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ETICA E LEGISLACAO PROFISSIONAL ETICA GERAL

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAQUARA – UNIARA
Departamento de Ciências da Administração e Tecnologia
ÉTICA E LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL
PARA QUE ÉTICA?
A ética e a moral
MORAL - um conjunto de valores e de regras de comportamento, um código de conduta que coletividades adotam, quer seja uma nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou uma organização. Quais comportamentos são bem-vindos e quais não são. A melhor maneira de agir coletivamente; qualificam o bem e o mal, o permitido e o proibido, o certo e o errado, a virtude e o vício.
A moral corresponde a um feixe de normas que as práticas cotidianas deveriam observar e que, como discurso, ilumina o entendimento dos usos e costumes.
- SÃO OBSERVÁVEIS 
ÉTICA – é uma disciplina teórica, um corpo sistematizado de conhecimentos – a exemplo da física, do direito, da biologia, da sociologia. Estuda as morais históricas, as relações e as condutas dos agentes sociais que as normas morais pautam.
A ética visa à sabedoria ou ao conhecimento temperado pelo juízo.
- PLANO DA REFLEXÃO
Existem morais macrossociais e morais microssociais:
MORAIS MACROSSOCIAIS – recobrem a sociedade como um todo e servem de baliza para as morais microssociais.
MORAIS MICROSSOCIAIS - expressam interesses e visões de mundo de muitas camadas internas da sociedade, morais paroquiais, corporativas, profissionais, classistas, regionais., etc.
A ética, como teoria, estuda as morais na plenitude de sua natureza histórica. Somente quando especialistas se debruçam sobre as morais e produzem um estudo delas, pode-se falar de ética do protestantismo ou do socialismo, etc.
Quando fazemos referência à ética empresarial ou à ética dos negócios, significa estudar e tornar inteligível a moral vigente nas empresas capitalistas contemporâneas, e em particular, a moral predominante em empresas de uma nacionalidade específica.
O que é válido para uma coletividade não é necessariamente válido para outra.
O relativismo cultural apóia-se em justificações igualmente competentes – são legitimadas pelas sociedades que as cultivam.
As morais são múltiplas e nenhum sistema de normas morais pode se considerar eterno e universal, porque:
Assume caráter efêmero, transitório, passageiro e mutável. Nenhuma moral se sustenta pura e exclusivamente pelas virtudes de seu discurso.
Numa comunidade, a moral dominante é sempre uma relação de forças – conflito de interesses
Interesses pessoais: familiares, paroquiais, corporativos, classistas, empresariais
Interesses coletivos: a moral é sempre a moral de algum agente coletivo
A eficácia de qualquer moral depende dos apoios políticos ou dos agentes que a suportam, bem como do arsenal de sanções de que dispõem para fazer valer seus ditames – sejam eles dogmas, sejam eles propósitos.
O que são normas sociais? – Pautas de ações que expressam valores, balizas definidas por coletividade para guiar o comportamento das pessoas.
Essas exigências tornam obrigatórias às condutas e operam como fatores de coesão social – visando a coexistência de interesses muitas vezes contraditórios
As normas sociais são acatadas por 3 razões, que muitas vezes, se conjugam:
A convicção de que a vida em sociedade requer o respeito e as regras de interesse comum (é o caso das normas morais); essa convicção decorre da socialização ou da reflexão;
A submissão dos agentes diante da ameaça representada por sanções que a coletividade pode exercer (é o caso das normas jurídicas);
A adesão motivada pela necessidade de identificar-se e pertencer a dada coletividade (é o caso das normas de etiqueta)
 
As normas jurídicas (leis e regulamentos) dispõe de sansões sobre a vontade dos agentes sociais – correspondem a reclusões ou outras formas de intimidação – são garantidas pelo poder político ou pelo Estado – sua eficácia repousa nos efeitos da coação externa.
As demais normas, como etiqueta, religiosa, estéticas – tem caráter simbólico e implicam na aceitação dos seus agentes. Isso não significa que estejam destituídas de sanções contra quem as desrespeitar.
