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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE METEOROLOGIA Disciplina: POLUIÇÃO DO AR (IGT603) Professor Responsável: Luiz Francisco Pires Guimarães Maia (luizmaia@acd.ufrj.br) Texto Complementar UNIDADE 4 - MONITORAMENTO Algumas décadas atrás a poluição do ar tem sido associada à danos, especialmente danos aos humanos em termos de doenças, como doenças respiratórias associadas a poluentes atmosféricos. Alguns poluentes são comumente conhecidos por causar três tipos específicos de danos. Eles prejudicam a saúde, afetam e destroem recursos ambientais, e causam danos a propriedades. Esses poluentes são: A. Material particulado (PM) B. Ozônio (O3) C. Monóxido de carbono (CO) D. Dióxido de enxofre (SO2) E. Dióxido de nitrogênio (NO2) Eles são conhecidos por poluentes critério. A Agência de Proteção ao Meio ambiente dos Estados Unidos (EPA) os regulou usando dois critérios para padrão de poluente. O primeiro conjunto é designado para proteger a saúde da população, e é chamado de Padrões Primários. O segundo conjunto de limite, chamado de Padrões Secundários, busca a prevenção de danos ao meio ambiente e a propriedades. No Brasil os padrões de qualidade do ar foram estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 3/1990, sendo de acordo com esta resolução divididos nos padrões primários e secundários. 2 São padrões primários de qualidade do ar as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo. São padrões secundários de qualidade do ar as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e a flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo. Os parâmetros regulamentados pela legislação ambiental são os seguintes: partículas totais em suspensão, fumaça, partículas inaláveis, dióxido de enxofre, monóxido de carbono, ozônio e dióxido de nitrogênio. A mesma resolução estabelece ainda os critérios para episódios agudos de poluição do ar. Ressalte-se que a declaração dos estados de Atenção, Alerta e Emergência requer, além dos níveis de concentração atingidos, a previsão de condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão dos poluentes. ÍNDICE DE QUALIDADE DO AR O Índice de Qualidade do Ar (IQA) são amplamente utilizados desde o início da década de 80 pela agência ambiental americana, criado com a finalidade de apresentar de maneira fácil as informações sobre a qualidade do ar de uma determinada localidade para a população. Este índice é uma comunicação diária, onde classificam-se a qualidade do ar a partir das concentrações dos poluentes registradas no período em cinco diferentes níveis, que variam entre boa e péssima e que retratam quais os riscos e efeitos adversos para a saúde a população está exposta. O IQA é um valor numérico, compreendido entre 0 e 300. Quanto maior o valor que expressa, maior é a poluição do ar, e conseqüentemente maior será a preocupação com a saúde. Por exemplo, um valor de 50 para o IQA representa uma boa qualidade do ar com pouco ou nenhum potencial para afetar a saúde pública, enquanto um valor de IQA maior que 300 representa uma qualidade do ar ruim com uma maior possibilidade de afetar a saúde da população. 3 O Instituto Estadual do Ambiente definiu os Índices de Qualidade do Ar para sua aplicação no Estado do Rio de Janeiro, sendo, portanto, os mesmos adotados pelo Monitorar-Rio. O índice é dividido nas seguintes categorias, com diferentes níveis de impactos na saúde: Boa: O valor do IQA está compreendido entre 0 e 50. A qualidade do ar é satisfatória e apresenta pouco ou nenhum risco para a saúde da população. Regular: Compreende a faixa de IQA entre 51 e 100. Nesta faixa, a qualidade do ar é aceitável, porém as concentrações existentes no ar podem causar uma preocupação moderada à saúde para um número muito pequeno de indivíduos. Pessoas com extrema sensibilidade ao ozônio e ao material particulado podem experimentar problemas respiratórios. Inadequada: Valores de IQA entre 101 e 199. Os membros de grupos sensíveis podem ter efeitos na saúde, mas a população em geral não é afetada. Pessoas com doença pulmonar, doenças cardíacas, crianças e idosos são considerados como grupos mais sensíveis e portanto de maior risco. Má: Faixa de IQA compreendida entre 200 e 299. Toda a população começa a sentir os efeitos na saúde