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CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO AULA 05 – PROVA – PARTE II Futuro (a) Aprovado (a) Complementando o assunto PROVAS, nesta nossa aula trataremos de mais alguns importantes temas. São assuntos interessantíssimos, cujo conhecimento com certeza fará diferença na hora da sua prova. Dito isto, muita atenção!!! Bons estudos! ******************************************************************************************************* 5.1 DAS PERÍCIAS E DO EXAME DO CORPO DE DELITO Perícia é o exame feito em pessoas ou coisas, por profissional portador de conhecimentos técnicos e com a finalidade de obter informações capazes de esclarecer dúvidas quanto a fatos. Daí chamar-se perícia, em alusão à qualificação e aptidão do sujeito a quem tais exames são confiados. Tal é uma prova real, porque incide sobre fontes passivas, as quais figuram como mero objeto de exame sem participar das atividades de extração de informes. 5.1.1 EXAME DE CORPO DE DELITO (art. 158 a 184 CPP) 5.1.1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre cuja análise é realizada a perícia criminal a fim de determinar fatores como autoria, temporalidade, extensão de danos etc. O ilustre professor MIRABETE trata do tema deixando claro a diferença do corpo de delito para o exame de corpo de delito, segundo o renomado autor: “Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais deixados pela infração penal, a materialidade do crime, aquilo que se vê, apalpa, sente, em suma, pode ser examinado através dos sentidos. Há infrações que deixam tais vestígios materiais (delicta facti CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 2 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO permanentis), como os crimes de homicídio, lesões corporais, falsificação, estupro etc. Há outros, porém, que não os deixam (delicta facti transeuntis), como os de calúnia, difamação, injúria e ameaças orais, violação de domicílio, desacato etc. Quando a infração deixa vestígios, é necessário que se faça uma comprovação dos vestígios materiais por ela deixados, ou seja, que se realize o exame do corpo de delito. Não se confunde, assim, o exame do corpo de delito com o próprio corpo de delito. Aquele é um auto em que se descrevem as observações dos peritos e este é o próprio crime em sua tipicidade. O exame destina se à comprovação por perícia dos elementos objetivos do tipo, que diz respeito, principalmente, ao evento produzido pela conduta delituosa, de que houve o "resultado", do qual depende a existência do crime (art. 13, caput, do CP). O corpo de delito se comprova através da perícia; o laudo deve registrar a existência do próprio delito.” O exame de corpo de delito pode ser classificado em: 1. DIRETO � É o exame realizado diretamente sobre o corpo de delito. 2. INDIRETO � Advém de um raciocínio lógico, indutivo através de informações colhidas com o ofendido ou com testemunhas. Para exemplificar imaginemos que Tício arrombou a janela de uma casa para realizar um furto. Neste caso, a análise realizada na janela arrombada será um exame de corpo de delito DIRETO. Agora pensemos em uma situação em que Tícia foi estuprada por Mévio e, com vergonha, aguarda um mês para dar conhecimento do fato às autoridades policiais. Neste caso, obviamente, não há como realizar um exame de corpo de delito na vítima, pois, devido ao decurso do tempo, os vestígios já não existem. Assim, deverá ser empregado o exame de corpo de delito indireto que levará em consideração o narrado pela ofendida, testemunhas, exame realizado por médico particular etc. 5.1.1.2 OBRIGATORIEDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 3 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO O CPP dispõe sobre o exame de corpo de delito deixando clara a sua OBRIGATORIEDADE, quando a infração deixar vestígios. Observe: Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. (grifo nosso) E quando não deixar vestígios? Complementando o supracitado artigo preceitua o Código: Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de testemunhal poderá suprir-lhe a falta. Do exposto, ficamos com a impressão de que SÓ a prova testemunhal poderá suprir a falta do exame de corpo de delito direto ou indireto. Mas será que é isso mesmo? Será que a prova testemunhal tem um valor maior que as outras provas? É claro que não, e exatamente por isso que a jurisprudência vem aceitando que não apenas a prova testemunhal, mas qualquer outra, excetuando-se apenas a confissão do acusado que é ressalvada expressamente no art. 158, é capaz de suprir a falta da pericia na ocorrência do desaparecimento dos vestígios. Desta forma já se pronunciou o STJ em diversos julgados. Observe: Para finalizar este tópico é importante ressaltar que a doutrina e jurisprudência majoritária consideram que caso o desaparecimento de um vestígio tenha ocorrido por culpa do estado, não será possível a aplicação do art. 167 para suprir o exame de corpo de delito direto ou indireto. 5.1.1.3 FORMALIDADES EXIGIDAS PARA O EXAME O exame de corpo de delito direto pode ser suprido, quando desaparecidos os vestígios sensíveis da infração penal, por outros elementos de caráter probatório existentes nos autos, notadamente os de natureza testemunhal ou documental. (STJ, HC 23.898). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 4 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO O Art. 159, caput, do CPP, preleciona: Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008). Esse supra artigo revela uma importantíssima inovação trazida pela lei nº 11.690/2008 que retirou a antiga obrigação de termos 02(dois) peritos oficiais para o exercício do exame e atribuiu validade para que só um possa realizar a perícia. É importante ressaltar a necessidade de este perito possuir curso superior, salvo se tiver ingressado na carreira antes da vigência da supracitada lei (tal preceito não se aplica aos peritos médicos). Mas e se o juiz não tiver peritos oficiais disponíveis. O que fazer? Aplicar-se-á o seguinte dispositivo do Código: Art. 159. [...] § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) Assim, respondendo ao questionamento, na ausência de peritos oficiais o exame dera realizado por: • DUAS PESSOAS IDÔNEAS; • COM DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR • COM HABILITAÇÃO TÉCNICA RELACIONADA COM A ÁREA. 5.1.1.4 RELAÇÃO DAS PARTESCOM A PERÍCIA A nova redação dada ao CPP trouxe inovações sobre este tema. Observe o disposto: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 5 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO Art. 159. [...] § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) O assistente técnico é um perito que irá atuar por indicação das partes, devendo, porém, aguardar sua admissão no processo por decisão do juiz. Conforme redação do § 4o, sua atuação será A lei é clara ao estabelecer que não há obrigatoriedade de indicação de assistente técnico por qualquer das partes, mas simples faculdade, ficando a critério dos sujeitos processuais decidir se o indicarão ou não. Esse assistente técnico atuará somente depois de ser admitido pelo Juiz e após a conclusão dos exames e da elaboração do laudo pelos "peritos oficiais". As partes serão intimadas da decisão de admissão do assistente técnico (art. 159, §4º, CPP). A nova