As sansões são diferentes, não possuem caráter físico, mas cultural – sua eficácia está ligada à consciência, de seus temores e fantasmas, nos padrões inculcados pelos agentes sociais.
Toda relação moral implica escolhas – algumas muito difíceis – AFINAL, NÃO SE PODE SER LEAL A TODOS E A TUDO O TEMPO TODO.
No terreno da moral, não há neutralidade possível – é preciso posicionar-se – Toda decisão beneficia uns em detrimento de outros.
Que escolha fazer?
Quem será beneficiado?
Quem será prejudicado?
AS TEORIAS ÉTICAS
Há dois modos diferentes de tomar decisões – derivando de teorias éticas distintas:
ÉTICA DA CONVICÇÃO (deontologia) - Cumpra suas obrigações – siga as prescrições.
é uma ética que se pauta por valores e normas previamente estabelecidos.
descarta meios tons e não tolera incertezas
desdobra-se em duas vertentes: 
a do princípio – se atém rigorosamente as normas estabelecidas, não interessam as circunstâncias – RESPEITE AS REGRAS, HAJA O QUE HOUVER.
a da esperança – centradas em idéias moldadas pela fé. O sonho antes de tudo. – Ex. terroristas suicidas – estão certos de que o martírio lhes abrirá a porta do paraíso.
Funcionam como receituários, manual de instruções a seguir em diversas ocorrências.
Essas vertentes correspondem a modulações de deveres, preceitos, dogmas ou mandamentos introduzidos ao longo dos anos.
O modo de decidir e de agir da ética da convicção, prescreve, comporta e conforma muitas morais.
Os agentes dessa ética não perdem o seu livre arbítrio, pois podem seguir outros caminhos, sem perder a orientação moral imperativa:
podem adotar outros valores ou princípios, sem deixar de obedecer à mesma mecânica da teoria da convicção;
podem percorrer, adentrar à ética da responsabilidade, assumindo as conseqüências das decisões que tomam;
podem enveredar por outros caminhos – abandonar toda a ética, pois fazer o bem ou o mal é uma escolha. 
ÉTICA DA RESPONSABILIDADE (teleologia) – Responde pelas conseqüências previsíveis dos nossos atos.
Analisa situações concretas e antecipa repercussões que uma decisão pode provocar;
A decisão deriva de uma reflexão sobre as implicações de suas ações;
As decisões exigem conhecimento da situação;
Envolve análise de riscos;
Duas vertentes expressam a ética da responsabilidade: 
a) utilitarista: fazer o bem para o maior número de pessoas.
Finalidade: a bondade dos fins justificam os meios. Alcance os objetivos, custe o que custar.
O contraponto fica claro:
de um lado, as ações cometidas pelos praticantes da ética da convicção decorrem imediatamente da aplicação de valores anteriores (princípios ou ideais)
de outro lado, as ações cometidas pelos praticantes da ética da responsabilidade decorrem da expectativa de alcançar fins almejados (finalidade) ou conseqüências presumidas (utilitarismo).
As duas éticas enfocam tipos deferentes de referências morais – dois modos de decidir.
Enquanto os agentes que obedecem à ética da convicção guiam-se por imperativos de consciência, os que se orientam pela ética da responsabilidade guiam-se por uma análise de riscos.
As tomadas de decisão
A ética da convicção move os agentes pelo senso do dever e o cumprimento das prescrições: 
Ao adotar-se a ética da responsabilidade, realizam-se análises de risco, mapeiam-se as circunstâncias, medem-se as forças em jogo, perseguem-se objetivos e medem-se as conseqüências das decisões. Trata-se de uma teoria que envolve a articulação de apoios políticos e se guia pela eficácia.
Os ganhos devem superar os malefícios eventuais e compensar os riscos. Exemplo: queimada da cana p. 126
As duas matrizes éticas
No plano abstrato da teoria operam a ética da convicção e a éticada responsabilidade.
