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Correntes Filosóficas.

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O DESENVOLVIMENTO HUMANO NA SOCIEDADE E AS INFLUÊNCIAS DAS DIVERSAS CORRENTES FILOSÓFICAS
 Ana Caroline S. Limeira ¹
 Marisa Antônia de Souza²
RESUMO
Este artigo buscar trazer a construção do desenvolvimento humano, trazendo cada momento históricos, da história da filosofia, e tem como objetivo abordar cada corrente filosóficas, trazendo suas definições, características e influencias na sociedade brasileira; ressaltando as correntes que ilumina o serviço social na cena atual, a qual o Marx e Gramsci são os maiores influenciadores da renovação do serviço social brasileiro.
Palavras chaves: Filosofia, desenvolvimento humano, serviço social.
INTRODUÇÃO 
Este presente artigo é uma exigência da disciplina Fundamentos Filosóficos II, e para sua construção foram usadas grandes correntes filosóficas, como Humanismo, Fenomenologia, Positivismo, Materialismo Histórico dialético, e o Pensamento de Gramsci.
 Cada uma dessas corrente irá trazer um grande conhecimento sobre as ideias fundamental de cada uma delas, e os seus principais representantes, primeiro começamos com uma breve trajetória da história da filosofia, onde é abordado a construção do desenvolvimento humano e a origem da palavra “Filosofia”, que foi o ponto de partido para tantas correntes filosóficas e seus filosóficos.
Mostra toda a contribuição da filosofia para o desenvolvimento humano, no avanço cientifico, e tecnológico, dando ao homem o conhecimento como poder, abrindo portas para várias áreas de conhecimento, e para várias ideias que podem ou não ser influenciadora na sociedade; é de suma importância lembrar que uma dessas correntes teve grande influência no dentro do serviço social.
_______________________________
 Discente do Serviço Social, Ceunsp/Itu.
 Professora Mestre, coordenadora do curso de Serviço Social I Ceunsp/Itu
A BREVE HISTÓRIA DA FILOSOFIA 
A história da filosofia começou e 2.500 anos atrás, na Grécia de origem grega a palavra filosofia significa amor a sabedoria, a surpresa perante ao mundo os levou ao homem buscar resposta da sua própria existência. Assim afirma Reale (1990, p. 21): 
Segundo a tradição, o criador do termo “filo-sofia” foi Pitágoras, o que, embora não sendo historicamente seguro, no entanto é verossímil. O termo foi cunhado por um espirito religioso, que pressuponha só ser possível aos deuses uma Sofia (“sabedoria”), ou seja, uma posse certa total do verdadeiro, uma contínua aproximação ao verdadeiro, um amor ao saber nunca saciado totalmente, de onde, justamente, o nome “filo-sofia”, ou seja, “amor pela sabedoria”. 
Mas o que seria exatamente essa amada pela sabedoria? Desde do seu surgimento a filosofia deixou três conotações que são relativas, primeiro seria o seu conteúdo, segundo o seu método, e por fim o seu objetivo; 1) seria explicar a totalidade das coisas, como um todo sem eliminar nenhuma parte deste todo;2) é ir além dos fatos e além das experiências para buscar a causas; 3) e por fim o puro desejo de conhecer e comtemplar a verdade.
Os pré-socráticos, são alguns filósofos que viveram na Grécia por volta do século VI a.C., e foram considerados os criadores da filosofia ocidental. Neste período histórico na Grécia acontecia a civilização helênica, onde se caracterizava a preocupação com a natureza e cosmo. Foi inaugurada nesse momento histórico então a mentalidade baseada na razão e não mais no sobrenatural da tradição mítica. 
Alguns físicos como Jônia, Tales Mileto, Anaximandro, Anaxímenes e Heráclito, foram os primeiros a procurar a explicar o mundo através do movimento da natureza comum a todas as coisas, e entender um eterno movimento. Heráclito afirmava a partir de seus estudos que o mundo e tudo está em constante movimento e a partir deste movimento a constante mudança. Já os pensadores de Eléa como Parmênides e Anaxágoras, ao contrário, dizem que o ser é unidade e imobilidade e que a mutação não passa de aparência. E para os Atomistas, sustentavam que o universo tinha sido construído através de átomos eternos, indivisíveis e infinitos reunidos aleatoriamente. 
Pitágoras afirmava que a verdadeira substância original é alma imortal, que já existe no corpo de outra encarnação, como um castigo a sua existência anterior. Pitágoras foi o primeiro a se aproxima da ideia de Platão de compreende as coisas através da essência.
A filosofia Clássica, teve nos Sofista e em Sócrates, uma grande importância na filosofia daquela época, pois eles se diferenciavam dos outros através da sua preocupação metafisica, ou a procura do ser, e pelo interesse político em construir uma cidade harmoniosa e justa que viabilizasse a formação do homem e da vida de concordância com a sabedoria. Este período foi marcado pela hegemonia política de Atenas.
Nestes períodos educadores eram pagos por alunos; que pretendiam substituir a educação tradicional, por uma nova pedagogia que estava preocupada em formar o cidadão da nova democracia de Atenas e influenciar a arte retórica, que seria falar bem e de maneira convincente de qualquer assunto com objetivo de alcançar o maior desenvolvimento.
Sócrates faz a sua reflexão filosófica da natureza do homem e do autoconhecimento, dedica-se a sua procura metódica da verdade identificada com o bem da moral, seu método se dividia em duas partes pela ironia e pela ignorância. Ele tinha como base o autoconhecimento do ser, de acordo com Reale (1990, p. 87): 
Finalmente a resposta é precisa e inequívoca: o homem é a sua alma, enquanto é precisamente a sua alma que o distingue especificamente de qualquer outra coisa. E por “alma” Sócrates entende a nossa razão e a sede de nossa atividade pensante e eticamente operante. Em breve: para Sócrates, a alma é o eu consciente, ou seja, a consciência e a personalidade intelectual e moral. 
