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Estudo do Comportamento de um Aterro Hidráulico sobre Solo Compressível Néstor Masamune Kanazawa Villalba 1 FIUNA, San Lorenzo, Paraguay, nkanazawa@gmail.com Rubén Alejandro Quiñónez Samaniego 2 FIUNA, San Lorenzo, Paraguay, ale_quinonez@hotmail.com Julio Gabriel Lesme Brun 3 FIUNA, San Lorenzo, Paraguay, juliolesme2@hotmail.com RESUMO: En la actualidad existen técnicas de modelación numérica para problemas geotécnicos, que nos ayudan a determinar el comportamiento de un terraplén refulado y de los distintos estratos del suelo compresible, comparando las lecturas de instrumentos de control tecnológico colocados en estos terraplenes durante su etapa constructiva y los resultados del cálculo teórico para su extrapolación a largo plazo. En este trabajo utilizamos el programa Geo-Slope, en particular el módulo SIGMA/W de elementos finitos, analizando el comportamiento de tres secciones de la futura avenida costanera norte de la ciudad de Asunción. Esta avenida consta de 3,8 km de terraplenes refulados sobre suelos blandos, normalmente consolidados, altamente deformables y de escasa resistencia. El programa nos permitió realizar una modelación de las etapas constructivas del terraplén teniendo en cuenta el comportamiento de los suelos de fundación en un proceso de consolidación acelerada debido a la instalación de los drenes verticales prefabricados. Los resultados obtenidos de la modelación, contrastada con los datos levantados durante la construcción permitió la obtención de un modelo muy aproximado, que permite conocer las leyes constitutivas que mejor se adecuan al comportamiento geomecánico de los distintos estratos de suelo que componen el subsuelo del sector estudiado. PALAVRAS-CHAVE: Terraplén refulado, suelo compresible, modelación numérica. 1 INTRODUÇÃO Este trabalho foi realizado afim de modelar o comportamento de um aterro hidráulico em solo compressível por simulação computacional usando o programa SIGMA / W, esta ferramenta moderna de cálculo geotécnico permite-nos avaliar o comportamento calculado em comparação com aqueles realmente produzidos, no caso dos aterros da Avenida Costeira ao Norte da Cidade de Assunção. 2 CARACTERÍSTICAS GEOTÉCNICAS DA AREA DE PROJETO As seções analisadas fazem parte dos 3,8 km. do aterro hidráulico que foram executadas durante a construção Avenida Costeira Norte da Cidade de Assunção. As três seções analisadas estão localizadas na beira da Baía de Assunção sob solos moles normalmente consolidados, altamente compressíveis e baixa resistência. Estudos na fase da concepção do trabalho confirmam a existência de solos silte-arenosos fofos e argilas siltosas moles que geralmente se encontram a profundidades superiores de 5 m e 10 m em alguns casos. 3 CARACTERÍSTICAS GEOTÉCNICAS DO LOCAL EM PARTICULAR DAS SEÇÕES ESTUDADAS Perfis geotécnicos das seções analisadas nas seguintes tabelas: N° Solo Espessura (m) ν Cc (cm²/kg) Cs (cm²/s) eo γ (tn/m³) k (cm/s) E (kPa) 1 (SM-SC) 5,00 0,334 0,22 1,97e-02 0,809 1,85 4,32e-03 8000 2 (ML) 4,00 0,334 0,28 5,10e-03 0,798 1,75 2,16e-03 1500 3 (CL) 3,00 0,334 0,5 3,72e-03 0,798 1,80 2,16e-04 800 4 (CL) 4,00 0,334 0,31 2,83e-02 0,867 1,80 6,91e-05 800 N° Solo Espessura (m) ν Cc (cm²/kg) Cs (cm²/s) eo γ (tn/m³) k (cm/s) E (kPa) 1 (CL) 4,70 0,334 0,31 2,83e-023 0,867 1,80 6,91e-05 800 2 (ML) 2,00 0,334 0,28 5,10e-03 0,798 1,75 2,16e-03 1500 3 (CL) 4,30 0,334 0,31 2,83e-02 0,867 1,80 6,91e-05 800 4 (SM) 1,50 0,334 0,22 1,97e-02 0,809 1,85 4,32e-03 8000 Tabela 1. Perfil geotécnico TC6. (Stanichevsky, 2010) Tabela 2. Perfil geotécnico TC8. (Stanichevsky, 2010) Tabela 3. Perfil geotécnico TC9. (Stanichevsky, 2010) Propriedades do solo do local da Baía que foram utilizados nos cálculos de acordo com estudos são: Tabela 4. Propriedades do solo do local da bahía. (Stanichevsky, 2010) 4 DESCRIÇÃO DAS OBRAS Metodologia construtiva geralmente consiste de uma primeira camada de aterro hidráulico livre a partir do terreno