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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – UNESP-FCAV CÂMPUS DE JABOTICABAL Importância do Potássio na qualidade de produtos agrícolas REVISÃO Francisco Bruno Ferreira de Sousa & Isaias Dos Santos Reis Jaboticabal – São Paulo 2017 2 1. INTRODUÇÃO O potássio (K), assim como o nitrogênio e o fósforo é um macronutriente essencial às plantas, absorvido do solo em grandes quantidades. O principal mecanismo de absorção de K pelas plantas é a difusão. Tisdale et al. (1985), em um experimento realizado com milho, observaram que o K foi absorvido pelas raízes nas seguintes formas: 2% por interceptação radicular, 20% por fluxo de massas e 78% por difusão. A difusão ocorre lentamente e por curta distância na vizinhança das raízes. É estimado que a difusão do K aconteça até 0,2 cm das raízes (MELAMED et al., 2009). O teor de K nas plantas é tipicamente de 1-5%. É absorvido pelas raízes na forma K, embora ocorra principalmente em várias outras formas no solo (MELAMED et al., 2009). O K é, geralmente, o segundo elemento extraído em maior quantidade pelos vegetais (MARSCHNER, 1995), podendo, em alguns casos, como na cultura do arroz, ser extraído em quantidade maior que todos os outros nutrientes, ou, como no caso da cultura da soja, ser o elemento fornecido em maior quantidade, já que nessa cultura, devido à fixação simbiótica, o N não é fornecido via adubação, ou ainda na cultura do café, em que as exigências de K pelo cafeeiro são equivalentes às de N. Assim, sua importância aumenta à medida que a agricultura torna-se mais intensiva e tecnificada, situação em que as maiores produtividades obtidas aumentam as exigências de nutrientes pelas culturas (NACHTIGALL & RAIJ, 2005). Esse nutriente mineral não possui função estrutural alguma no metabolismo das plantas, mas é o cátion mais abundante no citoplasma e apresenta alta mobilidade na planta, contribuindo sobremaneira para a manutenção do potencial osmótico das células e tecidos, atuando como ativador enzimático e como neutralizador de macromoléculas aniônicas (MARSCHNER, 1995; EPSTEIN; BLOOM, 2006). O potássio aumenta a produtividade e a qualidade dos produtos agrícolas, aumenta a capacidade das plantas a resistir ao ataque de insetos, ao estresse de frio e de seca e outras condições adversas. Ele ajuda no desenvolvimento de um sistema radicular forte e saudável e aumenta a eficiência na absorção e uso do nitrogênio e outros nutrientes. Além disso, o potássio tem papel importante na nutrição animal. O potássio tem sido descrito como o “elemento da qualidade”, assegurando ótima qualidade ao produto agrícola (IPI, 2013). O potássio tem duas principais funções na planta. Primeiro, ele tem papel insubstituível na ativação de enzimas como comentado anteriormente, que são fundamentais para processos metabólicos, especialmente a 3 produção de proteínas e açúcares. Apenas uma pequena quantidade de K é necessária para estas funções bioquímicas. Segundo, o potássio mantém o conteúdo de água e com isso o turgor celular – papel biofísico. A qualidade dos produtos agrícolas não é facilmente definida ou medida como se faz para a produção. O padrão de qualidade depende dos propósitos pelos quais a planta ou parte dela é utilizada (Mengel e Kirkby, 1987). A qualidade final do produto está relacionada, direta e indiretamente, com numerosos fatores intrínsecos e extrínsecos, que atuam sobre todas as fases de crescimento e desenvolvimento do vegetal. As características de qualidade do fruto, portanto, representam o somatório das influências destes fatores, ao longo do processo produtivo (GRANGEIRO & FILO, 2004). A demanda por produtos de alta qualidade pelos consumidores é cada vez maior e eles estão dispostos a pagar mais por isso. A adubação com K é fundamental para alcançar o padrão de qualidade exigido. Pois, o K afeta atributos como: cor, tamanho, acidez, resistência ao transporte, manuseio, armazenamento, valor nutritivo e qualidades industriais (Raij, 1990). Um grande número de pesquisas tem estabelecido efeito benéfico no fornecimento balanceado dos nutrientes incluindo níveis adequados de K na qualidade dos produtos colhidos. Isto é valido principalmente para as propriedades