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Artigos científicos para auxilo de TCC - Mecanica dos solos

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Mecânica das Rochas para Recursos Naturais e Infraestrutura 
SBMR 2014 – Conferência Especializada ISRM 09-13 Setembro 2014 
© CBMR/ABMS e ISRM, 2014 
 
SBMR 2014 
Evaporitos da Bacia de Santos: Aspectos Geológicos e de 
Estabilidade de Poços 
 
João Silveira Gomes Junior 
UNIMONTE, Santos, Brasil, jsilveirafilho@hotmail.com 
 
Anderson do Nascimento Pereira 
UNIMONTE e PETROBRAS, Santos, Brasil, anderson.pereira@unimonte.edu.br 
 
Samara Cazzoli y Goya 
UNIMONTE e IO-USP, Santos, Brasil, scgoya@gmail.com 
 
RESUMO: A presença de estruturas evaporíticas em bacias sedimentares proporcionam condições 
favoráveis para o acúmulo de hidrocarbonetos e aumentam a probabilidade de sucesso exploratório. 
Na bacia de Santos existem grandes reservas de óleo leve abaixo de uma espessa camada de rochas 
evaporíticas. Estas rochas são constituídas por minerais salinos, e por este motivo possuem 
propriedades químicas e físicas diferentes das demais rochas da crosta terrestre. Os evaporitos são 
rígidos, mas se deformam caso sejam submetidos a um diferencial de tensão ao longo do tempo. A 
deformação destas rochas pode ocasionar problemas operacionais durante a perfuração como o 
colapso do poço, prisão da coluna de perfuração e colapso do revestimento. O objetivo deste 
trabalho é relacionar o comportamento mecânico dos evaporitos com problemas de estabilidade de 
poços em camadas salinas. Realizou-se um levantamento bibliográfico e posteriormente, um estudo 
de caso envolvendo o planejamento da perfuração de um poço vertical hipotético atravessando uma 
seção salina em determinada porção da bacia de Santos. A sequência salina é composta por camadas 
de anidrita, taquidrita, carnalita e halita, onde a taxa de fluência destes sais são distintas. Para 
controlar a fluência e a dissolução destas rochas, optou-se por utilizar um fluido de perfuração de 
base sintética, variando a densidade conforme a camada atravessada. Contudo, conclui-se que para 
manter a estabilidade de um poço em zona evaporítica, é necessário o conhecimento prévio das 
camadas salinas a serem perfuradas a fim de estabelecer as melhores práticas, como a escolha do 
fluido de perfuração a ser utilizado. O fluido de perfuração é a principal ferramenta utilizada para 
evitar o colapso do poço por fluência. A integridade estrutural do poço deve ser preservada, pois o 
custo da perfuração de um poço é muito alto, devendo-se evitar prejuízos. O projeto deve ser 
realizado por uma equipe multidisciplinar que deverá discutir a melhor maneira de estabelecer a 
trajetória do poço. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Evaporitos, Estabilidade de Poços, Bacia de Santos. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Os evaporitos são rochas sedimentares de 
origem química e são compostas por camadas 
de minerais salinos. A precipitação dos minerais 
salinos ocorre devido à evaporação da água de 
uma salmoura em ambiente restrito com clima 
quente e seco. Para que ocorra a precipitação 
destes minerais é necessário que o aporte de 
água doce seja nulo ou menor que a taxa de 
evaporação. A ordem de precipitação depende 
da solubilidade e da quantidade de cada 
composto disponível na água do mar. 
Geralmente, o mineral halita (NaCl) é 
encontrado em maior quantidade nas camadas 
evaporíticas, pois os íons de Na
+
 e Cl
-
 são 
predominantes na composição da água do mar. 
 As rochas evaporíticas são encontradas no 
SBMR 2014 
estado sólido, mas se forem submetidas à 
pressão ao longo do tempo, estas rochas se 
deformam, assim como os fluidos. Este 
fenômeno é conhecido como Fluência do Sal ou 
Creep. Segundo Medeiros (1999), os evaporitos 
tem capacidade de deformar pacotes 
sedimentares adjacentes, propiciando uma 
estrutura favorável à acumulação de 
hidrocarbonetos. Além disso, possuem 
permeabilidade praticamente nula, tornando-as 
excelentes rochas selantes. 
 Mackay et al. (2007) destacaram a 
perspectiva de crescimento da produção 
nacional de hidrocarbonetos após a descoberta 
de novos campos petrolíferos, e citam como 
exemplo a descoberta de petróleo leve em 
reservatório de alta produtividade situado 
abaixo de uma espessa camada de sal na Bacia 
de Santos. 
 Em contrapartida, existe uma grande 
dificuldade em perfurar extensas camadas de sal 
devido ao seu comportamento mecânico e sua 
capacidade de fluência. Botelho (2008) 
descreve que a complexidade destes corpos 
salinos requerem altos custos e tecnologia 
inovadora para alcançar os campos de produção, 
sendo necessária a utilização de procedimentos 
especiais para perfuração através de evaporitos. 
 Uma alternativa para minimizar a taxa de 
fluência do sal é gerenciar o peso do fluido de 
perfuração, garantindo uma maior estabilidade 
até que o poço seja devidamente revestido. 
Deste modo, o objetivo deste trabalho é 
relacionar o comportamento geomecânico dos 
evaporitos com problemas de estabilidade de 
poços em zonas de sal, através de revisão 
bibliográfica e um estudo de caso. 
 
