro a pagar o pedágio indevidamente. Como a negociação do Vale Pedágio obrigatório não será mais feita em espécie, essa possibilidade torna-se inviável. • Embarcadores ou Equiparados: passam a cumprir uma obrigação determinada por lei. Fornecendo o Vale Pedágio obrigatório ao transportador rodoviário, o embarcador ou equiparado determina o roteiro ao transportador rodoviário, o embarcador ou equiparado determina o roteiro a ser seguido, pois o vale 53 obedece ao preço do pedágio de cada praça. Assim, a carga deverá passar pelas rodovias determinadas. Escolhendo o roteiro, o embarcador corre menor risco com relação ao roubo de cargas. • Operadores de Rodovias sob Pedágio: com o roteiro pré-estabelecido pelo embarcador, as operadoras de rodovias sob pedágio, garantem a passagem do veículo pela praça de pedágio, minimizando o uso das rotas de fuga para evitar o pagamento da tarifa. g No site da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), você pode conferir mais detalhes sobre o Vale Pedágio Obrigatório. Veja! h t t p : / / a p p w e b 2 . a n t t . g o v . b r / c a r g a / p e d a g i o / valepedagiobrigatorio.asp 2.2 Tipo de Carga a Ser Transportada A carga exerce influência direta no estabelecimento do valor do frete, pois determinam a ocupação da capacidade do veículo, os recursos necessários para carregamento e descarregamento do veículo, além do nível de riscos envolvidos na operação do transporte. Por exemplo: uma carga de alto valor pode significar um risco para o transportador, pois, caso seja avariada, essa avaria resultará em altas indenizações que o transportador deverá pagar ao embarcador. Além disso, há o fato de que cargas mais valiosas serem mais visadas pelos ladrões da carga. A facilidade de manuseio do produto representa a facilidade de se carregar e se descarregar o veículo. Uma maneira encontrada para agilizar a carga e a descarga é a unitização de carga. As formas mais conhecidas de unitização são a paletização e a conteinerização, que reduzem de maneira significativa os tempos de carga e descarga. 54 Um outro fator trata-se da facilidade de acomodação das cargas, ou seja, peças com formatos muito irregulares ou com grande extensão muitas vezes prejudicam a utilização do espaço do veículo, dificultando a consolidação e a total utilização do mesmo. As cargas são classificadas segundo a sua natureza. Diversas são as classificações adotadas. Veremos algumas a seguir. 2.2.1 Tipo de Unitização Carga Geral: • Carga unitizada: é aquela que pode ser agrupada em lotes. São exemplos as cargas em paletes, contêineres, sacos, tambores, fardos e outros. • Carga não unitizada ou carga solta: cargas de grandes dimensões, que não necessitam ser unitizadas (motores, veículos, equipamentos, peças, etc.). Carga a granel: chamada carga indivisível, ou seja, carga que não está agrupada em lotes. Os granéis podem ser: • Sólidos (minérios, grãos e produtos acabados como cimento, fertilizantes, etc.); • Líquidos (combustíveis, sucos, água, etc.) • Gasosos (produtos químicos gasosos, gás natural, etc). Figura: Classificação das cargas quanto a sua unitização Tipos de carga Carga geral Carga a granel Líquida Sólida Não unitizada Unitizada Solta Paletizada Conteinerizada Outros 55 2.2.2 Cargas Perigosas As cargas também podem ser classificadas como Produtos Perigosos. Esta classificação também interfere na elevação do valor do frete, devido ao cuidado que é necessário ter com esse tipo de carga. As Organizações das Nações Unidas (ONU) adotam a seguinte classificação para os produtos perigosos, também no Brasil. • Classe 1: Explosivos; • Classe 2: Gases; • Classe 3: Líquidos Inflamáveis; • Classe 4: Sólidos Inflamáveis; • Classe 5: Substâncias Oxidantes e Peróxidos Orgânicos; • Classe 6: Substâncias Tóxicas Infectantes; • Classe 7: Materiais Radioativos; • Classe 8: Substâncias Corrosivas; e • Classe 9: Substâncias e Artigos Perigosos Diversos. 2.2.3 Característica de Conservação da Carga As cargas também podem ser classificadas segundo a sua característica de conservação: • Carga seca: carga que pode ser conservada a temperatura ambiente. • Carga refrigerada: carga que deve ser mantida a temperaturas baixas. • Carga congelada: carga que deve ser mantida a temperaturas negativas ou abaixo de zero graus Celsius. 