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RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
1 
CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 09 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 09 
 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 09 | RETA FINAL - DPE/CE 
LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (LEI Nº 12.850/2013) 
 
Fala, meu povo. Chegamos a nossa última apostila de Direito Penal (ainda teremos Criminologia). Nela 
cuidaremos de algumas leis extravagantes previstas em seu edital da DPE/CE, como a Lei de Organização Criminosa, 
Lei dos Crimes Hediondos e Lei de Crimes de Preconceito, sempre com o enfoque para o seu estudo crítico e 
específico. 
 
Sem mais conversa, vamos lá? 
 
Começaremos com a Lei nº 12.850/2013 (Lei de Organização Criminosa), e nada melhor que começar com 
o conceito de organização criminosa (dentro da lei, talvez isso seja o que mais cai em prova objetiva). 
 
Vamos por partes para que você não se perca: 
 
1. Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas 
2. Estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, 
3. Com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, 
4. Mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, 
5. Ou que sejam de caráter transnacional. 
 
Além disso, fiquem atentos para um detalhe: organização criminosa e associação criminosa (antes chamada 
de quadrilha ou bando) são crimes diferentes. O examinador adora isso! 
 
Reparem bem o crime de associação criminosa: 
 
Associação Criminosa 
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer CRIMES: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança 
ou adolescente. 
 
Vejam que aqui o conceito é mais simples: associação de três ou mais pessoas. Isso quer dizer que para 
que seja associação, há de existir pelo menos três pessoas, diferente da organização, onde há quatro ou mais 
pessoas. Assim, evidenciada a presença de pelo menos 4 pessoas, é irrelevante que um deles seja inimputável - 
qualquer que seja a causa da inimputabilidade penal, que nem todos os integrantes tenham sido identificados, ou 
mesmo que algum deles não seja punível em razão de alguma causa pessoal de isenção de pena. 
 
CAIU NA DPE-AC-2017-CESPE: Considerando-se a legislação pertinente e o entendimento dos tribunais superiores 
sobre o tema, o crime de organização criminosa será assim caracterizado apenas quando houver a participação de, 
pelo menos, quatro agentes maiores de idade.1 
 
Segundo Renato Brasileiro, 
 
“o crime de organização criminosa é crime formal, de consumação antecipada ou de 
resultado cortado, consumando-se com a simples associação de quatro ou mais pessoas 
para a prática de crimes com pena máxima superior a 4 anos, ou de caráter transnacional, 
pondo em risco, presumidamente, a paz pública. Sua consumação independe, portanto, 
da prática de qualquer ilícito pelos agentes reunidos na societas delinquentium. Trata-se, 
portanto, de crime de perigo abstrato cometido contra a coletividade (crime vago), 
punindo-se o simples fato de se figurar como integrante do grupo. O crime de organização 
 
1 ERRADO. Não precisa que os quatro integrantes sejam maiores de 18 anos. 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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DIREITO PENAL 
APOSTILA 09 | RETA FINAL - DPE/CE 
criminosa é incompatível com o conatus (tentativa). Considerando-se que o art. 2º da Lei 
nº 12.850/13 exige a existência de uma organização criminosa, conclui-se que, presentes 
a estabilidade e a permanência do agrupamento, o delito estará consumado; caso 
contrário, o fato será atípico. Em síntese, os atos praticados com o objetivo de formar a 
associação (anteriores à execução de qualquer dos núcleos) são meramente 
preparatórios”. 
 
CAIU NA DPE-AC-2017-CESPE: “Considerando-se a legislação pertinente e o entendimento dos tribunais superiores 
sobre o tema, o crime de organização criminosa será assim tipificado somente se houver consumação de delitos 
antecedentes, sendo configurada tentativa quando não demonstrada a efetiva estabilidade do grupo.”2 
 
Além disso, na associação eles se reúnem para cometer crimes (não especifica nada além disso). Na 
organização criminosa, por outro lado, precisa ser mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas 
sejam superiores a 4 (quatro) anos OU que sejam de caráter transnacional. 
 
CAIU NA DPE-MA-2018-FCC: Sobre o crime de associação criminosa é correto afirmar que exige para sua 
configuração o concurso de agentes e a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 
(quatro) anos.3 
 
E tem mais: diferente da associação, na organização criminosa existe um grupo estruturado, e cada um 
deles tem uma tarefa (divisão de tarefas). 
 
CAIU NA DPE-MA-2018-FCC: Sobre o crime de associação criminosa é correto afirmar que demanda a associação 
de 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas com o objetivo de praticar 
crimes.4 
 
Além disso, para caracterização do delito de associação criminosa, indispensável a demonstração de 
estabilidade e permanência do grupo formado por três ou mais pessoas, (art. 288, CP) além do elemento subjetivo 
especial consistente no ajuste prévio entre os membros com a finalidade específica de cometer crimes 
indeterminados, conforme já decidiu o STJ - RHC 76678 / SP. 
 
CAIU NA DPE-MA-2018-FCC: “Sobre o crime de associação criminosa é correto afirmar que exige a demonstração 
do elemento subjetivo especial consistente no ajuste prévio entre os membros com a finalidade específica de 
cometer crimes indeterminados.”5 
 
Mas vamos seguir o baile. 
 
Fora esses casos, há outros casos em que essa lei se aplica? Hein, gente? :D 
 
Sim, e VAMOS GRIFAR: 
 
§ 2o Esta Lei se aplica também: 
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a execução no País, o 
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente 
definidos. (Redação dada pela lei nº 13.260, de 2016) 
 
Vamos agora ao principal crime previsto na lei: 
 
2 ERRADO. 
3 ERRADO. O examinador tenta confundir associação criminosa com organização criminosa. 
4 ERRADO. Mais uma vez o examinador tenta confundir Associação Criminosa (Art. 288, CP) com Organização Criminosa (Lei nº 12.850/2013). 
5 CERTO. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13260.htm#art19
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DIREITO PENAL 
APOSTILA 09 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações 
penais praticadas. 
 
Ainda há causas de aumento de pena específicas e agravantes que sempre aparecem em provas, vejam: 
 
§ 2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma de 
fogo. 
§ 3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda que 
não pratique pessoalmente atos de execução. 
§ 4º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): 
I - se há participação de criança ou adolescente; 
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa dessa condição para a prática de 
infração penal; 
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; 
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes; 
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organização. 
 
Amig@s, essa lei tambémtem umas coisas bem importantes, que são os meios de obtenção de provas, 
principalmente a colaboração premiada e ação controlada, cuja leitura da letra da lei é muitíssima importante: 
 
CAPÍTULO II 
DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA 
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os 
seguintes meios de obtenção da prova: 
I - colaboração premiada; 
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; 
III - ação controlada; 
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados 
públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; 
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica; 
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica; 
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; 
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e 
informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. 
 
Saibam que a colaboração premiada existe em outras leis, como por exemplo: 
 
• Lei dos Crimes Hediondos (nº 8.072/90, art. 8º, §único); 
• Crime de Extorsão mediante sequestro (art. 159, §4º, do Código Penal Brasileiro); 
• Lei de Drogas (nº 11.343/06, art. 41); 
• Lei de Lavagem de Dinheiro (nº 9.613/98, art. 1º, §5º); e, 
• Lei das infrações contra a Ordem Econômica (nº 12.529/11, art. 86 e 87) que regulamentou mais 
especificamente o acordo de leniência. 
 
É preciso lembrar as alterações ocorridas com a Lei nº 13.964/2019, denominada “Pacote Anticrime”, que 
alterou substancialmente a Lei de Organização Criminosa. 
 
Pois bem. A primeira alteração foi a inclusão dos § § 8º e 9º ao art. 2º da Lei de Organização Criminosa: 
 
 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 09 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
COMO ERA COMO FICOU 
Art. 2º 
Sem correspondência 
Art. 2º 
 
§ 8º As lideranças de organizações criminosas armadas 
ou que tenham armas à disposição deverão iniciar o 
cumprimento da pena em estabelecimentos penais de 
segurança máxima. 
Sem correspondência 
§ 9º O condenado expressamente em sentença por 
integrar organização criminosa ou por crime praticado 
por meio de organização criminosa não poderá 
progredir de regime de cumprimento de pena ou obter 
livramento condicional ou outros benefícios prisionais 
se houver elementos probatórios que indiquem a 
manutenção do vínculo associativo.” (NR) 
 
Outra alteração ocorrida pela mesma Lei foi a inclusão do art. 3-ºA: 
 
COMO ERA COMO FICOU 
 
Sem correspondência 
 
 
 
 
 
Sem correspondência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sem correspondência 
 
 
 
 
 
 
Sem correspondência 
 
 
 
 
 
Sem correspondência 
 
 
 
“Seção I Da Colaboração Premiada” 
 
Art. 3º-A O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio 
de obtenção de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. 
 