 
2 EVAPORITOS DA BACIA DE SANTOS 
 
A Bacia de Santos é uma bacia sedimentar de 
margem passiva, localizada na região sudeste da 
margem continental brasileira, com 352.000 
km² de área. A Figura 1 ilustra o limite da Bacia 
de Santos com a Bacia de Pelotas, no Alto 
Florianópolis e com a Bacia de Campos, no Alto 
do Cabo Frio. Sua evolução é resultado da 
propagação da ruptura do supercontinente 
Gondwana, que ocorreu em fases. Segundo 
Chang et al. (2008) a deposição dos evaporitos 
ocorreu após o rompimento litosférico, quando 
a circulação da água do mar foi restringida pela 
presença de altos vulcânicos. O clima na época 
era quente e seco, propiciando a evaporação. 
 
 
Figura 1. Localização da Bacia de Santos (Chang et al., 
2008). 
 
Moreira et al. (2007) relata que o tempo 
estimado de deposição dos evaporitos é de 0,7 a 
1 milhão de anos, permanecendo, ainda, 
imprecisa a taxa de acumulação devido à alta 
mobilidade da halita. Os evaporitos da Bacia de 
Santos foram depositados durante o período 
Cretáceo e estão presentes na Formação Ariri, 
onde o seu limite inferior se dá pelos carbonatos 
da Formação Barra Velha, e o limite superior 
pela transição dos evaporitos para os 
sedimentos siliciclásticos e carbonáticos das 
Formações Florianópilos e Guarujá. 
 
 
3 ESTABILIDADE DE POÇOS EM 
ZONAS EVAPORÍTICAS 
 
3.1. Estudo Geomecânico 
 
Segundo Rocha e Azevedo (2009), 
geomecânica é o ramo da ciência que estuda o 
comportamento mecânico de todos os materiais 
geológicos, solos e rochas e suas reações aos 
campos de força que se manifestam sobre o 
respectivo ambiente físico. 
SBMR 2014 
O estudo da mecânica das rochas se 
assemelha ao estudo da mecânica dos materiais. 
Gere e Goodno (2010) definem que os 
conceitos fundamentais na mecânica dos 
materiais são a tensão e a deformação. Estes 
autores descrevem que a tensão é dada em 
unidades de força por unidade de área e é 
referida pela letra grega σ (sigma). 
 As rochas evaporíticas presentes na bacia de 
Santos, assim como as demais rochas da bacia, 
estão sujeitas às tensões resultantes do peso das 
camadas que as sobrepõe, das forças de coesão 
das rochas e dos esforços tectônicos. A hipótese 
utilizada na Engenharia de Petróleo é que a 
tensão vertical (σv) é considerada uma tensão 
principal, logo, no plano horizontal há duas 
tensões que são chamadas de tensão horizontal 
maior (σH) e tensão horizontal menor (σh). A 
Figura 2 representa a ação das tensões nas 
formações. 
 
 
Figura 2. Tensões atuantes na formação. 
 
