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Direito Empresarial, Introdução ao Direito Empresarial 2014

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Introdução ao Direito Empresarial 
ORIGENS 
Na Antiguidade, a necessidade de obter os bens necessários ao próprio sustento, levou as pessoas a efetuar trocas, entre si, no intuito de prover a subsistência do indivíduo ou do grupo social. Com o desenvolvimento da civilização, o mecanismo da permuta foi aperfeiçoado, houve, então, a substituição da economia de troca (escambo) pela economia de mercado que adotou a moeda como meio de circulação de riquezas. 
No século XI houve uma nova fase de desenvolvimento econômico na Europa, neste período o direito romano, voltado para a defesa do devedor, visava dar garantia jurídica aos credores uma vez que havia uma verdadeira aversão às atividades lucrativas, tal como relata a Bíblia em Deuteronômio: “Ao teu irmão não emprestarás com usura”. 
Já na Idade Média surge, de forma fragmentada, o comércio, advindo do desenvolvimento da atividade dos mercadores que é o tráfego de mercadorias. Comércio significa permutar produtos ou valores. A origem da palavra provém do latim (commutatio mercium), cujo significado é troca de mercadorias por mercadorias. 
Vale dizer que mesmo antes deste período histórico a atividade comercial era desenvolvida, tal como relata o Código do Rei Hammurabi que data de 2000 AC. Apenas é preciso ressaltar que na Idade Média surgiram as primeiras normas disciplinando o comércio de maneira sistematizada. 
Período subjetivo – corporativista 
Em razão da aversão ao mercantilismo, os comerciantes uniram-se em torno de organizações de classe. As corporações de mercadores experimentaram grande sucesso na época e adquiriram, através dos recursos econômicos dos mercadores, força bélica capaz de conferir autonomia para alguns centros comerciais tais como Veneza, Florença, Gênova, etc. Os comerciantes organizados em poderosas ligas e corporações passaram a ser titulares de poder político e militar capaz de tornar autônomas as cidades mercantis, a ponto dos estatutos das corporações se confundirem com os da própria cidade. 
Nesta fase surge o direito comercial sistematizado, deduzido em regras corporativas e, sobretudo, nos assentos jurisprudenciais das decisões dos Juízes designados pelas corporações para resolver as disputas entre comerciantes. Criou-se um direito costumeiro aplicado dentro das Cidades-Estado por juízes consulares eleitos pelas Assembleias das corporações. 
Temos nesta fase um período subjetivista onde o direito comercial está a serviço do comerciante, isto é um direito corporativo, profissional, especial, autônomo e consuetudinário (cosmopolita – não tem fronteiras), ligado aos costumes formados e difundido pelos mercadores. 
Neste período o direito comercial só tinha incidência e protegia as relações jurídicas das pessoas que integrassem as corporações de mercadores, trata-se de um período classista e fechado onde só tinha proteção quem estivesse matriculado na corporação. 
Assim, o registro criava uma situação jurídica nova para a pessoa, transformava o servo em burguês, atribuindo a este a condição de comerciante, titular da proteção das corporações de mercadores, por este motivo, tinha natureza constitutiva, pois dava uma nova condição jurídica ao comerciante. 
Contudo, o exercício da profissão de comerciante como requisito para a obtenção da proteção passou a não ser suficiente, tornou-se necessário expandir a proteção para as demais matérias relacionadas com o comércio para assim proteger os atos relacionados com a atividade mercantil. Surge então um novo período histórico. 
Período objetivo 
No século XIX, em França, surge o período objetivo com a estipulação da dicotomia do direito privado através do Código Civil de 1804 e do Código Comercial Napoleônico de 1807. Os ideais da Revolução Francesa (Igualdade, Liberdade e Fraternidade) e a influência de Napoleão Bonaparte afastaram o poder político e bélico das corporações em troca de regras jurídicas que protegiam os interesses dos antigos senhores feudais e dos burgueses, com isso, a base do direito comercial deslocou-se dos mercadores para os atos de comércio. 
Desta forma a atribuição da condição de comerciante passou a depender dos atos praticados pela pessoa e não pela sua inclusão em uma corporação de ofício. 
Os atos de comércio são de dificílima conceituação. Alfredo Rocco, no entanto, identificou a troca indireta ou mediata como elemento caracterizador da atividade de intermediação entre produtor e consumidor, praticada pelo comerciante. Assim, entendeu que “o comércio é aquele ramo de produção econômica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposição entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias”. 
Para Vidari, comércio “é o complexo de atos de intromissão entre o produtor e o consumidor, que, exercidos habitualmente com fim de lucros, realizam, promovem ou facilitam a circulação dos produtos da natureza e da indústria, para tornar mais fácil e pronta a procura e a oferta”. 
Carvalho de Mendonça na qualidade de um dos maiores tratadistas sobre a matéria, conceituou os atos de comércio da seguinte forma: 
Atos de comércio por natureza ou profissionais: são atos praticados de forma profissional, por pessoa natural ou jurídica. Consiste na produção ou na circulação de bens, visando lucro. Ex.: compra e venda de mercadorias. 
Atos de comércio por dependência: atos praticados em benefício da atividade comercial. ex. compra de veículos para aparelhar a atividade. 
3.	Atos de comércio por força de lei ou objetivos: aqueles que a lei reputa como mercantis, independentemente da sua natureza ou da pessoa que o pratique. ex: emissão de cheque. 
São elementos integrantes do comércio: mediação, fim lucrativo e profissionalismo (habitualidade e continuidade). A habitualidade não significa frequência, mas se relaciona com o tipo de atividade desempenhada. 
A grande dificuldade do período objetivo está no fato de só o comerciante, que pratica os atos de comércio, ser titular da proteção do direito comercial. Nesta fase, a prestação de serviços já gozava de grande relevância econômica, mas estava excluída da incidência das normas do direito comercial por não haver intermediação de bens naquela atividade. Ex. As administradoras de imóveis (art. 191 do Código Comercial). 
Existem exceções como, por exemplo, a lei das S.A. que, no § 1 º do art. 2º, dispõe que “toda sociedade anônima independentemente do seu objeto será mercantil”. Da mesma forma, a Lei 4.068/62, que trata das sociedades construtoras de imóveis, e a Lei 4.591/64, que considera as incorporadoras de imóveis como comerciantes, submetem a prestação de serviços às regras do direito comercial independentemente do ato praticado na atividade envolver ou não a intermediação de bens. 
Neste segundo momento, o registro passa a ter natureza declaratória, pois não cria a condição de comerciante, apenas declara e reconhece que a causa dos atos praticados é mercantil. Ou seja, o registro declara que a pessoa que pratica atos de natureza mercantil é comerciante. 
O registro também indica que o comerciante está funcionando de maneira regular, pois o importante é que o sujeito pratique profissionalmente atos de comércio e seja registrado, pois desta forma será titular da proteção do direito comercial. Um exemplo desta proteção é o direito à concordata, instituto próprio do comerciante regular, mas que ao comerciante sem registro ou irregular, em princípio, não é concedido. 
Período subjetivo moderno 
O período subjetivo moderno surge na Alemanha em 1897 com a edição do Código Comercial Alemão, mas foi na Itália em 1942, pela doutrina de Ferrara e através do estudo da azienda, que surgiu a teoria da empresa positivada no Código Civil Italiano unificado. 
Cesare Vivante foi um dos primeiros doutrinadores a defender a identificação da empresa como sendo uma unidade econômica de produção e a necessidade de unificação do direito privado, em rompimento com a velha dicotomia entre atos civis e atos de comércio até então adotada.Esta postura acabou por encorajar a passagem do período objetivo para o período subjetivo moderno, não obstante o renomado jurista ter se retratado em seu posicionamento, para defender que a unificação do direito privado acarretaria grave prejuízo para o Direito Comercial devido a sua característica cosmopolita. 