natural para uma altura aproximada de um metro acima da superfície de água, permitindo o ingresso de equipamentos encarregados da instalação dos drenos verticais pré-fabricados, que são instalados até a base da camada argilosa segundo uma disposição e profundidade determinadas no projeto. O segundo passo é preencher com camadas de aterro hidráulico com a espessura não superior a 1,00 metro, evitando desníveis entre diques de aterros adjacentes, até atingir a altura de coroação. Este processo gradual de aterro hidráulico permite a consolidação dos solos subjacentes, com consequente ganho de resistência, antes de iniciar o próximo estágio de carregamento. A altura da barragem é em geral de 9 metros, a largura da coroa de 40 metros. O talude tem inclinações de 1:4 e 1:8, dependendo das diferentes seções da pista. 5 CARACTERISTICAS DOS DRENOS VERTICAIS PREFABRICADOS Os drenos verticais pré-fabricados utilizados são de seção retangular, com um núcleo de PVC envolto com um filtro geotêxtil. Apresentam uma largura de 100 mm e uma espessura de 3 mm. A capacidade de vazão dos drenos para gradientes hidráulicos de 0.1 a 250 kPa. É maior ou igual a 90x10-6 m³/s. Os drenos foram instalados em uma disposição triangular como é representada na Figura 1 e 2. Figura 1. Instalação dos drenos verticais pré-fabricados. Fonte: dos autores Arena limosa (SM), estrato definido entre cota +50 y +40 m. Peso específico máximo: 1,81 tn/m³ Peso específico mínimo: 1,41 tn/m³ Passante peneira #200: ˂ 15% em 80% da jazida Passante peneira #200: ˂ 30% em 20% da jazida Ângulo de atrito interna: gp= 30 a 34° (máximo) Ângulo de atrito interna: gcv= 26 a 30° (residual) Cu= 2,25 a 5 kA= 1x10-3 cm/seg. Grãos de quartzo, uniforme, redondeados, com presença de siltes 10% y 30%. NSPT= 2 a 46 N° Solo Espessura (m) ν Cc (cm²/kg) Cs (cm²/s) eo γ (tn/m³) k (cm/s) E (kPa) 1 (CL) 5,50 0,334 0,31 2,83e-02 0,867 1,80 6,91e-05 800 2 (ML) 2,70 0,334 0,28 5,10e-03 0,798 1,75 2,16e-03 1500 3 (CL) 4,00 0,334 0,334 1,97e-02 0,809 1,85 4,32e-03 8000 Figura 2. Drenos verticais pré-fabricados instalados Fonte: dos autores 6 INISTRUMENTAÇÃO GEOTÉCNICA UTILIZADA Foram instaladas em cada seção (TC6, TC8 e TC9) duas placas de recalques, um piezômetro elétrico de cordas vibrantes y um inclinômetro ao pé do talude. As instrumentações empregadas são de leitura local e os dados empregados em este trabalho correspondem a leituras realizadas pelos autores durante 300 dias. O monitoramento do aterro permite avaliar cada camada de aterro atendendo a seguridade com respeito na estabilidade de taludes, além de permitir uma calibração do projeto por médio de um retro análises tendo em contas as observações do campo que permite otimizar a execução dos trabalhos. 7 ASPECTOS GERAIS DA MODELAGEM DE ELEMENTOS FINITOS Como primeiro passo é criado um modelo geométrico usando: Pontos, para indicar o começo e final das linhas Linhas, para definir bordas ou limites físicos da geometria Regiões, zonas delimitadas pelas linhas reconhecidos automaticamente. O modelo geométrico deve incluir uma divisão representativa de solo das diferentes camadas do solo e dos diferentes estágios deconstrução do aterro. O modelo deve ser suficientemente amplo de maneira que as bordas ou contornos não distorçam os resultados do problema em estudo. O modelo utilizado é o modelo Cam-Clay modificado. Os parâmetros definidos são: coeficiente de Poisson “v”, razão de pré- adensamento OCR, inclinação da curva normalmente adensada “λ”, inclinação da curva de pré-adensamento “κ”, índice inicial de vazios “eo”, e “Mu” que é a inclinação da curva do estado crítico que depende diretamente do ângulo efetivo de atrito do solo ∅’. Após a criação do modelo geométrico é gerada automaticamente a malha de elementos finitos, em que os três tipos de componentes são distinguidos: Elementos: durante a geração de malha, são divididas em regiões elementos retangulares ou triangulares segundo seja apropriado. Nodos: Durante o cálculo de elementos