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Ciências Politicas

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I – DIVISÃO GERAL DO DIREITO
1.1) Considerações Iniciais
Para entender o fenômeno estatal e a ciência jurídica faz-se necessário compreender as relações entre Estado e Direito.
Não há possibilidade de se conceituar o Estado com a exclusão do Direito, pois embora pertençam a realidades distintas, são interdependentes e inseparáveis.
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Conhecimento Espontâneo do Direito
Desde a mais tenra idade temos o conceito de que “o que é bom deve ser feito” e “o que é mau deve ser evitado”. Temos ainda o senso de justiça de que o que se combinou há de ser cumprido.
O homem é um ser social e, portanto, tem necessidade de viver em conjunto. Entretanto, esta vida conjunta exige que o arbítrio individual ceda às necessidades do grupo. Exige-se, pois, regras de convivência. Assim, temos que a sociedade é o meio que permite o surgimento e o desenvolvimento do Direito que se constrói sobre uma base moral e social , tendo função corretiva e civilizadora.
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Direito Natural 
É o conjunto de princípios, superiores e anteriores ao Estado, de caráter norteador, sem força coercitiva. Há algo devido ao homem, enquanto humano, que corresponde a exigência concreta de sua natureza. Exemplo: Direito a (i) vida; (ii) educação dos filhos; (iii) aperfeiçoamento intelectual; (iv) à liberdade e dignidade, etc. 
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Direito Positivo
É o conjunto de normas que contam com a força coercitiva do Estado. O Direito positivo se verifica por meio de “leis positivas” (conjunto normas válidas e vigentes dentro de determinado Estado) 
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Direito Positivo
1) Direito Público x Direito Privado
Adotaremos, em nosso curso, a divisão criada pela “Doutrina da Posição” (Ferrara):
Direito Público = caracteriza-se por relações jurídicas em que o Estado aparece na posição de soberano em relação ao particular;
Direito Privado = caracteriza-se por relações jurídicas em que o Estado não aparece ou aparece em posição igualdade com o particular.
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Síntese Sobre os Diversos Ramos do Dir. Público e Privado:
Direito Constitucional = ramo por excelência do Direito Positivo Público, tem por objeto o estudo da Constituição. Cuida de matéria referente à: (i) estrutura, fins e funções do Estado; (ii) titularidade e organização do poder político e aos limites de sua atuação (direitos fundamentais e controle da constitucionalidade)
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Síntese Sobre os Diversos Ramos do Dir. Público e Privado:
Direito Administrativo = tem por objeto de estudo o funcionamento do Estado, ou seja, a Administração Pública, os órgãos, agentes, as pessoas jurídicas administrativas, as atividades administrativas e os bens públicos.
Direito Financeiro= estuda os princípios e regras que regulam a despesa, a receita, o orçamento e o crédito público;
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Síntese Sobre os Diversos Ramos do Dir. Público e Privado:
Direito Tributário = estuda a criação e a exigência dos tributos;
 Direito Penal = disciplina os atos e as condutas que são considerados crimes ou contravenção – por colocarem em risco a convivência social – e que são susceptíveis de sanções. 
Direito Processual = tem por objeto as regras de agir (“ferramentas”) para fazer vale os direitos materiais de natureza civil, penal
 ou especial. 
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Síntese Sobre os Diversos Ramos do Dir. Público e Privado:
Direito do Trabalho = Ele regula as relações individuais e coletivas de trabalho e a condição social do trabalhador
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Síntese Sobre os Diversos Ramos do Dir. Público e Privado
Direito Internacional Público = conjunto de princípios e regras destinados a reger os direitos e deveres internacionais tanto dos Estados (Países) e Organizações Internacionais (Ex. Mercosul, Liga Árabe, Mercado Comum Europeu, ONU...), quanto dos indivíduos.
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Síntese Sobre os Diversos Ramos do Dir. Público e Privado
Direito Civil = ramo fundamental do Direito Privado. Disciplina a capacidade das pessoas e suas relações de caráter privado, atinentes à família, às coisas, às obrigações, e à transmissão hereditária dos bens.
Direito Comercial = pode ser entendido como uma especialização do Direito Civil sendo um ramo autônomo do Direito que cuida das organizações econômicas produtoras de bens e serviços, estimuladas pela possibilidade de obter lucro.
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II – ESTADO E SEUS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
1) Introdução
Segundo Darcy Azambuja (Teoria Geral do Estado), “na história de todas as sociedades chegou um momento em que os homens sentiram o desejo, vago e indeterminado, de um bem que ultrapassasse o seu bem particular e imediato e que ao mesmo tempo fosse capaz de garanti-los e promovê-los. Por isso o homem se deu conta de que o meio de realizar tal regime era a reunião de todos em um grupo específico, tendo por finalidade o bem público. Assim, a causa primária da sociedade política reside na natureza humana racional”. 
Vê-se que o desenvolvimento social e a mentalidade de cada grupo leva ao Estado que, repita-se, foi criado pela razão e vontade humana.
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II – ESTADO E SEUS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
O Estado envolve o homem desde antes do nascimento (direitos do nascituro) até depois de sua morte (execução de suas últimas vontades – herança).
Em resumo: o Estado é uma sociedade dividida entre governantes e governados que, nos limites de seu território, impõe a supremacia sobre todas as instituições. 
