Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO EMPRESARIAL ÍNDICE Fundamentos do direito empresarial. Origem e evolução histórica, autonomia, fontes e características. Teoria da empresa. Empresário: conceito, caracterização, inscrição, capacidade; empresário individual; pequeno empresário. Lei Complementar nº 123/2006 (microempresa e empresa de pequeno porte). Prepostos do empresário. Institutos complementares: nome empresarial, estabelecimento empresarial, escrituração.................. 01 Registro de empresa. Órgãos de registro de empresa. Atos de registro de empresa. Processo decisório do registro de empresa. Inatividade da empresa. Empresário irregular. Lei nº 8.934/1994 e suas alterações................ 13 Propriedade industrial. Lei nº 9.279/1996. O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Propriedade industrial e direitos autorais. Patentes. Desenho industrial. Marca: espécies. Procedimento de registro. Indicações geográficas........................................................................................................................................................................................................ 24 Direito societário. Sociedade empresária: conceito, terminologia, ato constitutivo. Sociedades simples e empresárias. Personalização da sociedade empresária. Classificação das sociedades empresárias. Sociedade irregular. Teoria da desconsideração da personalidade jurídica. Desconsideração inversa. Regime jurídico dos sócios. Sociedade limitada. Sociedade anônima. Lei nº 6.404/1976 e suas alterações. Sociedade em nome coletivo. Sociedade em comandita simples. Sociedade em comandita por ações. Operações societárias: transformação, incorporação, fusão e cisão. Relações entre sociedades: coligações de sociedades, grupos societários, consórcios, sociedade subsidiária integral, sociedade de propósito específico. Dissolução, liquidação e extinção das sociedades. Concentração empresarial e defesa da livre concorrência........................................................................... 27 Direito falimentar. Lei nº 11.101/2005. Falência e recuperação de empresas (Lei nº 11.101/2005). Recuperação judicial e extrajudicial. Aprovação do plano de recuperação judicial. Classificação de créditos e tratamento aplicável ao crédito tributário. Principais atribuições da assembleia geral de credores, do administrador judicial e do comitê de credores. Hipóteses de decretação de falência. Efeitos da falência quanto à pessoa do falido, quanto às obrigações do falido, quanto aos contratos e quanto aos bens do falido. Arrecadação. Ação de responsabilidade. Pedido de Restituição. Embargos de Terceiro. Realização do ativo. Pagamento do passivo. Encerramento da falência e extinção das obrigações do falido....................................................................................................................................................... 42 1 D IR EI TO E M PR ES AR IA L FUNDAMENTOS DO DIREITO EMPRESARIAL. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA, AUTONOMIA, FONTES E CARACTERÍSTICAS. TEORIA DA EMPRESA. EMPRESÁRIO: CONCEITO, CARACTERIZAÇÃO, INSCRIÇÃO, CAPACIDADE; EMPRESÁRIO INDIVIDUAL; PEQUENO EMPRESÁRIO. LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006 (MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE). PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO. INSTITUTOS COMPLEMENTARES: NOME EMPRESARIAL, ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL, ESCRITURAÇÃO. FUNDAMENTOS DO DIREITO EMPRESARIAL. ORI- GEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA, AUTONOMIA, FON- TES E CARACTERÍSTICAS. O Direito Comercial junto ao Direito Civil forma o que se denomina Direito Privado, assim dividido sistemático e unicamente para fins didáticos (uma vez que o Direito, verdadeiramente uno, se inter-relaciona em todos os seus ramos). Embora o comércio já existisse desde priscas eras, o Direito Comercial surge como sistema na Idade Média, por meio do desenvolvimento das “corporações de ofício”, formadas pela burguesia que vivia do comércio junto aos feudos, e que estipulava regras jurídicas mais dinâmicas e próprias de suas atividades, diferente das regras do Direito Romano e Canônico. Evolução Histórica São três as fases da evolução do Direito Comercial: 1. período subjetivista: Corporações de ofício - ju- risdição própria e regras baseadas nos usos e nos costumes. O Direito comercial é o direito aplicável aos integrantes de uma específica corporação de ofício. Possuía o caráter classista e corporativo. 2. período objetivista: iniciado com o liberalismo eco- nômico preconizado pela burguesia, consolida-se com o Código Comercial francês, que influencia a criação do Código Comercial brasileiro; Sistema francês (atos de comércio) – Houve “a obje- tivação do direito comercial, isto é, a sua transformação em disciplina jurídica aplicável a determinados atos e não a determinadas pessoas, relacionando-se não apenas com o princípio da igualdade dos cidadãos, mas tam- bém com o fortalecimento do estado nacional ante os organismos corporativos” (Curso de Direito Comercial, Fábio Ulhôa, pág. 14). “Qualquer cidadão pode exercer a atividade mercantil e não apenas aos aceitos em deter- minada associação profissional (a corporação de ofício dos comerciantes)” (Idem, pág. 14). As corporações de ofício foram extintas durante este período. (implicou na abolição do corporativismo, porque deixou de ficar res- trito a determinado grupo). O sistema francês é baseado nos atos de comércio – grupo de atos, sem que entre eles se possa encontrar qualquer elemento interno de liga- ção, o que acarretaria indefinições no tocante a natureza mercantil de algumas delas. Implicou um fracionamento nas atividades civis e comerciais pela natureza do objeto. Analisando o conjunto de atos, o comercialista Rocco identificou a intermediação ou interpolação como ele- mento comum. Entre o produtor e o consumidor, haveria a interposição do comerciante que buscaria o lucro. Es- tariam excluídas as atividade imobiliárias (bens imóveis ou de raiz) diante do caráter sacro da propriedade. OBS: Essa visão não é compartilhada por Fábio Ulhôa, confor- me demonstra a seguinte passagem: “A teoria dos atos de comércio resume-se, rigorosamente falando, a uma relação de atividades econômicas, sem que entre elas se possa encontrar qualquer elemento interno de ligação, o acarreta indefinições no tocante à natureza mercantil de algumas delas” Embora o Código Comercial brasileiro de 1850 se ba- seasse no sistema francês, não adotou expressamente a nomenclatura atos de comércio, utilizando-se do vo- cábulo “mercancia” (Art. 4º do Código Comercial). Em complemento a este diploma, foi editado o Regulamento 737 (art. 19) que enumerou atividades que considerariam mercancia: Compra e venda ou troca de bens móveis ou semoventes, no atacado ou varejo, para revenda ou alu- guel; operações de câmbio, banco, corretagem, expedi- ção, consignação e transporte de mercadorias; espetácu- los públicos; indústrias, seguro, fretamento e quaisquer contratos relacionados a comércio marítimo, além de armação e expedição de navios. A Teoria dos atos de Comércio não consegui acompa- nhar a dinâmica econômica, porque surgiram uma série de atividades que não se enquadrariam no seu conceito como a prestação de serviços em massa e as atividades agrícolas. 3. período correspondente ao Direito Empresarial: Em evolução e abraçado pelo novo Código Civil, leva em conta a organização e efetivo desenvolvimento de atividade econômica organizada. Sistema italiano (teoria da empresa) - O foco passa do ato para a atividade. “Vista como a consagração da tese da unificação do direito privado, essa teoria, contu- do, bem examinada, apenas desloca a fronteira entre os regimes civil e comercial. No sistema francês, excluem-se atividades de grande importância econômica – como a prestação de serviços, agricultura, pecuária, negociação imobiliária – do âmbito de incidência do direito mercan- til, ao passo, que, no italiano, cria-se um regime geral para o exercício da atividade economia, excluindo-sede- terminadas atividades de menor expressão, tais as dos profissionais liberais ou dos pequenos comerciantes” (Idem, pág. 17 – com alterações). A consagração legisla- tiva da “Teoria da Empresa” ocorreu com a promulgação do Códice Civile em 1942. “Conceitua-se empresa como sendo atividade, cuja marca essencial é a obtenção de lucros com o ofereci- mento ao mercado de bens ou serviços, gerados estes mediante a organização dos fatores de produção (for- user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 2 D IR EI TO E M PR ES AR IA L ça de trabalho, matéria-prima, capital e tecnologia)” O empresário é identificado levando-se em conta a ativi- dade por ele desempenhada. Portanto, o foco do direito comercial atual é a empresa, entendida esta como uma atividade profissional, econômica e organizada, voltada à obtenção de lucros. Para tanto, o empresário ou a so- ciedade que a desenvolvem assumem riscos e colocam à disposição do consumidor produtos ou serviços. “A ‘Teoria da Empresa’, que inspirou a reforma legis- lativa comercial de diversos países, teve sua efetiva inser- ção no ordenamento nacional somente com o advento do Código Civil de 2002. A Primeira Parte do Código Co- mercial de 1850 foi expressamente derrogado pelo Códi- go Civil (art. 2045), que em seu Livro II tratou do “direito de empresa” (arts. 966 a 1195). Atualmente, somente a parte referente ao comércio marítimo (arts. 457 