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Prof. Flávio Buratti UNIDADE I Epidemiologia e Saúde Pública A Epidemiologia é considerada a ciência básica da saúde coletiva. Podemos definir Epidemiologia como a abordagem dos fenômenos da saúde-doença: Classificações como Epidemiologia “clínica”, Epidemiologia “social”, Epidemiologia “crítica” indicam a existência de compreensões diversas em relação à própria identidade científica desta área. Epidemiologia – Base Histórica Hipócrates: Médico grego que viveu há cerca de 2.500 anos, dominou o pensamento médico da sua época e dos séculos seguintes. As doenças para ele eram produto da relação complexa entre a constituição do indivíduo e o ambiente que o cerca. Hipócrates, o pai da Medicina, é considerado por alguns o pai da Epidemiologia ou o primeiro epidemiologista. Evolução da Epidemiologia até o século XIX Fonte: http://drjosiascavalcante.com.br/ site/historia/hipocrates-o-sabio/ Até a metade do século XIX predominava a teoria miasmática: a origem das doenças situava-se na má qualidade do ar, proveniente de decomposições de animais e plantas; os miasmas passariam do doente para os indivíduos suscetíveis, o que explicaria a origem das epidemias das doenças contagiosas. Teoria Miasmática Ainda hoje o sobrenatural e os miasmas são utilizados por leigos como explicações para as doenças, levando a numerosas práticas místicas em que avultam as danças e o uso de amuletos para afastar danos à saúde. Teoria Miasmática Fonte: http://www.mexido deideias.com.br Somente há cerca de três séculos alguns pioneiros iniciaram tal tipo de abordagem mediante a utilização de dados de mortalidade (John Graunt é considerado o pai da demografia ou das estatísticas vitais). Publicou um tratado sobre as tabelas mortuárias de Londres, no qual analisou a mortalidade por sexo e região, ele selecionou determinadas causas, como prematuridade e raquitismo para estimar a proporção de crianças nascidas vivas e que morriam antes dos seis anos de idade. John Graunt – Estatística Vital (1620-1674) Fonte: https://www.azquotes.com/author/28099- John_Graunt Entre as suas obras encontram-se estudos sobre a tuberculose e sobre a febre tifoide. Sua maior contribuição foi haver introduzido e divulgado o método estatístico, utilizando-o na investigação clínica das doenças. Ao analisar as internações hospitalares em Paris e a letalidade da pneumonia. Associado ao tratamento por sangria, revelou que a conduta era muito mais perigosa do que benéfica para os pacientes. Alguns o consideram como o iniciador da Estatística Médica e outros como o verdadeiro pai da Epidemiologia moderna. Pierre Louis (1787–1872) Fonte: https://www.historiadelamedicina .org/louis.html Louis Villermé (1782-1863) investigou a pobreza, as condições de trabalho e a repercussão dessas circunstâncias sobre a saúde da população, realçando as estreitas relações entre situação socioeconômica e mortalidade. William Farr: entre as suas contribuições, destacam-se uma classificação de doenças e a produção de informações epidemiológicas sistemáticas, usadas para subsidiar o planejamento das ações de prevenção e controle. John Snow: conduziu numerosas investigações para esclarecer a origem das epidemias de cólera em Londres no período de 1849-1854. Foi assim que conseguiu incriminar o consumo de água poluída como responsável e traçar os princípios de prevenção e controle de novos surtos, válidos ainda hoje. Louis Villermé (1782-1863), William Farr (1807-1883), John Snow (1813-1858) Considerado o pai da Bacteriologia, foi uma das figuras mais importantes da ciência no século XIX. Foi ele quem registrou as bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas. Pasteur foi a figura central da microbiologia, pois identificou e isolou numerosas bactérias, além de fazer trabalhos pioneiros de imunologia. Os trabalhos de Pasteur, seguidos pelos de Robert Koch criaram a impressão de que as doenças poderiam ser explicadas por uma única causa, o agente etiológico, o que passou para a história como a Teoria dos Germes. As pesquisas em Epidemiologia passaram a ter um forte componente laboratorial, pois parecia evidente que a busca de agentes para explicar as doenças