Descendo em direção ao real, no plano das coletividades – nações, classes sociais, categorias sociais,, comunidades, organizações – OPERAM AS MORAIS.
No âmbito da sociedade brasileira imperam a MORAL DA INTEGRIDADE e a MORAL DO OPORTUNISMO; na sociedade americana a moral puritana – cerne da ideologia econômica liberal.
A ética da convicção é uma ética do dever, do absoluto, de imperativos incondicionais;
Não resultam de deliberações norteadas pela projeção de resultados presumidos;
Preceitos, são codificações determinadas a priori – aceitas independentemente de qualquer experiência concreta;
Desconsideram as circunstâncias e os seus efeitos;
Separa os virtuosos dos pecadores
Não admite mentir em circunstância alguma.
A ética da responsabilidade não é um vale tudo, nem despreza os valores de uma sociedade :
As decisões são tomadas em função dos efeitos concretos que são produzidos sobre a coletividades. EX. COBAIAS HUMANAS
É uma ética situacional, aberta, cética, de cada época, moldada pelas análises de risco – contexto histórico.
Ainda que haja exatas convergências entre as duas teorias éticas, francas oposições podem existir entre elas. Se roubar na ética da convicção é absolutamente condenável, na ética da responsabilidade, roubar para matar a fome, ou roubar projetos dos inimigos durante uma guerra, pode ser absolutamente justificável.
A ética da responsabilidade confere endosso a ações que engendram um bem do ponto de vista da coletividade. – um mal não pode ser remédio para outro mal.
Os adeptos da ética da responsabilidade refletem sobre os fatos e as condições presentes e depois deliberam.
Analisam: quais as vantagens e desvantagens que cada escolha implica? Quais as possibilidades de alcançar objetivos determinados? Quais os custos envolvidos? Quem se beneficia com isso e quem fica prejudicado?
A ética da convicção é uma ética das certezas e dos imperativos categóricos.
A ética da responsabilidade é uma ética das dúvidas ou das interrogações, uma ética que subordina ao exame das circunstâncias e dos fatores condicionantes. É uma ética das certezas provisórias, de cada época, ligada a historicidade.
As duas matrizes éticas configuram dois modos distintos de tomar decisões, dois moldes que permitem distinguir e filiar os discursos moais.
A ética da convicção conforma seus adeptos a um conjunto de obrigações e os fortifica com as certezas que proclama.
A ética da responsabilidade convence seus adeptos com a lógica de suas razões e ao mesmo tempo os deixa inseguros com a s incertezas que propõe.
Nos dois casos há riscos: na ética da convicção – o fanatismo. Na ética da responsabilidade o perigo da conversão da descrença, a justificativa de meios cruéis para atingir os objetivos, ou legitimar causas arbitrárias e abusos.
Polarização entre:
Ética da convicção: idealismo purista, dogmático, rígido, absoluto
Consiste em constatar se as ações correspondem fielmente às prescrições pré-estabelecidas.
Ética da responsabilidade: realismo pragmático, analítico, calculista, flexível, relativista.
Consiste em verificar a consistência entre os resultados pretendidos e os resultados obtidos.
São dois modos diferentes de tomar decisões. Nas duas, existem riscos: na primeira – o fanatismo, na segunda a justificativa para atos não legítimos.
Portanto, são os padrões culturais macrossociais de uma sociedade que devem legitimar as tomadas de decisões.
Referência:
SROUR, Robert Henry. Ética empresarial. 2ª. ed. Rio de Janeiro:Editora Campus, 2003.
A LEGITIMAÇÃO ÉTICA
CONVERGÊNGIAS E CONFRONTAÇÕES
Às vezes é difícil falar de moralidade em situações limite – Ex. caso de sobrevivência física – furto para matar a fome.
Os padrões morais estariam suspensos? Claro que não. Os padrões estão sendo transgredidos.
A legitimidade do furto para saciar a fome resulta de uma reflexão fundada na ética da responsabilidade - AINDA QUE IMORAL, É UM ATO ÉTICO.
