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Epidemiologia Os temas tratados na epidemiologia não são novos; relativamente nova é a disciplina acadêmica que atende por este nome. • Epidemia => termo antigo que aparece nos escritos desde o tempo da Grécia clássica A palavra “epidemiologia” => século XVI Há também, registros, de uma Sociedade de Epidemiologia, fundada em Londres, em 1850. O conceito original da epidemiologia, que se restringia ao estudo de epidemias de doenças transmissíveis, prevaleceu por longo tempo. CONCEITOS BASICOS DE EPIDEMIOLOGIA Epidemiologia - Definição - É um ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a saúde. - É o estudo da distribuição do estado ou evento de saúde-doença e de seus determinantes em populações específicas e a aplicação destes estudos para o controle dos problemas de saúde. Etimologicamente, “epidemiologia” (epi= sobre; demo= população; logos= tratado) significa o estudo que afeta a população. “A epidemiologia é o campo da ciência médica preocupado com o inter-relacionamento de vários fatores e condições que determinam a frequência e a distribuição de um processo infeccioso, uma doença ou um estado fisiológico em uma comunidade humana”.(MAXCY, 1951) “A epidemiologia é o estudo da distribuição e dos determinantes da saúde das populações humanas”. (MORRIS,1975) “A Epidemiologia é a ciência que estuda os padrões da ocorrência de doenças em populações humanas e os fatores determinantes destes padrões.” (LILIENFELD, 1980) “Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle, ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de saúde.” (ROUQUAYROL e GOLDBAUM, 1999). Embora não haja um consenso em sua definição, que a epidemiologia é entendida, em seu sentido mais amplo, como o estudo do comportamento coletivo da saúde e da doença. “Enquanto a clínica aborda a doença em nível individual, a epidemiologia aborda o processo saúde-doença em grupos de pessoas que podem variar de pequenos grupos até populações inteiras. O fato de a epidemiologia, por muitas vezes, estudar morbidade, mortalidade ou agravos à saúde, deve-se, simplesmente, às limitações metodológicas da definição de saúde” (Menezes, 2001) A Epidemiologia é interdisciplinar, envolvendo vários outros saberes, destacando-se três eixos básicos: AS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – contribuem para melhor descrever e classificar as doenças (a Clínica, a Patologia, Microbiologia, Imunologia); AS CIÊNCIAS SOCIAIS – para compreensão da determinação social da doença (Sociologia, Antropologia, Demografia, Psicologia, Economia); A ESTATÍSTICA – fornece o instrumental necessário à quantificação das informações de saúde e sua interpretação. Em associação com a Informática. Pressuposto básicos da epidemiologia: A ocorrência e a distribuição dos eventos à saúde não se dão por acaso Existem fatores e determinantes das doenças e agravos da saúde que, uma vez identificados, precisam ser eliminados, reduzidos ou neutralizados. PRINCIPAIS USOS DA EPIDEMIOLOGIA Diagnóstico da situação de saúde Planejamento e organização dos serviços Avaliação das tecnologias, programas ou serviços Aprimoramento na descrição do quadro clínico das doenças Identificação de síndromes e classificação de doenças Investigação etiológica Determinação de riscos Determinação de prognósticos Verificação do valor de procedimentos diagnósticos Análise crítica de trabalhos científicos Tríade epidemiológica das doenças Período pré-patogênico Hospedeiro • Idade; • Sexo; • Estado civil; • Ocupação; • Escolaridade • Características genéticas • História patológica pregressa • Estado imunológico • Estado emocional Agente • Biológicos (microrganismos) • Químicos (mercúrio, álcool, medicamentos) • Físicos (trauma, calor, radiação) • Nutricionais (carência, excesso) Ambiente • Determinantes físico-químicos (temperatura, umidade, poluição, acidentes) • Determinantes biológicos (acidentes, infecções) • Determinantes sociais (comportamentos, organização social) Recordando alguns cálculos -Frações -Porcentagem -Regra de três Serão necessários nas medidas de tendência central e nos cálculo de coeficientes ou taxas Introdução ao Estudo da Estatística “Estatística é a Ciência de obter conclusões a partir de dados”. Paul Velleman A Estatística envolve técnicas para coletar, organizar, descrever, analisar e interpretar dados, ou provenientes de experimentos, ou vindos de estudos observacionais. -Um exemplo no mundo real e atual cientistas querem saber se a vacina para combater a propagação da “gripe suína” tem efeitos colaterais. -Fenômeno Estatístico: qualquer evento que se pretenda analisar, cujo estudo seja passível da aplicação do método estatístico. São divididos em individuais, de massa (ou coletivo) e de multidão. • individuais: cada um deles irá compor os fenômenos de massa, por exemplo, cada nascimento no Município do Rio de Janeiro, cada morte, cada casamento, etc • de massa: não podem ser definidos por uma simples observação, por exemplo nascimentos no Rio de Janeiro, morte, a mortalidade, preço médio da cerveja no Rio de janeiro. • de multidão: São aqueles que as características observadas para a massa não se verificam para o particular, por exemplo Temperatura, Epidemia, Tendências Culturais. Dê acordo com a forma como se manifestam podem ser: Fenômenos Típicos: que se manifestam de forma regular, revelando um comportamento definido. Fenômenos Atípicos: cuja manifestação se dá através de um comportamento irregular, não revelando uma tendência definida. Introdução à estatística A estatística é uma parte da matemática aplicada que fornece métodos para a coleta, organização, descrição, análise e interpretação de dados para a utilização dos mesmos na tomada de decisões. ESTATÍSTICA – serve: como uma ferramenta auxiliar de todas as ciências, para a obtenção de conclusões e a tomada de decisões. para descrever e compreender as relações entre variáveis tomar decisões melhores e mais rápidas A ESTATÍSTICA auxilia através de sondagem, por meio de coleta de dados e de recenseamento de opiniões Sondagem: estudo científico que objetiva conhecer ou conhecer melhor as atitudes, as preferências e os hábitos de algum acontecimento, circunstância e assunto de interesse comum. Estatística descritiva: Envolve: _ Coleta de Dados _ Apresentação dos Dados _ Características dos Dados Objetivo: _ Descrever os Dados Estatística inferencial ou indutiva: Envolve: _ Estimação _ Teste de Hipóteses Objetivo: _ Fazer decisões sobre as características da População a partir das informações recolhidas na amostra 1.Coleta dos Dados _ ex. Pesquisa I - Quanto à Forma: Direta - quando o pesquisador coleta na fonte originária. Indireta – já publicados (ex. IBGE). II - Quanto ao Tempo: Contínua - realizada permanentemente. Periódica - feita em intervalos iguais. Aleatória - efetuada sem época pré-estabelecida. 