A filosofia medieval teve como base a grande influência de Santo agostinho, um teólogo, que identificou o mundo das ideias como um mundo de ideias divinas, pela iluminação do homem através da luz divina de Deus e o conhecimento das verdades eternas. Essa corrente passou a ser forte dentro das doutrinas da igreja, os representantes das escolásticas que tinha uma grande preocupação em conciliar a razão e a fé e desenvolver a discursão, a argumentação de um pensamento discursivo; outras correntes influenciadoras na época era o tomismo do teólogo italiano São Tomás de Aquino.
A filosofia moderna caracteriza pela separação das estruturas feudais, as grandes descobertas da ciência e o consentimento da burguesia enfatizam a urgência do Renascimento. Em contraposição à filosofia medieval, dogmática e submissa à Igreja, a filosofia moderna é herética a e crítica. Representada por aprendizes que procuravam pensar de acordo com as leis da razão e do conhecimento científico, caracteriza-se pelo antropocentrismo, e pelo humanismo, que considera o homem o centro do Universo.
O método aceitável de investigação filosófica é aquele que recorre à razão. René Descartes, criador do cartesianismo, é considerado o fundador da filosofia moderna. Ele inaugura o racionalismo, doutrina que privilegia a razão, considerada sustentação de todo o conhecimento possível. Ao contrário dos antigos pensadores que partiam da certeza, Descartes parte da dúvida metódica, que põe em questão todas as supostas certezas. Ocorre a descoberta da subjetividade, ou seja, o conhecimento do mundo não se faz sem o sujeito que conhece. 
O racionalismo de René Descartes e o empirismo se preparam para o surgimento do iluminismo no século XVIII. Kant começa a realizar a síntese do racionalismo e do empirismo partindo de uma análise crítica da razão; destaca que o conhecimento só existe através dos conceitos de matéria e forma: a matéria destina-se da experiência sensível, e forma é dada pelo ser que pensa. Isso implica na diminuição do objeto do conhecimento do conhecedor, seria que se conhece sobre o homem e o mundo é produto e ideia elaborada pelo próprio ser. Friedrich Hegel, vem reforçar que a realidade estáem constante mudança, Hegel estabelece uma nova lógica a dialética.
No século XIX o positivismo de Auguste Comte, considera o fato positivo, aquele que pode ser medido e controlado pela experiência. No mesmo século, Karl Marx utiliza o método dialético e o adapta a sua teoria, o materialismo histórico, onde é considerado o modo de vida material como condicionante da história, Marx não propõe não só pensar o mundo, mas transforma-lo, assim criando princípios de uma prática política voltada a revolução.
No século XX, vários pensadores reinterpretam o marxismo, como Gyorgy Lukács, Antônio Gramsci, Henri Lefebvre, Louis Althusser e Michel Foucault. Conjuntamente, Edmund Husserl dá início à fenomenologia, que tenta superar a cisão entre racionalismo e empirismo. Que representa no estudo descritivo dos fenômenos, ou seja, das coisas como são percebidas pela consciência, que são diferentes das coisas em si mesmas. Seus seguidores são Martin Heidegger, Maurice Merleau-Ponty e os filósofos do existencialismo, como Jean-Paul Sartre, que consideram a existência humana o primeiro objeto da reflexão filosófica (“a existência precede a essência”).
O avanço da ciência e da tecnologia, e o maior domínio do homem sobre a natureza, a epistemologia, estudo crítico de princípios, hipóteses e resultados das ciências, alcança grande desenvolvimento. O estruturalismo surge a partir da pesquisa de duas ciências humanas: a linguística, de Ferdinand de Saussure, e a antropologia, com Claude Lévi-Strauss. O estruturalismo parte do princípio de que há estruturas comuns a várias culturas, que precisam ser investigadas independentemente dos fatores históricos.
HUMANISMO
 Humanismo, no seu mais amplo sentido, significa valorizar o ser humano e a condição humana acima de tudo. Está relacionado com generosidade, compaixão e preocupação em valorizar os atributos e realizações humanas.
O humanismo foi um movimento intelectual iniciado na Itália no século XIV com o Renascimento e difundido pela Europa, rompendo com a forte influência da Igreja e do pensamento religioso da Idade Média. O teocentrismo que tinha “Deus como centro de tudo” cede lugar ao antropocentrismo, passando o homem a ser o centro de tudo. O humanismo procurava o melhor nos seres humanos e para os seres humanos sem se servir da religião.
O movimento humanista oferecia novas formas de reflexão sobre as artes, as ciências e a política, trazendo grandes mudanças no campo cultural e marcando a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna.
Na arte,através das suas obras, os intelectuais e artistas passaram a explorar temas que tivessem relação com a figura humana, inspirados pelos clássicos da Antiguidade greco-romana como modelos de verdade, beleza e perfeição. Alguns autores humanistas mais conhecidos são: Gianozzo Manetti, Marsílio Ficino, Erasmo de Roterdão, Guilherme de Ockham, Carlos Bernardo González Pecotche, Francesco Petrarca, François Rabelais, Pico de La Mirandola, Thomas Morus, Andrea Alciati, Auguste Comte.
Nas artes plásticas e na medicina, o humanismo esteve representado em obras e estudos sobre anatomia e funcionamento do corpo humano.
Nas ciências, houve grandes descobertas em vários ramos do saber como a física, matemática, engenharia, medicina e etc., que contribuíram para um levantamento concreto da história da humanidade. Entre as principais características do humanismo destaca-se:
Período de transição entre Idade Média e Renascimento;
Valorização do ser humano;
Surgimento da burguesia;
Nascimento do antropocentrismo, ou seja, o homem no centro do universo;
As emoções humanas começaram a ser mais valorizadas pelos artistas;
O humanismo estabeleceu os fundamentos ideológicos do renascimento europeu. O humanismo renascentista surgiu com uma nova postura em relação às doutrinas religiosas em vigor na época, ocorrendo um afastamento para que fosse possível uma avaliação mais racional dessas mesmas doutrinas.
Durante o renascimento, o humanismo também foi caracterizado por tentativas de libertar o ser humano das regras rígidas do cristianismo da era medieval. Em sentido lato, o humanismo nesta época serviu como uma luta contra a obscuridade medieval, e levou à criação de um comportamento científico livre de normas teológicas.