A necessidade de justificação ética permanece haja o que houver.
Estamos em plena ética da responsabilidade, vertente da finalidade – sendo bons os fins, aceitam-se os meios. Ainda que as ações sejam imorais
Algo pode ser ético, ainda que seja imoral segundo a moral dominante.
Quando pessoas comuns falam de ética ou de moral, elas se referem à firmeza de caráter: ser ético é não abrir mão das suas convicções intimas, ter princípios, não vilipendiar seus próprios valores e crenças, não se prostituir, ser um modelo de virtude e de retidão.
Muitas vezes, as duas éticas coincidem, ou se chocam de modo frontal.
Muitas ações podem ser justificadas no âmbito nacional pela ética da responsabilidade, tal como aconteceu em países periféricos, com a pirataria de remédios ou de softwares.
Estamos, portanto, diante de uma grave questão: dependendo da base de apoio, a ética da responsabilidade pode ou não legitimar determinadas ações.
Para que o olhar e a reflexão possam mudar de foco, é preciso que existam forças sociais interessadas em trilhar nova abordagem.
Não só as morais expressam os interesses dominantes, mas as próprias perspectivas éticas necessitam de agentes coletivos que as personifiquem e as traduzam no terreno prático.
A ética da responsabilidade é típica dos homens de ação, dos estadistas, dos políticos, dos empresários, dos administradores, enfim, daqueles que põem a mão na massa, exercitam cálculos, equacionam custos e benefícios, se comprometem com o funcionamento das atividades sociais. – É típica dos homens que se dispõem a cometer heresias e inovações morais, ainda que mantendo os pés no chão.
A ética da convicção é típica dos homens de contemplação, dos missionários, dos pregadores, dos monges, dos crentes, mas também dos burocratas que convertem regras em dogmas.
Os agentes sociais e as organizações em que atuam tem óbvias dificuldades para manter uma direção única ao longo de suas trajetórias históricas e tendem a oscilar de uma teoria ética à outra, numa incoerência clássica que reflete contradições inerentes às suas próprias condições de existência.
Dependendo da base de apoio, a ética da responsabilidade pode ou não legitimar determinadas ações.
A DUPLA MORAL BRASILEIRA
A hibridez do caso brasileiro
As representações mentais brasileiras estão sofrendo o impacto de novo e decisivos fatores e tendem a redefinir-se.
Atualmente, a questão chave que se levante diz respeito à confiabilidade dos agentes econômicos.
Teimar em agir segundo a moral do oportunismo poderia sinalizar uma visão defeituosa das empresas que pretendem ser competitivas.
Por outro lado, a efetiva adesão ao profissionalismo e à idoneidade, abandonando práticas empresariais duvidosas, constitui um quebra-cabeças.
Por que isso acontece no Brasil?
Vale a pena lançar um olhar retrospectivo sobre as raízes históricas que à semelhança de outras nações latino-americanas, levaram o Brasil a cultivar uma dupla moral
a moral da integridade – como discurso oficial que imbui todos os agentes sociais
a moral do oportunismo, como discurso oficioso que permeia a sociedade por inteiro.
Essas duas morais convivem amplamente, porém de modo contraditório, reproduzindo-se nos atos e pensamentos dos agentes e organizações.
Um certo mal-estar moral é muito comum entre os brasileiros, misto de confusão ou de indigesta hipocrisia.
É comum tecer considerações e se dizer indignados com a situação de imoralidade que reina no país.
Imoralidade, do ponto de vista da moral da integridade.
Segundo a moral do oportunismo, tudo se encontra no melhor dos mundos.
As convicções sociais que constituem as posturas oportunistas formam um discurso lógico, internamente coerente, que confere aos seus adeptos um conjunto articulado de justificações.
Por que? – Por causa das tradições aristocráticas do latifúndio, baseada na monoculturade exportação e alicerçado na força de trabalho escravo.
Também por causa do sistema de colonização de exploração. 