2.Apresentação dos Dados _ ex. Gráficos, quadros e Tabelas => é feita depois dos dados serem tabulados ou apurados. 3.Caracterizando os Dados _ ex. Médias Nas áreas médica, biológica, epidemiológica coletam-se dados de pessoas, de animais experimentais e de fenômenos físicos e químicos. Interessa aos pesquisadores dessas áreas dados sobre mortalidadeinfantil, eficiência de medicamentos, incidência de doenças, etc... Os dados referem-se as variáveis, que são classificados, em estatística, como: 1) Qualitativas 2) Ordinais 3) Quantitativas 1) Variável qualitativa Os dados podem ser distribuídos em categorias mutuamente exclusivas Ex: sexo (2 categorias: masculino/feminino), cor da pele, causa de morte, grupo sanguíneo, ... 2) Variável ordinal Os dados podem ser distribuídos em categorias mutuamente exclusivas que tem ordenação natural Ex: grau de instrução (primário, secundário, superior), status social, estágio da doença, .... 3) Variável quantitativa Expressa por números Ex: idade, estatura, peso corporal, ... População e amostra -População - conjunto de objetos, indivíduos ou resultados experimentais, acerca do qual se pretende estudar alguma característica comum. Esses devem possuir pelo menos uma característica observável. - Amostra: uma parte da população que é observada com o objetivo de obter informação para estudar a característica pretendida. Cada elemento dessa população é uma unidade estatística. -Se toda a população pode ser investigada (pesquisada), temos um recenseamento. -Censo => conjunto de dados obtidos através do recenseamento População pode ser finita ou infinita Finita: alunos de uma escola Infinita: número de vezes que se pode jogar um dado Para certas finalidades as populações finitas muito grande são consideradas infinitas. Ex: pessoa do sexo masculino com mais de 40 anos, residente no Rio de Janeiro => n° é finito, mas tão grande que um pesquisador avalia umas 500 pessoas e considera a população como infinita. Técnicas de amostragem Definida a população, é preciso estabelecer a técnica de amostragem. a) Amostra casual simples b) Amostra sistemática c) Amostra estratificada d) Amostra de conveniência a) Amostra casual simples -composta por elementos retirados ao acaso - sorteios, urnas Ex: seleção de alunos por sorteio de números b) Amostra sistemática - Os elementos não são escolhidos por acaso, mas por um sistema Ex: professor chama para a amostra todos os alunos com matrícula par Quando uma população está organizada, é mais fácil, obter uma amostra sistemática do que uma amostra casual simples. Ex: obter uma amostra de 2% dos prontuários dos pacientes de uma clínica. Pegar o último de cada 50 prontuários do que fazer um sorteio até conseguir 2% do total dos prontuários. c) Amostra estratificada -composta por elementos provenientes de todos os estratos da população Ex: professor considera que alunos de diferentes séries apresentam reais diferenças => cada série é um estrato => obter uma amostra de cada série. -cidade => cada bairro é um estrato => é razoável obter uma mostra de cada bairro. d) Amostra de conveniência - Formada por elementos que o pesquisador reuniu simplesmente porque dispunha deles. Ex: professor utiliza alunos de sua classe como amostra de toda a escola. Os estatísticos tem muitas restrições ao uso de amostra de conveniência => mesmo assim é comum na área da saúde, onde fazem pesquisa com pacientes de uma mesma clínica ou um só hospital Pesquisador tem que ter senso crítico => pois os dados podem ser tendenciosos Ex: doenças aonde apenas casos graves seja internado (ex: desidratação) => é possível que a mortalidade de pacientes internados seja muito maior de pacientes não internados => amostra tendenciosa!!! Medidas de posição ou de tendência central Medidas que visam localizar o centro de um conjunto de dados, isto é, identificar um valor representativo em torno do qual os dados tendem a se agrupar com maior ou menor frequência. Resumem em um único valor o conjunto de dados observados. Ex: moda, mediana e média. Moda (Mo) - valor que ocorre com maior frequência em uma série de valores. Exemplos: 7, 8, 9, 10, 10, 10, 11, 12, 13, 15 – A moda é 10 (unimodal) 3, 5, 8, 10, 12, 13 – não apresenta moda (amodal) 2, 3, 4, 4, 4, 5, 6, 7, 7, 7, 8, 9 – temos duas modas: 4 e 7 (bimodal) Média Aritmética ( MA ) - É o quociente da divisão da soma dos valores da variável pelo número deles: MA = Σ xi n Sendo: MA – a média aritmética; xi – os valores da variável; n – o número de valores Exemplo: Sabendo-se que a produção leiteira da vaca A, durante uma semana, foi de 10, 14, 13, 15, 16, 18 e 12 litros, temos, para produção média da semana: MA = 10 + 14 + 13 + 15 + 16 + 18 + 12 = 98 = 14 7 7 Mediana (Md) – medida de centro de um conjunto de dados, que divide este conjunto em duas partes de igual número de observações. Dada a série de valores, como, por exemplo: 5, 13, 10, 2, 18, 15, 6, 16, 9. De acordo com a definição de mediana, o primeiro passo a ser dado é o da ordenação (crescente ou decrescente) dos valores: 2, 5, 6, 9, 10, 13, 15, 16, 18 Em seguida, tomamos aquele valor central que apresenta o mesmo número de elementos à direita e à esquerda. Em nosso exemplo, esse valor é o 10, já que, nessa série, há quatro elementos acima dele e quatro abaixo. Se, porém, a série dada tiver um número par de termos, a mediana será, por definição, qualquer dos números compreendidos entre os dois valores centrais da série. Convencionou-se utilizar o ponto médio. Assim, a série de valores: 2, 6, 7, 10, 12, 13, 18, 21 tem para mediana a média aritmética entre 10 e 12. Logo: Md = 10 + 12 = 11 2 Abaixo são apresentados os resultados da área de superfície corporal (m2) de um grupo de 13 pacientes estudados por Fernandez et al. (“Sustained improvement in gas exchange after negative pressure ventilation for 8 hours per day on 2 successive days in chronic airflow limitation”, American Review of Respiratory Disease, 1991, 144, 