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Artigo Completo - Tratados internacionais

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ANÁLISE DA FORMAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS, SUA CONSTITUIÇÃO E APLICAÇÃO NOS DIAS ATUAIS
Daniela Braga Paiano[1: Doutoranda em Direito Civil pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Mestre em Direito, Docente no curso de Direito na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Advogada. danielapaiano@hotmail.com ]
Henrique Gabriel Barroso[2: Discente do Curso de Direito da Universidade Estadual de Londrina (UEL). henrique.g.barroso@gmail.com ]
RESUMO: O presente artigo limitar-se-á a analisar os tratados internacionais e sua repercussão na jurisdição brasileira, uma vez que são grandes fontes normativas auxiliando para uma composição geral, estabelecendo obrigações e prerrogativas a todos que assumam tal compromisso e os assinem. Também será demonstrado como se cria um tratado internacional, como são extintos e seus efeitos jurídicos. Outrossim, alguns dos principais documentos desta espécie serão ressaltados, como o Congresso de Viena e o Protocolo de Quioto, sendo o primeiro um compilado de normas positivadas para o exercício e aplicação dos tratados internacionais e o segundo concernente à preocupação ambiental. Este trabalho científico mostrará a grande ferramenta que um acordo pode ser para os países que dele fizerem parte, seja direta ou indiretamente. Por fim, será demonstrado através de alguns julgados a aplicação do direito internacional na esfera da justiça brasileira.	Comment by Henrique Gabriel Barroso: Espaçamento de resumo é 1,5 mesmo?
PALAVRAS-CHAVE: Direito Internacional; Tratados internacionais e Direito ambiental.
ABSTRACT: This article will limit itself to analyzing international treaties and its impact on Brazilian jurisdiction, since they are large normative sources and help for the world to walk to a possible overall composition, thus establishing obligations and privileges whatsoever to all such commitment and sign treaties. It will also be shown how to create an international treaty, how it is extinct and their legal effects. Moreover, some of the key documents of this kind will be highlighted, such as the Congress of Vienna and the Kyoto Protocol, and that been a compiled of standards for the exercise and implementation of international treaties and this been a great initiative with regard to environmental concern.This scientific work will show what a great tool that an agreement can be for countries that are part of it, either directly or indirectly. Finally, it will be shown through some cases the application of international law in the sphere of Brazilian justice.
KEYWORDS: International law; international treaties and environmental law.
1 INTRODUÇÃO
O Direito Constitucional, segundo José Afonso da Silva (2005, p. 34), é um Direito Público Fundamental que se preocupa em regulamentar e definir a organização e funcionamento do Estado, o qual se subdivide em várias áreas de atuação, abrangendo o Direito Internacional no tocante às suas regras de relação com outros países.
A carta magna brasileira, uma constituição escrita, preocupa-se com os direitos basilares de seus cidadãos e assim sendo, faz questão de conceder a aplicação das mais diversas legislações possíveis para que o cidadão brasileiro possa ter seus anseios realizados, sua liberdade e sua segurança resguardadas e seus direitos fundamentais protegidos. Portanto, permite em diversos dispositivos que o Estado firme tratados internacionais com outros países se assim achar necessário, como por exemplo, dispõe no seu artigo 5º, inciso LXXVIII, o qual será tratado mais adiante no decorrer deste trabalho.
Os tratados internacionais são estes instrumentos que permitem o arbitramento de disposições gerais ou específicas que tratam de determinados assuntos escolhidos por dois ou mais estados. Segundo a convenção de Viena, em seu artigo 2º, inciso primeiro, alínea “a”, tratado significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. Sua necessidade de criação surgiu principalmente após a Segunda Guerra Mundial, quando houve a necessidade de buscar uma harmonização entre os países do mundo, inciativa está tomada pela criação da ONU – Organização das Nações Unidas, conforme concorda Maristela Basso (2009, p. 46). Tornou-se evidente que seria necessária a criação de alguma normatização que se extinguissem os conflitos entre os países e se criassem normas reguladoras do direito aplicável aos casos multinacionais para que não se desencadeasse uma terceira guerra mundial, a qual traria ainda mais prejuízos a todos os países nela envolvidos.
Esses mecanismos supracitados auxiliam no processo de arbitragem no sentido de que os juízes brasileiros, em determinados casos, podem valer-se deles como uma fonte complementar para proferir uma sentença mais justa, isto é, fundamentada em uma pluralidade normativa maior do que apenas naquela concernente à legislação interna própria do país.
Um dos principais, se não o principal documento que trata sobre os casos de aplicação de tratados nacionais é a Convenção de Viena de 1979, da qual o Brasil é um dos países signatários. Tal convenção estipula algumas disposições a serem seguidas acerca da aplicação do que foi convencionado em determinados tratados no caso dos mesmos serem omissos quanto a sua respectiva aplicação.