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II – ESTADO E SEUS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
1) Introdução (Continuação)
É, em outras palavras, depositário da vontade social. Assim, tudo que não contrariar seu controle é permitido. 
Obs. Se o indivíduo não respeitar certas normas da igreja, fica sujeito a determinadas conseqüências de natureza moral mas nenhuma outra coação o atinge. Com o Estado é diferente pois este tem poder de mando e de sanção (“punição”) à todos que desrespeitam suas normas.
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 Definição de Estado (dada por RANELLETTI, Oreste) 
“O Estado é um Povo fixado em um Território e organizado sobre um Poder de Império (leia-se: Governo) supremo e originário, para realizar com ações unitárias, os seus próprios fins coletivos” 
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III – ORIGENS DO ESTADO
3.1) Introdução
O homem é um ser social não auto-suficiente que possui permanente necessidade de relacionar-se com outros, o que dá origem à sociedade. Existem duas teorias que buscam interpretar os fundamentos da sociedade:
Teoria Mecânica = possui fundamento na “razão” como diretriz da convivência humana. Prega que a base da sociedade é o consenso, o acordo de vontades dos indivíduos (livre arbítrio). 
Teoria Orgânica = pregam que o homem não nasceu livre, defendendo o princípio da autoridade que envolve o indivíduo desde o nascimento, amparando-o e governando-o, e do qual jamais serão livres.
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III – ORIGENS DO ESTADO
3.2) A Palavra “Estado”.
Os Gregos, cujos Estados não ultrapassavam o limite das Cidades, usavam o termo “Polis” (daí política) – que, em resumo, significava a arte de governar cidades.
A denominação “Estado” – significando situação permanente de convivência e ligada à sociedade política – foi usada pela primeira vez por Nicolau Maquiavel em “O Príncipe” em 1513.
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III – ORIGENS DO ESTADO
3.2) A Palavra “Estado” (continuação).
Não pode haver vida em comum sem a organização jurídica e política chamada Estado. Quem “batizou” essa organização foi Maquiavel.
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III – ORIGENS DO ESTADO
 Vida e Teoria de Nicolau Maquiavel
1. INTRODUÇÃO
Muitos leram e comentaram sua obra. Entretanto, um número consideravelmente maior de pessoas evoca seu nome.
“Maquiavélico e maquiavelismo” são adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso erudito como no dia a dia. Em qualquer de suas acepções, porém, o maquiavelismo está associado a um procedimento astucioso, traiçoeiro.
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III – ORIGENS DO ESTADO
 Vida e Teoria de Nicolau Maquiavel
A contraface do “autor maldito” é encontrada, entretanto, em um grande números de estudiosos de sua obra (Rousseau, por exemplo). A propósito, Rousseau
sustentava que Maquiavel discorreu sobre liberdade, ao oferecer preciosos conselhos para sua conquista e salvaguarda. 
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III – ORIGENS DO ESTADO
 Vida e Teoria de Nicolau Maquiavel
2. VIDA DE MAQUIAVEL
Nascido em Florença em 1469. À época a Itália era constituída por uma série de pequenos Estados com desenvolvimento político e econômico variados. Era, na verdade, um verdadeiro “mosaico” sujeito a conflitos internos e externos (sangrentos).
Em 1494 cinco (5) grandes Estados dominavam o mapa da hoje conhecida Itália, a saber: (i) ao Sul o reino de Nápoles comandado pelos Aragãos; (ii) ao centro, os Estados papais controlados pela igreja e a República de Florença – presidida pelos Médicis; (iii) ao norte Milão e Veneza.
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III – ORIGENS DO ESTADO
 Vida e Teoria de Nicolau Maquiavel
Nos últimos anos do século XV, entretanto, a desordem e a instabilidade eram incontroláveis. As brigas internas e as invasões externas (promovidas por Franceses e Espanhóis) fizeram a região explodir em revoltas e guerras. Exemplo das revoltas existentes à época de Maquiavel:
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III – ORIGENS DO ESTADO
 Vida e Teoria de Nicolau Maquiavel
Neste cenário conturbado, no qual, repita-se, a maior parte dos governos não conseguia se manter por 2 meses, Maquiavel passou sua infância e juventude. 
Filho de um advogado que o iniciou no estudo e leitura dos clássicos, Maquiavel aos 12 anos já escrevia em latim e dominava a retórica greco-romana.
Aos 29 anos Maquiavel ocupava um cargo público (Segundo Chanceler = buscou instituir uma milícia nacional) – situação política: Savonarola é deposto, enforcado e queimado.
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III – ORIGENS DO ESTADO
 Vida e Teoria de Nicolau Maquiavel
Entretanto, os Medicis – que haviam sido depostos por Savonarola – voltam ao poder e Maquiavel é demitido, proibido de abandonar o território por um ano e de entrar em qualquer prédio público. O pior, entretanto, estava por vir: em 1513 Maquiavel foi considerado suspeito de conspirar contras os Médicis, e, consequentemente, torturado, preso e condenado a pagar uma pesada multa.
Maquiavel tenta com seu amigo Vettori (ligado aos Médicis) a libertação e, posteriormente, recuperar seu antigo emprego. Sai da prisão mas não lhe é permitido voltar à vida pública.