a 796) continua vigente no Código Comercial. O Novo Código Civil, então, revogando parcialmen- te o Código Comercial, consagrou o regime jurídico do empresário e da sociedade empresária. Além disso, cui- dou também de contratos comerciais e títulos de crédito (CC/02, Arts. 887 a 926) Antes mesmo da sua efetiva incorporação ao sistema pátrio, o direito brasileiro já vinha se aproximando gra- dualmente da teoria da empresa através da edição de alguns diplomas legislativos: - CDC – definiu fornecedor independente do gênero de atividade econômica desenvolvida; - Lei 8.245/91 (Lei de Locações) – dispôs sobre a re- novação compulsória independentemente da qua- lidade de empresário ao estendê-lo às sociedade civis com fim lucrativo (§ 4º do art. 51), eliminando o privilégio que a Lei de Luvas havia estabelecido em favor apenas dos exercentes de atividade co- mercial - Lei 8.934/94 (Registro Público de Empresas Mercan- tis e atividade Afins) – Art. 2º Os atos das firmas mercantis individuais e das sociedades mercantis serão arquivados no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, independentemente de seu objeto, salvo as exceções previstas em lei. Autonomia O fato de grande parte da disciplina do direito comer- cial encontrar-se inserida no Código Civil não significa que houve confusão ou unificação do direito comercial ao civil. Tais ramos do direito são autônomos e indepen- dentes, com regras, princípios e estrutura próprios. O Di- reito comercial é dotado de autonomia - legislativa – CF/88, Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, ae- ronáutico, espacial e do trabalho; - científica ou profissional – o direito comercial de- tém algumas características que lhe são peculiares, possuindo princípios próprios, o que lhe confere um campo de atuação profissional específico; - didática – constitui uma disciplina curricular autôno- ma e essencial nas Faculdades de Direito Enunciado 75 do CJF – Art. 2.045: a disciplina de ma- téria mercantil no novo Código Civil não afeta a autono- mia do Direito Comercial. Características do Direito Comercial Enquanto ramos com natureza e estrutura de direito privado, o direito comercial detém algumas característi- cas que são peculiares, destacando-se, dentre elas, - “cosmopolitismo” – porque criado e renovado cons- tantemente pela dinâmica econômica mundial. Por essa razão, a legislação comercial esta repleta de leis e convenções internacionais. Por exemplo, em relação à propriedade industrial, o Brasil é unionis- ta, signatário da Convenção de Paris para a Pro- teção da Propriedade Industrial, em vigor desde 1883, Leis Uniforme de Genebra sobre letra de câmbio, nota promissória e cheque (Decretos n.º 57.595/66 e 57.663/66) - “menos formal” ou informalismo – é mais simples sem ser, contudo, simplista. Decorre da própria na- tureza do comércio atual realizado através de ope- rações em massa (contratos de adesão), transações eletrônicas e globalizadas que não admitem o sis- tema seja lapidado com formalismo e exigência excessivas. - mais “elástico” – exige maior dinâmica ante as ino- vações que diuturnamente se operam no comér- cio, seu objeto. - fragmentarismo – não é composto por um sistema fechado de normas [a semelhança do Código Civil de 1916 que possuía as características de centra- lidade, completude e exclusividade], mas sim por com um complexo de leis. A matéria não está reu- nida num único Código. - onerosidade – Busca do lucro. Os atos se presumem onerosos (ex. mandato comercial é presumivel- mente oneroso e não gratuito, como no mandato civil). Essa característica não impede, contudo, que as empresas pratiquem atos gratuitos no contexto da responsabilidade social. Lei 6.404/76, Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empre- sa. § 4º O conselho de administração ou a diretoria po- dem autorizar a prática de atos gratuitos razoáveis em benefício dos empregados ou da comunidade de que participe a empresa, tendo em vista suas responsabilida- des sociais. Por Mayara Erick user Realce user Realce user Realce user Realce 3 D IR EI TO E M PR ES AR IA L EXERCÍCIO COMENTADO 1. (Prefeitura de Foz do Iguaçu - PR - Procurador do Município Júnior - FAFIPA – 2019). Analise as proposi- ções a seguir: I. Durante o período subjetivo, iniciado com a edição do Código Comercial, era adotada a Teoria dos Atos de Comércio, os quais eram definidos no referido diploma, ainda hoje vigente no ordenamento pátrio. II. A Teoria da Empresa, preconiza a aplicação do Direito Empresarial tendo por alicerce a atividade exercida pelo empresário, e foi adotada a partir de 1850 com a edição do Código Comercial. III. As corporações de ofício deram origem ao Direito Empresarial, sendo inseridas no período objetivo de sua evolução histórica. Considerando as proposições acima, assinale a alternati- va CORRETA: a) Todas as proposições estão corretas. b) Somente III está correta. c) Somente I e III estão corretas. d) Somente I e II estão corretas. e) Nenhuma proposição está correta. Resposta: Letra E. I - ERRADA, pois o período é objetivo. 2ª fase – caráter objetivista/sistema objetivo; teoria francesa dos atos de comércio (comerciante era quem praticava os atos de comércio; estes atos foram defi- nidos no Regulamento n. 737/1850); a Lei n. 556/1850 (Código Comercial brasileiro) adotou essa teoria fran- cesa; porém, foi criticada por não conseguir justificar a incidência das normas de regime jurídico comercial a algumas atividades tipicamente econômicas, como a prestação de serviços, a negociação imobiliária, a agri- cultura e a pecuária. II. ERRADA, pois foi adotada pelo Código Civil de 2002. 3ª fase – caráter subjetivista moderno/sistema subjeti- vo moderno; teoria italiana da empresa (empresário é quem exerce profissionalmente atividade econômica). Adotada pelo Código Civil de 2002, que revogou par- cialmente o Código Comercial de 1850. III. ERRADA, pois foram inseridas no período subjetivo. 1ª fase – caráter subjetivista clássico/sistema subjetivo clássico; teoria das corporações de ofício (o direito comer- cial era direito dos membros das corporações de ofício). TEORIA DA EMPRESA. EMPRESÁRIO: CONCEITO, CARACTERIZAÇÃO, INSCRIÇÃO,CAPACIDADE; EM- PRESÁRIO INDIVIDUAL; PEQUENO EMPRESÁRIO. No Código Civil de 1916 vigorava a Teoria dos Atos de Comércio, cujo objetivo era fornecer os elementos necessários para a identificação do sujeito das regras do direito comercial, o comerciante. Nesta teoria, a sua ca- racterização se dava em função da atividade desempe- nhada. O atual Código recepcionou a Teoria de Empresa, que objetiva fornecer os elementos necessários para a iden- tificação do empresário, ou seja, o sujeito das regras do direito empresarial, portanto a sua caracterização está na forma e no modo como irá exercer a atividade. Considera-se empresário quem exerce profissional- mente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. É preciso que haja exercício continuado da atividade empresarial, sendo que há uma sucessão repetida de atos praticados de for- ma organizada, para que haja constantemente uma ofer- ta de bens e serviços à coletividade. Doutrinadores, como Maria Helena Diniz, em Curso de Direito Civil Brasileiro, elenca os requisitos para haver o profissionalismo: a) habitualidade ou prática continuada de uma série de atos empresariais; b) pessoalidade, contratação de empregados para a produção e circulação de bens e serviços em nome do empregador e c) monopólio de informações pelo empresário sobre condições de uso, qualidade do material ou servi- ços, defeitos de fabricação, etc. Os elementos do conceito empresário estão emba- sados na: - produção de bens: se caracteriza por transformar ou montagem. - circulação de bens: faz a intermediação entre o pro- dutor do bem e o consumidor final. - prestação de serviços: o próprio termo já diz, se ca- racteriza pela prestação. - circulação de serviços: se caracteriza por fazer a intermediação dos serviços entre o prestador e o consumidor final Pela teoria de empresa recepcionada pelo nosso Có- digo em substituição a teoria dos atos de comércio, o empresário será caracterizado em função da forma pela qual ele irá exercer sua atividade. Portanto, será conside- rado empresário quem exercer sua atividade econômica com profissionalismo e de modo organizado. A propriedade empresarial deverá atender à função social, exigida pela nossa Constituição Federal, por isso o empresário deverá exercer sua atividade econômica organizada de produção e circulação de bens e serviços no mercado de consumo, de forma a prevalecer a livre concorrência sem que haja abuso de posição, proporcio- nando meios para a efetiva defesa dos interesses do con- sumidor e a redução de desigualdades sociais. Portanto, a função social do contrato de sociedade e a da propriedade empresarial busca a boa-fé objetiva do empresário, a transparência negocial e a efetivação da justiça social. Nos termos do art. 977, faculta-se aos cônjuges con- tratar sociedade entre si, exceto se casados no regime de comunhão universal ou no regime de separação obriga- tória. Dentre as obrigações dos empresários está: a) registro - o empresário está obrigado a se inscrever no registro público de empresas mercantis de sua respectiva sede antes de iniciara exploração de sua atividade. A sua natureza é, em regra, declaratória, user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 4 D IR EI TO E M PR ES AR IA L pois não será a inscrição na junta que tornará o su- jeito empresário, mas sim pela forma que exercerá sua atividade. Em