As tensões atuantes na rocha são 
responsáveis porsua deformação. Segundo 
Rocha e Azevedo (2009), a deformação de um 
corpo resulta em sua movimentação, a partir de 
uma configuração original, para uma nova 
configuração deformada, ocasionando uma 
mudança na posição relativa dos pontos do 
corpo. Para o cálculo da tensão vertical, integra-
se o perfil de densidade, demonstrado na 
Equação (1). 
 

z
0
v (z)gdz = 
 (1) 
Onde σv representa a tensão de sobrecarga, ρ 
é a massa específica, z é a profundidade 
desejada, g é a constante gravitacional e dz é a 
variação da profundidade. Utiliza-se uma 
relação da teoria da elasticidade baseada na Lei 
de Hooke, onde a razão entre a tensão (σ) e a 
deformação (ε) é dada pelo módulo de 
elasticidade ou módulo de Young (E), 
demonstrada na Equação (2): 
 


 = E
 (2) 
 
A relação entre duas deformações é dada 
pelo coeficiente de Poisson (ʋ), representada na 
Equação (3), que mede a deformação 
transversal de um material homogêneo e 
isotrópico. 
 
vertical
horizontal



 
axial
radial - = 
 (3) 
 
 Generalizando-se a Lei de Hooke para um 
espaço tridimensional isotrópico e homogêneo, 
as deformações normais nas três direções, como 
descritas nas Equações (4), (5) e (6). 
 
 )(1 zyxx
E
 
 (4) 
 
 )(1 zxyy
E
 
 (5) 
 
 )(1 yxzz
E
 
 (6) 
 
 Supondo-se que εx = εy = 0 e que σx = σy, 
pode-se escrever a Equação (7): 
 
zy 




1
 (7) 
 
A tensão vertical efetiva pode ser relacionada 
com a tensão horizontal máxima efetiva pela 
relação de Poisson. Admitindo-se que a direção 
z seja a vertical e que x e y as horizontais, pode-
se reescrever a Equação (7), obtendo-se a 
Equação (8). 
 
SBMR 2014 
vHh 



1
 (8) 
 
Onde h a tensão horizontal menor, H a 
tensão horizontal maior,  é o coeficiente de 
Poisson, e v é a tensão de sobrecarga. Nesta 
aproximação as tensões horizontais são supostas 
como tendo a mesma magnitude. 
Calculando-se as tensões horizontais e a 
vertical é possível estimar os esforços atuantes 
na formação a ser perfurada. O conhecimento e 
monitoramento destas tensões são de extrema 
importância para a obtenção de sucesso na 
construção de poços em zonas evaporíticas, 
pois, conhecendo as tensões in-situ e as tensões 
atuantes na parede do poço, é possível evitar 
problemas operacionais, como por exemplo, 
colapso do revestimento. 
 
3.2. Fluência dos Evaporitos 
 
Segundo Botelho (2008), na ciência dos 
materiais, a fluência, ou “creep”, é o termo 
usado para descrever a tendência de um material 
se deformar ao longo do tempo para aliviar a 
tensão. A fluência dos evaporitos depende de 
alguns fatores como a espessura da camada de 
sal, a temperatura da formação, a composição 
mineralógica, o teor de água, a presença de 
impurezas e a extensão onde o diferencial de 
tensão é aplicado. 
Costa (1984) e Botelho (2008) reforçam que 
a velocidade de deformação por fluência (dε/dt) 
é fortemente dependente do nível de tensão 
aplicada, como representada na Figura 3. Os 
autores ainda estabeleceram que quanto maior a 
temperatura, maior será a velocidade de 
deformação por fluência ou taxa de deformação, 
como indica o gráfico da Figura 4. 
Com o objetivo de compreender o 
comportamento de seções evaporíticas 
perfuradas durante a construção de um poço de 
petróleo, realizam-se ensaios de corpo de prova, 
a fim de aperfeiçoar a perfuração de zonas 
salinas. 
Segundo estudos de Poiate et al. (2006) e 
Botelho (2008) uma alternativa para combater a 
fluência de camadas evaporíticas é aumentar o 
peso do fluido de perfuração para que as 
tensões, assim como as deformações, 
diminuam. 
Esta compensação realizada pelo fluido de 
perfuração é de extrema importância, pois 
permite que o poço seja revestido ou 
completado a tempo, sem que haja o colapso do 
poço devido à fluência das camadas 
evaporíticas. 
 
 
Figura 3. Curvas de fluência para variação com tensão e 
temperatura constante (Botelho, 2008). 
 