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III – ORIGENS DO ESTADO
 Vida e Teoria de Nicolau Maquiavel
Exilado em sua própria terra, impedido de exercer sua profissão, passa a morar em um pequeno sítio herdade de seu pai. Ali, vivendo de maneira modesta e “solitária”. Passa a estudar com afinco os clássicos e a escrever suas obras.
Deste “retiro” forçado nasceram as obras do analista político Nicolau Maquiavel. Como ele mesmo dizia, são textos que resultam de sua experiência prática e do convívio com os clássicos:
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III – ORIGENS DO ESTADO
 Vida e Teoria de Nicolau Maquiavel
Visando obter favores do governo, Maquiavel dedica “O Príncipe” aos Médicis que, contudo, foram pouco sensíveis. Com a queda dos Médicis os infortúnios de Maquiavel continuam pois os jovens republicanos acreditavam que ele tinha ligação com o antigo tirano. A República considerou-o inimigo. Desgostoso, adoece e morre.
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III – ORIGENS DO ESTADO
 Vida e Teoria de Nicolau Maquiavel
3 – A VERDADE EFETIVA DAS COISAS
A preocupação de Maquiavel em todas suas obras é o “Estado”. Não o melhor Estado, aqueles tantas vezes imaginado, mas que nunca existiu, mas sim o Estado real capaz de impor a ordem.
Seu ponto de partida e de chegada é a realidade concreta: ver e examinar a realidade tal como ela é e não como ela deveria ser.
O problema central de sua análise política é saber como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos.
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III – ORIGENS DO ESTADO
 Vida e Teoria de Nicolau Maquiavel
Trata-se de uma indagação radical sobre o pensar e fazer política que põe fim à idéia de uma ordem natural e eterna. A ordem, produto necessário da política, não é natural ou derivada de uma vontade extraterrena. 
Ao contrário, a ordem tem um imperativo: deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie e, uma vez alcançada, ela não será definitiva pois há sempre a ameaça de que ela seja desfeita.
Este pensamento em constante transmutação e fluxo, que determina seu curso pelo movimento da realidade, transformou Maquiavel num clássico da filosofia política.
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
A síntese abaixo baseia-se no material de Orlando Magalhães Carvalho (Resumos de Teoria Geral d o Estado).
4.1) Formação Originária
Adotaremos como “originária” a própria criação e como “derivada” a conseqüência de uma criação anterior. Nossa preocupação inicial será “como e por que” teria surgido o Estado.
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
4.1.1) Teorias fundamentadas no Agregado Familiar.
Ajuntamento de pessoas que tem por base o parentesco. Há teses de que “O Estado Nasceu da Família” ou de que “Adão e Eva fundaram o primeiro Estado”. Com todo respeito, em que pese ser a família uma célula da sociedade, as teses supramencionadas são extremamente simplistas.
Entretanto, o Estado (conotação jurídica e política) não pode ter nascido apenas da aproximação de pessoas ligadas pelo parentesco. É preciso uma força maior.
Este primeiro grande grupo de idéias (fundamentadas no agregado familiar) pode ser dividido em dois subgrupos: (i) origem familiar; e (ii) tradição de um legislador primitivo.
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
Subgrupo 1: Origem Familiar = aqui entende-se literalmente que o Estado nasceu da família, quer com o “Matriarcado” (ocorrido em primeiro lugar), quer com o “Patriarcado”
Matriarcado = os indivíduos, por uma aproximação natural, viviam não em grupos (porque grupos pressupõe algo organizado) mas em hordas ou bandos. Naquela época homens e mulheres viviam em vida promíscua, não havendo casamento nem ao menos poligâmico. Os acasalamentos eram naturalmente promíscuos, sem nenhuma exclusividade, de tal modo que quando nascia uma criança, sabia-se quem era a mãe mas não quem era o pai. Como as mulheres geravam muitos filhos, era natural que esses se agrupassem perto dela.
Patriarcado = com as lutas entre as hordas ou bandos, o guerreiro mais forte trazia como recompensa as mulheres dos vencidos que passavam a viver ao seu lado. Nestas condições, cada criança que nascia sabia quem era sua mãe e seu pai. E aí surgiu a figura do patriarca e, conseqüentemente, do Estado com uma vida mais ou menos organizada em torno de um líder.
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
(ii) Subgrupo 2: Tradição de Um Legislador Primitivo = um grande passo evolutivo foi o aparecimento dos grandes legisladores – como Moysés, etc – que além de reunirem diante de si um grande grupo, deixaram uma legislação estabelecida. Quando o líder morria o grupo permanecia organizado não mais pela presença física do seu patriarca, mas sim de uma legislação.
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
4.1.2) Teoria Fundamentada na Reunião de Indivíduos (não necessariamente parentes) 
São indivíduos que se unem por outro motivo, não necessariamente o parentesco. Em outras palavras, para formar o que hoje se chama de Estado foi preciso uma força maior do que o parentesco. Qual esta força? Aqui também existem dois subgrupos: (i) pacto social; e (ii) origem violenta.
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
(i) Subgrupo 1: Pacto Social = adota como premissa que a sociedade civil, o governo e o Estado nasceram de um acordo consciente realizado pelos indivíduos em determinado momento histórico.
O “Pacto Social” é uma expressão que nasceu com Hugo Grócio (Do Direito de Guerra e Paz). Dizia ele que, para ser possível a vida em sociedade, só havia um caminho: um pacto social, um acordo para viver em sociedade (a sociedade, neste caso, é considerada uma conseqüência da natureza do homem).