Neste período, o registro não cria uma situação jurídica nova para a pessoa, nem tampouco declara a causa dos atos praticados, apenas declara a regularidade no exercício da atividade, uma vez que aos órgãos incumbidos de realizar o registro compete o controle da legalidade da constituição e dos atos praticados pelos sujeitos da empresa. 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO COMERCIAL NO BRASIL 
O antigo Código Comercial Brasileiro, de 1.850, sofreu claras influências do período objetivo, privilegiando a doutrina dos atos de comércio. Porém, ainda em 1850, o Regulamento 737 ao enumerar os atos de comércio (Art. 19) incluiu as empresas como sujeitos da atividade comercial dando início aos trabalhos para a conceituação do instituto. 
Vale dizer que, desde o advento do Código Civil de 1916, parte da doutrina e a jurisprudência já aceitavam a teoria da empresa. 
A Lei 4.137/62 (hoje substituída pela Lei 8.884/94) previa: “Considera-se empresa toda organização de natureza civil ou mercantil destinada à exploração por pessoa física ou jurídica de qualquer atividade com fins lucrativos” (art. 6º). 
Porém, foi com a entrada em vigor da Lei 8.934/94 que a doutrina começou a sustentar que a teoria da empresa fora acolhida no Direito Brasileiro, uma vez que a referida lei dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e atividades afins. 
A Lei 10.406/2002, Novo Código Civil Brasileiro, promoveu a unificação do direito privado e acabou com a dicotomia então existente entre atos civis e de comércio na vigência do Código Comercial de 1850 e do código Civil de 1916. 
Por força do art. 2.045 do novo código civil, foram revogados o código civil de 1916 e a primeira parte do Código Comercial que trata do comércio em geral. 
Assim, não há mais que se falar em contratos e obrigações civis e contratos e obrigações comerciais, em sociedades civis e sociedades comerciais. Agora, todas as obrigações, contratos e sociedades têm natureza privada e regulam-se pelas disposições da lei 10.406/2002. 
O grande mérito do novo código civil, no que tange ao direito de empresa é a busca pela sistematização do direito empresarial que vinha sendo regulamentado por leis esparsas de natureza especial, o que não raras vezes gerava aparentes conflitos entre as normas. 
Vale ressaltar que a unificação do direito das obrigações, dos contratos e sociedades, não fez desaparecer a autonomia do direito comercial no que se diz respeito aos títulos de crédito, registro e falência. Estas matérias continuam sendo disciplinadas por regras próprias de cunho comercial que, em virtude do princípio da especialidade, prevalecem sobre as normas gerais elencadas no Código Civil. 
Diante desta nova realidade, a unificação do direito privado aparece como um marco na evolução da regulação das relações jurídicas uma vez que promove a inclusão da prestação de serviços, que estava fora da proteção legal do Direito Comercial, à incidência das regras e institutos relativos à empresa. 
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DIREITO EMPRESARIAL 
O direito empresarial visa regular o exercício profissional de atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens e serviços. Por este motivo ganha relevância o conceito jurídico de empresa uma vez que esta atividade irá delinear toda a aplicação das normas relativas à matéria.
Natureza 
Embora contenha normas de direito público, o direito empresarial é um ramo do direito privado. Os princípios fundamentais do direito público buscam a supremacia do interesse público no exercício da atividade econômica, ou seja, as normas e as leis estabelecem desigualdades nas relações jurídicas, para que o interesse geral prepondere sobre o particular. Já os princípios do direito privado são os da autonomia da vontade e o da igualdade. 
Relações com outros ramos do direito 
O direito constitucional, como regra máxima, não deixa de tratar das restrições ao exercício da atividade empresarial, bem como dos princípios e normas gerais atinentes à ordem econômica e social. 
O direito comercial é autônomo em relação aos demais ramos do direito privado, com eles guarda afinidades uma vez que se aplicam as regras gerais de contratos e obrigações na esfera empresarial. Contudo, o direito comercial consolida-se como um ramo autônomo porque disciplina tendências profissionais. 
Autonomia 
Mesmo com a unificação legislativa do direito privado (civil e comercial), não houve o desaparecimento da autonomia jurídica do direito comercial, tendo em vista que este ramo do direito privado possui institutos, regras e princípios jurídicos próprios. O direito empresarial aparece como um sub-ramo do direito privado destinado a regular o exercício da empresa por empresário ou sociedades empresárias. 
Fontes e objeto do direito empresarial 
As fontes primárias do direito empresarial são: 
- A Constituição Federal 
- O Código Civil: que trata das sociedades simples, ltda., etc. 
- O Código Comercial: segunda parte, que trata do direito marítimo 
- Leis especiais, tais como: a lei de falências (Lei 11.101/2005), lei das sociedades anônimas (lei nº 6.404/76 e alterações da 10.303/01); lei das duplicatas (lei nº 5.474/68); lei da propriedade industrial (lei nº 9.279/96), etc. 
As fontes secundárias do direito empresarial são: - os usos e costumes: a lei não distingue o uso do costume, mas boa parte da doutrina entende que o uso é estabelecido por convenção das partes (prática uniforme, constante e por certo tempo e exercido de boa-fé), enquanto o costume é mais imperativo (regra subsidiária às normas). 
Pode ser dividido em usos comerciais propriamente ditos (é generalizado, equivale à lei e obriga as partes) e o uso convencional (interpretativo ou de fato / advém da vontade das partes, ainda que tacitamente e demanda prova). 
O art. 8º, VI da lei 8934 determina que as Juntas Comerciais devem fazer o assentamento dos usos e práticas mercantis revelando-os como fonte secundária do direito empresarial. 
- A doutrina, a jurisprudência, analogia, princípios gerais do direito, tratados e convenções internacionais. 
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Conceito jurídico de empresa 
Cesare Vivante identificou a empresa pelo aspecto econômico descrevendo-a como um organismo que, sob o seu próprio risco, recolhe e põe em atuação sistematicamente os elementos necessários para obter riquezas. 
Para Vivante, a combinação do capital, trabalho e risco são requisitos indispensáveis de toda empresa. 
Alberto Asquini identificou quatro sentidos para a palavra Empresa: 
1.	Sentido subjetivo: empresa identificada como empresário;
2.	Sentido objetivo ou patrimonial: Empresa como sendo o conjunto de bens corpóreos e incorpóreos organizado para o exercício da atividade (Fundo Empresarial, Art. 1.142 cc/02);
3.	Sentido institucional: Empresa como uma corporação formada pelo empresário e seus colaboradores;
4.	Sentido técnico–funcional: empresa como atividade econômica organizada de maneira profissional para a produção ou circulação de bens ou de serviços. O sentido técnico funcional é o que apresenta maior relevância, uma vez que diferencia empresa dos atos de comércio. 
O Código Civil Italiano de 1942 não conceituou a Empresa, mas tão somente o empresário fato que demonstra que o legislador deslocou o foco de atenção do ordenamento jurídico do ato praticado, tal como antes ocorria n a teoria dos atos de comércio, para a pessoa que assume o risco econômico, porque esta figura é a que traduz a força motriz da empresa. Da mesma forma o fez o novo Código civil Brasileiro que dispõe: 
Art. 966: “Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção e circulação de bens ou de serviços”.A empresa se caracteriza por ser uma unidade econômica de produção formada pelos cinco elementos de empresa acima descritos, que reforçam a ideia de uma unidade de fatores direcionados para seu objetivo precípuo: a realização da atividade econômica escolhida. 
A atividade econômica congrega os três principais setores da economia (extrativismo, indústria de transformação; e, comércio ou serviços). 
A organização se revela na conjugação dos fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e matéria prima). 