substituía, com vantagens, a Teoria dos Miasmas. Louis Pasteur (1822-1895) e Robert Koch (1843-1910) Epidemiologia clínica: É o retorno da Epidemiologia ao ambiente estritamente clínico, de modo a verificar as circunstâncias que possibilitam o aparecimento da doença. Utiliza-se da Epidemiologia e Estatística, de modo a trazer maior rigor científico à prática da Medicina. Epidemiologia social: Estudo da determinação social da doença. O seu intuito é o de procurar melhor entender a situação de saúde da população, em especial nas regiões subdesenvolvidas – ou dos segmentos desfavorecidos da população. Situação atual É o nome dado ao conjunto de processos interativos, compreendendo as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento. História natural da doença História natural da doença História natural de qualquer processo mórbido no homem Fonte: Adaptado de: https://slideplayer.com.br/slide/12456267 Fatores endógenos Herança genética Anatomia e fisiologia do organismo humano Estilo de vida Fatores exógenos Determinantes biológicos Determinantes físico-químicos Ambiente social: Determinantes socioculturais Período de pré-patogênese Período de patogênese Interação de: Ambiente Agente Hospedeiro Recuperação Estado crônico Morte Horizonte clínico Interação Hospedeiro – Estímulo Patogênese precoce Doença precoce discernível Doença avançada Desenlace Reabili- tação Prevenção terciária Limitação da invalidez Diagnóstico precoce e tratamento imediato Proteção específica Promoção de saúde Prevenção primária Prevenção secundária Um processo de imunização como pela utilização da vacina do sarampo pode ser entendido como: a) Um mecanismo de proteção específica de prevenção primária. b) Um mecanismo de promoção de saúde de prevenção secundária. c) Uma estratégia de diagnóstico e tratamento precoce e um mecanismo de prevenção secundária. d) Uma estratégia de limitação de dano e um mecanismo de prevenção terciária. e) Um processo de reabilitação e um mecanismo de prevenção terciária. Interatividade Um processo de imunização como pela utilização da vacina do sarampo pode ser entendido como: a) Um mecanismo de proteção específica de prevenção primária. b) Um mecanismo de promoção de saúde de prevenção secundária. c) Uma estratégia de diagnóstico e tratamento precoce e um mecanismo de prevenção secundária. d) Uma estratégia de limitação de dano e um mecanismo de prevenção terciária. e) Um processo de reabilitação e um mecanismo de prevenção terciária. Resposta As medidas de frequência são definidas a partir de dois conceitos epidemiológicos fundamentais, denominados de prevalência e incidência. Prevalência define um número de casos existentes de uma doença em um dado momento. Medidas de frequência de doença Há dois tipos de prevalência: Prevalência ponto – medida em cada pessoa no momento do estudo, embora não necessariamente no mesmo momento para todas as pessoas na população definida. Prevalência período – refere-se aos casos presentes em qualquer momento durante um período específico de tempo. Medidas de frequência de doença Incidência mostra a frequência com que surgem novos casos de uma doença em um intervalo de tempo (outras medidas como as de mortalidade, letalidade e sobrevida podem ser entendidas como variações do conceito de incidência). Medidas de frequência de doença Coeficiente de incidência de Aids segundo sexo, razão de sexo e ano de diagnóstico, estado de São Paulo, 1980 a 1999. Medidas de frequência de doençaFonte: Adaptado de: www.iesc.ufrj.br/cursos/epigrad/int. ../gabarito_Exerc_complem_2011_ final.pdf 1980 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 Ano de diagnóstico R a z ã o d e s e x o 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 C o e f. I n c id ê n c ia ( p o r 1 0 0 .0 0 0 h a b .) Feminino Masculino Razão de sexo Dificilmente conseguimos estudar todas as pessoas que têm ou podem desenvolver a condição de interesse – AMOSTRA (isso traz uma questão: a amostra representa a população?). Há dois modos de se obter uma amostra representativa: Amostragem aleatória simples: cada indivíduo da população tem igual probabilidade de ser selecionado. Amostragem probabilística: cada pessoa tem uma probabilidade