390-394). Calcule a média aritmética simples, a mediana e a moda da distribuição dos valores da área de superfície corporal destes pacientes: Exercício - Tipos de médias: * Média Aritmética Simples de um conjunto de valores é o valor obtido somando-se todos eles e dividindo-se o total pelo número de valores. * Média Geométrica Simples: é a raiz e-nésima do produto de todos os lados. (mais utilizada na área de finanças e engenharia) * Média Quadrática: é a raiz quadrada da média aritmética dos quadrados dos elementos. * Média Harmônica: é o número de membros dividido pela soma do inverso dos membros. (utilizada quando se trata de grandezas inversamente proporcional) MÉDIA PONDERADA: o cálculo considera a soma de um conjunto de elementos, onde cada um tem um fator de peso, que o multiplica individualmente. Essa soma é dividida, então, pela soma de todos os pesos de cada elemento. Utiliza-se a média ponderada quando se quer ter uma ideia de valor comum, porém, considerando-se um peso específico para cada elemento. Mp = (P1 . a1)+ (P2 . a2) + (P3 . a3) +...+ Pn . an) (P1 + P2 + P3 +...+ Pn) Ex: formar a nota do bimestre, em que são dadas duas provas, e um trabalho. Cada prova tem peso dois, enquanto que o trabalho tem peso 1. Se um aluno tiro 8 na primeira prova, 7 na segunda, e 10 no trabalho, sua nota final seria: Mp = (2 . 8 + 2 . 7 + 1 . 10) / 5 = 8 Exercício Baseado nas fórmulas abaixo, calcule as médias aritmética simples, geométrica simples, quadrática e harmônica entre os números 2, 5 e 7: - Medidas de Tendência Central: * Média Aritmética Simples de um conjunto de valores é o valor obtido somando-se todos eles e dividindo-se o total pelo número de valores. * Média Geométrica Simples é a raiz e-nésima do produto de todos os dados. * Média Quadrática: é a raiz quadrada da média aritmética dos quadrados dos elementos. * Média Harmônica: é o número de membros dividido pela soma do inverso dos membros. M.A.=2+5+7/3= 4,67 M.G= 3 7.5.2 = 3 70 = 4,12 M.Q= Apresentação dos dados em tabelas -Frequência: ao estudarmos a variável nosso interesse maior é conhecer como se distribui essa variável através dos possíveis valores da mesma. A distribuição de frequência nos dá uma ideia global sobre esses valores, ou seja, a sua distribuição. - Ao se resumir uma grande quantidade de dados brutos, costuma-se distribuir em classes ou categorias) e determinar o número de indivíduos que pertencem a cada uma delas, chamando frequência de classe Se for feito um arranjo tabular dos dados por classes juntamente com as frequências, denomina-se distribuição de frequência ou tabela de frequência. Construção de tabelas Exercício Observe a tabela abaixo e calcule as frequências relativas de não- sobreviventes. Tabela 1.1 - Pacientes com câncer de mama segundo a faixa de idade por ocasião do diagnóstico e a sobrevivência após 3 anos Faixa de idade Sobrevivência sim não Menos de 50 anos 11 6 De 50 a 70 anos 18 8 Mais de 70 anos 15 9 Construção de Gráficos: * Segundo a forma a) Diagramas:gráficos geométricos dispostos em duas dimensões; são os gráficos mais utilizados na representação de séries estatísticas e posem se apresentar através de uma enorme variedade de tipos. b) Cartogramas: ilustrações relativas a cartas geográficas, muito utilizados em Geografia e História, por exemplo. c) Estereogramas: representam volumes e são apresentados em três dimensões. Normalmente confeccionados em cartolina ou madeira. d) Pictogramas: construídos a partir de figuras ou conjunto delas. São muito utilizados em jornais e revistas. Histórico da Epidemiologia - A história da Epidemiologia e da Parasitologia confundem-se entre si e ambas com a história da Medicina. - Hipócrates, um asclepíade, há 2.500 anos, “analisava as doenças em bases racionais como produto da relação do indivíduo com o ambiente. O clima, a maneira de viver, os hábitos de comer e de beber deveriam ser levados em conta ao analisar as doenças.” Histórico da Epidemiologia - Doença: enquanto um produto da relação complexa. Constituição do indivíduo X Ambiente que o cerca. - Teoria Miasmática (mal + ar) - Estudou doenças epidêmicas e as variações geográficas das endemias; - Os ensinamentos de Hipócrates foram preservados por Galeno (Roma Antiga), árabes (Idade Média) e por clínicos (Europa Ocidental, na Idade Média). - Quantificação dos problemas de saúde: iniciou-se há três séculos com a quantificação dos dados de mortalidade. Histórico da Epidemiologia John Graunt (1620-1674) - “Pai” das estatísticas vitais ou demografia. - Publicou um tratado sobre as tabelas mortuárias de Londres, onde descrevia a mortalidade por sexo e região, quantificando o número de óbitos que ocorria em relação ao total da população. Histórico da Epidemiologia No século XIX: A Europa era o centro das ciências. Com a Revolução Industrial houve o deslocamento populacional para as cidades. Apareceram a epidemia de cólera, a febre tifóide e a febre amarela. Houve uma divisão dos estudiosos, da época entre a “Teoria dos Miasmas” e a “Teoria dos Germes”. Teoria dos Miasmas: teoria segundo a qual as doenças estavam associadas à putrefação e a maus odores, podendo se propagar pelo ar; vapores nocivos poderiam causar qualquer tipo de doença. Podiam ser evitadas por substâncias que impedissem a putrefação. Teoria dos Germes: teoria formulada por Louis Pasteur, segundo a qual as doenças estavam associadas aos germes existentes no ar; ficou comprovada com o histórico experimento conhecido como “pescoço de cisne”. As ideias de Pasteur foram utilizadas, em seguida, por Joseph Lister, no controle das infecções hospitalares. Até 1874 - teoria miasmática - dominante Histórico da Epidemiologia Pierre Louis (1788-1872) Introduziu e divulgou o método estatístico na contagem dos eventos Revelação da letalidade da pneumonia em relação à época em que era iniciado o tratamento por sangria Histórico da Epidemiologia No seu trabalho, Pierre Louis comparou a evolução das pneumonias com a época em que foram introduzidas as sangrias. Observou que o número de mortes era muito maior naqueles pacientes em que a sangria havia sido introduzida mais precocemente. Morreram 44% dos pacientes submetidos à sangria mais precocemente e 25% daqueles em que o processo de sangramento foi mais tardio. Curiosamente, seu trabalho mostrou também que a doença durava menos tempo nos sobreviventes do grupo em que a sangria foi iniciada mais cedo. Na verdade, a