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Perícias e Exame de Corpo de Delito no Direito Processual Penal

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CURSO ON-LINE – DIREITO PROCESSUAL PENAL - TRIBUNAIS 
PROFESSOR PEDRO IVO 
Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1
DIREITO PROCESSUAL PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - MPU 
PROFESSOR: PEDRO IVO 
 
AULA 05 – PROVA – PARTE II 
 
 
Futuro (a) Aprovado (a) 
 
Complementando o assunto PROVAS, nesta nossa aula trataremos de mais 
alguns importantes temas. 
São assuntos interessantíssimos, cujo conhecimento com certeza fará 
diferença na hora da sua prova. 
Dito isto, muita atenção!!! 
 
Bons estudos! 
******************************************************************************************************* 
5.1 DAS PERÍCIAS E DO EXAME DO CORPO DE DELITO 
 
Perícia é o exame feito em pessoas ou coisas, por profissional portador de 
conhecimentos técnicos e com a finalidade de obter informações capazes de 
esclarecer dúvidas quanto a fatos. 
Daí chamar-se perícia, em alusão à qualificação e aptidão do sujeito a quem 
tais exames são confiados. Tal é uma prova real, porque incide sobre fontes 
passivas, as quais figuram como mero objeto de exame sem participar das 
atividades de extração de informes. 
 
 5.1.1 EXAME DE CORPO DE DELITO (art. 158 a 184 CPP) 
 
5.1.1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
O corpo de delito é, em essência, o próprio fato criminal, sobre cuja 
análise é realizada a perícia criminal a fim de determinar fatores 
como autoria, temporalidade, extensão de danos etc. 
O ilustre professor MIRABETE trata do tema deixando claro a diferença 
do corpo de delito para o exame de corpo de delito, segundo o 
renomado autor: 
“Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais deixados pela 
infração penal, a materialidade do crime, aquilo que se vê, apalpa, 
sente, em suma, pode ser examinado através dos sentidos. Há 
infrações que deixam tais vestígios materiais (delicta facti 
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permanentis), como os crimes de homicídio, lesões corporais, 
falsificação, estupro etc. Há outros, porém, que não os deixam (delicta 
facti transeuntis), como os de calúnia, difamação, injúria e ameaças 
orais, violação de domicílio, desacato etc. 
Quando a infração deixa vestígios, é necessário que se faça uma 
comprovação dos vestígios materiais por ela deixados, ou seja, que se 
realize o exame do corpo de delito. Não se confunde, assim, o exame 
do corpo de delito com o próprio corpo de delito. Aquele é um auto em 
que se descrevem as observações dos peritos e este é o próprio crime 
em sua tipicidade. O exame destina se à comprovação por perícia dos 
elementos objetivos do tipo, que diz respeito, principalmente, ao 
evento produzido pela conduta delituosa, de que houve o "resultado", 
do qual depende a existência do crime (art. 13, caput, do CP). O corpo 
de delito se comprova através da perícia; o laudo deve registrar a 
existência do próprio delito.” 
 
O exame de corpo de delito pode ser classificado em: 
 
1. DIRETO � É o exame realizado diretamente sobre o corpo 
de delito. 
2. INDIRETO � Advém de um raciocínio lógico, indutivo 
através de informações colhidas com o ofendido ou com 
testemunhas. 
 
Para exemplificar imaginemos que Tício arrombou a janela de uma 
casa para realizar um furto. Neste caso, a análise realizada na janela 
arrombada será um exame de corpo de delito DIRETO. 
Agora pensemos em uma situação em que Tícia foi estuprada por 
Mévio e, com vergonha, aguarda um mês para dar conhecimento do 
fato às autoridades policiais. 
Neste caso, obviamente, não há como realizar um exame de corpo de 
delito na vítima, pois, devido ao decurso do tempo, os vestígios já não 
existem. 
Assim, deverá ser empregado o exame de corpo de delito indireto que 
levará em consideração o narrado pela ofendida, testemunhas, exame 
realizado por médico particular etc. 
 
5.1.1.2 OBRIGATORIEDADE DO EXAME DE CORPO DE DELITO 
 
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O CPP dispõe sobre o exame de corpo de delito deixando clara a sua 
OBRIGATORIEDADE, quando a infração deixar vestígios. Observe: 
 
 Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será 
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
(grifo nosso) 
 
E quando não deixar vestígios? Complementando o supracitado artigo 
preceitua o Código: 
 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de 
testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
 
Do exposto, ficamos com a impressão de que SÓ a prova testemunhal 
poderá suprir a falta do exame de corpo de delito direto ou indireto. 
Mas será que é isso mesmo? Será que a prova testemunhal tem um 
valor maior que as outras provas? 
É claro que não, e exatamente por isso que a jurisprudência vem 
aceitando que não apenas a prova testemunhal, mas qualquer outra, 
excetuando-se apenas a confissão do acusado que é ressalvada 
expressamente no art. 158, é capaz de suprir a falta da pericia na 
ocorrência do desaparecimento dos vestígios. 
Desta forma já se pronunciou o STJ em diversos julgados. Observe: 
 
 
 
 
 
 
 
Para finalizar este tópico é importante ressaltar que a doutrina e 
jurisprudência majoritária consideram que caso o desaparecimento de 
um vestígio tenha ocorrido por culpa do estado, não será possível a 
aplicação do art. 167 para suprir o exame de corpo de delito direto ou 
indireto. 
 
5.1.1.3 FORMALIDADES EXIGIDAS PARA O EXAME 
O exame de corpo de delito direto pode ser 
suprido, quando desaparecidos os vestígios 
sensíveis da infração penal, por outros 
elementos de caráter probatório existentes nos 
autos, notadamente os de natureza testemunhal 
ou documental. (STJ, HC 23.898). 
 
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O Art. 159, caput, do CPP, preleciona: 
 
 Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias 
serão realizados por perito oficial, portador de diploma de 
curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008). 
 
Esse supra artigo revela uma importantíssima inovação trazida pela lei 
nº 11.690/2008 que retirou a antiga obrigação de termos 02(dois) 
peritos oficiais para o exercício do exame e atribuiu validade para que só 
um possa realizar a perícia. 
É importante ressaltar a necessidade de este perito possuir curso 
superior, salvo se tiver ingressado na carreira antes da vigência da 
supracitada lei (tal preceito não se aplica aos peritos médicos). 
Mas e se o juiz não tiver peritos oficiais disponíveis. O que fazer? 
Aplicar-se-á o seguinte dispositivo do Código: 
 
Art. 159. [...] 
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 
(duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso 
superior preferencialmente na área específica, dentre as que 
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do 
exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de 
bem e fielmente desempenhar o encargo. (Redação dada 
pela Lei nº 11.690, de 2008) 
Assim, respondendo ao questionamento, na ausência de peritos oficiais o 
exame dera realizado por: 
• DUAS PESSOAS IDÔNEAS; 
• COM DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR 
• COM HABILITAÇÃO TÉCNICA RELACIONADA COM A 
ÁREA. 
5.1.1.4 RELAÇÃO DAS PARTESCOM A PERÍCIA 
 
A nova redação dada ao CPP trouxe inovações sobre este tema. Observe 
o disposto: 
 
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Art. 159. 
[...] 
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de 
acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a 
formulação de quesitos e indicação de assistente 
técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão 
pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do 
laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta 
decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 
O assistente técnico é um perito que irá atuar por indicação das partes, 
devendo, porém, aguardar sua admissão no processo por decisão do 
juiz. 
Conforme redação do § 4o, sua atuação será 
A lei é clara ao estabelecer que não há obrigatoriedade de indicação de 
assistente técnico por qualquer das partes, mas simples faculdade, 
ficando a critério dos sujeitos processuais decidir se o indicarão ou não. 
Esse assistente técnico atuará somente depois de ser admitido pelo Juiz 
e após a conclusão dos exames e da elaboração do laudo pelos "peritos 
oficiais". As partes serão intimadas da decisão de admissão do 
assistente técnico (art. 159, §4º, CPP). 
A nova lei faculta às partes requerer, com antecedência de 10 dias em 
relação à audiência, a oitiva dos peritos para esclarecimento da prova ou 
para resposta a quesitos, e neste último caso o perito poderá apresentar 
resposta em laudo complementar. 
Poderão, igualmente, apresentar pareceres redigidos pelo assistente 
técnico, em prazo a ser fixado pelo Juiz, sendo que o assistente técnico 
poderá ser indicado para oitiva em audiência (art. 159, §5º, I e II, CPP). 
Art. 159. 
[...] 
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às 
partes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 
2008) 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova 
ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de 
intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas 
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sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) 
dias, podendo apresentar as respostas em laudo 
complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar 
pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos 
em audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 
O Código de Processo Penal prevê também que, se houver requerimento 
das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será 
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua 
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, 
salvo se for impossível a sua conservação (art. 159, §6º, CPP). 
Trata-se de previsão redundante, eis que o art. 170 do Código já previa, 
e continua prevendo, que os peritos devem guardar material suficiente 
para e eventualidade de nova perícia. Talvez se tenha desejado destacar 
que o material que serviu de base à perícia não sairá das dependências 
do órgão pericial, evitando-se eventual extravio de tal material. 
 