O Humanismo também corresponde a uma escola literária que teve preponderância nos séculos XIV e XV. Na literatura, destaca-se a poesia palaciana (que surge dentro dos palácios), escrita por nobres que retratavam os usos e costumes da corte. Alguns escritores italianos que mais impacto causaram foram: Dante Alighieri (Divina Comédia), Petrarca (Cancioneiro) e Bocaccio (Decameron).
O Humanismo Secular, também conhecido como Humanismo Laico, é uma corrente filosófica que aborda a justiça social, a razão humana e a ética.
Seguidores do Naturalismo, os humanistas seculares são normalmente ateus ou agnósticos, renegando a doutrina religiosa, a pseudociência, a superstição e o conceito de sobrenatural. Para os humanistas seculares, estas áreas não são vistas como alicerce da moralidade e da tomada de decisões.
Ao contrário, um humanista secular tem como base a razão, a ciência, a aprendizagem através de relatos históricos e da experiência pessoal, sendo que estes constituem suportes éticos e morais, podendo dar sentido à vida.
POSITIVISMO
 	O fundador do positivismo foi Augusto Comte, não nasceu espontaneamente no século XIX, suas raízes podem ser encontradas já na Antiguidade. É uma tendência dentro do Idealismo Filosófico e representa nele uma das linhas do Idealismo Subjetivo. Tem por base a exaltação dos fatos, sendo uma reação à filosofia especulativa e sua especulação pura. O termo identifica a filosofia baseada nos dados da experiência como a única verdadeira. 
O conhecimento se afirma numa verdade comprovada, sendo assim considerado o método experimental o caminho para o pensamento científico, a verdade comprovada jamais é questionada. O positivismo, uma corrente filosófica, caracteriza-se por três preocupações principais: Uma filosofia da história (na qual encontramos as bases de sua filosofia positiva e sua célebre “lei dos três estados” que marcariam as fases da evolução do pensar humano: teológico, metafísico e positivo); uma fundamentação e classificação das ciências (Matemática, Astronomia, Física, Química, Fisiologia e Sociologia); e a elaboração de uma disciplina para estudar os fatos sociais, a Sociologia que, num primeiro momento, Augusto Comte denominou física social (Triviños, 1987, p. 33).
            O positivismo rejeita o conhecimento metafísico, devendo limitar-se ao conhecimento positivo, aos dados imediatos da experiência. Defende a idéia de que tanto os fenômenos da natureza como os da sociedade são regidos por leis invariáveis.
            Podemos distinguir três momentos na evolução do positivismo. A primeira fase, chamaremos de positivismo clássico, na qual, além do fundador Comte, também se sobressaem os nomes de Littré, Spencer e Mill. Logo após ao final do século XIX, o empiriocriticismo de Avenarius e Mach. A terceira etapa denomina-se de neopositivismo e compreende uma série de matizes, entre os quais se podem anotar o positivismo lógico, o empirismo lógico.
            Facilmente se observa que a filosofia positiva se colocou no extremo oposto da especulação pura, exaltando, sobretudo, os fatos.
Positivismo Clássico
            Nas idéias de Comte temos alguns princípios fundamentais do positivismo, cujo emprego se considera como prática comum entre os pesquisadores. Estes princípios são: a busca da explicação dos fenômenos através das relações dos mesmos e a exaltação da observação dos fatos, mas resulta que para ligar os fatos existe “necessidade de uma teoria”. Não sendo assim, acredita que seja impossível que os fatos sejam percebidos. “Desde Bacon se repete que são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados, mas para entregar-se à observação nosso espírito precisa de uma teoria” (Triviños, 1987, p. 34).
            Segundo Comte, o estudodas ciências possui algo muito mais elevado que o, de atender o interesse da indústria, que é o de “satisfazer a necessidade fundamental sentida por nossa inteligência, de conhecer as leis dos fenômenos”, “prescindindo de toda consideração prática” (Triviños, 1987, p. 35).
            Também prega a submissão da imaginação à observação, mas isto não deve transformar “a ciência real numa espécie de estéril acumulação de fatos incoerentes’, porque devemos entender “que o espírito positivo não está menos afastado, no fundo, do empirismo do que do misticismo” (Triviños, 1987, p. 35).
            O positivismo proclama como função essencial da ciência sua capacidade de prever. “O verdadeiro espírito positivo consiste em ver para prever” (Triviños, 1987, p. 35).
 Características Principais do Positivismo
            Considerar a realidade como formada por partes isoladas, de fatos anatômicos, segundo a expressão de Russel e Witgenstein, é uma das características que mais têm pesado sobre a prática da pesquisa na educação. Pois a visão isolada dos fenômenos sociais, oposta à idéia de integridade e de transformação dialética, permitiu que nossos pesquisadores realizassem estudos, por exemplo, sobre o fracasso escolar, desvinculando de uma dinâmica ampla e submetidos a relações simples, sem aprofundar as causas. Não era feito um estudo mais aprofundado, desconsiderando todo o contexto. A evasão na primeira série surgia como relacionada com os anos de magistério dos professores, com seu grau de formação profissional, seu nível sócio econômico etc. Para o positivismo não interessavam as causas dos fenômenos, isso não era positivo, não era tarefa da ciência. Buscar as causas dos fatos, era ter uma visão desproporcionada da força intelectual do homem, de sua razão. Isso era metafísico. Assim, tendo os fatos como único objeto da ciência, fatos que podiam ser observados, a atitude positivista consistia em descobrir as relações entre as coisas. O que interessa ao espírito positivo é estabelecer como se produzem as relações entre os fatos.
Assim, eliminou qualquer perspectiva de colocar a busca científica ao serviço das necessidades humanas, para resolver problemas práticos. O investigador estuda os fatos, estabelece relações entre eles, pela própria ciência, pelos propósitos superiores da alma humana de saber. Não está interessado em conhecer as consequências de seus achados. “A ciência estuda os fatos para conhece-los, e tão-somente para conhece-los, de modo absolutamente desinteressado”.  O papel do investigador é exprimir a realidade, não a julgar. Este ponto de vista, o de ser o conhecimento científico neutro, foi combatido, primeiro, no mundo dos cientistas sociais que não podiam conceber que a ciência humana pudesse ficar à margem da influência do ser humano que investigava. São poucos agora os que ainda defendem a neutralidade da ciência natural. Um dos traços mais característicos do positivismo está representado, por sua rejeição ao conhecimento metafísico, a metafísica (Triviños, 1987, p. 36-37).