conclusão de Louis não foi pela condenação da sangria, mas pela limitação de seu uso. Louis Villermé (1782-1863) Pioneiro nos estudos sobre etiologia social das doenças. Investigou sobre a pobreza, as condições de trabalho e suas influências sobre a saúde. Relação entre a situação socioeconômica e mortalidade Histórico da Epidemiologia Histórico da Epidemiologia William Farr (1807 - 1883) Trabalhou 40 anos no Escritório Geral de Registros da Doença da Inglaterra Classificou doenças e descreveu as leis das epidemias (Lei de Farr) Ascensão rápida no início, elevação lenta até o ápice e uma queda mais rápida. Coleta e análise sistemática das estatísticas de mortalidade na Inglaterra e País de Gales. Permitiu o acesso, de estudiosos, a um grande número de informações. Pôde-se concluir, entre outras que: mais da metade das crianças não chegava à idade de 5 anos; a idade médio do óbito nas classes altas era de 36 anos, dos trabalhadores do comércio de 22 anos e da indústria de 16 anos. Pai da estatística vital e da vigilância. John Snow (1813 - 1858) (“pai da Epidemiologia de Campo”) Conduziu inúmeras investigações no intuito de esclarecer a origem das epidemias de cólera em Londres no período de 1849 - 1854. Maneira de Transmissão da Cólera (1855). Indicou o consumo de água poluída como responsável pelos episódios da doença (mesmo antes da descoberta do bacilo causador) Traçou princípios de prevenção e controle de novos surtos, utilizados até os dias atuais. Histórico da Epidemiologia Jon Snow verificou que os distritos de Londres que apresentaram maiores taxas de mortalidade pela cólera eram abastecidos de água por duas companhias: a Lambeth Company e a Southwark & Vauxhall Company. E que o risco de morrer por cólera era mais de cinco vezes maior nos distritos servidos somente pela Southwark & Vauxhall Company do que as servidas, exclusivamente, pela Lambeth Company. Para testar a hipótese de que a água de abastecimento estava associada à ocorrência da cólera, Jon Snow concentrou seus estudos nos distritos abastecidos por ambas as companhias. Histórico da Epidemiologia Louis Pasteur (1822- 1895) - “Pai” da bacteriologia formulou as bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas. Isolou muitas bactérias; estudou a fermentação da cerveja e do leite; investigou bactérias patogênicas e meios de destruí-las e/ou impedir a sua multiplicação; formulou os princípios da pasteurização. Principio da pasteurização Vacina anti-rábica Teoria do germe – unicausal explicação unicausal: - microbiologia - contágio de germes Teoria dos germes Bacteriologia: Conceito da unicausalidade Agente Hospedeiro w w w .p erso n el.p su .ed u Fase da causalidade múltipla Agravos à saúde Redes multicausais Meio ambiente Natureza multifatorial Agente Hospedeiro Físico Biológico Social Com a Epidemiologia Nutricional, constatou-se que diversas doenças tidas, até então, como infecciosas, eram na verdade causadas por deficiências nutricionais Ex: Béri-béri:doença causada por falta de vitaminas do complexo B, principalmente a vitamina B1; Escorbuto: doença causada pela falta de vitamina C, dentre outras. Histórico da Epidemiologia A primeira metade do século XX Influência da microbiologia (Osvaldo Cruz e a Escola de Manguinhos); Oswaldo Cruz (1872-1917): fundou o Instituto em Manguinhos-RJ, propiciando uma gama de pesquisas e investimentos na área, além de combate à febre tifóide, peste e varíola. Figuras que alí se destacaram: Carlos Chagas, Adolfo Lutz (febre amarela) e Emílio Ribas. Saneamento ambiental, vetores e reservatórios de agentes; Ecologia – teoria multicausal das doenças. A abordagem ecológica Amplia o enfoque para além dos germes, incluindo o agente, hospedeiro e meio ambiente – modelo multicausal - complexa interação de múltiplos fatores; Ampliam-se as possibilidades de prevenção; A saúde passa a ser vista como uma resposta adaptativa do homem ao meio ambiente e a doença, um desequilíbrio dessa adaptação. - No século XX (segunda metade): . Determinação das condições de saúde da população, através de inquéritos de morbidade e mortalidade. . Busca, de forma sistemática, de fatores antecedentes ao aparecimento das doenças, que pudessem ser estabelecidos como agentes ou fatores de risco. . Avaliação da utilidade e segurança das intervenções propostas para alterar a incidência ou evolução da doença, através de estudos controlados (utilização de estreptomicina na tuberculose, do flúor na água, da vacina contra poliomielite). Histórico da Epidemiologia Situação atual • Praticamente todos os agravos à saúde já foram ou estão sendo estudados através de estudos epidemiológicos; • Teoria da multicausalidade ; • Tornou-se claro que os agentes microbianos e físicos não eram capazes de explicar todas as questões de etiologia e prognóstico das doenças. • Incorporação dos princípios da psicologia e sociologia • Análise multivariada -Indicadores de Saúde (medem a saúde): 1 – Medidas de Morbidade (risco de adoecer) a) Coeficiente de Incidência b) Coeficiente de Prevalência 2 – Medidas de Mortalidade (risco de morrer) a) Coeficiente de Mortalidade Infantil b) Coeficiente de Mortalidade por Malária 3 – Medidas de Gravidade (gravidade ou fatalidade) a) Coeficiente de Letalidade 4 – Distribuição Proporcional (grupo mais atingido) A Medida da Saúde Coletiva -I - Valores Absolutos -. Número de casos de malária; -. Número de casos de dengue; -. Número de óbitos de menores de 5 anos. -II - Valores Relativos -III – Indicadores de Mortalidade -IV – Indicadores de Gravidade -V – Indicadores de Morbidade A Medida da Saúde Coletiva - Valores Relativos 1 – Coeficientes ou Taxas: relação entre o número de casos de um evento e uma população, num local e em uma época. Informa quanto ao risco de ocorrência de um evento. Por exemplo, o número de casos de Febre Amarela em Manaus, em relação à população que reside no estado do Amazonas a cada ano. -Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI) - mede o risco de morte para crianças menores de 1 ano em dado local e período. N.º de óbitos em menores de 1 ano em dado local e período CMI = --------------------------------------------------------- X 1000 N.º de nascidos vivos no mesmo local e período A Medida da Saúde Coletiva Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI) A Medida da Saúde Coletiva Coeficiente de Mortalidade Infantil Precoce (CMIP ou Neonatal) - mede o risco de morte para crianças menores de 28 dias em dado local e período. N.