Como o indivíduo não pode viver sozinho, a vida em grupo exige um acordo em que cada um ceda um pouco de sua liberdade em troca de conforto, paz e segurança. 
Depois de Grócio outros pensadores trabalharam
a teoria do “Pacto Social”, não mais para explicar a origem da sociedade, mas sim a origem do próprio Estado. Vejamos alguns deles:
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
THOMAS HOBBES = Inglês contemporâneo de Grócio (1588-1679), foi preceptor da família real inglesa (informação importante). Em 1651 foi publicada sua principal obra (“O Leviatã”) e segundo sua teoria, em estado natural todo homem busca satisfazer suas aspirações e desejos (auto-preservação), o que o leva a se impor sobre os demais, pela desconfiança de uns em relação aos demais.
Por este motivo a vida seria uma “guerra de todos os homens contra todos os homens” na qual “o homem é o lobo do homem”. Logo, para construir uma sociedade o homem tem que renunciar a “parte” de seus direitos e estabelecer um “contrato social”, garantido por um poder soberano. Este, para ser efetivo, tem que recair sobre uma só autoridade (a monarquia absoluta). Segundo Hobbes a fonte do poder monárquico não advém de Deus, mas sim da manutenção do “Contrato Social”.
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
THOMAS HOBBES (continuação) 
Hobbes explica a origem do Estado da seguinte forma: os indivíduos viviam isoladamente muito preocupados na busca do que era útil e indispensável para cada um deles. Vivendo isolados, aconteciam choques com outros indivíduos que também viviam isolados que também estavam preocupados com a busca daquilo que lhe era necessário (ou seja: um “devora” o outro em profunda discórdia).
Dizia que o indivíduo permanecia em constante estado de aflição. Eram indivíduos dotados de razão mas que viviam em constante receio um do outro.
Em determinado momento – não especificado por Hobbes (momento lógico e não histórico) - esses indivíduos, ao invés de usarem a violência, passaram a usar a inteligência e viram que viver em conjunto era bom. Entretanto, para viver em conjunto tinham que fazer um pacto.
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
THOMAS HOBBES (continuação) 
Hobbes ensina em seu livro (“Leviatã”) que os indivíduos, reunidos, tomaram para si a tarefa de construir um Estado. Cada um cedia “parte” de seu poder em troca da cessão dos poderes de outrem. As soberanias individuais – causadoras dos conflitos – são abdicadas em favor de alguém mais capaz, que se torna, então, um Soberano (só este indivíduo passa a ser Soberano, ou outros viram súditos).
Este foi a gênese de todo Estado totalitário (Napoleão, Hitler, etc). Segundo Hobbes, os indivíduos incapazes de viver sozinhos escolhem alguém com mais capacidade que os governe “de cima para baixo” 
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
THOMAS HOBBES (continuação) 
Obs. Critica segundo Ricardo Arnaldo Fiuzza e Mônica Ferreira e Costa = “...ele (Hobbes) defende um pacto por meio do qual os indivíduos, que eram soberanos, alienam tudo para ficarem tranquilamente sob proteção do governo. Institui-se a submissão absoluta. O homem não foi criado para isso. Os homens vivem em conjunto e têm que ser indivíduos mesmo em conjunto.”
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
JOHN LOCKE (1632-1704) = pregava que os indivíduos viviam, ainda isoladamente na terra, tentando tirar sua própria subsistência (não em estado de guerra mas sim em estado de natureza). Perceberam que ao invés de chegar ao estado de um destruir o outro, seria melhor estabelecer entre eles ampla cooperação de modo que cada um pudesse exercer seu papel (uns plantando, outro produzindo armas, trabalhando metais, etc). 
Em outras palavras, o indivíduo, tal como hoje, valia-se de outros – cada qual dentro de sua especialidade. Perceberam que juntos viveriam mais felizes e assim começou o pacto da vida em comum.
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
JOHN LOCKE (continuação)
Entretanto, neste “pacto” não era necessário que cada indivíduo cedesse todo seu poder para “alguém” que nada prometeu e que, daquele momento em diante, faria por obra de graça e majestade tudo o que o grupo precisava ( Principal diferença em relação ao “pacto” proposto por Maquiavel”).
O principal objetivo do “pacto” para Locke era que o grupo escolheria um juiz. Este juiz, baseado nas normas do grupo, solucionaria os conflitos eventualmente existes. Vê-se o início dos dois poderes (Judiciário e Executivo)
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
JEAN JACQUES ROUSSEAU (1712-1778) = nasceu na Suíça e residiu na França onde exerceu grande influência sobre as idéias – inclusive da revolução francesa e da independência das 13 colônias da América (hoje EUA) .
Em seu “discurso sobre a origem da desigualdade entre homens (1755)” ele pregou que a desigualdade e a injustiça eram frutos da competição e da hierarquia mal-constituída. Afirma que a organização social corrompe a natureza humana e lhe sufoca o potencial.
Dizia ainda – contra a monarquia absolutista existente na França – que “o homem nasceu livre e por toda parte está em correntes”. Defendia que um indivíduo que nasceu dotado de razão e soberania não poderia viver “acorrentado” como ocorria em seu tempo. 
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
ROUSSEAU (continuação)
Em seu famoso livro “O Contrato Social” propõe um Estado ideal, resultante de um consenso e que garanta os direitos de todo cidadão. 