56 Cargas refrigeradas e congeladas exigem veículos especiais para o transporte, dotados de equipamentos de refrigeração que aumentam o consumo de combustível e consequentemente aumentam o valor do frete. 2.2.4 Densidade das Cargas Ainda em relação à carga, um ponto bastante importante deve ser ressaltado, que diz respeito ao peso e ao volume da carga. Conheceremos então uma característica física das cargas, denominada densidade. A densidade é calculada dividindo-se o peso da carga (chamada de massa pelos físicos) pelo seu volume. Densidade = Peso ÷ Volume O transportador considera uma densidade ideal para o seu veículo. Essa densidade ideal pode ter valores que variam de 300 a 400 kg/m3, dependendo do tipo do veículo. A Associação Nacional dos Transportadores de Carga e Logística (NTC & Logística) adota o valor de 300 kg/m3 para todos os veículos rodoviários de carga. Exemplo: Você deve estar se perguntando se é necessário decorar esses números de densidade ideal. A resposta é não! É possível calcular a densidade ideal de um veículo, apenas consultando o manual deste veículo de transporte de cargas e verificar as suas capacidades: Capacidade em Peso do Veículo de Transporte; e Capacidade em Volume do Veículo de Transporte. Suponhamos que uma careta tenha uma carroceria capaz de transportar 27 toneladas em peso de mercadorias e 90m³ em volume de mercadorias. Vamos calcular a densidade ideal das cargas a serem transportadas por esse veículo: Densidade Ideal = Capacidade em Peso do Veículo / Capacidade em Volume do Veículo 57 Densidade Ideal = 27t/ 90m³ = 300 t/m³ Cargas com densidades baixas, ou melhor, abaixo da densidade ideal do veículo, são cargas de pouco peso e que ocupam grandes volumes, ou seja, cargas que ocupam um alto volume e consequentemente ocupam todo a capacidade do veículo que, mesmo assim, continuam leves, ou melhor, abaixo de sua capacidade em peso. Essas cargas têm um tratamento especial pelos transportadores, pois ocupam muito espaço no veículo de transporte. O transportador, portanto, faz um cálculo denominado cubagem, em que o volume dacarga é multiplicado pelo fator de densidade ideal, resultando um peso corrigido, que será adotado para compensar o grande volume que a carga ocupa. Exemplo: Uma carga unitizada em uma caixa pesa 60kg e tem as seguintes dimensões: • 1m de largura • 3m de comprimento • 1m de altura O esboço da carga, está na figura: Altura = 1m Comprimento = 3m Largura = 1m 58 Calcula-se o volume de uma caixa como essa, multiplicando a largura (L), pela altura (H) e pelo comprimento ( C ). Volume = largura x altura x comprimento Temos então, que: Volume = 1m x 1m x 3m = 3m³ A densidade da carga será, então: Densidade = Peso / Volume = 60kg / 3m³ = 20kg/m³ Podemos perceber que a densidade da carga é menor que a densidade ideal do veículo de transporte (adotaremos 300kg/m³). Devemos proceder a correção do peso, ou seja, realizar a cubagem da carga. Então: Peso corrigido = Volume da Carga x Densidade ideal do veículo de transporte Peso corrigido = 3m³ x 300kg/m³ = 900kg A carga, que pesa 60kg, pagará o frete correspondente a uma carga de 900kg, devido à baixa densidade. 3 Tipo de Veículo Transportador Os veículos interferem na composição do frete, principalmente pela sua capacidade de carga. Quanto maior a capacidade do veículo, maior a quantidade de carga para ratear os custos e despesas durante o transporte. 59 Conforme visto anteriormente, os veículos usados no Brasil para o transporte rodoviário de carga são basicamente de dois tipos: simples e articulados. 4 Influências Externas ao Transporte As influências externas interferem no transporte elevando o valor do frete. Trata-se de influências que não estão diretamente ligadas ao serviço de transporte, mas interferem na sua realização. Consideram-se como influências externas aquela que está além dos limites do transporte de carga. Destacam-se: • Greves; • Interrupções no tráfego; • Roubo de cargas; e • Acidentes. 