Início da colonização: diferença entre Estados Unidos e Brasil.
Com a secularização das morais econômicas, o debate se instaura entre o dirigismo estatal e o liberalismo econômico.
A hibridez cultural brasileira também lança suas raízes na miscigenação coercitiva que os portugueses levaram às últimas conseqüências com os negros e índios e pode ser rastreada na assimilação de culturas imigrantes.
A conduta da maior parte dos brasileiros é ambígua: ora agem de forma íntegra – se indignando com condutas espertas que identificam nos outros, ora em práticas oportunistas e se justificando com a bandalheira geral que assola o país. 
AS MORAIS BRASILEIRAS
O FORMALISMO E AS RELAÇÕES DE DEPENDÊNCIA
Toda essa discussão tem como base traços culturais muito marcantes – o formalismo 
uma clara dissociação entre o discurso e a prática 
o enunciado e o vivido 
o país legal e o país real
os códigos formalizados de conduta e os expedientes espertos do dia a dia
as declarações de boas intenções e o cinismo dos arranjos de conveniência 
um jogo de faz de contas e cumplicidades
No cotidiano, um jogo de faz-de-conta, as incoerências incomodam poucos – aparecem como imperativos naturais da vida em sociedade.
O paradoxo aparente: há uma convivência entre a retórica das fórmulas edificantes do "homem de bem" e a complacência em relação aos jeitinhos, favoritismo, suborno, quebra-galhos, tramóias, etc – como se esses arranjos todos não passassem de dribles indispensáveis para sobreviver no mundo real, para todo o sempre.
Ex.: filme Central do Brasil – que traduz com perfeição esse formalismo 
Esses fatos nos remetem à cultura brasileira
As formas de gestão capitalistas têm caráter universal – mas a maneira delas se realizarem ou adquirirem corpo assume feições peculiares de acordo com os países.
O capitalismo periférico brasileiro, com seus traços cartoriais, protecionistas e oligopolistas, imprimiu a todas as organizações suas marcas.
Poderia ele condenar a absorção de tecnologias ou a adoção de formas de gestão já testadas no Primeiro mundo? NÃO
Se assim fosse, o Brasil não teria feito uma Revolução Industrial em 40 anos, nem estaria vivendo uma Revolução Digital que vem reorganizando vários setores econômicos, nem teria adotado muitos padrões internacionais.
Havendo relações capitalistas, a cultura resiste, mas, ao fim se dobra e se adapta.
Para entender um pouco dessa cultura, precisamos entendê-las no contexto sociológico das relações de dependência e da lógica da proteção.
As relações de dependência resultam em certa forma de inclusão social: uns participam da decisão e regalias, outros ficam subjugados e passivos.
As relações de dependência embutem uma lógica da dominação, mas também da proteção – na submissão, os agentes desfrutam de certas garantias.
A dupla moral brasileira, cujas raízes remontam ao período colonial, persistiu na sociedade capitalista que se formou após a Segunda Guerra Mundial.
Enquanto as relações de independência caracterizam a história norte-americana, as relações de dependência tem continuidade no Brasil do século XX.
Em vez dos agentes individuais serem donos do próprio destino – eles estão submetidos a relações de apadrinhamento ou patronagem, bem como a várias hierarquias.
Enquanto houver uma economia clandestina informal, na proporção que existe no Brasil, muitas leis continuarão "não pegando", a sonegação e o vale-tudo poderão permanecer incólumes, e a moral do oportunismo continuará operando como escudo para muitos que se valem daqueles expediente para viver.
O padrão cultural das relações profissionais não implica desprezo pelo estabelecimento de relações pessoais.
Muitas carreiras em empresas competitivas podem ter seu início através de relações pessoais.
É preciso destacar que na racionalidade do mundo capitalista globalizado, a confiança entre os agentes sociais não dispensa a competência técnica ou a capacidade de agregar valor – os critérios de mérito não podem ser superados pelos de confiança pessoal.
