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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE METEOROLOGIA Disciplina: POLUIÇÃO DO AR (IGT603) Professor Responsável: Luiz Francisco Pires Guimarães Maia (luizmaia@acd.ufrj.br) Texto Complementar UNIDADE 8 – METEOROLOGIA DA POLUIÇÃO DO AR DIREÇÃO DO VENTO A direção do vento exprime a posição do horizonte aparente do observador a partir da qual o vento parece provir (ou seja: de onde o vento sopra) e nunca para onde o vento estaria indo. A direção é expressa em termos do azimute isto é, do ângulo que o vetor velocidade do vento forma com o norte geográfico local (0°), medido no mesmo sentido do movimento dos ponteiros de um relógio analógico. Assim, o vento que vem de leste tem direção de 90°, aquele que procede do sul tem direção de 180° etc. Figura 1: Rosa dos ventos 2 Na rosa dos ventos também podemos expressar quais as direções de maior incidência (predominância) de vento, para um determinado ponto, e suas variações de velocidade, como na figura 2. Esse tipo de representação também serve para expressar as direções onde temos maiores concentrações de poluentes, como mostra a figura 3, que pode ser chamada de Rosa de Poluição. O termo “rosa de poluição”, em analogia à rosa dos ventos, está relacionado à deterioração da qualidade original da atmosfera, quanto ao parâmetro em estudo, independentemente de estar apresentando concentração que possa causar danos. Associa, portanto, para cada direção do vento, as faixas de concentrações de um dado poluente selecionado. Figura 2: Rosa dos ventos com as direções predominantes do vento para um determinado ponto. 3 Figura 3: Rosa de poluição com as direções predominantes de ozônio para um determinado ponto. BRISAS (Fonte: Geografia Opinativa) A dinâmica dos ventos, seja ela na escala do macroclima, como na dinâmica geral de circulação da atmosfera, ou no microclima, limitados a pequenas regiões, é quase completamente determinada pela localização e pela intensidade de centros de alta e de baixa pressão. A formação destes centros, todavia, está intimamente relacionada com a distribuição de energia solar sobre determinada área. Em regiões com relevo recortado, a variação de temperatura é bastante evidente. O topo de montanhas fica mais suscetível ao recebimento de energia solar durante o dia, ao mesmo tempo que, durante as noites, libera esta energia mais facilmente e de maneira mais rápida. Ao contrário, os vales, tendo sua recarga de energia bloqueada pelas regiões mais altas e seu tempo de exposição ao Sol reduzido, recebem menos energia durante o dia, enquanto que apresentam dificuldade de liberá-la durante a noite. Assim, durante o dia, o topo da montanha está com uma temperatura maior que o vale. Cria-se, portanto, uma zona de baixa pressão na montanha 4 concomitantemente a criação de uma zona de alta pressão no vale. Ocorre, consequentemente, um deslocamento ascendente do vento quente pelas encostas. Esta é a Brisa de Vale. Já durante as noites, o topo da montanha está com uma temperatura menor que o vale. Cria-se, assim, um centro de alta pressão na montanha e um centro de baixa pressão no vale. O vento, que nesta situação é frio, passa, então, a descer as encostas. Esta é a Brisa de Montanha. Nas regiões próximas ao mar, um fator importante que influencia no clima é a circulação de ar que ocorre entre o continente e o oceano. O ar sempre tende a seguir das áreas de alta pressão (áreas de anticiclone, mais frias) para as de baixa pressão (ciclone, mais quentes). A terra, por questões 5 químicas, tende a sempre aquecer-se mais rápido que a água. A água, por sua vez, retém mais calor e resfria mais devagar. Conforme o ar é aquecido na região mais quente, ele se torna menos denso e tende a ascender. O ar mais frio tende a se deslocar para essa região a fim de ocupar esse espaço “vazio”. O ar quente que ascendeu, ao atingir altas altitudes, se resfria e então se torna mais denso, tendendo a descender e então ir em direção a região mais quente. Esse é o processo de circulação