5 Tipo de Serviço de Transporte O valor do frete é diretamente influenciado pelo tipo de serviço oferecido pelo transportador (ou solicitado pelo embarcador). Um primeiro ponto a ser abordado é o aproveitamento do veículo de transporte. Dependendo de como o transportador conseguirá aproveitar o veículo para a realização do transporte da carga do embarcador, o valor do frete terá variações. Elas podem ser: • Carga completa: Quando o embarcador possui um carregamento suficiente para lotar o veículo de transporte, sem a necessidade de compartilhar esse veículo com cargas de outros embarcadores. 60 • Carga consolidada: Quando o embarcador compartilha o veículo de transporte com outros embarcadores, cada um com o seu lote de carga dentro do mesmo compartimento do veículo. Nesse caso, o frete terá valores mais altos, pois existe um risco de que o transportador não consiga embarcadores suficientes para lotar a capacidade do veículo. • Carga de retorno: a não existência de frete retorno faz com que o transportador tenha que considerar o custo do retorno para compor o preço do frete. É comum o embarcador contratar o transportador para uma viagem única, somente de ida ao destino. Nesse caso, o veículo deve retornar à origem vazio, ou seja, sem carga. Nesse caso, esse embarcador deverá arcar com os custos e despesas do retorno do veículo de transporte vazio, o que aumenta o valor do frete. De outro lado, algum embarcador que contrate um transportador para o transporte de sua carga no retorno desse caminhão, que supostamente estaria vazio, terá descontos no valor do frete, pois os custos do retorno já foram cobertos pelo primeiro embarcador (viagem de ida). Outro ponto importante se refere ao carregamento e descarregamento do veículo. Os serviços de carregamento e descarregamento do veículo podem estar incluídos no valor do frete, aumentando seu valor. A seguir, vamos conhecer cada uma dessas atividades ou etapas, analisando o processo produtivo do serviço de transporte de cargas e os seus fluxos operacionais. Já sabemos que o transporte faz parte de um sistema logístico e assim deve ser tratado. A cadeia do sistema de transporte de cargas também deve obedecer a um encadeamento lógico de tarefas a serem realizadas para a entrega da carga no seu destino final. A NTC & LOGÍSTICA apresenta um exemplo de fluxo operacional genérico, baseado no transporte de carga comum. É importante ressaltar que podem existir situações específicas que determinem operações mais simples ou mais complexas, dependendo do número de etapas a serem cumpridas no fornecimento do serviço de transporte de cargas. 61 Tabela: Exemplo de fluxo operacional (adaptado de NTC, 1996) Fases do Processo Atividades Operacionais 1 - Coleta de mercadorias • Solicitação de coleta pelo embarcador • Verificação da desponibilidade de veículos de coleta • “Apanha“ da carga junto ao embarcador • Transporte de mercadoria até o armazém da tranportadora ou diretamente até a “casa“ do destinatário 2 - Terminal de carga (armazém) • Recepção, descarga e conferência das mercadorias coletadas ou recebidas de outras filiais • Triagem, marcação e classificação das mercadorias recevidas por “praça“ de destino • Transporte interno até os locais reservados (boxes) em cada “praça“ (armazenamento por destino) • Transporte iterno desde os “boxes‘ até a plataforma de embarque • Carregamento dos veículos por destino • Conferência e arrumação da carga nos veículos 3 - Trnasferência (expedição de cargas) • Programação de veículos disponíveis para viagem • Transporte de carga da origem ao destino • Descarga das mercadorias no terminal de destino ou diretamente no terminal da firma destinatário, ou seja, na casa do destinatário 4 - Entrega de Mercadorias • Programação de entregas por rota (roteirização) • Análise da disponibilidade da frota de entrega • Carregamento das cargas a serem entregues • Arrumação das cargas nos veículos • Transporte das mercadorias até os seus destinatários • Registro de controle de entrega, processamento da documentação fiscal e informação ao embarcador 62 Com base nas atividades citadas anteriormente, podemos classificar três principais tipos de serviços a serem oferecidos pelos transportadores rodoviários de cargas em (NTC, 1996): • Serviços de Lotação ou de Carga Direta (FTL ou Lotação) Nesse tipo de serviço, as cargas são coletadas no depósito do embarcador e transportadas, no mesmo veículo, para o depósito do destinatário, na mesma cidade, em outra cidade ou em outro estado, sem passar por