lei faculta às partes requerer, com antecedência de 10 dias em relação à audiência, a oitiva dos peritos para esclarecimento da prova ou para resposta a quesitos, e neste último caso o perito poderá apresentar resposta em laudo complementar. Poderão, igualmente, apresentar pareceres redigidos pelo assistente técnico, em prazo a ser fixado pelo Juiz, sendo que o assistente técnico poderá ser indicado para oitiva em audiência (art. 159, §5º, I e II, CPP). Art. 159. [...] § 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 6 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) O Código de Processo Penal prevê também que, se houver requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação (art. 159, §6º, CPP). Trata-se de previsão redundante, eis que o art. 170 do Código já previa, e continua prevendo, que os peritos devem guardar material suficiente para e eventualidade de nova perícia. Talvez se tenha desejado destacar que o material que serviu de base à perícia não sairá das dependências do órgão pericial, evitando-se eventual extravio de tal material. § 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. Por fim, estabeleceu-se que, em caso de perícia complexa envolvendo mais de uma área de conhecimento especializado, mais de um perito oficial poderá ser designado, assim como a parte poderá indicar mais de um assistente técnico (art. 159, §7º, CPP). § 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 7 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO 5.1.1.5 DIVERGÊNCIA DOS PERITOS Após a realização das perícias, os peritos deverão elaborar laudos no prazo máximo de dez dias, sendo possível a prorrogação. Veja: Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Com as modificações inseridas no CPP, principalmente a que não exige mais a presença de dois peritos oficiais (REGRA GERAL), a quantidade de divergências têm-se diminuído. Entretanto imaginemos que a perícia foi realizada por dois peritos não-oficiais e eles divergiram quanto às conclusões. Neste caso aplica-se a regra presente no Art. 180 do CPP que dispõe: Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos. Finalizando o assunto, é importante deixar claro que existem outras situações elencadas no CPP em que o Magistrado poderá consultar outros peritos ou exigir a complementação/esclarecimento do laudo, observe: Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 8 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente. 5.2.1.6 MOMENTO DA PERÍCIA Sobre o tema discorre o CPP: Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora. Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma circunstância relevante. Podemos resumir que a perícia poderá ser realizada: REGRA ��� QUALQUER DIA E HORA, SEM RESTRIÇÕES QUANTO A FERIADOS, DOMINGOS, PERÍODO NOTURNO ETC.EXCEÇÃO ��� EXAME INTERNO DO CADÁVER QUE DEVERÁ SER FEITO NO MÍNIMO SEIS HORAS APÓS A MORTE. 5.2.1.7 LIVRE APRECIAÇÃO DO MAGISTRADO O código de processo penal adotou o chamado sistema liberatório de apreciação da prova pericial no qual o Juiz não é obrigado a aceitar o que foi atestado pelo perito. Tal sistema opõe-se ao chamado sistema vinculatório em que, como o próprio nome diz, o Magistrado está vinculado ao laudo. Adotando aquele sistema preceitua o CPP: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 9 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. A doutrina e jurisprudência vêm entendendo que tal regra não é absoluta, pelo fato de o Juiz não poder rejeitar a afirmação dos peritos com relação à EXISTÊNCIA DO CORPO DE DELITO. Só para ficar mais claro imaginemos um laudo pericial que ateste que o indivíduo sofreu lesões corporais graves. Nada impede que o Juiz, com base no Art. 182, entenda que a lesão foi leve ou gravíssima, entretanto não pode o Magistrado negar a existência da lesão. Exatamente por isso que o Art. 184 do CPP preceitua que o Juiz não poderá negar a realização de perícias complementares que tenham por objeto a comprovação do corpo de delito. Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade. 5.2.1.8 FORMAS DE PERÍCIAS • AUTOPSIA ��� Consiste no exame interno do cadáver, sendo necessário no caso de morte violenta, salvo se houver certeza da causa mortis e da ausência de indícios de que tenha ocorrido infração penal. Encontra base no já visto Art. 162 do CPP. • EXUMAÇÃO ��� Ato de retirar o cadáver da sepultura. Necessidade de autorização judicial e demonstração de justa causa. Sobre o tema dispõe o CPP: Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade(policial) providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 10 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO necessárias, o que tudo constará do auto. (grifo nosso) Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação do cadáver. • ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO ��� Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. • INCÊNDIO ��� No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. • RECONHECIMENTO DE ESCRITOS ��� A autoridade intimará a pessoa sob investigação e poderá utilizar para comparação qualquer documento sob o qual pese certeza que possui a caligrafia do investigado. Não possuindo documentos pode a autoridade solicitar documentação de órgãos públicos. Por fim, quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. 5.2.1.9 EXAME POR PRECATÓRIA CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 11 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO Carta precatória é um instrumento utilizado pela Justiça quando existem indivíduos em comarcas diferentes. É um pedido que um juiz envia a outro de outra comarca. Assim, um juiz (dito deprecante), envia carta precatória para o juiz de outra comarca (dito deprecado), para citar o réu ou testemunha a comparecer aos autos. É uma competência funcional horizontal, não havendo hierarquia entre deprecante e deprecado. No caso de um exame por precatória, dispõe o Código: Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante. Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na precatória. Para exemplificar, pensemos em um processo no RJ que precisa de um exame em Manaus. Regra geral os peritos serão nomeados no juízo deprecado (Manaus), SALVO no caso de ação penal privada em que haja acordo entre as partes. *************************************************************** Futuro (a) Aprovado (a), A partir de agora passaremos ao estudo dos meios de prova. Sendo assim, respire fundo, recarregue as energias e vamos em frente, pois, nesta reta final, o importante é adquirir conhecimento e ficar cada vez mais próximo da tão sonhada aprovação. Bons estudos! *************************************************************** 5.2 INTERROGATÓRIO 5.2.1 CONCEITO CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 12 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO O professor Fernando Capez define o interrogatório como “o ato judicial no qual o Juiz ouve o acusado sobre a imputação contra ele formulada”. Ainda segundo Capez, “é ato privativo do Magistrado e personalíssimo do acusado”. Ampliando o conceito, o ilustríssimo Norberto Avena leciona que o interrogatório é “ corolário da ampla defesa e do contraditório e sua oportunidade está prevista em todos os procedimentos criminais, embora possa existir variação quanto ao momento em que deva ser aprazado.” Por