Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
VILLELA, A. Dos “Anos Dourados” de JK à Crise Não Resolvida (1956-1963). In: GIAMBIAGI et.al. Economia Brasileira Contemporânea. BAER, W. O impulso da industrialização pós-Segunda Guerra Mundial: 1946-61 Dos “Anos Dourados” de JK à Crise Não Resolvida (1956-1963) Cenário político Governo JK – 1956-60 Governo Jânio Quadros – 1961 Governo João Goulart – 1961-63 Síntese dos indicadores econômicos – 1956-63 Fase áurea do crescimento econômico 1956: 2,9% (quebra de safra agrícola) 1957: 7,7% 1958: 10,8% 1959: 9,8% 1960: 9,4% Síntese dos indicadores econômicos – 1956-63 Indicadores 1956-60 1961-63 Crescimentodo PIB (% a.a) 8,1 5,2 Inflação (% a.a) 24,7 59,1 FBCF (% PIB) 16,0 15,2 Saldo em conta corrente (USS milhões) -290 -296 Dívida externalíquida/Exportações de Bens 1,9 2,4 Antes de JK, inflação havia recuado para 12,2%, após superar os 20% em 1953 e 1954. Ao final do governo, girava em torno de 30 a 40%. Síntese dos indicadores econômicos – 1956-63 JK entregou a seus sucessores uma economia maior e mais desenvolvida porém com piora de indicadores macroeconômicos internos e externos. Indicadores sociais: Esperança de vida: 45,9 para 52,7 anos Taxa de mortalidade infantil: 144,7 para 118,1 por 1000 nascidos vivos Analfabetismo deixou de caracterizar a maioria da população com mais de 15 anos, embora ainda permanecesse elevada (40%) Síntese dos indicadores econômicos – 1956-63 Mudanças estruturais: PIB setorial Em 1950: agropecuária: 24,3% do PIB indústria: 24,1% - indústria de transformação: 18,7% serviços: 51,6% Em 1963: agropecuária: 16,3% do PIB indústria: 32,5% - indústria de transformação: 26,5% serviços: 51,2% Síntese dos indicadores econômicos – 1956-63 Subsetor Part. % 1952 Part. % 1961 Tx.Cresc. Anual (1952-61 %) Não duráveis 55,4 40,0 7,7 Duráveis 6,0 12,0 18,2 Intermediários 32,5 35,7 12,8 Capital 6,1 12,3 20,3 Total 100 100 11,6 Mudanças no setor secundário: avanço da participação dos bens duráveis e dos bens de capital onde PSI mais progrediu Vinda de montadoras estrangeiras de automóveis Desenvolvimento do setor nacional de fornecedores de autopeças. Síntese cenário econômico Industrialização substitutiva de importações teve início espontaneamente com as políticas de defesa do café dentro do contexto da 1ª GM e da Grande Depressão. Principalmente após 1930: Internalização da produção de bens de consumo não duráveis (têxteis, vestuário, alimentos e bebidas) A partir de 1950, assiste-se a maior intencionalidade no processo de substituição de importações, que passa a ser dirigido pelo governo, valendo-se, dentre outros instrumentos, da seletividade no mercado de câmbio. JK aprofundou processo com Plano de Metas. Aumento da taxa de invest. (13,5% -1955 para 17%-1963) Os anos JK Política cambial: procurava lidar com a restrição de divisas da época “Excassez de dólares” no imediato pós-II GM. Agravada pelo desempenho ruim das exportações de café Funcionava também como política de desenvolvimento econômico Instrução 70 da SUMOC (taxas múltiplas de câmbio sistema de leilão de divisas): vigorou até 1961. Os anos JK Complementada pela instrução 113 da SUMOC: Autorizava a importação de bens de capital “sem cobertura cambial” Instrumento de atração de capital estrangeiro Resultados: - Responsável por 50% do total de investimento externo direto que ingressou no Brasil entre 1955 e 1960. - 60% dos empréstimos e financiamentos no país ingressaram sob a forma de máquinas, veículos e equipamentos sem cobertura cambial. - Crítica do empresariado nacional e esquerda: subsídio implícito ao capital estrangeiro Programa de Metas Antecedentes: Estudos de Missões Estrangeiras: Cooke e Kleine-Saks (pós-II GM), Missão Abbink (1949), Comissão Mista Brasil-EUA (1951), Grupo Misto CEPAL-BNDE. Criação por JK do Conselho de Desenvolvimento (1956) ligado à Presidência e BNDE. Identificação dos setores da economia que uma vez estimulados poderiam apresentar maior capacidade de crescimento Ampliação de setores de infraestrutura básica (energia e transportes): apontados como pontos de estrangulamento. Programa de Metas Programa contemplava investimentos nas áreas de energia, transporte, indústria de base, alimentação e educação 5% do PIB entre 1957-61 71,3% para energia e transporte 22,3% para indústria de base sob a responsabilidade do setor privado (ajuda de financiamentos públicos) 6,4% para educação e alimentação Conjunto de 30 metas especificas Meta autônoma: construção de Brasília gastos não orçados no