O profissionalismo abrange a habitualidade e a onerosidade com intuito lucrativo. 
Já a produção envolve a transformação de matéria prima em produto acabado, fato que se relaciona tanto com os bens como com os serviços. 
A circulação se traduz na tradição econômica dos produtos, técnicas ou processos de gestão. 
Na categoria dos bens encontramos as mercadorias que são as coisas disponíveis para a negociação. Estas podem ser materializadas em bens móveis, imóveis, materiais ou imateriais. 
Por sua vez os serviços latu sensu são todas as atividades que não se sujeitam à legislação trabalhista ou a legislação especial, engloba a realização de obras ou atividades determinadas ou por prazo certo. 
Assim, o que diferencia a atividade empresarial das demais atividades é o objeto a ser explorado. Em razão desta distinção, afastam-se do conceito de empresa todas as atividades que não tenham o cunho econômico tais como as atividades intelectuais, de natureza artística, científica ou literária (p. único do art. 966), as atividades rurais (art. 971 e 984 do CC/02), as atividades esportivas, beneficentes, religiosas ou partidárias, salvo se estas atividades constituírem mais um dos elementos de empresa que somados aos cinco elementos essenciais venha a acrescer à atividade empresarial. 
Empresário 
O Empresário é aquele que exerce a empresa, é sujeito de direito que pratica atividades mais amplas do que o comerciante, daí o principal intuito da unificação promovida pelo novo Código Civil foi ampliar a incidência do Direito de Empresa àquelas pessoas e atividades que antes ficavam fora da proteção do direito comercial tal como ocorria com os que se dedicavam à prestação de serviços. 
Empresário Individual 
O empresário individual é uma pessoa humana (natural ou física) que se obriga em seu próprio nome no exercício das atividades da empresa, respondendo com seus bens pessoais pelas obrigações da atividade empresarial. 
O patrimônio pessoal do empresário individual responde direta e ilimitadamente pelas obrigações da atividade empresarial uma vez que não há separação entre o patrimônio afetado à empresa e o patrimônio particular do empresário. Assim, diz-se que o patrimônio do empresário individual é único e indivisível. 
Requisitos para ser empresário individual: 
1. Exercício da atividade de empresa: art. 966 do CC/02
Para ser empresário a pessoa tem que exercer a empresa, ou seja, uma atividade econômica organizada profissionalmente para a produção ou a circulação de bens ou de serviços com intuito lucrativo.
2. Capacidade Civil: art. 972 CC/02. 
O empresário individual, para exercer sua profissão, dever á estar em pleno gozo de sua capacidade civil. Assim, em princípio, qualquer pessoa com 18 anos completos (art. 5º do NCC), mulher ou homem, nacional ou estrangeiro, pode exercer a atividade empresária no Brasil. 
Os incapazes 
O incapaz permanente e o menor absolutamente incapaz não podem ser empresários individuais, porque agem por intermédio de representantes ou assistentes, ou seja, não podem exercer em nome próprio a empresa, logo, não podem ser empresários. 
Vale dizer que o menor emancipado, por qualquer das causas previstas no parágrafo único do art. 5º do CC, pode ser empresário haja vista que adquire a capacidade, mesmo não deixando de ser menor. No rol das causas de emancipação previstas no parágrafo único do art. 5º do digesto civil, ganha relevo a do inciso V, uma vez que o menor, com dezesseis anos completos pode, ao se estabelecer no comércio e de lá retirando seu sustento, se emancipar por ato próprio, hipótese em que a sua inscrição no registro do comércio servirá como prova de sua emancipação (art. 976 do CC/02). 
A continuidade das atividades empresariais – art. 974 do CC/02. 
Se ocorrer a incapacidade posterior ao início da atividade da empresa, ou ainda o recebimento de empresa como herança, o incapaz, permanente ou temporário (menor), pode continuar as atividades antes exercidas por ele quando era capaz ou por seus antecessores, desde que, devidamente representados (incapacidade absoluta) ou assistidos (incapacidade relativa), obtenham autorização judicial, esta precedida de estudo da viabilidade e dos riscos do negócio, para a continuação da empresa. 
A mulher casada comerciante (art. 1º CCom) 
No tocante à mulher casada, cabe afirmar que desde 1962 com o Estatuto a Mulher Casada, não é mais preciso obter autorização do marido para se estabelecer no comércio. Vale dizer que o art. 5º da Constituição Brasileira pôs fim a esta controvérsia ao proclamar a igualdade entre os indivíduos. 
3. Ausência de impedimento legal. 
O art. 972 do CC/02 elenca a ausência de proibição legal como requisito para o exercício da profissão de empresário. Contudo tais proibições são personalíssimas e só afastam o sujeito da atividade empresária quando se verificam os requisitos legais que as impõem. 
São proibidos de exercer a empresa como empresários individuais: 
- Os incapazes (o ato é nulo); 
- Os chefes e agentes do Poder Executivo (federal, estadual, municipal) e os seus auxiliares (ministros e secretários); 
- Os membros dos Tribunais de Contas (ministros e conselheiros); 
- Os órgãos do Legislativo (deputados e senadores): art. 54, II, CRFB/88; 
- Os magistrados art. 47, II, LOMAN; 
- Os membros do MP: art. 36, I, lei 8625/93 c/c art. 44, III LONMP, 
- Os funcionários públicos: art. 117, X, lei 8112/90, c/c art. 195, VI e VII da lei 1711/52; 
- Os estrangeiros com visto provisório: lei 6815/80; 
- Os militares na ativa (das três Armas) e corpos policiais: arts. 180 e 204 do CPM e art. 35 do Dec-lei 1.029/69, c/c art. 29 da lei 6.880/80 (Estatuto dos Militares); 
- Os falidos, enquanto não-reabilitados (art. 102 da lei 11.101/2005). 
- Os corretores oficiais: (art. 36, do dec. 2.191/32 ); 
- Os leiloeiros (dec. 2.198/36, art. 36); 
- Os prepostos comerciais: (CLT, art. 482); 
- Os devedores do INSS: (Lei 8.212/91, art. 95, §2 º); 
- Os cônsules remunerados, nos seus distritos: (dec. 4.868/82, art. 11 e dec. 3529/89, art. 42); 
- Os médicos para o comércio farmacêutico: dec. 19.606/31 c/c Dec. 20.877 e lei 5991/73. 
Exercício da empresa pelo estrangeiro 
É vedado ao estrangeiro não residente no país, exercer a atividade empresarial. Não há restrição, no entanto, para que o estrangeiro, mesmo o não residente, ostente a condição de sócio de sociedade empresária. 
Por outro lado, os estrangeiros com visto permanente e os oriundos de países de língua portuguesa que estejam há mais de um ano no país (art. 12, II, “a” CF/88), podem exercer a profissão de empresário. 
4. Prática de Ato Jurídico Perfeito 
Por fim, o art. 104 do Código Civil traz os últimos requisitos a serem atendidos pela pessoa que deseja ser empresário. Tal dispositivo exige a observância da forma prescrita ou não vedada por lei, por agente capaz, para a prática de atos cujo objeto deve ser lícito, determinado ou determinável n a forma da lei civil. Assim afasta-se do empresário toda atividade ilícita. 
Onerosidade e Profissionalismo 
Vale deixar consignado que a doutrina (CAMPINHO. Sérgio. O direito de Empresa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Renovar. 2004. p. 19-32) exige onerosidade nas relações interpessoais como requisito para se aferir a condição de empresário, haja vista ser este um atributo do profissionalismo exigido daqueles que desenvolvem a atividade econômica.