nutricionais como o conteúdo de proteínas, óleos, vitaminas e para aspectos funcionais, como o sabor. Culturas supridas adequadamente com K têm melhor aparência, sabor e aroma, e também produzem alimentos livres de sinais de pragas e doenças (IPI, 2013). Obviamente o potássio não é o único nutriente que afeta a qualidade, mas, seu fornecimento balanceado com outros nutrientes aumenta a resistência, pode diminuir os custos de produção, melhora a aparência dos produtos e reduz o risco de rejeição quando o produto vai à venda. A adubação balanceada também protege os recursos naturais e contribui para a proteção ambiental (IPI, 2013). 2. EFEITO DO POTÁSSIO NA QUALIDADE DAS CULTURAS AGRÍCOLAS A qualidade nos produtos agrícolas compreende muitas características como a nutricional, a organoléptica (sabor, cor, odor e tato), as propriedades higiênicas e as funcionais. Frequentemente a quantidade de K necessária para uma ótima produtividade é também a suficiente para assegurar a boa qualidade (IPI, 2013). No entanto, a necessidade de melhorar a qualidade da fruta é por vezes mais importante do que outros 4 aspectos de rendimento da produção, especialmente quando a alta qualidade garante o melhor retorno econômico. Nestes casos, é necessário mais K para assegurar a qualidade do que é necessário para atingir a máxima produtividade, exemplo disso é o que tem sido mostrado para bananas, algodão, batata, fumo, gramados, plantas ornamentais e também outras culturas alimentícias. O potássio tem provado amplamente seu papel crucial nos parâmetros de qualidade de muitas culturas: • Em sementes de oleaginosas, o K melhora o valor nutritivo através do aumento do conteúdo de proteínas e óleo em cereais e oleaginosas, respectivamente. • Em tubérculos e oleaginosas, o K aumenta o conteúdo de amido e o tamanho dos tubérculos. • Em cereais, o K produz grãos mais cheios e uma palha mais firme. • Nas frutas e vegetais, o K aumenta o tamanho, conteúdo de vitamina C e açúcares e melhora o sabor e a cor. • Nas culturas de plantas fibrosas, o K melhora a qualidade do algodão e do linho. • Além disso, o K ajuda a manter a qualidade durante o armazenamento e o transporte e, com isso, aumenta a vida pós-colheita. No caso de tubérculos, por exemplo, já algum tempo vários estudos retratam da participação do K na qualidade do produto final. Geralmente melhorando seu teor de matéria seca (Westermann et al., 1994), uma importante característica qualitativa quando os tubérculos se destinam ao processamento. Tubérculos de batata com maior teor de matéria seca produzem batatas fritas mais crocantes, mais saborosas e menos oleosas, aumentando sua palatabilidade (Lima, 1985). As incidências de crescimento secundário e coração oco, peso específico e o teor de amido, características que medem a qualidade de tubérculos também, podem ser influenciadas pela adubação potássica (JUNIOR & FONTES, 1996). Cardoso et al., (2007) avaliando a produtividade e qualidade de produtividade e tubérculos de batata em função de doses e parcelamentos de nitrogênio e potássio verificaram que os diferentes parcelamentos e doses de N e K influenciaram significativamente na produtividade de tubérculos graúdos. A maior dose de N e K proporcionou um incremento na produtividade de tubérculos graúdosem relação às demais doses. Corrêa (2016), avaliando a produção e qualidade de batata-doce em função das doses e parcelamento da adubação potássica, observou que as doses de potássio aumentaram os teores de açúcares redutores, uma característica importante na 5 qualidade pós-colheita. Resultado semelhante também foi encontrado por Araújo (2011), testando doses de potássio em cobertura na produção e qualidade de frutos de abobrinha-de-moita, observou que ocorreu aumento linear para as características de qualidade dos frutos como o pH dos frutos e na relação sólidos solúveis e acidez total titulável dos frutos. 