finitos, deslocamentos numéricos são calculados em tais nodos. Pontos de tensão: ao contrário dos deslocamentos, as tensões são calculadas em pontos individuais de integração de Gauss em vez de ser calculado nos nodos. As malhas são do tipo retangular e triangular de 4 e 3 nodos respectivamente. A secção retangular é gerada em toda a superfície da região e os elementos triangulares são usados apenas em pontos de contato ou de transição de cada malha, de modo a formar um único elemento. Figura 3. Malhado do modelo. Fonte: dos autores 8 MODELO DE ELEMENTOS FINITOS Para o nosso modelo usamos dois tipos de condições de contorno hidráulico, o primeiro indica o limite onde as pressões hidráulicas são zero, e o segundo estabelece as pressões definidas para cada cor que é aplicada ao longo do contorno. Pressões nulas são aplicadas ao nível do terreno natural, de modo a simular a drenagem da água através dos drenos verticais. As pressões que são aplicadas a cada dreno permitem matematicamente o fluxo ascendente da água através do sistema de drenos. As pressões de cada dreno variam de acordo com a profundidade de instalação. Os limites laterais do nosso modelo está restringido por condições de contorno que impedem somente o deslocamento horizontal do elemento. Na parte inferior do mesmo foi aplicada uma restrição de movimento de ambos sentidos, de modo a limitar a profundidade do estrato. Os limites laterais foram localizados em 40m do pé do talude para evitar que essas condições de contorno gerem distorções. O limite inferior foi definido diretamente pelas estratigrafias disponíveis dos estudos de solos, especificamente do ensaio SPT. 9 ANALISE DOS RESULTADOS Os dados que foram utilizados para definir os diferentes estágios de construção (valores de carga e tempo de adensamento) foram obtidos a partir das placas de recalque colocadas nas seções de estudo. Estes registos são mostrados nas Figuras 4, 5 e 6: 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 -1,20 -1,00 -0,80 -0,60 -0,40 -0,20 0,00 0 100 200 300 R ec al qu es e m m et ro s Días Recalque interno Recalque externo Altura do Aterro Figura 4. Altura do aterro vs. Recalques. Seção TC6. Fonte: dos autores 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 -1,20 -1,00 -0,80 -0,60 -0,40 -0,20 0,00 0 100 200 300 R ec al qu es e m m et ro s Días Recalque interno Recalque externo Altura do Aterro Figura 5. Altura do aterro vs. Recalques. Seção TC8. Fonte: dos autores 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 -1,00 -0,90 -0,80 -0,70 -0,60 -0,50 -0,40 -0,30 -0,20 -0,10 0,00 0 100 200 300 400 R ec al qu es e m m et ro s Días Recalque interno Recalque externo Altura do Aterro Figura 6. Altura do aterro vs. Recalques. Seção TC9. Fonte: dos autores Nas Figuras 7, 8 e 9, as diferenças observadas entre os resultados obtidos com o SIGMA/W e os resultados reais são dadas pelas descontinuidades correspondentes a cada instância de aplicação de carga e consequente recalque instantâneo. Embora estes "recalques instantâneos", é de notar que, após um curto espaço de tempo, os valores obtidos com o SIGMA / W para cada fase da carga corresponde-se com os valores efetivamente medidos. 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 -1,60 -1,40 -1,20 -1,00 -0,80 -0,60 -0,40 -0,20 0,00 0 100 200 300 R ec al qu es e m m et ro s Días Recalque interno Recalque externo Altura do Aterro Figura 7. Recalques vs Tempo vs Altura do aterro. Secção TC6 lado interno. Fonte: dos autores 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,000 200 400 600 800 1000 1200 1400 0 50 100 150 200 250 300 350 A ltu ra d o at er ro e m m et ro s R ec al qu e em m m Dias Real Calculado Altura do aterro Figura 8. Recalques vs Tempo vs Altura do aterro. Secção TC8 lado interno. Fonte: dos autores 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,000 200 400 600 800 1000 1200 -50 50 150 250 350 450 A ltu ra d o at er ro e m m et ro s R ec al qu e em m m Dias Real Calculado Altura do aterro Figura 9. Recalques vs