Outro documento muito importante firmado entre diversos países, do qual tratará este trabalho, é o Protocolo de Quioto. Ele se configura como uma obrigação para os países que o aderirem no sentido de diminuir a emissão de gases prejudiciais ao efeito estufa para que consequentemente o aquecimento global seja reduzido e a qualidade de vida da população aumente, bem como para que assim o meio ambiente possa ser devidamente protegido.
2 DIFERENCIAÇÕES TERMINOLÓGICAS
Atualmente, existem muitas formas de mencionar um tratado ou acordo firmado entre países. Portanto, faz-se necessário diferenciar os termos atribuídos a cada tipo de documento para que fique clara sua função social a ser cumprida e não se misturem os objetivos pertencentes a cada tipo de título. Posto isto, embora muitas vezes se misturem as definições, demonstrar-se-á as diferenças entre as denominações neste tópico com seus respectivos significados.
José Alfredo da Costa e Edson Saleme (2007, p.115-116) conceituaram todos os principais tipos de documentos internacionais, sendo eles: Convenção, Acordo, Estatuto, Compromisso, Carta, Concordata, Protocolo, Troca de Notas, Convênio e Tratado.
Segundo os autores, uma Convenção é o termo utilizado para fixar normas gerais entre Estados, enquanto o Acordo constitui-se em uma espécie de pactuação geral que versa sobre assuntos econômicos, culturais ou comerciais. Um exemplo de acordo seria o acordo de livre comércio entre a União Europeia.
Os doutrinadores aduzem ainda que o Estatuto é próprio para a fixação de certas regras pertinentes aos Tribunais Internacionais, que o Compromisso é comumente utilizado para estabelecer certos ajustes entre Estados os quais se submetem à Arbitragem e que a Carta constitui ajuste que estabelece a criação de organizações internacionais, tenso como exemplo a Carta Democrática Interamericana da OEA, de setembro de 2001.
Caracterizam também a Concordata, o Protocolo, a Troca de Notas, o Convênio e por fim o Tratado. Concordata é referente à competência religiosa, Protocolos são instrumentos ancilares de tratados internacionais, os quais ampliam obrigações, como por exemplo o Protocolo de Quioto. Já a troca de notas é usada para fixação de precedimento e matéria de teor administrativo, enquanto o Convênio vincula matéria relacionada à cultura, consumidor, comércio, intercâmbio universitário e etc. Por fim, a principal denominação para este artigo caracterizada pelos doutrinadores José Alfredo da Costa e Edson Saleme (2007, p.115-116) é o Tratado Internacional, sendo ele um acordo internacional por escrito, tendo suas principais
características preceituadas pela Convenção de Viena, a qual será estudada em tópico posterior.
Inobstante a existência de todos os tipos supracitados, muitos países não respeitam as denominações corretas e as empregam erroneamente. Porém, a mera denominação de um acordo internacional quase sempre não interfere no seu teor, não sendo um erro grasso o uso equívoco de determinada nomeação. Portanto, não deixam de ser imprescindíveis para que os países convivam em harmonia, uma vez que visam preservar os direitos humanos coletivos e individuais, constitucionais e ambientais no âmbito global.
3 CONCEITUAÇÃO, ELEMENTOS ESSENCIAIS E CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS
De acordo com Francisco Rezek (2011, p. 38) tratado é todo acordo formal concluído entre pessoas jurídicas de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos, sejam eles quais forem. Ele deve ainda ser redigido na forma escrita.
As partes de um tratado internacional são necessariamente pessoas de Direito Internacional Público, isto é, os Estados Soberanos. Mesmo que algumas empresas possuam uma influência monumental no âmbito internacional, elas não gozam de natureza jurídica para firmar tratados internacionais. 
Vale ressaltar que enquanto o termo “Convenções” é empregado quando existe um encontro, uma conferência entre países, o termo “Tratado” é utilizado para assuntos de maior abrangência, como já preceituado no tópico anterior. Os elementos essenciais dos tratados internacionais são: o acordo internacional; sua escrituração; deve ser firmado entre estados como já dito; deve ser regido pelo Direito Internacional, deve ser celebrado por um instrumento legislativo ou mais e independentemente da sua denominação, se possuir os elementos necessários de um tratado, pode ser considerado como tal.
O acordo internacional é o quesito volitivo, isto é, a vontade entre as partes de acordar sobre determinado assunto, que aduz Hildebrando Accioly (2011, p. 161) que por sua vez deve ser feito por escrito. Os Estados soberanos que firmarem esse documento devem levar em consideração as normas concernentes ao Direito Internacional, devem seguir seus aspectos formais e matérias. Ademais, o documento pode prever em seu corpo que determinados instrumentos, leis ou código fazem parte da sua regência e devem ser seguidos pelos países que aderirem ao tratado.