exemplo: • No procedimento do Júri, será realizado após a produção de prova oral em audiência; • No rito para apuração dos crimes relacionados a drogas, este ato está previsto para a fase que antecede a instrução criminal, o mesmo ocorrendo na apuração do crime de abuso de autoridade. Caro aluno, após a leitura atenta dos conceitos até aqui apresentados, surge um importante questionamento: O interrogatório é meio de prova ou de defesa? A resposta para esta pergunta gera, até hoje, inúmeros debates doutrinários. Entretanto, para a sua prova, adote o entendimento que o interrogatório é concomitantemente meio de prova e meio de defesa, pois enquanto o acusado se defende,não deixa de ministrar ao Juiz elementos úteis à apuração da verdade, seja pelo confronto com provas existentes, seja por circunstâncias e particularidades das próprias declarações que presta. Sobre o tema, já se pronunciou o STJ: [...] Por outra ótica, foi privilegiada novamente o direito de presença como braço do direito a ampla defesa, nesse particular no que diz respeito ao direito do co-réu formular reperguntas ao outro litisconsórcio passivo do processo, assegurando o caráter híbrido do ato de interrogatório, enquanto meio de defesa e de prova (STJ, 6.º T., REsp 60.067-7/SP, rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 13 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO 5.2.2 CARACTERÍSTICAS O interrogatório apresenta uma série de características, dentre as quais podemos destacar: • ORALIDADE � Aplica-se ao interrogatório a regra da oralidade. Todavia, a legislação Processual prevê como exceção nos artigos 192 e 193 regras para o interrogatório de surdo, mudo, surdo-mudo e de estrangeiro. Observe: Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo- mudo será feito pela forma seguinte: I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele responderá oralmente; II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por escrito; III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do mesmo modo dará as respostas. Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o interrogatório será feito por meio de intérprete. É importante ressaltar que a nova redação do CPP deu fim à antiga regra em que o Magistrado ditava as respostas do acusado para que fossem reduzidas a termo. Hoje, a transcrição é feita com fidelidade ao que foi dito pelo réu. Pela importância para a prova, do conhecimento da revogação do citado artigo, reproduzo a antiga redação: Art. 195. As respostas do acusado serão ditadas pelo juiz e reduzidas a termo, que, depois de lido e rubricado pelo escrivão em todas as suas folhas, será assinado pelo juiz e pelo acusado. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 14 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO • OBRIGATORIEDADE � O interrogatório do réu no curso de um processo penal é imprescindível, sob pena de nulidade processual. Mas esta nulidade é absoluta ou relativa? Antes de respondermos a esta pergunta, vamos abrir o dicionário do concurseiro e relembrar ou aprender o que é e quais as diferenciações entre a nulidade absoluta e relativa. Observe: Agora, para responder a pergunta (nulidade é absoluta ou relativa), precisamos entender que atualmente há uma grande discussão doutrinária quanto à obrigatoriedade do interrogatório nos específicos casos em que o acusado, injustificadamente, não comparece na data marcada pelo juízo. Como disse, doutrinariamente há muita discussão, mas a jurisprudência, que neste caso é o que importa para sua PROVA, tem flexibilizado a exigência e considerado a ausência de interrogatório, NESTA HIPÓTESE APRESENTADA, um caso de nulidade relativa. Neste sentido, já se posicionou o STJ. Observe: DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO NULIDADE ABSOLUTA X RELATIVA Quanto ao dano ou prejuízo, a nulidade absoluta tem o prejuízo presumido, ou seja, ocorrente, o ato está, por nascimento viciado, não havendo como ser consertado. No tocante as nulidades relativas, a demonstração do prejuízo deve ser efetuada pela parte que argüir. Assim, somente haverá declaração do vício se não ocorrer outra possibilidade de se reparar o ato procedimental. Já com relação ao momento para arguição, a nulidade absoluta pode ser reconhecida a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado e em qualquer grau de jurisdição, assim, nunca preclui. A exceção dessa regra é o acolhimento de nulidade absoluta em prejuízo do réu, se não arguída pela acusação. Quanto à nulidade relativa, deve ser arguída no momento oportuno, sob pena de preclusão. Assim, deve ser verificado, no sistema processual, qual o ato passível de nulidade, pois cada procedimento possui um momento fatal para argüição. O artigo 571 do CPP, nos mostra quando as nulidades devem ser arguídas peremptoriamente. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 15 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO • ATO PERSONALÍSSIMO DO IMPUTADO � O imputado é que deve ser interrogado, não sendo cabível qualquer substituição ou representação. Mas e se ele não possuir condições mentais? Neste caso, temos que diferenciar duas situações: � A INCAPACIDADE SURGIU A PARTIR DA PRÁTICA DA INFRAÇÃO � Aqui não há que se falar em interrogatório, pois, necessariamente, será seguida a regra prevista no artigo 152 do CPP. Observe: Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo continuará suspenso até que o acusado se restabeleça � NO MOMENTO DA INFRAÇÃO O INDIVÍDUO ERA INCAPAZ ��� O processo criminal transcorre normalmente com a presença de um curador, MAS o interrogatório segue regra especial definida pelo STF, segundo o qual se tratando de réu inimputável, cuja situação pessoal tenha sido objeto de positiva constatação em pericia médico-psiquiatrica realizada ainda na fase interrogatória do inquérito policial, não há como exigir do magistrado processante a realização do ato de interrogatório, que se revela, por seu caráter personalíssimo, de todo incompatível com a incapacidade de autodeterminação daquele que é convocado a comparecer "CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. RÉU REVEL. FALTA DE INTERROGATÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. NÃO IMPUGNAÇÃO NO MOMENTO OPORTUNO. RECURSO DESPROVIDO. I. Hipótese em que, citado por edital, o réu não compareceu à audiência de interrogatório, tendo passado a comparecer aos atos processuais já na fase de oitiva das testemunhas de defesa. II. Ausência de impugnação acerca da não realização do interrogatório. III. Não se justifica a anulação da sentença, por ausência de realização do interrogatório, se não suscitada no momento oportuno. IV. Recurso desprovido." (RESP-888.842/BA, Relator Ministro Gilson Dipp, DJ 04.06.07) CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 16 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO em juízo penal na condição de acusado. Em tal circunstancia, incumbirá ao Juiz, se os peritos concluírem que o réu era penalmente inimputável ao tempo da infração, ordenar o prosseguimento da "persecutio criminis", com a presença de curador, que atuará, ressalvados os atos de caráter personalíssimo, como "representante" do imputado nos demais atos processuais. Pela clareza e com fim de fazer uma revisão do que vimos aqui, apresento a íntegra o julgado do STF. Observe:• PUBLICIDADE � Regra