conhecida, (não necessariamente igual) de ser selecionada. Amostragem Amostragem Fonte: Adaptado de: https://www.questionpro.com/blog/pt-br/amostragem-sistematica-simples-e-facil/ População Amostra Tamanho da amostra A relação entre incidência, prevalência e duração da doença, em uma situação estável, isto é, quando nenhuma das variáveis muda muito ao longo do tempo, é estimada pela expressão: Prevalência = Incidência X Duração média da doença. Caso ocorram mudanças nas variáveis: Relação entre incidência, prevalência e duração da doença P = Número de indivíduos afetados em um determinado momento Total de indivíduos estudados Incidência, número de novos eventos ou de casos novos em uma população de indivíduos em risco durante um determinado período de tempo – IC (incidência cumulativa), probabilidade de um indivíduo desenvolver a doença durante um período específico de tempo pode ser chamada de RISCO. Relação entre incidência, prevalência e duração da doença Fonte: Adaptado de: http://pt.slideshare.net/RicardoAlexandre3/aul a-4-medidas-de-frequencia-de-uma-doenca Introdução de fatores que prolongam a vida dos pacientes sem curá-los. (Exemplo: introdução de terapêutica: hipoglicemiantes); Aumento da incidência; Aprimoramento das técnicas de diagnósticos; Correntes migratórias originárias de áreas que apresentam níveis endêmicos mais elevados. Correntes migratórias originárias de áreas que apresentam níveis endêmicos mais baixos. Introdução de fatores que permitam o aumento da proporção de curas de uma nova doença. (Exemplo: introdução de nova terapêutica que permita a cura dos pacientes); Diminuição da incidência; Taxa elevada de letalidade da doença; Introdução de fatores que diminuam a vida dos pacientes; D im in u e m A u m e n ta m A difusão da tecnologia no Brasil tornou possível: Acesso ágil a bases de dados com informações variadas e desagregadas sobre registros de nascidos vivos, mortalidade, doenças de notificação, internações hospitalares, entre outras. Dados podem ser analisados isoladamente ou relacionados, representam fontes importantes que podem ser empregadas rotineiramente na pesquisa científica no campo da saúde pública. ( SIM – SINASC) Sistemas de informação em saúde Fonte: https://pt.pngtree.com/freepn g/online-data_3480070.html Em geral, o termo “indicador” é utilizado para representar ou medir aspectos não sujeitos à observação direta. Os indicadores de saúde: medem a saúde; apresentam o risco de adoecer; apresentam o risco de morrer; mostram a gravidade ou fatalidade; mostram os grupos mais atingidos. Indicadores de Saúde Resultados expressos em frequência absoluta: A forma mais simples de expressar um resultado é através do número absoluto. Exemplo: em um determinado local foram detectados cinco casos de tuberculose durante o ano. Mas a apresentação da frequência em números absolutos, por vezes é suficiente para causar o impacto desejado. Expressão dos resultados Resultados expressos em frequência relativa: Coeficiente (ou taxa). Nos coeficientes, o número de casos é relacionado ao tamanho da população da qual ele procede. Expressão dos resultados Estrutura de um coeficiente: Coeficiente = Número de casos X Constante População sob risco Em que: No numerador: os casos (de doença, incapacidade, óbito, indivíduos com determinadas características etc.). No denominador: a população sob risco (de adoecer, de se tornar incapacitada etc.). É o grupo de onde vieram os casos. Expressão dos resultados Constante = 10, 100, 1000, 10 000, 100 000, 1 000 000 etc.; pode ser qualquer múltiplo de 10 que evite muitos decimais e melhor expresse o resultado final Mortalidade: O primeiro indicador utilizado em avaliações de saúde coletiva e ainda hoje o mais empregado. A morte é objetivamente definida, ao contrário da doença, e cada óbito tem de ser registrado. Dados referentes à mortalidade infantil no ano de 2010, comparando o Brasil com outros países, podem ser vistos na figura a seguir: Principais indicadores de saúde Principais indicadores de saúde África 78,9 Ásia 39,3 Brasil 21,8 Oceania 21,6 América Latina e Caribe 20,3 Europa 7 América do Norte 5,6 Taxa de mortalidade infantil – 2010 (%) Fonte: Livro-texto. Morbidade: Permite inferir os riscos de adoecer a que as pessoas estão sujeitas. Deve-se avaliar: Tipo de agravo: há danos à saúde que evoluem com pior prognóstico do que outros. Restrição de atividades: muitas avaliações indiretas da gravidade do dano à saúde baseiam-se na incapacidade funcional gerada pelo processo da doença. Taxa de ataque: é utilizada quando se investiga um surto de uma determinada doença em um local onde há uma população bem definida. Principais indicadores de saúde Para calcular esta taxa, utiliza-se a seguinte fórmula: Taxa de ataque = Nº de casos da doença em um local e período x 100 População exposta ao risco Principais indicadores de saúde Os indicadores demográficos permitem aos demógrafos trabalhar os dados recolhidos sobre uma população. O uso dos indicadores demográficos nos permite conhecer as características de uma determinada população e sua evolução ao longo do tempo no território. (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE). Indicadores sociais: as condições socioeconômicas estão intimamente relacionadas à saúde, de modo que são usadas como indicadores sanitários indiretos, como é o caso da renda per capita, da distribuição da renda, da taxa de analfabetismo e da proporção de crianças em idade escolar fora da escola. Indicadores ambientais: o grande desafio consiste em conciliar a preservação ambiental com o aumento da demanda por água, energia elétrica e combustíveis. Indicadores demográficos A definição de saúde da Organização Mundial de Saúde – “um estado de completo bem- estar físico, mental e social, e não meramente ausência de doença”. Qualidade de vida – conceito é mais abrangente e pressupõe: existência de saúde, alimentação, habitação, higiene, bem-estar, educação etc. Definição de Saúde e Qualidade de Vida Está relacionada com cada indivíduo, depende de: sexo; comportamento; idade; profissão; padrões culturais e religiosos. Definição de Saúde e Qualidade de Vida Fonte: http://atividade sparaeducaca ofisica.com/ed ucacao-fisica/ O Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (Nesc) da UFRJ desenvolveu um projeto de pesquisa cujo objetivo era avaliar os impactos do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara sobre as condições de saúde e a qualidade de vida das populações envolvidas. Como parte deste projeto, foi realizado, em 1996, um estudo piloto no qual buscou-se identificar, ao longo de três meses, as proporções de indivíduos entre 1 e 59 anos de idade infectados pelo vírus da hepatite A (VHA), em três populações distintas, segundo as condições de saneamento, residentes no distrito de Campos Elyseos, município de Duque de Caxias (DC) e na Ilha do Governador, município do Rio de Janeiro (RJ).Interatividade Os resultados deste estudo são apresentados a seguir. O valor de prevalência para a infecção pelo VHA nas regiões DC e RJ são, respectivamente: a) 2,52% e 4,88% b) 39,54% e 20,47% c) 28,01% e 51,35% d) 39,54% e 51,35% e) 20,47% e 4,88% Interatividade Fonte: Adaptado de: www.iesc.ufrj.br/cursos/epigrad/int.../gab arito_Exerc_complem_2011_final.pdf Número de indivíduos infectados pelo VHA e tamanho das amostras segundo a área de estudo Área Infectados Tamanho da amostra DC setor 112 138 349 DC setor 111 92 362 RJ colônia Z-10 79 386 Os resultados deste estudo são apresentados a seguir. O valor de prevalência para a infecção pelo VHA nas regiões DC e RJ são, respectivamente: a) 2,52% e 4,88% b) 39,54% e 20,47% c) 28,01% e 51,35% d) 39,54% e 51,35% e) 20,47% e 4,88% Resposta Fonte: Adaptado de: www.iesc.ufrj.br/cursos/epigrad/int.../gab arito_Exerc_complem_2011_final.pdf Número de indivíduos infectados pelo VHA e tamanho das amostras segundo a área de estudo Área Infectados Tamanho da amostra DC setor 112 138 349 DC setor 111 92 362 RJ colônia Z-10 79 386 Diagnóstico: Um teste diagnóstico geralmente é concebido como um exame realizado em laboratório. O clínico também precisa se familiarizar com alguns princípios básicos para a interpretação dos testes diagnósticos. Acurácia do resultado do teste: Estabelecer um diagnóstico é um processo imperfeito, resultando em probabilidade e não em certeza de estar correto. Na relação entre um teste diagnóstico e a