Art. 3º-B O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração 
demarca o início das negociações e constitui também marco de confidencialidade, 
configurando violação de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de 
tais tratativas iniciais ou de documento que as formalize, até o levantamento de 
sigilo por decisão judicial. 
 
§ 1º A proposta de acordo de colaboração premiada poderá ser sumariamente 
indeferida, com a devida justificativa, cientificando-se o interessado. 
 
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes deverão firmar Termo de 
Confidencialidade para prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos 
envolvidos na negociação e impedirá o indeferimento posterior sem justa causa. 
 
§ 3º O recebimento de proposta de colaboração para análise ou o Termo de 
Confidencialidade não implica, por si só, a suspensão da investigação, ressalvado 
acordo em contrário quanto à propositura de medidas processuais penais 
cautelares e assecuratórias, bem como medidas processuais cíveis admitidas pela 
legislação processual civil em vigor. 
 
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser precedido de instrução, 
quando houver necessidade de identificação ou complementação de seu objeto, 
dos fatos narrados, sua definição jurídica, relevância, utilidade e interesse público. 
 
§ 5º Os termos de recebimento de proposta de colaboração e de 
confidencialidade serão elaborados pelo celebrante e assinados por ele, pelo 
colaborador e pelo advogado ou defensor público com poderes específicos. 
 
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DIREITO PENAL 
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Sem correspondência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sem correspondência 
 
 
 
 
§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, esse 
não poderá se valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo 
colaborador, de boa-fé, para qualquer outra finalidade. 
 
Art. 3º-C A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com 
procuração do interessado com poderes específicos para iniciar o procedimento 
de colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte que 
pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público. 
 
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada sem a 
presença de advogado constituído ou defensor público. 
 
§ 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou de colaborador 
hipossuficiente, o celebrante deverá solicitar a presença de outro advogado ou a 
participação de defensor público. 
 
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve narrar todos os 
fatos ilícitos para os quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos 
investigados. 
 
§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os anexos com os fatos 
adequadamente descritos, com todas as suas circunstâncias, indicando as provas 
e os elementos de corroboração. 
 
Outra alteração foi realizada no art.4º. Vejam o quadro comparativo: 
 
COMO ERA COMO FICOU 
Art. 4º 
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério 
Público poderá deixar de oferecer denúncia se o 
colaborador: 
 
I - não for o líder da organização criminosa; 
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos 
termos deste artigo. 
Art. 4º 
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo, o 
Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia 
se a proposta de acordo de colaboração referir-se a 
infração de cuja existência não tenha prévio 
conhecimento e o colaborador: 
 
I - não for o líder da organização criminosa; 
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos 
termos deste artigo. 
Não existia antes do Pacote Anticrime 
§ 4º-A Considera-se existente o conhecimento prévio 
da infração quando o Ministério Público ou a 
autoridade policial competente tenha instaurado 
inquérito ou procedimento investigatório para 
apuração dos fatos apresentados pelo colaborador. 
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena 
poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a 
progressão de regime ainda que ausentes os requisitos 
objetivos. 
Sem alterações 
§ 6º O juiz não participará das negociações realizadas 
entre as partes para a formalização do acordo de 
colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, 
o investigado e o defensor, com a manifestação do 
Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o 
Sem alterações 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 09 | RETA FINAL - DPE/CE 
Ministério Público e o investigado ou acusado e seu 
defensor. 
§ 7º Realizado o acordo na forma do § 6º, o respectivo 
termo, acompanhado das declarações do colaborador 
e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para 
homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, 
legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, 
sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu 
defensor. 
§ 7º Realizado o acordo na formado § 6º deste artigo, 
serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo 
termo, as declarações do colaborador e cópia da 
investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o 
colaborador, acompanhado de seu defensor, 
oportunidade em que analisará os seguintes aspectos 
na homologação: 
 
 I – regularidade e legalidade; 
 
II – adequação dos benefícios pactuados àqueles 
previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo 
nulas as cláusulas que violem o critério de definição do 
regime inicial de cumprimento de pena do art. 33 do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 
(Código Penal), as regras de cada um dos regimes 
previstos no Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de 
julho de 1984 (Lei de Execução Penal) e os requisitos 
de progressão de regime não abrangidos pelo § 5º 
deste artigo; 
 
III – adequação dos resultados da colaboração aos 
resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V 
do caput deste artigo; 
 
IV – voluntariedade da manifestação de vontade, 
especialmente nos casos em que o colaborador está ou 
esteve sob efeito de medidas cautelares.6 
Não existia antes do Pacote Anticrime 
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise 
fundamentada do mérito da denúncia, do perdão 
judicial e das primeiras etapas de aplicação da pena, 
nos termos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro 
de 1940 (Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 
de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), antes 
de conceder os benefícios pactuados, exceto quando o 
acordo prever o não oferecimento da denúncia na 
forma dos §§ 4º e 4º-A deste artigo ou já tiver sido 
proferida sentença. 
 
§ 7º-B São nulas de pleno direito as previsões de 
renúncia ao direito de impugnar a decisão 
homologatória. 
§ 8º O juiz poderá recusar homologação à proposta 
que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao 
caso concreto. 
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da proposta 
que não atender aos requisitos legais, devolvendo-a às 
partes para as adequações necessárias. 
Não existia antes do Pacote Anticrime 
§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-se garantir 
ao réu delatado a oportunidade de manifestar-se após 
o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou 
 
6 Evitar uma previsão preventiva para “forçar” a colaboração premiada. 
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APOSTILA 09 | RETA FINAL - DPE/CE 
(valorização da ampla defesa e do devido processo 
legal). 
§ 13. Sempre que possível, o registro dos atos de 
colaboração será feito pelos meios ou recursos de 
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica 
similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior 
fidelidade das informações. 
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de 
colaboração deverá ser feito pelos meios ou recursos 
de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica 
similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior 
fidelidade das informações, garantindo-se a 
disponibilização de cópia do material ao colaborador. 
§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida 
com fundamento apenas nas declarações de agente 
colaborador. 
§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será decretada 
ou proferida com fundamento apenas nas declarações 
do colaborador: 
 
I - medidas cautelares reais ou pessoais; 
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime; 
III - sentença condenatória. 
 
Atenção ao Enunciado 22 da I Jornada de Direito Penal 
e Processo Penal CJF/STJ: As restrições previstas no § 
16 do art. 4º da Lei n. 12.850/2013, com a redação 
dada pela Lei n. 13.964/2019, aplicam-se também aos 
processos penais para os quais a colaboração premiada 
foi trasladada como prova emprestada. 
Não existia antes do Pacote Anticrime 
§ 17. O acordo homologado poderá ser rescindido em 
caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto da 
colaboração. 
Não existia antes do Pacote Anticrime 
§ 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe 
que o colaborador cesse o envolvimento em conduta 
ilícita relacionada ao objeto da colaboração, sob pena 
de rescisão.’(NR) 
 
 Também foi acrescentado o inciso VI ao art.5º: 
 
COMO ERA COMO FICOU 
Art. 5º São direitos do colaborador: 
I - usufruir das medidas de proteção previstas na 
legislação específica; 
II - ter nome, qualificação, imagem e demais 
informações pessoais preservados; 
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos 
demais coautores e partícipes; 
IV - participar das audiências sem contato visual com 
os outros acusados; 
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de 
comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem 
sua prévia autorização por escrito; 
VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso 
dos demais corréus ou condenados. 
Art. 5º São direitos do colaborador: 
I - usufruir das medidas de proteção previstas na 
legislação específica; 
II - ter nome, qualificação, imagem e demais 
informações pessoais preservados; 
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos 
demais coautores e partícipes; 
IV - participar das audiências sem contato visual com 
os outros acusados; 
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de 
comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem 
sua prévia autorização por escrito; 
VI – cumprir pena ou prisão cautelar em 
estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou 
condenados. 
 