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material 
probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado 
no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua 
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos 
assistentes, salvo se for impossível a sua 
conservação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) 
 
 Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão 
material suficiente para a eventualidade de nova perícia. 
Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com 
provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou 
esquemas. 
 
Por fim, estabeleceu-se que, em caso de perícia complexa envolvendo 
mais de uma área de conhecimento especializado, mais de um perito 
oficial poderá ser designado, assim como a parte poderá indicar mais de 
um assistente técnico (art. 159, §7º, CPP). 
 
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de 
uma área de conhecimento especializado, poder-se-á 
designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte 
indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 
11.690, de 2008) 
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5.1.1.5 DIVERGÊNCIA DOS PERITOS 
 
Após a realização das perícias, os peritos deverão elaborar laudos no 
prazo máximo de dez dias, sendo possível a prorrogação. Veja: 
 
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde 
descreverão minuciosamente o que examinarem, e 
responderão aos quesitos formulados. (Redação dada pela 
Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo 
máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em 
casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (Redação 
dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) 
Com as modificações inseridas no CPP, principalmente a que não exige 
mais a presença de dois peritos oficiais (REGRA GERAL), a quantidade de 
divergências têm-se diminuído. Entretanto imaginemos que a perícia foi 
realizada por dois peritos não-oficiais e eles divergiram quanto às 
conclusões. Neste caso aplica-se a regra presente no Art. 180 do CPP 
que dispõe: 
 
 Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão 
consignadas no auto do exame as declarações e respostas 
de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o 
seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este 
divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a 
novo exame por outros peritos. 
 
Finalizando o assunto, é importante deixar claro que existem outras 
situações elencadas no CPP em que o Magistrado poderá consultar outros 
peritos ou exigir a complementação/esclarecimento do laudo, observe: 
 
Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no 
caso de omissões, obscuridades ou contradições, a 
autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, 
complementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada pela Lei 
nº 8.862, de 28.3.1994) 
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Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que 
se proceda a novo exame, por outros peritos, se julgar 
conveniente. 
 
5.2.1.6 MOMENTO DA PERÍCIA 
 
Sobre o tema discorre o CPP: 
 
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em 
qualquer dia e a qualquer hora. 
 
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois 
do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de 
morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o 
que declararão no auto. 
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o 
simples exame externo do cadáver, quando não houver 
infração penal que apurar, ou quando as lesões externas 
permitirem precisar a causa da morte e não houver 
necessidade de exame interno para a verificação de alguma 
circunstância relevante. 
 
Podemos resumir que a perícia poderá ser realizada: 
 
REGRA ��� QUALQUER DIA E HORA, SEM RESTRIÇÕES QUANTO A 
FERIADOS, DOMINGOS, PERÍODO NOTURNO ETC.EXCEÇÃO ��� EXAME INTERNO DO CADÁVER QUE DEVERÁ SER 
FEITO NO MÍNIMO SEIS HORAS APÓS A MORTE. 
 
5.2.1.7 LIVRE APRECIAÇÃO DO MAGISTRADO 
 
O código de processo penal adotou o chamado sistema liberatório de 
apreciação da prova pericial no qual o Juiz não é obrigado a aceitar o que 
foi atestado pelo perito. 
Tal sistema opõe-se ao chamado sistema vinculatório em que, como o 
próprio nome diz, o Magistrado está vinculado ao laudo. Adotando 
aquele sistema preceitua o CPP: 
 
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 Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo 
aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
 
A doutrina e jurisprudência vêm entendendo que tal regra não é 
absoluta, pelo fato de o Juiz não poder rejeitar a afirmação dos peritos 
com relação à EXISTÊNCIA DO CORPO DE DELITO. 
Só para ficar mais claro imaginemos um laudo pericial que ateste que o 
indivíduo sofreu lesões corporais graves. Nada impede que o Juiz, com 
base no Art. 182, entenda que a lesão foi leve ou gravíssima, entretanto 
não pode o Magistrado negar a existência da lesão. 
Exatamente por isso que o Art. 184 do CPP preceitua que o Juiz não 
poderá negar a realização de perícias complementares que tenham por 
objeto a comprovação do corpo de delito. 
 
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz 
ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas 
partes, quando não for necessária ao esclarecimento da 
verdade. 
 
5.2.1.8 FORMAS DE PERÍCIAS 
 
• AUTOPSIA ��� Consiste no exame interno do cadáver, 
sendo necessário no caso de morte violenta, salvo se 
houver certeza da causa mortis e da ausência de indícios 
de que tenha ocorrido infração penal. Encontra base no já 
visto Art. 162 do CPP. 
• EXUMAÇÃO ��� Ato de retirar o cadáver da sepultura. 
Necessidade de autorização judicial e demonstração de 
justa causa. Sobre o tema dispõe o CPP: 
Art. 163. Em caso de exumação para exame 
cadavérico, a autoridade(policial) providenciará 
para que, em dia e hora previamente marcados, se 
realize a diligência, da qual se lavrará auto 
circunstanciado. 
Parágrafo único. O administrador de cemitério 
público ou particular indicará o lugar da sepultura, 
sob pena de desobediência. No caso de recusa ou 
de falta de quem indique a sepultura, ou de 
encontrar-se o cadáver em lugar não destinado a 
inumações, a autoridade procederá às pesquisas 
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necessárias, o que tudo constará do auto. (grifo 
nosso) 
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do 
cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento 
pelo Instituto de Identificação e Estatística ou 
repartição congênere ou pela inquirição de 
testemunhas, lavrando-se auto de reconhecimento e 
de identidade, no qual se descreverá o cadáver, com 
todos os sinais e indicações. 
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão 
arrecadados e autenticados todos os objetos 
encontrados, que possam ser úteis para a 
identificação do cadáver. 
 
• ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO ��� Nos crimes 
cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a 
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, 
além de descrever os vestígios, indicarão com que 
instrumentos, por que meios e em que época presumem 
ter sido o fato praticado. 
• INCÊNDIO ��� No caso de incêndio, os peritos verificarão 
a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que 
dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio 
alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais 
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. 
• RECONHECIMENTO DE ESCRITOS ��� A autoridade 
intimará a pessoa sob investigação e poderá utilizar para 
comparação qualquer documento sob o qual pese certeza 
que possui a caligrafia do investigado. Não possuindo 
documentos pode a autoridade solicitar documentação de 
órgãos públicos. Por fim, quando não houver escritos para 
a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a 
autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for 
ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, 
esta última diligência poderá ser feita por precatória, em 
que se consignarão as palavras que a pessoa será 
intimada a escrever. 
 
5.2.1.9 EXAME POR PRECATÓRIA 
 
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Carta precatória é um instrumento utilizado pela Justiça quando 
existem indivíduos em comarcas diferentes. É um pedido que um juiz 
envia a outro de outra comarca. 
Assim, um juiz (dito deprecante), envia carta precatória para o juiz de 
outra comarca (dito deprecado), para citar o réu ou testemunha a 
comparecer aos autos. É uma competência funcional horizontal, não 
havendo hierarquia entre deprecante e deprecado. 
No caso de um exame por precatória, dispõe o Código: 
 
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos 
far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de 
ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser 
feita pelo juiz deprecante. 
 Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão 
transcritos na precatória. 
 
Para exemplificar, pensemos em um processo no RJ que precisa de um 
exame em Manaus. Regra geral os peritos serão nomeados no juízo 
deprecado (Manaus), SALVO no caso de ação penal privada em que haja 
acordo entre as partes. 
 