O pequeno empresário 
O art. 970 do Código Civil estabeleceque “a lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes”. Porém, o digesto civil não conceituou a figura jurídica do pequeno empresário, fato que motivou séria divergência doutrinária acerca do assunto, a saber: 
Sérgio Campinho, José Edwaldo Tavares Borba e Fabio Ulhoa entendem que: como não há lei específica estabelecendo o conceito de pequeno empresário, o art. 2º da lei 9.841/99 deve ser utilizado para estender tal conceito aos microempresários e aos empresários de pequeno porte. 
Já Rubens Requião utiliza o conceito que estava no projeto do novo código que foi vetado. Entende ele que o Pequeno Empresário não é o Microempresário e nem o Empresário de Pequeno Porte. Para Requião, o Pequeno Empresário é a pessoa natural que exerça uma atividade artesanal, ainda que com o auxílio de familiares, cuja receita bruta anual é menor ou igual a 100 vezes o salário mínimo vigente, tendo como investimento de capital valor menor ou igual a 20 vezes o salário mínimo vigente. 
Em virtude de tamanha divergência, o Conselho da Justiça Federal editou entendimento sobre o assunto consubstanciado nos seguintes enunciados: 
Enunciado 56 – Art. 970: o Código Civil não definiu o conceito de pequeno empresário; a lei que o definir deverá exigir a adoção do livro-diário. 
Enunciado 200 – Art. 970: É possível a qualquer empresário individual, em situação regular, solicitar seu enquadramento com o microempresário ou empresário de pequeno porte, observadas as exigências e restrições legais. 
Portanto, não existe definição legal para o conceito de pequeno empresário previsto no art. 970 do Código Civil, contudo, diante da regulamentação existente para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, por extensão, equipara-se o pequeno empresário ao empresário de pequeno porte ou ao microempresário, conforme orientação jurisprudencial. 
O não empresário 
O parágrafo único do mesmo art. 966 do Código Civil afasta da condição de empresário “quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores”. Contudo, a realização de atividade intelectual aliada aos demais elementos de empresa (atividade econômica, organização, profissionalismo, produção ou circulação de bens ou de serviços) não desnatura a empresa nem desqualifica a pessoa para ser empresário. 
Assim, se a atividade intelectual for incorporada aos demais elementos da empresa a pessoa que a exerce não perde a condição de empresário nem a organização o status de empresa. 
Para as pessoas naturais, a ausência da condição de empresário não traz maiores implicações, a não ser a vinculação ao regime da insolvência civil em vez do regime da falência. Para as pessoas jurídicas, no entanto, a lei reservou a denominação “sociedade empresária”, para aquelas que exercem atividade própria de empresário e a expressão “sociedade simples” para as entidades que não preenchem os requisitos exigidos para a caracterização da figura do empresário.
EMPRESÁRIO COLETIVO 
Empresário coletivo é a pessoa jurídica que exerce a atividade de empresa. A denominação “empresário coletivo” é bastante criticada porque na verdade não se tem uma coletividade de empresários exercendo a empresa, mas sim uma empresa exercida por uma pessoa jurídica formada por uma coletividade de pessoas. 
Pessoa jurídica 
São entidades as quais a lei empresta personalidade jurídica própria, distinta da de seus sócios, capacitando-as, para assumir direitos e obrigações na vida civil.
Natureza Jurídica: 
-Ficção legal ou doutrinária (Savigny): criação artificial da lei ou da doutrina. 
-Realidade Técnica (Ihering) Forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de grupos que se unem na busca de fins determinados. 
Ocorre que o nosso ordenamento jurídico reconhece a existência de pessoas jurídicas de direito público e de direito privado, por isso é preciso verificar qual categoria de pessoa jurídica pode ser considerada empresária. 
Logo de início afastam-se da empresa as pessoas jurídicas de direito público, isto porque o art. 173 da CF/88 determina expressamente que a exploração direta da atividade econômica pelo Estado só é permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. 
Mesmo assim, quando for o caso de exploração direta esta deve ser feita através de empresas públicas ou sociedades de economia mista, que se submetem ao regime jurídico próprio das empresas privadas, conforme previsto no inciso II do parágrafo primeiro do mesmo art. 173 da Carta Maior. Assim, as pessoas jurídicas de direito público interno não podem ser consideradas empresárias por expressa vedação constitucional. 
Por seu turno, o art. 44 do Código Civil traz um rol exemplificativo das espécies de pessoas jurídicas de direito privado, fato que impõe a distinção entre elas para efeito de saber qual espécie pode exercer a condição de empresário coletivo. 
Associações 
As associações são pessoas jurídicas formadas por pessoas que se organizam para desenvolver fins não econômicos, tais como atividades culturais, recreativas, esportivas etc. (Art. 53 e seguintes do CC). Logo, as associações não podem ser empresárias por incongruência entre o objeto da associação e a atividade de empresa (econômica). 
Fundações 
As fundações são criadas por um instituidor que destina bens livres, para fins religiosos, mor ais, culturais ou de assistência, mediante escritura pública. (art. 62 e pú do CC). Da mesma forma não se adequam à atividade de empresa. 
Partidos políticos e organizações religiosas 
Tanto os partidos políticos, que perseguem ideologias, quanto as organizações religiosas, que professam a fé e os cultos, não podem exercer a condição de empresário porque suas atividades precípuas não são de natureza econômica. 
Sociedades 
As sociedades se formam pela manifestação da vontade de duas ou mais pessoas, que se propõem através de um contrato a unir esforços e recursos para a consecução de uma atividade econômica e a partilha entre si dos resultados. 
O art. 981 do Código Civil aderiu à teoria contratualista ao dizer: “celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”. 
Logo se vê que a única categoria de pessoa jurídica que está autorizada a perseguir atividade econômica é a sociedade. 
Pressupostos 
Os pressupostos da sociedade são os aspectos que fundamentam a sua existência, validade e regularidade de atuação e se identificam através dos diversos caracteres. 
Pressupostos de existência 
Para a existência de uma sociedade é preciso que concorram (i) a affectio societatis e (ii) a pluralidade de sócios. 
Affectio societatis é a vontade firme de os sócios unirem-se, por comungarem de idênticos interesses, manterem-se coesos, motivados por propósitos comuns, e colaborarem, de for ma consciente, na consecução do objeto social da sociedade. 
Já a pluralidade de sócios demanda a presença de ao menos duas pessoas, físicas ou jurídicas para a formação do contrato social. Vale ressaltar que o direito brasileiro não admite a sociedade originariamente unipessoal, salvo a hipótese da subsidiária integral prevista no art. 251 da Lei 6.404/76. 
A unipessoalidade é admitida de maneira superveniente por prazo certo de 180 (cento e oitenta) dias, conforme dispõe o art. 1.033, IV do NCC ou pelo prazo de 01 (um) ano nas sociedades anônimas, na forma do art. 206, I, d da Lei 6.404/76. Assim, em caso de remanescer apenas um sócio na sociedade, seja por qual motivo for, este terá os prazos acima mencionados para restabelecer a pluralidade de sócios, sob pena de dissolução de pleno direito da sociedade. 
Pressupostos de validade 
Como requisitos de validade decorrentesda natureza das sociedades, encontramos a contribuição dos sócios para a constituição do capital (art. 981 do NCC) e a participação nos resultados (art. 1.008 do NCC). 
O capital social 
O capital da sociedade, o qual consta no contrato, é a cifra correspondente ao valor dos bens que os sócios transferiram ou se obrigaram a transferir à sociedade. 
O capital social é regido por dois princípios básicos: 
a) princípio da realidade que prescreve ser necessário a correta atribuição de valores aos bens que forem transferidos à sociedade a titulo de integralização do capital, e o 
b) princípio da intangibilidade que inibe qualquer distribuição de valores que não se apoie em um excesso patrimonial frente ao capital constituído, uma vez que este é a garantia dos credores. 
O capital social pode ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro. 