 
Figura 4. Curvas de fluência para variações de 
temperatura a uma tensão constante (Botelho, 2008). 
 
3.3. Fluido de Perfuração 
 
Uma das principais funções do fluido de 
perfuração é equilibrar a pressão hidrostática do 
poço através de sua densidade. Quando a 
perfuração acontece em zonas evaporíticas, a 
escolha do fluido de perfuração a ser utilizado é 
muito importante, pois, neste caso o fluido é 
responsável por diminuir a taxa de fluência de 
camadas salinas, evitando o colapso do poço. 
Holt e Johnson (1986) afirmam que em muitos 
casos, especialmente em formações salinas, a 
taxa de fluência da formação é inversamente 
proporcional à densidade do fluido de 
SBMR 2014 
perfuração. Um estudo realizado por Mackay et 
al. (2008) indicou que a causa de um rápido 
colapso de poço em zona salina, deve-se ao 
baixo peso do fluido de perfuração. 
Dusseault et al. (2004) explicam que na 
perfuração de seções salinas, algumas 
propriedades específicas do sal, como a fluência 
e a alta solubilidade, devem ser reconhecidas e 
incorporadas no projeto de perfuração. Os 
autores ainda ressaltam que estratégias adotadas 
para o sucesso da perfuração em camadas 
salinas envolve o reconhecimento do 
comportamento de fluência do sal, tensões, 
ajuste da densidade do fluido de perfuração e 
temperatura. 
Bleler (1990) afirma que a utilização de 
fluidos de perfuração à base de água (WBM – 
Water Based Mud) em zonas evaporíticas pode 
causar danos como a dissolução da rocha, a 
menos que o fluido seja saturado antes da 
perfuração da camada salina. Portanto, é 
importante entender que a solubilidade dos sais 
está ligada a temperatura, portanto, os fluidos 
saturados em superfície podem não ser 
eficientes ao entrar em contato com formações a 
elevadas temperaturas. Dusseault et al. (2004) 
destacam que os fluidos à base de óleo ou 
sintéticos são indicados para perfuração de 
camadas salinas espessas, pois o risco de 
dissolução da rocha é menor e o fluido possui 
alta eficiência contra a fluência. 
Zhang et al. (2008) relatam que é de extrema 
importância realizar a modelagem da 
estabilidade do poço em função do peso do 
fluido de perfuração. Esta modelagem permite 
que seja criada uma janela operacional para 
pressão anular. Uma janela operacional segura é 
caracterizada pela densidade do fluido, que é 
suficientemente elevada para assegurar a 
estabilidade do poço e baixa o suficiente para 
assegurar que perdas de fluido não ocorram. 
A escolha inadequada do fluido de 
perfuração pode acarretar problemas como a 
formação de batentes, que acontece em seções 
com intercalações de anidrita e halita ou seções 
com intercalações de outros tipos de rochas 
solúveis e rochas insolúveis, washout, que é o 
alargamento do poço devido à interação da 
coluna com o poço ou pelo excesso de vazão, e 
break-outs, que são falhas por cisalhamento. 
4. ESTUDO DE CASO 
 
O estudo de caso está relacionado à perfuração 
de um poço vertical hipotético com o objetivo 
localizado a 6.400 metros de profundidade, 
sendo 1.500 metros de lâmina d’água. A zona 
mais crítica do projeto está localizada na 
profundidade de 5.000 metros a 6.000 metros 
que compreende uma sequência evaporítica com 
as rochas anidrita, taquidrita, carnalita e halita. 
O poço está localizado em determinada porção 
da bacia de Santos. Discute-se principalmente a 
profundidade de assentamento das sapatas de 
revestimentoe o dimensionamento do fluido de 
perfuração necessário para manter a 
estabilidade. 
 
4.1. Previsões Geológicas 
 
Na geologia, a descrição de uma coluna 
geológica é realizada no sentido da base para o 
topo, mas neste trabalho será realizada no 
sentido topo para base, já que é nesta ordem que 
será realizada a perfuração. 
 
