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Metamorfismo e rochas metamórficas Disciplina: Petrografia Curso: Engenharia de Minas Prof. Msc. Lauro Cézar Montefalco de Lira Santos - UAMG Profa. Valderez P. Ferreira, NEG-LABISE, DEGEO, UFPE Metamorfismo • É O CONJUNTO DE PROCESSOS PELOS QUAIS UMA DETERMINADA ROCHA SOFRE ATRAVÉS DE REAÇÕES QUE OCORREM NO ESTADO SÓLIDO. A “NOVA” ROCHA APRESENTA CARACTERÍSITCAS DISTINTAS DAQUELAS QUE APRESENTAVA ANTES DO PROCESSO DE METAMORFISMO Rochas metamórficas • São rochas sedimentares e ígneas tectonicamente soterradas entram num ambiente com condições de P e T diferentes daquelas em que se formaram. • meta=mudança e morfos=forma • Correspondem a ~ 15% do volume da crosta O que são rochas metamórficas? Rocha ígnea ou sedimentar que sofreu mudanças texturais, estruturais e/ou mineralógicas, devido a uma mudança de P, T, stress ou ambiente químico, ou qualquer combinação desses fatores. Mudanças metamórficas sempre levam a uma direção que tende a restaurar o equilíbrio. Como as rochas metamorfisam? a partir da recristalização parcial ou completa de minerais nas rochas longos períodos de tempo as rochas permanecem essencialmente sólidas durante o metamorfismo Efeitos • 1. recombinação química e crescimento de novos minerais, com ou sem a adição de novos elementos a partir de fluidos e gases em circulação • 2. deformação e rotação dos grãos minerais constituintes • 3. recristalização de minerais em grãos maiores Metamorphism Metamorphism is like baking cookies Rochas metamórficas comuns Rocha metamórfica final depende de: 1. Protólito 2. Temperatura e pressão Limites do metamorfismo • Por conveniência, no limite inferior: têm sido excluídos intemperismo e diagênese como reações metamórficas. • processos como o desenvolvimento autigênico de feldspatos, turmalina e, mesmo a recristalização de argilas para ilita, micas brancas e cloritas, têm contrapartida nos graus mais baixos de metamorfismo. • Possivelmente completa recristalização de minerais de argila (em sedimentos) é o limite inferior mais lógico para processos metamórficos. Limites do metamorfismo • Limite superior (extremo de condições de P e T) – gradam para rochas ígneas. – gnaisses de alto grau e migmatitos lembram rochas ígneas em textura e mineralogia, e parece provável que sob tais condições líquidos silicáticos similares a magmas são gerados, e têm um papel importante na formação de rochas metamórficas. Aspectos importantes • As rochas que originam as rochas metamórficas são denominadas protólitos • Fatores que influenciam fortemente o metamorfismo – Temperatura – Pressão – Presença de fluídos – Tempo de duração do evento Temperatura • Principal fonte de calor na Terra vem de seu interior – manto e núcleo • Desintegração de material radioativo no interior do planeta • Reações metamórficas começam quando a rocha é exposta a T > 200°C • Em temperaturas muito elevadas o evento metamórfico ocorre no campo de geração de rochas ígneas, fundindo parcialmente o material e originando os MIGMATITOS Migmatito: apresenta porções metamórficas, recristalizadas em estado sólido, e porções que chegaram a ser parcialmente fundidas Gradiente geotérmico • Temperatura aumenta com a profundidade gerando uma função de variação: GRADIENTE GEOTÉRMICO • Em geral: 15 E 30°C/km. Em situações extremas: ~5 E 60°C/km Exemplo em zona de subducção Pressão • P maior tende a diminuir o espaço disponível para o crescimento do mineral, assim os minerais metamórficos gerados em altas P tendem a ser mais densos. O