Todo homem era soberano mas como viver em conjunto com tanta soberania individual??? A solução era ceder a soberania – como dizia Hobbes – mas somando-se cada soberania individual às outras proveniente dos vários indivíduos, de tal maneira que o grupo passasse a ter soberania coletiva (o que hoje chamamos de “soberania nacional”).
É a passagem do “Eu individual” para o “Eu comum”, dando origem à “Nação” – uma nova personalidade formada pelos “Eus individuais”. 
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
ROUSSEAU (continuação) 
Para que isso desse certo afirmava ser necessário um “CONTRATO SOCIAL” (e não apenas um pacto) que gerasse direitos e obrigações para ambas as partes. Surge, assim, a primeira idéia de Constituição Escrita, baseada num contrato social.
A principal diferença entre a teoria de Rousseau e Hobbes é que para o segundo (Hobbes) de um lado está o soberano – que só tem direitos – e do outro está o súdito – que só tem deveres. Já para Rousseau e Locke era preciso um Estado para solucionar os conflitos e promover a justiça.
Rousseau é pai da idéia de que: (i) o povo é a fonte de toda autoridade política; (ii) o bem comum é o justo fim do governo; e (iii) que o Estado é o depositário da vontade geral.
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
(ii) Subgrupo 2: Origem Violenta
A Escola sociológica alemã – representada por Ludwig Gumplowicz (1838-1909) e Franz Oppenheimer (1864-1943) – orientada pelo princípio da força formulou uma teoria baseada na supremacia de classes.
Segundo esta teoria os homens viviam em hordas que se chocavam (brigavam). Os vencedores aprisionavam e levavam os vencidos e seus bens (pilhagem de guerra ou roubo). Com o acúmulos destas pilhagens pelos mais fortes passou a ser necessário cercar (com muros e fossos) para proteger o patrimônio. Dentro desta sociedade a classe mais forte governava enquanto a classe mais fraca era governada. Segundo esta teoria o Estado é uma organização da supremacia de uma minoria sobre a maioria.
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IV – FORMAÇÃO DO ESTADO
4.2) Formação Derivada
Fácil de se entender. O que se estuda aqui é o “onde” e “quando” e não o “como” ou “porque”. Existem duas formas: (i) separação de Estado preexistente – Exemplo: Brasil (que se separou de Portugal); (ii) união de Estado preexistente - Exemplos: Alemanha Oriental + Alemanha Ocidental (1990); 
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V – FORMAS DO ESTADO
5.1 – Considerações Iniciais
A idéia de Estado está ligada ao conceito de organização jurídico-política capaz de estabelecer uma ordem jurídica suprema. Os elementos povo + território são as esferas pessoal e territorial do Estado (todo povo se submete a determinada ordem jurídica imposta pelo Estado dentro de um determinado espaço geográfico).
Os três poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo) são diferentes estágios na criação desta ordem jurídica
imposta pelo Estado ao povo dentro de determinado território.
Legislativo = função típica: criar leis
Judiciário = função típica: julgar
Executivo = função típica: administra o Estado
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V – FORMAS DO ESTADO
5.1.1 Soberania x Autonomia
Soberania = qualidade do poder do Estado que o caracteriza na esfera internacional. Está ligada à idéia de poder, de autoridade suprema. Faz com que no plano jurídico, não existam distinções entre os Estados (“países”).
Autonomia = está ligada à visão interna que se tem do Estado. Designa o poder de editar as próprias leis e comporta graduação.
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V – FORMAS DO ESTADO
5.2 – Centralização e Descentralização
A forma do Estado está diretamente ligada ao modo de distribuição do poder político, quer seja este centralizado ou descentralizado.
A forma de Estado é a estrutura político-jurídica de cada Estado. Em todo Estado o poder é relativamente centralizado. A centralização e a descentralização podem ser de natureza administrativa ou política.
Na centralização toda a atividade é exercida por um núcleo de decisões (Obs. Descentralizar significa retirar “competência” de um centro e transferi-la para outro, criando-se outras pessoa jurídicas).
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V – FORMAS DO ESTADO
5.2 – Centralização e Descentralização (continuação) 
No que se refere à centralização administrativa, oportuno destacar a existência da “desconcentração”. 
Desconcentrar = distribuir competência decisória dentro de uma estrutura administrativa (não se cria personalidade jurídica própria) 
Obs.1) Não confundir “descentralização administrativa” (quando o Estado cria pessoas jurídicas para cumprir a missão administrativa com interesses próprios, competência privativa, mas se submetem ao controle central) com “desconcentração administrativa” (quando há distribuição de competência decisória para novos órgãos ligados ao poder central).
Obs. 2) Na centralização política há um único centro com capacidade legislativa. Na descentralização política há várias pessoas jurídicas com competência própria para legislar e administrar.
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V – FORMAS DO ESTADO
5.3 – Classificação das Formas de Estado
Em que pese a existência de outras classificações, adotaremos em nossas aulas a forma clássica de classificação: (i) Estado Unitário; (ii) Estado Regionalizado; e (iii) Estados compostos.
(i) Estado Unitário = a rigor seria aquele em que somente existiria um centro de decisões, um poder legislativo, um poder executivo e um poder judiciário, com sede na capital. Todavia, diante da grande extensão de terra de um Estado e o expressivo número de pessoas, esta forma “pura”de estado unitário torna-se inviável. Podemos falar em 3 tipos de Estado Unitário.