*************************************************************** 
Futuro (a) Aprovado (a), 
 
A partir de agora passaremos ao estudo dos meios de 
prova. 
Sendo assim, respire fundo, recarregue as energias e 
vamos em frente, pois, nesta reta final, o importante é 
adquirir conhecimento e ficar cada vez mais próximo 
da tão sonhada aprovação. 
Bons estudos! 
*************************************************************** 
 
5.2 INTERROGATÓRIO 
 
 5.2.1 CONCEITO 
 
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O professor Fernando Capez define o interrogatório como “o ato judicial no 
qual o Juiz ouve o acusado sobre a imputação contra ele formulada”. Ainda 
segundo Capez, “é ato privativo do Magistrado e personalíssimo do 
acusado”. 
Ampliando o conceito, o ilustríssimo Norberto Avena leciona que o 
interrogatório é “ corolário da ampla defesa e do contraditório e sua 
oportunidade está prevista em todos os procedimentos criminais, embora 
possa existir variação quanto ao momento em que deva ser aprazado.” Por 
exemplo: 
 
• No procedimento do Júri, será realizado após a produção de 
prova oral em audiência; 
 
• No rito para apuração dos crimes relacionados a drogas, 
este ato está previsto para a fase que antecede a instrução 
criminal, o mesmo ocorrendo na apuração do crime de 
abuso de autoridade. 
 
Caro aluno, após a leitura atenta dos conceitos até aqui apresentados, 
surge um importante questionamento: O interrogatório é meio de prova ou 
de defesa? 
A resposta para esta pergunta gera, até hoje, inúmeros debates 
doutrinários. Entretanto, para a sua prova, adote o entendimento que o 
interrogatório é concomitantemente meio de prova e meio de defesa, 
pois enquanto o acusado se defende,não deixa de ministrar ao Juiz 
elementos úteis à apuração da verdade, seja pelo confronto com provas 
existentes, seja por circunstâncias e particularidades das próprias 
declarações que presta. 
Sobre o tema, já se pronunciou o STJ: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[...] 
Por outra ótica, foi privilegiada novamente o direito de 
presença como braço do direito a ampla defesa, nesse 
particular no que diz respeito ao direito do co-réu formular 
reperguntas ao outro litisconsórcio passivo do processo, 
assegurando o caráter híbrido do ato de 
interrogatório, enquanto meio de defesa e de prova 
(STJ, 6.º T., REsp 60.067-7/SP, rel. Min. Luiz Vicente 
Cernicchiaro). 
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 5.2.2 CARACTERÍSTICAS 
 
O interrogatório apresenta uma série de características, dentre as quais 
podemos destacar: 
 
• ORALIDADE � Aplica-se ao interrogatório a regra da oralidade. 
Todavia, a legislação Processual prevê como exceção nos artigos 192 
e 193 regras para o interrogatório de surdo, mudo, surdo-mudo e de 
estrangeiro. Observe: 
 
 
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-
mudo será feito pela forma seguinte: 
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, 
que ele responderá oralmente; 
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, 
respondendo-as por escrito; 
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por 
escrito e do mesmo modo dará as respostas. 
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou 
escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob 
compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. 
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, 
o interrogatório será feito por meio de intérprete. 
 
É importante ressaltar que a nova redação do CPP deu fim à antiga regra 
em que o Magistrado ditava as respostas do acusado para que fossem 
reduzidas a termo. Hoje, a transcrição é feita com fidelidade ao que foi 
dito pelo réu. 
Pela importância para a prova, do conhecimento da revogação do citado 
artigo, reproduzo a antiga redação: 
 
Art. 195. As respostas do acusado serão ditadas pelo 
juiz e reduzidas a termo, que, depois de lido e 
rubricado pelo escrivão em todas as suas folhas, será 
assinado pelo juiz e pelo acusado. 
 
 
 
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• OBRIGATORIEDADE � O interrogatório do réu no curso de um 
processo penal é imprescindível, sob pena de nulidade processual. 
Mas esta nulidade é absoluta ou relativa? 
Antes de respondermos a esta pergunta, vamos abrir o dicionário do 
concurseiro e relembrar ou aprender o que é e quais as diferenciações 
entre a nulidade absoluta e relativa. 
Observe: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agora, para responder a pergunta (nulidade é absoluta ou relativa), 
precisamos entender que atualmente há uma grande discussão 
doutrinária quanto à obrigatoriedade do interrogatório nos específicos 
casos em que o acusado, injustificadamente, não comparece na data 
marcada pelo juízo. 
Como disse, doutrinariamente há muita discussão, mas a 
jurisprudência, que neste caso é o que importa para sua PROVA, tem 
flexibilizado a exigência e considerado a ausência de interrogatório, 
NESTA HIPÓTESE APRESENTADA, um caso de nulidade relativa. 
 
Neste sentido, já se posicionou o STJ. Observe: 
 
 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
NULIDADE ABSOLUTA X RELATIVA 
Quanto ao dano ou prejuízo, a nulidade absoluta tem o prejuízo presumido, ou seja, 
ocorrente, o ato está, por nascimento viciado, não havendo como ser consertado. 
No tocante as nulidades relativas, a demonstração do prejuízo deve ser efetuada 
pela parte que argüir. Assim, somente haverá declaração do vício se não ocorrer 
outra possibilidade de se reparar o ato procedimental. 
Já com relação ao momento para arguição, a nulidade absoluta pode ser 
reconhecida a qualquer tempo, mesmo após o trânsito em julgado e em qualquer 
grau de jurisdição, assim, nunca preclui. A exceção dessa regra é o acolhimento de 
nulidade absoluta em prejuízo do réu, se não arguída pela acusação. 
Quanto à nulidade relativa, deve ser arguída no momento oportuno, sob pena de 
preclusão. Assim, deve ser verificado, no sistema processual, qual o ato passível de 
nulidade, pois cada procedimento possui um momento fatal para argüição. O artigo 
571 do CPP, nos mostra quando as nulidades devem ser arguídas 
peremptoriamente. 
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• ATO PERSONALÍSSIMO DO IMPUTADO � O imputado é que 
deve ser interrogado, não sendo cabível qualquer substituição ou 
representação. 
Mas e se ele não possuir condições mentais? 
Neste caso, temos que diferenciar duas situações: 
 
� A INCAPACIDADE SURGIU A PARTIR DA PRÁTICA DA 
INFRAÇÃO � Aqui não há que se falar em interrogatório, 
pois, necessariamente, será seguida a regra prevista no 
artigo 152 do CPP. Observe: 
Art. 152. Se se verificar que a doença mental sobreveio 
à infração o processo continuará suspenso até que o 
acusado se restabeleça 
 
� NO MOMENTO DA INFRAÇÃO O INDIVÍDUO ERA INCAPAZ ��� 
O processo criminal transcorre normalmente com a presença 
de um curador, MAS o interrogatório segue regra especial 
definida pelo STF, segundo o qual se tratando de réu 
inimputável, cuja situação pessoal tenha sido objeto de 
positiva constatação em pericia médico-psiquiatrica realizada 
ainda na fase interrogatória do inquérito policial, não há 
como exigir do magistrado processante a realização do ato 
de interrogatório, que se revela, por seu caráter 
personalíssimo, de todo incompatível com a incapacidade de 
autodeterminação daquele que é convocado a comparecer 
"CRIMINAL. RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. RÉU 
REVEL. FALTA DE INTERROGATÓRIO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. 
NÃO IMPUGNAÇÃO NO MOMENTO OPORTUNO. RECURSO 
DESPROVIDO. 
 
I. Hipótese em que, citado por edital, o réu não compareceu à 
audiência de interrogatório, tendo passado a comparecer aos atos 
processuais já na fase de oitiva das testemunhas de defesa. 
 
II. Ausência de impugnação acerca da não realização do 
interrogatório. 
 
III. Não se justifica a anulação da sentença, por ausência de 
realização do interrogatório, se não suscitada no momento oportuno. 
 