depósito da transportadora. Percebemos que, nesse caso, não há necessidade de que a empresa transportadora disponha de terminais de carga, pois o manuseio de cargas (carregamento e descarregamento do veículo de transporte) só ocorrerá na origem (carregamento) e no destino (descarregamento) da mercadoria. Internacionalmente, esse serviço é conhecido com FTL, que significa, em Inglês: Full Truck Load Service (serviço de carregamento completo do caminhão) e independe da capacidade do veículo. No Brasil o serviço é conhecido como lotação ou transporte de grandes massas (no caso de serviço de forma continuada para o mesmo cliente). Figura: Esquema operacional (serviço do tipo LTL ou lotação) • Serviços de Carga Fracionada – Distribuição Local (LTL) Nesse caso, as cargas são coletadas no depósito do embarcador e levadas para um depósito da transportadora, para triagem e reembarque em veículos que farão a entrega diretamente aos destinatários em diversos pontos da mesma cidade, de outras cidades ou mesmo de outros estados. Aqui, percebemos que é necessário apenas um terminal na origem do transporte, em uma etapa após a coleta. Por serem cargas fracionadas, a serem coletadas e que não lotam o veículo para apenas um cliente ou destinatário, é necessário o manuseio de cargas em um terminal no início do transporte. TransporteColeta na origem Entrega no destino 63 As cargas coletadas passarão poruma triagem no terminal e irão compor a carga de um veículo programado para diversas entregas e que, dessa forma, conseguirá uma maior utilização de sua capacidade. Internacionalmente, esse serviço é conhecido como LTL, que significa, em Inglês: Less than a Truck Load Service (serviço de carregamento menor que a capacidade de um caminhão). Figura: Esquema operacional (serviço tipo LTL) • Serviços de Carga Fracionada – Distribuição Regional Nesse caso as cargas são coletadas no depósito do embarcador, transportadas para o depósito da transportadora, próximo do local de coleta, onde serão descarregadas, separadas por região de destino e transferidas para outros depósitos da transportadora nessas regiões. Nesses depósitos, as cargas serão descarregadas, novamente separadas por rota de entrega e reembarcadas em veículos, geralmente menores, que farão a entrega aos destinatários das mercadorias em diversos pontos da mesma cidade ou de outras cidades ou estados. Será então necessário um maior nível de organização, pois o transportador deverá manter diversos terminais bem estruturados, para processar e distribuir as cargas aos diversos destinatários nas diferentes regiões de entrega. Figura: Esquema operacional (serviço tipo Distribuição Regional) Transporte Transporte Coleta na origem Terminal de origem Entrega no destino Transporte Transporte Coleta na origem Terminal de origem Terminal de destino Transporte Entrega no destino 64 O quadro a seguir apresenta um resumo das atividades executadas na prestação de cada um dos serviços aqui apresentados. Atividade 1 2 3 Coleta Conferência de volumes e notas fiscais no embarcador x x x Manuseio interno no embarcador x x x Carregamento do veículo no embarcador x x x Tranporte embarcador / destinatário x Transporte embarcador / terminal da transportadora x x Entrega no destinatário x Processamento no terminal de origem da transportadora Descarga da coleta x x Conferência de notas fiscais e volumes x x Manuseio interno no terminal da transportadora x x Conferência para o reembarque ao entrega x x Carregamento de veículos de entrega x x Processamento dos documentos fiscais, de seguros e internos x x Transporte até o terminal de redistribuição ou de destino x x Entrega ao destinatário x Processamento no terminal de destino da transportadora Descarga da carga transferida x Comferência de notas fiscais e volumes x Manuseio interno no terminal da transportadora x Conferência para entrega x Processamento de documentos fiscais, seguros e internos x Carregamento dos veículos de entrega x Transpote para entrega ou segundo trecho de transferência x Entrega ao destinatário x 65 6 Tempo do Transporte Você já viu que o custo do transporte é também influenciado pelo tempo que esse transporte é feito. A figura a seguir, mostra essa situação e traz uma equação alternativa para o cálculo do custo de transporte. Figura: Composição do custo total de transporte (custos fixos e variáveis) Percebe-se, pela figura, que quanto maior forem os tempos de carregamento, transporte e descarregamento, maior será o custo de transporte e, portanto, maior será o valor do frete. Vejamos dois exemplos: • Inadequação dos equipamentos de carregamento e descarregamento ou despreparo da mão de obra para essas atividades, aumentando o tempo necessário para executá-las. • Problemas quaisquer com a rodovia que resultem em paradas desnecessárias durante o transporte. 