sendo a atividade exercida rural, a natureza do registro será constitutiva, pois só se submeterá ao regime jurídico do direito empre- sarial aquele que optar por sua inscrição na junta comercial. b) escrituração - o empresário deverá manter regu- larmente escriturados os livros que lhe são obri- gatórios. c) balanço - ele deverá levantar anualmente Balanço Patrimonial (bens, direitos e obrigações) e Balanço de Resultado Econômico (hoje, é a Demonstração de Resultado Econômico) - despesas, custos e re- ceitas. Vale ressaltar que os livros empresariais são dotados pelo sigilo, ou seja, nenhuma autoridade, juiz, ou tribu- nal, sob qualquer pretexto, poderá ordenar ou fazer dili- gência para verificar se o empresário observa ou não, na escrituração de seus livros, as formalidades prescritas em lei. Existem duas exceções: a) o juiz poderá autorizar a exibição integral dos li- vros, quando necessária, para resolver questões relativas à sucessão, sociedade ou comunhão, ad- ministração ou gestão por conta de outrem ou em caso de falência. b) as autoridades fazendárias poderão no exercício da fiscalização do pagamento de impostos exigirem, nos termos da lei, a exibição dos livros empresa- riais. Já no que se refere ao empresário individual, este é uma pessoa natural, que, registrando-se na Junta Comer- cial, em nome próprio e empregando capital, natureza e insumos, entre outros atributos, atuando com profissio- nalidade, exercendo, portanto, uma atividade econômica para produção ou circulação de bens ou serviços no mer- cado. Ele será o titular da empresa. A atividade empresarial surge quando é iniciada, sob orientação do empresário individual. A partir de janeiro de 2012, os interessados em ex- plorar atividade empresarial passaram a ter mais uma opção, além das já conhecidas sociedade empresária e empresário individual. Trata-se da “empresa individual de responsabilidade limitada”. O seu surgimento tem o intuito de incentivar a for- malização de milhares de empreendedores que atuam de forma desorganizada e de desestimular a criação de sociedades que na prática são constituídas por uma úni- ca pessoa, com o intuito de se beneficiar da limitação de responsabilidade. A pessoa física tem a vantagem de tomar as decisões isoladamente, sem a necessidade de convocar reuniões ou deliberar com sócios, além disso, o empresário indi- vidual equipara-se à pessoa jurídica empresária para fins de tributação. Mas ao compor a sociedade, as pessoas físicas envol- vidas obtêm duas principais vantagens sobre o empresá- rio individual. A primeira: é a união de capitais e de co- nhecimentos, que são compartilhados entre os sócios no desenvolvimento da atividade. A segunda: é a separação patrimonial entre os sócios e a sociedade e a decorren- te limitação de responsabilidade, presente nas espécies societárias mais utilizadas. O empresário individual, por sua vez, responde ilimitadamente pelas obrigações assu- midas no exercício da atividade empresarial. O Código exige que o empresário e a sociedade em- presarial sigam um sistema de contabilidade, com base na escrituração de seus livros, além de anualmente pro- mover o balanço, salvo no caso do pequeno empresário. O Diário, contudo, é livro necessário a todos os empre- sários, inclusive os pequenos, Nele serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento res- pectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. estende- -se ao pequeno empresário. A contabilidade deverá ser confiada a contabilista legalmente habilitado. Importante consideração é a trazida no artigo 1.190, que prevê que “nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pre- texto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.” Teoria de empresa, que objetiva fornecer os elementos necessários para a identificação do empresário, ou seja, o sujeito das re- gras do direito empresarial, portanto a sua caracterização está na forma e no modo como irá exercer a atividade. #FicaDica EXERCÍCIO COMENTADO 1. (TJ-MG - Titular de Serviços de Notas e de Regis- tros – Remoção - CONSULPLAN – 2019). Segundo o art. 966 do Código Civil, considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organiza- da para a produção ou a circulação de bensou de servi- ços. Ainda, à luz do Código Civil, a respeito da atividade de empresário, analise as afirmativas a seguir. I. As cooperativas podem submeter-se ao regime jurídico empresarial, desde que optem por registrar-se no Regis- tro Público de Empresas Mercantis. II. O empresário é obrigado a inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis, mas a falta da inscrição não lhe retira a condição de empresário e a sua submis- são ao regime jurídico empresarial. III. Aquele que, mesmo impedido, exerce atividade em- presarial, responderá pelas obrigações contratadas, no limite do patrimônio da pessoa jurídica. IV. O empresário que tenha como a principal profissão a atividade rural deve se registrar na Junta Comercial, caso em que ficará equiparado, para todos os efeitos, ao em- presário sujeito a registro. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 5 D IR EI TO E M PR ES AR IA L Assinale a alternativa correta. a) Apenas a afirmativa II é verdadeira. b) Apenas as afirmativas I e III são falsas. c) As afirmativas I, II e III são verdadeiras. d) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras. Resposta: Letra A. I. CC, art. 982. Salvo as exceções expressas, conside- ra-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. II. CC. art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respec- tiva sede, antes do início de sua atividade. III. CC, art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. IV. CC, art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágra- fos, requerer inscrição no Registro Público de Empre- sas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006 (MICROEMPRE- SA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE). O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, previs- to na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Abrange a participação de todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). É administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes: quatro da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios. Para o ingresso no Simples Nacional é necessário o cumprimento das seguintes condições: - enquadrar-se na definição de microempresa ou de empresa de pequeno porte; - cumprir os requisitos previstos na legislação; e - formalizar a opção pelo Simples Nacional. Características principais do Regime do Simples Na- cional: - ser facultativo; - ser irretratável para todo o ano-calendário; = abrange os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pa- sep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica (CPP); - recolhimento dos tributos abrangidos mediante do- cumento único de arrecadação - DAS; - disponibilização às ME/EPP de sistema eletrônico para a realização do cálculo do valor mensal devi- do, geração do DAS e, a partir de janeiro de 2012, para constituição do crédito tributário; - apresentação de declaração única e simplificada de informações socioeconômicas e fiscais; - prazo para recolhimento do DAS até o dia 20 do mês subsequente àquele em que houver sido au- ferida a receita bruta; - possibilidade de os Estados adotarem sublimites para EPP em função da respectiva participação no PIB. Os estabelecimentos localizados nesses Esta- dos cuja receita bruta total extrapolar o respectivo sublimite deverão recolher o ICMS e o ISS direta- mente ao Estado ou ao Município. Empresas optantes pelo Simples As empresas optantes pelo Simples Nacional que prestarem serviços mediante cessão de mão-de-obra ou empreitada NÃO ESTÃO SUJEITAS À RETENÇÃO PREVI- DENCIÁRIA, sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços emitidos, com ex- ceção da microempresa (ME) ou a empresa de pequeno porte (EPP) tributada na forma: a) Dos Anexos IV e V da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, para os fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2008; b) Do Anexo IV da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, para os fatos geradores ocorri- dos a partir de 1º de janeiro de 2009. São atividades de prestação de serviços tributadas na forma do Anexo IV da referida Lei Complementar: a) A construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreita- da, execução de projetos e serviços de paisagismo, bem como decoração de interiores; b) O serviço de vigilância, limpeza ou conservação. Cessão de mão-de-obra e empreitada Para efeitos de retenção, a legislação previdenciária definiu seu próprio conceito de cessão de mão de obra e empreitada. Conforme art. 115 e 116 IN 971/2009. Art. 115 - Cessão de mão-de-obra, por sua vez, é a colocação à disposição da empresa contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de trabalha- dores que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com sua atividade fim, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação, inclusive por meio de trabalho temporário. § 1º Dependências de terceiros são aquelas indicadas pela empresa contratante, que não sejam as suas pró- prias e que não pertençam à empresa prestadora dos serviços. § 2º Serviços contínuos são aqueles que constituem necessidade permanente da contratante, que se repe- tem periódica ou sistematicamente, ligados ou não a sua atividade fim, ainda que sua execução seja reali- zada de forma intermitente ou por diferentes traba- lhadores. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 6 D IR EI TO E M PR ES AR IA L § 3º Por colocação à disposição da empresa contratante, entende-se a cessão do trabalhador, em caráter não eventual, respeitados os limites do contrato. Art. 116 - Empreitada é a execução, contratualmente estabelecida, de tarefa, de obra ou de serviço, por preço ajustado, com ou sem fornecimento de material ou uso de equipamentos, que podem ou não ser utilizados, realizada nas de- pendências da empresa contratante, nas de terceiros ou nas da empresa contratada, tendo como objeto um resultado pretendido. Alíquota Para cálculo do ISS, o responsável deverá aplicar sobre a base de cálculo, o percentual correspondente à alíquota do respectivo serviço prestado, salvo quando o serviço for realizado por prestador optante pelo Simples. No caso de prestador optante pelo simples, cabe a ele informar na nota fiscal de prestação de serviço ou NFS-e, a alíquota do ISSQN a ser retido na fonte. A retenção deverá ser feita no ato do pagamento ao prestador de serviço e o recolhimento da guia deve ser obser- vado o prazo para recolhimento na legislação de cada Município para o qual o imposto é devido. Dispensa da Retenção Para a dispensa da retenção consultar o prescritivo legal no art. 2º da LC nº 116/2003, além da legislação do Mu- nicípio onde o serviço foi prestado. ABRANGÊNCIA DAS RETENÇÕES A TODAS AS PESSOAS JURÍDICAS Pessoas Jurídicas Optantes pelo Simples e Declaração de Opção Obrigatória Em sua grande maioria, as Pessoas Jurídicas optantes pelo Simples, observadas as exceções e apresentada a Decla- ração de Opção, não sofrem as retenções. Para não efetuar a retenção é obrigatória a apresentação da Declaração de Opção. As Pessoas Jurídicas Optantes pelo Simples Nacional, com basena Lei Complementar nº 123/2006, deverão recolher mensalmente os seguintes Impostos e Contribuições:- IRPJ, IPI, CSLL, COFINS, PIS/PASEP, INSS (Patronal, com exceções em alguns tipos de serviço), ICMS (Tem exceções), e ISS (Também tem exceções). Ao se contratar uma Pessoa Jurídica Prestadora de Serviços, optante pelo SIMPLES, esta já deverá ser notificada pela contratante e sempre que possível, solicitar em cada pagamento, a Declaração exigida, conforme o Anexo I da IN SRF 791, de 10 de dezembro de 2007, de que está devidamente cadastrado, segundo o regime da lei complementar nº 123/2006, na condição de Micro Empresa-ME e/ou Empresa de Pequeno Porte - EPP. Sendo assim, a optante pela tributação descrita no regime Simples Nacional, não deve sofrer retenção dos tributos Federais e Previdenciários, que devem ser descriminados na declaração. Muitas empresas consultam o site da Receita Federal, para confirmar o cadastro de opção pelo Simples. Empresas Enquadradas no Simples na Condição de Fonte Pagadora As Pessoas Jurídicas optantes pelo Simples Nacional, quando estiverem na condição de fonte pagadora, deverão efetuar a retenção das contribuições aqui tratadas. Entidades obrigadas a efetuar a retenção De acordo com o artigo 148 da IN RFB 971/2009 estão obrigadas a efetuar a retenção sobre o valor da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços e ao recolhimento da importância retida em nome da empresa contra- tada, quando forem contratantes de serviços mediante cessão de mão-de-obra ou empreitada, as seguintes pessoas jurídicas: a) entidades beneficente de assistência social em gozo de isenção; b) a empresa optante pelo Simples ou pelo Simples Nacional; c) o sindicato da categoria de trabalhadores avulsos; d) o OGMO, e) o operador portuário; f) e a cooperativa de trabalho. user Realce 7 D IR EI TO E M PR ES AR IA L Alterações introduzidas pela Lei Complementar 147/2014 (Fonte: www.brasil.gov.br) A Lei Complementar nº 147, de 7 de agosto de 2014, alterou a Lei Complementar nº 123, de 2006, que institui o Es- tatuto da Micro e Pequena Empresa e dispõe sobre o Simples Nacional. As alterações serão objeto de regulamentação pelo Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN). As principais modificações estão descritas a seguir. NOVAS ATIVIDADES A LC 147/2014 prevê que a ME ou EPP que exerça as seguintes atividades poderão optar pelo Simples Nacional a partir de 01/01/2015 (*): a) Tributadas com base nos Anexos I ou II da LC 123/2006: Produção e comércio atacadista de refrigerantes (*) b) Tributadas com base no Anexo III da LC 123/2006: b.1. Fisioterapia (*) b.2. Corretagem de seguros (*) b.3. Serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, na modalidade fluvial, ou quando possuir características de transporte urbano ou metropolitano ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropo- litana para o transporte de estudantes e trabalhadores (retirando-se o ISS e acrescentando-se o ICMS) c) Tributada com base no Anexo IV da LC 123/2006: Serviços Advocatícios (*) d) Tributadas com base no (novo) Anexo VI da LC 123/2006: d.1. Medicina, inclusive laboratorial e enfermagem d.2. Medicina veterinária d.3. Odontologia d.4. Psicologia, psicanálise, terapia ocupacional, acupuntura, podologia, fonoaudiologia e de clínicas de nutrição, de vacinação e bancos de leite d.5. Serviços de comissaria, de despachantes, de tradução e de interpretação d.6. Arquitetura, engenharia, medição, cartografia, topografia, geologia, geodésia, testes, suporte e análises técnicas e tecnológicas, pesquisa, design, desenho e agronomia d.7. Representação comercial e demais atividades de intermediação de negócios e serviços de terceiros d.8. Perícia, leilão e avaliação d.9. Auditoria, economia, consultoria, gestão, organização, controle e administração d.10. Jornalismo e publicidade d.11. Agenciamento, exceto de mão-de-obra d.12. Outras atividades do setor de serviços que tenham por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exer- cício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profis- são regulamentada ou não, desde que não sujeitas à tributação na forma dos Anexos III, IV ou V da LC 123/2006. (*) A opção de empresas dos novos setores ora autorizados (novas e já existentes) poderá ser feita a partir de data a ser fixada em resolução do CGSN. 8 D IR EI TO E M PR ES AR IA L ANEXO VI DA LC 123/2006 O novo ANEXO VI da LC 123/2006, vigente a partir de 01/01/2015, prevê alíquotas entre 16,93% e 22,45%. LIMITE EXTRA PARA EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS A partir de 2015, o limite extra para que a EPP tenha incentivos para exportar passará a abranger mercadorias e serviços. Dessa forma, a empresa poderá auferir receita bruta anual de até R$ 7,2 milhões, sendo R$ 3,6 milhões no mercado interno e R$ 3,6 milhões em exportação de mercadorias e serviços. BAIXA DE EMPRESAS Poderá haver a baixa de empresas mesmo com pen- dências ou débitos tributários, a qualquer tempo. O pe- dido de baixa importa responsabilidade solidária dos em- presários, dos titulares, dos sócios e dos administradores no período da ocorrência dos respectivos fatos geradores. MEI – CONTRATAÇÃO POR EMPRESAS Para a empresa que contrata MEI para prestar servi- ços diferentes de hidráulica, eletricidade, pintura, alvena- ria, carpintaria e de manutenção ou reparo de veículos, extinguiu-se a obrigação de registro na GFIP e recolhi- mento da cota patronal de 20% (o art. 12 da LC 147/2014 revogou retroativamente essa obrigatoriedade). Todavia, quando houver os elementos da relação de emprego, o MEI deverá ser considerado empregado para todos os efeitos. Adicionalmente, a LC 123/2006 estabe- lece que o MEI, a ME e a EPP não podem prestar serviços na modalidade de cessão de mão-de-obra. As empresas optantes pelo simples nacio- nal que prestarem serviços mediante ces- são de mão-de-obra ou empreitada não estão sujeitas à retenção previdenciária, sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços emi- tidos, com exceção da microempresa ou a empresa de pequeno porte. #FicaDica EXERCÍCIO COMENTADO 1. (MPC-PA - Procurador de Contas - CESPE – 2019). Considerando as disposições do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Lei Com- plementar n.º 123/2006), julgue os itens a seguir, com re- lação ao tratamento legal às microempresas e empresas de pequeno porte em licitações públicas. I Microempresas e empresas de pequeno porte poderão participar de licitação mesmo que possuam débitos tri- butários pendentes de regularização. II Será assegurada nas licitações, como critério de de- sempate, preferência de contratação para microempre- sas e empresas de pequeno porte, entendendo-se por empate as situações em que as propostas apresentadas sejam iguais ou até 10% superiores à proposta mais bem classificada ou, em caso de pregão, até 5% superiores ao melhor preço. III A referida lei prevê hipóteses especiais de licitações direcionadas, direta ou indiretamente, a microempresas e empresas de pequeno porte. IV Poderão emitir cédula de crédito microempresarial as microempresas e empresas de pequeno porte titulares de direitos creditórios decorrentes de empenhos liqui- dados por órgãos e entidades da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios não pagos em até trinta dias contados da data de liquidação. Assinale a opção correta. a) Apenas os itens I e III estão certos. b) Apenas os itens I e IV estão certos. c) Apenas os itens II e III estão certos. d) Apenas os itens II e IV estão certos. e) Todos os itens estão certos. Resposta: Letra E. I - Certo - Art. 43. As microempresas e as empresas de pequeno porte, por ocasião da participação em certa- mes licitatórios, deverão apresentar toda a documen- tação exigida para efeito de comprovação de regula- ridade fiscal e trabalhista, mesmo que esta apresente alguma restrição. II- Certo - Art. 44. Nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência de contrata- ção para as microempresas e empresas de pequeno porte. § 1 Entende-se por empate aquelas situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais bem clas- sificada. III - Certo - Art. 47. Nas contratações públicas da ad- ministração direta e indireta, autárquica e fundacional, federal, estadual e municipal, deverá ser concedido tratamento diferenciado e simplificado para as micro- empresas e empresas de pequeno porte objetivando a promoção do desenvolvimento econômico e social no âmbito municipal e regional, a ampliação da efici- ência das políticas públicas e o incentivo à inovação tecnológica. IV - Certo - Art. 46. A microempresa e a empresa de pequeno porte titular de direitos creditórios decorren- tes de empenhos liquidados por órgãos e entidades da União, Estados, Distrito Federal e Município não pagos em até 30 (trinta) dias contados da data de liquidação poderão emitir cédula de crédito microempresarial. PREPOSTOS DO EMPRESÁRIO. Toda empresa é feita por pessoas e para pessoas, di- reta ou indiretamente. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 9 D IR EI TO E M PR ES AR IA L Assim, o capital humano é um recurso aplicado ao dia a dia do negócio, de forma a realizar a sua atividade econômica. Administradores, gerentes, funcionários, entre outros, são aqueles que fazem a empresa acontecer, trabalhan- do para concretizar seu objetivo. Ou seja, seus atos são exercidos em nome da empresa. O artigo busca mostrar o que é, quem são os prepos- tos e quais suas responsabilidades ao carregar a empresa em suas atividades específicas. 1. Preposto O próprio nome já é bem esclarecedor, uma vez que é aquele que foi “pre” “posto” naquela situação, foi esco- lhido anteriormente para a atividade. A palavra vem do latim praepositus, de praeponere, que é aquele posto adiante ou à frente. Preposto é a pessoa devidamente nomeada para re- presentar a empresa em seus atos. Pode ter vínculo em- pregatício ou não com a empresa, e pode ser um colabo- rador permanente ou temporário. De bom alvitre ressaltar que o preponente é aquele que constitui o preposto como tal. Seu regramento legal está nos artigos 1.169 a 1.178 do Código Civil – CC. Há algumas disposições que o preposto deve seguir no que diz respeito à sua relação com a empresa e o preponente: O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer- -se substituir no desempenho da preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele contraídas (art. 1.169 do CC); Ou seja: o preposto não pode delegar suas atividades para terceiro. Se o fizer, responde por tudo aquilo que o terceiro fez indevidamente. O preposto só pode delegar sua atividade para terceiro se tiver prévia autorização por escrito para fazer isso. O preposto, salvo autorização expressa, não pode ne- gociar por conta própria ou de terceiro, nem participar, embora indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de responder por per- das e danos e de serem retidos pelo preponente os lu- cros da operação (art. 1.170 do CC); Ou seja: a atuação do preposto é exclusiva, não po- dendo fazer negócios por conta própria. Caso o faça, pode responder por perdas e danos causados e terá que dar o lucro do negócio ao preponente. Considera-se perfeita a entrega de papéis, bens ou valores ao preposto, encarregado pelo preponente, se os recebeu sem protesto, salvo nos casos em que haja prazo para reclamação (art. 1.171 do CC). Ou seja: se ao preposto for entregue papel, bem ou valor sem que esse tenha recusado seu recebimento, ele se torna responsável por aquilo que lhe foi entregue. Ex- ceto se a lei prever casos que conceda ao preposto al- gum prazo para reclamar sobre aquela entrega. 2. Gerente Gerente não se confunde com sócio administrador, esse último é o que deve ser nomeado no contrato ou es- tatuto social para exercer a administração da sociedade. Abaixo desse pode haver o gerente ao qual incumbe a gestão do dia a dia da empresa. São características: Gerente é o preposto permanente (ou seja, sem even- tualidade, ele está no seu cargo diariamente) no exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agên- cia (art. 1.172 do CC); O gerente está autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe delegaram, exceto se houver disposição legal exigindo que o gerente tenha poderes especiais (situação que a lei especifique como necessário que sejam dados poderes específicos e de forma expressa) para atuar (art. 1.173 do CC); Se a empresa tiver mais de um gerente, estes são so- lidários nos poderes conferidos. O que quer dizer que podem exercer as mesmas atividades e conjunto ou se- paradamente. A não ser que haja estipulação de poderes para cada um dos gerentes (art. 1.173, parágrafo único do CC); Sendo os poderes do gerente limitados, só se pode considerar válidas as limitações, perante terceiros que tratarem com ele, quando for arquivado e averbado o instrumento de sua nomeação no registro da empresa na Junta Comercial, se for o caso. Se, dependendo do que acontecer, ficar comprovado que o terceiro sabia da limitação do gerente, não precisaria do arquivamento e averbação (art. 1.174 do CC); Para a mesma finalidade e com idêntica ressalva do item anterior, deve a modificação ou revogação do man- dato que conceda a gerência ser arquivada e averbada na Junta Comercial (art. 1.174, parágrafo único do CC); O gerente, nos atos que praticar dentro do limite de seus poderes, nos que pratique em nome do preponen- te e nos atos que praticar em seu próprio nome, mas à conta do preponente, responde em conjunto com o preponente (art. 1.175 do CC); O gerente pode comparecer à Justiça em nome do preponente, pelas obrigações resultantes do exercício da sua função como preposto (art. 1.176 do CC). 3. Contabilista O contador (graduado em contabilidade) e o técnico de contabilidade (formação técnica) ou, simplesmente, contabilistas, como denomina o Código Civil, é o profis- sional inscrito no Conselho Regional de Contabilidade. Por exercer representatividade da empresa, também é considerado seu preposto. Como tal, possui as seguin- tes regulamentações legais: Os assentos lançados nos livros ou fichas do empre- sário ou sociedade preponente, por qualquer dos pre- postos contabilistas encarregados de sua escrituração, produzem os mesmos efeitos como se o fossem reali- zados pelo preponente. No que também se enquadram erros e falhas do contabilista. A exceção existe se o con- tabilista houver agido com má-fé, ou seja, com o intuito de prejudicar (art. 1.177 do CC) user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 10 D IR EI TO E M PR ES AR IA L No exercício de suas funções como contabilistas, os prepostos são responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos (sem intenção de prejudicar). E em relação aos atos dolosos (com intenção de prejudicar), é responsável conjuntamente (de forma solidária) ao pre- ponente perante terceiros. Em ambos os casos, quando o preponente arcar com o prejuízo, este poderá cobrar do contabilista a reparação dos danos que sofreu (art. 1.177, parágrafo único do CC). Por isso, é fundamental que o empresário tenha um profissional de contabilidade de sua maior confiança, além de ser necessário ter uma noção da matéria para acompanhar o trabalho do contabilista. 4. Outros casos - Terceirizado O terceirizado que age em nome da empresa também é considerado preposto para os fins de direito, ainda que, nesse caso, não exista vínculo empregatício. A terceirização permite que umaempresa transfira para outra uma atividade que seria sua, alocando os ter- ceirizados para atuar pela empresa terceirizadora. Com a Lei nº 13.429/2017 (tendo alterado a Lei nº 6.019/1974, que dispõe sobre trabalho temporário nas empresa urbanas e dá outras providências), se permite também terceirizar as atividades fins da empresa, não apenas as atividades meio (como era permitido anterior- mente), tanto no setor público como privado. - Representante comercial Sendo um tipo de contrato de agência e distribuição, a representação comercial também se apresenta de for- ma a constituir prepostos da empresa, vez que o repre- sentante atua em nome daquela. A representação comercial é regida pela Lei nº 4.866/1965. Responsabilidade Como se vê, a empresa é plenamente responsável pe- los atos praticados por seus prepostos desde que em seu nome, ou seja, exercendo sua função dentro da atividade empresarial. Tal responsabilidade está caracterizada da seguinte forma: Os preponentes são responsáveis pelos atos de qual- quer preposto, desde que praticado nos seus estabeleci- mentos e relativos à atividade da empresa, mesmo que não autorizados por escrito (art. 1.178 do CC); Quando os atos de seus prepostos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o prepo- nente nos limites dos poderes conferidos por escrito em instrumento específico, que não pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor (art. 1.178, pará- grafo único do CC). Ademais, o artigo 932, III do Código Civil responsa- biliza o empregador pela reparação que tenha causado seu preposto: Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: (...) III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; O empregador, inclusive, deverá reparar o dano ainda que não haja culpa de sua parte (art. 933 do CC). Isso se dá por não ter a empresa/empregador esco- lhido bem seu preposto (culpa in eligendo), por não ter instruído bem seu preposto (culpa