ocorrência de doença, há duas possibilidades de o resultado do teste ser correto (verdadeiro-positivo e verdadeiro-negativo), e duas possibilidades de o resultado ser incorreto (falso-positivo e falso-negativo). Epidemiologia e Prevenção Sensibilidade é definida como a proporção de indivíduos com a doença, que têm um teste positivo para a doença. Especificidade é a proporção dos indivíduos sem a doença, que têm um teste negativo. Sensibilidade e Especificidade Resultado do Teste Paciente Doente Paciente Sadio Total Positivo 145 (a / VP) 15 (b / FP) 160 (a+b) ou (VP+FP) Negativo 05 (c / FN) 135 (d / VN) 140 (c+d) ou (VN+FN) total 150 (a+c) ou (VP+FN) 150 (b+d) ou (VN+FP) 300 (a+b+c+d) ou (VP+VN+FP+FN) A probabilidade de doença, dados os resultados de um teste, é chamada de “valor preditivo do teste”. O valor preditivo positivo de um teste é a probabilidade de doença com resultado positivo (anormal). O valor preditivo negativo é a probabilidade de não ter a doença quando o resultado for negativo (normal). Valor preditivo é uma resposta à questão: “Se o resultado de meu paciente for positivo (ou negativo), qual a probabilidade de que ele tenha ou não tenha a doença?” Valor preditivo Resultado do Teste Paciente Doente Paciente Sadio Total Positivo 145 (a / VP) 15 (b / FP) 160 (a+b) ou (VP+FP) Negativo 05 (c / FN) 135 (d / VN) 140 (c+d) ou (VN+FN) total 150 (a+c) ou (VP+FN) 150 (b+d) ou (VN+FP) 300 (a+b+c+d) ou (VP+VN+FP+FN) Uma determinada doença pode ser caracterizada como presente em nível endêmico, epidêmico, com casos esporádicos ou inexistentes. O fato de existir um número elevado de casos de uma doença não significa necessariamente que uma epidemia esteja configurada. Endemia é a ocorrência de uma doença em uma população de forma constante ao longo do tempo, permitidas as flutuações cíclicas ou sazonais. Epidemia é a ocorrência de uma doença em uma população de forma não constante (crescente) ao longo do tempo. Endemias e Epidemias Epidemia é a concentração de casos de uma mesma doença em determinado local e época, claramente em excesso ao que seria teoricamente esperado. Epidemia x Endemia Incidência máxima Limiar epidêmico Egressão RegressãoProgressão Tempo C o e f. i n c id ê n c ia N ív e l e p id ê m ic o N ív e l e n d ê m ic o Fonte: http://professor.pucgoias.edu.br/SiteD ocente/admin/arquivosUpload/18497/ material/Aula%2008.%20Epidemia%2 0e%20Endemia.pdf Epidemia explosiva: também chamada de “brusca”, “instantânea”, há um aumento expressivo no número de casos em curto período. Esse aumento é compatível com o período de incubação da doença. Epidemia progressiva: ou “de contato” entre a pessoa doente e a sadia, ocorre um aumento gradativo do número de casos, mas a fonte de infecção não é única, sendo representada por exposições sucessivas. Surto epidêmico: ou surto, uma ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente limitado: colégio, quartel, edifício de apartamento, bairro etc. Pandemia: ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga distribuição espacial, tingindo várias nações. Tipos de Epidemia Doenças transmissíveis são aquelas em que ocorre a transmissão de um hospedeiro para outro. Existem três formas pelas quais pode ser estabelecida a doença: Infecção: é a penetração, no organismo, de um homem ou de outro animal, de um agente que nele se desenvolve ou se multiplica; da infecção pode ou não resultar doença, aparente ou inaparente. Infestação: é o alojamento, com ou sem desenvolvimento e reprodução, de artrópodes na superfície do corpo ou nas vestes. Absorção de produtos tóxicos do agente: ocorre, usualmente, por ingestão. Esse item diz respeito apenas aos casos em que não há infecção, ou seja, quando se trata de toxinas produzidas fora do organismo do hospedeiro. Epidemiologia geral das doenças transmissíveis Fontes de infecção: são representadas por homens ou outros animais vertebrados, infectados, do qual o agente vivo pode sair e alcançar, eventualmente, outro hospedeiro vertebrado. Vias de eliminação: são as formas pelas quais o agente deixa a fonte de infecção. Sem uma via de eliminação disponível, a transmissão não pode ocorrer. Vias de transmissão: são os meios pelos quais o agente alcança