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BENS JURIDICOS

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DOS BENS JURÍDICOS – PARTE GERAL
Bem Jurídico: Conceito
Bem jurídico é toda utilidade física ou ideal, objeto de um direito subjetivo.
Bem x Coisa
Segundo Maria Helena Diniz, acompanhada por Silvio Venosa: a noção de coisa é mais abrangente do que a de bem. 
Orlando Gomes afirma o contrário: bem é gênero e coisa é espécie. 
Washington de Barros Monteiro: refere que pode haver sinonímia.
Não há consenso na doutrina, mas é preciso se posicionar. Na linha do direito alemão, conforme parágrafo 90, do Código Alemão, a noção de coisa restringe-se a objetos corpóreos. Assim, no entendimento do direito alemão, a coisa é o objeto corpóreo de forma que bem jurídico é mais abrangente do que coisa. Isso porque o bem jurídico englobaria as utilidades corpóreas (coisas) e também as incorpóreas, ideais, imateriais.
Conclui-se, então, que a noção de bem jurídico é genérica, abrangendo utilidades materiais (coisas), bem como utilidades ideais (a exemplo da honra ou da própria vida).”
O que se entende por patrimônio jurídico? 
Para a doutrina clássica, patrimônio é a representação econômica. No entanto, é mais adequado se dizer, quanto a sua natureza jurídica, que se trata de uma universalidade de direitos e obrigações. É o complexo de relações jurídicas de uma pessoa que tenha representação econômica.
Classificação dos bens jurídicos
BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 
Bens imóveis – são aqueles que não podem ser transportados de um lugar para outro sem alteração de sua substância. (art. 79). Podem ser imóveis por natureza (art. 79, 1ª parte); por acessão natural (art. 79, 2ª parte); por acessão artificial ou industrial (art. 79, 3ª parte); e imóvel por força de lei (art. 80, CC).
“Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.”
Todo direito real incidente sobre um imóvel, como uma hipoteca tem por força de lei, natureza de direito imobiliário. De igual forma, o direito à sucessão aberta. Direito à sucessão aberta é direito à herança e esse direito tem natureza imobiliária.
No art. 81, CC, encontram-se as situações em que os bens não perdem a natureza de imóveis.
“Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.”
Bens móveis – são os passíveis de deslocamento, sem quebra ou fratura. Podem ser móveis por natureza, que se subdividem em semoventes (os que se movem por força própria, como os animais) e móveis propriamente ditos (os que admitem remoção por força alheia) (art. 82) e móveis por determinação legal (art. 83).
“Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.”
As energias têm valor econômico e são consideradas bens móveis. Tanto é assim, que energia elétrica pode ser objeto de furto.
Bens fungíveis – são aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Bens infungíveis – por sua vez, são aqueles de natureza insubstituível. 
“Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.” 
Bens consumíveis – são os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, bem como aqueles destinados à alienação.
Bens inconsumíveis – são aqueles que suportam uso continuado. 
“Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.”
Bens divisíveis – são os que se pode repartir em porções reais e distintas, formando cada uma delas um todo perfeito.
Bens indivisíveis – não admitem divisão cômoda sem desvalorização ou dano. Podem ser indivisíveis por natureza (os que não se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição de valor ou prejuízo); por determinação legal (as servidões, as hipotecas); ou por vontade das partes (convencional).
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. 
Bens singulares – são coisas consideradas em sua individualidade, representadas por uma unidade autônoma e, por isso, distinta de quaisquer outras. 
Bens coletivos ou universalidades – são aqueles que, em conjunto, formam um todo homogêneo (universalidade da fato; universalidade de direito). 
“Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.” 
BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
Bem Principal - é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente.
Bem Acessório – é o bem cuja existência supõe a do principal.
O princípio da gravitação jurídica significa que o acessório gravita em torno do principal. Dando destino ao bem principal, irá segui-lo o acessório, salvo disposição em contrário. Dentro dos bens acessórios, destacam-se as seguintes espécies: Frutos, produtos, pertenças e benfeitorias. 
O que é fruto: trata-se das utilidades renováveis, ou seja, que a coisa principal periodicamente produz e cuja percepção não diminui a sua substância.