º de óbitos em menores de 28 dias em dado local e período CMIP = ------------------------------------------------------ X 1000 N.º de nascidos vivos no mesmo local e período A Medida da Saúde Coletiva Interpretação da TMI ou CMI: A Medida da Saúde Coletiva Coeficiente de Mortalidade Materna (CMM) - mede o risco de morte materna. Morte materna = óbito de mulher grávida ou no período de 42 dias após a gravidez, independente da duração e localização da gravidez, por alguma causa relacionada ou agravada pela gravidez que não sejam causas acidentais ou incidentais. N.º de mortes maternas em dado local e período CMM = ---------------------------------------------- X 1000 N.º de nascidos vivos no mesmo local e período A Medida da Saúde Coletiva Taxa de Internação por Insuficiência Cardíaca Congestiva - expressão da ocorrência de internações por insuficiência cardíaca congestiva (ICC) na população, em determinado local e período. Número de internações por insuficiência cardíaca Congestiva (ICC)* na população com 40 anos e mais em determinado local e período ICC = ---------------------------------------------------------------------------- X 10000 População com 40 anos e mais no mesmo local e período A Medida da Saúde Coletiva 2 – Índice ou Proporção: relação entre frequências atribuídas de determinado evento, sendo que no numerador é registrada a frequência absoluta do evento que constitui subconjunto daquele contido no denominador que é de caráter mais abrangente. Por exemplo, o número de óbitos por doença renal em relação ao número total de óbitos. Proporção de Nascidos Vivos com Baixo Peso ao Nascer - mede o risco de morte para crianças menores de 1 ano em dado local e período. N.º de nascidos vivos com peso menor que 2.500 g em dado local e período ----------------------------------------------------------------- X 1000 N.º de nascidos vivos no mesmo local e período A Medida da Saúde Coletiva Proporção de Abandono de Tratamento de Tuberculose – reflete, em percentual, a proporção de casos novos de tuberculose encerrados em abandono, em relação ao total de casos novos de tuberculose diagnosticados, em determinado local e período. Número de casos novos de tuberculose encerrados por abandono em determinado local e período ----------------------------------------------------------------- X 100 Total de casos novos de tuberculose diagnosticado no mesmo local e período A Medida da Saúde Coletiva 3 – Razão: medida de frequência de um grupo de eventos relativa a frequência de outro grupo de eventos. É um tipo de fração em que pelo menos parte dos elementos do numerador não está contida no denominador, ou seja, o numerador não é subconjunto do denominador. Por exemplo, a razão entre o número de casos de casos de SIDA no sexo masculino e no sexo feminino. Razão entre Dengue “Hemorrágica” e Dengue “Clássica” N.º de casos de Dengue “Hemorrágica” ------------------------------------------------- N.º de casos de Dengue “Clássica A Medida da Saúde Coletiva III – Indicadores de Mortalidade Coeficiente de Mortalidade Geral (CMG) - mede o risco de morte por todas as causas em uma população de um dado local e período. N.º de óbitos em dado local e período CMG = ---------------------------------------------- X 1000 População do mesmo local e período A Medida da Saúde Coletiva Coeficiente de Mortalidade por Causa (CMC) - mede o risco de morte por determinada causa, num dado local e período. No denominador deve constar a população exposta ao risco de morrer por essa mesma causa. N.º de óbitos por determinada doença em dado local e período CMC = ----------------------------------------------- X 10n População exposta ao risco A Medida da Saúde Coletiva Razão de Mortalidade Proporcional (RMP) ou Indicador de Swaroop-Uemura (ISU) - proporção de óbitos de 50 anos e mais em relação ao total de óbitos ocorridos em dado local e período N.º de óbitos em igual ou maior de 50 anos em dado local e período RMP ou ISU = ---------------------------------------------------- X 100 Total de óbito no mesmo local ou períodoQuanto maior for essa proporção, melhores as condições de vida da população, porque significa que os jovens (óbitos evitáveis morrem menos) A Medida da Saúde Coletiva *Valores iguais ou superiores a 75% indicam boas condições de vida. ISU em Belo Horizonte e Porto Alegre – 1980 e 2000 A Medida da Saúde Coletiva Coeficiente de Mortalidade Perinatal (CMPN) N.º de nascidos mortos ( 28 semanas ou mais de gestação) + N.º de óbitos de crianças de 0 a 7 dias em dado local e período CMPN = ------------------------------------------------------------------ X 100 N.º de nascidos vivos + nascidos mortos no mesmo local e período A Medida da Saúde Coletiva IV – Indicadores de Gravidade Coeficiente de Letalidade (CL) - mede o poder da doença em determinar a morte, avaliando a gravidade da doença e também a qualidade da assistência médica prestada para esta doença. N.º de óbitos de determinada doença em dado local e período CL = ------------------------------------------------------------------ X 100 N.º de casos de doença no mesmo local e período A Medida da Saúde Coletiva V – Indicadores de Morbidade Incidência: número de casos novos de uma doença surgidos em um mesmo local e período. Denota a intensidade com que acontece uma doença em uma população e mede a frequência ou a probabilidade de ocorrência de casos novos de doença na população. Alta incidência significa alto risco de adoecer. Coeficiente de Incidência (CI) - mede o risco de adoecer. N.º de casos novos de uma doença em dado local e período CI= ---------------------------------------------------------------- X 1000 População exposta no mesmo local e período A Medida da Saúde Coletiva Prevalência: número total de casos de uma doença, novos e antigos, existentes em um determinado local e período. A prevalência, como ideia de acúmulo, de estoque, indica a força com que subsiste a doença em uma população. Coeficiente de prevalência (CP) - é mais utilizado para doenças crônicas de longa duração, como hanseníase, AIDS ou diabetes. No intervalo de tempo definido da prevalência, são excluídos os casos que evoluíram para cura, óbito ou que migraram. N.