 O art. 7º, § 3º também foi alterado: 
 
 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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APOSTILA 09 | RETA FINAL - DPE/CE 
COMO ERA COMO FICOU 
Art. 7º 
 
§ 3º O acordo de colaboração premiada deixa de ser 
sigiloso assim que recebida a denúncia, observado o 
disposto no art. 5º. 
Art. 7º 
 
§ 3º O acordo de colaboração premiada e os 
depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo 
até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime, 
sendo vedado ao magistrado decidir por sua 
publicidade em qualquer hipótese. (NR) 
 
 Foram acrescentados, com a presente Lei nº 13.964/2019, o art. 10-A, 10-B, 10-C e 10-D: 
 
COMO ERA COMO FICOU 
Não existia antes do Pacote 
Anticrime 
Art. 10-A Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, 
obedecidos os requisitos do caput do art. 10, na internet, com o fim de 
investigar os crimes previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados por 
organizações criminosas, desde que demonstrada sua necessidade e 
indicados o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das 
pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou 
cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas. 
 
§ 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-se: 
 
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, início, término, 
duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utilizado e terminal de 
origem da conexão; 
 
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e endereço de 
assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a conexão a quem 
endereço de IP, identificação de usuário ou código de acesso tenha sido 
atribuído no momento da conexão. 
 
§ 2º Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz 
competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. 
 
§ 3º Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que 
trata o art. 1º desta Lei e se as provas não puderem ser produzidas por 
outros meios disponíveis (o caráter subsidiário desse meio de obtenção 
de prova é, portanto, expresso). 
 
§ 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem 
prejuízo de eventuais renovações, mediante ordem judicial 
fundamentada e desde que o total não exceda a 720 (setecentos e vinte) 
dias e seja comprovada sua necessidade. 
 
§ 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o relatório 
circunstanciado, juntamente com todos os atos eletrônicos praticados 
durante a operação, deverão ser registrados, gravados, armazenados e 
apresentados ao juiz competente, que imediatamente cientificará o 
Ministério Público. 
 
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá 
determinar aos seus agentes, e o Ministério Públicoe o juiz competente 
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poderão requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de 
infiltração. 
 
§ 7º É nula a prova obtida sem a observância do disposto neste artigo. 
Não existia antes do Pacote 
Anticrime 
Art. 10-B As informações da operação de infiltração serão encaminhadas 
diretamente ao juiz responsável pela autorização da medida, que zelará 
por seu sigilo. Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso 
aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de 
polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o sigilo das 
investigações. 
Não existia antes do Pacote 
Anticrime 
Art. 10-C Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, 
por meio da internet, colher indícios de autoria e materialidade dos crimes 
previstos no art. 1º desta Lei. Parágrafo único. O agente policial infiltrado 
que deixar de observar a estrita finalidade da investigação responderá 
pelos excessos praticados.” 
Não existia antes do Pacote 
Anticrime 
Art. 10-D Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados 
durante a operação deverão ser registrados, gravados, armazenados e 
encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório 
circunstanciado. Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados 
no caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e apensados ao 
processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a 
preservação da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade dos 
envolvidos. 
 
 Por fim, o art. 11 que trata sobre a infiltração de agentes ganhou um parágrafo único com a Lei nº 
13.964/2019: 
 
COMO ERA COMO FICOU 
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a 
representação do delegado de polícia para a infiltração 
de agentes conterão a demonstração da necessidade 
da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, 
quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas 
investigadas e o local da infiltração. 
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a 
representação do delegado de polícia para a infiltração 
de agentes conterão a demonstração da necessidade da 
medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando 
possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas 
e o local da infiltração. 
 
Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro público 
poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante 
procedimento sigiloso e requisição da autoridade 
judicial, as informações necessárias à efetividade da 
identidade fictícia criada, nos casos de infiltração de 
agentes na internet. 
 
Por fim, não podemos deixar de reforçar a diferença entre delação premiada (chamada de corréu) e 
colaboração premiada: 
 
DELAÇÃO PREMIADA OU 
CHAMADA DE CORRÉU 
COLABORAÇÃO 
PREMIADA 
Uma das formas de colaboração premiada. Se o réu 
assume a culpa sem confessar o crime, delatando 
outras pessoas, aqui há a delação premiada, ou 
chamamento de corréu. 
O agente pode colaborar, informando por exemplo 
aonde estão os produtos do crime, mas sem delatar 
ninguém. Neste caso ele será colaborador, mesmo sem 
delatar ninguém. 
 
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Portanto, colaboração premiada é um gênero, cuja 
delação premiada (ou chamada de corréu) é uma 
espécie de colaboração. 
 
O STF entendeu que cabe habeas corpus contra a decisão que não homologa ou que homologa apenas 
parcialmente o acordo de colaboração premiada. STF. 2ª Turma. HC 192063/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado 
em 2/2/2021 (Info 1004). 
 
Contudo, é bom lembrar que a 6ª Turma do STJ possui julgado afirmando que a apelação criminal é o 
recurso adequado para impugnar a decisão que recusa a homologação do acordo de colaboração premiada, mas 
ante a existência de dúvida objetiva é cabível a aplicação do princípio da fungibilidade (REsp 1834215-RS, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/10/2020. Info 683). 
 
O STF tem julgado recente no sentido de que a homologação de acordo de colaboração, em regra, terá que 
se dar perante o juízo competente para autorizar as medidas de produção de prova e para processar e julgar os 
fatos delituosos cometidos pelo colaborador. Por outro lado, caso a proposta de acordo aconteça entre a sentença 
e o julgamento pelo órgão recursal, a homologação ocorrerá no julgamento pelo Tribunal e constará do acórdão. 
STF. 2a Turma. HC 192063/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2021 (Info 1004).7 
 
Para fins de aprofundamento, é interessante trazer as ideias do professor Vladimir Aras, em que classifica 
quatro subespécies de colaboração premiada.8 
 
SUBESPÉCIES DE COLABORAÇÃO PREMIADA 
DELAÇÃO PREMIADA (TAMBÉM 
DENOMINADA DE CHAMAMENTO 
DE CORRÉU) 
Além de confessar seu envolvimento na prática delituosa, o colaborador 
expõe as outras pessoas implicadas na infração penal, razão pela qual é 
denominado de agente revelador; 
COLABORAÇÃO PARA LIBERTAÇÃO 
O colaborador indica o lugar onde está mantida a vítima sequestrada, 
facilitando sua libertação; 
COLABORAÇÃO PARA 
LOCALIZAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE 
ATIVOS 
O colaborador fornece dados para a localização do produto ou proveito 
do delito e de bens eventualmente submetidos a esquemas de lavagem 
de capital; 
COLABORAÇÃO 
PREVENTIVA 
O colaborador presta informações relevantes aos órgãos estatais 
responsáveis pela persecução penal de modo a evitar um crime, ou 
impedir a continuidade ou permanência de uma conduta ilícita. 
 
Por fim, é preciso refletir sobre os tipos de justiça na atualidade, sobretudo a “justiça conflitiva” e “justiça 
consensuada”. 
 
JUSTIÇA CONFLITIVA JUSTIÇA “CONSENSUADA” 
Há um evidente conflito entre órgão acusador e 
defensor. Há observância do devido processo legal, e 
ao final o réu poderá ser ou não condenado. 
Trabalha com a ideia de soluções, mas sem conflitos. 
 
Há várias espécies, mas a mais conhecida nos últimos 
tempos é a justiça negociada. 
 
Vamos aprofundar em algumas modalidades da justiça consensuada/consensual NEGOCIADA: 
 
 
 
 
7 Disponível em: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2021/02/info-1004-stf.pdf. Acesso em: 15/06/2021. 
8 ARAS, Vladmir. Lavagem de dinheiro: prevenção e controle penal. Organizadora: Carla Veríssimo de Carli. Porto Alegre: Editora Verbo 
Jurídico, 2011. P. 428. 
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2021/02/info-1004-stf.pdf
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JUSTIÇA PENAL NEGOCIADA 
TRANSAÇÃO PENAL 
Prevista no art. 76 da Lei nº 9.099/95. 
 
Incide nos crimes de menor potencial ofensivo (pena máxima de 02 anos, ou 
qualquer contravenção penal). 
 
O MP, antes de processar o agente, propõe a aplicação de medidas 
despenalizadoras. Se o agente aceitar e cumprir, não haverá denúncia ou 
queixa-crime. 
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO 
PROCESSO 
Também é prevista na Lei dos Juizados (9.099/95). 
 
Cuidado, pois o art. 89 exige que a pena MÍNIMA seja não superior a 1 ano. 
Cuidado!!!! 
 
Aqui já existe o processo. O MP oferece a denúncia e propõe que o acusado 
cumpra algumas condições. Se aceitas, o processo fica suspenso (período de 
prova), e finalizado esse período não pode mais o MP oferecer denúncia pelo 
fato, extinguindo a punibilidade. 
COLABORAÇÃO PREMIADA 
O caso mais clássico de colaboração premiada é o previsto na Lei de 
Organização Criminosa (Lei nº 12.850/2013). 
 