o novo hospedeiro vertebrado. Portas de entrada: são as vias pelas quais o agente penetra no organismo do hospedeiro vertebrado. Conceitos Importantes “Infectividade”, designamos a capacidade de um agente se alojar e se multiplicar ou se desenvolver em um hospedeiro. “Patogenicidade”, designamos a capacidade do agente de provocar a doença, com suas manifestações clínicas características, entre os infectados suscetíveis. “Virulência” é a expressão do grau de severidade ou gravidade da doença, considerando-se como critérios de severidade as sequelas sérias. Conceitos Importantes Fonte: https://oilhavense.com/2018/10/10/ca mpanha-de-vacinacao-contra-a-gripe/ Período de incubação: Intervalo de tempo entre o momento em que ocorre a infecção (ou infestação) e o aparecimento das primeiras manifestações de doença atribuíveis ao agente em causa. Período prodrômico: Intervalo de tempo durante o qual o paciente apresenta manifestações inespecíficas, desde o aparecimento dos primeiros sintomas e sinais da doença. Período de transmissibilidade: Intervalo de tempo, em continuidade ou com intermitências, durante o qual pode ocorrer eliminação do agente, a partir da fonte de infecção. Conceitos Importantes Com base nas informações, pode ser elaborada uma classificação de fontes de infecção, sejam elas representadas por homens ou por outros vertebrados, incluindo: doentes: típicos ou atípicos (em período prodrômico e subclínicos ou ambulatoriais); não doentes ou “portadores” (em incubação, convalescentes ou sãos). Portadores: designa os indivíduos que, sem apresentarem manifestações de doença atribuíveis a um determinado agente, constituem fontes de infecção. em incubação: não tiveram a doença, não a têm, mas vão tê-la após terminado o período de incubação; convalescentes: não têm a doença, mas a tiveram; sãos: não têm a doença, não a tiveram e nem vão tê-la. Conceitos Importantes Vias de eliminação: São variadas as formas pelas quais pode ocorrer a saídade um agente da fonte de infecção, podem ser divididas em: Secreções naso-buco-faríngeas Fezes Urina Sangue Escarro Exsudatos Leite Suor Conceitos Importantes Fonte: http://para-sita.blogspot.com/2010/10/vias-de- eliminacao-dos-agentes.html Vias de transmissão: Transmissão por vetores: O termo “vetor” designa, em Epidemiologia, artrópodes que, por alguma forma, participam da transmissão de agentes infectantes. Transmissão pelo ar e por poeiras: Admite-se, atualmente, que constitui uma possibilidade de transmissão de certas doenças, com graus variáveis de importância segundo a natureza dos agentes infectantes. Transmissão indireta por objetos contaminados: Agentes infectantes contaminando toalhas, roupas de cama, talheres, copos, xícaras e outros objetos dessa natureza. Conceitos Importantes Transmissão por alimentos: A contaminação pode ocorrer por várias formas, água, o leite e as carnes, alimentos consumidos crus. Transmissão pelo solo: O solo pode participar da transmissão por várias formas – os agentes infectantes nele depositados (principalmente os eliminados com excretas); nele podem permanecer, por tempo muito longo. Formas de resistência (esporos) de agentes infectantes. Portas de entrada: Conhecendo o mecanismo de transmissão, é fácil compreender que a penetração do agente infectante no novo hospedeiro pode se dar por uma das seguintes vias: respiratória; digestiva; através de mucosas; através da pele. Conceitos Importantes Níveis de prevenção: Prevenção primária: A prevenção primária impede que a doença ocorra por completo, removendo sua causa. É efetuada com frequência fora do sistema de assistência à saúde, na comunidade. A cloração e fluoração da rede de água e as leis que obrigam o uso do cinto de segurança em automóveis e de capacetes em usuários de motocicletas são alguns exemplos. Prevenção secundária: A prevenção secundária detecta a doença precocemente quando ela é assintomática e quando o tratamento precoce pode impedi-la de progredir; exame citopatológico de colo uterino, mamografia são exemplos. Prevenção Níveis de prevenção: Rastreamento: O rastreamento (triagem) é a identificação de uma doença ou fator de risco não reconhecido por meio da história clínica (por