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A Evolução da Sonoplastia no Teatro e no Audiovisual

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Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Artes e Comunicação
Departamento de Rádio, TV e Internet
Elementos da Linguagem Musical
Profº Paulo Lima
Aluna: Ingrid de Moura Costa
A Evolução da Sonoplastia
Origem
Sonoplastia é a comunicação pelo som. Abrangendo todas as formas sonoras - música, ruídos e fala, e recorrendo à manipulação de registros de som, a sonoplastia estabelece uma linguagem através de signos e significados.
Sonoplastia (do Lat. sono, som + Gr. plastós, modelado) é um termo exclusivo da língua portuguesa que surge na década de 60 com o teatro radiofônico, como a reconstituição artificial dos efeitos sonoros que acompanham a ação. Esta definição é extensiva ao teatro, cinema, rádio, televisão e internet. Antes designada como composição radiofônica, tinha por função a recriação de sons da natureza, de animais e objetos, de ações e movimentos, elementos que em teatro radiofônico têm que ser ilustrados ou aludidos sonoramente. Incluía ainda a gravação e montagem de diálogos e a seleção, a gravação e alinhamento de música com uma função dramatúrgica na ação ou narração. O sonorizador, auxiliado por um contra-regra que produzia efeitos sonoros em direto (foley effects / bruitage), tais como a abertura de uma porta à chave e o consequente fechamento, passos caminhando em pisos de diferentes superfícies, ou o galope de um cavalo efetuado com casca de côco percutida, ou ainda auxiliado por um operador de som que manipulava os discos de efeitos sonoros de 78 RPM, controlava a mistura dos vários elementos sonoros com a voz gravada.
A sua posterior associação à televisão e ao cinema documental toma súbitas variações e formas, recorrendo aí com maior incidência à seleção de músicas para o acompanhamento de sequências de imagem, ou como música de fundo de uma narração.
Todo o som utilizado em uma construção sonora audiovisual tem o objetivo de ilustrar/destacar movimentos ou ações que ocorrem na sequência de uma cena, diálogo, locução, etc. A montagem do áudio na sonoplastia pode conter elementos que reforcem a naturalidade do que está ocorrendo, ou fazer com que o receptor tenha uma percepção diferente do que seria o som natural daquela ação.
Para a realização de criações sonoras, podemos classificar os efeitos sonoros em dois tipos:
Efeitos editoriais - São eventos sonoros que não exigem grande complexidade de obtenção e manipulação, por exemplo: ruídos de computador, buzinas, assovios, etc.
Efeitos principais - São eventos sonoros que necessitam um trabalho de produção e pesquisa mais elaborados. Muitas vezes a criação daquele som demanda um grande tempo para ser alcançada e demanda um grande esforço criativo do sonoplasta. Por exemplo: som de uma nave espacial que percorre velocidades enormes, sons de animais extintos, etc.
Sonoplastia em teatro
A sonoplastia é hoje o design do som, a grafia do som que age como uma sutil rubrica para o público ouvir. E as técnicas hoje são várias sendo não somente pré-gravadas, mas masterizadas, mixadas, e disparadas com temporizador da reprodução.
Hoje a importância dos ruídos ou das melodias é a mesma e a definição do som do espetáculo é diferente para cada diretor teatral. Muitas vezes este decide historicizar o espetáculo datando o som de acordo com a datação criada pelo texto ou pelo estilo da representação.
Atualmente, o sonoplasta em teatro é um dos elementos da equipe criativa, assim como o cenógrafo, o figurinista, e o desenhador de luz, que trabalhando com o encenador na busca do conceito de uma banda de som consistente e coesa com as outras áreas de criação, explora as possibilidades expressivas do som, fornecendo uma realidade física, real ou imaginária, um mundo lógico e coerente, recriando cenários, objetos ou personagens.
O Começo
Com o advento do rádio – teatro, houve a necessidade de se introduzir o chamado “som ambiente”, o que facilitava ao ouvinte imaginar todo um cenário. 