programa. Programa de Metas Indústria de base: a cargo do setor privado (nacional e estrangeiro) Setores automobilístico, de construção naval, mecânica pesada e equipamentos elétricos Supervisão do Conselho de Desenvolvimento Adoção de tarifa aduaneira protecionista (reservava-se o mercado interno para novos setores industriais que se instalariam no pais) Programa de Metas Lei Tarifária de 1957: proteção tarifária para produtos similares Tarifas variavam de 60% a 150% Complementada por sistema cambial que subsidiava tanto a importação de bens de capital como de insumos básicos Câmbio de custo: taxa fortemente subsidiada e sobrevalorizada Atraía investimento direto por parte do capital estrangeiro Programa de Meta: Expansão prevista e resultados 1957-61 Revisão de metas Setor Previsão Realizado % Energia elétrica (1000Kw) 2000 1650 82 Carvão (1000ton) 1000 230 23 Produção de petróleo (1000 barris/dia) 96 75 76 Refinode petróleo (1000 barris/dia) 200 52 26 Ferrovias (1000 Km) 3 1 32 Rodovias – construção (1000 Km) 13 17 138 Aço (1000ton) 1100 650 60 Cimento (1000ton) 1400 870 62 Carros e caminhões(1000unid) 170 133 78 Nacionalização de carros (%) 90 75 - Programa de Metas Metas com elevado potencial de realização: construção de rodovias, produção de veículos e ampliação da capacidade de geração de energia elétrica Produção automobilística impulsionou o crescimento do setor de bens de consumo duráveis, que com bens de capital lideraram o processo de SI. Baixa realização de projetos dos setores ferroviário e carvão mineral Financiamento do programa de Metas Governo não apresentou proposta detalhada de financiamento Fontes nacionais: 40%: Orçamento da União 10%: Estados 35%: Empresas privadas e estatais 15%: Entidades públicas (BNDE, BB) Recursos externos: Entidades de crédito internacional (EXIMBANK-USA e Banco Mundial), investimentos em importações sem cobertura cambial Peso: Maior esforço do investimento sobre o setor público ausência de reforma tributária geraria déficit público incompatível com a contenção da inflação. Principal mecanismo de financiamento do Programa de Metas foi a inflação: Expansão monetária que financiava o gasto público Aumento de crédito, que viabilizava os investimentos privados Mecanismo clássico de extração de poupança forçada da sociedade via inflação. Na prática: BB promovia a expansão primária dos meios de pagamentos, ao emprestar ao Tesouro para ajudar a cobrir o déficit de caixa. Financiamento do programa de Metas Revisão: Meios de pagamentos Revisão: exemplo evolução dos meios de pagamento Financiamento do programa de Metas 3 alternativas para estancar o déficit: Elevação da tributação Colocação de títulos da dívida Contenção de gastos Dificuldades Arcaica estrutura tributária: não permitia aumento de recursos no curto prazo Emissão de títulos esbarrava na Lei da Usura (limitava taxas de juros nominais a 12%, contra uma inflação média superior a 20% e na proibição de qualquer forma de indexação na economia) taxas reais de juros negativas 3) Restava a contenção de despesas: que terminava por assumir a forma de atrasos nos pagamentos a fornecedores envolvidos nos projetos ligados ao Programa de Metas Comparações: Projeções do Grupo Misto Cepal-BNDE: Crescimento anual de 2% do produto real (previsto) X 5% a.a (real) Redução do coeficiente de importações de 14% para 10% (previsto) X 14% para 8% (real) Inflação esperada de 13,5% a.a X inflação média de 25% a.a (1957 a 1960) Financiamento do programa de Metas Plano de Estabilização Monetária (PEM) Diante escalada inflacionária: inflação saltou de 7% para 24,4% entre 1957 e 1958. Remota à tentativa de obter empréstimo junto ao Eximbank dos EUA FMI impôs conter a elevação dos preços e deficit no BP do país. Medidas: Controle da Base Monetária por meio de teto rigoroso e controle do credito do BB (orçamento limite) Correção do desequilíbrio financeiro do setor público Moderação nos reajustes salariais Correção do Balanço de Pagamentos: ex: diminuição dos subsídios à importação de trigo e gasolina. Plano de Estabilização Monetária Oposição política ao PEM Resistência de JK e do setor industrial Rompimento das negociações com o FMI Preservava-se o Programa de Metas e a construção de Brasília, mas também quadro de deterioração de indicadores macroeconômicos. Exportações caíram 15% entre 1956 e 1960 e dívida externa líquida aumentou 50%. Financiamento inflacionário dos déficits: 24,4% em 1958, 39,4% em 1959 e 30,5% em 1960. Impactos do Café na Economia Brasileira Perda de importância