Existem inúmeros critérios para a classificação de tratados, porém alguns deles possuem um maior pragmatismo e, por isso, são mais utilizados ultimamente. O primeiro deles é o número de partes constantes em um tratado, segundo Francisco Rezek (2011, p.49, podendo ser de 2 a todos os países do mundo.
Outra forma de classificação, como aduz também Rezek, é de acordo com o tipo de procedimento, podendo ser ele bifásico ou unifásico. O mais comum é o procedimento bifásico: após a assinatura das partes contratantes, o tratado passa por uma análise pelos seus respectivos parlamentos e após são ratificados. Já no procedimento unifásico, apenas a assinatura já é suficiente para a promulgação do tratado e para que o mesmo entre em vigência.
Quanto a execução dos tratados, segundo Francisco Rezek (2011, p. 55) existem aqueles transitórios e os permanentes. Os transitórios são aqueles que possuem tempo determinado de vigência, um prazo estipulado no corpo do próprio documento que o extingue em uma data certa. Alguns também cessam quando cumprem a função para os quais foram criados. Porém, apesar de cessarem, os efeitos destes documentos se prolongam e continuam a existir durante o tempo. Outrossim, os tratados permanentes não possuem um tempo de vigência predeterminado, sendo de certa forma esticados ao longo do tempo, juntamente com seus efeitos.
No tocante à estruturação da execução, na forma como aduz Carla Roberta Ferreira Destro em seu Trabalho de Conclusão de Curso (2003, p.18), os tratados podem ser tanto mutalizáveis quanto não mutalizáveis. Os mutalizáveis são aqueles que não deixam de produzir seus respectivos efeitos se um dos países signatários deixa de cumpri-lo, como por exemplo o Mercosul no quesito tributário. Já os não mutalizáveis são exatamente o contrário: se um dos países deixa de cumprir sua função, o tratado se extingue, uma vez que o funcionamento do tratado prescinde da atuação de todos.
Mais uma classificação importante feita por Carla Roberta Ferreira Destro (2003, p. 17) e Florisbal de Souza Del’Olmo (2011, p. 39) é no tocante da natureza jurídica dos contratos: tratado-lei ou tratado-contrato. Os tratados-lei criam normas gerais e abstratas que valem para todos os cidadãos dos países signatários e que servem de fundamentação para decisões jurídicas. Já os tratados-contratos são aqueles que estabelecem prestações e contraprestações para aqueles que os assinarem. Um exemplo seria um tratado bilateral de investimentos internacionais.
No quesito adesão, muda também a possibilidade de adesão nos tratados, já que eles podem ser abertos ou fechados. Quando um tratado é aberto, qualquer interessado pode adentrá-lo e quando são fechados apenas os criadores do tratado encontram-se no direito de fazer parte do mesmo.
4. ESTRUTURA DOS TRATADOS
Por mais que os tratados internacionais sejam feitos das formas mais variadas, já que a eles é conferida a liberdade formal, Valério de Oliveira Mazzuoli (2011, p.186) destaca as partes mais comumente usadas em um tratado e seus respectivos significados. Primeiramente vem o título o qual Indica a matéria a ser tratada. Após, é introduzido o Preâmbulo – indica os envolvidos, quem se compromete com os termos, e é constituído de uma segunda parte que alguns chamam de considerandos, sendo esta a parte que versa acerca dos motivos pelos quais os envolvidos resolveram integram o contrato em questão e suas intenções ao assiná-lo.
Podemos verificar ainda no corpo do texto, depois da parte chamada de “preâmbulo”, o articulado: parte principal do documento na qual são pontuados os detalhes, o que foi acordado, de que forma, quem é responsável por que parte e etc. Estabelecem-se aqui todas as cláusulas operativas do tratado e sua extenção varia de documento para documento. Em seguida, constitui-se o fecho, que é o local e data aonde o contrato foi firmado.
É importante destacar que no final deve ter a assinatura dos envolvidos para que seja dada validade ao documento em questão, sendo ela feita pelo chefe de estado do Ministro das relações Públicas ou de outra autoridade que represente o Estado, de acordo com o doutrinador aqui em questão. Ademais, na maioria dos casos, os tratados ainda valem-se de selo de lacre, os quais são símbolos que representam os países e que selam o compromisso entre eles.
5. PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS
A aprovação de tratados internacionais, a celebração e consequente adesão deles pelo Brasil e o julgamento dos crimes por eles previstos competem, respectivamente, ao Congresso Nacional, ao Presidente da República e aos Tribunais Regionais Federais, conforme disposto ao longo da Constituição Federal Brasileira de 1988, como seu art. 84, inciso VIII, o qual confere a possibilidade de celebração de tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
Ademais, também versa sobre a matéria o artigo 5º da Constituição Federal. In verbis:
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)   (Atos aprovados na forma deste parágrafo)
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). (grifo nosso). BRASIL, Constituição Federal (1998), Art. 5º, LXXVII.
De uma forma bem simplificada, o processo de formação dos tratados internacionais é constituído basicamente de duas fases, de acordo com Francisco Rezek (2011, p. 49): a fase internacional e a fase de trâmite interno. A fase internacional, por sua vez, se divide em outras duas etapas, sendo elas a negociação e assinatura, fase por meio da qual os países signatários discutem as cláusulas do tratado e demais pormenores, e a fase de ratificação, cujo escopo seria declarar a vigência do tratado na região territorial do país que o aderiu.
Vale ressaltar que os países podem aderir ao tratado com algumas ressalvas, isto é, posicionamentos nos quais o Estado soberano se compromete a cumprir apenas parte do tratado, escolhendo deixar de cumprir especificadamente tais e quais cláusulas processuais como assevera Florisbal de Souza Del’Olmo (2011, p. 42), o qual é a base para todo o procedimento citado neste tópico. Nada obstante, esse ressalvo tem limites: não deve ir contra a natureza jurídica do tratado, isto é, sua finalidade, e no próprio corpo do texto legal deve estar estipulado a permissão para que sejam feitas ressalvas. Estas por sua vez devem ser feitas expressamente mencionando quais cláusulas contratuais o país deixará de cumprir. É imprescindível ainda mencionar aqui que o texto do documento será aprovado, se nele não for disposto quórum específico para a sua aprovação, se 2/3 dos envolvidos aceitarem o texto.
A outra fase - a interna, também se subdivide em duas etapas: referendo parlamentar e a consequente promulgação e publicação. Primeiramente o tratado é analisado pelas casas do Congresso Nacional para que este aprove os dispositivos elencados no documento (fase do referendo parlamentar) e, se o texto legal for aprovado, o mesmo é submetido ao Presidente da República para que o chefe do executivo promulgue e pulique o tratado internacional no Diário Oficial da União, no intuito do mesmo passar a viger no país.
A criação desses tratados provém da vontade de gerar elos obrigacionais entre os signatários, no intuito de, através do acordo formal, desencadear uma série de obrigações e prerrogativas atreladas com a devida coerção legal para os seus respectivos cumprimentos e demandas – produz um efeito jurídico erga omnes: obrigação para todos os envolvidos. Partir-se-á, quando da firmação de um tratado internacional entre os países membros, do pressuposto de que as partes contratantes utilizar-se-ão da boa-fé e cumpriram o que for especificado no tratado, vez que este não é mero aconselhamento ou orientação, mas sim documenta obrigacional com força coercitiva, dentro dos moldes por ele estipulado. 
Frisa-se ainda, de acordo com o Dr. Alberto do Amaral Júnior (2012, p. 75), que os efeitos jurídicos emanados dos tratados internacionais devem ater-se, no máximo que lhes couber, às partes contratantes do documento, evitando ao máximo produzir efeitos que interfiram no âmbito fático de terceiros. A problematização encontra respaldo justamente no fato de que na modernidade a maioria dos países encontra-se interligada, o que torna quase impossível que um tratado não gere efeitos que abranjam, pelo menos indiretamente, terceiros.
CONVENÇÃO DE VIENA
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (Aprovada no Brasil pelo decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009) é um documento cujo escopo é dispor acerca das regras que os países devem seguir no momento que pactuarem entre si. Essa convenção pacifica diversos procedimentos, como por exemplo aqueles que determinam a ratificação, denúncia, extinção ou modificação de tratados. Até o presente momento ela foi adotada por 110 países. 	Comment by Henrique Gabriel Barroso: Isso basta para citação?
Como já evidencia Eduardo Felipe P. Matias (2010, p.14), a adesão do Brasil ao tratado em Dezembro de 2009 foi feita mediante algumas ressalvas: dos artigos 25 e 66. Isto se sucedeu desta maneira pela cautela que o país aplica para que normais internacionais não sejam conflitantes com os normais internas. O art. 25 aduz sobre a vigência de tratados internacionais temporariamente. Porém tal artigo vai de encontro com o artigo 49, pois este preceitua que um Tratado Internacional só tem vigência após aprovação do Congresso Nacional, enquanto aquele isentaria a aprovação do congresso. Já o artigo 66 versa sobre vício de consentimento na adesão de tratados, artigo este que leva o caso à Corte Internacional de Justiça, a qual o Brasil só se submeteria através de seu próprio consentimento, e não por meio da Convenção de Viena.