            Precisamente foi o positivismo lógico que formulou o princípio da verificação. Segundo este princípio, será verdadeiro aquilo que é empiricamente verificável, isto é toda afirmação sobre o mundo deve ser confrontada com o dado. Desta maneira, o conhecimento científico ficava limitado à experiência sensorial.
            O Empirismo Lógico (conhecido também como Positivismo Lógico ou Neopositivismo), foi fundado por um grupo de filósofos e cientistas, conhecido sob o nome de “Círculo de Viena”, que no decorrer da década de 20, se reuniram em torno de Moritz Schlick em Viena, fundando uma das mais influentes correntes filosóficas e epistemológicas de nosso tempo. Seus principais integrantes foram, além de Schlick, Rudolf Carnap, Otto Neurath, Hans Hahn, etc. O programa filosófico do Círculo de Viena foi ganhando cada vez mais influência, sobretudo nos países anglo-saxões, onde suas investigações não se limitaram ao campo da teoria da ciência, mas estenderam-se aos domínios da ética, da filosofia da linguagem e da filosofia da história. Tal corrente, que emergiu do Empirismo Lógico, recebeu mais tarde o nome de Filosofia Analítica (Carvalho, 1991, p. 66).
            O Círculo de Viena que incluía alguns dos mais conhecidos pesquisadores nas áreas das ciências naturais (Otto Neurath, M. Schlick, R. Carnap etc.), preocupava-se antes de tudo com as funções da filosofia. A filosofia que viam estava sobrecarregada com um excesso de “conversa fiada”; grande parte do que se escrevia não passava de palavras vazias, sem sentido e que nada descreviam. A filosofia deveria ser reformada e sua função redefinida. Seguramente influenciados pela sua formação e passado de ciência, eles viam para a filosofia uma função muito mais modesta: funcionar como uma supercromática da ciência (Castro, 1978, p. 39).   
Os positivistas lógicos, especialmente Carnap e Neurath, desenvolveram a idéia denominada fisicalismo, numa tentativa de buscar uma linguagem única, comum para toda a ciência. O fisicalismo consistia em traduzir todo postulado científico à linguagem da física. Se esse podia ser traduzido como forma de expressar suas verdades dessa ciência, então era científico. Os mesmos positivistas lógicos concordaram que esse esforço não alcançou resultados satisfatórios (Triviños, 1987, p. 38).
            É muito difícil, quando não impossível, delinear em poucas palavras a filosofia do Empirismo Lógico. Seus representantes sempre se caracterizaram pela autocrítica e por uma honestidade intelectual muito grande, o que acabou impondo uma série de revisões e modificações em suas posições (Carvalho, 1991, p. 66).
            Uma das afirmações básicas do positivismo está representada pela sua idéia de unidade metodológica para investigação dos dados naturais e sociais. Partia-se da idéia de que tanto os fenômenos da natureza, como os da sociedade estavam regidos por uma lei invariável. O emprego do termo “variável” permitiu medir as relações entre os fenômenos e estabelecer generalizações. Os conceitos operacionalizados formavam as proposições que permitiam formular as teorias.
            Uma das aspirações mais abrigadas pelos positivistas foi a de alcançar resultados na pesquisa social que pudessem generalizar-se. As técnicas de amostragem, os tratamentos estatísticos e os estudos experimentais severamente controlados foram instrumentos usados para concretizar estes propósitos. Mas,
“a flexibilidade da conduta humana, a variedade dos valores culturais e das condições históricas, unidas ao fato de que na pesquisa social o investigador é um ator que contribui com suas peculiaridades (concepção do mundo, teorias, valores etc), não permitirão elaborar um conjunto de conclusões frente a determinada realidade com o nível de objetividade que apresenta um estudo realizado no mundo natural” (Triviños, 1987, p. 38). 
            Partindo da ideia de que conhecimento é aquilo que pode ser testado empiricamente, os positivistas determinavam que não podia existir qualquer tipo de conhecimento elaborado a priori. O positivismo estabeleceu distinção muito clara entre valor e fato. Os fatos eram objeto da ciência. Os valores, como não eram “dados brutos” e apenas expressões culturais, ficavam fora do interesse do pesquisador positivista, pois nunca poderiam construir-se num conhecimento científico. O positivista reconhecia apenas dois tipos de conhecimento autênticos, verdadeiros, legítimos; numa palavra científica: o empírico, representado pelos achados das ciências naturais, o mais importante de ambos, é o lógico, constituído pelo lógico e pela matemática (Triviños, 1987, p. 38-39).
            Os empiristas lógicos construíram um ideal de ciência que se caracterizou basicamente pela adesão a dois princípios: Princípio do Empirismo – um enunciado ou um conceito só será significante na medida em que possua uma base empírica, ou seja, na medida em que for fundado na experiência; Princípio do Logicismo – para que um enunciadoou sistema de enunciados possa valer como científico deve ser passível de exata formulação na linguagem da lógica (Carvalho, 1991, p. 67).
            O positivismo, sem dúvida, representa, especialmente através de suas formas neopositivistas, como o positivismo lógico e a denominada filosofia analítica, uma corrente do pensamento que alcançou, de maneira singular na lógica formal e na metodologia da ciência, avanços muito meritórios para o desenvolvimento do conhecimento (Triviños, 1987, p. 41).
FENOMENOLOGIA
            É uma ciência que trata da descrição e classificação de seus fenômenos. Representa uma tendência dentro do Idealismo Filosófico, e dentro deste do Idealismo subjetivo. O principal autor dessa teoria é Husserl (1859-1938), teve grande influência na filosofia contemporânea. Suas origens estão em Platão e Descartes (Triviños, 1987, p. 41-42).
            As correntes do pensamento como o existencialismo, se alimentaram na fonte fenomenológica. Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty, por um lado, representam o existencialismo ateísta e por outro, Van Breda, Marcel e Jaspers, entre outros, cultivam uma linha de crença em Deus, cujas raízes principais estão em Soeren Kierkegaard (1913-55), filósofo dinamarquês, para o qual o pensar deve ser “existencial”.