in instruendo), por não vigiar os atos de seu preposto (culpa in vigilando) e/ ou até mesmo porque a empresa/empregador lucra com os atos de seu preposto, então, teria que arcar também com os prejuízos por ele causado. (Por Rafael Loreto) O preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por conta própria ou de terceiro, nem participar, embora indireta- mente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de respon- der por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da operação #FicaDica EXERCÍCIO COMENTADO 1. (SEFAZ-GO - Auditor-Fiscal da Receita Estadual - FCC – 2018). Quanto aos prepostos e à escrituração das empresas, é correto afirmar: a) Os preponentes são responsáveis pelos atos de quais- quer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, exceto se não au- torizados por escrito. b) Em nenhuma hipótese pode o preposto negociar por conta própria ou de terceiro, nem participar de opera- ção do mesmo gênero da que lhe foi fixada, sob pena de responder por perdas e danos. c) Quando a lei não exigir poderes especiais, conside- ra-se o gerente autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe foram outorgados; os poderes conferidos a dois ou mais ge- rentes serão sempre solidários. d) O empresário e a sociedade empresária são obriga- dos a seguir um sistema mecanizado de contabilidade, bem como levantar semestralmente o balanço patri- monial e o de resultado econômico. e) Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma auto- ridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresá- rio ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. Resposta: Letra E. Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, ne- nhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pre- texto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades pres- critas em lei. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 11 D IR EI TO E M PR ES AR IA L INSTITUTOS COMPLEMENTARES: NOME EMPRE- SARIAL, ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL, ESCRI- TURAÇÃO. Antes do início de suas atividades, o empresário deve promover a sua inscrição no Registro Público de Empre- sas Mercantis da respectiva sede, cuja função é das Jun- tas Comerciais sob fiscalização e supervisão do Departa- mento Nacional de Registro do Comércio - DNRC. Como bem assinala Pereira Calças, não é a inscrição do empre- sário na Junta Comercial que determina se ele é ou não empresário, mas a qualidade de empresário decorre da situação fática consistente na organização dos fatores de produção (capital, trabalho, in sumo e tecnologia) com a finalidade de produção ou circulação de bens ou servi- ços. A ausência de registro nas Juntas Comerciais carac- teriza o empresário como empresário irregular ou de fato e, mesmo nesta situação, nos termos da Lei de Falências e Recuperação de empresas estará sujeito a falência, mas não lhe será permitido requerer a benesse da recupera- ção judicial e tampouco requerer a falência de seus de vedores. Daí decorre a distinção entre empresário regu- lar e empresário irregular, sendo que, este último deixa de cumprir com o determinado no artigo 967 do Código Civil e tem como consequência a perda de determinados benefícios que um empresário devidamente inscrito na Junta Comercial possui, como a possibilidade de reque- rimento de falência ou entrar com pedido de recupera- ção judicial e limitação de responsabilidade dos sócios nos casos das sociedades limitadas e, agora, no caso do empresário individual de responsabilidade limitada. O empresário regular é aquele que, nos termos dos artigos 967 do Código Civil, procede com a sua inscrição na Junta Comercial competente, cujo requerimento deverá conter a qualificação do empresário, a firma, o capital, o objeto e a sede a empresa. O registro mercantil tem como fi- nalidade dar publicidade aos atos nele registrados, por este motivo tem apenas característica de ato declaratório e não constitutivo, uma vez que não consta no artigo 966 do Código Civil a expressão “devidamente inscrito no registro de comércio”, mas apenas que empresá- rio é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada com a finalidade de produção ou circulação de bens e serviços. Como alhures tratado, o registro do empresário no registro mercantil tem, em regra, natureza declaratória, mas no caso do empresá- rio rural a natureza do registro é constitutiva. Assim, o empresário, mesmo não estando registrado no Registro Público de Empresas Mercantis, estará sujeito à falência e, por estar irregular, haverá indícios de crime falimentar, como ausência de escrituração. Segundo o Conselho da Justiça Federal, enunciado 199, da III Jornada de Direito Civil, o registro do empresário na Junta comercial não é requisito de sua caracterização, mas apenas requisito de sua regularidade. O empresário individual que pretender abrir sucursal, filial e agência em local sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, deverá nele realizar a sua inscrição com prova do registro origi- nário, sendo também obrigatório o registro de estabe- lecimento secundário no registro da respectiva sede. Estabelecimento empresarial: é um conjunto de bens corpóreos e incorpóreos organizado pelo empresário para a exploração de sua empresa. Desta forma é uma universalidade de fato indispensável para a exploração da atividade pelo empresário. Por exemplo: terreno, pré- dio, máquinas, mercadorias, marca, nome empresarial, ponto comercial etc. Atualmente, é utilizada a expressão “estabelecimento empresarial”.Mas há autores que usam, ainda, a expres- são “estabelecimento comercial”, o que em nada com- promete o instituto. Trespasse: é o contrato de alienação do estabeleci- mento empresarial. O adquirente do estabelecimento empresarial é o res- ponsável pelas dívidas que conhece, se tornando solida- riamente responsável. Em relação às dividas tributárias e trabalhistas não é preciso ter conhecimento das mesmas. Por isso, o adquirente do estabelecimento empresa- rial responde por todas as dívidas relacionadas ao ne- gócio explorado, desde que estejam devidamente con- tabilizadas. Ele continuará responsável solidariamente pelo prazo de até 1 ano, a contar em relação às dívidas já vencidas da publicação do trespasse; e em relação às demais (dívidas vincendas) da data de seus respectivos vencimentos. O contrato de Trespasse deverá ser averbado na junta comercial, devendo ser publicado na imprensa oficial. Via de regra, o empresário é livre para alienar o seu estabe- lecimento empresarial, mas se não lhe restarem outros bens que garantam a satisfação de todos os seus credo- res, a eficácia da alienação dependerá do prévio paga- mento dos mesmos ou então da anuência de todos os seus credores no prazo de até 30 dias a contar de suas respectivas notificações. Em havendo a manifestação contrária à alienação de apenas um dos credores, fica vedada a venda. Caso não seja respeitada, a alienação se torna irregular e por consequência é ineficaz, não produzindo efeitos para os credores. Concorrência: em havendo a alienação, o alienante não poderá fazer concorrência nos 5 anos subsequentes à transferência, pois caso contrário é considerada con- corrência, ou seja, atuar no mesmo mercado. A alienação do estabelecimento empresarial precisa seguir alguns requisitos, como vimos acima: a) por ter valor econômico, é uma das garantias dos credores do empresário, portanto deverá haver a concordância destes, na alienação do estabeleci- mento, caso contrário, poderá ter sua falência de- cretada; b) o contrato de alienação deve ser averbado na Junta Comercial para poder surtir efeitos perante tercei- ros; c) o adquirente do estabelecimento (comprador) res- ponde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabili- zados, continuando o alienante (vendedor) solida- riamente obrigado pelo prazo de 01 ano (a cláu- sula de não-transferência do passivo, não libera o user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 12 D IR EI TO E M PR ES AR IA L adquirente), garantindo-se ao adquirente o direito de regresso (direito de cobrar) contra o alienante pelas dívidas pagas; d) o adquirente será, também, sucessor do alienante nos débitos tributários e trabalhistas; e) se não houver autorização expressa, o alienante não poderá estabelecer-se novamente no mesmo ramo de atividade, pelo prazo de 05 (cinco) anos, fazendo concorrência a este. O título do estabelecimento empresarial não se con- funde com o nome empresarial. O título do estabeleci- mento é o elemento de identificação, já o nome empre- sarial é o elemento de identificação do empresário. Não há obrigatoriedade de utilização do mesmo nome. Já o nome empresarial é o elemento de identificação do empresário, tanto pessoa física (empresário indivi- dual) como pessoa jurídica (sociedade empresária). Para o registro do empresário na Junta Comercial, é necessária a adoção de um nome empresarial. Existem duas espécies de nome empresarial: a) FIRMA Tem como base o nome civil. O empresário individual só poderá adotar firma, que deverá conter seu nome completo ou não, sendo opcio- nal o acompanhamento de seu ramo de atividade. Algumas sociedades empresariais também adotam firma ou razão social, podendo ser o nome civil de todos os sócios, ou então de um ou alguns sócios. Não precisa ter o ramo de atividade. O empresário individual e o representante legal da sociedade empresária que adotaram firma deverão assi- nar todos os instrumentos de relações jurídicas, não com seu nome civil, mas com o empresarial. b) DENOMINAÇÃO