7 Cálculo do Valor do Frete O elemento frete representa a remuneração pelo serviço contratado de transporte de determinada carga, caracterizada normalmente pela sua natureza, nível de risco, peso, volume ou unitização, entre uma origem e um destino. A estrutura do sistema estará alinhada com os padrões adotados pelo mercado de fretes, sendo que existirá CT = [(T1 + T2 + T3) x Custos Fixos] + [Distância Percorrida x Custos Variáveis] 66 também a possibilidade de inclusão futura dos valores cobrados pela prestação de serviços logísticos (carga, descarga, manuseio, armazenagem, fluxo documental e informacional). 8 Etapas do Serviço de Transporte O frete (ou frete total) é usualmente o resultado do somatório do frete líquido, impostos (peculiares a cada Estado da Federação), seguro e outros serviços e tarifas peculiares a cada modal de transporte. O frete corresponde a remuneração pelo serviço contratado de transporte de cargas e pode ser determinado utilizando-se diferentes unidades de mensuração. Com objetivo ilustrativo, se podem citar as seguintes unidades de mensuração para os fretes praticados no mercado nacional: • Reais por quilograma transportado (R$/kg) em determinado percurso • Reais por pallet transportado (R$/pallet) em determinado percurso • Reais por tonelada transportada (R$/ton) em determinado percurso • Reais por contêiner transportado (R$/contêiner) em determinado percurso • Reais por carga fechada (R$/veículo completo) em determinado percurso Em resumo, temos basicamente quatro etapas do serviço de transporte, que não precisam necessariamente ser todas realizadas, mas também podem existir outras, a serem combinadas entre transportador e embarcador, para serviços mais complexos. As etapas são: • Etapa 1: Serviço de coleta de mercadorias. 67 • Etapa 2: Serviços de terminal de cargas (armazenagem). • Etapa 3: Transferência de mercadorias. • Etapa 4: Distribuição ou entrega de mercadorias. As operações de coleta, transferência e entrega das mercadorias (etapas 1, 2 e 4 acima) exigem, a utilização de veículos. Já as operações de recepção, descarregamento e armazenagem das cargas são executadas com a utilização preponderante de mão de obra e de equipamentos de manuseio interno. Todo o raciocínio desenvolvido neste componente curricular para o custo do transporte aplica-se integralmente às despesas de coleta, transferência e despesas de entrega (etapas 1, 2 e 4 acima), enquanto os custos da Etapa 3 se referem aos custos de terminais. 9 Formação de Preços do Serviço de Transporte – Frete Vamos dividir os serviços que podem ser prestados pelo transportador, e que compõem o valor total da tarifa, como: • Despesas de Coleta de Carga • Despesas de Transferência de Carga • Despesas de Entrega de Carga • Despesas de Terminais de Carga • Despesas Administrativas • Despesas de Gerenciamento de Risco É comum resumir essa divisão em dois itens: • Frete Peso: aos serviços realizados. • Frete Valor: aos preços relativos ao gerenciamento de riscos. 68 Veremos, a seguir, como calcular cada um desses itens. 9.1 Frete Peso O frete peso será formado por: • Despesas de terminais • Despesas de coleta • Despesas de transferência • Despesas de entrega • Despesas administrativas • Margem de lucro • Reduções do frete básico (descontos) Antes de se chegar a essa soma, no entanto, é preciso, como já se viu na seção de custos: • Escolher o veículo padrão para executar o serviço de coleta e calcular os custos operacionais do transporte na coleta. • Escolher o veículo padrão para executar o serviço de transferência e calcular os custos operacionais de transferência. • Escolher o veículo padrão para executar o serviço de entrega e calcular os custos operacionais de entrega. • Calcular os custos operacionais com terminais. Calculados os custos operacionais dos serviços de transporte, passamos às próximas etapas, que são o acréscimo das despesas administrativas e da margem de lucro esperada pelo serviço de transporte. 