º de casos de determinada doença em dado local e período CP = -------------------------------------------------------------- X 10n População do mesmo local e período A Medida da Saúde Coletiva - Segundo Rouquayrol, 2000, a Epidemiologia Descritiva é “Estudo da distribuição da frequência das doenças e dos agravos à saúde coletiva, em função de variáveis ligadas ao tempo, ao espaço – ambientais e populacionais – e à pessoa, possibilitando o detalhamento do perfil epidemiológico, com vistas à promoção da saúde”. - Deve-se observar principalmente, para identificar possíveis grupos de risco e para elaborar hipóteses: * Em que local, quando e sobre quem incide a doença? * Existe(m) grupo(s) mais vulnerável(eis)? * Existe(m) época(s) do ano em que os números de casos aumentem? * Existem disparidades locais ou regionais? * Qual(ais) a(s) faixa(s) etária(s) mais atingida(s)? * Existe(m) classe(s) social(ais) mais atingida(s)? Epidemiologia Descritiva - Na Epidemiologia Descritiva, deve-se: . Definir claramente a doença em questão, e . Saber o que está ocorrendo, através da resposta à 3 questões básicas. 1 – Quem? (A quem a doença afeta) 2 – Quando? (Como a doença se altera com o decorrer do tempo) 3 – Onde? (Onde está ocorrendo os problemas trazidos com a doença?) No final, sempre fica implícita uma última pergunta: “E agora, o que fazer? - A Epidemiologia Descritiva aplica-se, principalmente: Na avaliação das tendências em saúde e doença, utilizando-se de comparações entre diferentes regiões, monitorando doenças conhecidas e/ou identificando problemas que estão emergindo; No fornecimento de bases para planejamentos, organização e avaliação dos serviços de saúde; Na identificação de problemas passíveis de investigação através de estudos analíticos, vindo a gerar hipóteses. As Variáveis de Tempo, Espaço e Pessoa => Tempo: - A ocorrência das diversas doenças varia no tempo de forma: . regular – previsível, por exemplo nos casos de tendências seculares . irregulares – imprevisível, por exemplo nos casos de epidemias -Variáveis relacionadas ao tempo: . Intervalo de tempo: quantidade de tempo transcorrido entre dois eventos sucessivos e tomados em consideração, abstraída a marcação cronológica . Intervalo cronológico: basicamente, é uma referência a uma sequência de alguns anos, especificados do calendário oficial. . Período: denominação de ordem geral que se dá a partes de tempo, delimitadas, marcadas cronologicamente e especificadas Epidemiologia Descritiva => Pessoa: - Características Gerais (idade e sexo) - Características Familiares (Estado civil, Idade dos pais, dimensão da família, posição na ordem de nascimento, privação de pais, morbidade familiar) - Características Étnicas (raça, cultura, religião, local de nascimento, grupo étnico) - Nível socioeconômico (ocupação, renda pessoal e familiar, nível de instrução, tipo e zona de residência) - Ocorrências durante a vida intrauterina e ao nascer (idade materna ao nascer, número de fetos gestados, ocorrências durante o parto, condições físicas da mãe e ocorrências durante a gestação, características endógenas da mãe, ocorrências acidentais (vividas pela mãe), hábitos e atividades da mãe. Epidemiologia Descritiva -Características Endógenas – (constituição física, resistência individual, estado fisiológico, estado de nutrição, doenças intercorrentes, tipo de comportamento) - Ocorrências Acidentais – (ocorrências estressantes, doenças sofridas e medicamentos eventualmente consumidos, acidentes sofridos). - Hábitos e Atividades – (atividades ocupacionais, medicamentos usados com uma certa constância, uso/abuso de inseticidas domésticos e agrícolas, abuso de drogas permitidas (fumo, álcool, medicamentos), uso de drogas ilícitas, comportamento alimentar, atividade física, repouso) Epidemiologia Descritiva Espaço - Para a localização de casos em um mapa podemos utilizar como ponto de referência: . O local de residência, . Local de trabalho, . Escola, . Unidade hospitalar. - Lugar pode ser definido em termos geopolíticos (divisão do território em países, regiões) ou em termos das características geográficas. Epidemiologia Descritiva - Variáveis Geopolíticas . Subdivisão do espaço em grandes áreas segundo critérios geográficos e políticos: países, grandes regiões, continentes etc. - Variáveis Geográficas . Estudo de fatores isolados que na realidade compõem os Sistemas Ecológicos . O Espaço Geográfico: determinada porção localizada da superfície terrestre, constituída pelo relevo, águas, solo, clima, fauna e flora, ocupada e modificada por uma população socialmente estruturada, acrescida dos resultados objetivos da intervenção humana . Diferenças entre os padrões de morbidade e mortalidade urbana e rural Epidemiologia Descritiva O Processo Epidêmico – Endemia e Epidemia -Estudar e entender a relação de uma doença, seja ela qual for, com uma determinada população, é fundamental quando se objetiva diminuir possíveis danos desta doença na população. - Uma doença pode estar relacionada com uma população dessas formas: . não estar presente . presente em número de casos esporádicos . presente em número de habituais . presente número de acima dos habituais Endemia - Presença de uma determinada doença em uma determinada área (agrupamentos humanos); a doença não está em expansão, ou seja, os processos de infecção e de remoção estão próximos do neutro (padrões regulares de variações). - No Brasil destacam-se algumas áreas endêmicas como por exemplo, a da febre amarelana Amazônia e da dengue no Rio de Janeiro. - Uma endemia, se não for bem “combatida” pelas autoridades sanitárias, pode evoluir pra uma epidemia. Epidemia - Quando as variações de uma doença aumentam irregularmente, temos uma epidemia. - Nota-se um excesso de casos de uma doença em relação ao esperado (para uma determinada área ou grupo humano específico), em um período específico de tempo. - O número de casos de doentes em uma epidemia varia de acordo com: o agente, o tipo da população exposta, o tamanho da população exposta, o período da ocorrência, e o local da ocorrência. - Classificação das epidemias: . explosiva – rapidamente se dá o aumento da intensidade da doença . tardívaga – a doença aumenta a sua intensidade de forma lenta . progressiva – a doença apresenta aumento em extensão . pandemia – epidemias progressivas que passam a ocupar áreas muito grandes, beirando ou ultrapassando o tamanho de um continente . cíclica – quando uma doença endêmica ocorre de forma periódica . poliética – quando são necessários anos para uma doença mostrar um significativo aumento em sua intensidade - Aspectos diferenciais das Epidemias: Epidemia Explosiva, Lenta e Progressiva - Epidemia Explosiva: constata-se um aumento expressivo do número de casos, compatível com o período de incubação da doença, sendo que a fonte é única (por exemplo, a água). - Epidemia Lenta: a incidência máxima é atingida de forma “lenta”; ocorre com doenças de longo período de incubação (por exemplo, a AIDS). - Epidemia Progressiva: também chamada de propagada, de contato e de contágio, constata-se a existência de um mecanismo de transmissão hospedeiro x hospedeiro (por exemplo, doenças de transmissão via respiratória e DSTs). Abrangência da Epidemia - Surto Epidêmico e Pandemia Surto Epidêmico - Uma ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente restrito, como por exemplo uma escola, uma vila, um edifício ou mesmo a um bairro. Todos os casos devem estar relacionados entre si. - Exemplo: intoxicação alimentar em uma faculdade. Pandemia - Ocorrência epidêmica com larga distribuição, atingindo diversas nações, podendo inclusive passar de um continente a outro. É limitado no tempo, mas não no espaço. - Pandemias são facilitadas por grandes concentrações populacionais, pelos movimentos migratórios, extrema facilidade de transporte, entre outras. A mais recente pandemia comprovada: Gripe Suína (H1N1) Resfriados e Gripes Resfriado – Infecção das vias aéreas respiratórias, que afeta o nariz e a garganta. Os principais sintomas são espirro, tosse, garganta inflamada, dor de cabeça, dor no corpo, coriza, obstrução nasal, e febre fraca. Gripe – infecção respiratória forte, na grande maioria das vezes, se manifesta por febre, tosse, cansaço, mal-estar e dores musculares, dores de cabeça e garganta, além de coriza. Quando não tratada de forma correta, pode ter seu quadro agravado, levando o paciente a morte. Epidemiologia Descritiva Epidemiologia Epidemiologia Epidemiologia Epidemiologia Gripes. O que são? - Gripe é uma doença infecciosa que afeta aves e mamíferos; - O causador é o vírus ARN da família Orthomyxoviridae (família dos vírus Influenza); - Transmissão por mamíferos infectados pelo ar (tosse ou espirros) e por aves infectadas (pelas fezes); ainda por secreções nasais, saliva, sangue, fluidos corporais e superfícies contaminadas com o vírus; - Gripes, geralmente matam milhões de pessoas, especialmente após decorridos anos de uma pandemia; - Vacinas são aplicadas em seres humanos e animais (aves); os medicamentos antivirais também são utilizados, principalmente os que contém na sua fórmula inibidores de neuraminidase. - A quantidade de infecções pelas gripes aumenta nos meses frios (inverno); com a temperatura baixa e, em especial na ausência de radiação ultravioleta, o vírus sobrevive por mais tempo, ampliando assim a possibilidade de infecção. - Estima-se que a gripe diminui em até 95% a imunidade de um ser humano saudável, abrindo margem para outras infecções por vírus gripais como por exemplo o da “gripe suína”. Epidemiologia Epidemiologia Tempo de infecção com relação à temperatura ambiente Gripe Suína A(H1N1) -Por que A(H1N1)? Trata-se de um subtipo do vírus da gripe. Esse subtipo contém DNA de vírus aviários, suínos e humanos. As letras “H” e “N” representam, respectivamente, à proteína hemaglutinina e neuraminidase. Quadro comparativo entre as pandemias de gripe Epidemiologia ? 1 - Febre 2 – Letargia Falta de apetite 3 – Dor de garganta Rinorréia 4 - Tosse 5 – Náuseas Vômitos 6 - Diarreia Esquema dos sintomas da Gripe A(H1N1) no ser Humano Epidemiologia AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) Epidemiologia laço vermelho é visto como símbolo de solidariedade e de comprometimento na luta contra a aids Visual Aids, NY 1991 Fonte: http://benditaseja.files.wordpress.com/2010/12/aids_wonder_woman1.jpg Fonte: http://sarahsantos.com.br/wp-content/uploads/2010/12/AIDS_4.png Epidemiologia AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) (Baseado em “Guia de Vigilância Epidemiológica” – Secretaria de Vigilância em Saúde (MS) – 7ª edição – 2010) Descrição: doença grave e de caráter pandêmico. Os infectados pelo vírus HIV evoluem para uma grave disfunção do sistema imunológico, pela destruição dos linfócitos T CD4+. A contagem de linfócitos T CD4+ é importante marcador dessa imunodeficiência, sendo utilizada tanto na avaliação do tratamento e prognóstico quanto em uma das definições de caso de aids, com fim epidemiológico. Sinonímia: SIDA Reservatório: ser humano Modo de transmissão e transmissibilidade: pode ser transmitido por via sexual (pelo esperma e pela secreção vaginal), pelo sangue (via parenteral e vertical) e pelo leite materno. Aspectos epidemiológicos: na metade da década de 80 a epidemia manteve-se restrita as regiões sul e sudeste do país, sendo as maneiras principais de transmissão a sexual (homens fazendo sexo com homens), sanguínea (transfusão de sangue e hemoderivados) e compartilhamento de seringas no uso de drogas injetáveis. Houve uma grande investida na melhoria do sangue e derivados, uma diminuição dos casos e, nos últimos anos da década de 80 e início da década de 90 a epidemia assumiu um novo perfil sendo que a mulher passou a desempenhar um importante papel na transmissão da doença e houve uma pauperização e interiorização da AIDS. Epidemiologia AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) Epidemiologia Dengue (Baseado em “Guia de Vigilância Epidemiológica” – Secretaria de Vigilância em Saúde (MS) – 7ª edição – 2010) Descrição: doença febril aguda, benigna ou grave, é a mais importante arbovirose que afeta o ser humano. Ocorre especialmente em países tropicais. O vetor é o mosquito Aedes aegypti. A doença pode se apresentar como “infecção inaparente”, dengue clássico (DC), febre hemorrágica da dengue (FHD) ou síndrome do choque da dengue (SCD). Reservatório: ser humano (foi descrito, na Ásia e na África, um ciclo selvagem envolvendo macacos). Modo de transmissão e transmissibilidade: transmitido pela picada de mosquitos Aedes aegypti no ciclo ser humano; após repasto de sangue infectado, o mosquito já pode transmitir o vírus. Na Tailândia e na Malásia, há relatos de transmissão vertical. A suscetibilidade ao vírus é universal. Aspectos epidemiológicos: observa-se um padrão sazonal de incidência que coincide com o verão. É mais comum em núcleos urbanos, podendo ocorrer em qualquer localidade, bastando para isso existir população humana suscetível, presença