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V – FORMAS DO ESTADO
Estado Unitário Simples Puro = é aquele em que a ação do único centro de decisões do governo (executivo, legislativo e judiciário) se estende por todo território. Obs. Tal estrutura só seria possível em pequenos Estados com população muito reduzida.
Estado Unitário Simples "Desconcentrado" = não possui diferentes níveis de poder: central, regional e local. Nesta forma ocorre apenas a “desconcentração administrativa territorial” ou seja, são criados órgãos territoriais despersonalizados, sem autonomia (). em cada divisão territorial há um representante do poder central
Estado Unitário "Descentralizado” = é aquele que está dividido em circunscrições territoriais com personalidade jurídica própria (Municípios, Províncias ou Distritos). Estas circunscrições são, por lei nacional, dotadas de autonomia administrativa, ou seja, possuem autoridades executivas que gerem os interesses locais da comunidade (Exemplo: Portugal, Uruguai, Chile e França).
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V – FORMAS DO ESTADO
(ii) Estado Regionalizado = é um “meio termo”entre o Estado Unitário Descentralizado e o Estado Federado. No Estado Regionalizado há maior descentralização pois as regiões recebem autonomia administrativa e relativa autonomia política, além de possuir estatuto próprio (normalmente outorgados pelo poder central. Entretanto, as vezes estas regiões participam da elaboração dos estatutos.)
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V – FORMAS DO ESTADO
(iii) Estado Composto = formado por dois ou mais Estados que se unem (pelas razões mais diversas). Para constituir um Estado Composto é preciso que as regiões (divisões) tenham, no mínimo, autonomia política . Suas formas podem ser: (A) Uniões Políticas; (B) Confederações; e (C) Federações.
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V – FORMAS DO ESTADO
Uniões Políticas = típicas das monarquias, podem ser: (i) pessoais, (ii) reais e (iii) incorporadas:
União Política Pessoal = Não corresponde a uma verdadeira união de Estados monárquicos pois estes continuam a ter individualidade na vida internacional. Ocorrem quando o rei de um Estado recebe como herança outro Estado. Exemplo: Brasil e Portugal com D. Pedro I (1826-1831).
União Política Real = também ocorre em Estados monárquicos e é regulada por um ato jurídico específico que pressupõe a união de dois ou mais Estados sob o comando de um mesmo monarca, guardando cada Estado sua organização interna mas aparecendo internacional mente como um Estado único. Exemplo: Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822).
União Política Incorporada = resulta da fusão de dois ou mais Estados independentes para formar um novo Estado. Os primitivos Estados são absorvidos pela união. 
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V – FORMAS DO ESTADO
(B) Confederações = nas confederações, que não possuem uma constituição única, os antigos Estados unem-se por meio de um pacto de defesa externa, paz interna e ajuda mútua. Não há uma autoridade supraestatal com competência genérica. Vale observar que os Estados Confederados possuem soberania e direito à secessão. Exemplo atual: União Européia (1992)
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V – FORMAS DO ESTADO
(C) Federações = considerado um Estado de estados, baseia-se na descentralização política, havendo uma forma de repartição das competências entre o governo federal e os governos estaduais. Os estados membros possuem autonomia e capacidade de auto organização: Exemplo: EUA e Brasil. Suas principais características (baseado no modelo americano) são:
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V – FORMAS DO ESTADO – Federações – principais características
A) Existência de uma constituição federal superior às constituições estaduais;
B) Distribuição do poder de governo entre União e estados;
C) A União tem soberania e os estados possuem apenas autonomia administrativa e política;
D) Composição bicameral do legislativo federal composto por uma “Câmara Baixa” (no Brasil a Câmara dos Deputados) – composta por representantes do povo – e “Câmara Alta” (no Brasil o Senado Federal) – composta por representantes dos estados;
E) O judiciário, além de solucionar conflitos, faz o controle de constitucionalidade das leis e de todos os atos jurídicos.
F) Não há direito de secessão;
G) A União tem personalidade jurídica de direito público internacional.
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VI – FORMAS DE GOVERNO
1 – INTRODUÇÃO – FORMA DE GOVERNO
Em ciência política, chama-se forma de governo (ou sistema político) o conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza a fim de exercer o seu poder sobre a sociedade.
 
A forma de governo adotada por um Estado não deve ser confundida com a forma de Estado (Unitária, Regionalizado ou Composto) nem com seu sistema de governo (presidencialismo, parlamentarismo,).
Em outras palavras as “formas de governo” correspondem ao modo pelo qual o poder se organiza e se exerce – situação jurídica e social dos indivíduos em relação à autoridade.