No Brasil, geralmente as relações pessoais funcionam como relações de confiança, e acabam se sobrepondo a outros critérios.
Muitos agentes ascendem nos escalões organizacionais através de seus padrinhos, mesmo sem capacitação técnica para a função requerida – padrão esse, que atualmente é questionado.
Alguns traços da cultura brasileira 
Os traços da cultura brasileira, que costumam ser citados como obstáculos à assimilação dos padrões vigentes nos hegemônicos, expressam em boa parte o caráter autoritário das relações de dependência
Se os parâmetros do sistema de mercado prevalecer, há chances para que sejam instituídas relações de independência ou relações de interdependência
Seria a superação da lógica da proteção e das relações que lhe dão substância, facultando a forma de gestões liberais nas empresas.
Alguns traços da cultura brasileira, que até a década de 80, serviam de exemplos à identidade social brasileira.
Os padrões culturais não pairam no ar sem vínculos com as relações de poder.
Os traços descritos nos indicam que muitos deles são expressões legítimas das formas de gestão autoritárias, notadamente latinas.
Dedução: nas empresas assim sugeridas não deve haver cidadania organizacional, pois as cúpulas não se submetem às regras formais e não respeitam as liberdades dos funcionários.
Conseqüentemente, as iniciativas internas são tolhidas e a criatividade fica esterilizada.
Nessa situação, há como exercitar práticas de gestão mais avançada?
No Brasil, predominam ainda as tecnologias de produção em massa, de baixo valor agregado, em um claro contraste com as tecnologias de produção flexível e de alto valor agregado vigentes no Primeiro Mundo. Nas formas de gestão liberais, os controles são introjetados pelos agentes sociais e funcionam simbolicamente.
Isso significa que as formas de gestão autoritárias são coativas e se apóiam no poder e na legalidade, enquanto as formas de gestão liberais são persuasivas e se apóiam no saber e na legitimidade.
Devemos reconhecer que a sociedade brasileira – autoritária, discriminatória , patriarcal, hierarquizada, centralizada, predatória e desperdiçadora – espelha seus traços nas organizações que a compõem.
Alguns países europeus, como a França e a Itália, demonstram viabilidade de um capitalismo social, no bojo da Revolução Digital, diferente dos padrões culturais latinos, supostamente inadequados.
O Brasil dispõe de várias organizações que atualizam praticamente todos os fatos históricos contemporâneos e que atestam que as formas de gestão são maleáveis, justamente porque coexistem variadas relações de propriedade.
Essa riqueza de formatos organizacionais não é privilégio brasileiro: pode ser encontrada na maior parte dos países de economias avançadas e põe em xeque as insuficiências do raciocínio circular, de cunho eminentemente ideológico, que projeta a possibilidade de empresas brasileiras se equiparem às empresas de classe mundial, mas que só vê futuro se O POVO FOR EDUCADO, ou se for eliminada a SEM-VERGONHICE DOS BRASILEIROS.
As urgências que as empresas brasileiras sofrem têm a ver com as formas adotadas para geri-las, e não com impedimentos míticos e insuperáveis.
O mesmo vale quando se pretende enfrentar a delicada questão da moralidade nas empresas brasileiras: os agentes estão imbuídos de oportunismo por formação. 
Há clara conexão entre formas de gestão e relações de propriedade.
As duas morais brasileiras.
Através de uma pesquisa, constatou-se que no Brasil, quando uma pessoa tem a oportunidade de conseguir uma vantagem fazendo algo errado, e com poucas chances de ser descoberta, ela age ilegalmente.
A partir deste retrato,vejamos as duas morais brasileiras:
A moral da integridade – trata-se do sistema de normas morais que corresponde ao imaginário oficial brasileiro e configura o comportamento considerado decente e virtuoso.
Essa moral é ensinada nas escolas e nas igrejas, serve de pauta aos tribunais e à mídia mais responsável, enumera as qualidades que moldam as pessoas de bem ou distinguem aquelas que possuem retidão de caráter. 