quando os valores estão compreendidos nesta faixa. Péssima: Valores de IQA acima de 300. Quando estes valores são atingidos, deve ser dado um alerta à população, pois todos podem experimentar os mais graves efeitos na saúde. A tabela abaixo apresenta as faixas de concentração dos poluentes e respectiva classificação, bem como as cores utilizadas para ilustrar os índices de qualidade do ar. 4 Faixas de concentração dos poluentes para cálculo do IQA: Cálculo do IQA Baseado nas concentrações dos poluentes monitorados e nas faixas de concentração definidas para cada poluente, o cálculo do IQA é dado pela seguinte equação: onde, Ip = índice para o poluente p If = valor do IQA máximo da faixa onde o poluente p se encontra Ii = valor do IQA mínimo da faixa onde o poluente p se encontra Cf = valor máximo da faixa de concentração onde o poluente p se encontra Ci = valor mínimo da faixa de concentração onde o poluente p se encontra C = concentração média do poluente p O valor Ip é calculado para cada poluente monitorado na estação, e a qualidade do ar será classificada a partir do maior índice, ou seja, será determinada pelo poluente que apresentar o pior resultado para Ip. 5 O IQA da localidade em questão será dado, portanto, por este valor de Ip e classificação correspondente. E deve ser indicado qual poluente o determinou. O boletim do MonitorAr-Rio fornece informações para cada um dos poluentes monitorados. E aquele que está determinando a qualidade do ar do local, é destacado em negrito e sublinhado. EQUIPAMENTOS DE MONITORAMENTO (LACAVA, Carlos Ibsen Vianna. Capítulo 2: Avaliação da Qualidade do Ar) O monitoramento da poluição do ar envolve medir a poluição nas escalas de tempo e espaço. Assim, uma vez identificados os poluentes prioritários, os equipamentos de medição (monitores) devem ser capazes de garantir que os dados gerados atendam aos objetivos do monitoramento, em especial, que possam ser comparados com os padrões legais de qualidade do ar. Além do monitoramento realizado por equipamentos, há ainda um método menos comum de avaliação da qualidade do ar utilizando bioindicadores. Os equipamentos podem ser divididos em quatro tipos, cujos princípios de funcionamento são: Amostradores passivos: O amostrador passivo é um equipamento capaz de coletar amostras de poluentes gasosos ou vapor na atmosfera em uma taxa controlada por processos físicos, como difusão através de uma camada estática ou permeação através de uma membrana. Os amostradores passivos não necessitam do uso de bombas ou outro tipo de equipamento de sucção que force o movimento de um volume de ar através deles. Amostradores ativos: Nos amostradoresativos, um certo volume de ar é sugado por uma bomba e passa através de um meio coletor químico ou físico por um determinado período de tempo (tipicamente, 24 horas para os poluentes em que o padrão legal é de 24 horas). A coleta pode ser feita por processo de absorção, adsorção, impactação, filtração, difusão, reação ou por uma combinação de dois ou mais desses processos. Posteriormente, as 6 amostras são analisadas em laboratório para determinação da concentração do poluente de interesse. Analisadores automáticos: Este tipo de equipamento de medição fornece medidas com resolução temporal relativamente alta, normalmente médias de 30 ou 60 minutos, e utilizam princípios eletroópticos. A amostra de ar entra em uma câmara de reação onde a propriedade ótica do gás pode ser medida diretamente, ou uma reação química ocorre produzindo quimiluminescência ou luz fluorescente. Um detector de luz produz um sinal elétrico que é proporcional à concentração do poluente que está sendo medida. Sensores remotos: Este tipo de monitor fornece informações de concentração de poluentes em pontos do espaço mais distantes do equipamento, por meio de técnicas de espectroscopia. Os dados são obtidos pela integração, ao longo de um caminho óptico, de uma fonte de luz e de receptor (normalmente a uma distância maior do que 100 metros). Esse tipo de equipamento pode ser particularmente útil para avaliação das concentrações de poluentes nas proximidades de fontes emissoras e para obtenção de medidas de concentração vertical na atmosfera. Vantagens e desvantagens dos equipamentos de medição da Poluição do Ar:
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