aumento de P pode originar de algum esforço dirigido. • 2 tipos na crosta: – Pressão Litostática – Pressão Dirigida Pressão Litostática • Também chamada de pressão confinante • O esforço é igual em todas as direções • Em regiões profundas (30 a 45 km) as pressões podem atingir até 12 kbars, e até 30 kbars em casos extremos – 1 atm = 1 bar Pressão dirigida • Ocorre de forma vetorial, devido a movimentação de blocos (Placas tectônicas) • A deformação mecânica, produzida pela pressão dirigida, provoca a geração de texturas e estruturas orientadas • Em consequência da deformação, os minerais placosos se orientam de forma perpendicular ao sentido da máxima pressão exercida Prsença de fluidos • Mais importantes: H2O E/OU CO2 • Funcionam como catalisadores metamórficos: Facilitam a migração dos elementos, além de mudar constantemente a composição do fluido alterando a composição da rocha final. • A pressão dos fluídos dentro dos poros da rocha pode ser em alguns casos superior a pressão confinante. Se isto ocorrer haverá u evento de fraturamento espontâneo, com escape de fluídos -> Brecha hidráulica • Importissimo para o acumulo de Minérios!! Tempo – Diagramas P-T-t Conceitos fundamentais para o estudo do metamorfismo • Progressivo: Aumento do grau metamórfico com o tempo a medida que a rocha é submetida a condições mais severas • Retrogressivo/Retrogrado: Diminuição do grau metamórfico por resfriamento ou envolvimento de eventos magmáticos Os dois processos promovem reações metamórficas distintas além de mudanças mineralógicas e texturais (Óbvio) Tipos de metamorfismo • Abordagens diferentes! • 1) Baseado nos processos/agentes: • a) Metamorfismo dinâmico • b) Metamorfismo térmico/termal • c) Metamorfismo dinamotermal • 2) Baseado no ambiente de metamorfismo • a) Metamorfismo de contato • b) Metamorfismo regional – Orogênico, soterramento e de fundo oceânico • c) Metamorfismo hidrotermal • d) Metamorfismo associado a zonas de falha • e) Metamorfismo de impacto • f) Metamorfismo de raios www.msnucleus.org Metamorfismo de contato • Fácilmente reconhecido por atividade plutônica intrusiva em rochas crustais estáticas (Efeitos também envolvendo fluidos metassomáticos) • Produto: Hornfelses (granofels) que podem/devem exibir texturas e estruturas reliquiares • Exibem típicamente aureolas termais • Polimetamorfismo é comum e apresenta-se do tipo progressivo • Pirometamorfismo é um tempo comum, quando o metamorfismo se da a baixas pressões por intrusções vulcânicas ou subvulcânicas, típicamente exibindo bordas de reação em xenólitos Metamorfismo progressivo Metamorfismo regional • Metamorfismo orogênico (“Mais bem conhecido”) – É o tipo de metamorfismo associado a limites de placas destrutivos • Se fala em Dinamotermal, quando um ou mais episódios orogênicos são combinados com gradientes geotérmicos elevados associado ao stress cisalhante • As rochas que são produtos deste tipo de metamorfismo são chamaodos tectonitos • Comum polimetamorfismo e progressão diferente em zonas de subducção típicas e regiões de colisão continental • Produção de batólitos sempre associados a metamorfismo de contato Metamorfismo regional ardósia filito xisto gnaisse Metamorfismo hidrotermal • Percolação de fluidos quentes provenientes das rochas ígneas ou das rochas encaixantes • A água transporta elementos que podem mudar a composição da rocha original e nas condições ideiais cristalizando novas fases minerais. Metamorfismo Hidrotermal em cadeias oceânicas Sistemas hidrotermais do tipo M.O.R.: Interação da água do