Obs. As “Formas de Estado” designam a estrutura estatal interna em decorrência da centralização ou descentralização das atividades estatais
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VI – FORMAS DE GOVERNO
2 – FORMAS DE GOVERNO SEGUNDO ARISTÓTELES
Para Aristóteles o homem é um animal “cívico” e a felicidade, como bem supremo, deve ser-lhe assegurada. Um bom governo é, segundo o filósofo, a maneira de proporcionar a felicidade. (Obra: “Política”)
Segundo o filósofo em comento, o poder soberano pode ser exercido: (i) por um só homem; (ii) por poucos homens; (iii) pela maior parte dos homens;
Para saber se a forma de governo é normal (pura) ou anormal (impura) usa-se o critério ético da seguinte forma:
se o governo atende ao interesse geral, é uma forma “normal” (pura);
B) se o governo atende aos seus próprios interesses e busca obter vantagens pessoais, estamos diante de uma forma “anormal” (impura);
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VI – FORMAS DE GOVERNO
2 – FORMAS DE GOVERNO SEGUNDO ARISTÓTELES (continuação)
A diferença de cada forma de governo, segundo Aristóteles, está no número de agentes do poder:
1) Forma Normal/Pura
MONARQUIA = governo de um só em benefício de todos;
ARISTOCRACIA = governo de um grupo de elite em benefício de todos;
DEMOCRACIA = governo do povo em benefício de todos
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VI – FORMAS DE GOVERNO
2 – FORMAS DE GOVERNO SEGUNDO ARISTÓTELES (continuação)
2) Forma Anormal/Impura
TIRANIA = corrupção da monarquia. Governo de um só em benefício próprio;
OLIGARQUIA = corrupção da aristocracia. Governo da minoria em benefício próprio, dos mais ricos, dos nobres;
DEMAGOGIA = corrupção da democracia, supostamente em benefício de todos.
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VI – FORMAS DE GOVERNO
3 – AS ATUAIS FORMAS DE GOVERNO
3.1 MONARQUIA
Governo em que o poder está na mão de um indivíduo. Adotada a muitos séculos por quase todos os Estados do Mundo. Com o passar dos tempos ela foi sendo enfraquecida. O término da Idade Média traz a necessidade de governos fortes, para restabelecer a unidade territorial dos reinos, fazendo ressurgir a Monarquia não sujeita a limitações jurídicas (Absolutistas);
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VI – FORMAS DE GOVERNO
3 – AS ATUAIS FORMAS DE GOVERNO (continuação)
3.1.1 MONARQUIA ABSOLUTA = O governo não obedece a qualquer Constituição ou ordem jurídica que regule/limite sua autoridade. O poder concentra-se na mão do Monarca que exerce a função de legislador, administrador e julgador. Age por seu próprio arbítrio e só presta contas a Deus.
Obs. Praticamente todas as Monarquias atuais são limitadas. O poder central se reparte admitindo-se órgãos autônomos de função paralela. O Rei não governa sozinho, sua autoridade é limitada pela de outros órgãos coletivos – como por exemplo o Parlamento. 
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VI – FORMAS DE GOVERNO
3.1.2) MONARQUIAS LIMITADAS = neste caso o governo obedece a uma Constituição e/ou leis
3.1.2.1) Monarquia Limitada de Estamentos = caracteriza-se por seguimentos da nobreza e do clero que exerciam influência (e, por assim dizer, algum “controle”) sobre as normas ditadas pelo monarca. Este tipo de monarquia é própria do regime feudal.
Exemplo curioso: Em 1215 na Inglaterra os barões e o clero impuseram ao Rei (“João sem Terra”) - extremamente arbitrário – a assinatura da Magna Carta que limitou os poderes reais, especialmente os “tributários”. Os impostos e taxas só poderiam ser cobrados se aprovados pelo conselho geral do reino.
3.1.2.2) Monarquia Limitada Constitucional = o rei exerce funçõa executiva (de Chefe de Estado e de Governo) ao lado dos órgãos Legislativos e Judiciários, nos termos de uma Constituição não elaborada pelo monarca.
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3.1.2) MONARQUIAS LIMITADAS
3.1.2.3 Monarquia Limitada Constitucional Parlamentar = o rei reina mas não governa (tal como ocorre hoje na Inglaterra). O rei exerce a função de “Chefe de Estado” – fundamental nos momentos de crise e para trazer estabilidade – mas não a função de “Chefe de Governo” (ocupada pelo Primeiro Ministro).
O Primeiro Ministro governa e permanece nesta função enquanto tiver o apoio do Parlamento – que o escolhe. O monarca apenas homologa a escolha do nome para Primeiro Ministro escolhido pelo Parlamento.
Obs. No Parlamentarismo o Chefe de Estado pode dissolver o Parlamento – ou pelo menos a Câmara eletiva – quando o sistema é bicameral. Com isso o Chefe de Estado refreia os excessos do controle parlamentar. Exemplo: Inglaterra, Espanha e Japão. 
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4 – REPÚBLICA
A República é a forma de governo que se contrapões à Monarquia e tem sentido próximo ao da democracia, pois possibilita a participação popular no governo.
O ideal republicano desenvolveu-se no final do século XVIII através das lutas contra as monarquias absolutistas em prol da afirmação da soberania popular
Para Rui Barbosa: “República é a forma de governo em que além de existirem três poderes constitucionais, o legislativo, o executivo e o judiciário, os dois primeiros derivam de eleição popular”
Características essenciais da República: (i) eletividade do governo – não sendo admitida a hereditariedade; (ii) temporariedade do governo – não se admitindo governos vitalícios; (iii) responsabilidade – o governo é políticamente responsável e deve prestar contas ao povo.
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VI – FORMAS DE GOVERNO
4.1 – Classificação da República
A) República Aristocrática = é o governo de uma classe privilegiada por direitos de nascimento ou conquista. Na República Aristocrática o direito de eleger os órgãos supremos do poder reside em uma classe nobre ou privilegiada, com exclusão das classes populares.