Se o agente confessar ou reconhecer a culpa, poderá haver negociação do seu 
regime de pena, redução na pena, ou até mesmo o arquivamento da 
investigação. 
 
MP e Delegados podem celebrar colaboração. Há várias espécies de 
colaboração, sendo a delação premiada uma das espécies de colaboração. 
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO 
PENAL 
Até então não tinha previsão legal, apenas na Resolução 181/17 do CNMP (art. 
18). Com o pacote anticrime, agora possui previsão legal (art. 28-A do CPP).Atenção ao Enunciado 32 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal 
CJF/STJ: “A proposta de acordo de não persecução penal representa um 
poder-dever do Ministério Público, com exclusividade, desde que cumpridos 
os requisitos do art. 28-A do CPP, cuja recusa deve ser fundamentada, para 
propiciar o controle previsto no §14 do mesmo artigo”. 
PLEA BARGAIN 
Não tem nada positivado no país sobre o tema, mas havia previsão no projeto 
de Lei conhecido como “Pacote Anticrime”, tendo sido rejeitado pelo 
Legislativo. 
 
Nessa espécie de justiça negociada, poderia, em qualquer crime (até mesmo 
homicídio, roubo com resultado morte, etc.), ser negociado entrem as partes 
(MP e Defesa) a pena e o regime prisional do agente. Em troca, as partes 
desistiriam da produção de outras provas. É um modelo que vem sendo 
aplicado com grande ênfase nos EUA. 
 
Certamente, um instituto que viola o devido processo legal e tantos outros 
princípios constitucionais do processo. Isso porque o órgão acusador conta 
com todo o aparato estatal para embasar a denúncia e posterior acusação; há 
um desequilíbrio de poderes entre Estado – acusador e o acusado, de maneira 
que há uma forte tendência de que este aceite os termos propostos pelo MP. 
 
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A situação agrava-se ainda mais se pensarmos que, muitas vezes, pessoas 
injustamente acusadas acabam por aceitar o plea bargain por receio de 
sofrerem no processo judicial uma condenação mais gravosa do que a sanção 
decorrente do acordo (basta lembrar as centenas de condenações criminais 
indevidas que assolam o país; para evitar esse risco, o acusado poderia acabar 
optando pelo “mal menor” da plea bargain). 
 
SE LIGA: eventualmente em provas vocês se depararão com o termo “justiça restaurativa”. 
 
Em síntese, é um novo tipo de “justiça” aplicável, inclusive, na seara penal. O objetivo é, primordialmente, trazer 
a solução do caso para o seio da comunidade em que ocorreram os fatos. Com isso, a comunidade que sofreu 
com a ocorrência criminosa tem a chance de, efetivamente, sentir-se tutelada, eis que seus membros participam 
ativamente de reuniões, debates e outros eventos. Nesse procedimento, há a valorização do papel da vítima 
(que deixa de ser mero “objeto” como é no processo penal tradicional), bem como a reaproximação do autor do 
fato à comunidade, promovendo sua inclusão social. 
 
Peço que leiam o artigo “Implantação da Justiça Restaurativa no Brasil exige reflexão pragmática”9 para uma 
melhor contextualização e aprofundamento do tema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-ago-22/larissa-pinho-implantacao-justica-restaurativa-exige-reflexao. Acesso em: 15/06/2021. 
https://www.conjur.com.br/2019-ago-22/larissa-pinho-implantacao-justica-restaurativa-exige-reflexao
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LEI DE CRIMES HEDIONDOS (LEI Nº 8.072/1990) 
 
Sem chances de errar, uma das leis esparsas mais importantes para provas de Defensoria na disciplina de 
Direito Penal, tendo em vista que há diversas informações “soltas” e bem “a cara de prova”. Ademais, o 
denominado “Pacote Anticrime”, isto é, a Lei nº 13.964/2019, trouxe substanciais alterações na referida Lei dos 
Crimes Hediondos (Lei nº 9.072/1990). 
 
Vamos começar? 
 
LEI E ORDEM E CRIMES HEDIONDOS NO BRASIL 
A Lei dos Crimes hediondos foi influenciada pelo Movimento Lei e Ordem, que ocorria nos Estados Unidos a 
partir dos anos 80. Acreditava-se, ingenuamente, que a edição de leis mais duras e com penas altas fosse capaz 
de resolver problemas sociais. Assim, influenciado por esse movimento, foi publicada em 1990, no Brasil, a Lei 
dos Crimes Hediondos. 
 
PREVISÃO CONSTITUCIONAL 
A Constituição de 1988 dispõe, em seu art. 5º, XLIII, que “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de 
graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos 
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores, e os que, podendo evitá-los, se 
omitirem”. 
 
INAFIANÇÁVEIS 
INSUSCETÍVEIS DE GRAÇA OU 
ANISTIA 
IMPRESCRITÍVEL 
Tortura 
Tráfico de Drogas 
Terrorismo 
Hediondos 
 
É o famoso TTTH. 
Tortura 
Tráfico de Drogas 
Terrorismo 
Hediondos 
 
O mesmo TTTH. 
Racismo e a Ação de grupos 
armados, civis ou militares, contra a 
ordem constitucional e o Estado 
Democrático. 
 
Macete: Racismo e Ação de grupos 
armados. É o famoso RA. 
 
Esses dois crimes também são 
inafiançáveis. 
 
CUIDADO: Com o recente julgado 
do STF, atos de discriminação 
contra LGBT estão equiparados ao 
crime de racismo, portanto 
imprescritível e inafiançável. 
 
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES HEDIONDOS 
 
Há basicamente três formas (sistemas) de classificar um crime como sendo hediondo: a) sistema legal; b) 
sistema judicial; e c) sistema misto. 
 
 Vamos entender cada uma: 
 
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SISTEMA LEGAL 
É o legislador quem decide se um crime é ou não hediondo. É o sistema adotado pelo 
Brasil. O ponto negativo é que o legislador goza de ampla liberdade para dizer quais 
crimes são graves. 
SISTEMA JUDICIAL 
É o magistrado, no caso concreto, quem diz se o crime é ou não hediondo. Assim, o 
Juiz tem ampla liberdade de dizer o que é ou não hediondo. Ponto negativo é, sem 
dúvidas, a insegurança jurídica. 
SISTEMA MISTO 
O legislador não pré-estabelece o rol taxativo, como no sistema legal. Para o sistema 
misto, o legislador estabelecia apenas alguns traços peculiares da infração hedionda, 
e o magistrado, diante do caso concreto, moldaria o fato praticado à natureza 
hedionda. 
 
Isso também traria insegurança jurídica. 
 
SE LIGA: vocês já ouviram falar em “cláusula salvatória”? Pois bem; amig@s, a cláusula salvatória é a possibilidade 
de o juiz, mediante análise dos elementos do caso concreto, afastar a hediondez do crime que está sendo julgado. 
No Brasil NÃO HÁ a possibilidade de sua incidência, pois como adotamos o sistema LEGAL para definição de crimes 
hediondos, não se permite que a discricionariedade do juiz afaste a hediondez do delito (postura de deferência à 
opção do legislador, em homenagem à tripartição das funções de Poder). 
 
NATUREZA NÃO HEDIONDA DOS CRIMES MILITARES 
Renato Brasileiro (2019) indica que a Lei dos Crimes Hediondos não teve o cuidado de conferir natureza hediondo 
aos crimes militares. Logo, os crimes militares de homicídio qualificado e latrocínio (roubo qualificado pela 
morte), NÃO SÃO CONSIDERANDO HEDIONDOS. Cuidado com isso em provas! 
 
Agora vamos lá. 
 
Desde à época em que eu usava internet discada pelo discador da IG (há muiiiitos anos mesmo), que eu 
escuto alguém dizer: nossa, esse crime é hediondo, portanto ele é gravíssimo. Ou seja, mesmo quem não é da área 
do direito tem plena consciência de que crime hediondo é aquele que é repugnante, grave. De fato, é realmente é 
isso. 
 
A Constituição aduz que a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática 
da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, 
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
 
Perceba, ainda, que a Constituição não diz quais são os crimes, e também não diz que serão insuscetíveis 
de indulto, apenas de graça (indulto individual), anistia e insuscetível de fiança. 
 
Mas beleza, mais à frente a gente discute isso. Mas você está enrolando e ainda não disse quais são os 
crimes hediondos, professor. 
 
Veja abaixo os crimes hediondos segundo a Lei nº 8.072/1990 com a alterações trazidas pelo Pacote 
Anticrime. 
 