mar com basaltos produzem paragêneses do tipo LP/HT• Maior sistema metamórfico ativo no mundo, representa o “metassomatismo” regional • Interação direta com ofiolitos • Máfcas/ultramáficas -> Spililitos, xistos verdes e raros anfibolitos • Troca dos constintuintes químicos em sistemas hidrotermais justificam bem a designação hidrotermal. A águado mar é altamente oxigenada e contem concentrações consideraveis de Cl-, Br-, CO3 2- e SO4 2- • Reações comuns Metamorfismo de Impacto • Ocorre em locais submetidos a impactos de asteróides contra a crosta • Também chamado de metamorfismo explosivo • A energia do impacto é dissipada na forma de ondas de energia e calor que fragmentam, pulverizam e fundem as rochas alvo • Podem ser geradas pressões da ordem de 1.000kbar • Zonas subsidentes com acúmulo de sedimentos Decorrente da subsidência prolongada do terreno Pressão exercida pelos sedimentos • As rochas são expostas a temperaturas superiores a 300°c • Pode ocorrer a foliação de micas e a formação de minerais Metamorfismo de soterramento Grau metamórfico Grau de metamorfismo • A intensidade do metamorfismo é referida como grau metamórfico • Grau metamórfico corresponde aproximadamente às facies metamórficas (Winkler, 197). São eles: a) Grau incipiente; b) Grau fraco; c) Grau médio; d) Grau forte. • Barrow descobriu que determinados tipos de minerais se desenvolvem de forma sequencial em rochas pelíticas submetidas a metamorfismo progressivamente mais intenso • Com este conhecimento, criou-se o termo minerais-índice, através dos quais se pode estimar o grau de metamorfismo sofrido por algumas rochas • Exemplos: Clorita biotita granada estaurolita cianita silimanita Exemplo do sistema zonal barroviano • Minerais índices: Clorita, biotita, granada, estaurolita, cianita sillimanita • A definição de zonas de aparecimento é dada por isógradas, que separam zonas metamórficas Sistema zonal barroviano (Fazer exercício) Fácies metamórficas (Eskola, 1915) • Regiões onde a assembléia mineral atingiu o equilibrio de acordo com as condições P-T a) Facies zeolito – T de início de metamorfismo entre 200 - 400°C; b) Facies xisto verde – T baixas < 500° C; c) Facies anfibolito – T média 500 até 700° C; d) Facies xisto azul - P elevada e T baixa ; P > 6 kb/ T < 400° C; e) Facies granulito – P e T elevadas ; T 700 a 900° C. Alguns minerais índices • Xisto Verde – Actinolita, albita, clorita, epídoto • Anfibolito – Hornblenda e plagioclásio • Eclogito – Onfacita, granada e quartzo • Xisto azul – Lawsonita e glaucofana • Granulito – Ortopiroxênio e clinopiroxênio Fácies xisto azul • Glaucofana - Na2 (Mg,Fe)3 Al2 Si8O22(OH)2 (anfibólio monoclínico) • Lawsonita - CaAl2Si2O7(OH)2(H2O) Fácies xisto azul Fácies xisto verde • Clorita • Clinocloro: (Mg5Al)(AlSi3)O10(OH)8 • Chamosita: (Fe5Al)(AlSi3)O10(OH)8 • Nimita: (Ni5Al)(AlSi3)O10(OH)8 • Pennantita: (Mn,Al)6(Si,Al)4O10(OH)8 • - Na2 (Mg,Fe)3 Al2 Si8O22(OH)2 • Epídoto - Ca2(Al, Fe)3(SiO4)3(OH) Fácies anfibolito • Hornblenda - CaNa(Mg,Fe)4(Al,Fe,Ti)3S i6O22(OH,F)2 • Plagioclásio -> NaAlSi3O8 - CaAl2Si2O8 Fácies anfibolito Fácies eclogito • Jadeíta/Onfacita (Piroxênio monoclínico) - NaAlSi2O6 • Granada, pode ser: • i) Piropo • Ii) Grossulária • iii) Almandina Fácies eclogito Condições extremas de fusão: Migmatitos Estruturas de rochas metamórficas • Foliação: é uma estrutura planar em rochas metamórficas, observada como arranjo paralelo na distribuição de minerais. Inclui bandamento, como em gnaisses, e xistosidade, como em xistos. Estruturas de rochas metamórficas • Lineação: alinhamento paralelo de elementos lineares de uma rocha. Inclui, por exemplo, grãos prismáticos alinhados, agregados de grãos, eixos de microdobras e linhas de interseção de duas ou mais xistosidades. Texturas de rochas metamórficas • Utiliza-se aspectos comuns de acordo com o arranjo dos minerais para descrição: • Granonlástica: Minerais equidimensinais que se agregram uns aos outros sem conferir a rocha uma orientação preferencial • Lepidoblástica: Presença de minerais placóides arranjados paralelamente ou subparalelamente. Comum em xistos. • Nematoblástica: Orientação de minerais prismáticos, fibrosos ou colunares • Porfiroblástica: Presença de grandes cristais em meio a uma matriz mais fina • Poiquiloblástica: Inúmeras inclusões de outros minerais no interior do porfiroblasto Texturas especificas • Augen: grandes “olhos” (porfiroclastos) de feldspatos numa matriz gnáissica mais fina Texturas especificas • Gnáissica: Alternância de bandas máficas com bandas félsicas. Texturas especificas • Xistosidade: arranjo subparalelo de micas e outros minerais tabulares, dando fissilidade mais ou menos planar (como em xistos e filitos). Com a diminuição do tamanho dos grãos: Clivagem ardosiana. Caso específico: Rochas de falha • Milonito: rocha coesa, formada por deformação dúctil com foliação e lineação muito bem desenvolvita por stress direcional. • Catclasito: Rocha coesa formada por deformação rúptil, exibe variação de tamanho dos grãos, textura “quebradiça”. Classificação de rochas metamórficas • Meta -> Meta-arenito, metagranito, metadiorito... • São classificadas com base na textura e composição (tanto mineralógica quanto química) • Nomes de rochas metamórficas são mais simples e flexíveis do que as rochas ígneas (escassez de nomes locais) • Em geral trazem características típicas e diagnósticas do tipo de rocha • Para: Para uma rocha com Protólito sedimentar • Orto: Para uma rocha com protólito ígneo. Ex: Ortognaisse, Paragnaisse, Ortogranulito... Critérios • Classificação baseada em vários aspectos • Do ponto de vista prático deve se evitar conotações genéticas e sim enfatizar algum aspecto descritivo da rocha • Sempre que possível fazer referência ao protólito • Enfatizar se possível a presença de algum mineral índice Classificação baseada em estruturas • Rochas foliadas x Rochas não foliadas (Observar se alguma textura é evidente) Rochas foliadas • Textura gnáissica – Gnaisse • Xistosidade – Xisto • Clivagem ardosiana – Ardósia • Foliação fina com crescimento de minerais brilhosos: Filito • Recristalização completa com formação de minerais de alto grau: Granulito • Foliação milonítica: Milonito • Textura cataclástica: Cataclasito Rochas não foliadas (atentar para mineralogia ou outra feição evidente) • >> Quartzo - Quartizito • >> Calcita - Mármore • Anfibólio e plagioclásio – Anfibolito • Serpentina e talco – Serpentinito • È possivel combinar as informações mineralógicas com as texturas: • Ex: Mica-xisto, biotita-xisto, granada-muscovita- gnaisse. • Neste caso, o mineral mais abundante é o mais próximo do nome Protólitos – O que esperar? 1. Ultramáfica – Alto Mg, Fe, Ni, Cr 2. Máfica – Alto Fe, Mg, Ca 3. Pelitos - Alto Al, K, Si 4. Carbonatos – Alto Ca, Mg, CO2 5. Qtz - Praticamente SiO2. 6. Qtz-Felds – Alto Si, Na, K, Al Protólitos – O que esperar? 1. Arenito – Quartizito 2. Argilito – Filito ou ardósia 3. Calcário - Mármore 4. Granito – Gnaisse 5. Rochas máficas – Rochas metamáficas, granulitos ou anfibolitos
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