Tabela 1. Previsões Geológicas 
Profundidade 
(m) 
Litologia 
0 – 1.500 Lâmina d’água. 
1.500 – 1.900 Argilito pouco compactado, maciço. 
1.900 – 2.500 Folhelho pouco compactado, maciço. 
2.500 – 3.000 Arenito fino, maciço, moderadamente 
poroso. 
3.000 – 3.200 Folhelho pouco compactado 
3.200 – 3.400 Arenito fino, maciço, moderadamente 
poroso. 
3.400 – 3.600 Siltito, maciço, levemente compactado. 
3.600 – 3.800 Arenito fino, maciço, moderadamente 
poroso. 
3.800 – 4.000 Folhelho terrígeno, maciço. 
4.200 – 4.300 Folhelho carbonáticos, maciço. 
4.300 – 4.400 Calcário moderadamente poroso, 
maciço. 
4.400 – 5.000 Intercalações de calcarenito, calcário e 
folhelho carbonático. 
5.000 – 6.000 Sequência de deposição de evaporitos 
estratificados. 
6.000 – 6.200 Calcário, baixa porosidade, maciço. 
6.200 – 6.400 Calcarenito bastante poroso. 
6.400 – 6.500 Folhelho carbonáticos, maciço. 
 
A seção evaporítica inicia-se com uma 
camada de 100 metros de anidrita no topo. Logo 
abaixo se encontra uma camada de 50 metros de 
SBMR 2014 
taquidrita e 50 metros de carnalita. Em seguida 
encontra-se uma camada de 700 metros de 
halita, e 100 metros de anidrita na base. 
 
4.2. Gradientes de Pressão 
 
Rocha e Azevedo (2009) definem que gradiente 
de pressão é a razão entre a pressão e sua 
profundidade de atuação, geralmente 
referenciada à mesa rotativa na sonda de 
perfuração, podendo ser expresso em psi/ft ou 
psi/m, entretanto, é muito comum que os 
gradientes de pressão sejam expressos em 
unidades de massa específica, como lb/gal ou 
g/cm³. No caso em que o gradiente de pressão é 
expresso em unidades de massa específica, o 
gradiente de pressão é chamado de peso de 
fluido equivalente, densidade equivalente ou 
peso de fluido. 
Este trabalho apresenta a profundidade em 
metros e o gradiente de pressão em lb/gal, 
conforme apresentado na Figura 5. O cálculo do 
gradiente de pressão está representado na 
Equação (9). 
 
 
Figura 5. Gradiente de Pressão. 
 
Segundo Borges (2008), a pressão de colapso 
é a pressão que leva a falha da rocha por 
cisalhamento e a pressão de poros muitas vezes 
é referida como pressão da formação, e pode ser 
definida como a pressão do fluido contido nos 
espaços porosos da rocha. A pressão de fratura é 
a pressão que leva à falha da rocha por tração. 
 
C.D
P
 =G 
 (9) 
 
Onde G é o gradiente de pressão, P é a 
pressão, D é a profundidade vertical e C é uma 
constante de conversão de unidades. A 
constante C tem valor de 0,1704 quando a 
pressão estiver expressa em psi, a profundidade 
em metros, e o gradiente de pressão em lb/gal. 
Se a profundidade estiver expressa em pés, a 
constante C receberá o valor de 0,0519. 
 
4.3. Planejamento da Perfuração do Poço 
 
Segundo Mohriak et al. (2009) o melhor 
planejamento é através da discussão dos 
cenários geológicos com a equipe 
multidisciplinar de projeto, e prever 
contingências para agilizar a solução de 
problemas. O importante é não generalizar 
nada, pois o comportamento do sal é único para 
cada poço perfurado. 
O projeto de revestimento em zonas 
evaporíticas deve ser criterioso, pois, nas 
regiões onde se localizam os sais com maior 
mobilidade, a fluência pode comprometer a 
integridade do revestimento. Segundo Wilson et 
al. (2002) as consequências do colapso de um 
poço pode resultar em bilhões de dólares em 
custos de reparação e perda de produção. 
Seguindo os critérios necessários para manter a 
estabilidade do poço, garantir a eficiência da 
perfuração e reduzir o tempo não produtivo, o 
revestimento do poço do presente trabalho 
ocorre em seis fases. 
 Durante a construção do poço foram 
utilizadas brocas com diferentes diâmetros, 
sendo eles: 36”, 26”, 17 ”, 14 ”, 8 ” com 
alargador de 12 ” durante a seção evaporítica, 
e 8 ” novamente na porção final. 
Os revestimentos possuem os seguintes 
diâmetros: 30”, 20”, 16”, 11 ”, 9 ” e liner 
SBMR 2014 
7”. A Figura 6 ilustra o as fases de revestimento 
do poço. 
 