Tempo vs Altura do aterro. Secção TC9 lado interno. Fonte: dos autores Observa-se também que o valor de recalque no final do tempo de adensamento corresponde ao valor calculado de recalque. É importante ressaltar que as placas de recalque foram instaladas quando acabou-se o aterro hidráulico livre, que permite uma superfície de trabalho estável (deformação instantânea ocorreu nesse período que não são analisados neste trabalho). Nas Figuras 10, 11 e 12, se mostram os dados obtidos dos piezómetros instalados nas secções de análise TC6, TC8 e TC9. Na Figura são comparadas as poro-pressões medidas no campo, a pressão do lençol freático e o excesso de poro-pressão gerados a partir da aplicação de carga. 0 kPa 20 kPa 40 kPa 60 kPa 80 kPa 100 kPa 120 kPa 140 kPa Leitura Piezômetro Excesso de Poro-Pressão Pressão Estatica da àgua 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 0 50 100 150 200 250 300 350 Dias Altura do aterro Figura 10. Poro Pressão vs. Altura do aterro. Secção TC6. Fonte: dos autores 0 kPa 20 kPa 40 kPa 60 kPa 80 kPa 100 kPa 120 kPa 140 kPa Leitura Piezômetro Excesso de Poro-Pressão Pressão Estatica da àgua 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 0 50 100 150 200 250 300 350 Dias Altura do aterro Figura 11. Poro Pressão vs. Altura do aterro. Secção TC8. Fonte: dos autores 0 kPa 20 kPa 40 kPa 60 kPa 80 kPa 100 kPa 120 kPa Leitura Piezômetro Excesso de Poro-Pressão Pressão Estatica da àgua 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 0 100 200 300 400 Dias Altura do aterro Figura 12. Poro Pressão vs. Altura do aterro. Secção TC9. Fonte: dos autores Nestes gráficos, pode-se verificar que a partir da aplicação da carga no aterro, gera-se um excesso de poro-pressão. Quando não há variação de carga no aterro, ocorre o fenômeno de dissipação do excesso de poro-pressão, tornando o aumento da tensão efetiva do solo. Quando atingimos aos 300 dias observou-se umaumento das poro-pressões medidas no campo invés de diminuir, como tínhamos planejado. Isto ocorre porque o instrumento de medição executa a pressão total de poros no solo, ou seja, inclui a pressão hidrostática da água no ponto e também o excesso de poro-pressão gerado pelo aterro. Como em naquele tempo, não houve carga nenhuma sob o solo de fundação, por definição, não pode-se gerar algum excesso de poro-pressão, sendo que devem continuar com a mesma dissipação. Isto está claramente refletido nas curvas de excesso de poro-pressão nas Figuras 10, 11 e 12. Então o aumento registrado naqueles dias no piezômetro é apenas devido ao aumento do nível de água na baía. Nas Figuras 13, 14 e 15 comparamos as medições de campo das poro-pressões com os calculados no modelo. Notamos que as tendências de ambas curvas coincidem, com uma excelente aproximação com as medições reais, verificando uma correspondência nos cálculos realizados no programa SIGMA/W. Como já discutimos acima, o último valor que foi medido aumenta diferindo com a curva calculada de pressões, sendo causa a elevação do nível de água da baía. 60 70 80 90 100 110 120 130 140 100 150 200 250 300 350 400 (k Pa ) Dias Calculado Real Figura 13. Poro-Pressão real vs. Calculado. Secção TC6. Fonte: dos autores 90 95 100 105 110 115 120 125 130 100 150 200 250 300 350 400 (k Pa ) Dias Calculado Real Figura 14. Poro-Pressão real vs. Calculado. Secção TC8. Fonte: dos autores 60 70 80 90 100 110 120 130 140 100 150 200 250 300 350 400 450 (k Pa ) Dias Calculado Real Figura 15. Poro-Pressão real vs. Calculado. Secção TC9. Fonte: dos autores AGRADECIMENTOS Os autores desejam expressar sua gratidão pelo apoio para a FIUNA, a construtora T & C SA e o Professor MSc. Miguel Stanichevsky pela licença do programa Geo-Slope. REFERÊNCIAS GEO-SLOPE International, SIGMA/W 2007 Engineering Book. 4th Edition. 2009 Stanichevsky, Miguel. Informe de Verificación del Terraplén Refulado de la Avenida Costanera Norte – Primera Etapa”. GEO-STAN S.R.L., Asunción, 2010.
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