O artigo 27 da referida convenção diz que “Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46.” (Convenção de Viena. Aprovada no Brasil pelo decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009, art. 27). A única exceção é quanto ao artigo 46, como dito no próprio artigo 27, o qual escusa um Estado de cumprir um tratado internacional quando existe um problema de competência na aprovação e ratificação do contrato.	Comment by Henrique Gabriel Barroso: Certo?
Contudo, tem sido uma grande polêmica mundial sobre a relevância dada aos compromissos internacionais: teriam eles o mesmo grau de eficácia que as normas internas do país?
Qualquer acordo firmado pelo Brasil passa a fazer parte do ordenamento jurídico como legislação ordinária, sendo submetido às mesmas regras que as leis ordinárias são. Portanto, se o país assina de boa-fé o tratado, deve submeter-se a cumpri-lo, atentando-se antes de promulga-lo se vai de encontro com alguma legislação interna. Valério de Oliveira Mazzuoli (2001, p. 115) afirma nesse sentido que “aprovando um tratado internacional, o Poder Legislativo se compromete a não editar leis a ele contrárias”. Embora não pacífico, é o entendimento para o presente trabalho que os tratados internacionais teriam portanto um nível hierárquico intermediário: acima de leis ordinárias, uma vez que o próprio Estado obrigou-se a cumprir determinado acordo internacional, e abaixo da Constituição Federal, que deve sempre ser respeitada. 
Entende-se que o documento por si só é de extrema relevância e merece um trabalho feito para tratar apenas dele. No entanto, aqui limitar-se-á a explanar a respeito de alguns artigos. O artigo 26 fala que todo tratado ratificado pelos países os obriga ao seu respectivo cumprimento, uma vez que o assinaram de boa-fé. O artigo 14 fala sobre a ratificação dos tratados e, por isso, é de extrema importância. Aduz ainda os artigos 39, 40 e 41 acerca da modificação contratual, sendo ela vedada em alguns casos ou expressamente permitida em outros.
Após essa breve análise desta convenção, é possível concluir que esse acordo é imprescindível para que a aplicação dos tratados internacionais seja padronizada, o que é de extrema relevância, pois faz com que eventuais dúvidas e discussões possam ser sanadas através da consulta do documento.
PROTOCOLO DE QUIOTO
O Protocolo de Quioto, Disponibilizado em: http://www.mct.gov.br/upd_blob/0012/12425.pdf, foi assinado no Japão em 1997, entrou em vigor apenas em 2005 e expirou em 2012. Ele fora redigido pela Organização Das Nações Unidas – ONU e tinha como objetivo a diminuição da emissão de gases poluentes, principalmente o dióxido de carbono (CO2), os quais agravam o aquecimento global.
 O aquecimento global é em termos gerais o aquecimento do planeta Terra, um fato natural, contudo agravado pela poluição proveniente do homem. Ele é consequência do efeito estufa: processo que ocorre quando radiações emitidas pelo sol são absorvidas pelos gases da atmosfera, o qual é essencial para a existência de vida na
Terra.
 No entanto, quando há uma grande concentração de gases poluentes que absorvem essa radiação na atmosfera - Hidrofluorocarbonados (HFC5), Perfluorocarbonados (PFC5), Hexafluoreto de Enxofre (SF6), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e dióxido de carbono (CO2) – a absorção se torna excessiva, trazendo consigo algumas consequências, entre elas o derretimento das calotas polares, uma vez que a radiação solar torna-se muito intensa, a aceleração do processo de desertificação de algumas regiões, potencializam-se os danos provocados na saúde das pessoas. 
O objetivo traçado pelo Protocolo de Quioto foi a redução emissão desses gases agravantes do efeito estufa até o período entre 2008 – 2012. Contudo, ele definia que só entraria em vigência se obtivesse uma quantidade de países signatários que perfizessem um total mínimo de 55% da emissão total de gases prejudiciais ao efeito estufa. Tendo isso em vista, sua aplicação só foi possível após o ano de 2005 quando a Rússia aderiu ao tratado, perfazendo um total de 61% e somando 127 países signatários na época – sendo 194 atualmente, segundo a revista Atualidades, 2014, p.150. Ressalta-se que os Estados Unidos, mesmo sendo os maiores emissores de CO2 no mundo, não ratificaram o referido protocolo, por afirmar que sua economia seria negativamente afetada pela adesão e pautados na descrença na relação entre os gases poluentes e o agravamento do aquecimento global. 
O acordo propôs aos países ricos que diminuíssem a emissão dos gases poluentes em seus territórios em 5% do total emitido em 1990 até o período de 2008 – 2012, instituindo uma multa caso não o fizessem, e para aqueles em desenvolvimento, propôs que instalassem políticas que auxiliassem o desenvolvimento sustentável. 