dos ventos. Sendo assim, durante o dia, a terra recebe calor do sol e se aquece mais rápido, ficando alguns graus mais alto que o mar. Seguindo por esta linha de pensamento, a parte continental acaba virando uma área de baixa pressão (recebe ventos) e o mar de alta pressão (dispersa ventos). Portanto, os ventos de superfície tomam o sentido oceano-continente. Esta é a chamada Brisa Marítima. Já durante a noite, o que ocorre é o inverso. Por reter calor por mais tempo, a água fica mais aquecida que a terra, logo o oceano vira uma área de baixa pressão e o continente de alta pressão. Sendo assim, a terra é quem começa a dispersar ventos para o mar, com ventos de superfície no sentido continente-oceano, criando a Brisa Terrestre. Circulação da brisa marítima Circulação da brisa terrestre 6 ESTABILIDADE ATMOSFÉRICA (Prof. Alice Marlene Grimm – Meteorologia Básica – UFPR) Uma parcela de ar sofre forças de flutuação (empuxo) que a fazem deslocar-se verticalmente quando surgem diferenças de densidade entre a parcela e o ar ambiente. Se o ar da parcela for mais quente (e portanto, menos denso) que o ar ambiente, ela tende a subir. Se o ar da parcela for mais frio (mais denso) que o ar ambiente ela tende a descer. A estabilidade atmosférica é determinada comparando-se a variação de temperatura de uma parcela de ar ascendente ou descendente com o perfil de temperatura do ar ambiente. A taxa de resfriamento de uma parcela de ar ascendente depende de estar saturada (taxa adiabática úmida ou saturada) ou não saturada (taxa adiabática seca). Numa camada de ar estável, uma parcela de ar ascendente torna-se mais fria que o ar ambiente ou uma parcela de ar descendente torna-se mais quente que o ar ambiente. Tanto num caso como no outro a parcela é forçada a retornar à sua altitude original. Condição de estabilidade Numa camada de ar instável, uma parcela de ar ascendente torna-se mais quente que o ar ambiente e continua a subir e uma parcela de ar descendente torna-se mais fria que o ar ambiente e continua a descer. 7 Camada de ar instavel Condição de instabilidade Analisando o perfil das condições de estabilidade com a taxa adiabática fixa, podemos perceber na figura abaixo que se a taxa de temperatura do ambiente diminui com a altura, temos a condição de instabilidade. Se a taxa do ambiente for paralela a taxa adiabática, temos uma condição neutra. E se a taxa de temperatura do ambiente aumentar com a altura, temos a condição de estabilidade. 8 Qualquer fator que cause o aquecimento do ar mais próximo à superfície em relação ao ar mais para cima aumenta a instabilidade. O oposto é verdadeiro: qualquer fator que resfrie o ar mais próximo à superfície torna o ar mais estável. A estabilidade é aumentada por: 1. resfriamento radiativo da superfície da Terra após o por do sol e, por conseqüência, do ar próximo à superfície; 2. resfriamento de uma massa de ar por baixo quando ela atravessa uma superfície fria; 3. subsidência de uma coluna de ar. A instabilidade é aumentada por: 1. intensa radiação solar que aquece o solo e, por conseqüência, o ar por baixo; 2. aquecimento de uma massa de ar por baixo quando ela atravessa uma superfície quente; 3. movimento ascendente do ar associado com convergência geral; 4. levantamento forçadode ar, tal como o induzido por montanhas; 5. resfriamento radiativo do topo de nuvens. 9 INVERSÃO DE TEMPERATURA As condições mais estáveis ocorrem durante uma inversão de temperatura, quando a temperatura cresce com a altura. Como os poluentes são geralmente adicionados ao ar a partir da superfície, a inversão de temperatura os confina às camadas mais baixas, até que a inversão se dissipe. Nevoeiro espalhado é outro sinal de estabilidade. Se a camada com o nevoeiro estivesse se misturando livremente com a camada mais seca acima, o nevoeiro seria rapidamente eliminado por evaporação. A inversão de temperatura pode formar-se por (1) subsidência de ar, (2) grande resfriamento radiativo ou (3) advecção de massas de ar.
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