 
COMO ERA COMO FICOU 
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes 
crimes, todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848,de 7 
de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou 
tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) 
(Vide Lei nº 7.210, de 1984) 
Sem alterações 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8930.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7210.htm#art9a
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I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade 
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por 
um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, 
incisos I, II, III, IV, V, VI e VII) 
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade 
típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por 
um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, 
incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); 
II - latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); II – roubo: 
 
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima 
(art. 157, § 2º, inciso V); 
 
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 
157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo 
de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); 
 
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou 
morte (art. 157, § 3º); 
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 
2o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994) 
III – extorsão qualificada pela restrição da liberdade da 
vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, 
§ 3º); 
Sem correspondência 
IX – furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de 
artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 
4º-A). 
 
CAIU NA DPE/RJ – 2021 – FGV: Sobre as alterações trazidas pela Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), é correto 
afirmar que10: 
A) seguindo o anseio legislativo de maior recrudescimento penal, o limite de cumprimento das penas privativas de 
liberdade poderá alcançar o patamar de quarenta anos, independentemente do momento da prática do delito; 
B) ainda que surtam efeitos na execução da pena e, portanto, no sistema carcerário, o crime de roubo 
circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (Art. 157, §2º-A, I, do Código Penal) passou a ser considerado 
hediondo; 
C) o juiz não poderá receber a denúncia apenas com fundamento nas informações das declarações do réu que 
realizou a colaboração premiada, mas poderá decretar medidas cautelares reais; 
D) a exclusão dos perfis genéticos dos bancos de dados ocorrerá após dez anos do término do cumprimento da 
pena dos crimes graves contra a pessoa; 
E) o cumprimento e/ou rescisão do acordo de não persecução penal é/são causa(s) interruptiva(s) da prescrição. 
 
CAIU NA DPE/GO – 2021 – FCC: O crime de homicídio qualificado deixa de ser classificado como hediondo, se 
praticado na forma tentada.11 
 
CAIU NA DPE/MS – 2021 – VUNESP: São crime hediondos12: 
A epidemia com resultado morte – concussão – extorsão qualificada pela morte – estupro de vulnerável. 
B homicídio qualificado – estupro de vulnerável – extorsão qualificada pela morte – falsificação, corrupção, 
adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. 
C latrocínio – tráfico de pessoa – homicídio qualificado – falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de 
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. 
D extorsão qualificada pela morte – estupro de vulnerável – lenocínio – tráfico de pessoa. 
 
 
 
 
 
10 Gab: B. 
11 Gab: E. Tentados ou consumados (art. 1º, caput) 
12 Gab: B. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8930.htm#art1
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Não deixe de ler, na íntegra, a Lei dos Crimes Hediondos, pois é pequena e vale muito à pena o custo-
benefício. Gente, muito cuidado também com parágrafo único do art. 1º, que sofreu alteração com o “Pacote 
Anticrime”. 
 
COMO ERA ANTES DO PACOTE COMO FICOU DEPOIS DO PACOTE ANTICRIME 
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos o 
crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei 
nº 2.889, de 1º de outubro de 1956, e o de posse ou 
porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, previsto 
no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 
2003, todos tentados ou consumados. (Redação dada 
pela Lei nº 13.497, de 2017) 
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, 
tentados ou consumados: 
 
I – o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º 
da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; 
 
II – o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de 
uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 
22 de dezembro de 2003; 
 
III – o crime de comércio ilegal de armas de fogo, 
previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro 
de 2003; 
 
IV – o crime de tráfico internacional de arma de fogo, 
acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 
10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
 
V – o crime de organização criminosa, quando 
direcionado à prática de crime hediondo ou 
equiparado.”(NR) 
 
ATENÇÃO: Fica revogado o § 2º do art. 2º, o qual previa que a progressão de regime, no caso dos condenados aos 
crimes hediondos, dar-se-ia após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 
3/5 (três quintos), se reincidente. Deve-se observar, agora, o art. 112 da Lei de Execução Penal, nos seguintes 
termos: 
 
SITUAÇÕES 
% DE TEMPO DE PENA 
MÍNIMA CUMPRIDA PARA 
PROGREDIR 
Primário se o crime tiver sido cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça: 16% da pena 
Reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou grave ameaça: 20% da pena 
Primário se o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça: 25% da pena 
Reincidente em crime cometido com violência à pessoa ou grave ameaça: 30% da pena 
Condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado: 
40% - Se primário 
60% - Reincidente em 
crimes 
hediondos/equiparados 
70% Reincidente em crimes 
hediondos/equiparados 
com resultado MORTE 
(neste caso, é vedado o 
livramento condicional) 
Se o apenado for: a) condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, 
com resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; b) 
condenado por exercer o comando, individual ou coletivo, de organização 
50% da pena 
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criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou equiparado; ou c) 
condenado pela prática do crime de constituição de milícia privada; 
 
Vimos que a Lei Anticrime revogou as antigas frações referentes à progressão de regime para crimes 
hediondos, passando a aplicar agora o art. 112 da LEP (todas em porcentagens). Vale lembrar que o inciso VII do 
art. 112 estabelece que só progredirá após 60% da pena se "for reincidente na prática de crime hediondo ou 
equiparado". No entanto, aqui residia a seguinte dúvida: essa reincidência é em qualquer crime, ou 
necessariamente específica? 
 
Bem, a 5ª Turma do STJ tinha precedentes indicando que não importava se a reincidência era específica ou 
não, isto é, se o condenado por crime hediondo não fosse primário, a progressão se daria somente após 60% da 
pena cumprida no regime inicial, nos termos da nova redação dada ao art. 112, inciso VII. 
 
Ocorre que, por outro lado, a 6ª Turma entende que se a reincidência não fosse específica em crime 
hediondo, havia uma lacuna legislativa, fazendo com que o magistrado, diante do caso concreto, realize uma 
analogia in bonam partem. Desta forma, tendo em vista a lacuna legislativa, aplica-se o inciso VI-a do artigo 112, 
segundo o qual haverá a progressão após 50% do cumprimento a "condenado pela prática de crime hediondo ou 
equiparado, com resultado morte, se for primário". Solucionando a divergência, a 5ª Turma, nos HC 616.267 e 
613.268 agora passa a seguir o posicionamento da 6ª Turma.13 Em resumo, a reincidência para progressão de pena 
em crime hediondo é específica. 
 
CAIU NA DPE-MS-VUNESP-2008:É crime hediondo nos termos do art. 1º, da Lei nº 8.072/9014: 
A) tráfico ilícito de entorpecentes. 
B) epidemia com resultado morte. 
C) terrorismo. 
D) tortura. 
 
Gente, perceba que o art. 1º da Lei dos Crimes Hediondos afirma que são considerados hediondos os 
seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados 
ou tentados (...). Ou seja, não importa se o crime foi tentado o consumado, será hediondo do mesmo jeito. 
 
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: À luz do que dispõe o direito brasileiro sobre os crimes hediondos, é correto afirmar 
que somente recebem essa classificação os crimes consumados em razão do princípio da reserva legal.15 
 
Ainda há o parágrafo único do art. 1º, que traz outros crimes como sendo hediondos, cuja nova redação 
fora dada pela Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime). 
 
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados: 
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; 
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de 
dezembro de 2003; 
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, 
de 22 de dezembro de 2003; 
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. 
 
 
 
 
13 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-dez-11/reincidencia-progressao-crime-hediondo-especifica-stj. Acesso em: 15/06/2021. 
14 GABARITO: B. Cuidado, os demais são equiparados. HEDIONDO É UMA COISA E EQUIPARADO É OUTRA. 
15 GABARITO: E. Como vimos, tentados e consumados. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L2889.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art16
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art16
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art17
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art18
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.826.htm#art18
https://www.conjur.com.br/2020-dez-11/reincidencia-progressao-crime-hediondo-especifica-stj
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APOSTILA 09 | RETA FINAL - DPE/CE 
ALTERAÇÕES NA LEI DOS CRIMES HEDIONDOS COM O PACOTE ANTICRIME 
ANTES DEPOIS 
Art. 1º, parágrafo único 
 
Consideram-se também hediondos o crime de 
genocídio previsto nos arts. 1º, 2 º e 3 º da Lei nº 2.889, 
de 1º de outubro de 1956, e o de posse ou porte ilegal 
de arma de fogo de uso restrito, previsto no art. 16 da 
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, todos 
tentados ou consumados. (Redação dada pela Lei nº 
13.497, de 2017). 
Art. 1º, parágrafo único, inciso II 
 
Consideram-se também hediondos, tentados ou 
consumados. 
 