3. IMPORTÂNCIA DO K NO VALOR NUTRICIONAL DE PRODUTOS AGRÍCOLAS O valor nutricional refere-se ao conteúdo de certos constituintes como as proteínas, óleo e gorduras, amido, componentes minerais e vitaminas. O conteúdo de fibras, assim como o valor energético, são parâmetros amplamente utilizados para avaliação do valor nutricional dos produtos alimentícios da dieta humana. O conteúdo de elementos nutritivos, como proteínas ou óleos, é usado em muitos países como base para sistemas de aquisição e são, portanto, um fator econômico (IPI, 2013). O potássio tem a função de ciclar nutrientes para o crescimento, como por exemplo, N das raízes para a parte aérea e carbono da fonte (ápice) para os drenos (raízes, frutas e outros órgãos de armazenagem). O potássio viaja como um íon carregador juntamente com o nitrato (NO 3 ) no xilema, para o ápice. Experimentos com o isótopo N ( 15 N) mostram que plantas bem supridas com K foram aptas a absorver mais nitrogênio e, além disso, converter o N mais rapidamente à proteína. O nitrato na planta é reduzido primeiramente para amina e depois incorporado como amino ácido para finalmente formar proteínas (IPI, 2013). Um baixo suprimento de K restringe o transporte adequado de NO 3 e inibe a formação das proteínas, levando ao acúmulo na planta de nitrato-N e amino-N solúvel. Na Índia, os experimentos do IPI mostraram que a aplicação do K aumentou o conteúdo de óleo e o rendimento de óleo no girassol (Fig. 1). Um rendimento de óleo de 696 kg/ha foi obtido com aplicação de 90 kg K2O/ha comparando com 392 kg/ha com adubação desbalanceada (NP somente). 6 Fig. 1. Efeito da aplicação de K no conteúdo de óleo e rendimento de óleo (rendimento de óleo = conteúdo de óleo x produtividade da cultura) de girassol. Projeto IPI-PAU. Punjab, Índia. 2004. Fonte: Coordenação IPI Índia. No mamão papaia, além do grande aumento na produtividade, a adubação com K melhorou a maioria dos parâmetros qualitativos das frutas: (i) espessura da polpa comestível das frutas de papaia; (ii) melhoria na doçura do papaia, parâmetro primordial de qualidade da fruta, principalmente afetado pelos sólidos solúveis totais (TSS), (iii) diminuição na acidez (Tabela 1). Tabela 1. Efeito da aplicação de K no rendimento das frutas e na qualidade do mamão papaia (11 meses após plantio). Projeto IPI-TNAU. Theni District, Tamil Nadu, Índia. 2004-05. Fonte: Coordenação IPI Índia. Vitamina C (refere-se comumente ao ácido ascórbico) é talvez a vitamina mais popular. A aplicação via solo e via foliar de K tem mostrado aumento no nível de vitamina C em muitas culturas, como cucurbitáceas, couve flor, cebola, banana, goiaba e papaia. Em um experimento na Universidade Agrícola de Zhejiang na China, a aplicação de K aumentou o conteúdo de vitamina C no pimentão (Fig. 3). 7 Fig. 3. Efeito da aplicação de K no rendimento e conteúdo de vitamina C do pimentão. Universidade agrícola de Zhejiang, China. Fonte: Wu-Zhong et al., 2001. A aplicação de potássio aumentou o conteúdo de proteína no milho, como demonstrado nos experimentos do IPI na Índia. Também é sabido que o K aumenta o N proteico e diminui o N não proteico, produzindo matéria seca mais digestível e proteína na silagem de milho melhorando assim, o valor alimentar da forragem para o gado. O conteúdo de amido na mandioca aumenta com a adubação de K, assim como demonstrado nos experimentos do IPI na Indonésia (Tabela 2, página 12). Tabela 2. Efeito da adubação potássica no conteúdo de amido da mandioca na colheita. Projeto IPI-ILETRI. Tulungagung, Indonesia. 2012. Fonte: Coordenação IPI SEAP. O potássio também exerce grande influência nos formatos e aparência de alimentos, e vários estudos no Brasil e no mundo tem demonstrado isso. Em estudo realizado por Seabra et al., (2002) analisando a produção de alface americana em função de doses de potássio, verificaram que o diâmetro da cabeça da alface foi influenciada significativamente pelas doses de K2O (Figura 4). As doses 120 e 180 promoveram maior diâmetro em relação às menores doses. O que de certa forma é bastante 8 interessante, pois, Bueno (1998) cita que uma das características em que o consumidor se baseia para a aquisição da alface americana é o tamanho da cabeça, portanto é a característica importante. Figura 4. Diâmetro de cabeça de alface americana em função de doses de potássio. São Manuel- SP, FCA/UNESP. Ganeshamurthy et al.,(2011) em trabalho com a aplicação de K na cultura da banana, observaram que o K influenciou o tamanho do fruto, a aparência, a cor, o aroma e o sabor, tendo como consequência melhor