De início eram apenas alguns instrumentos de percussão, ou então ruídos reproduzidos através de fonógrafos, porém com o passar do tempo, verificou-se que os ruídos obtidos a partir de reproduções ‘naturais”, não soavam tão bem quando reproduzidos pelos alto – falantes. 
A solução encontrada foi criar dispositivos que captados pelo microfone correspondessem a algo mais próximo da realidade. A partir da década de 1930, os estúdios passaram a contar com equipamentos capazes de produzir uma imensidade de sons e que eram muito semelhantes com aqueles das demais estações de rádio. 
Iremos, nos próximos dias, mostrar como eram os equipamentos de sonoplastia. 
O primeiro deles, bastante simples, aliás, como todos os demais, destinava-se a reproduzir o som equivalente a um batalhão em marcha, e era composto por uma série de blocos de madeira , sacudidos sobre um fundo de madeira compensada.
Talvez para quem não esteja familiarizado com as funções do sonoplasta, se espantaria ao saber que o som de um comprimido efervescente dissolvendo-se em um copo d’água era usado, até há um tempo, para simular uma pessoa sendo atacada por formigas.
Essa é uma das técnicas de sonorização de programa, ou seja, a realização de efeitos especiais e fundos sonoros. De acordo com a etimologia da palavra, pode-se afirmar que esse profissional é um artista plástico do som, e o campo para exercer o seu ofício são as emissoras de rádio, de TV aberta ou fechada, produtoras e em outros lugares nos quais seja necessária a presença de tal profissional como apoio à produção ou direção de programas no variado mundo do espetáculo.
Quando vemos um filme sabemos que o momento culminante está chegando, pela música que o sonoplasta inseriu à cena, que a cena de amor se prenuncia pela melodia mais doce e suave. Esse profissional trabalha tanto na edição de programas televisivos, de cinema e no rádio, porém seu trabalho ao vivo torna essa relação com os sons mais delicada, uma vez que os efeitos nesse caso têm que ser o mais preciso possível, pois não há retorno nesse caso, nem conserto se houver falhas, portanto no caso de trilha sonora, essa tem que ser escolhida atentamente para que som e situação formem um par perfeito. Todos têm a oportunidade de avaliar o quê, por exemplo, refletem as músicas incidentais que proporcionam o crescer do clima da trama e levam o espectador a aliviar-se, a ficar tenso, ou feliz, ou brabo, sempre de acordo com os roteiros da cena que se está vendo.
Nesse mundo de simulações das situações as mais diversas, anteriormente, os sonoplastas tinham que criar de alguma forma o som que se assemelhasse às necessidades das cenas dos programas. Assim, pentes, folhas de papel celofane, areia, caixas de diversos materiais e modelos, folhas de flandres, cascas de coco, e outros que a imaginação do profissional recrutava, eram os recursos utilizados para extrair os mais variados sons, de acordo com o objetivo pretendido.
Atualmente, essa tarefa tornou-se simplificada, pois há bancos de sons com até 50.000 armazenados e nesse caso, com acesso pago. Há sonoplastas que possuem e elaboram seu próprio banco de dados, seja coletando sons em campo ou reaproveitando os já utilizados. Em alguns meios os sonoplastas fazem as vezes de DJ ou de operador de áudio, porém não são essas as suas reais funções.
Algumas Perguntas e Respostas
Qual o trabalho de um sonoplasta na rádio? 
Criar um "ambiente" em que o som construa a imagem a formar-se na mente do ouvinte, por forma a permitir a sua integração no enredo ou no assunto que se pretende transmitir, de modo a que esse "cenário" dispense a necessidade de narrativa quanto ao que circunda a ação, limitando assim a voz, tanto quanto possível, ao discurso direto. 
Existem diferenças significativas entre o trabalho de um sonoplasta nos dias de hoje e de antigamente? Quais? 
Os princípios são os mesmos, os objetivos também. A única diferença é a evolução tecnológica que, do passado para o presente, como do presente para o futuro, permite sempre mais e melhores meios para atingir fins. 