IV. Recurso desprovido." (RESP-888.842/BA, Relator Ministro 
Gilson Dipp, DJ 04.06.07) 
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em juízo penal na condição de acusado. Em tal circunstancia, 
incumbirá ao Juiz, se os peritos concluírem que o réu era 
penalmente inimputável ao tempo da infração, ordenar o 
prosseguimento da "persecutio criminis", com a presença de 
curador, que atuará, ressalvados os atos de caráter 
personalíssimo, como "representante" do imputado nos 
demais atos processuais. Pela clareza e com fim de fazer 
uma revisão do que vimos aqui, apresento a íntegra o 
julgado do STF. Observe:• PUBLICIDADE � Regra geral, o interrogatório será público e isto 
visa garantir que o procedimento ocorra dentro da lisura e dos 
HABEAS CORPUS - PACIENTE INIMPUTAVEL - ABSOLVIÇÃO SUMARIA - 
IMPOSIÇÃO DE MEDIDA DE SEGURANÇA - PRETENDIDA ANULAÇÃO DO 
PROCESSO-CRIME POR AUSÊNCIA DO INTERROGATORIO JUDICIAL - 
NULIDADE RELATIVA - ATO PROCESSUAL NÃO REALIZADO EM FACE 
DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO ACUSADO - INOCORRENCIA DE 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL - ORDEM DENEGADA. 
O interrogatório judicial, qualquer que seja a natureza jurídica que se 
lhe reconheça - "meio de prova, meio de defesa ou meio de prova e de 
defesa" - constitui ato necessário do processo penal condenatório, 
impondo-se a sua realização, quando possível, mesmo depois da 
sentença de condenação, desde que não se tenha consumado, ainda, o 
trânsito em julgado. - Consoante orientação jurisprudencial firmada 
pelo Supremo Tribunal Federal, a falta do ato de interrogatório em juízo 
constitui nulidade meramente relativa, suscetível de convalidação, 
desde que não alegada na oportunidade indicada pela lei processual 
penal (RTJ 73/758). A ausência da argüição desse vício formal, em 
tempo oportuno, opera insuperável situação de preclusão temporal da 
faculdade processual de suscitá-lo. - Tratando-se de réu inimputável, 
cuja situação pessoal tenha sido objeto de positiva constatação em 
pericia médico-psiquiatrica, realizada ainda na fase interrogatória do 
inquérito policial, não há como exigir ao magistrado processante a 
realização do ato de interrogatório, que se revela, por seu caráter 
personalíssimo, de todo incompatível com a incapacidade de 
autodeterminação daquele que e convocado a comparecer em juízo 
penal na condição de acusado. Em tal circunstancia, incumbira ao Juiz, 
se os peritos concluírem que o réu era penalmente inimputável ao 
tempo da infração, ordenar o prosseguimento da "persecutio criminis", 
com a presença de curador, que atuara, ressalvados os atos de caráter 
personalíssimo, como "representante" do imputado nos demais atos 
processuais (STF, HC 68.131/DF) 
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preceitos legais. Entretanto, tal regra não é absoluta, pois há a 
possibilidade, nos casos em que puder resultar em escândalo, 
perturbação da ordem pública ou inconveniente grave, do 
Magistrado optar por realizar o interrogatório com as portas 
fechadas. 
 
• INDIVIDUALIDADE � Característica presente no Código de 
Processo Penal, que dispõe sobre o caso em que existem dois 
indivíduos para serem interrogados. Será que é possível o 
interrogatório em conjunto? A resposta é negativa, observe: 
 
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão 
interrogados separadamente 
 
 5.2.3 OBRIGATORIEDADE DE ADVOGADO 
 
Caro(a) aluno(a), procure em seu Código de Processo Penal o Artigo 194... 
Achou? Como assim... Está faltando??? Ainda bem, isto quer dizer que seu 
código está atualizado pelo menos até 2004. 
O antigo texto do CPP previa a necessidade de curador no interrogatório, 
mas em nada tratava do advogado. Isto dava ensejo a diversos debates 
doutrinários, fato este hoje completamente superado. 
Hoje em dia, com base no artigo 185 do CPP, há obrigatoriedade da 
presença do advogado, sob pena de nulidade absoluta. Veja: 
 
Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade 
judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e 
interrogado na presença de seu defensor, constituído ou 
nomeado. (grifo nosso) 
 
 5.2.4 DIREITO DE ENTREVISTA RESERVADA 
 
Sobre o tema, discorre o CPP: 
 
Art. 185 
[...] 
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§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz 
garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada 
com o seu defensor; 
 
Antes da realização do interrogatório, o juiz assegurará o direito de 
entrevista reservada do acusado com seu defensor. 
Veja-se que, o CPP traz uma regra impositiva, um imperativo, não uma 
faculdade conferida ao Juiz. 
Portanto, não tendo o acusado constituído Advogado, deverá este ser 
nomeado, sendo-lhe garantido o contado pessoal e reservado com o 
acusado, sob pena de nulidade. 
Poderá o acusado, então, antes de exercer seu direito de autodefesa (neste 
momento consubstanciado no seu direito de audiência), receber orientações 
de quem realizará sua defesa técnica, ampliando-lhe as possibilidades 
defensivas. 
O Magistrado deve fazer constar em ata que foi assegurado ao réu o direito 
de entrevista. 
Mas e se o Juiz esquecer-se de consignar em ata, anula tudo? 
Esta pergunta foi feita ao STJ, que respondeu que: Mesmo não havendo 
esta referência expressa, se evidenciado pela leitura do termo de 
interrogatório que foi assegurada à defesa a entrevista reservada entre o 
acusado e seu defensor, antes da realização do ato, descabe reconhecer 
qualquer nulidade. 
Para finalizar, imaginemos uma situação em que o Juiz não pergunta se o 
réu quer entrevista reservada e este também não se manifesta. Neste caso, 
o réu poderia solicitar a nulidade do feito? Segundo o STF, a resposta é 
negativa. Observe: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
STJ - HABEAS CORPUS: HC 108135 MG 2008/0124970-9 
1. Em tema de nulidades processuais, o nosso Código de Processo Penal 
acolheu o princípio pas de nullité sans grief, do qual se dessume que 
somente se há de declarar a nulidade do feito quando resultar prejuízo 
devidamente demonstrado pela parte interessada. 
2. Observa-se, na espécie, que não houve qualquer gravame ou 
constrangimento ao exercício de defesa do acusado, pois o paciente 
compareceu em juízo sem representante legal e o juiz, ao tomar 
conhecimento dessa situação, nomeou-lhe defensor público. Este, por 
sua vez, não requereu a entrevista reservada e procedeu a sua defesa. 
Note-se que a ausência de realização de entrevista reservada em nada 
obstruiu a defesa do acusado, não tendo, inclusive, impedido o defensor 
público de formular perguntas durante o interrogatório. 
 
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5.3.5 DIREITO AO SILÊNCIO – PRIVILÉGIO NEMO TENETUR SE 
DETEGERE 
O artigo 186 do CPP deixa claro o direito de permanecer calado do réu e 
atribui ao Juiz o dever de informar o acusado desta possibilidade. O texto 
legal trata do tema da seguinte forma: 
 
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do 
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, 
antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de 
permanecer calado e de não responder perguntas que lhe 
forem formuladas. 
 
Agora imaginemos que Tício vai ser julgado e o promotor público pergunta: 
“VOCÊ MATOU MÉVIA?” Resposta: (Silêncio). E o promotor: “Responda, 
MATOU OU NÃO?” Resposta: (Silêncio). Após trezentas perguntas e 
trezentos silêncios, o Juiz poderá pensar no velho ditado de que quem cala 
consente??? 
É claro que não, pois o parágrafo único do artigo 186 veda esta 
possibilidade. 
Observe: 
 
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, 
não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. 
 
“Mas professooor...E o artigo 198 do CPP ?” 
 
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, 
mas poderá constituir elemento para a formação do 
convencimento do juiz.Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, este artigo conflita 
com a Constituição Federal e, embora não tenha sido expressamente 
revogado, não encontra mais aplicabilidade. 
Desta forma, para sua PROVA, leve o firme entendimento que: 
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 5.3.6 PROCEDIMENTO 
 
O CPP define uma série de procedimentos a serem seguidos para a validade 
do interrogatório. 
A fim de facilitar os seus estudos, vamos esquematizar: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUALIFICAÇÃO DO 
ACUSADO 
(ART. 185 DO CPP) 
INFORMAÇÃO 
SOBRE O DIREITO 
AO SILÊNCIO 
(ART. 186 DO CPP) 
PERGUNTAS DO 
JUIZ AO RÉU 
(ART. 187 DO CPP) 
PERGUNTAS SUBJETIVAS 
(ART. 187, § 1o DO CPP) 
 
Residência, meios de vida ou profissão, 
oportunidades sociais, lugar onde exerce 
a sua atividade, vida pregressa, 
notadamente se foi preso ou processado 
alguma vez e, em caso afirmativo, qual o 
juízo do processo, se houve suspensão 
condicional ou condenação, qual a pena 
imposta, se a cumpriu e outros dados 
familiares e sociais. 
PERGUNTAS OBJETIVAS 
(ART. 187, § 2o DO CPP) 
 
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; 
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo 
particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a 
quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e 
se com elas esteve antes da prática da infração ou depois 
dela; 
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se 
teve notícia desta; 
IV - as provas já apuradas; 
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por 
inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas; 
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a 
infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e 
tenha sido apreendido; 
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à 
elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração; 
VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. 
 