Por expressa determinação do §2 º do art. 1.055 do NCC, a sociedade limitada não admite a constituição do capital social com serviços, nem tampouco com bens ou direitos indissociáveis do patrimônio de seu titular, uma vez que a lei não admite o sócio de trabalho ou de indústria. 
Por ser o capital dividido em quotas, a sua realização é feita através da subscrição ou da integralização. A mera subscrição significa que o sócio apenas se comprometeu a aportar recursos ou bens em um momento futuro, na forma e no prazo previstos no contrato. A integralização da quota revela o pagamento do preço ou a efetiva transferência dos bens ou direitos à sociedade, investindo o subscritor na qualidade de sócio cotista. 
A participação nos resultados
 O último requisito de validade das sociedades é a distribuição dos resultados. O Código Civil no art. 1008, fulmina de nulidade a cláusula contratual (chamada de leonina) que exclui qualquer dos sócios de participar das perdas ou dos lucros. 
A distribuição dos resultados deve ser proporcional à participação de cada sócio na composição do capital, mas nada obsta que, por disposição contratual expressa, os sócios estabeleçam a participação igualitária nos lu cros e nas perdas (art. 1.007 CC/02). 
Vale lembrar que a cláusula que exclui qualquer sócio da participação nos lucros é reputada leonina, posto que estabelece uma vantagem exagerada para contratantes, em prejuízo para o excluído, daí exsurge a negativa legal de sua validade (Art. 1.008 NCC). 
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OBRIGAÇÕES GERAIS DOS EMPRESÁRIOS
São obrigações gerais dos empresários: A) Registrar-se na Junta Comercial antes de dar início à exploração de sua atividade, B) Manter escrituração regular de seus negócios e C) levantar demonstrações contábeis periódicas. 
INSCRIÇÃO E REGISTRO DE EMPRESAS
Histórico: “Tribunais de Comércio”, CCom 1850, com competência para julgamento em matéria comercial, como conflitos entre comerciantes, práticas de atos de comércio e funções administrativas de natureza registrária nas Juntas Comerciais.
Os registros empresariais se referem, principalmente, às declarações de firma individual do empresário e dos atos das sociedades comerciais, e configuram uma das obrigações do empresário, antes mesmo de que este iniciar a exploração de seu negócio (art. 967 do CC). 
Esta disposição legal levou parte da doutrina a entender que o registro seria um dos requisitos para que uma pessoa fosse considerada empresária. Contudo, o registro não é condição para ser empresário, porque o art. 967 do CC se traduz apenas numa obrigação a ser cumprida por aquele que pretende exercer a atividade de empresário. Tal assertiva é confirmada pela Lei de Recuperação Judicial e Falência (L. 11.101/05) que não considera o registro como prova da condição de empresário no art. 105, IV, para o pedido de falência requerido pelo próprio devedor.
O mencionado registro deve ser procedido de acordo com a Lei 8.934/1994, regulamentado pelo Decreto 1.800/96, que dispõe sobre o registro público de empresas em um sistema formado por dois órgãos: o Departamento Nacional do Registro do Comércio, em âmbito federal e a Junta Comercial, no âmbito estadual. De acordo com o art. 1.150 do CC/02 "o empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das juntas comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária". 
Órgãos do Registro de Empresas
São órgãos que, em conjunto, formam o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis:
( Departamento Nacional do Registro do Comércio (DNRC) - autarquia federal, integrante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com funções normativas e disciplinares, supervisionando e controlando as Juntas Comerciais estaduais, para fins de uniformização de procedimentos das mesmas.
( Juntas Comerciais – autarquias estaduais, com funções executivas, com a prática de atos registrários.
Vínculo de subordinação híbrido, uma vez que, em matéria de direito empresarial e atinente ao registro de empresas, ela se encontra sujeita ao DNRC, órgão federal; e, nas demais matérias, o vínculo se estabelece com o Estado da Federação onde está sediado. Estrutura definida por Lei Estadual (no Paraná, JUCEPAR, criada pela Lei Estadual nº 7039 de 19 de outubro de 1978), mas deve possuir obrigatoriamente alguns órgãos (art. 9°, Lei 8.934/94 e Lei 10.194/01). 
A inscrição do empresário, de acordo com o disposto no art. 968 do CC, iniciar-se-á a partir de requerimento que contenha os dados pessoais, a firma, o capital, o objeto e a sede da empresa, e será tomada por termo no livro específico do Registro Público de Empresas Mercantis, no qual serão averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes. O registro deverá ser procedido pelas pessoas obrigadas em lei, pelo sócio ou qualquer interessado. A pessoa obrigada responde por perdas e danos em caso de omissão ou demora (art. 1.151, §3°, do CC). 
A inscrição da pessoa natural ou jurídica no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas comerciais, estabelece a presunção relativa de que aquela pessoa ostenta a condição de empresário. Portanto, da inscrição advém os seguintes efeitos, entre outros: 
1. Proteção ao nome empresarial: na área de sua jurisdição, não sendo permitido arquivamento de nome idêntico ou semelhante a outro já existente, conforme o princípio da anterioridade (art. 33 da L. 8.934/94 e 1.166 do CC/02); 
2. Possibilidade de optar pelo sistema da Microempresa e da empresa de Pequeno Porte. 
3. Qualificação para participar de concorrências públicas; 
4. Possibilidade de obter incentivos fiscais; 
5. Possibilidade de requerer empréstimos e financiamentos nas instituições financeiras e de desenvolvimento; 
6. Possibilidade de cadastro no CNPJ, INSS e demais cadastros estaduais e municipais; 
7. Possibilidade de pleitear recuperação judicial ou extrajudicial – arts. 48 e 161 da Lei 11.101/05. 
A regularidade da atividade empresarial se relaciona ao arquivamento da inscrição do registro na Junta Comercial e à autenticação dos livros escriturais. Ressalte-se que não só as atividades empresariais como também as econômicas civis devem ser registradas. As cooperativas, embora sejam sociedades civis, devem ser registradas na Junta Comercial enquanto as sociedades simples, as fundações e as associações devem ser registradas no Registro Civil de Pessoas Jurídicas (art. 998 do CC). As sociedades de advogados têm regulamento próprio e deverão ser registradas na Ordem dos Advogados do Brasil. 
No que tange ao empresário rural e ao pequeno empresário, estes terão, tanto na inscrição como nos seus efeitos, tratamento diferenciado e simplificado (art. 970), sendo certo que o primeiro deles poderá requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, caso em que ficará equiparado ao empresário sujeito a registro (art. 971).
São 03 os atos de registro de empresa (art. 32, Lei 8.934/94),que servem para dar publicidade aos mesmos (art. 29): a matrícula, o arquivamento e a autenticação. 
A matrícula e seu cancelamento normalmente é feita para profissionais que desenvolvem atividades paralelas à atividade comercial, como os tradutores, públicos, os intérpretes comerciais, trapicheiros, administradores de armazéns gerais e leiloeiros. Tais atividades só serão regulares se devidamente matriculados.
O arquivamento refere-se aos documentos relativos à constituição, alteração e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas, entre outros. Ainda, serão arquivados qualquer documentos que, por lei, devam ser registrados na Junta Comercial (p. ex., atas de assembleias de SA), que só produzem efeitos jurídicos válidos.
O arquivamento é o ato mais importante para o empresário ou para a sociedade empresária, pois é a partir desse ato que surge a sua personalidade jurídica, é através desse ato que se dá inicio á sua vida.
Proibições de Arquivamento: Não se pode arquivar:
( contrato em idioma estrangeiro,
(com objeto ilícito, 
( documentos que contrariam a moral e a ordem pública,
( documento que colida com o estatuto, 
( nome empresarial já existente.
Já a autenticação é pertinente aos livros comerciais e as fichas escriturais, constituindo condição de regularidade do documento.