EXTINÇÃO DOS TRATADOS
Um tratado internacional pode ser extinto de diversas formas segundo o doutrinador Valério de Olibeira Mazzuoli (2011, p.294): seja por vontade uníssona dos envolvidos, seja por vontade unilateral através de uma denúncia, seja se previsto no próprio compromisso que ele cessará em data determinada ou se ocorrer algum evento incerto e indeterminada. Em suma, é pela vontade de todos os envolventes, pela vontade de apenas um ou pelo fato de ocorrer alguma alteração no mundo que afete o acordo.
Pode ocorrer ainda a suspenção da execução provisoriamente, prorrogativa conferida pela Convenção de Viena em seu artigo 30, para que seja verificada a real necessidade de atuação do tratado; pode ser extinto quando alguém o viole, entre países que estão em guerra - nesse caso a obrigação se extingue apenas para os envolvidos na guerra, os demais devem continuar a obedecê-lo - e ainda se tratado posterior verse sobre o assunto que o tratado anterior regulamente.
A opção de extinção contratual por meio da vontade de todas as partes, seja no contrato bilateral ou coletivo, é um instrumento que pode ser utilizado em todos os contratos, mesmo que o compromisso não explicite que tal prerrogativa pode ser usufruída, não importando o prazo de vigência ou as condições impostas.
A hipótese citada concernente a vontade de todos chama-se ab-rogação quando optam por extinguir todo o contrato, como já diz Francisco Rezek (2011, p. 133). Contudo, quando decidem extinguir apenas parte do contrato, isto é, algumas cláusulas, a denominação correta é a derrogação. 
O instituto chamado de denúncia, conceituado por Francisco Rezek (2011, p. 138), como ferramenta através da qual o Estado formaliza sua vontade de deixar de ser parte no acordo internacional, seja por entender que o mesmo não condiz mais com o seu objetivo social ou ainda com o que é pretendido para o país, é regulamentado pela Convenção de Viena. Para proteger os demais envolventes de um súbito desligamento do acordo, a convenção prevê que se tal for a intenção do Estado Soberano, deve comunicar tal pretensão com 12 meses de antecedência. 
No Brasil, a denúncia é feita por meio do poder executivo, sem necessidade de autorização prévia do Congresso Nacional, e em geral ela é feita em relação a todo o tratado, sendo raras aquelas feitas a apenas algumas cláusulas do compromisso, uma vez que, para serem concedidas, a invalidação das cláusulas consideradas pelo solicitante como falhas não deve ou prejudicar a aplicação do tratado como um todo. Vale ressaltar aqui que alguns tratados são considerados imunes a denúncia, como os estáticos. Se o próprio acordo determina acerca da aplicação da denúncia, a problemática é simples. Inobstante, se não estipula nenhuma clausula falando se aceita ou não tal instituto, faz-se necessária a verificação se tal instituto é cabível.
Outra hipótese de extinção, é aquela prevista no corpo do contrato, estipulando quando do seu desfazimento, sendo ora por termo, ora por condição ou ainda encargo. In verbis, aduz sobre este tópico Alberto do Amaral Junior:
“Diversos compromissos estabelecem regra própria, normalmente inserida entre as disposições finais, indicando o momento em que a relação obrigacional deixará de existir. É o que se verifica quando os pactuantes preveem que o acordo se estenderá por certo período ou quando definem a data de extinção do tratado. Em ambas as hipóteses, escoado o lapso temporal ou atingido o tempo cronológico fixado, cessam os efeitos jurídicos da convenção.” (JÚNIOR, Alberto A., 2012, p. 116).
Há ainda a possibilidade de circunstâncias supervenientes que impossibilitem o cumprimento do tratado. Isso acontece quando, devido às circunstâncias, a execução se torna impossível ou quando a mudança das circunstâncias é fundamental ao cumprimento do tratado, devendo ser imprevisível e contemporânea. Verificados tais requisitos, as partes envolvidas devem consentir quanto a isenção de determinado país do cumprimento do acordo.
Destaca-se que a maioria dessas normas, se não todas, estão regulamentados pela Convenção de Viena, já analisada em seus aspectos principais neste presente trabalho.