            “Compreender a fenomenologia quer dizer: apreender suas possibilidades”. Pode-se apresentá-la como uma prática científica, como uma metodologia da compreensão, como uma filosofia crítica das ciências, como uma estética da existência. “A fenomenologia como ciência das ‘essências’, análise eidética, distingue-se da filosofia fenomenológica enquanto sistema de filosofia transcendental. A fenomenologia como técnica de análise eidética não cai sob os golpes da crítica à fenomenologia transcendental” (Bruyne, 1991, p. 74).
            Segundo essa corrente, a filosofia como “ciência rigorosa” deveria ter como tarefa estabelecer as categorias puras do pensamento científico, mediante a “redução fenomenológica” ou a apresentação do fenômeno puro, livre dos elementos pessoais e culturais, atingindo assim a sua essência (Cordeiro, 1999, p. 49).
Principais características da fenomenologia
            O conceito básico da fenomenologia, é a noção de intencionalidade. Esta intencionalidade é da consciência que sempre está dirigida a um objeto. Isto tende a reconhecer o princípio que não existe objeto sem sujeito.
            O termo intencionalidade, primordial no sistema filosófico de Husserl é a característica que se apresenta a consciência de estar orientada para um objeto. Não é possível nenhum tipo de conhecimento se o entendimento não se sente atraído por algo, concretamente por um objeto (Triviños, 1987, p. 45).
            Para Husserl, a intencionalidade é algo “puramente descritivo, uma peculiaridade íntima de algumas vivências”. Desta maneira, a intencionalidade característica da vivência determinava que a vivência era consciência de algo (Triviños, 1987, p. 45).
            “A Fenomenologia é o estudo das essências, e todos os problemas, segundo ela, tornam a definir essências: a essência da percepção, a essência da consciência, por exemplo. Mas também a fenomenologia é uma filosofia que substitui as essências na existência e não pensa que se possa compreender o homem e o mundo de outra forma senão a partir de seus fatos”. Suspende as afirmações para poder compreendê-las. Compreende o homem através do mundo em que ele vive (Triviños, 1987, p. 43).
            A fenomenologia descreve os fatos, não explica e nem analisa. Seu principal objeto é o mundo vivido, ou seja, os sujeitos de forma isolada. Considera a imersão no cotidiano e a familiaridade com as coisas tangíveis. É necessário ir além das manifestações imediatas para captá-las e desvendar o sentido oculto das impressões imediatas. O sujeito precisa ultrapassar as aparências para alcançar a essência dos fenômenos.
            Husserl questiona “Como pode o conhecimento estar certo de sua consonância com as coisas que existem em si, de as ‘atingir’?”. Isto significa a possibilidade da metafísica. Admite que o exame do conhecimento deve ter um método, sendo este o da fenomenologia, que é “a doutrina universal das essências, em que se integra a ciência da essência do conhecimento” (Triviños, 1987, p. 43).
            Segundo Husserl “as vivências serão seus primeiros dados absolutos, pois o conhecimento intuitivo da vivência é permanente” (Triviños, 1987, p. 44).
            A fenomenologia estuda o universal, é válida para todos os sujeitos, tem como dado a essência do fenômeno. O que eu conheço, ou o que eu vivencio é o mundo que pode ser conhecido por todos. É uma corrente de pensamento que não está interessada em colocar a historicidade dos fenômenos. Não introduz transformações à realidade, ou seja, mantém-se conservadora; apenas estuda a realidade com o desejo de descrevê-la, ou apresentá-la tal como ela é, sem mudanças. Exalta a interpretação do mundo que surge intencionalmente à nossa consciência, sem abordar conflitos de classes e nem mudanças estruturais (Triviños, 1987, p. 47-48).
            A descrição fenomenológica funda-se sobre o vivido, sobre o real mais íntimo, que ela se esforça por recuperar num plano temático. Trata-se de uma “volta às próprias coisas” segundo o programa husserliano de transcender as representações espontâneas do empirismo; no mesmo movimento, a fenomenologia quer atingir a essência dos fenômenos. “A intuição da essência se distingue da percepção do fato: ela é a visão do sentido ideal que atribuímos ao fato materialmente percebido e que nos permite identificá-lo” (Bruyne, 1991, p. 76).
            A fenomenologia constitui um processo epistemológico com o qual as ciências sociais deveriam esclarecer suas problemáticas; ultrapassa entretanto, como filosofia as ambições estritamente científicas (Bruyne, 1991, p. 80).
            “A riqueza da fenomenologia, seu lado positivo, é seu esforço por apreender o próprio homem por baixo dos esquemas objetivistas com os quais a ciência antropológica não pode deixar de recobri-lo e é evidentemente sobre essa base que é necessário discutir com a fenomenologia” (Bruyne, 1991, p. 80).
            Na pesquisa, eleva o ator, com suas percepções dos fenômenos. Seu objeto principal é o mundo vivido, pois as vivências serão seus primeiros dados absolutos. A fenomenologia ressalta a idéia de “ser o mundo criado pela consciência”. A realidade é construída socialmente.
            A pesquisa educacional, especialmente dos estudos de sala de aula, permitiu a discussão dos pressupostos considerados como naturais. Mas o esquecimento do histórico na interpretação dos fenômenos da educação, sua omissão do estudo da ideologia, dos conflitos sociais de classes, da estrutura da economia, entre outros, conclui que esse enfoque teórico pouco pode ser proveitoso quando se está visando os graves problemas de sobrevivência dos habitantes dos países do Terceiro Mundo (Triviños, 1987, p. 48-49).
            A reflexão fenomenológica guiará o pesquisador quando se tratar de colocar problemas, hipóteses, de destacar conceitos com vistas à elaboração teórica; ela poderá garantir a fecundidade sempre renovada da pesquisa (Bruyne, 1991, p. 79). 
            O grande mérito da fenomenologia é o de ter questionado os conhecimentos do positivismo, elevando a importância do sujeito no processo de construção do conhecimento. Com isso, pode-se dizer que o método fenomenológico é filosófico e não científico. A fenomenologia não leva em consideração a historicidade, mas descreve um pouco mais os fatos e exalta a interpretação do mundo intencionalmente.