Os atos de registro de empresas têm alcance meramente formal, não cabendo adentrar na regularidade do ato. Se sanável, abre-se prazo de 30 dias (“processo colocado em exigência”).
Os empresários ou sociedades que não façam qualquer arquivamento no prazo de 10 anos serão considerados inativos, de modo a autorizar a Junta Comercial a proceder o cancelamento do registro (art. 60 da Lei 8.934/1994), com a perda do nome empresarial. Nesta hipótese, após notificado, deverá o empresário comunicar a sua intenção de continuar a atividade, sob pena de a Junta Comercial cancelar o seu registro em face da inatividade da empresa. A partir do cancelamento, o empresário será considerado irregular e desaparecerá todos os efeitos advindos do registro. Este cancelamento não implica na dissolução da sociedade, mas esta, caso continue funcionando, passará a ser considerada irregular.
Caso o empresário desenvolva atividade comercial, mas não seja devidamente registrado na Junta Comercial, será considerado como empresário de fato (art. 986 a 990, CC/02 – sociedade em comum), não fazendo jus a alguns benefícios concedidos aos empresários de direito: pedido de falência de devedores inadimplentes, procedimento judicial ou extrajudicial de recuperação da empresa, participação de licitação pública (art. 28, I e II, da Lei 8.666/1993), proteção ao nome, não pode ter os livros autenticados no Registro de Empresa (art. 1.181 do CC/02), entre outros. 
O empresário de fato também não poderá registrar-se no CNPJ, sujeitando-se as sanções previstas nas leis tributárias, da mesma maneira que não possuirá matrícula junto ao INSS, o que o sujeitará a pena de multa (art. 49, I, da Lei 8.212/1991). 
Enquanto não for procedido o registro, todos os sócios respondem “solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluídos do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade (art. 990, do CC). O referido art. 1.024 determina que "os bens particulares dos sócios, não podem ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
Acerca da interpretação do referido art. 990, observar ainda o disposto pelo Enunciado 383 da IV Jornada do Conselho da Justiça Federal: “a falta de registro do contrato social (irregularidade originária – art. 998) ou de alteração contratual versando sobre matéria referida no art. 997 (irregularidade superveniente – art. 999, pú) conduzem à aplicação das regras da sociedade em comum (art. 986).”
ESCRITURAÇÃO 
Os livros mercantis destinam-se a feitura da escrituração das atividades da empresa. Divide-se em comuns e especiais, bem como em obrigatórios e facultativos ou auxiliares. 
	Livros Comuns Obrigatórios
	Livros Especiais Obrigatórios
	Livros facultativos ou auxiliares
	Diário
	Armazéns gerais
	Caixa
	Registro de Inventário
	Livro de balancetes diários
	Razão
	Registro de Empregados
	Entrada e saída de mercadorias
	Contas Correntes
	
	Registro de Duplicatas
	Borrador
	
	Art. 100 da Lei das S.A.
	Copiador de Cartas faturas 
A escrituração está relacionada à obrigatoriedade de um sistema de contabilidade, manual ou informatizado, com base nos documentos e livros empresariais. A escrituração possui dupla função:
* Interna: controle gerencial das atividades empresariais;
* Externa: através dos apontamentos, o Estado fiscalizará e cobrará tributos. Serve como prova perante o Poder Judiciário, a respeito da atividade empresarial.
Livro obrigatório comum
- O art. 1.180 C.C. determina ser obrigatório o Livro Diário. Tal livro conterá todos os atos ou operações da atividade mercantil diária da empresa, que modifiquem a sua situação patrimonial.
Livro obrigatório especial
O Livro de Registro de Duplicatas será obrigatório sempre que o empresário adotar o regime de vendas com prazo superior a 30 dias. De acordo com o art. 19 da Lei 5.474/68, o lançamento deverá ser cronológico, com número de ordem, data e valor da fatura originária, data da expedição, nome e domicílio do comprador.
Tal livro é obrigatório especial pois será exigido apenas em decorrência da natureza da atividade desenvolvida pelo empresário ou pela sociedade empresária, ou seja, somente daquele que se valer da emissão de duplicatas, que são títulos de crédito originados exclusivamente devido a uma compra e venda empresarial.
Livros facultativos
Nos moldes do art. 1.181, parágrafo único, do C.C., é permitido ao empresário, a criação de tantos livros quantos julgar necessário para seu gerenciamento.
Livro Fiscal
Ao contrário dos demais livros, não tem função de ajudar o empresário na administração da sua empresa, mas serve apenas para fiscalização e determinação dos valores devidos ao erário público.
O empresário é obrigado a conservar em boa guarda toda a escrituração e demais documentos de sua atividade, enquanto não ocorrer a prescrição ou decadência referente aos atos neles consignados (CC, art. 1.194). Importante: o empresário não é diretamente punido pela inexistência dos livros. Mas, caso decretada sua falência, estará configurado o delito previsto no art. 178 da Lei de Falências (Lei 11.101/05)
A escrituração deve seguir formalidades extrínsecas (art. 1.181 CC/02) referentes à autenticação dos mesmos, bem como formalidades intrínsecas (art. 1.183 do CC/02) em razão do modo como devem ser escriturados. 
Os livros podem ser substituídos por fichas e folhas soltas, formulários impressos sistemas mecanizados ou processos eletrônicos de escrituração e microfichas geradas por microfilmagem saída diretamente do computador. 
Exibição dos livros empresariais
Os livros empresariais contêm informações precisas de toda a vida da empresa, sendo seu uso restrito, não sendo suas informações, obrigatoriamente, públicas. O sigilo é inerente aos livros empresariais, por isso, o art. 1.190 do CC determina que, ressalvados os casos especiais, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observa ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. 
Contudo, as leis tributárias reservam ao poder público, através de seus agentes, o acesso irrestrito da autoridade administrativa responsável pela fiscalização tributária, ou seja, o direito de exigir a exibição administrativa dos livros comerciais e fiscais, para neles verificar a regularidade da escrituração fiscal (art. 195 do CTN e § 1º do art. 1.191 do C.C.
Em se tratando de livro obrigatório, não há motivo para o empresário se recusar a exibi-lo, tendo em vista que ele tem o dever legal de tê-lo consigo,sempre atualizado.
A escrituração do pequeno empresário 
O §2º do artigo 1.179 do Código Civil dispensa o pequeno empresário da escrituração dos livros empresariais e do levantamento do balanço patrimonial e da demonstração do resultado econômico. 
A Lei 9.317/96 que instituiu o regime de tributação do SIMPLES, no seu art. 7º, exige a escrituração do livro caixa, o de registro de empregados e o de registro de inventário do Microempresário e do Empresário de Pequeno Porte. 
O professor Sérgio Campinho entende que Pequeno Empresário é o Microempresário e o Empresário de Pequeno Porte e que por força do art. 1.179, § 2º do Código Civil, haveria a dispensa da escrituração dos livros empresariais, não sendo aplicáveis a estes a Lei do SIMPLES porque o Código Civil é mais recente. 
Em posição pouco divergente, o professor Fabio Ulhoa entende que o Pequeno Empresário é o Microempresário ou o Empresário de Pequeno Porte aplicando-se a eles o art. 7º da lei 9317/96 (lei do Simples) para obrigá-los a promover a escrituração. Assim, estaria obrigado a possuir o livro caixa (movimentações financeiras) e o livro de registro de inventário (estoque), ainda que não tenha se filiado ao Simples. 