O JUIZ FACULTARÁ A 
REALIZAÇÃO DE PERGUNTAS ÀS 
PARTES, PODENDO INDEFERÍ-LAS 
SE NÃO FOREM RELEVANTES OU 
PERTINENTES 
(ART. 188 DO CPP) 
 
OO SSIILLÊÊNNCCIIOO NNÃÃOO PPOODDEERRÁÁ SSEERR 
IINNTTEERRPPRREETTAADDOO EEMM PPRREEJJUUÍÍZZOO DDAA DDEEFFEESSAA.. 
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Finalizando, é importante ressaltar que poderá ser realizado novo 
interrogatório a qualquer tempo. 
Para que tal fato ocorra, basta a determinação de ofício do Magistrado ou 
um requerimento devidamente fundamentado formulado pelas partes. 
Observe: 
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo 
interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de 
qualquer das partes. 
 
 5.3.7 O INTERROGATÓRIO POR MEIO DE VIDEOCONFERÊNCIA 
 
Caro (a) Aluno (a), agora trataremos de uma inovação no nosso 
ordenamento jurídico e como você já sabe as bancas A D O R A M 
novidades. Sendo assim, muita atenção e calma na leitura deste tópico, 
pois é bem possível que apareçam questões sobre este assunto na sua 
prova. 
Com o advento da Lei nº 11.900/2009, o artigo 185, parágrafo 2º do 
Código de Processo Penal passou a autorizar que o interrogatório judicial do 
preso, em algumas situações, seja realizado mediante o sistema de 
videoconferência ou de outro recurso de transmissão de sons e imagens em 
tempo real. 
Para começarmos a entender como o legislador introduziu esta nova forma 
de interrogatório, vamos analisar o artigo 185 do CPP: 
 
Art. 185. 
§ 1º O interrogatório do réu preso será realizado, em sala 
própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, 
desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do 
membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a 
presença do defensor e a publicidade do ato. 
 
Há três formas de se interrogar o réu preso: 
(a) pessoalmente, dentro do presídio onde se encontra; 
(b) pessoalmente, no fórum e 
(c) por videoconferência. 
 
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O § 1º do art. 185 cuida da primeira situação (interrogatório pessoal dentro 
do presídio). Deve o ato ser realizado em sala própria e é fundamental o 
fator segurança (que pode ser conseguida com a presença de agentes 
penitenciários ou policiais, separação da sala do restante do presídio etc.). 
A lei fala em segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos 
auxiliares do juiz, mas, obviamente, a segurança tem que valer para todas 
as pessoas envolvidas no ato (advogados, o próprio réu etc.). 
Sem a presença de defensor, o ato é nulo, mesmo porque pode o defensor 
fazer perguntas (no momento do interrogatório). A publicidade do ato 
decorre do sistema processual brasileiro (acusatório), que possibilita amplo 
acesso de qualquer pessoa aos atos processuais. A exigência de "sala 
própria" (contida neste mesmo § 1º) inclui também a possibilidade de 
acesso público a ela, por isso, essa "sala especial" deve ser 
arquitetonicamente separada do local físico onde se encontram os demais 
presos do presídio. 
Em qualquer modalidade de interrogatório (presencial no presídio, 
presencial no fórum ou por videoconferência), o juiz garantirá ao réu o 
direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor (§ 5º, do art. 
185). 
 
§ 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, 
de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o 
interrogatório do réu preso por sistema de 
videoconferência ou outro recurso tecnológico de 
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que 
a medida seja necessária para atender a uma das 
seguintes finalidades: 
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista 
fundada suspeita de que o preso integre organização 
criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante 
o deslocamento; 
II - viabilizar a participação do réu no referido ato 
processual, quando haja relevante dificuldade para seu 
comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra 
circunstância pessoal; 
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha 
ou da vítima, desde que não seja possível colher o 
depoimento destas por videoconferência, nos termos do 
art. 217 deste Código; 
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. 
 
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A realização de qualquer ato processual por videoconferência é 
EEXXCCEEPPCCIIOONNAALL.. Em regra, o ato deve ser realizado com a presença 
física do réu no local do próprio ato (ou no presídio ou no fórum). ESSA É A 
REGRA. Excepcionalmente, o ato pode ser realizado por videoconferência. 
Quando? Quando o juiz fundamentar a sua necessidade. É preciso explicar 
os motivos da decisão, aliás, como veremos em seguida, a decisão tem 
motivação vinculada porque a lei elencou as hipóteses de cabimento do ato. 
O juiz (para a realização da videoconferência) pode agir de ofício ou a 
requerimento das partes. 
A lei elencou as possíveis finalidades do uso da videoconferência: 
 
1. PREVENIR RISCO À SEGURANÇA PÚBLICA, QUANDOEXISTA 
FUNDADA SUSPEITA DE QUE O PRESO INTEGRE ORGANIZAÇÃO 
CRIMINOSA OU DE QUE, POR OUTRA RAZÃO, POSSA FUGIR 
DURANTE O DESLOCAMENTO ��� 
Todo transporte de preso gera risco para a segurança pública. Não é, 
entretanto, esse risco genérico que justifica o uso da 
videoconferência. O risco deve ser fundamentado em suspeita 
fundada (não se trata de uma suspeita vaga, infundada, genérica) de 
que o preso integra organização criminosa (réu já acusado 
formalmente de pertencer ao PCC, por exemplo). O outro fundamento 
é de que pode o réu fugir durante seu deslocamento. É preciso que 
haja indícios sérios desse fato. 
 
2. VIABILIZAR A PARTICIPAÇÃO DO RÉU NO REFERIDO ATO 
PROCESSUAL, QUANDO HAJA RELEVANTE DIFICULDADE PARA 
SEU COMPARECIMENTO EM JUÍZO, POR ENFERMIDADE OU 
OUTRA CIRCUNSTÂNCIA PESSOAL��� 
Sábia orientação da lei no sentido de procurar assegurar a 
participação do réu no ato processual (via videoconferência) quando 
haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo. São 
múltiplas as dificuldades que existem para garantir o comparecimento 
do réu em juízo. A lei elencou duas: enfermidade ou outra 
circunstância pessoal (réu jurado de morte, por exemplo). Uma das 
mais comuns razões (falta de escolta) não foi elencada, mas, segundo 
doutrina majoritária, nada impede que o juiz, por analogia (in bonam 
partem), faça uso da videoconferência em todas as hipóteses de 
dificuldade de apresentação do réu preso. 
 
3. IMPEDIR A INFLUÊNCIA DO RÉU NO ÂNIMO DA TESTEMUNHA 
OU DA VÍTIMA, DESDE QUE NÃO SEJA POSSÍVEL COLHER O 
DEPOIMENTO DESTAS POR VIDEOCONFERÊNCIA, NOS TERMOS 
DO ART. 217 DESTE CÓDIGO��� 
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O artigo 217 já fala no uso da videoconferência, nestes termos: "Se o 
juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, 
ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo que 
prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por 
videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma, 
determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição com a 
presença do seu defensor. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 
2008).” 
 
4. RESPONDER A GRAVÍSSIMA QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA ��� 
Por razões de ordem pública muito grave, o ato também pode ser 
realizado por videoconferência. Por exemplo: em razão de uma 
inundação, ficou impossibilitado o deslocamento do presídio até o 
fórum. 
 
§ 3º Da decisão que determinar a realização de 
interrogatório por videoconferência, as partes serão 
intimadas com 10 (dez) dias de antecedência. 
 