aceitação pelo consumidor. Entre os efeitos positivos do K, podem-se destacar a uniformidade no amadurecimento e a maior resistência aos danos físicos durante o transporte e o armazenamento. O K é considerado o nutriente mais importante na bananeira, devido à grande acumulação nos tecidos desta planta. O K tem relação direta com a síntese, o transporte e a acumulação de açúcares, permitindo o crescimento do fruto e determinando sua qualidade (GANESHAMURTHY et al., 2011). Weerasinghe e Premalal (2002) estudaram a resposta da bananeira cv. Mysore (AAB) à adição de K, confirmando que o elemento interfere no peso, tamanho e o diâmetro do fruto, assim como o rendimento da planta. Silva et al., (2013). Observaram que a aplicação de K, independentemente do ciclo, incrementou o peso do cacho, o número de mãos e de frutos por cacho, e o peso e o diâmetro do dedo do meio do cacho. Assim, o K é o principal cátion nas células da bananeira, mesmo que não desempenhe um papel direto na estrutura das mesmas, age em reações de catálises que são fundamentais, tais como: respiração, formação de clorofila, fotossíntese e regulação hídrica. O K tem relação direta com a síntese, o transporte e a acumulação de açúcares, permitindo o crescimento do fruto e determinando sua qualidade. 9 O fornecimento adequado de potássio promove a formação de grãos maiores devido à fotossíntese mais intensa e por maior período. Em Orissa (Índia), o arroz rendeu mais com K devido ao maior período de enchimento de grãos e, portanto, sementes maiores (peso de mil sementes). Grãos de trigo dos ensaios com aplicação de K em Haryana (Índia) obtiveram valor maior na comercialização devido a melhor aparência, pois as sementes eram mais vistosas e brilhantes do que o controle, sem aplicação de K (Figura 5). Em batatas a aplicação de K aumenta o rendimento de tubérculos médios e grandes e diminui a perda de peso destes na pós-colheita (Figura 6). Nos Citrus, a nutrição potássica influenciou positivamente o tamanho da fruta (Figura 7), a espessura da casca e a cor do fruto. O maior rendimento ocorre em parte devido a menor queda de frutos e ao aumento do tamanho destes. 10 Desordens fisiológicas nas frutas de citros como “plugging” e rachaduras estão associadas à alta disponibilidade de N e baixa deK. A deficiência de potássio que resulta em frutos pequenos, de casca fina, promove rachaduras – “splitting” apesar de que a aplicação extra de K nem sempre prevenirá estas rachaduras em cultivares susceptíveis. Plantas adequadamente supridas com K mostram menor incidência de pragas e doenças. Fissuras, rachaduras e lesões observadas em frutas e folhas deficientes em potássio não apenas oferecem fácil acesso a patógenos invasores, mas, também são pouco atraentes para potenciais consumidores no mercado. Quando a aparência e a qualidade são pobres o agricultor não consegue vender seus produtos pelo melhor preço. 4. QUALIDADE DE PROCESSAMENTO (PÓS-COLHEITA) De todos os nutrientes requeridos para o crescimento vegetal, o potássio é o que exercer maior influência na qualidade pós-colheita dos alimentos. Por conta disso, a adubação potássica é considerada a chave da qualidade dos alimentos, por propiciar aumento na produtividade e melhorias nas características físico-químicas dos frutos (FERREIRA, et al., 2000; SILVA, et al., 2004; MORETTI & PUSHMANN, 2006; CALDAS 2009; MARODIN, et al., 2010). Teores baixos de K, associado a alto teor de P em frutos de manga, está diretamente relacionado a desordens nutricionais. Entretanto, altas concentrações de K, pode reduzir a absorção de Ca e Mg, uma vez que a concentração de K nos vasos do floema é superior ao teor de Ca. 11 Frutos de boa aparência tem melhor aceitação pelo mercado consumidor, com isso a comercialização torna-se mais fácil e o produtor pode agregar valor à sua produção. E o teor de potássio nos frutos em algumas frutas é determinante para melhorar a aparência. Em frutos de macieira o teor de K foi determinante para reduzir distúrbios fisiológicos causados pelo armazenamento em atmosfera controlada durante 8 meses (HUNSCHE, et al., 2003.), os frutos que receberam as maiores doses de K. Ainda segundos os autores os frutos apresentaram menor incidência de degenerescência