            A fenomenologia, e mais amplamente a filosofia, não é apenas compatível com as ciências sociais, ela lhes é necessária “como um constante chamado a (suas) tarefas ... cada vez que o sociólogo volta às fontes vivas de seu saber, ao que nele opera como meio para compreender as funções culturais mais afastadas dele, espontaneamente faz filosofia... A filosofia não é um saber determinado, é a vigilância que não nos deixa esquecer a fonte de todo saber” (Bruyne, 1991, p. 80).
5. MARXISMO 
            Karl Marx , ao fundar a doutrina marxista na década de 1840, revolucionou o pensamento filosófico. Na evolução do Marxismo podemos assinalar a primeira fase, representada por Marx; na segunda trabalham juntos Marx e Engels e na terceira em geral, as contribuições de Lênin. O quarto período forma o contemporâneo, apresentando várias tendências, mas as principais são a soviética e a chinesa, que reclamam para si a continuação genuína das idéias de Marx (Triviños, 1987, p. 49).
            O marxismo compreende três aspectos principais: o materialismo dialético, o materialismo histórico e a economia política. De acordo com o quadro geral de referência, o marxismo se inclui como uma tendência dentro do materialismo filosófico, apresentando várias linhas de pensamento.
            As raízes da concepção do mundo de Marx estão unidas às idéias idealistas de Hegel. Hegel “aceitava que todos os fenômenos da natureza e da sociedade tinham sua base na Idéia Absoluta” (Triviños, 1987, p. 50).
            Marx tomou várias idéias de Hegel, fundamentais para o marxismo, como exemplo: o conceito de alienação e de maneira essencial, seu ponto de vista dialético da compreensão da realidade. Desenvolveu-as dentro de sua concepção materialista do mundo, ao invés de vinculá-las ao espírito absoluto hegeliano (Triviños, 1987, p. 50).
            Karl Marx substitui o idealismo hegeliano por um realismo materialista: a matéria é o princípio fundamental e a consciência, produto da matéria. São as relações de produção que formam a estrutura econômica da sociedade, base sobre a qual se ergue a superestrutura jurídica, política, religiosa, etc.
            As fontes diretas do marxismo foram: o idealismo clássico alemão (Hegel, Kant, Schelling, Fichte), o socialismo utópico (Saint-Simon e Fourier, na França, e Owen, na Inglaterra) e a economia política inglesa (D.Ricardo e Smith) (Triviños, 1987, p.50).
 Materialismo Dialético
            É a base filosófica do marxismo que tenta buscar explicações coerentes, lógicas e racionais para os fenômenos da natureza, da sociedade e do pensamento. Baseia-se numa interpretação dialética do mundo; constitui uma concepção científica da realidade, enriquecida com a prática social da humanidade. Além de ter como base de seus princípios a matéria, a dialética e a prática social, o materialismo dialético também aspira ser a teoria orientada da revolução do proletariado.
 Este pensar filosófico tem como propósito fundamental o estudo das leis mais   gerais que regem a natureza, a sociedade e o pensamento. Isto leva ao estudo da teoria do conhecimento e a elaboração da lógica. Através do enfoque dialético da realidade, o materialismo dialético mostra como se transforma a matéria e como se realiza a passagem das formas inferiores às superiores.
Segundo Hegel (1770-1831), a dialética torna-se não só um método lógico, norma de análise da natureza, como também o comportamento geral da própria natureza, em sua contínua transformação. Para Hegel, a razão domina o mundo e tem por função a unificação, a conciliação, a manutenção da ordem no todo. É a “razão dialética” que procede por unidade e oposição dos contrários. A “contradição” é a mola mestra do pensamento e, ao mesmo tempo, o motor da história, já que esta não é senão o pensamento que se realiza (Cordeiro, 1999, p. 50).
            Os idealistas alemães entenderam a realidade não só como objeto de conhecimento, mas também como objeto da atividade. Kant, o fundador do idealismo clássico alemão, destacou a força dos aspectos contraditórios no processo de desenvolvimento. Mas é com Hegel que, “por primeira vez (...) se concebe todo o mundo da natureza, da história e do espírito como um processo, isto é, em constante movimento, mudança, transformação e desenvolvimento, intentando, além disso, pôr em relevo a conexão interna deste movimento de desenvolvimento” (Triviños, 1987, p. 53).
O método dialético é aquele que penetra no mundo dos fenômenos através de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e das mudanças dialéticas que ocorrem na matéria e na sociedade. O pesquisador que aplica o método dialético compreende a realidade, valoriza a contradição dinâmica do fato observado e a atividade criadora do sujeito que está sempre a caminho, em formação, inacabado, aberto para novas alternativas (Cordeiro, 1999, p. 50).
As definições da dialética materialista dos clássicos do marxismo ressaltam os aspectos que se referem às formas do movimento universais e as conexões que se  observam entre elas. Engels a define como a ciência “das leis do movimento e desenvolvimento da natureza, da sociedade humana e do pensamento”. E Lênin a define como “a doutrina do desenvolvimento na sua forma mais completa, mais profunda e mais isenta da unilateralidade, a doutrina da relatividade do conhecimento humano, que nos dá um reflexo da matéria em eterno desenvolvimento” (Triviños, 1987, p. 53).  
            Uma das idéias mais originais do materialismo dialético foi ressaltar a importância da prática social como critério de verdade. Assim, as verdades científicas, em geral, significam graus do conhecimento, limitados pela história.           Portanto, o pesquisador que seguir essa linha teórica deve ter presente em seu estudo uma concepção dialética da realidade natural e social e do pensamento, a materialidade dos fenômenos e que estes são possíveis de conhecer (Trivinõs, 1987, p. 73).
Materialismo Histórico
            É a ciência filosófica do marxismo que estuda as leis sociológicas que caracterizam a vida da sociedade, de sua evolução histórica e da prática social dos homens, no desenvolvimento da humanidade.
            O materialismo histórico significou uma mudança fundamental na interpretação dos fenômenos sociais, pois até o nascimento do marxismo, se apoiava em concepções idealistas da sociedade humana. Marx e Engels colocaram pela primeira vez, em sua obra. A ideologia alemã (1845-46), as bases do materialismo histórico (Triviños, 1987, p. 51).