Em síntese, aqui exige-se altos requisitos de elegibilidade, que é condição para votar e ser votado. Neste sentido, sempre que se restringe o direito de voto, aproxima-se mais da aristocracia.
B) República Democrática = é aquela em que todo o poder emana do povo. O direito de eleger e ser eleito pertence aos cidadãos, sem diferenciação de classe, observadas somente as exigências legais quanto à capacidade para realizar atos jurídicos.
Obs. O Brasil é hoje uma República Democrática – Art. 60, §4˚, II da Constituição Federal.
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VI – FORMAS DE GOVERNO
4.2 – Aspectos Relevantes da Democracia
A palavra democracia deriva do grego e significa “governo do povo”. O seu conteúdo tem se transformado por meio da história, conforme veremos abaixo:
A) Democracia Antiga (Grécia – Atenas) = em Atenas o povo não era a soma de todos os indivíduos que viviam sob as “asas” do governo. Os direitos políticos não eram reconhecidos aos escravos, aos estrangeiros e as mulheres. As decisões mais importantes deveriam ser tomadas por todo o povo – observadas as ressalvas feitas. Entretanto, o que era apresentado ao povo era previamente discutido e estudado pelo Senado.
Obs. O povo não tinha direito de iniciativa, apenas admitia ou rejeitava o ato apresentado.
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VI – FORMAS DE GOVERNO
B) Democracia clássica (seculo XIX) = os ideais que derrubaram a monarquia absolutista acabaram por estabelecer a democracia clássica caracterizada pela soberania popular, o exercício do poder político por órgãos distintos, a limitação das prerrogativas dos governantes e a garantia de direitos individuais.
Obs. A democracia clássica, que era essencialmente política, começou a mudar após a Primeira Guerra Mundial, objetivando atingir contornos não só “políticos”, mas também “social”. Em outras palavras, ao lado da democracia política passa a existir a democracia social – com amparo ao idoso, ao trabalhador, às crianças e ao abuso do poder econômico.
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VI – FORMAS DE GOVERNO
C) Democracia Contemporânea = reclama o efetivo reconhecimento da dignidade e pleno desenvolvimento do homem em uma sociedade livre, justa e solidária.
“a democracia é um processo dinâmico e inerente a uma sociedade aberta e ativa, oferecendo aos cidadãos a possibilidade de desenvolvimento integral, liberdade de participação no processo político, condições de igualdade econômica, política e social”. (CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria Constitucional. P. 279)
Para sua efetividade, a democracia necessita de participação. Para se sustentar como governo “do povo e para o povo” a democracia deve se desenvolver segundo os valores: (i) maioria; (ii) igualdade – garantia de direitos a todos; (iii) liberdade – para o cidadão participar da vida política. 
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VI – FORMAS DE GOVERNO
C) Democracia Contemporânea (CONTINUAÇÃO)
Para ser equilibrada a democradia deve conciliar: direito da pessoa x direito da sociedade E liberdade x soberania.
Atualmente as democracias são classificadas em 3 tipos: (i) democracia direta; (ii) democracia indireta ou representativa; e (iii) democracia semidireta.
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VI – FORMAS DE GOVERNO
(i) Democracia Direta = é aquela feita través de assembléias populares – com ausência de eleição. Em outras palavras, a comunidade se autogoverna.
Tal como acontecia em Atenas, neste tipo de democracia o próprio cidadão se reúne em assembléia para resolver os assuntos mais importantes.
Obs. Só é viável, em tese, em pequenos Estados com uma população bastante reduzida. 
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VI – FORMAS DE GOVERNO
(ii) Democracia Indireta (representativa) = na República Democrática “Representativa” o povo participa do governo através de seus representantes eleitos pelo voto direto ou indireto. O povo “se governa” por meio de representantes eleitos, que recebem um mandato representativo para atuar na esfera política, decidindo em nome e no interesse do povo.
A Democracia Representativa, para se efetivar, possui mecanismos próprios tais como: (A) sistema eleitoral; (B) eleições e partidos políticos. 
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VI – FORMAS DE GOVERNO
(iii) Democracia Semidireta = é aquela que não existe continuamente. Ela ocorre, eventualmente, nas democracias indiretas, sempre que o povo é chamado, por consulta ou determinação legal, a tomar decisões de governo. Em outras palavras, em algumas situações o governo devolve ao povo o direito de opinar e resolver questões diretamente por meio de: (A) Plebiscito; e (B) Referendum.
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VI – FORMAS DE GOVERNO
A) PLEBISCITO = é a consulta antecipada do povo sobre determinada questão. Em outras palavras, antes que determinada medida seja tomada pelo órgão de governo, o povo é consultado. Ex. Divórcio na Itália (o povo italiano foi consultado previamente e somente depois o legislativo elaborou a lei)
Obs. O plebiscito é decisão e sua conclusão não pode ser desacatada pelo legislativo. 
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VI – FORMAS DE GOVERNO
B) REFERENDUM = é a consulta posterior do povo sobre determinada questão. Em outras palavras, depois que determinada legislação já foi elaborada pelo órgão de governo, o povo é consultado. A lei só se torna obrigatória depois da aprovação popular. Ex. Constituição da Espanha de 1978, sobre cuja entrada em vigor o povo se manifestou.

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