da polpa. Em frutos de morango doses de potássio proporcionaram maior teor de sólidos solúveis totais, maior acúmulo de massa seca o que confere aos frutos maior resistência ao transporte e maior tempo de prateleira (FORTALEZA, et al., 2005; MARODIN, et al., 2010). O armazenamento de frutos por logos períodos favorece a distribuição destes para regiões distantes da área produtora, a manutenção das características físico- químicas durante o tempo de prateleira é outro fator que beneficia o mercado, que reduz as perdas pós-colheita. Frutos mais resistentes ao transporte tem redução nas injuria mecânicas e consequentemente nas reações de oxidação dos lipídios, aumento da síntese de etileno e degradação das membranas celulares (BRECHT, 1995). Danos mecânicos também favorecem perdas de açúcares, ácidos e vitaminas, por causa das reações bioquímicas (CANTWELL, 2000), alterações no aroma, sabor e textura (MORETTI & SARGENT, 2000). Na cultura da goiaba (Psidium guajava L.), a adubação potássica aumentou a produtividade, melhorou a qualidade pós-colheita dos frutos, firmeza, pH, °Brix (ALENCAR, et al., 2016). Aumentou a resistência dos frutos a pragas e doenças, para esta cultura o potássio é o nutriente mais exigido durante a fase de frutificação é o que exerce maior influência na qualidade final dos frutos (AULAR &, 2013; SOUZA et al., 12 2013; SOUZA et al., 2012). O baixo fornecimento desse nutriente pode causar raízes pouco desenvolvidas, frutos com menor diâmetro e consequentemente menor produtividade (GARCIA et al., 2008). Para a cultura da batata, doses crescentes de potássio até certo ponto, proporcionam maior produtividade tubérculos, e maior firmeza dos tubérculos é requerida para o consumidor que adquire o produto in natura (REIS JUNIOR & MONNERAT, 2001; ANDREU, 2005), maior rendimento de amido e de massa seca, essa característica é fundamental para a produção de tubérculos destinados à indústria de batatas fritas que preconiza maior rendimento após o processamento (REIS JUNIOR & FONTES, 1996; CARDOSO, et al., 2007). O rendimento e a qualidade das fibras do algodoeiro, respondem positivamente às doses de potássio (CARVALHO et al., 2006). Avaliando fontes de potássio e doses em cobertura Echer e colaboradores (2009), observaram maior uniformidade de fibras usando sulfato de potássio, maior produtividade e rendimento de pluma e algodão em caroço usando a K2SO4.2MgSO4, evidenciando que os resultados com a adubação potássica podem variar com a época de aplicação e fonte usada na adubação. 5. SUPRESSÃO DE PRAGAS E DOENÇAS Existem muitos estudos sobre o efeito da adubação sobre o crescimento e a produtividade das culturas, todavia, a adubação também pode proporcionar às plantas outros efeitos, como por exemplo, mantê-las livres do ataque de pragas e doenças (MARSCHNER, 1995). As estruturas anatômicas conferem às plantas resistência natural às pragas e doenças. A nutrição desequilibra aumenta o teor de aminoácidos livres, moléculas de menor peso molecular e facilmente consumida por micro- organismos, ao passo que plantas bem nutridas apresentam moléculas mais específicas, 13 que por sua vez, são mais difíceis de serem degradas por doenças e pragas (MYERS, et al., 2005). A lignificação da parede celular confere as plantas maior resistência a entrada de patógenos, porque esta estrutura consiste em uma barreia física contra a penetração de hifas dos patógenos. Na cultura da soja Myers e Gratton (2006), observaram redução na população de pulgão (Aphid glycines), em solo com alto teor de potássio, os autores atribuem este resultado a maior espessura da parece celular das plantas. Segundo Huber e Arny (1985) e Marschner 1986, o potássio está relacionado com o acúmulo de fenóis e fitoalexinas ao redor do sítio de infecção por doenças. De acordo com Barbosa et al., (2006), em solos de baixa fertilidade natural o ataque de nematóides (Heterodera glycines) pode causar injúrias no sistema radícula da soja e reduzir a produtividade da cultura, ao passo que a adição de K pode reduzir o número de fêmeas no sistema radicular das plantas, dessa forma há uma redução no número de ovos da espécie (H. glycines), resultados semelhantes foram encontrados por Morgan-Jones e Rodriguez-Kábana, (1984), e