A intimação das partes de todos os atos processuais é uma exigência 
absolutamente necessária porque é ela (intimação) que possibilita o 
contraditório (e é este que possibilita a ampla defesa). Com no mínimo dez 
dias de antecedência, as partes devem ser intimadas, e a violação dessa 
regra gera nulidade relativa, ou seja, comprovado o prejuízo em momento 
oportuno, anula-se o ato. 
 
§ 4º Antes do interrogatório por videoconferência, o preso 
poderá acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a 
realização de todos os atos da audiência única de instrução 
e julgamento de que tratam os arts. 400, 411 e 531 deste 
Código. 
 
O Código de Processo Penal foi reformado recentemente (Lei 11.690/2008, 
Lei 11.719/2008) para contemplar (nos seus procedimentos) a chamada 
"audiência única" (onde todas as provas orais são colhidas). O 
interrogatório, nesse caso, passou a ser o último ato processual. O § 4º ora 
comentado garante a participação do réu nos atos anteriores ao 
interrogatório (oitiva das testemunhas arroladas pela acusação, 
testemunhas arroladas pela defesa etc.). A lei fala em "o preso poderá 
acompanhar", ou seja, querendo, tem o direito líquido e certo de 
acompanhar os atos precedentes ao interrogatório. Nisso reside o direito de 
estar presente (remotamente) no ato. 
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§ 5º Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz 
garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada 
com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica 
também garantido o acesso a canais telefônicos 
reservados para comunicação entre o defensor que esteja 
no presídio e o advogado presente na sala de audiência do 
Fórum, e entre este e o preso. 
 
O Direito de entrevista com o defensor, que está devidamente assegurado 
na lei, já estava presente no art. 8º da Convenção Americana sobre Direitos 
Humanos. Esta entrevista deve ser prévia à audiência única (e ao 
interrogatório) e deve ser reservada. 
Para se assegurar a comunicação entre o preso e seu advogado, assim 
como entre o defensor presente no ato e o advogado presente na sala de 
audiência, haverá linha telefônica exclusiva. Dessa comunicação ninguém 
pode tomar parte. É um ato reservado e sigiloso que faz parte das 
prerrogativas dos advogados. No momento das perguntas, sobretudo, é 
muito importante a comunicação entre o preso e seu advogado (ou entre o 
defensor e o advogado). 
ATENÇÃO ��� Defensor e advogado são duas pessoas distintas. O 
defensor está presente no presídio. O advogado (ou outro defensor) está no 
fórum. Isso pode parecer exagero, mas não é, pois são dois locais distintos 
e a lisura do ato não pode ser maculada. Assim, quanto mais fiscalização 
melhor. Caso o réu tenha dois advogados contratados, nada impede que um 
deles esteja no presídio e o outro no fórum. As combinações possíveis então 
são: 
 
1 - DEFENSOR E ADVOGADO; 
2 - DEFENSOR E DEFENSOR; 
3 - ADVOGADO E ADVOGADO. 
 
§ 6º A sala reservada no estabelecimento prisional para a 
realização de atos processuais por sistema de 
videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e 
pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério 
Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. 
 
Fiscalização: a sala especial para a realização da videoconferência deve 
mesmo ser fiscalizada para se garantir a lisura do ato processual. Deve ser 
segura, aberta ao público etc. Essas são as garantias mínimas para a 
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realização constitucional de atos processuais pelo sistema de 
videoconferência. Quem fiscaliza? O juiz corregedor (dos presídios), o juiz 
da causa, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil. 
 
§ 7º Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo 
nas hipóteses em que o interrogatório não se realizar na 
forma prevista nos §§ 1º e 2º deste artigo. 
 
Como afirmamos, há três maneiras de se fazer o interrogatório do réu: (a) 
por videoconferência, (b) presencial no presídio ou (c) presencial no fórum. 
Não sendo possível fazer o interrogatório pelas duas primeiras formas, 
adota-se a terceira (a mais tradicional), que exige a requisição do preso e 
seu transporte até o fórum. 
 
§ 8º Aplica-se o disposto nos §§ 2º, 3º, 4º e 5º deste 
artigo, no que couber, à realização de outros atos 
processuais que dependam da participação de pessoa que 
esteja presa, como acareação, reconhecimento de pessoas 
e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada de 
declarações do ofendido. 
 
Outros atos processuais: a videoconferência pode ser utilizada não só 
para o interrogatório, mas também para outros atos processuais (aos quais 
o preso conta com odireito de estar presente). 
 
§ 9º Na hipótese do § 8º deste artigo, fica garantido o 
acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu 
defensor." (NR) 
 
Quem pode estar presente? Tanto o acusado (réu preso) quanto seu 
defensor (defensor que está presente no presídio) contam com o direito de 
participar de todos os atos processuais. Haverá, portanto, um defensor no 
presídio e outro no fórum (este último pode ser um advogado contratado ou 
um outro defensor público). Caso o réu tenha dois advogados, nada impede 
que um deles esteja no presídio e o outro no fórum, conforme já 
comentado. 
 
 
 
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6.1 DO OFENDIDO – ART. 201 DO CPP 
 
 6.1.1 CONCEITO 
 
O ofendido ou a vítima é o sujeito passivo da infração, aquele que sofreu 
diretamente a violação da norma penal ou, como diz Bettiol, é a “pessoa 
que é efetivamente titular daquele interesse específico e concreto que o 
crime nega”. 
Não se confunde ofendido com testemunha, pois enquanto esta é um 
terceiro desinteressado, aquele é um terceiro interessado que pode, 
inclusive, habilitar-se como assistente da acusação e compor a relação 
jurídica processual. 
 
A oitiva do ofendido ou vítima é obrigatória, nos termos do art. 201, do 
CPP: 
 
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e 
perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou 
presuma ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-
se por termo as suas declarações. 
 
Vê-se que da própria redação do artigo ressoa clara a obrigatoriedade 
em se ouvir a vítima, tenham ou não as partes requerido. 
A sua inquirição é um dever imposto ao Juiz, pois o ofendido não precisa 
ser arrolado, devendo ser ouvido sempre que possível, 
independentemente da iniciativa das partes. 
Mas e se o ofendido é intimado e não comparece? 
Neste caso, devemos aplicar a regra presente no parágrafo 1º, que deixa 
claro a possibilidade de condução coercitiva da vítima. Observe: 
 
§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem 
motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da 
autoridade. 
 
O Código de Processo Penal estabelece, exemplificativamente, três 
perguntas a serem feitas ao ofendido, quais sejam: As circunstâncias da 
infração, quem seja ou presuma ser o seu autor e as provas que possa 
indicar. 
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Evidentemente que o Juiz não está adstrito a estas perguntas, podendo 
formular tantas quantas lhe pareçam convenientes e cabíveis. 
 
 6.1.2 VALOR PROBATÓRIO 
 
Antes de qualquer coisa, caro(a) aluno(a), me responda: O valor da 
palavra do ofendido é relativo ou absoluto? 
Se você imaginou que o Juiz não tem, obrigatoriamente, que aceitar o 
que foi dito, devendo analisar caso a caso, com certeza você respondeu 
relativo, e você está correto. 
O valor probatório desse depoimento realmente é relativo, devendo o 
Juiz avaliá-lo à luz das demais provas produzidas, em conformidade com 
o sistema do livre convencimento. 
A esse respeito, nota-se que a posição da vítima é um tanto quanto 
paradoxal, pois ao lado de ter sido, muitas das vezes, um expectador 
privilegiado do fato objeto da ação penal, a posição de diretamente 
ofendido pela ação delituosa, no entanto, torna-o suspeito de 
parcialidade, ao contrário do que acontece com a testemunha. 
Mas, por outro lado, há determinados delitos, como os crimes contra os 
costumes, em que, na maioria dos casos, apenas a vítima tem condições 
de depor sobre os fatos dada a clandestinidade característica dessas 
infrações penais. Tudo irá depender do prudente arbítrio do Juiz ao 
avaliar a prova colhida. 
 