A moral da integridade, de caráter altruísta:
Apoia-se nos seguintes valores: honestidade, lealdade, idoneidade, lisura no trato da coisa pública, fidelidade à palavra empenhada, cumprimento das obrigações, obediência aos costumes vigentes, respeito à verdade e à legalidade, amor ao próximo
Caracteriza a pessoa confiável
Demarca o que faz de alguém um sujeito digno de credito
Subordina os interesses individuais ao bem comum
Enaltece a probidade como imperativo categórico
Não tolera a desonestidade, o engodo, a fraude, o blefe, a manipulação da inocência dos outros.
Em conseqüência, está relacionada à ética da convicção – vertente do princípio – é uma moral do dever – “Faço algo porque é um mandamento”.
A moral do oportunismo: sistema de normas morais que corresponde ao imaginário oficioso brasileiro e que configura o comportamento esperto, porque é egoísta:
Consiste em que o agente individual se saia bem, ainda que em detrimento dos interesses dos outros.
Floresce na sombra da malícia
Nutre-se de franca hipocrisia, pois, em público, todos simulam aderir à moral da integridade.
Pratica-se de modo informal, graças a complacência, ao respaldo ou à cumplicidade dos mais íntimos –sócios, parentes, amigos, colegas, vizinhos.
Corresponde ao triunfo da conveniência sobre os princípios ou sobre a responsabilidade social.
Suas formas de agir transgridem as normas morais oficiais e são consideradas imorais do ponto de vista da moral oficial. Mas nem por isso perturbam as consciências daqueles que as adotam. Ao contrário:
Expõem a compulsão de "levar vantagem em tudo" como uma espécie de vocação.
Traduzem a visão trapaceira e parasitária do mundo que, ao fim e ao cabo, manipula os outros em proveito próprio. 
 A moral do oportunismo repousa no mais estreito interesse pessoal, num egoísmo mesquinho que, na ânsia de obter vantagens e saciar caprichos, despe-se de quaisquer escrúpulos.
Os adeptos do oportunismo exaltam a malandragem e ludibriam a boa fé dos demais, como se a malandragem não passasse de uma lei da natureza – Macunaíma – Calvin.
A fronteira que separa o oportunismo da corrupção é muito pequena, num movimento transposto, muitas vezes de forma insensível.
No Brasil, a moral da integridade qualifica as orientações da moral do oportunismo como imorais, porque transgridem as normas que regulam a conduta dos "homens de bem".
Por sua vez, a moral do oportunismo considera tais normas como inocentes.
Os efeitos da moral do oportunismo apontam para uma situação em que todos desconfiam de todos o tempo todo.
É possível afirmar que os brasileiros não se dividem discretamente em agentes oportunistas e em agentes íntegros.
A maior parte dos brasileiros vive oscilando entre as duas morais, ora inescrupulosos, ora idôneos. – Ambíguos quanto às suas culpas e inseguros quanto às suas razões. Moldados por uma moralidade casuística – tão louvada quanto o são a mistura das comidas, a miscigenação das raças, sincretismo das religiões, ou o jogo das inversões nos carnavais, em que se confundem hierarquias, gêneros ou papéis.
A duplicidade moral convive contraditoriamente, na cabeça de todos nós. Basta que os interesses próprios sejam seriamente ameaçados para que não cumpram mais promessas, não se respeitem mais acordos, não se sigam mais regras.
O senso comum, distingue os oportunistas costumazes, sujeitos de “mau caráter!, e os oportunistas de ocasião, pessoas em geral “honradas” e que, premidas pelas circunstâncias, eventualmente se desviam do mau caminho.
São os frutos imperfeitos e miscigenados dessa cultura latina, entre a pureza dos princípios e o encantamento das conveniências, a grandeza das virtudes e a mesquinhez da falta de escrúpulos, o desconsolo diante de tanta hipocrisia e as mil faces das dissimulações.
São peças inacabadas à procura de um autor que pudesse depurá-las ou, quem sabe, colocar coerência.
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