A denominação pode ser composta pelo elemento fantasia ou pelo nome civil de um, alguns ou de todos os sócios. O Código exige que o empresário e a sociedade em- presarial sigam um sistema de contabilidade, com base na escrituração de seus livros, além de anualmente pro- mover o balanço, salvo no caso do pequeno empresário. O Diário, contudo, é livro necessário a todos os empre- sários, inclusive os pequenos, Nele serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento res- pectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa estende- -se ao pequeno empresário. A contabilidade deverá ser confiada a contabilista legalmente habilitado. Importante consideração é a trazida no artigo 1.190, que prevê que “nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pre- texto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.” Estabelecimento empresarial: é um conjun- to de bens corpóreos e incorpóreos organi- zado pelo empresário para a exploração de sua empresa. Desta forma é uma universa- lidade de fato indispensável para a explora- ção da atividade pelo empresário. #FicaDica EXERCÍCIO COMENTADO 1. (TJ-RS - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Provimento - VUNESP – 2019). Em relação ao registro e o nome empresarial, dispõe o Código Civil: a) O ato sujeito a registro, ressalvadas disposições es- peciais da lei, não pode, antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova de que este o conhecia. b) O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida para o empresário e para as sociedades simples e empresá- rias, será requerido pelo sócio com poderes de gestão, e, no caso de omissão ou demora, por qualquer um dos sócios, sendo que os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de vinte dias, contado da lavratura dos atos respectivos. c) Para fins de registro, cumpre à autoridade competente, a qualquer tempo, verificar a autenticidade e a legi- timidade do signatário do requerimento, bem como fiscalizar a observância das prescrições legais con- cernentes ao ato ou aos documentos apresentados, obrigando-se a comunicar no prazo de 30 dias ao re- presentante do Ministério Público, eventuais indícios de fraudes detectadas. d) É vedada a utilização de firma na sociedade anônima e na sociedade em comandita por ações, que obrigato- riamente deverão adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão “sociedade anôni- ma” e “comandita por ações”, por extenso ou abrevia- damente. e) O nome empresarial não pode ser objeto de aliena- ção, exceto se o adquirente do estabelecimento, por ato entre vivos, exercer a mesma atividade empresarial de seu antecessor, mediante autorização expressa do alienante no contrato social e declaração da quitação do preço. Resposta: Letra A. Art. 1.154. O ato sujeito a registro, ressalvadas disposi- ções especiais da lei, não pode, antes do cumprimen- to das respectivas formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova de que este o conhecia. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 13 D IR EI TO E M PR ES AR IA L REGISTRO DE EMPRESA. ÓRGÃOS DE REGISTRO DE EMPRESA. ATOS DE REGISTRO DE EMPRESA. PROCESSO DECISÓRIO DO REGISTRO DE EMPRESA. INATIVIDADE DA EMPRESA. EMPRESÁRIO IRREGULAR. LEI Nº 8.934/1994 E SUAS ALTERAÇÕES. Segundo o Autor Armando Luiz Rovai, aquele que tem o intuito de empreender, de acordo com os ditames da lei, deve, necessariamente, arquivar seus atos societários no órgão responsável pela execução do registro público mercantil, ouseja, na Junta Comercial, a qual manterá em seus arquivos o histórico de todas as sociedades regis- tradas, desde o seu nascimento até sua efetiva extinção. Para tanto, é preciso que a instrumentalização seja feita de forma correta, garantindo, assim, a publicidade e efi- cácia do ato mercantil e consequentemente do registro empresarial. A Junta Comercial, no exercício de suas funções, ga- rante a publicidade, autenticidade e segurança dos atos jurídicos, bem como de procede com a atualização do cadastramento, proteção do nome empresarial e avalia- ção formal da possibilidade de deferimento dos docu- mentos levados a arquivamento. O Registro Público de Empresas Mercantis compreen- de três procedimentos distintos. Dentre eles, o primeiro é a matrícula dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpre- tes comerciais, trapicheiros e administradores de arma- zéns-gerais, além do cancelamento de matrículas. Já o segundo procedimento compreende o arquiva- mento de documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; atas relativas a consórcio e grupo de sociedade; atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; declarações de microempresa; atos ou docu- mentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às Empresas Mercantis. No que concerne ao terceiro procedimento, temos a autenticação dos instrumentos de escrituração das Em- presas Mercantis registradas e dos agentes auxiliares do comércio. Segundo as ideias de Rovai, a finalidade do Registro Empresarial é a de resguardar a segurança, publicidade e eficácia dos atos levados a arquivamento, dando, assim, uma garantia maior às partes envolvidas. É imprescindível que os instrumentos levados a regis- tro contenham a exata pretensão dos sócios, para que não haja diversas interpretações e não pairem dúvidas a respeito da pretensão das partes. Além disso, a inser- ção dos dados corretos, nítidos e verídicos deve respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, privilegiando o interesse público em relação ao interesse individual. Os efeitos do registro mercantil emanam e dão conta da necessidade do operador do direito ater-se à publici- dade, segurança e eficácia dos arquivamentos dos atos societários, coordenando-os aos preceitos empresariais no atual momento histórico, políticos e econômico em que vivemos. De acordo com Bruno Mattos e Silva, o registro de empresas é realizado pelas Juntas Comerciais, que sub- metem-se de forma técnica ao Departamento Nacional do Registro de Comércio – DNRC e de maneira adminis- trativa aos Estados, e é regido pela norma de Lei nº 8.934 datada em 18 de novembro de 1994. A Junta Comercial realiza registros empresariais vol- tados para sociedades empresárias personalizadas. En- quanto que o Registro Civil das Pessoas Jurídicas encar- rega-se em efetivar o registro das sociedades simples, ainda que estas tenham constituição na forma de um dos tipos de sociedade empresária, de acordo com o art. 1.150 do novo Código Civil. Em vista disso, não é possível estabelecer que o Ofi- cial de Registro Civil das Pessoas Jurídicas tem poder reconhecido para consagrar o registro de um contrato social que destinado à fundação de uma sociedade em- presária, de perfil limitada. É possível afirmar porém, que a Junta Comercial pode ser considerado o único órgão do Registro Público de Empresas Mercantis habilitado a receber a inscrição dos empresários. A Junta Comercial pode ser interpretada como de na- tureza jurídica de um órgão do Estado, sem personalida- de jurídica, ou de autarquia estadual, conforme exposto pela lei local. Durante 77 anos, por exemplo, a Junta Co- mercial foi órgão de administração direta no estado de Minas Gerais. Apenas no dia 2 de setembro de 1970, com o surgimento da Lei Estadual nº 5.512, foi reconhecida como uma autarquia. Diferentemente do Rio Grande do Sul, onde a Junta Comercial é apenas órgão da adminis- tração direta. De acordo com o art. 967 do novo Código Civil, a inscrição da respectiva sede do empresário, anterior ao início das operações, no Registro Público de Empresas Mercantis (leia-se, na Junta Comercial) é compulsório. Entretanto, não é este registro específico de delimita que só é reconhecido empresário quem está registrado como tal na Junta Comercial. Na falta do registro, a caracteri- zação jurídica de empresário mas permanece, mas este aquele que não seguiu com o arquivamento regular da sua firma individual ou dos seus atos constitutivos é san- cionado perdendo vantagens desse regime e tornando- -se um empresário irregular. Isto se dá, pois o art. 967 estabelece que todo em- presário tem obrigação de estar registrado na Junta Co- mercial, sem alternativa de realizar ou não a inscrição do empresário no registro público de empresas mercantis da respectiva sede, que se fará com requerimento que contenha seu nome, firma, capital, objeto e a sede da empresa. Desse modo, o empresário que não proceder com os atos constitutivos dispostos em lei, ou firma arquivados na Junta Comercial, não será considerado empresário regular ficando impossibilitado de dispor das vantagens que os empresários regulares têm. Além disso, não con- seguirá inscrever-se como contribuinte de ICMS no Esta- do, muito menos emitir nota fiscal. user Realce 14 D IR EI TO E M PR ES AR IA L Isto posto, o empresário devo prosseguir com seu re- gistro na Junta Comercial. Registro este que será feito mediante arquivamento dos atos constitutivos da socie- dade empresária no caso de atividade exercida por uma pessoa jurídica ou mediante arquivamento da firma in- dividual, caso a atividade seja exercida por uma pessoa física em nome próprio. Os arts. 36 e 37 da Lei nº 8.934/94 descorrem sobre os requisitos que devem conter no pedido de arquivamen- to. De forma generalista, os atos constitutivos de pes- soa jurídica precisam conter o “visto” de um advogado, respeitando as determinações do art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994. Salvo microempresas e às empresas de pequeno porte, que de acordo com o § 2º do art. 