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de 
uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 
de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019). 
ATENÇÃO: Como vimos, agora é equivocado inserir as armas de uso restrito dentre os crimes hediondos. Isso 
porque o inciso II do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 8.079/90 visto acima, trata tão somente das armas de 
fogo de uso proibido (que é diferente de restrito). Pensar diferente resultaria numa interpretação in malam 
partem, não admitida no direito penal. 
 
Agora vamos para um detalhe importante que eu havia dito acima: 
 
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo 
são insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto; 
II - fiança. 
 
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “À luz do que dispõe o direito brasileiro sobre os crimes hediondos, existe vedação 
legal expressa à concessão dos institutos da graça e do indulto”.16 
 
No entanto, como dissemos, a Constituição não traz os crimes hediondos como insuscetíveis de indulto, 
lembra disso? 
 
Pois é, mas como vimos acima, a Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) traz. 
 
E agora? 
 
Em uma perspectiva crítica, sobretudo para fases subjetivas e orais, devemos defender a 
inconstitucionalidade desse artigo, tendo em vista que se a Constituição não prevê, imagine um ato normativo 
infraconstitucional. 
 
Outros afirmam que não há inconstitucionalidade, já que quando a Constituição coloca “insuscetível de 
graça”, o indulto se encaixaria no conceito. 
 
Não devemos concordar, considerando que a interpretação, em direito penal, não pode nunca ser in 
malam partem. 
 
Mas vamos prosseguir. 
 
O art.2º, § 1º da referida lei também informava que a pena deveria ser cumprida integralmente em regime 
fechado. 
 
O STF, então, declarou que era inconstitucional por violar a individualização da pena. 
 
 
16 CORRETO. A fundamentação está no art. 2º da Lei dos Crimes Hediondos. 
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O Congresso foi e alterou a expressão “integralmente” para “inicialmente”. Ou seja, o condenado não 
cumprirá TODO em regime fechado, mas o início sim. 
 
O STF, então, declarou novamente inconstitucional, por subverter, mais uma vez, a individualização da 
pena. 
 
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: À luz do que dispõe o direito brasileiro sobre os crimes hediondos, é obrigatória a 
fixação de regime inicial fechado para o cumprimento da pena.17 
 
Mas vocês também precisam saber um ponto importante sobre a progressão. 
 
A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos nesta lei, se dava após o 
cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado fosse primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. 
Lembre-se, ainda, que após a Lei nº 13.964/2019 deve-se observar a tabela do art. 112 da Lei de Execução Penal 
(vista acima). 
 
Além disso, cuidado, pois os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da 
vigência da Lei nº 11.464/2007 (que alterou a fração, que antes era 1/6) sujeitam-se ao disposto no artigo 112 da 
Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal), que à época previa o quantum de 1/6. 
 
Em outras palavras, é esse o entendimento consubstanciado no Enunciado de Súmula 471 do STJ: 
 
Enunciado 471-STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da Lei nº 
11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no artigo 112 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) para a progressão 
de regime prisional. 
 
Assim, para os crimes hediondos ou equiparados praticados antes da Lei nº 11.464/2007, exige-se o 
cumprimento de um 1/6 da pena para a progressão de regime. Isso porque a Lei nº 11.464/2007, ao alterar a 
redação do art. 2º da Lei nº 8.072/90, passou a exigir o cumprimento de 2/5 da pena, para condenado primário, e 
3/5, para reincidente. 
 
CAIU NA DP-DF-2013-CESPE: “Com relação aos crimes hediondos e ao tráfico ilícito de entorpecentes, julgue os 
próximos itens”: 
Conforme a mais recente jurisprudência do STF, os condenados por crimes hediondos praticados antes da entrada 
em vigor da Lei nº 11.464/2007 podem pleitear a progressão de regime após o cumprimento de apenas um sexto 
da pena aplicada.18 
 
A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei nº 7.960/1989, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável 
por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. 
 
Recentemente, a Terceira Seção entendeu que é reconhecida a retroatividade do patamar estabelecido no 
art. 112, V, da Lei n. 13.964/2019, àqueles apenados que, embora tenham cometido crime hediondo ou equiparado 
sem resultado morte, não sejam reincidentes em delito de natureza semelhante. REsp 1.910.240-MG, Rel. Min. 
Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, julgado em 26/05/2021, DJe 31/05/2021. (Tema 1084) 
 
A Lei n. 13.964/2019, intitulada Pacote Anticrime, promoveu profundas alterações no marco normativo 
referente aos lapsos exigidos para o alcance da progressãoa regime menos gravoso, tendo sido expressamente 
revogadas as disposições do art. 2º, § 2º, da Lei n. 8.072/1990 e estabelecidos patamares calcados não apenas na 
natureza do delito, mas também no caráter da reincidência, seja ela genérica ou específica. 
 
17 ERRADO. Vimos que o STF declarou que é inconstitucional. 
18 CERTO. 
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Evidenciada a ausência de previsão dos parâmetros relativos aos apenados condenados por crime 
hediondo ou equiparado, mas reincidentes genéricos, impõe-se ao Juízo da execução penal a integração da norma 
sob análise, de modo que, dado o óbice à analogia in malam partem, é imperiosa a aplicação aos reincidentes 
genéricos dos lapsos de progressão referentes aos sentenciados primários. Ainda que provavelmente não tenha 
sido essa a intenção do legislador, é irrefutável que de lege lata, a incidência retroativa do art. 112, V, da Lei n. 
7.210/1984, quanto à hipótese da lacuna legal relativa aos apenados condenados por crime hediondo ou 
equiparado e reincidentes genéricos, instituiu conjuntura mais favorável que o anterior lapso de 3/5, a permitir, 
então, a retroatividade da lei penal mais benigna. 
 
Dadas essas ponderações, a hipótese em análise trata da incidência de lei penal mais benéfica ao apenado, 
condenado por estupro, porém reincidente genérico, de forma que é mister o reconhecimento de sua 
retroatividade, dado que o percentual por ela estabelecido - qual seja, de cumprimento de 40% das reprimendas 
impostas -, é inferior à fração de 3/5, anteriormente exigida para a progressão de condenados por crimes 
hediondos, fossem reincidentes genéricos ou específicos. 
 
Desse modo, o STJ fixou a seguinte tese: É reconhecida a retroatividade do patamar estabelecido no art. 
112, V, da Lei n. 13.964/2019, àqueles apenados que, embora tenham cometido crime hediondo ou equiparado sem 
resultado morte, não sejam reincidentes em delito de natureza semelhante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. CRIMES DE PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR - LEI Nº 7.716/89 
 
Agora vamos falar sobre crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor previstos na Lei nº 7.716/89. 
O ponto a ser tratado é de suma importância tendo em vista a discriminação que ainda existe em nosso país, 
mormente contra a população negra (não obstante a lei em comento incidir em qualquer situação de preconceito, 
dentro de seus limites). 
 
No entanto, antes de entrar na própria lei, vamos falar um pouco, em uma visão crítica, sobre o tema “raça, 
gênero e Defensoria Pública.” 
 
A Defensora Pública Rita Cristina de Oliveira, em recente palestra sobre o tema “Raça, gênero e Defensoria 
Pública”, deixa claro que o nosso modelo de acesso à justiça ainda atua dentro de uma racionalidade a reboque 
das violações mais profundas e violentas, dentro do limite do assistencialismo, mas sem um desempenho 
emancipatório num sentido mais amplo de acesso à justiça. Há alguns problemas principais que retiram a potência 
do papel da defensoria pública, em sua configuração atual. Primeiro, como a Defensoria Pública se configura como 
um projeto liberal de assistência jurídica no regime democrático? 
 
A partir de uma digressão histórica, em relação aos debates constitucionais em torno do modelo de 
configuração de assistência jurídica, percebe-se a adoção do modelo público, com profissionais pagos pelo Estado, 
que compõem essa Instituição. Entretanto, nesse formato, a Defensoria Pública acaba se apresentando como um 
projeto democrático, mas, liberal, com a assimilação de valores liberais, numa perspectiva de universalização dos 
valores e das respectivas subjetividades idealizadas em torno de um projeto de humanidade. 
 
E, nesse sentido, o modelo de assistência jurídica acaba por refletir o projeto liberal-econômico, que exige 
estratégias de domesticação das desigualdades, a fim de metabolizar os conflitos sociais que são naturais desse 
modelo econômico. 
 