relativa do setor coincide com o processo de industrialização brasileira (Pós IIGM) Ano Exportações Café (US$milhões) PreçoMédio de importação nos EUA (cents/lb) Exp.Café/Exp. Brasil Exp. Café (% PIB) 1850 13 8,05 38,2 9,1 1900 92 7,05 57,0 12,6 1945 229 12,70 35,0 3,7 1955 844 52,18 59,3 4,1 1960 713 32,34 56,2 2,1 2000 1775 105,64 3,2 0,3 Impactos do Café na Economia Brasileira Porém, 10 anos após o conflito (1955): Excassez do produto no mercado internacional, aumento da demanda européia e fatores climáticos elevaram preços do produtos Forte estímulo à expansão do cultivo do café no Brasil e no mundo Novo período de superprodução preços internacionais dão ínicio à trajetória de queda Compra dos excedentes de café exerceram forte pressão sobre os gastos do Tesouro nos anos JK, prejudicando a condução da política macroeconômica. Governo Jânio Quadros (1961) Pacote de medidas de cunho ortodoxo: Forte desvalorização cambial Unificação do mercado de câmbio (Instrução 204 da SUMOC) Contenção do gasto público Política monetária contracionista Redução dos subsídios ainda concedidos às importações de petróleo e trigo Resultado: Renegociação da dívida externa e novas captações (Eximbank) Renúncia de Jânio devido a instabilidade política (sem base parlamentar de sustentação) Governo João Goulart (1962-63) Mudança do Presidencialismo para o Parlamentarismo (primeiro ministro: Tancredo Neves) Experiência parlamentarista até final de 1962. Metas do governo: crescimento econômico; absorção de mão de obra desempregada; minorar desequilíbrios sociais, desigualdade de renda e regional; aumentar a produtividade agrícola. Plano Trienal Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social (Celso Furtado): ministro extraordinário para assuntos de desenvolvimento econômico. Antecedentes: Queda da taxa de crescimento em 1962 (6,6% contra 8,6% em 1961) Agravamento do quadro inflacionário Plano Trienal Objetivo do plano: conciliar crescimento econômico com reformas sociais e combate à inflação Objetivos específicos: Garantir crescimento de 7% a.a do PIB Reduzir a taxa de inflação para 25% em 1963 visando alcançar 10% em 1965 Garantir um crescimento real dos salários à mesma taxa do aumento da produtividade Realizar a reforma agrária como solução não só para a crise social como para elevar o consumo de diversos ramos industriais Plano Trienal Objetivos específicos: Renegociar a dívida externa para diminuir a pressão de seu serviço sobre o balanço de pagamentos Inflação: Diagnóstico ortodoxo tradicional Excesso de demanda causado pelo déficit público Solução para controle da inflação: medidas tradicionais de planos de estabilização de cunho ortodoxo: Correção de preços públicos defasados Realismo cambial (desvalorização) Corte de despesas Plano Trienal Solução para controle da inflação: Controle da expansão do crédito para o setor privado. Aumento do compulsório sobre os depósitos à vista Estratégia de desenvolvimento: tradição cepalina Ênfase ao aprofundamento do processo de industrialização via substituição de importações Ampliação do mercado interno, através da reforma agrária e outras políticas de redistribuição de renda Plano Trienal O Plano Trienal não obteve sucesso nos seus propósitos: estabilização e retomada de crescimento Falta de condições de sustentação política pelas forças sociais que dominavam o poder político Dificuldade de reescalonamento da dívida e obtenção de ajuda financeira principalmente por parte dos EUA. Medidas contracionistas para combate a inflação. Perda de dinamismo da SI Flutuações do investimento no Plano de Metas. Balanço do período (1956-63) JK: Crescimento econômico acelerado Transformação estrutural da economia Pleno gozo das liberdades democráticas Ingredientes que jamais se apresentaram conjuntamente Agravo da concentração regional da produção Omissão em relação à agricultura Omissão em relação à educação básica reflexos até hoje para a distribuição de renda no país. Balanço do período (1956-63) JK: Desprezo pela inflação Mecanismo introdutor de sérias distorções nos cálculos dos agentes econômicos; usurpador do poder de compra das camadas mais pobres da sociedade e concentrador de renda Déficit público elevado e deterioração das contas externas Balanço do período (1956-63) Jânio e Jango Herdaram os desequilíbrios da era JK, numa economia maior e mais complexa Dificuldades políticas e deterioração do quadro econômico Radicalização política: perigo do comunismo pela direita Culminou no golpe limitar de 1964.
Compartilhar