geral, o interrogatório será público e isto visa garantir que o procedimento ocorra dentro da lisura e dos HABEAS CORPUS - PACIENTE INIMPUTAVEL - ABSOLVIÇÃO SUMARIA - IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA - PRETENDIDA ANULAÇÃO DO PROCESSO-CRIME POR AUSÊNCIA DO INTERROGATORIO JUDICIAL - NULIDADE RELATIVA - ATO PROCESSUAL NÃO REALIZADO EM FACE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO ACUSADO - INOCORRENCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL - ORDEM DENEGADA. O interrogatório judicial, qualquer que seja a natureza jurídica que se lhe reconheça - "meio de prova, meio de defesa ou meio de prova e de defesa" - constitui ato necessário do processo penal condenatório, impondo-se a sua realização, quando possível, mesmo depois da sentença de condenação, desde que não se tenha consumado, ainda, o trânsito em julgado. - Consoante orientação jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal Federal, a falta do ato de interrogatório em juízo constitui nulidade meramente relativa, suscetível de convalidação, desde que não alegada na oportunidade indicada pela lei processual penal (RTJ 73/758). A ausência da argüição desse vício formal, em tempo oportuno, opera insuperável situação de preclusão temporal da faculdade processual de suscitá-lo. - Tratando-se de réu inimputável, cuja situação pessoal tenha sido objeto de positiva constatação em pericia médico-psiquiatrica, realizada ainda na fase interrogatória do inquérito policial, não há como exigir ao magistrado processante a realização do ato de interrogatório, que se revela, por seu caráter personalíssimo, de todo incompatível com a incapacidade de autodeterminação daquele que e convocado a comparecer em juízo penal na condição de acusado. Em tal circunstancia, incumbira ao Juiz, se os peritos concluírem que o réu era penalmente inimputável ao tempo da infração, ordenar o prosseguimento da "persecutio criminis", com a presença de curador, que atuara, ressalvados os atos de caráter personalíssimo, como "representante" do imputado nos demais atos processuais (STF, HC 68.131/DF) CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 17 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO preceitos legais. Entretanto, tal regra não é absoluta, pois há a possibilidade, nos casos em que puder resultar em escândalo, perturbação da ordem pública ou inconveniente grave, do Magistrado optar por realizar o interrogatório com as portas fechadas. • INDIVIDUALIDADE � Característica presente no Código de Processo Penal, que dispõe sobre o caso em que existem dois indivíduos para serem interrogados. Será que é possível o interrogatório em conjunto? A resposta é negativa, observe: Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente 5.2.3 OBRIGATORIEDADE DE ADVOGADO Caro(a) aluno(a), procure em seu Código de Processo Penal o Artigo 194... Achou? Como assim... Está faltando??? Ainda bem, isto quer dizer que seu código está atualizado pelo menos até 2004. O antigo texto do CPP previa a necessidade de curador no interrogatório, mas em nada tratava do advogado. Isto dava ensejo a diversos debates doutrinários, fato este hoje completamente superado. Hoje em dia, com base no artigo 185 do CPP, há obrigatoriedade da presença do advogado, sob pena de nulidade absoluta. Veja: Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. (grifo nosso) 5.2.4 DIREITO DE ENTREVISTA RESERVADA Sobre o tema, discorre o CPP: Art. 185 [...] CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 18 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO § 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; Antes da realização do interrogatório, o juiz assegurará o direito de entrevista reservada do acusado com seu defensor. Veja-se que, o CPP traz uma regra impositiva, um imperativo, não uma faculdade conferida ao Juiz. Portanto, não tendo o acusado constituído Advogado, deverá este ser nomeado, sendo-lhe garantido o contado pessoal e reservado com o acusado, sob pena de nulidade. Poderá o acusado, então, antes de exercer seu direito de autodefesa (neste momento consubstanciado no seu direito de audiência), receber orientações de quem realizará sua defesa técnica, ampliando-lhe as possibilidades defensivas. O Magistrado deve fazer constar em ata que foi assegurado ao réu o direito de entrevista. Mas e se o Juiz esquecer-se de consignar em ata, anula tudo? Esta pergunta foi feita ao STJ, que respondeu que: Mesmo não havendo esta referência expressa, se evidenciado pela leitura do termo de interrogatório que foi assegurada à defesa a entrevista reservada entre o acusado e seu defensor, antes da realização do ato, descabe reconhecer qualquer nulidade. Para finalizar, imaginemos uma situação em que o Juiz não pergunta se o réu quer entrevista reservada e este também não se manifesta. Neste caso, o réu poderia solicitar a nulidade do feito? Segundo o STF, a resposta é negativa. Observe: STJ - HABEAS CORPUS: HC 108135 MG 2008/0124970-9 1. Em tema de nulidades processuais, o nosso Código de Processo Penal acolheu o princípio pas de nullité sans grief, do qual se dessume que somente se há de declarar a nulidade do feito quando resultar prejuízo devidamente demonstrado pela parte interessada. 2. Observa-se, na espécie, que não houve qualquer gravame ou constrangimento ao exercício de defesa do acusado, pois o paciente compareceu em juízo sem representante legal e o juiz, ao tomar conhecimento dessa situação, nomeou-lhe defensor público. Este, por sua vez, não requereu a entrevista reservada e procedeu a sua defesa. Note-se que a ausência de realização de entrevista reservada em nada obstruiu a defesa do acusado, não tendo, inclusive, impedido o defensor público de formular perguntas durante o interrogatório. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 19 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO 5.3.5 DIREITO AO SILÊNCIO – PRIVILÉGIO NEMO TENETUR SE DETEGERE O artigo 186 do CPP deixa claro o direito de permanecer calado do réu e atribui ao Juiz o dever de informar o acusado desta possibilidade. O texto legal trata do tema da seguinte forma: Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. Agora imaginemos que Tício vai ser julgado e o promotor público pergunta: “VOCÊ MATOU MÉVIA?” Resposta: (Silêncio). E o promotor: “Responda, MATOU OU NÃO?” Resposta: (Silêncio). Após trezentas perguntas e trezentos silêncios, o Juiz poderá pensar no velho ditado de que quem cala consente??? É claro que não, pois o parágrafo único do artigo 186 veda esta possibilidade. Observe: Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. “Mas professooor...E o artigo 198 do CPP ?” Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, este artigo conflita com a Constituição Federal e, embora não tenha sido expressamente revogado, não encontra mais aplicabilidade. Desta forma, para sua PROVA, leve o firme entendimento que: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 20 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO 5.3.6 PROCEDIMENTO O CPP define uma série de procedimentos a serem seguidos para a validade do interrogatório. A fim de facilitar os seus estudos, vamos esquematizar: QUALIFICAÇÃO DO ACUSADO (ART. 185 DO CPP) INFORMAÇÃO SOBRE O DIREITO AO SILÊNCIO (ART. 186 DO CPP) PERGUNTAS DO JUIZ AO RÉU (ART. 187 DO CPP) PERGUNTAS SUBJETIVAS (ART. 187, § 1o DO CPP) Residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais. PERGUNTAS OBJETIVAS (ART. 187, § 2o DO CPP) I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela; III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; IV - as provas já apuradas; V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas; VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido; VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração; VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. O JUIZ FACULTARÁ A REALIZAÇÃO DE PERGUNTAS ÀS PARTES, PODENDO INDEFERÍ-LAS SE NÃO FOREM RELEVANTES OU PERTINENTES (ART. 188 DO CPP) OO SSIILLÊÊNNCCIIOO NNÃÃOO PPOODDEERRÁÁ SSEERR IINNTTEERRPPRREETTAADDOO EEMM PPRREEJJUUÍÍZZOO DDAA DDEEFFEESSAA.. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 21 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO Finalizando, é importante ressaltar que poderá ser realizado novo interrogatório a qualquer tempo. Para que tal fato ocorra, basta a determinação de ofício do Magistrado ou um requerimento devidamente fundamentado formulado pelas partes. Observe: Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes. 5.3.7 O INTERROGATÓRIO POR MEIO DE VIDEOCONFERÊNCIA Caro (a) Aluno (a), agora trataremos de uma inovação no nosso ordenamento jurídico e como você já sabe as bancas A D O R A M novidades. Sendo assim, muita atenção e calma na leitura deste tópico, pois é bem possível que apareçam questões sobre este assunto na sua prova. Com o advento da Lei nº 11.900/2009, o artigo 185, parágrafo 2º do Código de Processo Penal passou a autorizar que o interrogatório judicial do preso, em algumas situações, seja realizado mediante o sistema de videoconferência ou de outro recurso de transmissão de sons e imagens em tempo real. Para começarmos a entender como o legislador introduziu esta nova forma de interrogatório, vamos analisar o artigo 185 do CPP: Art. 185. § 1º O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato. Há três formas de se interrogar o réu preso: (a) pessoalmente, dentro do presídio onde se encontra; (b) pessoalmente, no fórum e (c) por videoconferência. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 22 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO O § 1º do art. 185 cuida da primeira situação (interrogatório pessoal dentro do presídio). Deve o ato ser realizado em sala própria e é fundamental o fator segurança (que pode ser conseguida com a presença de agentes penitenciários ou policiais, separação da sala do restante do presídio etc.). A lei fala em segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares do juiz, mas, obviamente, a segurança tem que valer para todas as pessoas envolvidas no ato (advogados, o próprio réu etc.). Sem a presença de defensor, o ato é nulo, mesmo porque pode o defensor fazer perguntas (no momento do interrogatório). A publicidade do ato decorre do sistema processual brasileiro (acusatório), que possibilita amplo acesso de qualquer pessoa aos atos processuais. A exigência de "sala própria" (contida neste mesmo § 1º) inclui também a possibilidade de acesso público a ela, por isso, essa "sala especial" deve ser arquitetonicamente separada do local físico onde se encontram os demais presos do presídio. Em qualquer modalidade de interrogatório (presencial no presídio, presencial no fórum ou por videoconferência), o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor (§ 5º, do art. 185). § 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 23 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO A realização de qualquer ato processual por videoconferência é EEXXCCEEPPCCIIOONNAALL.. Em regra, o ato deve ser realizado com a presença física do réu no local do próprio ato (ou no presídio ou no fórum). ESSA É A REGRA. Excepcionalmente, o ato pode ser realizado por videoconferência. Quando? Quando o juiz fundamentar a sua necessidade. É preciso explicar os motivos da decisão, aliás, como veremos em seguida, a decisão tem motivação vinculada porque a lei elencou as hipóteses de cabimento do ato. O juiz (para a realização da videoconferência) pode agir de ofício ou a requerimento das partes. A lei elencou as possíveis finalidades do uso da videoconferência: 1. PREVENIR RISCO À SEGURANÇA PÚBLICA, QUANDOEXISTA FUNDADA SUSPEITA DE QUE O PRESO INTEGRE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA OU DE QUE, POR OUTRA RAZÃO, POSSA FUGIR DURANTE O DESLOCAMENTO ��� Todo transporte de preso gera risco para a segurança pública. Não é, entretanto, esse risco genérico que justifica o uso da videoconferência. O risco deve ser fundamentado em suspeita fundada (não se trata de uma suspeita vaga, infundada, genérica) de que o preso integra organização criminosa (réu já acusado formalmente de pertencer ao PCC, por exemplo). O outro fundamento é de que pode o réu fugir durante seu deslocamento. É preciso que haja indícios sérios desse fato. 2. VIABILIZAR A PARTICIPAÇÃO DO RÉU NO REFERIDO ATO PROCESSUAL, QUANDO HAJA RELEVANTE DIFICULDADE PARA SEU COMPARECIMENTO EM JUÍZO, POR ENFERMIDADE OU OUTRA CIRCUNSTÂNCIA PESSOAL��� Sábia orientação da lei no sentido de procurar assegurar a participação do réu no ato processual (via videoconferência) quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo. São múltiplas as dificuldades que existem para garantir o comparecimento do réu em juízo. A lei elencou duas: enfermidade ou outra circunstância pessoal (réu jurado de morte, por exemplo). Uma das mais comuns razões (falta de escolta) não foi elencada, mas, segundo doutrina majoritária, nada impede que o juiz, por analogia (in bonam partem), faça uso da videoconferência em todas as hipóteses de dificuldade de apresentação do réu preso. 3. IMPEDIR A INFLUÊNCIA DO RÉU NO ÂNIMO DA TESTEMUNHA OU DA VÍTIMA, DESDE QUE NÃO SEJA POSSÍVEL COLHER O DEPOIMENTO DESTAS POR VIDEOCONFERÊNCIA, NOS TERMOS DO ART. 217 DESTE CÓDIGO��� CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 24 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO O artigo 217 já fala no uso da videoconferência, nestes termos: "Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição com a presença do seu defensor. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008).” 4. RESPONDER A GRAVÍSSIMA QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA ��� Por razões de ordem pública muito grave, o ato também pode ser realizado por videoconferência. Por exemplo: em razão de uma inundação, ficou impossibilitado o deslocamento do presídio até o fórum. § 3º Da decisão que determinar a realização de interrogatório por videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência. A intimação das partes de todos os atos processuais é uma exigência absolutamente necessária porque é ela (intimação) que possibilita o contraditório (e é este que possibilita a ampla defesa). Com no mínimo dez dias de antecedência, as partes devem ser intimadas, e a violação dessa regra gera nulidade relativa, ou seja, comprovado o prejuízo em momento oportuno, anula-se o ato. § 4º Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste Código. O Código de Processo Penal foi reformado recentemente (Lei 11.690/2008, Lei 11.719/2008) para contemplar (nos seus procedimentos) a chamada "audiência única" (onde todas as provas orais são colhidas). O interrogatório, nesse caso, passou a ser o último ato processual. O § 4º ora comentado garante a participação do réu nos atos anteriores ao interrogatório (oitiva das testemunhas arroladas pela acusação, testemunhas arroladas pela defesa etc.). A lei fala em "o preso poderá acompanhar", ou seja, querendo, tem o direito líquido e certo de acompanhar os atos precedentes ao interrogatório. Nisso reside o direito de estar presente (remotamente) no ato. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 25 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO § 5º Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso. O Direito de entrevista com o defensor, que está devidamente assegurado na lei, já estava presente no art. 8º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Esta entrevista deve ser prévia à audiência única (e ao interrogatório) e deve ser reservada. Para se assegurar a comunicação entre o preso e seu advogado, assim como entre o defensor presente no ato e o advogado presente na sala de audiência, haverá linha telefônica exclusiva. Dessa comunicação ninguém pode tomar parte. É um ato reservado e sigiloso que faz parte das prerrogativas dos advogados. No momento das perguntas, sobretudo, é muito importante a comunicação entre o preso e seu advogado (ou entre o defensor e o advogado). ATENÇÃO ��� Defensor e advogado são duas pessoas distintas. O defensor está presente no presídio. O advogado (ou outro defensor) está no fórum. Isso pode parecer exagero, mas não é, pois são dois locais distintos e a lisura do ato não pode ser maculada. Assim, quanto mais fiscalização melhor. Caso o réu tenha dois advogados contratados, nada impede que um deles esteja no presídio e o outro no fórum. As combinações possíveis então são: 1 - DEFENSOR E ADVOGADO; 2 - DEFENSOR E DEFENSOR; 3 - ADVOGADO E ADVOGADO. § 6º A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de atos processuais por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. Fiscalização: a sala especial para a realização da videoconferência deve mesmo ser fiscalizada para se garantir a lisura do ato processual. Deve ser segura, aberta ao público etc. Essas são as garantias mínimas para a CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 26 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO realização constitucional de atos processuais pelo sistema de videoconferência. Quem fiscaliza? O juiz corregedor (dos presídios), o juiz da causa, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil. § 7º Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos §§ 1º e 2º deste artigo. Como afirmamos, há três maneiras de se fazer o interrogatório do réu: (a) por videoconferência, (b) presencial no presídio ou (c) presencial no fórum. Não sendo possível fazer o interrogatório pelas duas primeiras formas, adota-se a terceira (a mais tradicional), que exige a requisição do preso e seu transporte até o fórum. § 8º Aplica-se o disposto nos §§ 2º, 3º, 4º e 5º deste artigo, no que couber, à realização de outros atos processuais que dependam da participação de pessoa que esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de declarações do ofendido. Outros atos processuais: a videoconferência pode ser utilizada não só para o interrogatório, mas também para outros atos processuais (aos quais o preso conta com odireito de estar presente). § 9º Na hipótese do § 8º deste artigo, fica garantido o acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu defensor." (NR) Quem pode estar presente? Tanto o acusado (réu preso) quanto seu defensor (defensor que está presente no presídio) contam com o direito de participar de todos os atos processuais. Haverá, portanto, um defensor no presídio e outro no fórum (este último pode ser um advogado contratado ou um outro defensor público). Caso o réu tenha dois advogados, nada impede que um deles esteja no presídio e o outro no fórum, conforme já comentado. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 27 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO 6.1 DO OFENDIDO – ART. 201 DO CPP 6.1.1 CONCEITO O ofendido ou a vítima é o sujeito passivo da infração, aquele que sofreu diretamente a violação da norma penal ou, como diz Bettiol, é a “pessoa que é efetivamente titular daquele interesse específico e concreto que o crime nega”. Não se confunde ofendido com testemunha, pois enquanto esta é um terceiro desinteressado, aquele é um terceiro interessado que pode, inclusive, habilitar-se como assistente da acusação e compor a relação jurídica processual. A oitiva do ofendido ou vítima é obrigatória, nos termos do art. 201, do CPP: Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando- se por termo as suas declarações. Vê-se que da própria redação do artigo ressoa clara a obrigatoriedade em se ouvir a vítima, tenham ou não as partes requerido. A sua inquirição é um dever imposto ao Juiz, pois o ofendido não precisa ser arrolado, devendo ser ouvido sempre que possível, independentemente da iniciativa das partes. Mas e se o ofendido é intimado e não comparece? Neste caso, devemos aplicar a regra presente no parágrafo 1º, que deixa claro a possibilidade de condução coercitiva da vítima. Observe: § 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade. O Código de Processo Penal estabelece, exemplificativamente, três perguntas a serem feitas ao ofendido, quais sejam: As circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor e as provas que possa indicar. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 28 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO Evidentemente que o Juiz não está adstrito a estas perguntas, podendo formular tantas quantas lhe pareçam convenientes e cabíveis. 6.1.2 VALOR PROBATÓRIO Antes de qualquer coisa, caro(a) aluno(a), me responda: O valor da palavra do ofendido é relativo ou absoluto? Se você imaginou que o Juiz não tem, obrigatoriamente, que aceitar o que foi dito, devendo analisar caso a caso, com certeza você respondeu relativo, e você está correto. O valor probatório desse depoimento realmente é relativo, devendo o Juiz avaliá-lo à luz das demais provas produzidas, em conformidade com o sistema do livre convencimento. A esse respeito, nota-se que a posição da vítima é um tanto quanto paradoxal, pois ao lado de ter sido, muitas das vezes, um expectador privilegiado do fato objeto da ação penal, a posição de diretamente ofendido pela ação delituosa, no entanto, torna-o suspeito de parcialidade, ao contrário do que acontece com a testemunha. Mas, por outro lado, há determinados delitos, como os crimes contra os costumes, em que, na maioria dos casos, apenas a vítima tem condições de depor sobre os fatos dada a clandestinidade característica dessas infrações penais. Tudo irá depender do prudente arbítrio do Juiz ao avaliar a prova colhida. 