 
Figura 6. Previsão geológica e fases de revestimento 
 
As profundidades de assentamento das 
sapatas de revestimento foram definidas através 
da análise da janela operacional formada a partir 
dos dados de pressão de sobrecarga, pressão de 
fratura e pressão de poros. 
Segundo Rocha e Azevedo (2009) não existe 
um critério definido para a determinação da 
profundidade de assentamento do revestimento 
condutor, mas geralmente em poços marítimos 
ocorre entre 10 e 50 metros a partir do fundo do 
mar. Ainda segundo estes autores, o 
assentamento do revestimento condutor ocorre 
entre 400 e 500 metros de profundidade, 
dependendo da experiência que se tem na área. 
O assentamento de revestimentos de áreas 
profundas é realizado com base na experiência 
do profissional na área, gradientes de pressão de 
poros, colapso e fratura, a possibilidade de 
ocorrência de kick ou não, zonas de perda de 
circulação, longas extensões de poço aberto, 
entre outros. 
Neste projeto, optou-se assentar as sapatas de 
revestimento das zonas mais profundas no topo 
e na base da seção evaporítica, a fim de 
promover o isolamento da área com maior 
confiabilidade. O topo e a base da seção são 
compostos por anidrita, que é a rocha mais 
rígida e com menor taxa de fluência dentre as 
rochas evaporítica presentes na seção. 
A escolha do fluido de perfuração utilizado 
foi feita com base nas análises da estratigrafia e 
propriedades dos sais encontrados na coluna 
geológica. Optou-se por utilizar um fluido de 
perfuração de base sintética, a fim de prevenir 
problemas como a dissolução dos sais. A 
densidade do fluido foi definida com base na 
taxa de fluência, conforme apresentada na 
Tabela 2. 
 
Tabela 2. Taxa de fluência (pol/h) por tipo de sal e pela 
densidade do fluido (modificado de Mohriak et al. 2009). 
 Densidade do fluido (lb/gal) 
Tipo de 
Sal 
10,5 12 13 14 
Taquidrita 0,2345 0,0879 0,0433 0,0196 
Carnalita 0,0417 0,0149 0,0067 0,0026 
Halita 0,0052 0,0018 0,0008 0,0004 
 
Nas formações acima da sequência 
evaporítica, a densidade de fluido adotada 
variou entre 8,5 lb/gal e 9 lb/gal. Já a densidade 
adotada para casa camada salina atravessada 
variou de acordo com os valores da Tabela 2. 
 
 
5. CONCLUSÃO 
 
A presença de estruturas evaporíticas em bacias 
sedimentares propicia um ambiente favorável à 
acumulação de hidrocarbonetos, pois, o 
evaporito é praticamente impermeável, o que o 
torna uma rocha selante por excelência. 
Possuem propriedades químicas e físicas 
distintas das demais rochas da crosta terrestre, 
pois, o evaporito é um sólido com 
comportamento fluido, admitindo a capacidade 
de fluir (creep) ao longo do tempo geológico. 
Esta fluência ocasiona divessos problemas 
operacionais como prisão da coluna de 
perfuração, colapso de revestimento, formação 
de batentes, entre outros. 
Contudo, conclui-se que para manter a 
estabilidade de um poço em zona evaporítica, é 
necessário o conhecimento prévio das camadas 
SBMR 2014 
salinas a serem perfuradas a fim de estabelecer 
as melhores práticas, como a escolha do fluido 
de perfuração a ser utilizado. O fluido deperfuração é a principal ferramenta utilizada 
para evitar o colapso do poço por fluência. 
A definição da profundidade para o 
assentamento das sapatas dependem 
principalmente da experiência do profissional 
na área, dos gradientes de sobrecarga, pressão 
de fratura e pressão de poros, e outros fatores 
que variam de acordo com a área a ser 
perfurada, como por exemplo, a ocorrência de 
gases superficiais. 
A integridade estrutural do poço deve ser 
preservada, pois o custo da perfuração de um 
poço é muito alto, devendo-se evitar prejuízos. 
O projeto deve ser realizado por uma equipe 
multidisciplinar que deverá discutir a melhor 
maneira de estabelecer a trajetória do poço. 
 
 
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