JURISPRUDÊNCIA QUE ENVOLVE TRATADOS INTERNACIONAIS
Abaixo encontram-se algumas jurisprudências que enquadram-se nos casos de aplicação de tratados internacionais para a resolução de determinadas lides. O primeiro caso relata um caso entre o Município de DR Ulysses contra Consórcio ICA/CPC/ETESCO, julgado pelo Supremo Tribunal Federal, no qual foi concedida a isenção de tributo municipal concedida pelo Brasil com base em um contrato bilateral firmado com a Bolívia (disponível no site www.stf.jus.br):
E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO – GASODUTO BRASIL- -BOLÍVIA – ISENÇÃO DE TRIBUTO MUNICIPAL (ISS) CONCEDIDA PELA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MEDIANTE ACORDO BILATERAL CELEBRADO COM A REPÚBLICA DA BOLÍVIA – A QUESTÃO DA ISENÇÃO DE TRIBUTOS ESTADUAIS E/OU MUNICIPAIS OUTORGADA PELO ESTADO FEDERAL BRASILEIRO EM SEDE DE CONVENÇÃO OU TRATADO INTERNACIONAL - POSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL – DISTINÇÃO NECESSÁRIA QUE SE IMPÕE, PARA ESSE EFEITO, ENTRE O ESTADO FEDERAL BRASILEIRO (EXPRESSÃO INSTITUCIONAL DA COMUNIDADE JURÍDICA TOTAL), QUE DETÉM “O MONOPÓLIO DA PERSONALIDADE INTERNACIONAL”, E A UNIÃO, PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO (QUE SE QUALIFICA, NESSA CONDIÇÃO, COMO SIMPLES COMUNIDADE PARCIAL DE CARÁTER CENTRAL) - NÃO INCIDÊNCIA, EM TAL HIPÓTESE, DA VEDAÇÃO ESTABELECIDA NO ART. 151, III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, CUJA APLICABILIDADE RESTRINGE-SE, TÃO SOMENTE, À UNIÃO, NA CONDIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. - A cláusula de vedação inscrita no art. 151, inciso III, da Constituição - que proíbe a concessão de isenções tributárias heterônomas - é inoponível ao Estado Federal brasileiro (vale dizer, à República Federativa do Brasil), incidindo, unicamente, no plano das relações institucionais domésticas que se estabelecem entre as pessoas políticas de direito público interno. Doutrina. Precedentes. - Nada impede, portanto, que o Estado Federal brasileiro celebre tratados internacionais que veiculem cláusulas de exoneração tributária em matéria de tributos locais (como o ISS, p. ex.), pois a República Federativa do Brasil, ao exercer
o seu treaty-making power, estará praticando ato legítimo que se inclui na esfera de suas prerrogativas como pessoa jurídica de direito internacional público, que detém - em face das unidades meramente federadas - o monopólio da soberania e da personalidade internacional. - Considerações em torno da natureza político-jurídica do Estado Federal. Complexidade estrutural do modelo federativo. Coexistência, nele, de comunidades jurídicas parciais rigorosamente parificadas e coordenadas entre si, porém subordinadas, constitucionalmente, a uma ordem jurídica total. Doutrina.
Decisão
Negado provimento ao agravo regimental. Decisão unânime. Ausentes, justificadamente, neste julgamento, a Senhora Ministra Ellen Gracie e o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. 2ª Turma, 30.11.2010.
( Extr. RE 543943 AgR / PR – PARANÁ AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a):  Min. CELSO DE MELLO Julgamento:  30/11/2010           Órgão Julgador:  Segunda Turma.
O segundo caso, também julgado pelo Supremo Tribunal Federal, pauta-se na Convenção Americana de Direitos Humanos para conceder o Habeas Corpus ao Sr. Demétrios Nicolaos Nikolaidis (disponível no site www.stf.jus.br):
E M E N T A: "HABEAS CORPUS" - PRISÃO CIVIL - DEPOSITÁRIO JUDICIAL - A QUESTÃO DA INFIDELIDADE DEPOSITÁRIA - CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (ARTIGO 7º, n. 7) - HIERARQUIA CONSTITUCIONAL DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS - PEDIDO DEFERIDO. ILEGITIMIDADE JURÍDICA DA DECRETAÇÃO DA PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO INFIEL. - Não mais subsiste, no sistema normativo brasileiro, a prisão civil por infidelidade depositária, independentemente da modalidade de depósito, trate-se de depósito voluntário (convencional) ou cuide-se de depósito necessário, como o é o depósito judicial. Precedentes. TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS: AS SUAS RELAÇÕES COM O DIREITO INTERNO BRASILEIRO E A QUESTÃO DE SUA POSIÇÃO HIERÁRQUICA. - A Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 7º, n. 7). Caráter subordinante dos tratados internacionais em matéria de direitos humanos e o sistema de proteção dos direitos básicos da pessoa humana. - Relações entre o direito interno brasileiro e as convenções internacionais de direitos humanos (CF, art. 5º e §§ 2º e 3º). Precedentes. - Posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento positivo interno do Brasil: natureza constitucional ou caráter de supralegalidade? - Entendimento do Relator, Min. CELSO DE MELLO, que atribui hierarquia constitucional às convenções internacionais em matéria