Utiliza-se como marco teórico a obra de Marcos Queiroz: “Constitucionalismo brasileiro e o Atlântico 
negro”, onde ele narra a experiência da Constituinte de 1823, diante das repercussões da Revolução Haitiana. O 
autor identifica, nesse processo, que o constitucionalismo que forja o projeto de nação brasileira é assombrado 
pelo temor da onda negra, que tem suas origens na percepção dos efeitos gerados pela Revolução Haitiana. Queiroz 
traz esse contexto para o momento presente, quando essa onda de terror racial foi sendo dinamizada nas 
estruturas coloniais que, até hoje, formatam o modelo democrático brasileiro e acabam por conviver com alguns 
avanços no modelo formal de diversos direitos, garantias e liberdades, sob a inspiração da Revolução Francesa, 
mas caracterizada num universalismo de subjetividade jurídica embranquecida. 
 
Esse tem sido o mote de constrição e expansão do modelo de defensoria pública no Brasil, a agenda de 
interesses corporativos sobrepostos à movimentação de disputa popular, em um processo colonial e colonizado, 
de apropriação das aspirações dessas disputas que se travam no ambiente dos movimentos sociais. 
 
Então, justamente aqui, devemos colocar a questão de raça como uma questão de emergência de 
centralidade no processo de disputa de apropriação popular da institucionalidade da DP. Isso, porque, a raça é o 
fator preponderante de opressão, por ser a questão de fundação da nossa cidadania (ou subcidadania) brasileira. 
 
Por outro lado, não se pode deixar de ver que a interseccionalidade dos fatores de opressão, no caso, raça 
e gênero, conforme Patricia Hill Collins, trazem para a nossa gente mais emergente a possibilidade de alianças mais 
flexíveis e, de certa forma, nos permitam estratégias para alguns avanços para essa disputa. 
 
 A institucionalidade da Defensoria Pública tem sido formada, cada vez mais, pela presença feminina. De 
acordo com levantamento realizado pela ONG Criola, em 2019, nas defensorias públicas estaduais, identificou que 
elas têm se notabilizado como instituições cada vez mais femininas. Entretanto, são mulheres, majoritariamente, 
brancas e que não se encontram em espaço de gestão institucional. 
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Essa pesquisa acaba por diagnosticar que essas mulheres que compõem a instituição, não estando em um 
espaço de gestão, tem um significado de impermeabilidade das decisões administrativas para as pautas de gênero 
e tudo que isso significa em termos de um olhar mais ampliado para outros fatores de opressão. 
 
Essa autoanálise proposta é importante para que possamos perceber que a Defensoria Pública, ao colocar 
essas questões de forma colateral nos espaços institucionais, acaba por se tornar devedora da centralidade dessas 
questões raciais, nos debates das desigualdades sociais, e que, em momentos de crise, como o que vivemos agora 
(COVID-19 e diversos protestos mundiais contra o racismo), essa dívida acaba se apresentando de uma forma muito 
evidente e cruel. Atualmente, precisamos encontrar um ponto de fissura emergencial, para que haja um processo 
emancipatório desse modelo de acesso à justiça. Esse processo emancipatório só acontecerá mediante alianças 
éticas, porque o modelo institucional que está dado e que precisa ser subvertido é um modelo que ainda é 
hegemonicamente liberal, racializado pela branquitude e que ainda se encontra assentado dentro de uma lógica 
de assistencialismo. 
 
Isso, inegavelmente, se por um lado tem gerado certo incômodo no enfrentamento das desigualdades 
sociais, historicamente, gera commodities e privilégios a um sistema de castas, que caracteriza o modelo da 
burocracia administrativa brasileira. A Defensoria Pública acaba despontando (como defendido pela Defensora Rita 
Cristina de Oliveira no artigo “a defensoriapública no espelho dos conflitos raciais”, publicado na Carta Capital19) 
em um modelo de concessão de risco controlado pelas elites. Isso, porque, justamente, na análise dos debates 
constitucionais, a DP acaba se apresentando como um modelo das elites hegemônicas que concede um espaço 
constrito no enfrentamento das desigualdades sociais, mas que, de certo modo, dinamiza o modelo burocrático, 
tornando-o impermeável às disputas populares que são importantes para um enfrentamento mais efetivo dessas 
desigualdades sociais. 
 
CAIU NA DPE/GO – 2021 – FCC: Considere a notícia veiculada na imprensa reproduzida abaixo. 
 
LB, suspeito de matar uma família em Ceilândia, no DF, foi morto em troca de tiros com policiais nesta segunda-
feira (28). Ele foi preso ferido, mas com vida, e morreu chegando a hospital de Águas Lindas de Goiás, no Entorno 
do DF. O criminoso estava há 20 dias fugindo de uma força-tarefa com mais de 270 agentes. Aos 32 anos, ele tinha 
uma extensa ficha criminal, fugiu três vezes da prisão e era acusado de diversos crimes. O procurado foi atingido 
por vários tiros. Após ser baleado, ele foi levado por uma viatura do Corpo de Bombeiros para o Hospital Municipal 
Bom Jesus, mas morreu. Por volta de 11h10 min. uma viatura do Instituto Médico Legal (IML) chegou aos fundos da 
unidade de saúde e levou o corpo dele para ser periciado em Goiânia. O secretário de Segurança Pública de Goiás 
comemorou o fim da operação: “Missão cumprida. Restabelecemos a paz e tranquilidade nessa comunidade de 
bem”. (Disponível em: www.g1.globo.com, acessado em: 31/05/2021) 
 
Diante da leitura, verifica-se que os meios de comunicação de massa 
 
A) contribuem no processo de criminalização impedindo a formação de empresários morais, além de impulsionar 
o movimento de lei e ordem. 
B) são instâncias de controle social formal das sociedades democráticas que auxiliam a população na prevenção da 
criminalidade ao noticiar as áreas de sua maior incidência. 
C) têm papel nos processos de criminalização primária e secundária ao reproduzir discursos de emergência e 
contribuir na formação do estereótipo do criminoso. 
D) substituem a atividade policial na apuração de determinados crimes, pois é recorrente a falta de investigação 
de crimes de homicídio no Brasil. 
E) exerceram um papel fundamental na denúncia de crimes dos poderosos e no fim da seletividade penal em 
grandes operações nos últimos anos no Brasil.20 
 
 
19 Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/blogs/3a-turma/a-defensoria-publica-no-espelho-dos-conflitos-raciais/. Acesso em: 
15/06/2021. 
20 GAB: C. 
https://www.cartacapital.com.br/blogs/3a-turma/a-defensoria-publica-no-espelho-dos-conflitos-raciais/
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Entretanto, por outro lado, na visão da Defensora, tem pesado sobre aqueles que afirmam a prática dos 
direitos humanos na atuação da DP, a necessidade de atuações coletivas que amortizem o déficit social do Estado 
do qual fazemos parte. Aí, podemos identificar um ponto de fissura para a promoção das alianças éticas fortes e 
importantes para rupturas no modelo hegemônico. 
 
→ Alguns livros indicados pela professora Rita na palestra: 
 
- Racismo estrutural (Silvio Almeida) 
- Direito e Relações Raciais (Dora Lúcia Bertulio) 
- Cultura Jurídica e Atlântico Negro (coletânea de artigos) 
- Necropolítica (Achille Mbembe) 
- A nova segregação (Michelle Alexander) 
- Olhares negros. Raça e Representação (Bell Hooks) 
 
A gente precisa entender sobre o chamado PERFILAMENTO RACIAL. Esse tema foi objeto de prova na 
segunda fase da DPE/BA (2021) e também na prova objetiva da DPE/RS (2022). 
 
 Vejamos o significado de perfilhamento racial, para depois trazermos os detalhes. 
 
Segundo documento da própria ONU21, existem várias interpretações e formas de compreender o conceito 
de perfilhamento. No contexto da aplicação da lei, perfilamento tem sido definido como “a associação sistemática 
de um conjunto de características físicas, comportamentais ou psicológicas com delitos específicos e seu uso como 
base para tomar decisões de aplicação da lei .” 
 
Em seu relatório de 2015, o ex Relator Especial sobre as formas contemporâneas de racismo, discriminação 
racial, xenofobia e a intolerância relacionada, indicou que o perfilamento racial e étnico é frequentemente 
entendido como “o uso pela polícia, profissionais de segurança e controle das fronteiras no uso da raça, cor, 
descendência, etnicidade ou nacionalidade de uma pessoa como parâmetro para a submeter o indivíduo à buscas 
pessoais minuciosas, verficações e reverificações de identidade e investigações”, ou na determinação sobre o 
envolvimento de um indivíduo em atividades criminosas (A/HRC/29/46, parágrafo 2) . 
 