Em sentido diverso, Rubens Requião entende no que o pequeno empresário não é o Microempresário e nem o Empresário de Pequeno Porte. Contudo, o pequeno empresário estaria dispensado da escrituração dos livros empresariais por força do que dispõe o art. 1.179, §2 do CC/02. Assim, o Microempresário e o Empresário de Pequeno Porte obedecem à regra do art. 7º da lei do Simples e, portanto, são obrigados a realizar a escrituração do livro caixa e do livro de registro de inventário. Já o pequeno empresário, na forma do art. 970 do Código Civil estaria dispensado de realizar a escrituração por força do parágrafo segundo do seu art. 1.179.
Sobre a matéria, vale ainda dizer que Enunciado 56 do CEJF dispõe que o pequeno empresário é obrigado a realizar a escrituração do diário, que é o único livro empresarial obrigatório para qualquer empresário. 
Assim, conclui-se que não existe definição legal para o conceito de pequeno empresário previsto no art. 970 do Código Civil, contudo, diante da regulamentação existente para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, por extensão, equipara-se o pequeno empresário ao empresário de pequeno porte ou ao microempresário, principalmente no que tange à necessidade de escrituração. Assim, o previsto no parágrafo segundo do art. 1.179 só seria aplicável quando houver a regulamentação do conceito de pequeno empresário. 
FORÇA PROBATÓRIA DOS LIVROS 
Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios (art. 226 do Código Civil). A confirmação é necessária, pois os livros e outros documentos de escrituração são elaborados unilateralmente, de sorte que não fazem prova absoluta do alegado e podem ser contrariados por testemunhas, laudos periciais e outros documentos. 
A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos. 
Em caso de extravio ou perda da escrituração, o empresário deve fazer a publicação sobre o fato em jornal de grande circulação. Após, em 48 horas, deverá comunicar o mesmo fato à Junta Comercial, em relatório detalhado. O empresário pode, ainda, emitir segunda via do livro extraviado, que, salvo prova de fraude, valerá como a original. 
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E CONTÁBEIS 
Além de se registrar perante o órgão próprio e escriturar os, os empresários são obrigados a prestar contas justificadas, elaborar inventário de bens e a levantar balanço patrimonial e o de resultado econômico (arts. 1.020, 1.065 e 1.071 do Código Civil). 
A prestação de contas anuais é uma obrigação pertinente administradores das sociedades e consiste em apresentar aos sócios não administradores os registros relativos às transações e negócios efetuados, das mercadorias vendidas e dos serviços prestados pela sociedade no exercício que se findou. 
O inventário anual representa o levantamento completo dos bens e valores que compõem o ativo e o passivo da sociedade, na data de sua elaboração. 
O balanço patrimonial anual consiste na posição do patrimônio que indica a origem do passivo e a aplicação dos ativos da sociedade no final do exercício financeiro. 
O balanço de resultado econômico representa as contas da sociedade e deve indicar se obteve lucros ou prejuízos no período analisado. 
Se a escrituração estiver regular, a falta do balanço, em regra, não gera consequências ao empresário ou sócio da sociedade, exceto as seguintes: 
I) o empresário terá dificuldade de obter crédito bancário; 
II) não poderá participar de licitações (art.31, I, da Lei n. 8.666/1993); 
III) não poderá requerer a recuperação judicial (art. 51, II, a, da Lei n. 11.101/2005); 
IV) os administradores ou gerentes responderão perante os outros sócios se a sociedade sofrer prejuízo em razão da falta do documento; 
V) a falta de balanço constitui crime falimentar (art. 186, VII, do Decreto-lei n. 7.661/1945 e arts. 168, §1°, I, e 178 da Lei n. 11.101/2005). 
Por fim, há um balanço que deve ser levantado quando houver necessidade de saber qual é o patrimônio da empresa. É o balanço especial, elaborado em caso de morte, retirada, fusão de empresas, cisão etc. (art. 1.031 do Código Civil). 
OBRIGAÇÕES DIVERSAS DO EMPRESÁRIO 
Além das obrigações de se registrar na Junta Comercial, escriturar livros, levantar balanços e prestar contas, o empresário possui outras não menos importantes: 
a) Inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas) do Ministério da Fazenda (empresários individuais ou sociedades) - essa inscrição tem a finalidade de identificar, localizar e classificar as pessoas jurídicas contribuintes e seus estabelecimentos. Tal inscrição se faz através de formulário próprio. O número do CNPJ é de indicação obrigatória em vários documentos, como atos e contratos firmados, notas fiscais, faturas e duplicatas, na publicação de atas, balanços e contas de resultado, nos rótulos, invólucros e embalagens de produtos. 
b) Inscrição como contribuinte estadual - depende de leis estaduais e tem finalidade de identificar os contribuintes estaduais, sobretudo para fins de recolhimento de tributos como o ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços). 
c) Inscrição municipal - diz respeito a prestadores de serviços, que são contribuintes municipais (sobretudo de ISS - Imposto Sobre Serviços) e, portanto, estão sujeitos à fiscalização da Fazenda Municipal. 
d) Alvará de licença - o empresário (individual ou sociedade) deve ter alvará de funcionamento, antes de iniciar suas atividades, mediante pagamento de uma taxa municipal. 
e) Matrícula na Previdência Social - tem finalidade de regularizar a situação do empresário junto à previdência social (Instituto Nacional do Seguro Social). Se o empresário for devedor de contribuições previdenciárias, não pode, por exemplo, transferir imóveis. 
f) Inscrição no cadastro de empresas do Ministério do Trabalho - tem por finalidade identificar empregados e propiciar a ação fiscalizatória dos agentes daquele Ministério. 
Existem outras obrigações próprias de alguns empresários, como, por exemplo, a obtenção de alvará de funcionamento de indústria de drogas e produtos químicos ou do alvará sanitário para empresas produtoras de alimentos. 
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Estabelecimento Comercial.
Estabelecimento Empresarial é um termo mais moderno, sendo que a doutrina costuma dizer que estabelecimento é o conjunto de bens corpóreos e incorpóreos reunidos pelo empresário, que os utiliza para o desenvolvimento da empresa da sua empresa.
Trata-se de um conjunto patrimonial formado por bens corpóreos (materiais) como imóveis,móveis, computadores, veículos e estoque, p. ex., sendo que os bens incorpóreos (imateriais) são o ponto, o nome, o título do estabelecimento, as marcas, patentes, sinais de propaganda, a tecnologia e a marca, etc. Fundo de comércio é sinônimo de estabelecimento empresarial, que, segundo a doutrina de Mônica Gusmão também é sinônima das expressões negócio comercial e azienda. 
O art. 1.142, CC traz os três conceitos basilares do Direito Empresarial: estabelecimento, empresa (art. 1.146) e empresário (pessoa física ou jurídica), senão vejamos:
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
A lei confere proteção aos bens que compõem o estabelecimento:
a) aos bens corpóreos: proteção possessória ao prédio; proteção contra dano causado por terceiro; trata a destruição como crime de dano, etc., 
b) aos bens incorpóreos – a lei protege a propriedade das marcas, patentes, sinais de propaganda, título do estabelecimento, nome comercial, etc.
É certo que a reunião de bens corpóreos e incorpóreos tem reflexos importantes. A desapropriação do imóvel onde funcionava a emprese enseja indenização ao proprietário do imóvel e ao empresário individual ou sociedade. Ademais, a reunião de bens resulta na sobrevalorização da empresa, que é chamado no direito inglês de goodwill of a trade (ou goodwill), na França de fonds de commerce (fundos de comércio) e na Itália de avviamento.
Fábio Ulhôa Coelho prefere a expressão fundo de empresa, que, segundo ele, difere do estabelecimento empresarial, que seria o conjunto de bens que o empresário utiliza para exercer sua atividade, enquanto que o fundo de comércio seria o valor agregado ao conjunto dos mesmos bens, que gera expectativa de lucro, em razão do exercício da atividade.