 6.1.3 ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI 11.690/2008 
 
A lei nº 11.690/2008 modificou praticamente todo o texto relativo ao 
ofendido e trouxe importantes alterações inseridas no artigo 201. Vamos 
conhecê-las e estudá-las: 
 
1. OBRIGATORIEDADE DE COMUNICAÇÃO AO OFENDIDO QUANTO A 
DETERMINADOS ATOS PROCESSUAIS E SOBRE A PRISÃO OU 
LIBERDADE DO ACUSADO ��� Este item refere-se à obrigação de o 
Magistrado determinar a comunicação tanto de uma ordem de prisão 
quanto da decisão pela liberdade provisória DURANTE O PROCESSO 
JUDICIAL. 
Imagine então que Tício confere lesões corporais graves a Mévio. 
Durante o inquérito, Tício é preso. Neste caso, Mévio terá que ser 
comunicado, correto??? 
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NÃOOOO!!! Está ERRADO, pois a regra só vale para o decorrer do 
PROCESSO JUDICIAL. Observe abaixo que o dispositivo legal utiliza o 
termo acusado e não indiciado. 
 
§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos 
ao ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data 
para audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a 
mantenham ou modifiquem. 
 
E como vai ocorrer esta comunicação, será que pode ser por e-mail??? 
CLARO QUE.....SIM!!! Observe: 
 
§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no 
endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, 
o uso de meio eletrônico. 
 
2. RESERVA DE LUGAR EM SEPARADO PARA O OFENDIDO, ANTES E 
DURANTE A REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA ��� Esta regra visa ao 
resguardo da integridade física e moral da vítima. 
 
§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, será 
reservado espaço separado para o ofendido. 
 
3. ENCAMINHAMENTO DO OFENDIDO A ATENDIMENTO 
MULTIDISCIPLINAR ��� Sabemos que cada indivíduo responde de uma 
forma diferente ao passar por uma situação traumática. Com isso, a lei 
conferiu ao Juiz a POSSIBILIDADE, de acordo com cada caso, de 
encaminhar o ofendido para atendimento por equipe multidisciplinar. E o 
que é isso? 
É o atendimento por um grupo de especialistas nas áreas de assistência 
jurídica, saúde, psicossocial, dentre outras. 
Mas seria justo que o ofendido sempre pagasse por esse tratamento? 
Claro que não, e, exatamente por isso que a lei facultou ao Magistrado 
atribuir as custas do tratamento ao Estado ou ao ofensor. 
 
§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o 
ofendido para atendimento multidisciplinar, especialmente nas 
áreas psicossocial, de assistência jurídica e de saúde, a expensas 
do ofensor ou do Estado. 
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4. APLICAÇÃO DE MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA PRESERVAR A 
HONRA, IMAGEM E VIDA PRIVADA DO OFENDIDO ��� Mais uma 
faculdade atribuída ao Juiz que, analisando cada caso, poderá atenuar 
sobremaneira o princípio da publicidade dos atos processuais. Observe: 
 
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da 
intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, 
inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, 
depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu 
respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação. 
 
6.2 PROVA TESTEMUNHAL 
 
 6.2.1 CONCEITO 
 
A testemunha, em sentido próprio, é uma pessoa diversa dos sujeitos 
principais do processo(podemos dizer, um terceiro desinteressado) que 
é chamada em juízo para declarar, positiva ou negativamente, e sob 
juramento, a respeito de fatos que estejam relacionados ao julgamento 
do mérito da ação penal a partir da percepção que sobre eles (os fatos) 
obteve no passado. 
O Professor Mittermaier define a testemunha como sendo "o indivíduo 
chamado a depor segundo sua experiência pessoal, sobre a existência e 
a natureza de um fato". 
Para Malatesta, o fundamento da prova testemunhal reside "na 
presunção de que os homens percebam e narrem a verdade, presunção 
fundada, por sua vez, na experiência geral da humanidade, a qual 
mostra que no maior número de casos, o homem é verídico.” 
Finalizando, ensina Mirabete que “a testemunha é a pessoa que, perante 
o juiz, declara o que sabe acerca dos fatos sobre os quais se litiga no 
processo penal, ou as que são chamadas a depor, perante o juiz, sobre 
as suas percepções sensoriais a respeito dos fatos imputados ao 
acusado”. 
 
 
 
 
 
Dos três conceitos apresentados, fique atento ao 
segundo, pois ele já foi cobrado em prova e pode 
confundir facilmente o candidato. Perceba que a definição 
diz que no maior número de casos o homem é verídico e 
acreditar nisso acaba sendo complicado devido à 
realidade. Entretanto para a PROVA é a pura VERDADE!!! 
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 6.2.2 CLASSIFICAÇÕES 
 
Você encontrará diversas classificações e denominações para a 
testemunha. Apresento aqui o que realmente importa para a sua 
PROVA!!! 
 
a) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA DDIIRREETTAA: É a testemunha denominada de visu, ou 
seja, que sabe dos fatos porque os viu diretamente, os presenciou 
sensorialmente. Manzini só considerava verdadeiramente testemunha 
este tipo de declarante, pois, para ele, quem não presenciou os fatos 
seriam meros informantes. 
A lei brasileira, no entanto, não faz tal distinção, sendo que pelo 
sistema do livre convencimento é evidente que o Juiz pode valorar a 
prova da forma como melhor lhe aprouver, dando, por exemplo, valor 
maior à palavra da testemunha que viu do que àquelas que tomaram 
conhecimento por outros meios. 
 
b) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA IINNDDIIRREETTAA: Meus alunos, lembram quando o Silvio 
Santos (Isso mesmo, aquele do SBT) comentava sobre os filmes e 
dizia: “EU NÃO VI, MAS MINHA MULHER VIU E DISSE QUE É MUITO 
BOM!!!” Nesse caso, podemos dizer que ele é uma testemunha 
indireta do filme, pois, indiretamente, tomava conhecimento do 
conteúdo. (OK, OK, foi horrível esse exemplo, mas aposto que você 
não esquece mais!!!). 
Assim, trazendo para a esfera processual, testemunha indireta é 
aquela que declara ao magistrado sobre o que não presenciou, mas 
soube ou ouviu dizer. 
Teoricamente, em que pese tenha o magistrado liberdade na 
formação de sua convicção, trata-se de testemunha mais frágil, 
impondo-se, portanto, certa reserva ao magistrado na valoração de 
seu depoimento. 
 
c) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA PPRRÓÓPPRRIIAA: É a testemunha chamada para ser ouvida 
sobre o fato objeto do litígio, seja porque os tenha presenciado, seja 
porque deles ouviu dizer. 
 
d) TESTEMUNHA IMPRÓPRIA OU INSTRUMENTAL: A testemunha 
imprópria, instrumentária ou fedatária é a que depõe sobre a 
regularidade de um ato, ou seja, são as testemunhas que confirmam 
a autenticidade de um ato processual realizado. 
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Depõem, portanto, sobre a regularidade de atos que presenciaram, 
não sobre os fatos que constituem o objeto principal do julgamento. 
É o caso, por exemplo, da testemunha que presenciou a apresentação 
de um preso em flagrante (art. 304, § 2°, do CPP); a testemunha que 
esteve presente na audiência em que o interrogado confessou o crime 
espontaneamente, sem qualquer coação; a testemunha que 
presenciou a apreensão de objeto realizada pela autoridade policial 
em diligência de busca (art. 245, § 7.°, do CPP) etc. 
 
e) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA RREEFFEERRIIDDAA: Imagine que Tício, testemunha, durante 
seu depoimento diz: “Eu não estava perto do local delito, mas o Mévio 
havia ido pegar a bola perto do galpão e ouviu tudo”. 
No caso de Mévio não estar arrolado como testemunha, é interessante 
que ele seja ouvido pelo fato de ter sido REFERIDO por Tício durante 
seu depoimento? 
Claro que sim, e agora podemos definir que testemunha referida é 
aquela que, embora não tenha sido arrolada nos momentos ordinários 
(denúncia ou queixa, para acusação; resposta à acusação, para o 
réu), poderá ser inquirida pelo juiz ex officio ou a requerimento das 
partes em razão de ter sido citada por outra testemunha, chamada de 
referente (art. 209, § 1°, do CPP). 
 
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir 
outras testemunhas, além das indicadas pelas partes. 
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as 
pessoas a que as testemunhas se referirem. 
 