            O materialismo histórico ressalta a força das idéias, capaz de introduzir mudanças nas bases econômicas que as originou. Por isso, destaca a ação dos partidos políticos, dos agrupamentos humanos, etc. Essa ação pode produzir transformações importantes nos fundamentos materiais dos grupos sociais.
É a ciência filosófica que esclarece vários conceitos como:
Ser social: relações materiais dos homens com a natureza e entre si que existem em forma objetiva, independente da consciência.
Consciência social: são as idéias políticas, jurídicas, filosóficas, estéticas, religiosas, etc.
Meios de produção: tudo o que os homens empregam para originar bens materiais (máquinas, ferramentas, energia, matérias químicas, etc.).
Forças produtivas: são os meios de produção, os homens, sua experiência de produção, seus hábitos de trabalho.
Relações de produção: podem ser de cooperação, de submissão ou de um tipo de relações que signifique transição entre as formas assinaladas.
Modos de produção: da comunidade primitiva, escravista, feudalista, capitalista e comunista.
De maneira muito geral, pode-se dizer que a concepção materialista apresenta três características importantes. A primeira delas é a materialidade do mundo, onde todos os fenômenos, objetos e processos que se realizam na realidade são materiais. Lênin, numa de suas obras, define a Matéria como “uma categoria filosófica para designar a realidade objetiva que é dada ao homem nas suas sensações, que é copiada, fotografada, refletida pelas nossas sensações, existindo independentemente delas” (Triviños, 1987, p. 56).
A segunda peculiaridade ressalta à consciência, é uma propriedade da matéria. A grande propriedade da consciência é a de refletir a realidade objetiva. Assim surgem as sensações, as percepções, representações, conceitos, juízos. É fundamental estabelecerque o cérebro por si só não pensa. A consciência está unida à realidade material. Esta influi sobre os órgãos dos sentidos que transmitem as mensagens aceitas pelos canais nervosos ao córtex dos grandes hemisférios cerebelosos (Triviños, 1987, p.62).
A última é a prática social, onde a prática é toda atividade material, orientada para transformar a natureza e a vida social. A prática social se desenvolve e enriquece através da atividade prática e teórica dos diferentes indivíduos e coletividades.
 Categorias e leis da dialética
            Para o Marxismo, as categorias se formaram no desenvolvimento histórico do conhecimento e na prática social. Significa que o sistema de categorias surgiu como resultado da unidade do histórico e do lógico.
            São entendidas como “formas de conscientização dos conceitos dos modos universais da relação do homem com o mundo, que refletem as propriedades e leis mais gerais e essências da natureza, da sociedade e do pensamento” (Triviños, 1987, p. 54).
            Entende-se por Lei “uma ligação necessária geral, iterativa ou estável” (Triviños, 1987, p. 54).
            Tanto as categorias como as leis “refletem as leis universais do ser, as ligações e os aspectos universais da realidade objetiva”. Mas as categorias são mais ricas em conteúdo do que as leis, já que aquelas refletem também “as propriedades e os aspectos universais da realidade objetiva’. A categoria essencial do materialismo dialético é a contradição que se apresenta na realidade objetiva. E a lei fundamental também é a Unidade e luta dos contrários, a Lei da Contradição. Entre a categoria e a lei da contradição existem diferenças notáveis. “A Lei da ‘unidade’ e da ‘luta’ dos contrários reflete e fixa o fato que há luta entre os contrários que se excluem e, ao mesmo tempo, estão unidos, e que esta luta, em última análise, leva à solução da dita contradição e à passagem da coisa de um estado qualitativo a um outro”. Entretanto, a categoria da contradição, estabelece, por exemplo, que a contradição é uma interação entre aspectos opostos, distingue os tipos de contradições, determina o papel e a importância que ela tem na formação material e ressalta que a categoria da contradição é a origem do movimento e do desenvolvimento (Triviños, 1987, p. 54).
O PENSAMENTO DE GRAMSCI 
O primeiro ponto situa sua condição de sujeito histórico e militante político. Antônio Gramsci nasceu na Sardenha em 1891, filho de camponeses pobres vai para Turim em 1911 e em 1915 dirige o jornal da seção socialista. Organiza os conselhos de fábrica e funda em 1919 o jornal L’Ordine Nuovo. Na luta contra o social-reformismo e o “esquerdismo”, torna-se o maior dirigente do partido comunista italiano em 1921. Lutou acirradamente contra a perspectiva fascista de Mussolini.
Sua luta antifascista lhe rendeu a prisão em 08 de novembro de 1926 até 1937, sendo libertado pelo regime fascista em virtude de suas debilidades de saúde (deterioradas por causa da insalubridade do cárcere, que tinham como consequências mais nefastas sua guerra de nervos, insônia e tuberculose). É no cárcere que “desenvolveu” com mais profundidade seu pensamento marxista e sua arguta fundamentação da filosofia da práxis.
O segundo ponto aborda em Gramsci sua concepção dialética da história. Na obra "Concepção Dialética da História" ou originalmente publicada com o título em italiano Il Materialismo Storico e La Filosofia Di Benedetto Croce, é recorrente ao pensamento gramsciana no que se refere a sua concepção de história. Para Gramsci (1987), o materialismo histórico não pode ser desvinculado do projeto filosófico da práxis. Para isso, é necessário compreendermos esse conceito de filosofia das práxis.
Gramsci afirma: “não há filosofia, ou seja, concepção de mundo sem nossa consciência de historicidade...” (p. 13). Portanto, ele continua: “na realidade, não existe filosofia em geral: existem diversas filosofias ou concepções do mundo e sempre se faz uma escolha entre elas... A escolha e a crítica de uma concepção do mundo são, também, fatos políticos” (p. 14-15).
A filosofia na compreensão de Gramsci é visão de mundo, assim, uma condição política. Como, então, entendê-la a partir da práxis? Para Gramsci (1987), a filosofia da práxis é uma atitude crítica de superação da antiga maneira de pensar, tendo como elemento importante o pensamento concreto existente (universo cultural existente). A filosofia da práxis busca a superação do senso comum e propõe elevar a condição cultural da massa e dos indivíduos. Por que esta é uma visão “enriquecedora” do materialismo histórico dialético?