Os frutos classificam-se em: 
Quanto à sua natureza: 
a) naturais – são gerados pelo bem principal sem necessidade da intervenção humana direta;
b) industriais – são decorrentes da atividade industrial humana; 
c) civis – são utilidades que a coisa frugífera periodicamente produz, viabilizando a percepção de uma renda. 
Quanto à ligação com a coisa principal: 
a) colhidos ou percebidos – são os frutos já destacados da coisa principal, mas ainda existentes; 
b) pendentes – são aqueles que ainda se encontram ligados à coisa principal, não tendo sido, portanto, destacados; 
c) percipiendos – são aqueles que deveriam ter sido colhido, mas não o foram; 
d) estantes – são os frutos já destacados, que se encontram estocados e armazenados para a venda; 
e) consumidos - que não mais existem. 
O que é produto: é uma utilidade que não se renova e cuja percepção esgota a coisa principal.
O que é pertença: é a coisa que, sem integrar a coisa principal, acopla-se ou justapõe-se a ela conservando a sua autonomia servindo-a. Não integra a coisa principal. Permanece guardando sua característica funcional.
“Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.”
O que é benfeitoria: é toda obra realizada pelo homem, na estrutura de uma coisa com o propósito de conservá-la (necessária), melhorá-la (útil) ou embelezá-la (voluptuária) (arts. 96 e 97, do CC).
“Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.”
Não existe benfeitoria natural. Toda benfeitoria é obra do homem. Sempre
é artificial. Toda benfeitoria, quer tenha a necessidade de consertar como a reforma (necessária), quer tenha o propósito de melhorar a utilização como abrir o vão de entrada da casa (útil), quer tenha o condão de proporcionar deleite (voluptuária) como uma escultura feita na parede rochosa do terreno, mas toda benfeitoria é artificial. 
BENS PÚBLICOS E PARTICULARES 
Quanto ao titular do domínio, os bens poderão ser públicos (uso comum do povo, uso especial e dominiais) ou particulares. Os bens públicos são estudados pelo Direito Administrativo. 
No Código Civil: 
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 
Art. 99. São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. 
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. 
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. 
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 
O Bem de Família 
O bem de família voluntário, disciplinado a partir do art. 1711 do CC, é aquele instituído por ato de vontade do casal, da entidade familiar ou de terceiro, mediante registro público. O bem de família voluntário tem duas características especiais: 1) Deve ser voluntário. 2) O bem de família não poderá ultrapassar o teto de 1/3 do patrimônio líquido dos instituidores. O bem de família poderá abranger valores mobiliários (inclusive rendas).
Já o bem de família legal é reconhecido pela Lei n. 8009 de 1990, independentemente de inscrição em cartório. Essa espécie legal, disciplinada pela Lei n. 8009/90, traduz a impenhorabilidade do imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, isentando-o de dívidas civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de qualquer natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, ressalvadas as hipóteses previstas em lei. 
Tal isenção compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarneçam a casa, desde que quitados. 
A impenhorabilidade, como dispõe o art. 3° da Lei n. 8009/90, é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista, ou de outra natureza, salvo se movido (exceções à impenhorabilidade legal): 
a) em razão de créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias; 
b) pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; 
c) pelo credor de pensão alimentícia; 
d) para a cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; 
e) para a execução de hipoteca sobre o imóvel, oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; 
f) por ter sido adquirido com produto de crime ou para a execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens; 
g) por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. 
Entendimentos jurisprudenciais:
Visando à proteção do constitucional direito à moradia e à tutela do patrimônio mínimo, as regras do bem de família protegem o devedor, pouco importando se ele integra núcleo conjugal ou união estável. Segundo a Súmula 364 do STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. 
O STJ tem admitido o desmembramento do bem de família, para efeito de penhora: É possível a penhora da piscina e da churrasqueira desde que preservada a residência. A impenhorabilidade da residência não se presta a proteger área de lazer da casa. Por isso, o devedor terá penhorados os lotes onde ficam a piscina e a churrasqueira, contíguos à casa.
O STJ já consolidou que vaga de garagem com matrícula e registro próprios é penhorável.
Sobre a penhorabilidade do bem de família em virtude de cobrança de despesa condominial, há entendimento do STF no sentido de que a cobrança de taxa de condomínio resulta também na penhora do imóvel.
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