De acordo com o art. 401, § 1°, do CPP, esta categoria não é 
considerada para efeito de contagem do número máximo de 
testemunhas admitido em cada procedimento penal. 
 
f) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA JJUUDDIICCIIAALL: Considera-se aquela inquirida pelo juiz 
independentemente de ter sido arrolada por qualquer das partes ou 
de ter sido requerida a sua oitiva. 
Neste caso, a inquirição ex officio fundamenta-se no poder-dever que 
assiste ao magistrado de, buscando a verdade real, determinar as 
providências necessárias para esclarecer as dúvidas que porventura 
tiver. 
Tratando desta espécie de prova testemunhal, estabelece o art. 209 
do CPP que “o juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras 
testemunhas, além das indicadas pelas partes”. 
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Precitada disposição guarda simetria com o art. 156 do CPP que, ao 
tratar das provas em geral, viabiliza ao juiz, depois de iniciada a 
instrução ou antes de proferir sentença, determinar a produção de 
provas para dirimir dúvidas relevantes. 
 
g) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA NNUUMMEERRÁÁRRIIAA: É a testemunha que presta 
compromisso ou juramento, na forma do art. 203, primeira parte, do 
Código de Processo Penal. 
 
 Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa 
de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo 
declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua 
profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em 
que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com 
qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as 
razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa 
avaliar-se de sua credibilidade. 
 
h) TTEESSTTEEMMUUNNHHAA NNÃÃOO CCOOMMPPRROOMMIISSSSAADDAA OOUU IINNFFOORRMMAANNTTEE: 
contempladas no art. 208 do CPP, são aquelas dispensadas do 
compromisso. 
 
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 
aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 
(quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. 
 
São os menores de 14 anos, os doentes mentais e os parentes do 
imputado elencados no art. 206 do CPP (cônjuge, ascendente, 
descendentes, irmão e afins na linha reta). De acordo com o art. 401, § 
1.°, do CPP, esta categoria de testemunhas não será computada para 
efeito de determinaçãodo número máximo de pessoas que podem ser 
arroladas pelas partes nos momentos ordinários do processo criminal. 
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de 
depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou 
descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que 
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do 
acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se 
ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. 
 
Resumindo: 
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TESTEMUNHA DIRETA “EU VI OS FATOS” 
TESTEMUNHA INDIRETA “EU OUVI FALAR” 
TESTEMUNHA PRÓPRIA “EU VOU FALAR SOBRE O FATO EM SI 
E NÃO SOBRE CIRCUSTÂNCIAS 
ALHEIAS.” 
TESTEMUNHA INSTRUMENTAL 
(IMPRÓPRIA) 
“FATO? QUE FATO? VIM SÓ PARA 
FALAR QUE VI O ACUSADO CHEGAR 
NA DELEGACIA” 
TESTEMUNHA REFERIDA “POXA, QUE CHATO... AQUELE CARA 
TINHA QUE DAR COM A LÍNGUA NOS 
DENTES E REFERIR MEU NOME PARA 
O JUIZ... AGORA VOU TER QUE 
TESTEMUNHAR” 
TESTEMUNHA JUDICIAL “SEU JUIZ, SE NENHUMA DAS PARTES 
ME CHAMOU, PARA QUE EU ESTOU 
AQUI?? SERÁ QUE É POR CAUSA DO 
TAL PRINCÍPIO DA VERDADE REAL 
QUE O PROFESSOR DO PONTO 
COLOCOU NA AULA 01?” 
TESTEMUNHA NUMERÁRIA “PRESTAR COMPROMISSO? TOPO, 
PORQUE NÃO?” 
TESTEMUNHA INFORMANTE (NÃO 
COMPROMISSADA) 
“SEU JUIZ, POSSO ATÉ INFORMAR 
ALGUMA COISA, MAS GARANTIR QUE 
É VERDADE... AI NÃO” 
 
 6.2.3 CAPACIDADE PARA TESTEMUNHAR 
 
Caro(a) aluno(a), quem pode testemunhar? Encontramos esta 
importante resposta no artigo 202 do Código de Processo Penal, que 
dispõe: 
 
Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha. 
 
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O artigo 202 do CPP deixa claro que toda pessoa é capaz de ser 
testemunha. Isso significa que pode testemunhar em juízo qualquer 
indivíduo que tenha condições de perceber os acontecimentos ao seu 
redor e narrar o resultado destas suas percepções, independente de sua 
integridade mental, idade e condições físicas. 
Assim, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, pode ser arrolado 
o interdito, o inimputável, o surdo, o mudo etc. 
É claro que o valor que será dado a cada depoimento será atribuído pelo 
Magistrado com base no princípio da livre convicção, devendo ser 
considerado com reservas, por exemplo, o depoimento de uma criança 
de pouca idade ou de um portador de deficiência mental. 
 
 6.2.4 COMPROMISSO DA TESTEMUNHA 
 
Por compromisso sugere o Código de Processo Penal, no art. 203, o 
instituto que importa em advertência à testemunha quanto à sua 
obrigação de falar a verdade. Em nome deste pensamento é que se 
construiu o entendimento no sentido de que apenas a testemunha 
compromissada poderia responder pelo crime de falso testemunho (art. 
342 do Código Penal). 
 
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa 
de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, 
devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua 
residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é 
parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas 
relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando 
sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas 
quais possa avaliar-se de sua credibilidade. 
 
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade 
como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em 
processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em 
juízo arbitral. 
 
Entretanto, diante do exposto, podemos chegar a situações absurdas. 
Imagine que Tício, testemunha não compromissada, mente cada palavra 
de seu depoimento e, devido a isto, um inocente fica preso durante dez 
anos. Neste caso, frente aos atuais conceitos de ética e moralidade, tal 
situação é aceitável? 
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Claro que a resposta é negativa e, exatamente por isso, a jurisprudência 
vem firmando entendimento de que TODAS as testemunhas tem o dever 
de falar a verdade, aproximando em muito a testemunha compromissada 
da não compromissada. Observe os julgados: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6.2.5 TESTEMUNHAS NÃO SUJEITAS A COMPROMISSO 
 
Apelação criminal. Falso testemunho. Recurso defensivo. 
Atipicidade de conduta por ausência de compromisso. 
Impossibilidade. 
Existem duas orientações quanto à necessidade do compromisso 
da testemunha: para uma, não comete o crime a testemunha não 
compromissada, para outra corrente, a testemunha informante 
pode cometer o referido delito. 
Compartilho do segundo posicionamento e entendo que a 
testemunha informante (não compromissada) pode incorrer no 
crime de falso testemunho, pois, este surge da desobediência ao 
dever de afirmar a verdade, "que não deriva do compromisso" (TJ-
RJ - RT ,392:116 - 2004). Desprovimento do recurso. 
HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA 
JUSTIÇA: FALSO TESTEMUNHO, ART. 342 DO CÓDIGO PENAL. 
Testemunha que não prestou compromisso em processo por ser 
prima da parte, mas que foi advertida de que suas declarações 
poderiam caracterizar ilícito penal. 
A formalidade do compromisso não mais integra o tipo do crime 
de falso testemunho, diversamente do que ocorria no primeiro 
Código da República, Decreto 847, de 11-10-1890. 
Quem não a é obrigado pela lei a depor como testemunha, mas 
que se dispõe a fazê-lo e é advertido pelo Juiz, mesmo sem ter 
prestado compromisso pode ficar sujeito às penas do crime de 
falso testemunho. Precedente: HC 66.511-0, I Turma. 
"Habeas Corpus" conhecido, mas indeferido. (STF, H.C. nº 
69.358-0-RS, Rel. Min. Paulo Brossard). 
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A regra dentro de nosso país é a obrigatoriedade de compromisso por 
parte das testemunhas. 
Entretanto, o artigo 208 do CPP dispõe: 
 
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 
aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 
(quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art. 206. 
 
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de 
depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou 
descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que 
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do 
acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se 
ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. 
 
Do exposto, podemos resumir que as seguintes pessoas não prestarão 
compromisso: 
 
11-- DDOOEENNTTEESS MMEENNTTAAIISS;; 
22-- MMEENNOORREESS DDEE 1144 AANNOOSS;; 
33-- PPAARREENNTTEESS DDOO RRÉÉUU EENNUUMMEERRAADDOOSS NNOO AARRTT.. 220066 DDOO CCPPPP:: 
AASSCCEENNDDEENNTTEESS,, DDEESSCCEENNDDEENNTTEESS,, IIRRMMÃÃOO EE CCÔÔNNJJUUGGEE,, AAIINNDDAA 
QQUUEE SSEEPPAARRAADDOO JJUUDDIICCIIAALLMMEENNTTEE,, EE,, PPOORR FFIIMM,, OOSS AAFFIINNSS EEMM 
LLIINNHHAA RREETTAA ((SSOOGGRROO,, SSOOGGRRAA EETTCC))..

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