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Atividade 1 – 20 de março de 2018. Tema: criminalização de movimentos sociais e pessoas em manifestações pelo crime de associação criminosa no Brasil, a partir de 2013. Thayná Silveira Soares (18/0010492) Primeiramente, cumpre destacar os pontos em comum em relação ao modo de realização das investigações e as evidências que levaram a imputação do crime de associação criminosa nos casos do Inquérito Black Block e do Acórdão de João Antônio Alves de Roza proferido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. O primeiro ponto de encontro entre os citados é o fato de que todas as testemunhas são policiais ou pessoas ligadas a segurança pública. Isso não quer dizer que os depoimentos não sejam legítimos ou verídicos, uma vez que os próprios, assim com todos, possuem presunção de idoneidade. O segundo ponto se refere ao fato de que todos foram presos em flagrante durante manifestações em que foram vistos praticando – no caso de João Antônio – ou aos arredores de atos de depredação de patrimônio – caso dos entrevistados na reportagem. Um terceiro ponto importante a ser destacado é o enquadramento de todos no caput do art. 288 do Código Penal vigente e ainda o enquadramento dos entrevistados na Lei de Segurança Nacional oriunda da Ditadura Militar no país. A novidade em ambos os casos e o enquadramento dos grupos por associação criminosa e não da abertura de uma investigação para cada delito de vandalismo individualmente. Outro ponto que foi levado em conta foi a repetição da presença dos indiciados durante as manifestações, fato este que indicaria envolvimento com a coordenação das atividades do grupo/movimento Black Bloc. Ademais, ambas as investigações levaram em conta pesquisa em redes sociais que ligassem os citados ao referido movimento e a oitiva dos acusados e testemunhas. Já em relação a criminalização das pessoas envolvidas na reportagem e do próprio João Antônio pelo caput do art. 288 do Código Penal vigente encontra respaldo na tese do STF de que é possível condenar uma única pessoa pelo crime de associação criminosa mesmo que os outros sequer sejam identificados desde que haja comprovação de que o sujeito estava associado para prática de crimes (RTJ 112/1.064). Ademais, em conformidade com a ADPF 187 que liberou a realização de eventos denominados “marcha da maconha” segue o entendimento do STF de que os direitos constitucionais de reunião e de livre expressão do pensamento são garantias para se realizar tais eventos. Nota-se, ainda, que a liberdade de expressão e de manifestação apenas pode ser proibida quando for dirigida a incitar ou provocar ações ilegais e iminentes. O enquadramento dos mencionados como associação criminosa se deu pelo fato de que estavam vestindo roupas pretas, porte de artefato de uso restrito da polícia militar, a reiteração da presença em manifestações e a posse da uma Cartilha que versava sobre o comportamento em manifestações. A criminalização das pessoas mencionadas nada tem a ver com a proibição ou intimidação dos participantes a não mais se reunirem em prol do que defendem e sim em uma prática para coibir abusos e danos ao patrimônio alheio como havia ocorrido nos casos mencionados. O próprio João Antônio assume que lançou um extintor para quebrar o vidro da concessionária e os depoimentos dos policiais corroboram a comprovação de que o sujeito teria se associado aos outros participantes do movimento para a prática do referido crime e ainda estaria à frente do movimento. Em relação ao Inquérito instaurado para averiguar as condutas, este pode ser considerado ilegítimo se analisado com fundamento na forma como tem sido utilizado, pois o mesmo não serve para investigar as pessoas e sim os crimes praticados por elas e o que tem ocorrido é justamente isso, os depoimentos sendo colhidos com base nas ideologias e opções políticas dos intimados. Assim, resta claro que a criminalização pela imputação ao crime previsto no caput do art. 288 não tem como fim a proibição da expressão de pensamento tampouco a restrição ao direito de reunião.
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