6.1.3 ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI 11.690/2008 A lei nº 11.690/2008 modificou praticamente todo o texto relativo ao ofendido e trouxe importantes alterações inseridas no artigo 201. Vamos conhecê-las e estudá-las: 1. OBRIGATORIEDADE DE COMUNICAÇÃO AO OFENDIDO QUANTO A DETERMINADOS ATOS PROCESSUAIS E SOBRE A PRISÃO OU LIBERDADE DO ACUSADO ��� Este item refere-se à obrigação de o Magistrado determinar a comunicação tanto de uma ordem de prisão quanto da decisão pela liberdade provisória DURANTE O PROCESSO JUDICIAL. Imagine então que Tício confere lesões corporais graves a Mévio. Durante o inquérito, Tício é preso. Neste caso, Mévio terá que ser comunicado, correto??? CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 29 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO NÃOOOO!!! Está ERRADO, pois a regra só vale para o decorrer do PROCESSO JUDICIAL. Observe abaixo que o dispositivo legal utiliza o termo acusado e não indiciado. § 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem. E como vai ocorrer esta comunicação, será que pode ser por e-mail??? CLARO QUE.....SIM!!! Observe: § 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio eletrônico. 2. RESERVA DE LUGAR EM SEPARADO PARA O OFENDIDO, ANTES E DURANTE A REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA ��� Esta regra visa ao resguardo da integridade física e moral da vítima. § 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, será reservado espaço separado para o ofendido. 3. ENCAMINHAMENTO DO OFENDIDO A ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR ��� Sabemos que cada indivíduo responde de uma forma diferente ao passar por uma situação traumática. Com isso, a lei conferiu ao Juiz a POSSIBILIDADE, de acordo com cada caso, de encaminhar o ofendido para atendimento por equipe multidisciplinar. E o que é isso? É o atendimento por um grupo de especialistas nas áreas de assistência jurídica, saúde, psicossocial, dentre outras. Mas seria justo que o ofendido sempre pagasse por esse tratamento? Claro que não, e, exatamente por isso que a lei facultou ao Magistrado atribuir as custas do tratamento ao Estado ou ao ofensor. § 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 30 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO 4. APLICAÇÃO DE MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA PRESERVAR A HONRA, IMAGEM E VIDA PRIVADA DO OFENDIDO ��� Mais uma faculdade atribuída ao Juiz que, analisando cada caso, poderá atenuar sobremaneira o princípio da publicidade dos atos processuais. Observe: § 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação. 6.2 PROVA TESTEMUNHAL 6.2.1 CONCEITO A testemunha, em sentido próprio, é uma pessoa diversa dos sujeitos principais do processo(podemos dizer, um terceiro desinteressado) que é chamada em juízo para declarar, positiva ou negativamente, e sob juramento, a respeito de fatos que estejam relacionados ao julgamento do mérito da ação penal a partir da percepção que sobre eles (os fatos) obteve no passado. O Professor Mittermaier define a testemunha como sendo "o indivíduo chamado a depor segundo sua experiência pessoal, sobre a existência e a natureza de um fato". Para Malatesta, o fundamento da prova testemunhal reside "na presunção de que os homens percebam e narrem a verdade, presunção fundada, por sua vez, na experiência geral da humanidade, a qual mostra que no maior número de casos, o homem é verídico.” Finalizando, ensina Mirabete que “a testemunha é a pessoa que, perante o juiz, declara o que sabe acerca dos fatos sobre os quais se litiga no processo penal, ou as que são chamadas a depor, perante o juiz, sobre as suas percepções sensoriais a respeito dos fatos imputados ao acusado”. Dos três conceitos apresentados, fique atento ao segundo, pois ele já foi cobrado em prova e pode confundir facilmente o candidato. Perceba que a definição diz que no maior número de casos o homem é verídico e acreditar nisso acaba sendo complicado devido à realidade. Entretanto para a PROVA é a pura VERDADE!!! CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 31 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO 6.2.2 CLASSIFICAÇÕES Você encontrará diversas classificações e denominações para a testemunha. Apresento aqui o que realmente importa para a sua PROVA!!! a) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA DDIIRREETTAA: É a testemunha denominada de visu, ou seja, que sabe dos fatos porque os viu diretamente, os presenciou sensorialmente. Manzini só considerava verdadeiramente testemunha este tipo de declarante, pois, para ele, quem não presenciou os fatos seriam meros informantes. A lei brasileira, no entanto, não faz tal distinção, sendo que pelo sistema do livre convencimento é evidente que o Juiz pode valorar a prova da forma como melhor lhe aprouver, dando, por exemplo, valor maior à palavra da testemunha que viu do que àquelas que tomaram conhecimento por outros meios. b) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA IINNDDIIRREETTAA: Meus alunos, lembram quando o Silvio Santos (Isso mesmo, aquele do SBT) comentava sobre os filmes e dizia: “EU NÃO VI, MAS MINHA MULHER VIU E DISSE QUE É MUITO BOM!!!” Nesse caso, podemos dizer que ele é uma testemunha indireta do filme, pois, indiretamente, tomava conhecimento do conteúdo. (OK, OK, foi horrível esse exemplo, mas aposto que você não esquece mais!!!). Assim, trazendo para a esfera processual, testemunha indireta é aquela que declara ao magistrado sobre o que não presenciou, mas soube ou ouviu dizer. Teoricamente, em que pese tenha o magistrado liberdade na formação de sua convicção, trata-se de testemunha mais frágil, impondo-se, portanto, certa reserva ao magistrado na valoração de seu depoimento. c) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA PPRRÓÓPPRRIIAA: É a testemunha chamada para ser ouvida sobre o fato objeto do litígio, seja porque os tenha presenciado, seja porque deles ouviu dizer. d) TESTEMUNHA IMPRÓPRIA OU INSTRUMENTAL: A testemunha imprópria, instrumentária ou fedatária é a que depõe sobre a regularidade de um ato, ou seja, são as testemunhas que confirmam a autenticidade de um ato processual realizado. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 32 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO Depõem, portanto, sobre a regularidade de atos que presenciaram, não sobre os fatos que constituem o objeto principal do julgamento. É o caso, por exemplo, da testemunha que presenciou a apresentação de um preso em flagrante (art. 304, § 2°, do CPP); a testemunha que esteve presente na audiência em que o interrogado confessou o crime espontaneamente, sem qualquer coação; a testemunha que presenciou a apreensão de objeto realizada pela autoridade policial em diligência de busca (art. 245, § 7.°, do CPP) etc. e) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA RREEFFEERRIIDDAA: Imagine que Tício, testemunha, durante seu depoimento diz: “Eu não estava perto do local delito, mas o Mévio havia ido pegar a bola perto do galpão e ouviu tudo”. No caso de Mévio não estar arrolado como testemunha, é interessante que ele seja ouvido pelo fato de ter sido REFERIDO por Tício durante seu depoimento? Claro que sim, e agora podemos definir que testemunha referida é aquela que, embora não tenha sido arrolada nos momentos ordinários (denúncia ou queixa, para acusação; resposta à acusação, para o réu), poderá ser inquirida pelo juiz ex officio ou a requerimento das partes em razão de ter sido citada por outra testemunha, chamada de referente (art. 209, § 1°, do CPP). Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. § 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem. De acordo com o art. 401, § 1°, do CPP, esta categoria não é considerada para efeito de contagem do número máximo de testemunhas admitido em cada procedimento penal. f) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA JJUUDDIICCIIAALL: Considera-se aquela inquirida pelo juiz independentemente de ter sido arrolada por qualquer das partes ou de ter sido requerida a sua oitiva. Neste caso, a inquirição ex officio fundamenta-se no poder-dever que assiste ao magistrado de, buscando a verdade real, determinar as providências necessárias para esclarecer as dúvidas que porventura tiver. Tratando desta espécie de prova testemunhal, estabelece o art. 209 do CPP que “o juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes”. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 33 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO Precitada disposição guarda simetria com o art. 156 do CPP que, ao tratar das provas em geral, viabiliza ao juiz, depois de iniciada a instrução ou antes de proferir sentença, determinar a produção de provas para dirimir dúvidas relevantes. g) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA NNUUMMEERRÁÁRRIIAA: É a testemunha que presta compromisso ou juramento, na forma do art. 203, primeira parte, do Código de Processo Penal. Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade. h) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA NNÃÃOO CCOOMMPPRROOMMIISSSSAADDAA OOUU IINNFFOORRMMAANNTTEE: contempladas no art. 208 do CPP, são aquelas dispensadas do compromisso. Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. São os menores de 14 anos, os doentes mentais e os parentes do imputado elencados no art. 206 do CPP (cônjuge, ascendente, descendentes, irmão e afins na linha reta). De acordo com o art. 401, § 1.°, do CPP, esta categoria de testemunhas não será computada para efeito de determinaçãodo número máximo de pessoas que podem ser arroladas pelas partes nos momentos ordinários do processo criminal. Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Resumindo: CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 34 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO TESTEMUNHA DIRETA “EU VI OS FATOS” TESTEMUNHA INDIRETA “EU OUVI FALAR” TESTEMUNHA PRÓPRIA “EU VOU FALAR SOBRE O FATO EM SI E NÃO SOBRE CIRCUSTÂNCIAS ALHEIAS.” TESTEMUNHA INSTRUMENTAL (IMPRÓPRIA) “FATO? QUE FATO? VIM SÓ PARA FALAR QUE VI O ACUSADO CHEGAR NA DELEGACIA” TESTEMUNHA REFERIDA “POXA, QUE CHATO... AQUELE CARA TINHA QUE DAR COM A LÍNGUA NOS DENTES E REFERIR MEU NOME PARA O JUIZ... AGORA VOU TER QUE TESTEMUNHAR” TESTEMUNHA JUDICIAL “SEU JUIZ, SE NENHUMA DAS PARTES ME CHAMOU, PARA QUE EU ESTOU AQUI?? SERÁ QUE É POR CAUSA DO TAL PRINCÍPIO DA VERDADE REAL QUE O PROFESSOR DO PONTO COLOCOU NA AULA 01?” TESTEMUNHA NUMERÁRIA “PRESTAR COMPROMISSO? TOPO, PORQUE NÃO?” TESTEMUNHA INFORMANTE (NÃO COMPROMISSADA) “SEU JUIZ, POSSO ATÉ INFORMAR ALGUMA COISA, MAS GARANTIR QUE É VERDADE... AI NÃO” 6.2.3 CAPACIDADE PARA TESTEMUNHAR Caro(a) aluno(a), quem pode testemunhar? Encontramos esta importante resposta no artigo 202 do Código de Processo Penal, que dispõe: Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha. CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 35 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO O artigo 202 do CPP deixa claro que toda pessoa é capaz de ser testemunha. Isso significa que pode testemunhar em juízo qualquer indivíduo que tenha condições de perceber os acontecimentos ao seu redor e narrar o resultado destas suas percepções, independente de sua integridade mental, idade e condições físicas. Assim, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, pode ser arrolado o interdito, o inimputável, o surdo, o mudo etc. É claro que o valor que será dado a cada depoimento será atribuído pelo Magistrado com base no princípio da livre convicção, devendo ser considerado com reservas, por exemplo, o depoimento de uma criança de pouca idade ou de um portador de deficiência mental. 6.2.4 COMPROMISSO DA TESTEMUNHA Por compromisso sugere o Código de Processo Penal, no art. 203, o instituto que importa em advertência à testemunha quanto à sua obrigação de falar a verdade. Em nome deste pensamento é que se construiu o entendimento no sentido de que apenas a testemunha compromissada poderia responder pelo crime de falso testemunho (art. 342 do Código Penal). Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade. Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral. Entretanto, diante do exposto, podemos chegar a situações absurdas. Imagine que Tício, testemunha não compromissada, mente cada palavra de seu depoimento e, devido a isto, um inocente fica preso durante dez anos. Neste caso, frente aos atuais conceitos de ética e moralidade, tal situação é aceitável? CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 36 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO Claro que a resposta é negativa e, exatamente por isso, a jurisprudência vem firmando entendimento de que TODAS as testemunhas tem o dever de falar a verdade, aproximando em muito a testemunha compromissada da não compromissada. Observe os julgados: 6.2.5 TESTEMUNHAS NÃO SUJEITAS A COMPROMISSO Apelação criminal. Falso testemunho. Recurso defensivo. Atipicidade de conduta por ausência de compromisso. Impossibilidade. Existem duas orientações quanto à necessidade do compromisso da testemunha: para uma, não comete o crime a testemunha não compromissada, para outra corrente, a testemunha informante pode cometer o referido delito. Compartilho do segundo posicionamento e entendo que a testemunha informante (não compromissada) pode incorrer no crime de falso testemunho, pois, este surge da desobediência ao dever de afirmar a verdade, "que não deriva do compromisso" (TJ- RJ - RT ,392:116 - 2004). Desprovimento do recurso. HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA: FALSO TESTEMUNHO, ART. 342 DO CÓDIGO PENAL. Testemunha que não prestou compromisso em processo por ser prima da parte, mas que foi advertida de que suas declarações poderiam caracterizar ilícito penal. A formalidade do compromisso não mais integra o tipo do crime de falso testemunho, diversamente do que ocorria no primeiro Código da República, Decreto 847, de 11-10-1890. Quem não a é obrigado pela lei a depor como testemunha, mas que se dispõe a fazê-lo e é advertido pelo Juiz, mesmo sem ter prestado compromisso pode ficar sujeito às penas do crime de falso testemunho. Precedente: HC 66.511-0, I Turma. "Habeas Corpus" conhecido, mas indeferido. (STF, H.C. nº 69.358-0-RS, Rel. Min. Paulo Brossard). CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS PROFESSOR PEDRO IVO Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 37 DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU PROFESSOR: PEDRO IVO A regra dentro de nosso país é a obrigatoriedade de compromisso por parte das testemunhas. Entretanto, o artigo 208 do CPP dispõe: Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Do exposto, podemos resumir que as seguintes pessoas não prestarão compromisso: 11-- DDOOEENNTTEESS MMEENNTTAAIISS;; 22-- MMEENNOORREESS DDEE 1144 AANNOOSS;; 33-- PPAARREENNTTEESS DDOO RRÉÉUU EENNUUMMEERRAADDOOSS NNOO AARRTT.. 220066 DDOO CCPPPP:: AASSCCEENNDDEENNTTEESS,, DDEESSCCEENNDDEENNTTEESS,, IIRRMMÃÃOO EE CCÔÔNNJJUUGGEE,, AAIINNDDAA QQUUEE SSEEPPAARRAADDOO JJUUDDIICCIIAALLMMEENNTTEE,, EE,, PPOORR FFIIMM,, OOSS AAFFIINNSS EEMM LLIINNHHAA RREETTAA ((SSOOGGRROO,, SSOOGGRRAA EETTCC))..
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