A práxis, entendida como uma unidade dialética entre teoria e prática, não é um fator meramente mecânico e sim o construtor histórico. Esse devir histórico deve ser também entendido na lógica do ser humano (ou sua natureza) como a expressão da coletividade e suas ações transformadoras de si e dos outros, cujas relações são de natureza social e histórica.
Essa unidade entre teoria e ação é uma relação dialética que postula a ser histórico como político, ampliando a visão de filosofia e política como dados totalizantes, sendo a “filosofia” a história em ato, a própria condição existencial (GRAMSCI, 1987). Para Lincoln Secco (CULT-141), a filosofia da práxis de Gramsci “avançou em uma nova seara do marxismo” (p. 60), pois apresentou uma superação do materialismo vulgar de Bukharin, pois esta estabelece uma relação mecânica entre estrutura e superestrutura (forças produtivas e política, cultura, arte). Isso tolera o aspecto da liberdade dos sujeitos, políticos na história, devido aos condicionantes deterministas.
Outro ponto de superação é quanto ao idealismo de Croce, o qual tem como característica a “permanência de uma filosofia especulativa” (GRAMSCI, 1987, p. 220), a qual o próprio Gramsci denomina de historicismo idealista com caráter teológico-especulativo. No texto de Secco (CULT-141), podemos ver que a tentativa de superação do materialismo vulgar e do idealismo croceano é uma luta a ser enfrentada contra o obscurecimento da “desunião metodológica” entre estrutura e superestrutura, que se dá por meio da formalidade mecânica e a negação da práxis, elemento importante na concretização do bloco histórico, enfim, da relação entre estrutura e superestrutura que são “produzidas simultaneamente pela ação humana” (p. 62).
Mas, afinal, como compreender de fato a filosofia da práxis e a condição de seres históricos num conjunto determinado ao que é denominado no pensamento gramsciana de bloco histórico? Para responder a essa indagação, vamos ao terceiro e último ponto proposto para a reflexão nesse breve artigo. Dentro do que Gramsci (1987) entendeu como devir histórico ou o conjunto das relações sociais é que situamos sua concepção de bloco histórico. De acordo com Gramsci, a formação do bloco histórico só é entendida como um “conjunto complexo, contraditório e discordante da superestrutura, é o reflexo do conjunto das relações sociais de produção” (p. 39).
Essa noção de bloco histórico não pode ser desvinculada do conceito de hegemonia, pois é esta que a determinaria. A hegemonia garante uma visão coerente do mundo. A classe dominante utiliza-se da hegemonia “para assumir os problemas da realidade nacional”. Para Macciocchi (1977), a relação dialética entre infraestrutura e superestrutura é responsável pela formação do bloco histórico.
Nessa formação, há, necessariamente, visões de mundo, nas quais é feito o consenso no exercício de poder da classe que está à frente do bloco histórico na sua formatação hegemônica, atribuído como visão superior de direção e formuladora de uma acepção de valores de dominação. Em Portelli (1977), outro estudioso de Gramsci, o bloco histórico é apontado a partir de três prismas. Vamos a eles:
1. A relação de unidade entre estrutura e superestrutura está amparada pelo vínculo orgânico – uma organização social concreta.
2. O bloco histórico é referência para análise da produção de valores (ideologias) e sistema social.
3. Permiteestudar a desagregação da hegemonia de uma dada classe dirigente e a edificação de um novo bloco histórico e, consequentemente, de uma elaboração hegemônica nova.
Dessa forma, a concepção de história ou filosofia das práxis em Gramsci cairá em certo tipo de historicismo (referindo-me aqui à crítica anticroceana) se não salvaguardar o desenvolvimento histórico da humanidade, o qual tem como base a compreensão da relação dialética do desenvolvimento das forças produtivas (atividade prática cognoscível) e sua criação cultural, política, artística.
Por fim, o intuito é perceber a ação humana e suas relações na construção e luta por liberdade contra a hegemonia das classes dirigentes, as quais veem e produzem seres humanos alienados e coisificados. A proposta e projeto gramsciana são sim pela formação de um novo bloco histórico: o do proletariado revolucionário.
CONCLUSÃO 
Podemos afirmar, que a construção da filosofia, foi um grande ponto de partida, pois dela surgiram todas as áreas de conhecimento hoje existente, e todas estas se basearam da filosofia, que é como trago no texto amor pela sabedoria, ou seja é a busca constante pelo conhecimento, a inovação, a construção, e este conhecimento traz a todos um poder indispensável na sociedade.
As correntes filosóficas trazem a maneira de pensar de cada movimento dentro do contexto histórico, e elas se identifica entre elas pela continua busca por mudança por melhoria, pelo novo. E como podemos ver cada uma deixa a sua contribuição. Dentro do serviço social tivemos uma grande contribuição de Marx e Gramsci, a nossa profissão de remodelou através de seus estudos, de suas ideias fundamentais. Pode ser que a outra corrente não se identifique com sua vida, com sua profissão, porém elas podem ser contribuição na vida de outras pessoas, em outras profissões.
Referências 
BRUYNE, Paul. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais: os polos da prática metodológica. 5 ed. Rio de Janeiro   -  RJ:  Livraria Francisco Alves Editora S.A.,1991.
CARVALHO, Maria Cecilia. Construindo o saber- Metodologia cientifica: fundamentos e técnicas. 6 ed. Campinas, SP: Papirus, 1997.
CORDEIRO, Darcy. Ciência, pesquisa e trabalho cientifico: uma abordagem metodológica. 2 ed. Goiânia Ed. UGG, 1999.
CASTRO, Claudio de Moura. A prática da pesquisa. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1938.
GRAMSCI, Antônio. Concepção dialética da história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
MACCIOCCHI, Maria-Antonieta. A favor de Gramsci. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
PORTELLI, Hugues. Gramsci o bloco histórico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. SP: Paulinas, 1990 (coleção filosofia).
SECCO, Lincoln. Por um novo marxismo. In: Revista CULT, nº 141, mar. 2010.
TRIVINOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução á pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1992.

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