exemplo, perguntar a um paciente se ele fuma), do exame físico (como exame de próstata). Prevenção terciária: A prevenção terciária refere-se àquelas atividades clínicas que previnem deterioração adicional ou reduzem as complicações depois que uma doença já esteja manifesta. Um exemplo é o uso de betabloqueadores para diminuir o risco de mortalidade em pacientes que se recuperam de um infarto no miocárdio (SCHAPPERT,1993). Prevenção Como são denominados os indivíduos que não têm a doença, não a tiveram e nem vão tê-la? a) Portadores convalescentes. b) Portadores em incubação. c) Portadores sãos. d) Doentes assintomáticos. e) Doentes infectantes. Interatividade Fonte: http://pensamentojovem.comunidades.net/ Como são denominados os indivíduos que não têm a doença, não a tiveram e nem vão tê-la? a) Portadores convalescentes. b) Portadores em incubação. c) Portadores sãos. d) Doentes assintomáticos. e) Doentes infectantes. Resposta Fonte: http://pensamentojovem.comunidades.net/ A vigilância epidemiológica é definida pela Lei n. 8.080/90 como: [...] um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. Obtenção de dados: É uma etapa primordial para o objetivo da vigilância epidemiológica: subsidiar o desencadeamento de ações de prevenção e controle de doenças e agravos. Vigilância epidemiológica Fonte: http://www1.imip.org.br/imip/notic ias/hmaimip-conquista-premio- de-vigilancia-epidemiologica.html Fluxo de informação: No Brasil, o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica foi instituído em 1975, através da Lei Federal n. 6.259 (BRASIL, 1975), em que também foi criada a obrigatoriedade da notificação compulsória de doenças. Lista Nacional de Notificação Compulsória: 1. a) Acidente de trabalho com exposição a material biológico; b) Acidente de trabalho: grave, fatal e em crianças e adolescentes. 2. Acidente por animal peçonhento. 3. Acidente por animal potencialmente transmissor da raiva. 4. Doenças infecciosas como: Cólera, Coqueluche, Difteria, Dengue, Chagas, Esquistossomose, Febre Amarela, HIV, Sarampo, Sífilis, entre outras. 5. a) Violência: doméstica e/ou outras violências. b) Violência: sexual e tentativa de suicídio. Vigilância epidemiológica Vigilância epidemiológica Unidades ambulatórias de saúde Secretaria municipal do estado Hospitais Outras fontes Ministério da saúde Regional de saúde Secretaria estadual de saúde Nacional Municipal Estadual Fonte: Livro-texto. Estudo de casos: O estudo de casos costuma ser a primeira abordagem de um tema. Ele é usado para a avaliação inicial de problemas ainda mal conhecidos e cujas características ou variações naturais não foram devidamente detalhadas. Aspectos positivos do estudo de casos: Em geral, o estudo de caso é relativamente fácil de ser realizado e de baixo custo. O relato pode restringir-se a uma simples descrição ou ir mais além, de modo a sugerir explicações sobre elementos pouco conhecidos. Limitações do estudo de casos: Restringe-se a situações incomuns de enfermos graves, outras vezes, aos casos de evolução atípica, de reação inusitada, há certa dose de subjetividade na apreciação dos fatos. Estudos epidemiológicos Estudos descritivos: Os estudos descritivos têm por objetivo determinar a distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos, ou seja, esclarecer: quando, onde e quem adoece. Pode ser realizado a partir de dados primários (com instrumento próprio elaborado para o estudo). Ou dados secundários (utilizando informações de banco de dados). Estudos epidemiológicos Fonte: https://asmetro.org.br/portalsn/2017/08/09/in vestigacao-por-parte-do-ministerio-publico- virou-terra-de-ninguem/ Estudos analíticos: Tem o objetivo básico de avaliar (não apenas descrever) se a ocorrência de um determinado evento é diferente entre indivíduos expostos e não expostos a um determinado fator ou de acordo com as características das pessoas. Tipos de estudos analíticos: Randomizado Coorte Caso-Controle Transversais Ecológicos Estudos epidemiológicos Fonte: https://asmetro.org.br/portalsn/2017/08/09/in vestigacao-por-parte-do-ministerio-publico- virou-terra-de-ninguem/ O estudo clínico randomizado (ECR) consiste em um tipo de estudo experimental, desenvolvido em seres