Para Rubens Requião (Curso de Direito Comercial, 1º Volume, Editora Saraiva) o “fundo de comércio ou estabelecimento comercial é o instrumento da atividade do empresário. Com ele o empresário comercial aparelha-se para exercer sua atividade. Forma o fundo de comércio a base física da empresa, constituindo um instrumento da atividade empresarial. O Código italiano o define como o complexo dos bens organizados pelo empresário, para o exercício da empresa”.
Pode-se perceber que o estabelecimento empresarial é um instrumento indissociável da empresa, sem o qual não é possível a prática da exploração empresarial.
Da análise da doutrina citada juntamente com os contornos legais delineados pelo CC/02, podem-se destacar as seguintes características acerca da natureza do estabelecimento empresarial: 
(i) é uma universalidade de fato, ou seja, uma reunião de coisas distintas, com individualidade própria, que se fundem num todo, pela vontade de seu titular; 
(ii) não tem personalidade jurídica, não sendo portanto sujeito de direito; 
(iii) integra o patrimônio do empresário, com ele não se confundindo; 
(iv) é mero instrumento da atividade econômica do empresário (empresa).
Em regra, a sociedade empresária ou não deve ser demandada em sua sede (art. 100, CPC), mas, pela Lei de Falências (Lei 11.101/05), o empresário e a sociedade empresária devem ser demandados no foro do local onde funcionar seu principal estabelecimento. Caso o empresário tenha vários estabelecimentos, será considerado principal estabelecimento aquele que tiver maior fluxo de negócios, podendo ser uma filial, não necessariamente a matriz.
Há necessidade do elemento organização para que haja um estabelecimento. A organização reflete no aviamento, que é a capacidade que o estabelecimento tem de produzir lucro. O objetivo de todo e qualquer empresário é a obtenção de lucro. O objeto é o ramo de negócio que ele utiliza para obter lucro.
O aviamento, essencialmente, é um lucro potencial, uma expectativa de retorno financeiro fundada em diversas características do empreendimento, o que acaba por interferir no valor da compra do estabelecimento.
PROTEÇÃO AO PONTO EMPRESARIAL
Dentre os bens que compõem o estabelecimento, há um muito importante, que é o ponto empresarial ou simplesmente ponto. Ponto empresarial é o local específico onde o empresário (individual ou sociedade) é encontrado e está estabelecido, exercendo suas atividades, no sentido de potencialidade de atração da clientela. 
O ponto comercial é objeto de inúmeros estudos e de regulamentação legal. No Brasil, a grande maioria dos pontos comerciais é alugada, por conta disto, releva-se de fundamental importância o estudo da locação empresarial, que está regulamentada pela Lei n° 8.245/91 (Lei de Locação – LL), com as alterações promovidas pela Lei 12.112, de 09/12/2009.
Locação empresarial (que é o termo mais moderno, apesar da lei de Locações se referir a locação não residencial, devendo se lembrar que esta lei é anterior ao Código Civil, que adotou a teoria da empresa) é aquela de imóvel destinados ao comércio, ou às atividades empresariais ou prestação de serviços, desde que no imóvel sejam exercidas atividades com fins lucrativos. Portanto, é aquela que não se destina à moradia de pessoas naturais.
Primeiramente, cumpre salientar que o art. 4º da Lei de Locação determina que, durante o prazo estipulado para a duração do contrato, o locador (quem aluga) não poderá reaver o imóvel alugado do locatário (para quem é alugado). Essa é a regra geral nos contratos de locação residenciais, por temporada e empresariais.
Depois de vencido o prazo, o locador pode tirar o inquilino do imóvel? Depende do tipo de locação.
Na locação não residencial ou empresarial, findo o prazo contratual, o inquilino tem o dever de devolver o imóvel. Se permanecer no imóvel por mais 30 dias após o vencimento do prazo locatício, sem oposição do locador, considerar-se-á prorrogado o contrato por prazo indeterminado. Nesse caso, é possível a retirada do inquilino, desde que haja notificação e que seja dado prazo mínimo de 30 dias para desocupação do imóvel, ou o prazo estipulado contratualmente, se houver. Se não o fizer, o locador poderá mover uma ação de despejo, através da chamada denúncia vazia, ou seja, sem que haja necessidade de justificar a razão para assim proceder (arts. 56 e 57 da Lei de Locação). A necessidade de notificação se justifica pela prorrogação do contrato, uma vez que a mora se torna ex persona.
O que diferencia a locação empresarial da residencial é que naquela existe o direito de inerência, que é uma proteção ao inquilino empresarial – direito de obrigar o locador à prorrogação do contrato (nas locações não residenciais). É o direito à renovação compulsória e sem cobrança de luvas, exercida através da ação renovatória de locação.
Isto se dá porque, nas locações empresariais, o locatário aplica capital e trabalho humano e, com o tempo, pode tornar-se conhecido pela localização do imóvel onde exerce suas atividades. Seria injusto se o locador pudesse, sem restrições, se aproveitar dessa situação para alugar o bem a outro empresário ou utilizar para si próprio, auferindo vantagens decorrentes do esforço do primeiro locatário.
A Lei de Locações admite, por isto, a renovação compulsória (obrigatória) da locação, por igual prazo, sendo que a doutrina e jurisprudência entendem que a expressão “igual prazo” corresponde a 05 anos. Para que o inquilino tenha tal direito, deve preencher, cumulativamente, algumas condições, impostas pelo seu art. 51: 
I) O interessado deve ser empresário (comercial, industrial ou prestador de serviços), deve estar cumprindo corretamente o contrato, como, por exemplo, estar pagando pontualmente o aluguel;
II) O contrato deve ser por escrito, não se admitindo contrato verbal para se exercer o direito de renovação compulsória;
III) O contrato, ou a soma de contratos sucessivos, inclusive do cessionário (Súmula 482, STF, interpretada contrario sensu) deve ser por tempo determinado de, no mínimo, 05 anos, ininterruptamente. Se a locação for por tempo indeterminado não cabe a ação renovatória, podendo o locadornotificar o locatário para que desocupe o imóvel em, no mínimo, 30 dias (arts. 56 e 57), como já mencionado acima.
IV) O locatário deve se encontrar exercendo, durante tal prazo, o mesmo ramo de atividade por, no mínimo, 03 anos à data da propositura da ação renovatória.
V) O ajuizamento da demanda deve ser feito no último ano de vigência do contrato, no primeiro semestre (entre 01 ano e 06 meses, antes do término), conforme art. 51, §5°, da Lei de Locações.
IMPORTANTE: esse prazo é de decadência, que não se interrompe nem se suspende, assim, se o prazo se encerrar em dia que não for útil, como sábado, domingo ou feriado, a demanda deve ser proposta antes do mesmo. 
Se for perdido o direito de inerência, o contrato não será rompido automaticamente, mas o locatário deverá ter que negociar com o locador, pois não haverá mais obrigação por parte deste em renovar o contrato, podendo, inclusive, pedir o imóvel.
A ação renovatória de locação é proposta pelo inquilino, se preencher as condições já citadas. Com a petição inicial da ação renovatória, o autor (locatário) deve provar o pagamento de todas as obrigações decorrentes da locação (alugueres, tributos, condomínio, etc.), e ainda indicar de modo claro e preciso as condições negociais da renovação (art. 71, IV, da Lei de Locação).
Quando da contestação da ação renovatória, o locador pode alegar não atendimento dos requisitos da locação empresarial, perda do prazo ou apresentar exceção de retomada, através da formulação de pedido em face do inquilino, posto que este tipo de ação tem caráter dúplice.
O réu (locador) pode formular pedido de reintegração de posse (art. 52, Lei nº. 8.245/91). O disposto no inciso II ocorre frequentemente – pedido de retomada para uso próprio. Não poderá usar o imóvel para exercer a mesma atividade, o mesmo ramo de comércio, como veremos abaixo.
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