do vetor e introdução do vírus. No Brasil há relatos de epidemias de dengue desde o sec XIX; nas Américas a dengue foi relatada há mais de 200 anos.Epidemiologia Doença de Chagas (Baseado em “Guia de Vigilância Epidemiológica” – Secretaria de Vigilância em Saúde (MS) – 7ª edição – 2010) Descrição: infecção produzida pelo protozoário Trypanosoma cruzi.; observa-se duas fases clínicas, uma aguda (pode não ser identificada) que pode evoluir para uma fase crônica. Reservatório: animais silvestres como tatus, quatis e morcegos, muitas vezes aproximam-se de casas, podendo servir como fonte de infecção aos insetos vetores (“barbeiros”). Modo de transmissão e transmissibilidade: a transmissão para o ser humano acontece por intermédio de um vetor, percevejos triatomeneos. Existem diversos modos de transmissão: vetorial, transfusional, vertical, por via oral, por leite materno, por acidentes laboratoriais e por transplante de órgãos. Aspectos epidemiológicos: a distribuição espacial da doença é limitada, primariamente, ao continente americano; o vetor está restrito ao nosso continente; a doença também recebe o nome de tripanossomíase americana. Epidemiologia Malária (Baseado em “Guia de Vigilância Epidemiológica” – Secretaria de Vigilância em Saúde (MS) – 7ª edição – 2010) Descrição: doença febril aguda, cujo agente etiológico são protozoários do gênero Plasmodium. Caracteriza-se por uma elevada incidência na região Amazônica (98% dos casos do Brasil). Reservatório: ser humano Modo de transmissão e transmissibilidade: é transmitida através da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles infectado por Plasmodium. Os vetores são encontrados mais ativos nos horários crepusculares. Não há transmissão entre seres humanos e raramente ocorre transmissão por transfusão de sangue e compartilhamento de seringas; mais raramente ainda é a transmissão congênita. Em geral, todo ser humano é suscetível à infecção por malária; aqueles que tiveram vários episódios de contaminação podem adquirir uma imunidade parcial. Aspectos epidemiológicos: malária é reconhecidamente um grave problema de saúde pública em todo o mundo. Ocorre em quase 50% da população em mais de 109 países. Estima-se 300 milhões de casos e 1 milhão de mortes por ano (especialmente em crianças menores de 5 anos e mulheres grávidas na África. Epidemiologia Tuberculose (Baseado em “Guia de Vigilância Epidemiológica” – Secretaria de Vigilância em Saúde (MS) – 7ª edição – 2010) Descrição: estimativas apontam que 1/3 da população mundial esteja infectada com Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Cock) e, portanto, correndo o risco de desenvolver a doença. Por volta de 80% dos infectados estão no Brasil e em outros 21 países. Reservatório: ser humano; em algumas regiões o gado bovino e, raramente, primatas e outros mamíferos além das aves Modo de transmissão: de pessoa a pessoa, especialmente pelo ar. As lesões primárias aparecem após 4 a 12 semanas e a transmissão é plena enquanto o infectado eliminar bacilos. Aspectos epidemiológicos: não apresenta variações cíclicas ou sazonais significativas. Observa-se uma maior prevalência em áreas densamente povoadas e com condições socioeconômicas precárias. A distribuição da tuberculose é mundial; há uma tendência de decréscimo de morbidade e mortalidade nos países desenvolvidos. Epidemiologia Campanhas no combate à Tuberculose Epidemiologia Risco de contaminação à Tuberculose http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=43017&janela=1 Além dos fatores relacionados ao sistema imunológico de cada pessoa, o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, está ligado à pobreza e à má distribuição de renda. Assim, alguns grupos populacionais possuem maior vulnerabilidade devido às condições de saúde e de vida a que estão expostos. O quadro abaixo ilustra essas populações e os seus respectivos riscos de adoecimento, em comparação com a população em geral. Epidemiologia Leishmaniose Tegumentar Americana (Baseado em “Guia de Vigilância Epidemiológica” – Secretaria de Vigilância em Saúde (MS) – 7ª edição – 2010) Descrição: doença infecciosa, não contagiosa, de transmissão vetorial, causada por protozoários do gênero Leishmania, sendo primariamente uma infecção zoonótica. Afeta outros animais além do homem e este pode ser envolvido secundariamente. Acomete peles e mucosas. Reservatório: Possíveis reservatórios naturais são roedores, marsupiais, edentados e canídeos silvestres. Animais domésticos são considerados hospedeiros acidentais. Modo de transmissão e transmissibilidade: é transmitida pela picada de flebotomíneos (mosquitos) fêmeas, sendo que inexiste a transmissão de pessoa a pessoa. A suscetibilidade é universal e após a infecção não há imunidade do hospedeiro. Aspectos epidemiológicos: a doença se encontra em fase de expansão geográfica. Inicialmente era considerada uma zoonose de animais silvestres que acometia, ocasionalmente, seres humanos em contato com florestas; estudos realizados nas últimas décadas mostraram que a doença começa a ocorrer em áreas de florestas já quase totalmente desmatadas assim como em regiões periurbanas. Epidemiologia Leishmaniose Visceral (Baseado em “Guia de Vigilância Epidemiológica” – Secretaria de Vigilância em Saúde (MS) – 7ª edição – 2010) Descrição: doença causada por protozoário (Leishmania chagasi) com manifestações clínicas de discretas a graves; quando não tratada a enfermidade pode levar a óbito. Era eminentemente rural, mas vem se expandindo para áreas urbanas de pequeno e grande porte. É uma doença crônica; o paciente apresenta febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia, anemia entre outras manifestação. Em muitos casos é apresenta-se de forma assintomática. Sinonímia: calazar, esplenomegalia tropical, febre dundun e doença do cachorro, entre outras. Reservatório: na área urbana os cães e no ambiente silvestre raposas e marsupiais. Modo de transmissão e transmissibilidade: os vetores são fêmeas de flebotomíneos (mosquitos palha) de duas espécies, Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. Aspectos epidemiológicos: no Brasil é considerada uma doença endêmica; existem registros frequentes de surtos. Inicialmente a leishmaniose visceral restringia-se às áreas rurais e pequenas localidades urbanas; atualmente encontra-se em expansão nos centros urbanos.
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