humanos e que visa ao conhecimento do efeito de intervenções em saúde. Estudos randomizados Fonte: Medicina (Ribeirão Preto) 42 (1): 3-8 http://www.fmrp.usp.br/revista Participantes Grupo Experimental (Intervenção) Grupo Controle (Comparação) Sucesso Insucesso Randomização Sucesso Insucesso População Fonte: https://asmetro.org.br/portalsn/2017/08/09/in vestigacao-por-parte-do-ministerio-publico- virou-terra-de-ninguem/ O termo coorte é utilizado para nomear um grupo de indivíduos que têm em comum um conjunto de características e que são observados durante um período de tempo com o intuito de analisar a sua evolução (prospectivo). Estudos de coorte Fonte: https://asmetro.org. br/portalsn/2017/08/ 09/investigacao-por- parte-do-ministerio- publico-virou-terra- de-ninguem/ População Amostra Ausência da doença Exposição ao Fator de Risco Presença da doença Expostos Não Expostos Tempo Doentes Doentes Não doentes Não doentes Fonte: Adaptado de: Livro-texto. Investigação do tipo caso-controle parte do efeito para chegar às causas. É, portanto, uma pesquisa etiológica retrospectiva, feita de trás para frente, só podendo ser realizada após o fato consumado, ou seja, depois de o efeito já ter ocorrido. (Viés de Memória) Estudos de caso-controle Delineamento do estudo caso-controle Expostos Expostos Não expostos Não expostos Sofreu exposição no passado? Doentes Não doentes Fonte: Adaptado de: https://pt.slideshare.net/rilvalopes/modelos-de-pesquisaprofarilva Fonte: https://asmetro.org. br/portalsn/2017/08/ 09/investigacao-por- parte-do-ministerio- publico-virou-terra- de-ninguem/ Cada indivíduo é avaliado para o fator de exposição e para a doença em determinado momento. Muitas vezes o estudo transversal é realizado apenas com objetivo descritivo sem nenhuma hipótese para ser avaliada (estudo no ponto-causa e efeito ao mesmo tempo). Estudos transversais Doentes Não doentes Expostos Expostos Não expostos Não expostos Presente Fonte: https://pt.slid eshare.net/F Clinico/tipos- de-estudos- epidemiolgic os-26672507 Fonte: https://asmetro.org. br/portalsn/2017/08/ 09/investigacao-por- parte-do-ministerio- publico-virou-terra- de-ninguem/ Taxas de mortalidade por doença coronariana Consumo per capita de álcool (litros) França Itália Portugal Espanha Áustria Suíça Alemanha Ocidental Bélgica Dinamarca Suécia Holanda Japão Austrália Noruega Irlanda Inglaterra Canadá EUA Finlândia Nova Zelândia 0 200 400 600 800 1000 1200 20 15 10 5 0 As medidas usadas representam características de grupos populacionais. Assim, a unidade de análise é a população e não o indivíduo. A limitação principal do estudo ecológico é que a relação entre o fator de exposição e o evento pode não estar ocorrendo no indivíduo. Estudos ecológicos Fonte: https://edisciplinas.us p.br/mod/resource/vi ew.php?id=637534 Fonte: https://asmetro.org. br/portalsn/2017/08/ 09/investigacao-por- parte-do-ministerio- publico-virou-terra- de-ninguem/ Como é denominado o estudo epidemiológico que avalia o surgimento de uma determinada doença em grupo de indivíduos expostos e não expostos de forma prospectiva? a) Caso-Controle. b) Ecológico. c) Transversais. d) Randomizados. e) Coorte. Interatividade Fonte: http://pensamentojovem.comunidades.net/ Como é denominado o estudo epidemiológico que avalia o surgimento de uma determinada doença em grupo de indivíduos expostos e não expostos de forma prospectiva? a) Caso-Controle. b) Ecológico. c) Transversais. d) Randomizados. e) Coorte. Resposta Fonte: http://pensamentojovem.comunidades.net/ SCHAPPERT, S. M. National ambulatory medical care survey: 1991 summary. Advance data from vital and health statistics. National Center for Health Statistics. Hyattsville – M.D., n. 230, mar. 1993. Disponível em: http://www.cdc.gov/nchs/data/ad/ad230.pdf. BRASIL. Lei n. 6.259 de 30 de outubro de 1975. Dispõe sobre a organização das ações de vigilância epidemiológica, sobre o programa nacional de imunizações, estabelece normas relativas à notificação compulsória de doenças, e dá outras providências. Brasília, 1975. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6259.htm. Referências bibliográficas ATÉ A PRÓXIMA!
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