9º da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezem- bro de 2006 ficam isentadas desta obrigação. Podemos afirmar então que o ato, documento ou instrumento apresentado para arquivamento na Jun- ta Comercial, servirá de objeto de exame para o devi- do cumprimento das formalidades legais, de forma que caso verificada inconsistência / vício insanável, o registro será indeferido; no caso de vício sanável, o processo será colocado em exigência com prazo de 30 dias para cum- primento a contar da data da ciência pelo interessado ou da publicação do despacho. Considerando a nomenclatura do art. 32 da Lei nº 8.934/94, a palavra “registro” é expressão genérica que compreende: - a matrícula e seu cancelamento, relacionada aos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comer- ciais, trapicheiros e administradores de armazéns- -gerais; - o arquivamento sendo: a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individu- ais, sociedades mercantis e cooperativas; b) dos atos relativos a consórcio e grupo de socieda- de de que trata a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; c) dos atos concernentes a empresas mercantis es- trangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; d) das declarações de microempresa; e) de atos ou documentos que, por determinação le- gal, sejam atribuídos ao Registro Público de Em- presas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às empre- sas mercantis; - a autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas e dos agentes au- xiliares do comércio, na forma de lei própria. Com o acima exposto, a matrícula dos tradutorespú- blicos é feita então na Junta Comercial, e não em Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. É errado dizer que o empresário tem três dias úteis para submeter ao Registro Público de Empresas Mercan- tis os atos destinados a registro, contados desde a data de seu preenchimento. Conforme apresentado pelo art. 36, os documentos relacionados ao arquivamento tem um prazo de 30 (trin- ta) dias contados de sua assinatura para serem apresen- tados, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento; ao exceder o prazo, o arquivamento só será reconhecido a partir do despacho que o conceder. Porém, como apontado anteriormente, é incorreto afirmar que a obrigatoriedade de inscrição do empresá- rio no Registro Público de Empresas Mercantis da res- pectiva sede só se torna efetiva após o início de sua ativi- dade, pois essa inscrição deve ocorrer anteriormente ao início das atividades. Quanto aos documentos que não podem ser arqui- vados, dispõe uma Lei nº 8.934/4 específica referente ao Art. 35. Alguns atos da Junta Comercial são subordinados à outros regimes e dependem portanto da deliberação por parte do seu órgão colegiado. Assim dispõe o art. 41 da Lei nº 8.934/94. Os atos não previstos nesse dispositivo serão julga- dos particularmente tendo objeto de decisão singular proferida pelo presidente da junta comercial, por vogal ou servidor que possua comprovados conhecimentos de Direito Comercial e de Registro de Empresas Mercantis, desde que designados pelo presidente da junta comer- cial. É o exposto no art. 42 da Lei nº 8.934/94. O arquivamento de ata de assembleia geral, levado por uma sociedade anônima, por exemplo estará sujeito à análise ao corpo de decisão colegiado pela junta co- mercial competente para efetivar o registro público de empresas mercantis e atividades afins. No caso de pedido indeferido pela Junta Comercial, o interessado poderá interpor recursos no âmbito adminis- trativo, previstos no art. 44 da Lei nº 8.934/94 e instruídos pela Instrução Normativa DNRC nº 85, de 29/2/2000. Independente da interposição do recurso administra- tivo, o interessado pode buscar tutela judicial. A Justiça Federal é reconhecida pelo STJ como competente para o julgamento de mandado de segurança contra ato prati- cado pela JC. Portanto, é incorreto afirmar que o manda- do de segurança contra ato de registro de determinada sociedade empresária deverá ser impetrado perante a justiça estadual competente. As ações ordinárias entretanto, são definidas pelo STJ como de competência da Justiça Federal. Seguindo esse raciocínio, em um concurso público considerou-se errado dizer que “A Justiça Estadual é competente para declarar a nulidade de uma decisão, da Junta Comercial, pertinente ao Registro Público de Empresas Mercantis”. Entretanto, recentes precedentes do próprio STJ consi- deram competente a Justiça Estadual. Em suma, ao propor eventual mandado de segurança contra ato da Junta Comercial este deve ser dirigido à Justiça Federal. A Justiça Estadual arcará com os pedidos das ações ordinárias. De acordo com o disposto na Lei nº 8.934/94, o re- gistro empresarial constitui não somente o arquivamento dos atos constitutivos das sociedades empresariais, das firmas individuais, mas também a matrícula daqueles que anteriormente a reformulação do Código Civil eram denominadas “agentes auxiliares do comercio, conforme Art. 32. As juntas comerciais são órgãos da administração es- tadual que, tem como uma de suas principais funções, exercer poder disciplinar, estabelecer código de ética e controlar as atividades dos tradutores públicos. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 15 D IR EI TO E M PR ES AR IA L Além do exposto acima, as juntas comerciais têm ca- pacidade de promover o assentamento dos usos e prá- ticas mercantis (costumes) da localidade (vide art. 8º, VI, da Lei nº 8.934/94 e arts. 87 e 88 do Decreto nº 1.800/96). Na prática porém as juntas não tem realizado essa com- petência, de forma que o último assentamento de prática mercantil de que o autor tem notícia ocorreu em 1965, por meio da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais e era relativo a cheque visado. Assim, podemos conside- rar o assentamento dos usos e práticas mercantis, uma curiosidade histórica sem maior importância prática nos dias de hoje, ainda que previsto em lei. O acesso às informações contidas no registro público deveria ser o mais amplo possível. É errado dizer porém qualquer pessoa consegue acessar e obter certidões dos assentos das juntas comerciais, mediante pagamento do preço devido e comprovação do justo interesse, pois o art. 29 da Lei nº 8.934/94 expõe a não obrigação de pro- var que há justo interesse. A consulta pode ser realizada apenas com a realização do pagamento. O empresário individual ou a sociedade que não proceder a qualquer arquivamento por 10 anos subse- quentes tem o dever de comunica devidamente à Junta Comercial que compartilha desejo de manter suas ati- vidades, conforme artigo 60 da Lei nº 8.934/94. A não comunicação acarretará na desconsideração da empresa, ficando esta como inativa e tendo seu registro cancelado junto à Junta Comercial, abdicando automaticamente da proteção ao nome empresarial. Isso não significa que a dissolução da sociedade empresária acontecerá, mas sim que o empresário na pessoa física e a sociedade empre- sária estão situação de irregularidade. Por fim, podemos aceitar que o cancelamento do re- gistro por inatividade da empresa pela Junta Comercial acarreta a perda da legitimidade ativa para requerer a re- cuperação judicial. Para que a recuperação judicial acon- teça, é necessário apresentar certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas para dar entra- da na petição inicial de recuperação judicial, conforme o art. 51, V, da Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro. Segundo Carlos Pimentel, o registro de empresa se dá através do vínculo do empresário ao Registro Público de Empresas, a cargo das Juntas Comerciais. O Registro Público de Empresas tem por finalidade dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e efi- cácia aos atos jurídicos, proporcionando segurança aos empresários que desenvolvem a atividade mercantil. De acordo com o artigo 967 do Código Civil, o em- presário é obrigado a se inscrever no Registro Público de Empresas, antes de iniciar suas atividades, caso contrário, será vedado de requerer recuperação judicial ou extra- judicial para si ou falência de outro empresário, além de ficar sujeito à pena de detenção de um a dois anos, e multa se o fato não constituir crime mais grave. O registro na Junta Comercial é pré-requisito para a autenticação de documentos, portanto, se o empresário não se registrar de acordo com os ditames da lei, não possuirá livros devidamente autenticados, incorrendo em crime previsto na Lei de Falências, além de ficarem desprovidos de eficácia probatória. Com relação às sociedades empresárias, a ausência de arquivamento caracteriza a responsabilidade solidá- ria e ilimitada de todos os sócios pelas obrigações da empresa, mesmo se a mesma tiver como objetivo uma sociedade limitada. Carlos Barbosa Pimentel, trata do Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SIREM) que é composto pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) que possui as funções de supervisão, orientação, coordenação e normatização técnica dos serviços, com- petindo-lhe estabelecer normas gerais que deverão ser seguidas pelas Jutas, possui um caráter absolutamente técnico. A finalidade do registro empresarial é a de resguardar a segurança, publicidade e eficácia dos atos levados a arquivamento, dando, assim, uma garantia maior às partes envolvidas. #FicaDica Atos de Registro: Os atos de registro compreendem a matrícula que é a inscrição dos leiloeiros oficiais, tradutores públicos, intér- pretes comerciais, administradores de armazéns gerais e
Compartilhar