69 9.2 Despesas Administrativas Aqui devem ser verificados os valores das despesas administrativas (em geral consultam-se os balancetes contábeis). Adotaremos, como exemplo a taxa, bastante razoável, de 10% para despesas administrativas. Essa taxa (10%) deve ser aplicada à soma dos custos totais das atividades de coleta, transferência, entrega e de terminais. O custo administrativo se refereàs atividades administrativas para a realização do serviço de transporte e está presente em todas as etapas. É comum a utilização de uma taxa de custos administrativos que deve ser multiplicada pelo custo total do serviço de transporte, calculados conforme visto nessa disciplina (incluindo os custos dos terminais de carga). Alguns serviços que compõem os custos administrativos e que devem ser considerados no cálculo do frete total são, entre outros: • Salários e encargos sociais de pessoal administrativo. • Material de escritório. • Telefone, fax, correio. • Manutenção de computadores. • Treinamentos. • Despesas bancárias. • Comissões. • Depreciação de equipamentos, móveis e utensílios administrativos. • Despesas com cópias xerox. Vejamos um exemplo. 70 Exemplo: Imaginemos um transporte de Brasília (DF) até Goiânia (GO). O percurso desse transporte é de 200km em estrada asfaltada. Para cumprir esse percurso, é necessário 4 horas de viagem, 1 hora para carregamento e 1 hora para a descarga do veículo. O veículo utilizado será uma carreta com capacidade de 27t e 90m³ de carga. O serviço oferecido é de FTL ou lotação. Calculados os custos desse transporte, chegou-se a um valor de R$ 1,50 por Km percorrido (custo variável) e um valor de R$ 500,00 para os custos fixos proporcionais a 10 horas de percurso (ida e volta, carregamento e descarregamento, ou seja, um ciclo completo de transporte). Temos então: Custos variáveis = R$ 1,50/Km x 400Km = R$ 600,00 Custos Fixos: R$ 500,00 Custos Totais: (Custo Fixo x Tempo) + (Custo Variável x Distância) Custos Totais: R$ 500,00 + R$ 600,00 = R$ 1.100,00 Calculados os gastos de uma operação de transporte, vamos supor que chegou-se ao valor de R$ 1.100,00 A esses custos devemos, então, acrescentar as despesas administrativas. Fazemos: Frete sem margem de lucro = Custos Totais x 1 + Taxa de Despesas Administrativas Frete sem margem de lucro = R$ 1.100,00 x (1+10%) Frete sem margem de lucro = R$ 1.100,00 x (1,20) = R$ 1.320,00 71 9.3 Margem de Lucro Precisamos agora definir a margem de lucro que se espera do serviço de transporte. A margem de lucro é um percentual que se deve acrescentar aos custos operacionais e despesas administrativas que existirão na execução do serviço de transporte. A margem de lucro depende basicamente da concorrência existente para oferta de serviços de transporte. Exemplo: Adotaremos, como exemplo, uma margem de lucro de 20%. Faremos, então: Frete Básico = Frete sem margem de lucro x (1 + margem de lucro) Frete Básico = R$ 1.320,00 x (1 + 20%) Frete Básico = R$ 1.320,00 x (1,20) Frete Básico = R$ 1.584,00 9.4 Reduções do Frete Básico Aqui, devemos definir os valores adicionais e as reduções com base no tipo de carga, nos contratos e nas exigências do cliente. Uma vez estabelecidos o frete básico total, o cálculo do frete final envolverá uma série de decisões em que vários fatores serão analisados, podendo resultar em descontos. Dentre eles podem ser relacionados (TEIXEIRA, 2001): • Descontos por volume: associados às economias geradas por maior aproveitamento na ocupação da frota do transportador; 72 • Descontos por rota: aqueles dados a clientes que usam rotas consideradas ociosas, ou desequilibradas nas viagens de ida e de retorno, como rotas com escassas cargas de retorno; • Descontos por temporada: refletem situações em que a demanda é mais reduzida em determinados períodos do ano, como é o caso das rotas influenciadas pela safra de produtos agrícolas; • Condições de pagamento: como em qualquer outra atividade, as empresas de transporte de cargas consideram o valor do