A criação de perfis raciais, ou seja, o perfilamento racial, é incompatível com a proteção dos direitos 
humanos e é identificada na prática de instituições policiais, agentes das fronteiras, imigração e forças de segurança 
nacional. Muitas vezes se manifesta no contexto de paradas e buscas pessoais desnecessárias, verificações 
repetidas da identidade do indivíduo, revistas pessoais, prisões, invasões e batidas, fiscalizações alfandegárias e 
nas fronteiras e buscas domiciliares, que visam alvos específicos para vigilância e são refletidos nas decisões sobre 
imigração realizadas por tais agências. 
 
CAIU NA DPE/RS – 2022 – CESPE: Plínio, homem negro, de 24 anos de idade, caminhava em direção à parada de 
ônibus quando escutou a sirene de uma viatura policial e a ordem para que levantasse suas mãos. Após a busca 
pessoal, o abordado perguntou aos policiais militares o motivo da abordagem e eles responderam que Plínio se 
encontrava em situação de fundada suspeita. Considerando essa situação hipotética, julgue o seguinte item. 
 
A fundada suspeita, prevista no Código de Processo Penal, historicamente demonstra a existência do perfilamento 
racial nas abordagens policiais. 22 
 
Raça, cor, descendência, etnicidade ou nacionalidade podem ser empregados de forma legítima por 
agentes da lei em descrições confiáveis sobre suspeitos relacionadas a crimes específicos, por exemplo, quando 
fornecidas em relatos de testemunhas ou fontes de inteligência . 
 
 
21 Disponível em: https://acnudh.org/load/2020/12/1821669-S-DPI-RacialProfiling_PT.pdf. Acesso em 23/03/2022 
22 GAB: C. 
https://acnudh.org/load/2020/12/1821669-S-DPI-RacialProfiling_PT.pdf
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Em tais casos, entretanto, a suspeita deve ser baseada em fundamentos razoáveis e objetivos sobre um 
determinado crime ou suspeita específica, ao invés de estereótipos ou generalizações sobre “tipos” de pessoas e 
suas “tendências” a cometerem crimes. 
 
Deve-se notar que o perfilamento também pode ser tendencioso sobre o sexo, gênero, religião ou outros 
motivos proibidos que se interseccionem. Tais práticas também devem ser abordadas. 
 
Bom notar que durante sua visita ao Brasil, o Grupo de Trabalho do Comitê para a Eliminação da 
Discriminação Racial apurou que há uma sobre-representação de brasileiros afrodescendentes no sistema 
carcerário, e uma cultura de perfilamento e discriminação racial em todos os níveis do sistema de justiça 
(A/HRC/27/68/Add .1, p . 67). 
 
Por fim, o Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial (esse que estudamos lá atrás) editou a 
Recomendação Geral nº 36 acerca da Prevenção e combate ao perfilamento racial por agentes policiais.23 
 
 
Visto isso, veremos agora os crimes previstos na Lei nº 7.716/89. 
 
Bem jurídico tutelado 
 
Pode-se dizer que a Lei nº 7.716/89 tutela a igualdade, tendo em vista a preocupação que o ordenamento 
jurídico pátrio possui em relação ao fato de que todos são iguais (ressalvadas desigualdades materiais que 
justifiquem tratamento diferenciado). Exemplo disso são o art. 3º, IV, art. 4º, VIII, art.5º caput e inciso XLII, todos 
da CRFB, que se referem diretamente ao tema em comento: 
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação. 
 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos 
seguintes princípios: 
 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de 
reclusão, nos termos da lei; 
 
Além da igualdade, doutrina dispõe que também a dignidade da pessoa humana é um bem juridicamente 
tutelado pela Lei nº 7.716/89, sendo, além disso, um fundamento da República (art. 1º, III, CRFB): 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como fundamentos: 
 
III - a dignidade da pessoa humana; 
 
23 Disponível em: https://acnudh.org/load/2020/12/CERD_C_GC_36_PORT_REV.pdf. Acesso em 23/03/2022 
https://acnudh.org/load/2020/12/CERD_C_GC_36_PORT_REV.pdf
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Ademais, no plano internacional possuímos referência à igualdade entre as pessoas, de maneira que é uma 
preocupação global o combate ao racismo e a discriminação negativa24. Duas referências se fazem necessárias: o 
art. 2º da Declaração Universal dos Direitos do Homem e o art. 1º da Convenção Americana de Direitos Humanos, 
conforme se verifica abaixo: 
 
Artigo 2º 
I) Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos 
nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, 
religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, 
nascimento, ou qualquer outra condição. 
 
Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos 
 
Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades 
nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita 
à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor, sexo, idioma, 
religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, 
posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social. 
 
SE LIGA, ALUNO RDP: a questão do combate ao racismo e a discriminação negativa possui alta carga de 
interdisciplinaridade. Em provas discursivas/orais para Defensoria, demonstrar ao examinador que você consegue 
correlacionar diversas matérias em um único tema certamente fará com que você receba uma nota alta na questão. 
 
CAIU NA DPE/GO – 2021 – FCC: A Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) publicou uma nota de repúdio 
sobre a abordagem policial de que o ciclista Filipe Ferreira foi alvo em Cidade Ocidental, no Entorno do Distrito 
Federal. Segundo a entidade, a ação teve “nítidos contornos racistas” e considera “inadmissível” que seja tolerada. 
Filipe, de 28 anos, trabalha como eletricista e, na sexta-feira (28), gravava vídeos de manobras com a bicicleta para 
o canal que tem no YouTube quando foi surpreendido pelos policiais militares. A câmera que ele usava para filmar 
os movimentos registrou a abordagem: os PMs descem do carro apontando armas contra ele, exigem que ele 
coloque as mãos na cabeça, mas o jovem questiona o motivo de estar sendo tratado daquela forma. Em nota, a 
Polícia Militar informou que está “verificando todas as informações relativas a este fato” para se posicionar sobre 
o que aconteceu. Caso seja comprovado algum excesso na conduta dos militares, as providências legais serão 
tomadas. (Disponível em: www.g1.globo.com, acessado em: 31/05/2021) 
 
O caso acima relatado confirma que: 
 
A) a seletividade do sistema penal brasileiro tem como um de seus motores a abordagem policial, fundada no 
estereótipo do criminoso, cujo elemento racial é determinante. 
B) o sistema penal brasileiro instituiu um programa oficial de criminalização da população negra levado a efeito 
pela polícia, mas contido por meio da atuação judicial. 
C) a criminologia brasileira tomou a questão racial de forma crítica desde seus primórdios com Nina Rodrigues e 
seu positivismo que denunciava o racismo da justiça criminal brasileira em oposição ao positivismo italiano de 
Cesare Lombroso. 
D) a nota da Defensoria Pública é correta sobre os contornos racistas da ação policial, mas não seria correta se 
falasse da atuação policial como um todo. 
E) a nota da Polícia Militar confirma que a justiça criminal brasileira atua de maneira enérgica diante de fatos 
isolados e consegue prevenir condutas discriminatórias das agências policiais.25 
 
 
24 Aqui há de se atentar para o fato de que nem toda discriminação é vedada. Ao contrário: as chamadas “discriminações positivas” são 
fomentadas eis que promovem a igualdade material entre as pessoas. Um exemplo são as ações afirmativas em concurso público que 
reservam um percentual das vagas à população negra. 
25 GAB: A. 
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O Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº 12.288/10) traz conceitos que devem ser considerados no que tange 
a exegese dos crimes previstos na Lei nº 7.716/89, haja vista a necessidade de se aferir, no caso concreto, a intenção 
do agente de realmente se comportar de maneira discriminatória. 
 
Abaixo, vamos conferir as definições do art. 1º, parágrafo único, do Estatuto da Igualdade Racial, haja vista 
a sua relação maior com o ponto aqui tratado (mas vamos combinar que vocês lerão o Estatuto inteiro, 
combinado?): 
 
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população 
negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos 
individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de 
intolerância étnica. 
 
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se: 
 
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência 
baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto 
anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de 
direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, 
cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada; 
 
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição 
de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, 
descendência ou origem nacional ou étnica; 
 
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que 
acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais; 
 
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, 
conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga; 
 
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no 
cumprimento de suas atribuições institucionais; 
 
VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela 
iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da 
igualdade de oportunidades. 
 
CAIU NA DPE/BA – 2021 – FCC: No Brasil contemporâneo26, 
A) o acesso garantido a diversos setores da sociedade, como imprensa, ONGs e associações de familiares às prisões, 
proporcionou maior transparência e redução dos problemas humanitários. 
B) a implementação de programas

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