De que maneira as novas tecnologias
podem condicionar a criatividade de um sonoplasta, como no caso da captação de sons? 
A captação de sons nem sempre reproduz com fidelidade a imagem das situações que lhes deram origem. 
Quer com recurso a novas tecnologias quer com inventividade e imaginação, o trabalho de um sonoplasta baseia-se sempre na avaliação da perceptibilidade que o ouvinte terá dos efeitos que se criam para transmitir as imagens ou sensações. 
Seja qual for a origem do som a utilizar, quer pelo recurso a novas tecnologias, sintetizadores ou misturas, quer pela captação direta de sons, o único critério é o do efeito que vai produzir, pela natureza dos sons e pela integração no bloco de que fará parte. 
O que deve conter uma sala de sonoplastia hoje em dia? E nos primórdios, visto a tecnologia não ser tão evoluída, como seria essa sala? 
A sala de um sonoplasta é o mundo em que vivemos. 
A técnica de que necessita para produzir o trabalho final de montagem é o normal estúdio de gravação, que pode ir do clássico, com mesas de montagem e espaço insonorizado para captação de vozes e sons, até à panóplia atual de suportes informáticos e software adequado (do tipo Sound Forge, por exemplo), indispensáveis atualmente para produção de um resultado final de alta qualidade. A maior diferença positiva na passagem do passado para o presente foi a transição do analógico para o digital. 
Com recurso à ciência, o futuro abre portas de usabilidade infinita. 
Não esquecer, no entanto, que o uso do som é (deve ser) uma arte que depende da criatividade individual. Novos "truques" estão constantemente a ser inventados por quem tem imaginação. Embora dependam sempre de tecnologia, podem ter o ineditismo de "nunca ninguém ter pensado nisso antes" - aconteceu já e continuará a acontecer. 
Um excelente exemplo disso foi o "Sensurround", inicialmente usado no filme "Terramoto" - pode dizer-se que o filme vive tanto do som como da imagem. Utiliza-se, inclusivamente, o recurso a frequências sub-sônicas: embora o ouvido não as capte, estão presentes no ambiente e tiveram mesmo efeitos devastadores nas audiências. 
Qualquer peça de Reportagem ou Grande Reportagem ganha nova dimensão se tiver um tratamento adequado de sonoplastia. 
A sonoplastia surgiu ou desenvolveu-se a partir das radionovelas? 
Nada mais incorreto. A sonoplastia nasceu com a rádio, há um século. Mesmo sem a classificação de sector profissional especializado que viria a ter, sempre existiu desde as primeiras emissões experimentais realizadas no princípio do século XX. 
Em rádio, as novelas sempre tiveram menor expressão que o teatro. 
Não confundir: embora a Rádio tenha ainda (por culpa dos estrategas de televisão) uma capacidade mais imediata de intervenção em tempo real no sector de informação e reportagem do que a televisão, nunca poderia concorrer com esta na área da novela. 
O fenômeno "novela" é tipicamente televisivo e, em Portugal como na Globo brasileira (a Manchete é disso exceção), não usa o recurso à sonoplastia tanto quanto o cinema o faz: aí, a sonoplastia é fundamental e tem um papel reconhecido (dois exemplos de cinema português em que o som é excelente e contribui decisivamente para o resultado final: "Kilas o Mau da Fita" e "Call Girl"). 
Qual a importância da sonoplastia nas rádio-novelas/teatro radiofônico (complementando o discurso entre personagens - enriquecendo a ação)? 
Deve fazer parte integrante da ação, acompanhá-la e complementá-la. 
Os realizadores de cinema sabem-no e os próprios autores de música de filmes acompanham todo o enredo com essa perspectiva em mente. Se no cinema é um dado enriquecedor, no teatro radiofônico - aliás, em tudo na rádio - é fundamental. 
Fontes:
www.locutor.info/ (Acessado em 16/06/2012)
www.http://fabiopiraja.blogspot.com.br/ (Acessado em 16/06/2012)
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=41070 (Acessado em 16/06/2012)
Recife, 21 de Junho de 2012

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