de direitos humanos. A INTERPRETAÇÃO JUDICIAL COMO INSTRUMENTO DE MUTAÇÃO INFORMAL DA CONSTITUIÇÃO. - A questão dos processos informais de mutação constitucional e o papel do Poder Judiciário: a interpretação judicial como instrumento juridicamente idôneo de mudança informal da Constituição. A legitimidade da adequação, mediante interpretação do Poder Judiciário, da própria Constituição da República, se e quando imperioso compatibilizá-la, mediante exegese atualizadora, com as novas exigências, necessidades e transformações resultantes dos processos sociais, econômicos e políticos que caracterizam, em seus múltiplos e complexos aspectos, a sociedade contemporânea. HERMENÊUTICA E DIREITOS HUMANOS: A NORMA MAIS FAVORÁVEL COMO CRITÉRIO QUE DEVE REGER A INTERPRETAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. - Os magistrados e Tribunais, no exercício de sua atividade interpretativa, especialmente no âmbito dos tratados internacionais de direitos humanos, devem observar um princípio hermenêutico básico (tal como aquele proclamado no Artigo 29 da Convenção Americana de Direitos Humanos), consistente em atribuir primazia à norma que se revele mais favorável à pessoa humana, em ordem a dispensar-lhe a mais ampla proteção jurídica. - O Poder Judiciário, nesse processo hermenêutico que prestigia o critério da norma mais favorável (que tanto pode ser aquela prevista no tratado internacional como a que se acha positivada no próprio direito interno do Estado), deverá extrair a máxima eficácia das declarações internacionais e das proclamações constitucionais de direitos, como forma de viabilizar o acesso dos indivíduos e dos grupos sociais, notadamente os mais vulneráveis, a sistemas institucionalizados de proteção aos direitos fundamentais da pessoa humana, sob pena de a liberdade, a tolerância e o respeito à alteridade humana tornarem-se palavras vãs. - Aplicação, ao caso, do Artigo 7º, n. 7, c/c o Artigo 29, ambos da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica): um caso típico de primazia da regra mais favorável à proteção efetiva do ser humano.Decisão : A Turma, por votação unânime, deferiu o pedido de habeas corpus, nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente,,neste julgamento, a Senhora Ministra Ellen Gracie. 2ª Turma, 23.09.2008.
(Extr. HC 90450 / MG - MINAS GERAIS 
HABEAS CORPUS. Relator(a):  Min. CELSO DE MELLO
Julgamento:  23/09/2008. Órgão Julgador:  Segunda Turma
CONCLUSÃO
Por meio deste trabalho cientifico, restou-se evidenciada a importância atribulada aos tratados internacionais, sendo estes uma grande fonte jurisdicional a ser aplicada no ordenamento jurídico brasileiro. Os tratados internacionais são acordos firmados entre países que obrigam entre si a seguir determinadas cláusulas contratuais estipuladas no documento, os quais assinam de boa-fé.
Existem vários tipos de tratados e, mesmo que eles não sigam uma forma fixa, foi demonstrado neste artigo que existe um molde que é comumente seguido por todos, para que assim haja uma espécie de padronização. Foi exposto ainda o modo de adesão e promulgação de um tratado internacional no Brasil, passando primeiro pelo Congresso Nacional para apreciação e após para o Presidente da República para promulgação. No caso de eventual necessidade de julgamento, a competência é atribuída aos Tribunais Regionais Federais. Através deste procedimento é feita uma análise se tal acordo beneficiará os cidadãos brasileiros ou não e, até o presente momento, tem sido bem eficaz.
A Convenção de Viena é o principal acordo que rege juntamente com o Direito Internacional as nuances e aplicações de todos os tratados internacionais cujos países signatários também façam parte da convenção. Apesar de haver uma divergência de pensamentos quanto a hierarquia dos tratados internacionais na região brasileira, seguindo os preceitos desta convenção pode-se afirmar que eles são superiores às leis ordinárias e inferiores à Constituição Federal Brasileira. 
Os efeitos jurídicos dos tratados internacionais são os mais diversos, sendo enfática a atuação do Protocolo de Quioto, uma vez que auxiliou na diminuição do gás carbônico e demais gases poluentes que agravam o efeito estufa na atmosfera e instigou a conscientização da população no quesito ambiental.
Sendo assim, fica evidente a importância desses acordos firmados entre entidades soberanas, os quais corroboram para uma convivência mais harmônica e para a padronização de regras para aqueles que pactuarem. Por este breve apanhado foram demonstradas sua estrutura, conceituação e até aplicação em alguns casos brasileiros. Portanto, sem mais, fica exposta uma breve avaliação sobre este assunto de tamanhas repercussões cuja necessidade consolidou-se após a segunda Guerra Mundial.
REFERÊNCIAS
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