Wrather et al., (1984). Até certo ponto, doses elevadas de K pode ser tóxica para H. glycines, no entanto, chegam a ser antieconômica para cultivos comerciais de soja. Usando uma solução a base de fósforo e potássio (fosfito de potássio) combinada a fungicida, Martínez (2016), observou redução de 17-20% na incidência da podridão do caule em plantas de arroz e a severidade da mesma em 25%, cultivado no Uruguai. O mesmo autor verificou resultados semelhantes para os tratamentos usando fungicidas e a solução de fosfito de potássio, o autor explica e atribui estes resultados ao modo de ação do fosfito de potássio que age inibindo a síntese de fitoalexinas e promove a resistência natural das plantas. Borin et al., (2017), observou redução no 14 crescimento de micélios de fungos na cultura do milho quando adotou o uso de fosfito de potássio em cobertura. 6. SAÚDE HUMANA Assim como para as plantas, para os seres humanos o potássio também é um elemento nutriente essencial. É o principal cátion intramuscular e contribui para na síntese das proteínas e do glicogênio (COPETTI, et al., 2010). Grande parte do K encontra-se no líquido sanguíneo. As principais fontes de potássio são as batatas, frutas secas, morangos, abacate, carne, peixe, legumes, bananas e todos os grãos. Segundo Feng e Graham (2006), as mudanças nos padrões de consumo dos seres humano vêm mudando aingestão de nutrientes essenciais ao bom funcionamento do nosso corpo. No que se refere ao consumo de potássio, este nutriente já foi consumido na ordem de 150 a 290 mmol dia -1 (YOUNG, 1995), até então a quantidade ingerida era na ordem de 1-10 mmol dia -1 , no entanto, com as mudanças nos padrões de consumo houve uma inversão nesses valores. O baixo consumo de vegetais (frutas e hortaliças) levaram a uma diminuição significativa na ingestão de potássio na alimentação. Em países desenvolvidos o consumo de sal hoje em dia está na ordem de 170-200 mmol dia -1 , enquanto o consumo de potássio é de 70 mmol dia -1 , apenas um terço das nossas necessidades diárias (HENDERSON et al., 2003). De acordo com Karppanen et al., (2005), as dietas modernas a base de alimentos processados oferta K em quantidade inferior às nossas necessidades diárias. 7. CONTEÚDO DE NITRATO NOS ALIMENTOS O acúmulo de nitrato (NO3) nas plantas pode estar relacionado com desbalanceamento nutricional e o potássio assume grande importância no ciclo do nitrogênio, uma vez que este age como ativador enzimático (TAIZ & ZAIGER, 2013). 15 A deficiência de potássio nas plantas pode levar ao aumento de compostos nitrogenados, e estes podem vir a degradar as membranas das células causando a morte das mesmas, a exemplo da putrescina (MALAVOLTA & CROCOMO, 1982). O metabolismo do nitrogênio nos vegetais requer certa quantidade de potássio no citoplasma. O potássio está envolvido na fase final do metabolismo do nitrogênio (MARSCHNER, 1995). Outros trabalhos relatam que o K, está diretamente relacionado no final do metabolismo do nitrogênio, agindo no processo de incorporação de nitrogênio mineral a compostos orgânicos, especialmente na redutase do nitrato (RUAN et al., 1998; 1999). Como enzima chave na redução nitrato, a ação da redutase do nitrato está diretamente relacionada com aumento da produtividade das culturas agrícolas. 16 8. REFERENCIAS ALENCAR, R, D.; LEITE G. A.; MENDONÇA, V.; LIMA, F. V.; PEREIRA, G. A.; FARIAS, W. C. Comunicata Scientiae, Bom Jesus, v.7, n.1, p.139-148, Jan./Mar. 2016. ANDREU, M. A. Associação entre características agronômicas da batata nos plantios de primavera e outono no Rio Grande do Sul. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 29, n. 5, p. 925-929, set./out. 2005. ARAÚJO, H. S. Doses de potássio em cobertura na produção e qualidade de frutos de abobrinha-de-moita. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual Pau- lista, Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu, 2011. AULAR, J., NATALE, W. Nutrição mineral e qualidade do fruto de algumas frutíferas tropicais: goiabeira, mangueira, bananeira e mamoeiro. Revista Brasileira de Fruticultura, 35: 1214-1231. 2013. BORIN, R. C.; POSSENTI, J. C.; REY, M. S.; BERNARDI, C.; MAZARO, S. 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