dinheiro no tempo. Ou seja, os pagamentos à vista permitem uma aplicação imediata, gerando retorno dessas aplicações monetárias. Essas condições são especialmente importantes em caso de altas taxas de inflação ou em caso de altas taxas de juros. Por exemplo: uma empresa que receba o pagamento a vista, pode aplicar o dinheiro recebido, e terá uma boa remuneração devido às altas taxas de juro atualmente praticadas no Brasil. Por outro lado, uma empresa que resolva dar um tempo de prazo ao embarcador para o pagamento do frete, além de perder os ganhos com aplicação, poderá ter esse valor (do frete) reduzido se as taxas de inflação forem altas e todos os itens de custo tiverem seu valor aumentado durante o prazo de pagamento. • Frequência de serviços: Se os serviços são permanentes, eles permitirão uma maior segurança ao transportador, que poderá atribuir descontos. Caso contrário, em serviços esporádicos ou eventuais, o transportador deverá cobrar um valor um pouco maior • O valor do produto transportado: produtos de maior valor agregado apresentam margens de negociação maiores que os de baixo valor agregado. Ao valor total calculado dessa forma, após os descontos, chamamos de Frete Peso: Frete Peso Final = Frete Básico x (1 – Taxa de desconto) 73 9.5 Frete Valor O frete valor se refere às despesas de Gerenciamento de Riscos com a carga que será transportada (GRIS) e com os seguros obrigatórios. 9.5.1 Gerenciamento de Riscos no Transporte de Cargas (GRIS) A atividade de transporte de cargas pressupõe a responsabilidade civil do seu operador, pela integridade dos bens movimentados, desde o instante em que ele os recebe do remetente, até o momento em que os entrega ao destinatário. Portanto, durante todo o tempo em que o transportador permanece com a mercadoria sob sua guarda, ele assume um risco, que é tanto maior quanto mais valiosas as mercadorias e mais longo o tempo de duração do transporte. Esse risco varia também em função do peso (quanto mais leve, maior a possibilidade de furto), da embalagem utilizada (um contêiner, por exemplo, reduz substancialmente os riscos de desvios ou avarias), do tipo de estradas (rodovias de terra ou em más condições aumentam os riscos de avarias), etc. Por fim, vale ressaltar a quantidade de atividades ou etapas realizadas no serviço de transporte ofertado, ou seja, quanto mais atividades de carregamento e descarregamento de veículos em terminais de coleta ou de entrega, maiores os riscos de avarias nas mercadorias sob a responsabilidade do transportador. Vale ressaltar que, nos casos de casos fortuitos, força maior ou mesmo vícios próprios da mercadoria, o transportador consegue geralmente provar que não foi o responsável por danos ou perda da mercadoria. O gerenciamento de riscos significa a adoção, pelo transportador, das medidas necessárias e ao seu alcance para que os riscos não se concretizem em acidentes com a carga (sinistros) ou para que, caso os sinistros ocorram, eles causem o menor prejuízo possível às cargas sob a responsabilidade do transportador. 74 São algumas medidas, entre outras, que podem ser adotadas pelo transportador: • Sistema de rastreamento de veículos por satélite. • Utilização de embalagens adequadas para a carga. • Conteinerização da carga. • Terceirização de atividades complexas e que exigem especialização (transferência de riscos). • Adoção de medidas de prevenção de acidentes. • Treinamento de motoristas para evitar acidentes e sobre como proceder em caso de acidentes. • Contratação de seguros facultativos. 9.5.2 Seguros Obrigatórios para o Transporte de Cargas Além dos custos com o gerenciamento de riscos, necessários para que o transportador evite problemas com a carga sob sua responsabilidade, há os custos de seguros obrigatórios. Para formalizar o contrato de um seguro, é necessário o pagamento de um “prêmio”, ou seja, do valor cobrado pela empresa Seguradora para a contratação do seguro. Além do prêmio, outro valor que a seguradora deverá pagar, no caso de ocorrência do sinistro, é o valor da franquia. A franquia representa o percentual de participação do transportador nos riscos com a carga sob sua responsabilidade. Para o segurador, podemos classificar os seguros
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